Artigo - UMA DESMISTIFICAÇÃO DO CONSERVADORISMO
Artigo - UMA DESMISTIFICAÇÃO DO CONSERVADORISMO
Artigo - UMA DESMISTIFICAÇÃO DO CONSERVADORISMO
RESUMO
RESUMEN
El conservadurismo, como vertiente política, aún es mal interpretado por muchos y, de modo
general, poco conocido del público brasilero. En su esencia – e incluso en ambientes
académicos –, el término sigue envuelto por densas nieblas de preconcepto y
desinformación, lo que dificulta una mejor comprensión de ese importante fenómeno político
y sociocultural. Frente a esa realidad, el presente artículo busca, modestamente, fornecer un
panorama introductorio para los que deseen profundarse y conocer mejor ese tema, que se
está volviendo cada vez más relevante y actual.
ABSTRACT
Introdução
Que se comece, pois, com uma afirmação que, como se notará, traz em seu
bojo um indisfarçável veio provocativo: Não pode haver verdadeiro progresso sem
que haja conservadorismo, especialmente quando o assunto é política. A frase pode
parecer estranha e até mesmo ilógica, mas nada tem de falso. Pelo contrário,
escancara uma verdade que, à luz dos fatos, torna-se indelével.
2 O termo progressistas acabou sendo adotado, modernamente, para fazer referência aos
simpatizantes ou militantes da Esquerda, talvez por ser mais palatável do que o seu equivalente de
teor mais explícito: esquerdistas.
1. Desmistificando o conservadorismo
A definição de conservadorismo, para fins de ciência política, apresenta ao
mesmo tempo obstáculos e facilidades. O que dificulta sua conceituação, por um
lado, é o fato de não se tratar de uma doutrina dogmática e esquematizada, como
costumam ser as ideologias em suas tentativas de oferecer soluções mágicas e
simplistas para os complexos fenômenos da vida social humana. Enquanto
progressistas acreditam ser possível resolver todos os problemas da humanidade
por meio de fórmulas ideológicas apresentadas a priori como infalíveis (às quais
todos devem adequar-se homogeneamente a fim de não obstruírem o “progresso”),
os conservadores tendem a encarar tais propostas presunçosas com redobrado
ceticismo. Enquanto os primeiros, enfim, se esforçam para transformar o mundo –
radicalmente e a qualquer custo –, estes últimos preferem, antes, tentar
compreendê-lo em toda a sua complexidade; uma complexidade, diga-se de
passagem, que não pode ser abarcada por um único livro, manual ou manifesto de
regras e ditames ideológicos.
de tradição pode ser compreendida como uma espécie de “contrato entre gerações”,
ligando de modo indissolúvel as sociedades do passado, do presente e do futuro –
algo que vai ao âmago do entendimento conservador da questão (BURKE, 2014).
O poeta e crítico literário T. S. Eliot (1888-1965), por sua vez, fala sobre a
necessidade de se valorizarem as “coisas permanentes” (ou, em inglês, permanent
things): tudo aquilo que, devido ao seu valor intrínseco e inegável, constitui-se em
baluarte e repositório de um processo de desenvolvimento civilizacional que é
abrangente e multissecular (ELIOT, 2016). A herança civilizacional decorrente desse
processo é formada por obras de arte, formas arquitetônicas, textos sagrados,
composições musicais e até mesmo princípios éticos e valores morais: coisas que
merecem ser preservadas e conservadas, graças a seu caráter único e especial,
atestado inequivocamente pelo julgamento dos séculos; coisas, enfim, de cuja
permanência depende, em última instância, a própria sobrevivência de uma
civilização. Lembremo-nos, a propósito, de Gustav Mahler, que costumava dizer que
a tradição não é o culto às cinzas, mas a preservação do fogo.
Destruir é fácil; construir, porém, é muito mais difícil. Não por acaso, os que
querem pôr abaixo tudo o que se encontra consolidado pela tradição, raramente
conseguem explicar, de modo concreto e plausível, o quê, exatamente, será
colocado no lugar daquilo que, segundo eles, precisa ser abandonado ou destruído.
3 O que seria, a propósito, a famigerada Ideologia de Gênero senão uma tentativa descarada de
transformar e desconsiderar a própria natureza humana!?
Considerações finais
4 O termo ‘política’ vem do grego politikos, ou seja, aquilo que concerne à pólis.
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA, Darcy. Introdução à Ciência Política. 2ª.ed. São Paulo: Globo, 2008.
BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução na França. 1ª.ed. São Paulo: Edipro,
2014.
ELIOT, T. S. A Ideia de Uma Sociedade Cristã. 1ª.ed. São Paulo: É Realizações, 2016.
_____. Notas para uma Definição de Cultura. 1ª.ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.
KIRK, Russell. A Política da Prudência. 1ª. ed. São Paulo: É Realizações, 2014.
OAKESHOTT, Michael. Conservadorismo. 2ª. ed. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2018.
ORTEGA Y GASSET, José. A Rebelião das Massas. 5ª. ed. São Paulo: Vide Editorial,
2016.
Recebido em 18.03.2021.
Publicado em 01.04.2021.