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Direito Empresarial 2

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Naomi Sugita Reis

DIREITO EMPRESARIAL II
____________________________________________________________

REFERÊNCIA HISTÓRICA

I. Criação de sociedades: as sociedades surgiram como situações de fato impostas pela


necessidade. Atuação comum → Sobreviver no mercado → Conquista. A necessidade de
transportar a mercadoria com segurança, traz a necessidade de aglomeração
{corporações de oficio facilitavam essa união e os comerciantes passaram a andar não
sozinhos, mas em caravanas} e essa logística de pessoas facilitava os negócios.

II. Direito romano: se encontram as primeiras manifestações legislativas a esse respeito


pela necessidade de dar continuidade aos negócios desenvolvidos pelo pater familias.
Foi regulada a associação entre herdeiros para administração dos bens deixados por
seus ascendentes. Foram criadas sociedades com fins específicos de arrecadação de
impostos ou para compra de escravos.

III. Idade Média: na idade média, especialmente nas cidades italianas, o modelo similar
ao que se tem hoje se formou inicialmente com os membros da mesma família que a
geriam em comum: cum panis - “sentados à mesa e comendo do mesmo pão”. Naquela
época, não tinha como passar os negócios para mulheres {filhas}, e por vezes o casal
não tinha filhos homens ou então estes morriam, portanto, passou a ter uma
necessidade de acolher terceiros estranhos por meio de contratos. Esses contratos
sociais eram registrados nas Corporações de Ofício para que a existência da
sociedade fosse de conhecimento público. Assim houve também a necessidade de
criar um sinal identificador da sociedade, para separar os negócios celebrados em
comum daqueles celebrados por cada qual individualmente. Tem-se, aí, a origem da
expressão “em nome coletivo” a designar a atuação coletiva. Quando se cria a sociedade
também se cria o nome social {tem que ser identificada a sociedade como uma entidade
diferente do sujeito que participa dela}.

IV. Responsabilidade: Como a reação ao princípio da responsabilidade ilimitada surgiram


as sociedades cuja responsabilidade dos sócios eram limitada ou isenta. Criaram-se e
desenvolveram-se as denominadas sociedades em comandita simples, de capital e
indústria e em conta de participação. Tais espécies de sociedades comerciais tiveram
origem no contrato de comenda. Quanto maior a responsabilidade, menor é o tipo
societário {menos complexidade}. Existem três tipos de responsabilidade no Direito
Empresarial: limitada, mista e ilimitada.

A. A limitação de responsabilidade de todos os sócios relativamente às obrigações


assumidas pela sociedade foi esboçada o Séc. XV com o Banco de São Jorge.
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Consolidou-se no Séc. XVII e XVIII com o aparecimento das Grandes Companhias
coloniais que foram construídas como fito de explorar o comércio marítimo e mais
tarde para s conquistas da navegação. Essas Companhias exploratórias {1602 - Cia
das Índias Orientais e Cia das Índias Ocidentais} deram origem às atuais
companhias ou sociedades anônimas. As dificuldades de constituição dessas
companhias {autorização estatal, custos etc.}, provocaram o aparecimento das
sociedades com responsabilidade limitada. A limitação da responsabilidade foi
criação do legislador alemão em lei de 1892 — que não precisava de nenhuma
autorização de soberano para que pudesse ser construído — e que serviu de
modelo a Portugal e ao Brasil {decreto 3.708/1919}.

B. No Brasil: em 2002 mudaram completamente os tipos societários no Brasil e o


regramento de busca de omissões e tudo se tornou subsidiário à sociedade
simples. O decreto 3.708/1919 foi utilizado até 2002, quando deixamos de ter a
sociedade por cotas de responsabilidade limitada e criou-se a sociedade limitada.

CONCEITOS BÁSICOS DE DIREITO SOCIETÁRIO

• Empresa: atividade organizada


• Empresário: pessoa jurídica ou física, que desenvolve a empresa
• Estabelecimento empresarial: património do empresário

I. Conceito de empresa: empresa é a atividade, que só pode ser desenvolvida e não


possuída. O sentido de empresa no direito brasileiro e no direito italiano são
completamente diferentes. O conceito de empresa e empresário está no caput do artigo
966 do CC/02 e no seu parágrafo único, está escrito quem não é empresário e o que
seria necessário para que se torne um:

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce


profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa - ORGANIZAÇÃO DE PRODUÇÃO.”

A. Organização:

1. Conjugação dos fatores de produção {é necessária matéria prima e mão de obra}.


A mão de obra, desde que, explorada no objeto da atividade, organiza.

2. Impessoalidade: a empresa se destaca da pessoa que constitui a sociedade, não


precisa ser própria pessoa que realiza a atividade.
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3. Exemplo: Uma clínica de médicos tem 4 médicos sócios, essa sociedade se


encaixa no parágrafo único do 966 - é uma atividade intelectual de natureza
científica. Se essa sociedade contratar com carteira assinada OUTRO médico,
ele cai na exceção do parágrafo único, que é o elemento de empresa. Portanto, a
atividade passa a ser empresária por conta da organização {organização —
impessoalidade no caso}.

B. Empresa é toda atividade econômica {no direito italiano há uma divisão, a atividade
econômica comercial é relativa ao empresário e atividade não econômica é dos
outros}. Uma fundação pode exercer atividade econômica, porque atividade
econômica é objeto de seu estatuto e pode ser qualquer coisa.

II. Conceito de empresário: é a sociedade ou então o empresário individual que realiza


atividade econômica organizada. Dentro de uma sociedade, as pessoas físicas não são
empresários, são apenas sócios. O empresário é a sociedade em si - pessoa jurídica -,
pois é quem desenvolve a sociedade. Os sócios/empreendedores - pessoas físicas - não
são donos da pessoa jurídica/empresário {art. 50 CC/02 - despersonalização da
pessoa jurídica}. Portanto, o empresário pode tanto ser uma pessoa física
{empresário individual}, quanto uma pessoa jurídica {sociedades ou empresários
individuais de responsabilidade limitada}. As pessoas jurídicas são, no que couber,
idênticas às pessoas físicas, ou seja, são pessoas de direito. A pessoa jurídica não é
criada para esconder pessoas e atos por trás de um contrato social. A diferença entre
ambas é que pessoa jurídica não pode casar e não pode adotar - o resto pode tudo
{tem direito a justiça gratuita, sofre danos morais}. A pessoa jurídica precisa de uma
pessoa física para que possa personificar as vontades e necessidades dela. Por fim, o
empresário é a pessoa jurídica que realiza a empresa/atividade, enquanto a
pessoa física é apenas o sócio/empreendedor, que não é dono da pessoa jurídica.
Empresário/ pessoa jurídica é uma pessoa de direito e não um objeto de direito. Os
sócios não têm quotas da pessoa jurídica, mas quotas do capital social da pessoa jurídica
- não tem como dividir o empresário.

A. Administradores: não é necessário que o administrador seja sócio para que


administre a atividade. Administrador que administra a atividade é diferente do
administrador que administra a sociedade, mas, normalmente, uma mesma pessoa
acumula as duas funções. Se for um sócio administrador, não significa que ele seja
dono da pessoa jurídica.

III. Estabelecimento empresarial: é coincidente com o património do empresário/


sociedade. Para o empresário individual, seu patrimônio é a mesma coisa que o
estabelecimento empresarial, pois ele é o empresário - não há uma pessoa jurídica.
Pode existir um estabelecimento empresarial baseado basicamente em contratos e
negócios {uma empresa de transportes que não possui um caminhão sequer - arrenda
todos mediante contratos}. Estabelecimento empresarial é unitário, mas é divisível. O
empresário administra o seu estabelecimento empresarial. Para fazer a transferencia
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do estabelecimento empresarial, é necessário que seja feito o trespasse {só ocorre na
alienação do EE}. Os imóveis do EE são transferidos conforme escritura publica e
depois vai ter que ser levado ao registro, os carros terão que seguir a lei especifica. No
trespasse, se ha contratos bilaterais, vai ter que ser dado ciência à oura parte para que
seja transferido o contrato sem ônus. O sócio administrador tem poderes para
transferir carros e contratos livremente, só não tem para transferir imóveis {precisa de
anuência dos outros sócios} - a não ser que a razão social da empresa seja compra e
venda de imóveis.

IV. Vontade social: se a pessoa jurídica é sujeito de direito e é tratada como uma pessoa
natural, com capacidade, personalidade, ela tem vontades. Quando a pessoa jurídica é
criada, sua principal característica é a autonomia patrimonial {tudo que ela tem
pertence somente a ela}, assim como a autonomia da vontade {ela pode transferir seu
patrimônio de acordo com seu próprio entendimento}. A diferença entre capacidade
da pessoa física e da pessoa jurídica é que, esta uma vez registrada, tem capacidade
plena, ou seja, desde seu nascimento já tem capacidade plena, enquanto nessa, há uma
gradação de capacidade.

A. Exemplo: uma sociedade tem 3 sócios {A: 30%; B: 40; C: 30%} os sócios
deliberam sobre um determinado assunto, e A e C decidem por SIM e o sócio B
decide por NÃO - então, a vontade social da sociedade é por SIM. A vontade social
é composta por uma simples analise matemática. Entretanto, o(s) sócio(s) que
perde(m) podem se negar à vontade dos outros que ganharam caso essa vontade
seja viciada desde seu início. Há de se lembrar que o sócio administrador tem dizer
igual aos outros, ele não dita a vontade social.

SOCIEDADE PESSOA JURÍDICA

Nem toda sociedade é uma pessoa jurídica Nem toda pessoa jurídica é uma sociedade

Sociedade em comum não tem personalidade; Art. 6º, ILIV - EIRELI: empresa individual de
Sociedade em conta de participação não tem responsabilidae limitada (para permitir a
personalidade unipessoalidade)

SOCIEDADE EMPRESÁRIA SOCIEDADE NÃO EMPRESÁRIA

Sociedade em nome coletivo Sociedade Simples

Sociedade em comadita simples Sociedade em Comum {sem CNPJ}

Sociedade em comantida por ações Sociedade em Conjunto

Sociedade Limitada

Sociedade Anônima

Sociedade em Conjunto

NOÇÕES GERAIS DE SOCIEDADE

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Toda sociedade é constituída para cumprir um objetivo {seja comercial, seja filantrópico,
seja de lazer}. Sociedade é uma reunião de pessoas por conta de algum motivo
determinante, seja por convivência em uma coletividade, seja por escopo de alcançar ou
realizar um objetivo determinado. Sociedade é um negócio jurídico destinado a constituir
um sujeito de direito, distinto daquele ou daqueles que o produziram, para atuar na
ordem jurídica como um novo ente, como um organismo, criado para a realização de uma
finalidade econômica específica.

“Art. 981 Celebram contrato de sociedade as pessoas que


reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços,
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização
de um ou mais negócios determinados.”

Existem três elementos específicos que darão o tom societário ao ato jurídico.
Tais elementos são:

I. Contribuição para o capital social: as sociedades necessitam de um patrimônio


inicial, que será composto pelas contribuições dos sócios. Tal fundo inicial é o
chamado Capital Social, para o qual todos os sócios devem contribuir. A existência
desse fundo é pressuposto necessário de qualquer tipo societário. O capital social que
é constituído tão somente pela soma das contribuições dos sócios vinculadas ao objeto
social não se confunde como patrimônio da sociedade, depois que ela é constituída,
que representa o conjunto de relações jurídicas economicamente apreciáveis da
sociedade, o qual está sujeito a oscilações a todo instante, compreendendo não apenas
o capital social, mas tudo que a sociedade possui ou adquire. Esses dois conceitos
coincidem apenas no momento da constituição da sociedade. Em suma, a contribuição
desempenha três papeis: formar o fundo patrimonial inicial, definir a participação de
cada sócio e construir o capital social.

II. Participação de todos os sócios nos lucros e nas perdas: é dispositivo que se aplica
tanto às sociedades simples, quanto às sociedades empresárias. Não é essencial que
todo resultado seja dividido entre os sócios, mas é essencial que todos os sócios
participem dos resultados. Considera-se nula apenas a cláusula que exclua algum
sócio da participação nos lucros ou nas perdas {apenas a cláusula leonina e não todo o
contrato social}.

A. Lucro: não precisa ser igualitária a divisão, mas precisa que todos os sócios
recebam uma parte. Normalmente, é feita de forma desigual, se atendo às cotas do
capital social que cada sócio detém.

B. Perda: pelo menos a sua contribuição para o fundo social deve entrar pra cobrir as
perdas, portanto não há uma responsabilidade 100% limitada, pois sempre todos
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os sócios terão que arcar com as perdas da sociedade, nem que seja com a quantia
correspondente à sua cota.

III. Affectio societatis: é a vontade de cooperação ativa dos sócios, a vontade de atingir um
fim comum. Necessidade de uma vontade exteriorizada de forma expressa na entrada
da sociedade e sem que haja a vontade de atingir uma finalidade comum.

CONCEITOS DE SOCIEDADE DO CÓDIGO CIVIL DE 2002

SOCIEDADE SIMPLES SOCIEDADE EMPRESÁRIA

Desconsidera o objeto da sociedade Desconsidera o objeto da sociedade

Análise da forma de organização, da maneira como


Forma de organização
a atividade é desenvolvida

Art.966, § único - CC/02 Art. 966, caput CC/02

Exercício de profissão intelectual de natureza


científica, literária ou artística sem elemento de Exceção - sociedade anônima e empresário rural
empresa - organização {fatores de produção}

DIFERENÇAS ENTRE COMUNHÃO E SOCIEDADE

COMUNHÃO SOCIEDADE

Pode se formar independente da vontade das partes Constituída pela vontade dos sócios

Falta da intenção de atuar em comum Há affectio societatis

É efêmera e transitória e estanque Construída para ser perene e dinâmica

Não possui autonomia patrimonial Possui autonomia patrimonial

ASSOCIAÇÃO E SOCIEDADE

ASSOCIAÇÃO SOCIEDADE

Entidade destinada ao exercício de atividade


Entidade de fins não econômicos
econômica de atividade econômica organizada

Necessária a pluralidade de sócios para sua Não há obrigatoriedade de pluralidade de sócios


constituição {admitida a unipessoalidade}

Regramento específico {arts. 53 a 61 CC} Regramento específico {arts. 981 e seguintes CC}

FUNDAÇÃO E SOCIEDADE

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FUNDAÇÃO SOCIEDADE

Patrimônio destinado a um fim União de pessoas destinada a um fim

Regramento específico {arts. 62 a 69 CC} Regramento específico

Fins específicos: religiosos, morais, culturais e de


Fins empresariais
assistência

Sem fins lucrativos Com finalidade de lucro

Se dissolvida, seus bens irão para entidade Se dissolvida, seus bens serão rateados entre seus
congênere sócios

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

SOCIEDADE DE PESSOAS E SOCIEDADE DE CAPITAL

Podem ser divididas de acordo com sua estrutura econômica, entre sociedade de
pessoas e sociedade de capital. A Sociedade Limitada dependendo se comporta como
sociedade de pessoas e dependendo se comporta como sociedade de capital {depende do
seu contrato social - a regra é ser uma sociedade de pessoas}. Para a sociedade limitada de
pessoas, importam as pessoas - é a qual a entrada e saída dos sócios depende da anuência
dos demais - todos os sócios precisam consentir. Na sociedade limitada de capital,
importa o $, a entrada e saída de pessoas não importa - as ações são pulverizadas no
mercado e compra ou vende quem quiser - não se obsta a entrada e saída de sócios. A
sociedade é formada pelos sócios em razão da pessoa jurídica.

SOCIEDADE DE PESSOAS SOCIEDADE DE CAPITAL

A administração só pode ser exercida por quem é Há uma dissociação entre a administração e
socio propriedade

Pelo menos uma classe de sócios possui Todos os sócios possuem responsabilidade limitada
responsabilidade solidária e ilimitada à sua contribuição ou ao total do capital social

Não é livre a entrada de novos socios, mesmo em


É livre o ingresso de novos sócios
caso de herdeiro de sócio

Morte ou incapacidade dos sócios pode gerar a A morte ou incapacidade dos sócios não influi na
dissolução parcial ou total da sociedade vida da sociedade

Não admite a participação de incapazes Admite a participação de incapazes

Admite a exclusão de sócios pela quebra da affectio Não admite a exclusão de sócios pela quebra da
societatis affectio societatis

Usa firma/ razão social Usa denominação

AUTONOMIA PATRIMONIAL*

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Se uma sociedade é personificada, ela possui autonomia patrimonial, ou seja, ela tem
um patrimônio separado dos patrimônios dos sócios. Autonomia patrimonial pode ser
entendida como a possibilidade de contratar sozinho, comprar sozinho. Já quando uma
sociedade é não personificada/ despersonificada, ela não possui autonomia patrimonial,
ou seja, não pode contratar sozinha e nem comprar sozinha.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

I. Limitada: o sócio só se obriga com o valor ao qual ele se comprometeu no valor social.
A limitação da responsabilidade dele é dada pela obrigação ao qual ele se
comprometeu. Quando o sócio A se subscreve {se compromete} a 40 de 100 cotas, o
sócio B se subscreve a 30 de 100 cotas e o sócio C se subscreve a 30 de 100 cotas.
Quando eles integralizam o valor correspondente, ou seja, pagam o valor das cotas aos
quais se subscrevem, eles passam a possui-las e a serem responsáveis apenas por elas,
no caso da responsabilidade limitada. A responsabilidade do sócio para com as dívidas
da Pessoa Jurídica se limitam ao valor subscrevido {quantia de cotas}.

II. Mista: existem duas qualidades de sócio na mesma sociedade. Um exemplo é a


sociedade em comandita simples, na qual existem sócios comanditados e sócios
comanditários.

A. Sócio de responsabilidade limitada: comanditário;

B. Sócio de responsabilidade ilimitada: comanditado.

III. Ilimitada: depende do tipo societário e sempre há o direito de regresso em relação ao


valor que não corresponde às cotas às quais o sócio se subscreveu.

A. Responder solidariamente: mesmo já respondendo pelo valor de suas cotas,


ainda responde diretamente com o resto das outras cotas. Tem a obrigação de
pagar 100%.

B. Responder subsidiariamente: responde o sócio depois que responder a


sociedade.

CAPITAL SOCIAL

Pode ser de capital fixo, ou de capital variável. Na de capital fixo, a alteração do


capital social necessita de uma alteração estatutária, ou seja é possível a alteração
numa sociedade de capital fixo. Já na sociedade de capital variável, é possível alterar o
capital social sem alterar o estatuto - há uma maior liberdade. “Capital social da
sociedade é um valor referencial hábil para a empresa funcionar por no mínimo 1 ano” -
conceito de administração.
PERSONALIDADE JURÍDICA

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Pessoas jurídicas são entidades a quem a lei confere personalidade, capacitando-
as a serem sujeitos de direitos e obrigações. A principal característica das pessoas
jurídicas é a de que atuam na vida jurídica com personalidade diversa das pessoas {físicas
ou jurídicas} que as compõe. O artigo 52 do CC afirma que “aplica-se às pessoas jurídicas,
no que couber, a proteção dos direitos das personalidade”.

“A personalidade consiste no conjunto de caracteres da própria pessoa. A


personalidade não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que ser humano tem
direito à personalidade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que dela
irradiam, é o objeto de direito, é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence como
primeira utilidade, para que ela possa ser o que é”.

I. Requisitos para que uma Pessoa Jurídica seja criada:

• Vontade humana criadora: depende da capacidade dos agentes, só tem valor se o


agente for capaz;

• Elaboração do ato constitutivo: essa elaboração é necessária para que a pessoa


jurídica, pois é necessário que o ato constitutivo seja escrito para que possa ser
registrado na Junta Comercial. Ademais, a elaboração tem que seguir regras
predeterminadas, requisitos legais necessários;

• Registro do ato constitutivo: como são pessoas jurídicas, o registro do ato


constitutivo é o momento em que ela nasce.

• Liceidade de seu objetivo: se tiver um objeto ilícito, não passará na Junta portanto
não adianta preencher todos os requisitos se o objetivo da sociedade for ilícito;

II. Características da pessoa jurídica:

• Personalidade distinta dos seus instituidores;

• Patrimônio distinto dos seus membros: autonomia patrimonial!

• Existência jurídica diversa de seus integrantes: por isso que sócio não é dono;

• Não podem exercer atos que sejam privativos de pessoas naturais: casar ou adotar.

• Podem ser sujeito passivo ou ativo em atos civis e criminais.

III. Desconsideração da Pessoa Jurídica: quando há desconsideração de pessoa jurídica,


não se desconsidera ela em si, mas o suporte de direito - é eventual e pontual. Uma
personalidade jurídica é desconsiderada apenas para determinado caso concreto e não
em seu todo. Indica o episódico levantamento do véu societário, no caso concreto, tal
como se a pessoa jurídica não existisse.
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A. Art. 28 CDC. “O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando em detrimento do consumidor houver abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.”
B. “§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores”.

1. Diferença básica entre teoria maior e teoria menor: a teoria maior é


utilizada pelo CC e pelo CPC, sendo exigido o requisito específico do abuso
caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Já a teoria
menor é utilizada pelo CDC e pela legislação Ambiental, e não é necessário que
encontre-se presente nenhum tipo de abuso, apenas o inadimplemento para com
os credores, sem ao menos analisar os reais motivos que levaram a sociedade a
deixar de se obrigar perante terceiros.

IV. Desconsideração inversa: é possível desconsiderar a personalidade para


responsabilizar a sociedade por atos praticados pelos seus sócios em prejuízo de
terceiros. Será possível quando os sócios ocultem na sociedade patrimônio seu em
desfavor de terceiros. É possível alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica
para ocultar ou desviar bens pessoais com prejuízo a terceiros. Ocorre muito na
separação e no divórcio.

V. Gratuidade da Justiça: faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com
ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais.

VI. Consequências da personificação:

A. Nome: identifica a pessoa jurídica, nome próprio pelo qual se vinculam no


universo jurídico {proteção nacional}. E depois terá direito à proteção ao seu título
de estabelecimento {registro regional com proteção regional}

B. Nacionalidade: vale o local de registro da pessoa jurídica.

C. Capacidade contratual: possui capacidade de fato e de direito para firmar seus


negócios jurídicos.

D. Existência distinta: empresário é a pessoa jurídica e não seus sócios.


Impossibilidade de emancipação do sócio menor de idade.

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E. Capacidade processual: decorrente da capacidade de fato e de direito. mesmo as
sociedades despersonalizadas tê sua capacidade processual atribuída por força do
art. 75 do CPC {pela pessoa a quem couber a administração de seus bens}.

ATO CONSTITUTIVO

“É uma ação humana volitiva, a manifestação de vontade no sentido de dar


nascimento à sociedade. Materializa-se em um documento, em um escrito público ou
particular, contendo os elementos essenciais à validade do ato {negocio jurídico}, firmado
pelas parte e por suas testemunhas instrumentárias.” — Assis Gonçalves. O nome
empresarial será constante, inclusive, pode ser colocado destarte, o título de
estabelecimento. Quando o ato constitutivo não chega a ser registrado na JC, a sociedade é
existente, mas não tem personalidade jurídica - sociedade em comum.

I. Natureza do ato constitutivo: é um contrato bilateral

II. Elementos essenciais:

A. Agente:

1. Sociedade entre cônjuges {se casados com comunhão universal de bens ou de


separação legal de bens, não podem ser sócios em uma empresa - seja entre
si, seja entre si e com outras pessoas}. Regimes de casamento absolutos não
podem ser desvirtuados por uma sociedade.

B. Objeto: o objeto deve indicar atividade econômica lícita e possível. Livre iniciativa
como princípio norteador. O objeto social deve ser indicado de modo preciso
para sua segurança dos sócios e de terceiros, isso de dá porque o sócio irá agir nos
limites do objeto social. A partir do objeto pode-se verificar a prática de atos ultra
vires quando a sociedade mediante seu administrador atua fora de seu objeto, a
ação será considerada como inexistente, considerando o lim supracitado. A
deliberação qualificada para alteração do objeto social. CNAE {Código Nacional de
Atividades Empresariais - é usado em todos os níveis da administração pública}.
Quando faz um contrato social, existe todo um procedimento prévio que é feito na
prefeitura, hoje portanto é um sistema que passa pelo nível municipal, estadual e
nacional. Com base no CNAE {objeto}, a prefeitura vai liberar ou não e depois faz
o procedimento da junta {cadastro de CNPJ}, então a receita estadual tem que
liberar {se não, todas as etapas anteriores serão em vão}. O objeto das sociedades é
protegido porque os principios e fundamentos da ordem economica estão no artigo
170 da Constituição. A pessoa escolhe sua atividade e é protegida a atividade
economica. Dependendo da atividade escolhida, será necessário uma
autorização específica para tanto {ex. rede de televisão, empresa de gás…}.
Alteração de objeto deve ser por meio de deliberação de todos os sócios. Pode ter,
por vezes, uma sociedade com objetos sociais lícitos diferentes {ex. consultoria em

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matéria ambiental, cursos de educação ambiental, reciclagens e coleta de lixo
especial}. O objeto acarreta em modificação de impostos sobre a sociedade.

C. Limitações/ cláusulas

1. Limitações/ cláusulas legais: no art. 997 - CC são elencados os elementos de


constituição. São determinadas pela causa genérica da criação da pessoa
jurídica. É para agir no mundo fático e dentro dos quadrantes definidos em lei
que se lhe outorga a personificação {ilícitos};

2. Limitações/ cláusulas convencionais: são aquelas impostas pelo criador da


pessoa jurídica no seu ato constitutivo ou em alterações subsequentes. Assim,
todo e qualquer negócio jurídico que não se encaixe, expressa ou
explicitamente, o seu objeto, não poder ser por ela realizado. São as que
melhoram a convivência {pode pedir regras de etiqueta, de revista, de decoro…
para os sócios, desde que todos concordem - não pode fazer com os
empregados por causa dos direitos trabalhistas, apenas}.

D. Forma legal: Uma sociedade simples revestida da forma da sociedade limitada


mantém seu registro no CRCPJ, continua sendo uma sociedade simples em sua
natureza.

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou


público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a
firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas {além das obrigatórias
administrativas};
II - denominação {na verdade, é nome empresarial - que é gênero}, objeto {pode usar a
descrição do CNAE, mas não o número}, sede e prazo da sociedade {determinado ou não
determinado};
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente {R$}, podendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la {tem que dizer quam
integraliza e como};
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais {não tem vedação legal contra PJ ser administradoreas, mas tem
vedação administrativa - o DREI disse que somente pessoas físicas podem administrar}
incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas {depende do tipo societário};
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais {depende do
tipo societário}.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto
no instrumento do contrato.

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SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

SOCIEDADE EM COMUM

Sociedade não registrada tem tratamento de empresário individual. Dentre as


pessoas jurídicas, existem as sociedades empresárias ou simples regularmente
constituídas e as sociedades não personificadas. As sociedades despersonificadas são
tuteladas pelo Código Civil e não têm uma pessoa jurídica que lhes dê formação, é
apenas um conjunto de pessoas. Nem toda pessoa jurídica é uma sociedade e nem toda
sociedade é uma pessoa jurídica. Quando o ato constitutivo não chega a ser registrado na
JC, a sociedade é existente, mas não tem personalidade jurídica {sociedade em comum}.
Existe uma sociedade a partir do momento em que um grupo de pessoas se reúne a fim de
cumprir um objeto em comum, para que elas possam formar uma pessoa jurídica, é
necessário que seja feito o registro no cadastro nacional de pessoas jurídicas e na junta
comercial.

O registro não é condição de existência de uma sociedade, é condição para aquisição


da personalidade jurídica. Antes, eram chamadas de irregulares {quando possuíam ato
constitutivo, porém sem registro}, ou de fato {quando nem mesmo tinham contrato
social} — essas duas palavras hoje em dia são sinônimas, é chamado agora de sociedade
despersonificada. Todas as sociedades são consideradas em comum até o momento
de seu registro, exceto a sociedade anônima que se rege conforme suas próprias regras:

“Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos,


reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização,
pelo disposto neste Capítulo, observadas,
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis,
as normas da sociedade simples.”

Ausência de personalidade jurídica {sem CNPJ}; Ausência de autonomia


patrimonial; Podem ter nome social {art. 1166 CC}; Os bens organizados para o exercício
da atividade empresarial constitui patrimônio especial que pertence aos sócios em
condomínio {art. 988 CC}; Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas
obrigações contraídas em proveito da sociedade em comum; O art. 1024 do CC estabelece
uma espécie de benefício de ordem: primeiro se esgota o patrimônio especial
{comum}, depois o patrimônio pessoal dos sócios; O art. 990 do CC exclui desse
benefício de ordem aquele que contratou pela sociedade; Haverá vinculação dos atos
que extrapolam os poderes atribuídos ao sócio se o terceiro de boa-fé não conhecia, nem
devia conhecer a limitação dos poderes do sócio {art. 989 CC}; A prova da existência da
sociedade por terceiros se fará por qualquer meio nos termos do art. 987 do CC; A
prova da existência da sociedade pelos sócios se fará exclusivamente por escrito nos
termos do art. 987 do CC quando a causa de pedir da ação intentada for a existência
da própria sociedade.

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SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO


Contrato bilateral e não uma sociedade

Formaliza-se por meio de um contrato {verbal ou escrito} particular e bilateral


que não aparece perante terceiros e obriga apenas as partes contratantes nos temos
do ajuste realizado. Há a limitação dos riscos aos termos contratados e não há vinculação do sócio
participante ao negócio realizado. Não precisa ser conhecida pelo público para existir e o
acordo entre os sócios não precisa ser escrito. Não possui sede e nem capital social. Sua
existência pode ser provada por qualquer meio.

Reconhece-se a existência de um patrimônio especial formado pela


contribuição dos sócios que pertence aos sócios em condomínio, mas só se produz
efeito entre eles. Existem duas categorias de sócios: ostensivo e participante.

Quando o sócio ostensivo age, age como EI ou sociedade, não como administrador da
sociedade em conta de participação e o sócio participante não aparece perante terceiros e não
assume qualquer responsabilidade perante terceiros e suas responsabilidades são limitadas
às obrigações que contratou com o sócio ostensivo.

“Sócio oculto” hoje em dia não é muito utilizada. Mas antes era usada para fazer
repasse de valores sem precisar pagar imposto de renda. Um indivíduo chegava numa sociedade
e fazia uma proposta de investir determinada quantia em dinheiro e deter uma
percentagem da empresa. Esse “contrato” não é registrado, pois é feito justamente para
ficar por baixo dos panos — independe de registro {o registro seria considerado um
reconhecimento de firma}.

Sendo o sócio ostensivo o empresário, a falência dele tem uma consequência


diferente da falência do sócio participante. Esse vindo a falir acarreta em dissolução da
sociedade por conta de participação, pois ele é o devedor da relação; acarreta ainda a
liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. Falindo o sócio
participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência
nos contratos bilaterais do falido. O sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o
consentimento expresso dos demais salvo estipulação contratual expressa em contrário.

O regime tributário é diferenciado. Toda sociedade em conta de participação tem


que ser registrada perante o CNPJ - ele não cria pessoa jurídica, não é a partir dele que se
tem a criação, e sim a partir do registro na junta comercial. Os resultados das SCP devem
ser apurados pelo sócio ostensivo, que também é responsável pela declaração de
rendimentos e pelo recolhimento dos tributos e contribuições devidos pela SCP. A
escrituração das operações da SCP poderá, à opção do sócio ostensivo, ser efetuada nos
livros deste ou em livros próprios da SCP. Quando utilizados os livros do sócio ostensivo,
os registros contábeis e as demonstrações financeiras deverão estar destacados, de modo a
evidenciar o que é registro de uma ou de outra sociedade.

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Naomi Sugita Reis

SOCIEDADES PERSONIFICADAS

NOME EMPRESARIAL

RAZÃO SOCIAL DENOMINAÇÃO SOCIAL

COMANDITA SIMPLES - COMANDITA POR AÇÕES - LTDA - S/A -SOCIEDADE LIMITADA - EIRELI - COMANDITA POR
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO AÇÕES - SOCIEDADE SIMPLES

SOCIEDADE EMPRESÁRIA EM NOME COLETIVO


Artigos 1.039 e 1.044 - CC/02

É uma sociedade de pessoas tratada como sociedade genérica — não se verificando o


tipo societário de determinada sociedade, será ela tida como em nome coletivo. Ela é típica, ou seja,
depende da anuência de todos os sócios e precisa ter um contato mais íntimo dos
sócios. Se identifica por meio de firma ou razão social {e não denominação}. Apenas as
pessoas físicas podem ser sócias e não são admitidos incapazes como sócios. A
responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada de todos os sócios, mas é subsidiária em
relação à sociedade {primeiro se esgotam os bens da sociedade para depois atingir o
patrimônio dos sócios} {sem possibilidade de alteração dessa responsabilidade perante
terceiros - internamente pode fazer o que quiser, mas não poderá ser oponível a terceiros}.

É formada apenas pelo patrimônio dos sócios e da expressão & Companhia ou e


Cia ou ainda e irmãos {isso se não aparecerem o nome de todos os sócios}. Poderá ser
administrada por qualquer dos sócios ou todos eles. A quota do sócio se submete aos seus
credores mas não se admite o ingresso de terceiro não sócio na sociedade {credor}
{em uma execução contra um dos sócios, se ele não tiver dinheiro, poderão ser atingidas
suas quotas, sendo assim, vai ser feita uma apuração de haveres para que seja analisado
quanto vale sua parte na sociedade — não vai ser atingida a sociedade, vão ser penhoradas
as quotas do sócio devedor}. Aplicação subsidiária das regras da sociedade simples, a qual
estrutura o direito empresarial brasileiro.

SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES


Artigos 1.045 e 1.051 do CC/02

Se trata de uma sociedade de pessoas e se identifica por razão social ou


denominação. No caso de lacunas, aplica-se subsidiariamente as regras das sociedades em nome
coletivo {sociedade simples é supletiva, portanto - em caso de omissão das regras da sociedade em nome
coletivo}. Possui duas classes de sócios: Comanditados e Comanditários {os quais devem
ser designados no contrato social, se não tiver nada no contrato, todos serão
comanditados}. Se faltar sócios em uma das categorias por mais de 180 dias,
acarretará a dissolução da sociedade — mas pode ser feita uma transformação
societária em LTDA.
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Naomi Sugita Reis
I. Sócio comanditado: possui responsabilidade ilimitada e solidária, mas subsidiária à
da sociedade {mesmo tratamento da sociedade em nome coletivo, possui a mesma
características dos sócios de SENC}, administra a sociedade.

II. Sócio comanditário: impedido por lei de tomar a frente dos negócios. Possui
responsabilidade limitada ao valor com que se obrigou a contribuir, não pode
administrar a sociedade e pode ser procurador para ato específico {representando a
PJ}. Seu nome não pode configurar na composição da firma social, sob pena de
responder tal qual sócio comanditado. Tem direito a voto nas deliberações e a
participar nos livros da sociedades.

SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES


Artigos 1.090 e 1.092

Possui as mesmas características da sociedade por comandita simples e possui seu


capital dividido em ações {os sócios são acionistas verdadeiramente}. Identifica-se por
razão social ou denominação {se optar por razão social, será obrigatório constar o nome
do acionista administrador} Aplica-se a Lei das Sociedades Anônimas {Lei 6404/76}.
Somente o acionista pode administrar a sociedade, os administradores possuem
responsabilidade subsidiária. Comanditado será o sócio acionista administrador e o
comanditário será apenas o sócio acionista.

SOCIEDADE SIMPLES

É um modelo suíço adotado pelo Direito Italiano e introduzido em 2002, para


atender às atividades lucrativas não empresárias {parágrafo único do art. 966 CC}. É um
modelo ou fonte supletiva dos demais tipos societários. Pode revestir-se de uma das
formas das sociedades empresárias {exceções: sociedades por ações SCA e SA}. É a única
sociedade que admite sócio por indústria {um sócio que contribui exclusivamente com seu
trabalho e não com capital - o sócio de industria terá participação na sociedade - vai ter
participação nos lucros na proporção da média do valor das quotas}, mas na prática isso
não ocorre, é colocado o sócio como normal, que acaba não pondo dinheiro. É uma
sociedade não ligada ao direito empresarial.

O objeto é distinto das sociedades empresárias {art. 982 com 966}, ou seja, não é o
lucro, mas a prestação de serviços de atividades intelectuais {médicos, advogados,
dentistas, pesquisadores, escritores, chargistas}. A não ser se constituírem elemento de
empresa {organização de fatores de produção}, nesse caso se transformarão em sociedade
empresária {menos os advogados - vedação expressa da lei}.

O requisito especial do contrato de sociedade seja ela simples ou empresária, é


que os sócios participem dos resultados positivos e negativos, isto é, dos lucros e das
perdas. Por isso, exige-se na sociedade simples pura que o contrato social estabeleça qual o
percentual de cada sócio nos lucros e nos prejuízos, os quais necessariamente não precisam ser

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Naomi Sugita Reis
rateados na proporção das respectivas quotas, já que outros fatores poderão ser considerados na
partilha dos resultados sociais. Sendo assim, nessa sociedade a responsabilidade dos
sócios é ilimitada até atingir a sua quota parte e a responsabilidade dos sócios depende
de previsão contratual. Entretanto, nas sociedades simples revestidas de sociedades
empresárias, não havendo estipulação que estabeleça divisão dos lucros e prejuízos em
percentual diverso, será correspondente às quotas.

Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a


sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro
Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
§ 1o O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento
autenticado do contrato, e, se algum sócio nele houver sido
representado por procurador, o da respectiva procuração, bem
como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade
competente.
§ 2o Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente,
será a inscrição tomada por termo no livro de registro próprio,
e obedecerá a número de ordem contínua para todas as
sociedades inscritas.

Em caso de omissão no contrato social, a responsabilidade será ilimitada e


subsidiária conforme o disposto nos art. 1023 e 1024 CC. Nas sociedades em que a
responsabilidade dos sócios é ilimitada como ocorre nas sociedades simples não se faz
necessária para que os bens pessoais de seus sócios respondam pelas suas
obrigações a desconsideração da personalidade jurídica. Pode ser agravada a
responsabilidade dos sócios, mas não se pode excluir.

Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas,


respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem
das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária
{responsabilidade ilimitada dentro de sua quota — proporcional}.

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser


executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os
bens sociais {responsabilidade ilimitada}.

O art. 983 afirma que a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um
dos tipos de sociedade empresaria previstos nos arts. 1039 a 1092, caso em que ficará
subordinada às regras do tipo de sociedade empresaria adotado {não pode ser sociedade de
capital, apenas sociedade de pessoas}. A sociedade simples, nesse caso, não é equiparada à
sociedade empresaria, não se sujeitando às obrigações legais desta e nem à falência, não
tendo, também, o direito de pleitear recuperação judicial. Isso se dá porque sociedade
empresaria se diferencia da sociedade simples {não pode ser feito um híbrido de leis, a
sociedade simples pode apenas se encobrir de uma sociedade empresária, sem perder sua
essência}.
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Naomi Sugita Reis
O registro das sociedades simples se dão no Cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas em até 30 dias da data da assinatura do contrato e as filiais
deverão ser inscritas na circunscrição correspondente e averbadas no registro civil
da sede. O contrato social é o ato constitutivo, para fazer modificações, será feita uma
alteração de contrato social com consolidação {transcrição do contrato social + todas as
modificações}.

Contrato social
Sócio 1
Sócio 2
Nome
Objeto: compra e venda de pneus
Sede rua X n Y
Administrador: Batman
Poderes do Batman: amplos, inclusive para alienar imóveis
Assinatura do Batman
1ª alteração de contrato social com consolidação
Cópia do contrato social +
Limitação dos poderes do administrador: não pode alienar imóveis

A regra de identificação é a Denominação, entretanto se estiver revestida de outras formas


societárias poderá usar firma ou razão social art. 1155 até 1168.

Em relação à vontade da sociedade, os quórum deliberativos podem ser apenas


dois na sociedade simples {ou quórum unânime ou maioria absoluta}:

Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por


objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento de
todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria absoluta
de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação
unânime.

Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos
sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações
serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das
quotas de cada um.
§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários votos
correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no
caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.
§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma
operação interesse contrário ao da sociedade, participar da
deliberação que a aprove graças a seu voto.

{Maioria absoluta é definida como "mais que a metade" do número total de indivíduos que
compõe o grupo. Ou, mais especificamente, "número subsequente à metade de todos os
membros”. Também pode ser explicada como sendo a metade do número total de
indivíduos que compõe o grupo mais um ou mais meio.
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Naomi Sugita Reis

Assim sendo, caso o grupo tenha 40 integrantes, a maioria absoluta será 21 (metade mais
um), enquanto que se o grupo tiver 41 integrantes, a maioria absoluta também
corresponderá a 21 (metade mais meio, já que a metade de 41 é 20,5).}

SÓCIOS em SOCIEDADE SIMPLES

São pessoas físicas capazes e, de acordo com o entendimento de parte minoritária


da doutrina, pessoas jurídicas. Os casados entre si poderão ser sócios em uma mesma
sociedade, a menos que sejam casados em regimes totalitários {separação obrigatória de
bens ou comunhão universal de bens}. Ela tem, como regra, patrimônio ilimitado de seus
sócios.

O art. 974 §3º: exigência de integralização do capital social não se aplica à


participação de incapazes em sociedades anônimas e em sociedades com sócios de
responsabilidade ilimitada nas quais a integralização do capital social não influa na
proteção do incapaz.

“Art. 974. § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas


Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que
envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes
pressupostos:

I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;


II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve
ser representado por seus representantes legais.”

DEVERES DOS SÓCIOS NA SOCIEDADES SIMPLES

Existe o dever de integralizar as quotas subscritas. Se realizada em bens, responde o


sócio pela evicção; se em serviços, não se admite exercício de atividade estranha à
sociedade; se remisso, há notificação para integralizar em 30 dias.

Há o dever de lealdade, sendo obrigatório que vele pelos interesses da sociedade


{divulgar segredo em empresa, informação confidencial… é faltar com respeito à
sociedade}.

Por fim, existe o direito-dever de co-participação na gestão financeira {exigir


informações, contas…}.

DIREITOS DOS SÓCIOS NA SOCIEDADE SIMPLES

I. Direitos pessoais {não se transferem nem inter vivos e em causa mortis}: espolio não
tem vez, pois o direito pessoal morreu com o sócio {não é mais parte na sociedade}.

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Naomi Sugita Reis
A. Direito de fiscalização

B. Direito de retirada - direito de sair da sociedade {e não a participação dos lucros}

C. Direito de participar das deliberações: formação da vontade da sociedade.

II. Direitos patrimoniais — são eventuais, dependem de algo:

A. Direito à participação dos lucros, caso haja lucro

B. Direito de participar do acervo em caso de liquidação

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS NAS SOCIEDADES SIMPLES

A regra geral é a responsabilidade ilimitada subsidiária pelas dívidas sociais,


na proporção da participação no capital social {art. 1024}. A solidariedade não é
presumida, é contratada entre os sócios {não entre os sócios e a sociedade}. Sócio que se
retira mantém sua responsabilidade por obrigações assumidas {participação dele na
sociedade até a data do registro}, por até dois anos da data da averbação {registro}. Mas,
para fins tributários não é considerado esse período.

No caso de sócio falecido, os herdeiros mantém sua responsabilidade por obrigações


assumidas anteriormente, por até dois anos da data da averbação da resolução da
sociedade em relação às obrigações anteriores ao falecimento {art. 1032}.

No caso de adquirente de quotas sociais, o cedente e o cessionário mantêm-se


solidariamente responsáveis, por dois anos, pelas obrigações assumidas anteriores à
averbação de alteração de contrato social {art. 1003, § ú}.

QUOTAS SOCIAIS da SOCIEDADE SIMPLES

Somente podem ser cedidas ou transferidas se houver anuência dos demais sócios e são
consideradas coisa móvel:

• Sociedade de pessoas;
• Pessoalidade no desenvolvimento da atividade objeto da sociedade.

Como as quotas são bens que fazem parte do patrimônio do sócio, quando ele é devedor,
poderão essa quotas serem penhoradas e liquidadas para satisfação dos direitos do
credor. → Penhora é constrição judicial e penhor é algo voluntário. Pode ser penhorado
mas não pode ser empenhado.

“Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos
sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações

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Naomi Sugita Reis
serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor
das quotas de cada um.”

ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE SIMPLES

Admitida apenas a administração por pessoas naturais, pessoas jurídicas não podem
ser administradores da sociedade.

“Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício


de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e
probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios.

§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei
especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente,
o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação,
peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular,
contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

§ 2o Aplicam-se à atividade dos administradores, no que couber, as


disposições concernentes ao mandato.”

I. Formas de exercício caso não haja nomeação de administrador no contrato social


ou em ato separado {1.010, 1.013, 1.014}.

A. Administração disjuntiva: cada sócio exercerá os atos da administração


separadamente, cabendo-lhes reciprocamente impugnar a operação pretendida pelo
outro;

B. Administração conjunta atribuída a todo os sócios: as decisões são tomadas por


consenso entre todos, salvo nos casos urgentes, que poderão ser objeto de decisão
de alguns deles;

C. Administração conjunta facultada a alguns sócios: nesse caso, os atos de


execução não podem desobedecer às deliberações dos sócios, que decidem por
maioria.

II. Formas de exercício quando nomeado o administrador no contrato social ou em


ato separado:

A. Sócios administradores nomeados em contrato social: somente destituídos por


meio de ação judicial que apure justa causa.

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Naomi Sugita Reis
B. Sócios ou terceiros {não sócios} nomeados em ato separado: revogabilidade
dos poderes a qualquer tempo, deliberada pela maioria do capital social.

III. Deveres do administrador:

A. Dever de diligência;

B. Dever de lealdade:

“Art. 1.017. O administrador que, sem consentimento escrito dos


sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de
terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente,
com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele
também responderá.

Parágrafo único. Fica sujeito às sanções o administrador que, tendo


em qualquer operação interesse contrário ao da sociedade, tome
parte na correspondente deliberação.

Art. 1.018. Ao administrador é vedado fazer-se substituir no


exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus
poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no
instrumento os atos e operações que poderão praticar.”

C. Dever de informação e de prestação de contas.

IV. Poderes do administrador:

A. Prática de atos e operações incluídos no contrato social da sociedade, inclusive a


alienação de imóveis, quando este for o o objeto da sociedade;

B. Emissão, endosso e circulação de títulos de crédito, decorrentes do exercício de


atividades pertinentes ao objeto social;

C. Representação da sociedade, judicial e extrajudicialmente.

D. Poderes do administrador — não vinculação da sociedade:

1. Restrições contratuais: havendo restrição expressa no contrato social o


administrador que praticar o ato responderá isoladamente pelos danos
causados a terceiro.

2. Terceiros de má-fé: pune-se a má-fé do terceiro que sabendo da limitação


firma o contrato.
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Naomi Sugita Reis

3. Prática de atos ultra vires: havendo prática de atos completamente alheios ao


objeto social, entende-se não praticados pela sociedade.

“Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem


praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não
constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis
depende do que a maioria dos sócios decidir.
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente
pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das
seguintes hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro


próprio da sociedade;
II - provando-se que era conhecida do terceiro;
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios
da sociedade.”

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE SIMPLES

I. Em virtude de morte;

II. Em virtude de exclusão:

A. Sócio remisso - ação;

B. Liquidação de quota em razão de penhora - ação;

C. Falta grave - ação;

D. Incapacidade superveniente - ação;

E. Falência superveniente - de pleno direito.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio,
não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo
indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo


indeterminado;

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Naomi Sugita Reis

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta


dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos
sócios, quando:

I - anulada a sua constituição;

II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser
excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta
grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade
superveniente.

Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou
aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no
contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade,
responderá perante esta pelo dano emergente da mora. → sócio remisso

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a
execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação.

Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da quota do
devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução,
até noventa dias após aquela liquidação. → penhora das quotas do sócio

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor
da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à
data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o


valor da quota.

§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da


liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.

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Naomi Sugita Reis

SOCIEDADE LIMITADA
É estruturada como a SS mas não é uma SS

ATO CONSTITUTIVO DA SOCIEDADE LIMITADA

• Constitui-se por instrumento público ou particular devidamente arquivado na Junta


Comercial;

• Deve observar as determinações do art. 997 do CC, além de:

- Causas de dissolução
- Poderes dos sócios-administradores e suas responsabilidades
- Deliberação por maioria com quorum qualificado ou não
- Hipóteses de retirada e exclusão de sócio
- Preferência na aquisição de quotas pelos sócios
- Reconhecimento de firma por semelhança: qualquer pessoa vai ao cartório que tenha
o cartão de assinatura e diz que é relativo a tal cartão;
- Reconhecimento de firma por verdadeiro: a própria pessoa vai no cartório e assina na
frente do cartorário e por isso é mais importante.

NOME EMPRESARIAL

É possível analisar o tipo societário pelo simples nome da sociedade. A sociedade


limitada tem a possibilidade de adotar, como nome comercial, uma razão social ou uma
denominação {Sampaio Campos e Cia LTDA/ La Pelle Curtume LTDA}.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

As regras que atendem à sociedade limitada estão previstas nos artigos 1.052 a
1.087 do CC. A sociedade limitada poderá se socorrer subsidiariamente nas regras da
sociedade simples, no que suas regras forem omissas. Além disso, o contrato social
poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade
anônima.

CAPITAL SOCIAL

O capital social das limitadas é dividido em quotas iguais ou desiguais, cabendo


uma ou diversas a cada sócio. O capital social pode ser integralizado em dinheiro ou bens
{móveis ou imóveis tangíveis ou intangíveis}. Vedação expressa da contribuição de sócio
que consista em serviços. O capital social é mero valor referencial e não demonstra a
realidade patrimonial da sociedade. Quando a sociedade é criada o patrimônio social e o
capital social são coincidentes, mas apenas nesse momento, depois cada um segue o seu
caminho.

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Naomi Sugita Reis
O capital é dividido em quotas iguais ou desiguais. Existem duas formas de divisão,
pode ser dividido entre QUOTAS UNICAS QUE CADA SÓCIO VAI TER, ou então
dividido entres VARIAS QUOTAS IGUAIS, sendo cada quota equivalente a um $. O que
muda é o valor atribuído à quota. Isso funciona desde 1919.

Quotas desiguais: capital social de 100 dividido entre 2 sócios, cada um com uma quota.
A com quota de 60 e B com quota de 40.

Quotas iguais: capital social de 100 quotas iguais {valendo 1} dividido entre 2 sócios, A
com 60 quotas de 1 e B com 40 quotas de 1.

Quando o capital for integralizado em bens, não precisam ser obrigatoriamente


avaliados mas, se os sócios concordarem pela avaliação feita, todos os eles respondem
pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social até 5 anos a partir da data do
registro da sociedade por essa avaliação interna feita {é a negligência que retorna para os
sócios e eles terão que integralizar no que faltou}. Enquanto não integralizado 100% do
KS todos os sócios respondem solidariamente pela sua integralização. O sócio que discordar
da avaliação poderá optar pelo direito de recesso, que é o direito que o sócio tem de se
retirar da sociedade, rompendo o vinculo societário.

Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a
quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não
houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Anuência de 3/4.

MODIFICAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL

Os sócios têm direito a voto, retirada, fiscalização, partilha dos lucros apurados
e participação no produto da liquidação da sociedade.

Capital social é um valor referencial que representa o somatório das contribuições


pessoais declaradas pelos sócios para o desenvolvimento da atividade principal. Tem como
função primeira, servir de base para distribuição do poder de voto de cada sócio.

Dois princípios regem o capital social: o primeiro é o princípio da fixidez {ele não
sofre alterações em razão da variação patrimonial da sociedade, somente por meio de
alterações formais de aumento e de redução será possível modificar o seu valor}, o segundo
princípio é o da intangibilidade {repasse de recursos sociais aos integrantes da sociedade
somente podem ser feitos quando o patrimônio líquido for maior que o capital social
informado}. É o valor necessário para a criação da atividade e seu desenvolvimento até o
inicio do retorno do investimento. Não são muitos os empresários que fazem isso, pois é
necessário que haja um plano para a atividade.

Atribui-se o valor ao capital social pelo quanto será necessário para o primeiro ano
de atividade da empresa, por isso que no começo patrimônio e KS são iguais, a partir do

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Naomi Sugita Reis
desenvolvimento da sociedade, o KS permanece fixo, quem vai mudar é o
patrimônio da sociedade.

Capital inicial é o marco inicial e é fixo, o patrimônio é dinâmico, se houver lucro


abaixo do valor inicial do capital inicial, não é lucro, é perda de dinheiro. Se houver lucro
acima do valor inicial do capital inicial, vai ser lucro sim e poderá ser dividido o dinheiro
entre os sócios.

O aumento do KS poderá ser feito com recursos da própria sociedade {lucros ou


reservas} atribuindo-se novas quotas aos sócios. Poderá também ser aumentado o
valor das quotas, poderá ser aumentado mediante subscrição de novas quotas, modo em
que é assegurado o direito de preferencia. Em até 30 dias após a deliberação, terão os
sócios preferencia para participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam
titulares. Decorrido o prazo da preferencia, e assumida pelo sócios ou por terceiros, a
totalidade do aumento, haverá reunião ou assembleia dos sócios para que seja aprovada a
modificação.

Na redução, pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente


modificação do contrato: I) depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis
{neste caso, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor
nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação no Registro Público de Empresas
Mercantis, da ata da assembleia que a tenha aprovado}; II) se excessivo em reação ao objeto
da sociedade {neste caso a redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das
quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição
proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas}.

Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o
capital aumentado, com a correspondente modificação do contrato.
§ 1o Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do
aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares.
§ 2o À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no caput do art. 1.057.
§ 3o Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a
totalidade do aumento, haverá reunião ou assembléia dos sócios, para que seja aprovada a
modificação do contrato.

Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação


do contrato:
I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis;
II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade.

Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será


realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se
efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da
assembléia que a tenha aprovado.

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Naomi Sugita Reis
Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindo-
se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda
devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das
quotas.
§ 1o No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembléia que
aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderá
opor-se ao deliberado.
§ 2o A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo
antecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito
judicial do respectivo valor.
§ 3o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-á à
averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a
redução.

QUALIFICAÇÃO DOS SÓCIOS

Podem eles ser pessoas físicas ou jurídicas, assim como sociedade limitada
composta exclusivamente por pessoas jurídicas {nesses casos será indicada a pessoa
natural administradora - administração profissional}.

QUOTAS SOCIAIS

As quotas são indivisíveis em relação à sociedade, mas divisíveis em caso de


transferencia, assim o sócio pode ceder total ou parcialmente suas quotas a sócios ou a
terceiros, se não houver vedação no contrato social e não houver oposição de sócios que
representem mais de um quarto do capital social {art. 1.057}. Quotas são a partilha do
capital social.

A cessão de quotas somente terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, a partir da


averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. Ressalte-se que os
sócios são livres para decidir sobre a transferencia de quotas, somente incidindo o
disposto no artigo 1.057 do CC em caso de omissão do contrato social.

Caso não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem toma-la
para si ou transferi-la a terceiros excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que
houver pago, deduzidos os juros da mora as prestações estabelecidas no contrato mais a
empresa. Se houver o sócio remisso pago parte do valor com que se obrigou, poderão os
demais reduzir a participação do sócio na sociedade {e as quotas que sobram dependem
de deliberação para saber se vai para os demais sócios ou se vai para terceiros}.

“Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou


desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.

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Naomi Sugita Reis
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social
respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de
cinco anos da data do registro da sociedade.

§ 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.”

A regra contida no §1º deve ser aplicada na hipótese de inexatidão da avaliação


débeis conferidos ao capital local. A responsabilidade nela prevista não afasta a
desconsideração da personalidade jurídica quando presentes seus requisitos legais.

O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado no todo ou em


parte, com quota ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do critério
de avaliação das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidária
pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social nos termos do §1º.

PENHORABILIDADE DE QUOTAS

Assim como na sociedade simples, o penhor não é permitido pois é algo voluntário
mas a penhora pode ocorrer, tendo em vista que é uma constrição judicial. Na junta
comercial, é bloqueada qualquer movimentação da sociedade e então ela deve ser
informada de que estão sendo penhoradas as quotas dos sócios {é a melhor opção de
penhora}, se a sociedade não for intimada, ela não é obrigada a acatar — ela precisa ser
informada.

A sociedade pega as quotas do sócio penhorado vai fazer reserva dessas quotas em
secretaria e pode: transferir valores para a execução ou liquida as quotas transformando-
as em dinheiro, que vão para o juiz da execução e o sócio que teve suas quotas
penhoradas deixa de ser sócio porque ele teve suas quotas liquidadas. Assim, o capital
social vai ter que ser reduzido porque são extintas as quotas, porque o sócio executado sai
da sociedade por força de execução. Entretanto, se as quotas forem o único meio de
subsistência do sócio executado, não poderão ser penhoradas todas, apenas 30% de suas
quotas.

A penhora das quotas deve seguir as seguintes condições: inexistência de outros


bens do devedor e inexistência ou insuficiência dos lucros para suportarem a execução.

DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS

Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a


qualquer titulo ainda que autorizados pelo contrato quanto tais lucros ou quantos se
distribuirem com prejuízo do capital. O fundamento é preservar a intangibilidade e a
integridade do capital.

A divisão dos lucros poderá ser feita em proporção diferente da participação de


cada sócio no capital social, por inteligência do inciso VII, art. 997 CC.
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Naomi Sugita Reis
ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE

Os administradores podem tomar decisões desde que não invadam a esfera de


competência exclusiva da assembléia ou reunião de sócios. Atos de mera gestão não alteram a
estrutura jurídica econômica e podem ser praticados pelos administradores. As
deliberações sociais alteram a estrutura jurídico-económica da sociedade e devem ser
deliberados em assembléia ou reunião de sócios.

A sociedade limitada pode ser administrada por uma ou mais pessoas designadas
no contrato social ou em ato separado. Sendo que a administração atribuída no
contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que posteriormente
adquiram a qualidade de sócio {o herdeiro recebe a quota que pertencia ao de cujus como
quota de sócio e não recebe a função de administrador}.

Se o contrato permitir administradores não sócios: a designação deles


dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios enquanto o capital não estiver
integralizado
Se houver ocorrido integralização do capital social: e de 2/3 no mínimo.

Nos 10 dias seguintes ao da investidura deve o administrador requerer que seja


averbada sua nomeação no registro competente mencionando o seu nome nacionalidade
estado civil, residência… o ato e a data da nomeação e o prazo de gestão. Deve ser
registrado o ato em 30 dias {1.062}, assim, será feita uma nova designação.

O administrador designado em ato apartado investir-se-á no cargo mediante termo


de posse no livro de atas da administração {1.060}. Se o termo não for assinado nos trinta
dias seguintes à designação, esta se tornará sem efeito.

Dentro da estrutura, só tem sócios e sócio administrador. Dentro da administração,


serão os administradores de empresa {contratados}.

O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição em qualquer


tempo, do titular, ou pelo termino do prazo se, fixado no contrato ou em ato
separado, não houver recondução.

Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição


somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes, no
mínimo a 2/3.

Contrato social Ato apartado

Posse mediante indicação e assinatura no Posse mediante assinatura no livro de atas da


contrato social administração e averbação na JC em 10 dias.

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Naomi Sugita Reis

ENTRADA RETIRADA

ADMINISTRADOR SÓCIO NO
3/4 do K Social 2/3 do K Social
CONTRATO SOCIAL

ADMINISTRADOR NÃO K Social não integralizado:


SÓCIO NO CONTRATO unanimidade 1/2 do K Social
SOCIAL K Social integralizado: 2/3

ADMINISTRADOR SÓCIO EM
1/2 do K Social 1/2 do K Social
ATO APARTADO

K Social não integralizado:


ADMINISTRADOR NÃO
unanimidade 1/2 do K Social
SÓCIO EM ATO APARTADO
K Social integralizado: 2/3

Ao término de cada exercício social, proceder-e-á à elaboração do inventário do


balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico.

Quando não está integralizado o capital social, a responsabilidade é solidaria


e quando integralizado a responsabilidade é limitada.

Responde perante perdas e danos perante a sociedade o administrador que


realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com
a maioria.

No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos


pertinentes à gestão da sociedade, não constituindo objeto social, a oneração ou a venda e
bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir.

O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se
ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
• Se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade
• Provando-se que era conhecida de terceiro
• Tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade {atos ultra
vires}

Se o sócio agir alem de seus poderes, ele responderá sozinho, mas se ele fizer isso
com a anuência de todos os sócios, respondem todos solidariamente.

Os administradores reponde solidariamente perante a sociedade e os terceiros


prejudicados por culpa no desempenho de suas funções. O artigo 135, III do CPN
estabelece a responsabilidade pessoal do administrador pelos créditos
correspondentes a obrigações tributarias resultantes dos atos praticados com
excesso de poderes, ou infração da lei ou do contrato social.

O administrador que sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou


bens sociais em proveito próprio ou de terceiros terá de restituí-los à sociedade ou pagar o

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Naomi Sugita Reis
equivalente com todos os lucros resultantes e, se houver prejuízo, ele também
responderá.

Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções,


sendo-lhe facultado, no limite de seus poderes, constituir mandatários.

DELIBERAÇÕES SOCIAIS

As deliberações serão tomadas:

I. Pelos votos correspondentes, no mínimo a 3/4 do capital social, nos casos de


modificação do contrato social e incorporação, fusão ou dissolução da sociedade,
ou a cessação do estado de liquidação.

II. Pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos de
designação de administradores, quando feita em ato separado; o modo de
remuneração dos adm, quando não estabelecido no contrato de destituição de
administradores.

Quorum de deliberação é diferente de quorum de instalação. Art. 1.074. A assembléia dos


sócios instala-se com a presença, em primeira convocação, de titulares de no mínimo
três quartos do capital social, e, em segunda, com qualquer número.

CONSELHO FISCAL

Nas sociedades limitadas o Conselho Fiscal é órgão administrativo e de


funcionamento facultativo. Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios pode o
contrato social instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos
suplentes, sócios ou não, residentes país eleitos na assembléia geral ordinária. O controle
exercido pelo conselho fiscal é técnico e não político. Não podem fazer parte do
conselho fiscal além dos impedidos legalmente, o membros dos demais órgãos da
sociedade ou de outra por ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos
respectivos administradores, o cônjuge ou parente destes. A ATRIBUIÇÃO DE PODERES
CONFERIDOS PELA LEI AO CONSELHO FISCAL NÃO PODEM SER OUTORGADOS A
OUTRO ÓRGÃO DA SOCIEDADE E A RESPONSABILIDADE DELES SERÁ A MESMA
DOS ADMINISTRADORES.

DA DISSOLUÇÃO

Art. 1.087. A sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer das causas previstas no
art. 1.044.

Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas
no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.
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Naomi Sugita Reis

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer


dos sócios, quando:

I - anulada a sua constituição;

II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade.

Morte de sócio, falência de sócio, saída voluntaria e motivada, recesso {direito de


recesso}, exclusão de sócio {para a exclusão, há necessidade de comprovação de justa
causa — pra que se configure a justa causa, deve-se estar diante de situação que ponha em
risco a manutenção do projeto social pelo sócio excluendo, essa exclusão pode ser judicial
ou extrajudicial, a depender de previsão contratual expressa}{a ação de exclusão de sócio
pode ser proposta por sócios que representem a maioria das quotas sociais
desconsideradas no cálculo as quotas do sócio excluendo}. O sócio excluido tem direito de
recebimento de haveres com a compensação dos prejuízos que houver dado causa.

I. Fases do encerramento formal da sociedade

A. Dissolução: preserva a personalidade jurídica

B. Liquidação: preserva a personalidade jurídica

C. Extinção por meio da baixa do contrato social: encerra a personalidade jurídica

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