Direito Das Empresas Aplicado
Direito Das Empresas Aplicado
Direito Das Empresas Aplicado
As pessoas jurídicas podem ser de direito pú blico e de direito privado. As primeiras compreendem os entes
pú blicos, mas não são objeto desta disciplina. Já as pessoas jurídicas de direito privado são definidas pelo
Có digo Civil (BRASIL, 2002, on-line):
Os incisos I, II, III e VI são objetos de estudo no Direito das Empresas, partindo, em regra, do conceito de
sociedade, a exceção da empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI que é uma pessoa jurídica
singular.
VOCÊ QUER LER?
A EIRELI foi regulamentada pela Lei nº 12.441/11, que instituiu o art. 980-A no
Código Civil, e representa espé cie de pessoa jurídica destinada ao desenvolvimento
individual de atividade econômica, empresarial ou nã o, por apenas uma pessoa. Para
saber mais, leia o artigo “A inobservâ ncia dos termos fundamentais da teoria da
empresa por normas positivadas: Estudo de caso da EIRELI constituída para fins nã o
empresariais” (MENDONÇA; ARRUDA, 2016).
Percebe-se que o Direito brasileiro adota o princípio da pluralidade societária, segundo o qual as sociedades
são compostas por, pelo menos, duas pessoas, podendo ser pessoas físicas e/ou jurídicas. As sociedades
unipessoais são exceçõ es compreendidas como unipessoalidade societária (art. 1033, inciso IV, do Có digo
Civil) ou subsidiária integral (art. 251 da Lei nº 6.404/76), sendo a pluralidade de só cios a regra.
Apó s a união dos interesses dos só cios, constituindo a sociedade em si, parte-se a compreensão da sociedade
personificada ou não personificada, neste sentido, lê-se Rizzardo (2014, p. 27), segundo o qual:
Ou seja, a despeito do art. 967 do Có digo Civil determinar a inscrição do empresário ou sociedade empresária
no Registro Pú blico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais do estado da respectiva sede, antes
do início da atividade, reconhece-se a prática da atividade econô mica empresarial antes mesmo da realização
do registro.
VOCÊ QUER VER?
As Juntas Comerciais sã o vinculadas administrativamente ao Departamento Nacional
de Registro Empresarial e Integraçã o – DREI, órgã o federal ligado ao Ministé rio da
Indú stria e Comé rcio. Assista ao vídeo (2017) para saber mais sobre as Juntas
Comerciais:
https://www.youtube.com/watch?v=XHD3xDRKV8U
(https://www.youtube.com/watch?v=XHD3xDRKV8U).
E, muito embora, o referido dispositivo legal se reporte ao registro de empresa, ele se aplica às sociedades
simples, considerando que o ato de registro tem fins fiscais relevantes para o Estado enquanto titular de
tributos.
Dessa forma, para fins fiscais, o registro da sociedade, seja simples ou empresária, é essencial para que se
constitua formalmente a pessoa jurídica e para que se possa exigir desta, pelo Estado, a satisfação pelas
responsabilidades fiscais.
Assim, independentemente do tipo jurídico de sociedade adotado e da espécie de atividade econô mica
desenvolvida (simples ou empresária), o enquadramento como pequena empresa pode se dar verificando a
receita bruta anual auferida.
VAMOS PRATICAR?
Um grupo de empreendedores informais, composto por jovens que produ
forma artesanal materiais para entretenimento de animais domé sticos, des
ao comé rcio eletrônico (e-commerce), vê a procura por seus produtos
vertiginosamente depois que fazem promoçã o em uma rede social n
registraram um feedback positivo. O fato os levou a serem procurados p
grande empresa do segmento de pets que desejava consolidar parceria
venda dos produtos com exclusividade por um determinado tempo.
Por essa razã o, o grupo opta por regularizar o negócio, mesmo acreditan
apesar das perspectivas positivas, ainda se enquadram como pequena e
Os jovens, entã o, buscam por conhecimentos té cnicos para conhecerem m
procedimentos legais necessá rios para se registrarem como pequena e
Eles solicitam um parecer fundamentado que elucide as dú vidas existente
o tema.
Redija o parecer a partir da aná lise do Estatuto da Pequena Empresa e
sobre as espé cies que compõem este gê nero, de forma a dissociar as PM
pessoas jurídicas elencadas em lei, enaltecendo o crité rio objetivo que o le
adotou para definir as PMEs.
A partir desses conceitos, pode-se compreender melhor a sociedade empresária e suas idiossincrasias.
Nesse sentido, a sociedade empresária deve se dedicar, formalmente, à prática da atividade profissional e
economicamente organizada de produção e/ou circulação de bens e/ou serviços, tendo nesta atividade intuito
de auferir lucro a partir do capital investido, da gestão dos colaboradores da empresa e de atividades de
marketing.
A sociedade empresária é aquela que tem por objeto a exploração habitual de atividade econô mica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, sempre com escopo de lucro.
Explora, pois, de forma profissional a empresa, resultado de ordenação do trabalho, capital e, por
que não, tecnologia (CAMPINHO, 2016, p. 50).
Mas o desenvolvimento dessa atividade empresarial prescinde uma relação jurídica contratual. O ato que
constitui formalmente a sociedade, denominado contrato social, é uma relação plurilateral, haja vista que
todos os só cios se encontram no mesmo lado da relação jurídica, como se verificará na sequência.
Figura 2 - O contrato é um acordo motivado pela vontade autô noma expressa pelos só cios, signatários do
negó cio jurídico.
Fonte: Yurii Andreichyn, Shutterstock, 2019.
Por isso se diz que os contratos são como leis entre as partes que o celebram, porque, tal como as leis, suas
cláusulas são imperativas, abstratas e impessoais, especificamente no contrato social firmado por só cios em
uma sociedade, pois, neste caso, um signatário não está em condição de hipossuficiência em relação ao outro.
Segundo Posner (2010, p. 216), “a razão disso fica clara se compreendermos que a função econô mica do
direito contratual moderno é facilitar transaçõ es nas quais uma ou ambas as partes levam tempo considerável
para cumprir sua obrigação”.
Dessa forma, o art. 997, do Có digo Civil, ao determinar que o contrato social pelo qual a sociedade se constitui
seja escrito, particular ou pú blico, autoriza os signatários a estipularem cláusulas de acordo com suas
expectativas ante ao negó cio que estão por empreender. O rol de elementos que o citado artigo determina que
exista no contrato social não é taxativo.
A partir dessas consideraçõ es, se compreende a razão pela qual se diz que o contrato social é um contrato
plurilateral, pois seus signatários não almejam contraprestaçõ es recíprocas uns contra os outros, como nos
contratos bilaterais, nem se colocam na condição de ceder algo sem contraprestação, como nos contratos
unilaterais.
VAMOS PRATICAR?
O estudante de direito percebe, logo no começo do curso, que os conceito
nã o raras vezes, encontram exemplos dissonantes na prá tica, o que pode
a pensar que, na prá tica, a teoria talvez seja outra. Assim, considere suas v
com instituições empresariais, seja como consumidor, colaborador da e
(empregado), prestador de serviço autônomo, ou talvez como em
propriamente dito, sócio ou mesmo outra forma específica de vínculo q
possa ter com uma atividade empresá ria. A partir da sua experiê ncia
apresente um resumo acerca dos conceitos de sociedade e emp
considerando os termos té cnicos e as normas vigentes estudadas. Dissert
do conceito de sociedade empresá ria indicando exemplos prá ticos de soc
empresariais, construindo um paralelo entre teoria e prá tica.
No contrato social, os só cios se unem, conforme determina a lei, e se obrigam, espontaneamente, a contribuir
para o exercício de atividade empresária, visando partilhar, entre si, os resultados auferidos, então se põ em
lado a lado e consolidam a estrutura de uma pessoa jurídica representativa da sociedade que instituíram com
o encontro de suas vontades.
Assim, firmado o contrato social, com as cláusulas indicadas pela lei e com as que os só cios entendem que
são necessárias, tão logo seja registrado na Junta Comercial (no caso das sociedades empresárias) a pessoa
jurídica recém-instituída já detém titularidade patrimonial sobre os bens que se compõ em a partir do capital
social subscrito e/ou integralizado pelos só cios.
Ao firmarem o contrato social, os só cios definiram o valor do capital social, bem como em quantas quotas ele
se dividirá e qual será o valor de cada quota; ao subscreverem o contrato social, os só cios se comprometem a
integralizar as quotas nos termos firmados no referido contrato social, integralizando-as efetivamente,
passam a ser titulares das quotas e a sociedade titular do patrimô nio registrado em seu nome.
Perceba que a constituição formal da sociedade, por meio de contrato social registrado em ó rgão competente,
institui uma pessoa jurídica diferente dos só cios, autô noma em relação a eles, detentora de responsabilidade
civil, patrimonial e capacidade jurídica.
Dessa forma, as obrigaçõ es assumidas quando do desenvolvimento da atividade empresarial por meio de
uma sociedade empresária são exigíveis mesmo que seu quadro societário tenha sido alterado, mesmo que
seus instituidores já não mais respondam pelas atividades praticadas. A ideia é que as instituiçõ es, as pessoas
jurídicas, sejam atemporais e os produtos ou serviços por elas proporcionados sirvam aos anseios dos
consumidores e de fomento econô mico mesmo que seus idealizadores já não mais estejam entre nó s.
Compreendendo a importância das pessoas jurídicas no contexto da celebração de negó cios jurídicos de
cunho socioeconô micos, se entende a permanência em funcionamento de instituiçõ es seculares e a
manutenção pelo tempo do comprometimento com as obrigaçõ es patrimoniais assumidas ao longo do
desenvolvimento da atividade empresarial.
Subscrito o capital social na celebração do contrato social, impõ e-se ao só cio a exigência de sua efetiva
integralização, no caso das sociedades limitadas, a lei impõ e responsabilidade solidária a todos os só cios
pelo prazo de cinco anos a contar da data do registro da sociedade no respectivo ó rgão competente (Junta
Comercial se empresárias e Registro Civil de Pessoas Jurídicas se simples), vendando ainda sua integralização
por prestação de serviços.
A proibição contida no art. 1.055, § 2º, do Có digo Civil se deve ao fato de ser impossível quantificar, valorizar
os serviços de alguém para fins de integralização do capital social; aceitar ou exigir de alguém que integralize
capital social com serviços corresponde exigir que esta pessoa trabalhe sem contraprestação pecuniária por
um lapso temporal sobre o qual não se encontraria consenso em delimitar.
Assim, integralizado o capital social, logrando êxito a sociedade no desenvolvimento eficaz do seu objeto
social, inevitavelmente seu patrimô nio perceberá um crescimento substancial e seus registros contábeis
demonstrarão lucros a serem partilhados entre os só cios na proporção de suas quotas.
Figura 3 - Representação, de forma ilustrativa e hipotética, que o capital social pode ser fracionado na
medida da capacidade dos só cios de contribuírem para a composição inicial da sociedade. O capital social
poderia ser dividido entre quatro só cios na proporção de: 60%, 20%, 10 % e 10%.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.
Acaso a sociedade venha a ser dissolvida, total ou parcialmente, caberá o liquidante apurar os haveres para
partilhar entre os só cios o patrimô nio líquido, na mesma proporção das quotas que integralizaram, ou seja,
em caso de dissolução da sociedade, deve o responsável pela liquidação patrimonial apurar as obrigaçõ es
vencidas e vincendas a quitar, registrar os pagamentos, verificar o saldo patrimonial remanescente e dividir
entre os só cios de forma equivalente ao total de quotas pertencentes a cada um, registrando o histó rico das
operaçõ es em ata de assembleia de dissolução para fins de dar baixa no registro da pessoa jurídica,
extinguindo-a de pleno direito.
Perceba que o procedimento ora apresentado não encontra distinção entre sociedades simples e empresárias;
a despeito da distinção natural entre as espécies societárias ambas desenvolvem atividade econô mica, sendo
que a primeira têm propó sitos filantró picos e a ú ltima objetiva auferir lucros, porém ambas exigem
investimentos e movimentação financeira, ambas desenvolvem atividades econô micas, com propó sitos
distintos, mas ainda assim uma atividade econô mica.
Dessa forma, mesmo as sociedades simples, que não desenvolvem atividade empresária, devem integralizar
seu capital social a partir do investimento dos só cios em quotas sociais.
1.3.3. Associações
As associaçõ es são um dos melhores exemplos de sociedades simples, pois se constituem pela união de
pessoas que se organizem para fins não econô micos. Mesmo assim, é inegável o caráter econô mico da
atividade, considerando a existência deste em todas as atividades humanas em que se verifique a
movimentação patrimonial.
Por mais que os fins da associação não sejam econô micos, e isso se comprova, inclusive pela inexistência
entre os associados, de direitos e obrigaçõ es recíprocos, as atividades que a associação venha a desenvolver,
de alguma forma, exigirá movimentação patrimonial, consequentemente, econô mica.
A regulamentação desse instituto em lei registra a liberdade dos associados em delimitar os termos e moldes
da associação, mesmo assim a lei impõ e que o seu estatuto social (ato constitutivo da associação) contenha:
sua denominação, os fins e a sede da associação; os requisitos para a vinculação e desvinculação dos
associados do quadro institucional; os direitos e deveres dos associados; as fontes de recursos para sua
manutenção das atividades institucionais (elemento de existência essencial que reforça a tese de que, embora
não tenha fim econô mico, ainda assim desenvolve atividade de cunho patrimonial); o modo de constituição e
de funcionamento dos ó rgãos deliberativos e a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas
contas, nos termos determinados pela Lei nº 11.127, de 2005; e as condiçõ es para a alteração das disposiçõ es
estatutárias e dissolução da associação.
Muito embora os associados devam ter direitos iguais, o estatuto social poderá instituir categorias com
vantagens especiais, assim idealizadas e aprovadas pelos associados em assembleia.
Liberdade semelhante à lei garante aos associados disporem sobre a possibilidade de transmitir a qualidade
de associado a outrem, a princípio intransmissível, mas o estatuto social pode dispor em contrário.
Contudo, em caso de transferência da condição de associado, sendo este titular de quota ou fração ideal do
patrimô nio da associação, a transferência daquela condição não importará, de per si, na atribuição da
qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição em contrário constante no estatuto
social.
Ao contrário da transferência da condição de associado, sua exclusão só será admissível quando houver justa
causa. E, tendo esta um conceito genérico, seu reconhecimento deve se dar em procedimento que assegure
direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto social.
Em se tratando de uma sociedade sem fins lucrativos, simples por natureza, a lei garante ao associado defesa
no exercício de direitos ou funçõ es que lhe tenha sido legitimamente conferido no estatuto social, salvo
exceçõ es previstas no pró prio ato constitutivo.
Uma vez dissolvida a associação, eventual patrimô nio líquido remanescente será destinado à entidade de fins
não econô micos designada no estatuto social; sendo este omisso será necessário que os associados
deliberem sobre qual instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes será
destinatária dos referidos bens e valores.
Poderá, porém, o estatuto social, ou mesmo no silêncio deste, por deliberação dos associados, antes da
destinação dos bens e valores remanescente a outra instituição de fins semelhantes, deliberar por receber
restituição, com atualização do respectivo valor, das contribuiçõ es que tiver prestado ao patrimô nio da
associação.
Por fim, se não houver no Município, Estado ou Distrito Federal no qual a associação tiver sua sede,
instituição semelhante, o saldo remanescente do seu patrimô nio será direcionado à Fazenda Pú blica do
Estado, Distrito Federal ou da União.
1.3.4. Fundações
No que tange às fundaçõ es, sua instituição deve ser realizada por escritura pú blica ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-
la. Clique abaixo para saber como pode ser constituída sua instituição.
assistência social; cultura, defesa e conservação do patrimô nio histó rico e artístico; educação;
saú de; segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informaçõ es e
conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
direitos humanos e atividades religiosas.
Se os bens destinados à constituição da fundação forem insuficientes, estes poderão ser incorporados por
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, salvo se de outro modo dispuser o instituidor.
Uma vez constituída a fundação por negó cio jurídico entre vivos, será o instituidor obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, do contrário serão registrados em nome da
fundação por mandado judicial.
Aqueles a quem o instituidor declinar a aplicação do patrimô nio, tão logo tome ciência do encargo, deverão
formular o estatuto social da fundação e submetê-lo à aprovação da autoridade competente. Se o estatuto
social não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou não havendo prazo por ele determinado não o
for elaborado em 180 dias, esta incumbência caberá ao Ministério Pú blico do Estado onde for a sede da
fundação.
Alteraçõ es no estatuto social da fundação exigirão deliberação por dois terços dos competentes para gerir e
representar a fundação; não se verifique contrariedade ou desvirtuação dos fins desta; e aprovação pelo
Ministério Pú blico, no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Pú blico denegar,
poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Tornando-se ilícita, inexequível ou inú til a finalidade da fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o
Ministério Pú blico, ou qualquer interessado, poderá promover sua extinção, incorporando-se o seu
patrimô nio em outra fundação designada pelo juiz, desde que se proponha a fim igual ou semelhante a
fundação extinta, salvo disposição em contrário no ato estatuto social.
Contudo, apesar de autô noma em relação aos seus só cios, a pessoa jurídica ainda representa uma ficção
jurídica, uma criação do sistema jurídico para viabilizar determinadas relaçõ es negociais.
Tal fato pode proporcionar o uso indevido da pessoa jurídica, em descordo com a lei ou com o ato
constitutivo, em detrimento do interesse de terceiros de boa-fé, acarretando o locupletamento ilícitos de
só cios ou administradores. Em razão desse fato, pensou-se na possibilidade de desconsiderar a personalidade
jurídica.
Há ainda a teoria invertida que visa a coibir o desvio de bens, em que o devedor é controlador de uma
sociedade para a qual transfere seus bens pessoais visando fraudar seus credores pessoais.
VOCÊ O CONHECE?
Nancy Andrighi é ministra do Superior Tribunal de Justiça e ex-corregedora nacional
do Conselho Nacional de Justiça e subscreve vá rios julgados sobre o tema da
desconsideraçã o da personalidade jurídica que podem ser pesquisados no Superior
Tribunal de Justiça.
Em 2002, o Có digo Civil no seu art. 50 incorporou efetivamente a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica ao direito brasileiro.
De 1990 a 2002, a variedade de leis e interpretaçõ es não permitiram uma aplicação muito efetiva do instituto,
fato que parece ter inspirado o legislado em 2015, quando da atualização do Có digo de Processo Civil, que em
seu capítulo IV, regulamentou o incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Desde então, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica poderá ser instaurado a pedido da
parte ou do Ministério Pú blico, quando lhe couber intervir no processo, observando os pressupostos
previstos em lei.
VAMOS PRATICAR?
Faça uma pesquisa nos Tribunais sobre jurisprudê ncias relacion
desconsideraçã o da personalidade jurídica e, a partir dos resultados enco
disserte sobre os pontos principais verificados nos precedentes encontra
pesquisa pode ser facilitada ao acessar este link que concentra todos os Tr
do país dentre outros acervos jurídicos:
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A nova regra aplica-se também nas hipó teses de desconsideração inversa da personalidade jurídica, motivada
pelas mesmas razõ es.
Agora, resta nítido que o incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de
conhecimento, tal como no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial,
a despeito de poder ser requerida na petição inicial, hipó tese em que será citado o só cio ou a pessoa jurídica
em si.
Exige-se que o requerimento demonstre o preenchimento dos pressupostos legais específicos para
desconsideração da personalidade jurídica: abuso da autonomia da personalidade jurídica e confusão
patrimonial.
Instaurado o incidente, o só cio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas
cabíveis no prazo de 15 dias, concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão
interlocutó ria, cabendo agravo interno, se a decisão for proferida pelo relator.
CASO
“Suponhamos que, em um determinado segmento de mercado, competem quatro
sociedades anônimas, cada qual com sua própria composiçã o societá ria. Nã o há
nenhum acionista de uma delas que possua qualquer participaçã o no capital de
outra. Imaginemos, entã o, que o controlador da empresa mais forte, Darcy,
proponha aos controladores das concorrentes um acordo, mediante o qual ele
passe a ter o direito de escolher seus administradores, e ofereça, em troca, a
garantia de rentabilidade mínima da empresa. Quer dizer, se a sociedade nã o
gerar pelo menos determinado patamar de dividendos, Darcy pagará a diferença.
Feito o acordo, sã o escolhidos administradores diferentes para cada companhia.
Nã o há , portanto, venda de ações, permanecendo o mesmo quadro de acionistas
de todas as concorrentes. Nesse cená rio, considerar as sociedades como pessoas
jurídicas distintas, em obediê ncia ao princípio da autonomia, importa identificar,
no referido segmento de mercado, mais de uma sociedade empresá ria em
competiçã o. Quer dizer, se há quatro concorrentes, descabe cogitar monopólio.
Contudo, é inegável que Darcy, por meio de acordo com os controladores, domina
o mercado, podendo, por exemplo, determinar aos administradores que indicou
para cada companhia a majoraçã o concertada dos preços, sem risco de perda de
clientela” (COELHO, 2015, p. 58).
Síntese
Concluímos a unidade introdutó ria da disciplina Direito das Empresas Aplicado. Agora você já consegue
compreender a natureza jurídica das pessoas jurídicas e sociedades e tem noção da atividade empresarial a
partir dos parâmetros legais.
Nesta unidade você teve a oportunidade de:
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Bibliografia
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Có digo Civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm). Acesso em: 8 jul. 2019.
BRASIL, LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019, Institui a Declaração de Direitos de Liberdade
Econô mica; estabelece garantias de livre mercado; altera as Leis nos 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Có digo
Civil), 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 12.682, de 9 de julho de 2012,
6.015, de 31 de dezembro de 1973, 10.522, de 19 de julho de 2002, 8.934, de 18 de novembro 1994, o Decreto-
Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de maio de 1943; revoga a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, a Lei nº 11.887, de 24 de
dezembro de 2008, e dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966; e dá outras providências.
CAMPINHO, S. Curso de direito comercial: Direito de empresa. 14. ed. rev. e atual. Saraiva: São Paulo, 2016.
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JusBrasil. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8195452/recurso-especial-resp-63652-
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1995-0017378-6). Acesso em: 19 jun. 2019.
STJ-RMS 12872 SP 2001/0010079-1. Relator: Ministra Nancy Andrighi, Data de Julgamento: 24/06/2002, T3
terceira Turma, Data Publicação: DJ 16 dez. 2002, p. 306. JusBrasil. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/275822/recurso-ordinario-em-mandado-de-seguranca-rms-
12872-sp-2001-0010079-1/inteiro-teor-100207997
(https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/275822/recurso-ordinario-em-mandado-de-seguranca-rms-
12872-sp-2001-0010079-1/inteiro-teor-100207997). Acesso em: 19 jun. 2019.
TJ-DF 07021984120168070000 0702198-41.2016.8.07.0000. Relator: JOÃ O EGMONT, Data do
Julgamento:16/03/2017, 2ª Turma Cível. Publicado no DJE: 22/03/2017. JusBrasil. Data de publicação:
22/03/2017. Disponível em: https://tj-
df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/441777280/7021984120168070000-0702198-4120168070000?ref=serp
(https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/441777280/7021984120168070000-0702198-
4120168070000?ref=serp). Acesso em: 19 jun. 2019.