Biomas - USP
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5.1 Introdução
5.2 Definição
5.3 Biomas terrestres
5.4 Biomas brasileiros
5.4.1 Amazônia
5.4.2 Mata Atlântica
5.4.3 Cerrado
5.4.4 Caatinga
5.4.5 Pantanal
5.4.6 Campos Sulinos
5.4.7 Zona Costeira
5.5 Ecossistemas aquáticos
5.6 Fechando o assunto
Referências
Anexo: Mapas da Tabela 5.1
5.1 Introdução
Até agora, já falamos sobre como a vida teve origem na Terra, como podemos reconhecer orga-
nismos vivos, como eles estão distribuídos e quais os fatores que estão associados a essa distribuição.
5.2 Definição
Imagine-se em um ônibus, viajando do litoral de São Paulo em direção ao oeste do
estado do Mato Grosso. Olhando pela janela, teríamos sempre a mesma visão? Claro que
sua resposta é não. Até uma pessoa menos observadora conseguiria perceber diferenças
enormes entre áreas mais ou menos exploradas pelo homem, como também diferenças na
distribuição das árvores, nas suas formas, no tipo de solo, no relevo, na temperatura, entre
tantas outras variáveis.
Vimos no tema Distribuição atual da biota no planeta que as médias anuais de
precipitação e temperatura condicionam diferentes tipos de vegetação.
Pois bem, os principais ecossistemas observados regionalmente ao longo dessa trajetória são
os biomas. Os biomas são as maiores unidades constituintes da biosfera, caracterizados por
uma vegetação própria, mais ou menos homogênea, com espécies de seres vivos adaptadas às
condições climáticas daquele local. Também já vimos na Distribuição atual da biota no
planeta que, no ambiente terrestre, a vegetação é o componente que determina a aparência
geral e a estrutura do ecossistema. As características observadas nas espécies que ocorrem num
determinado bioma são muito importantes para o seu próprio reconhecimento. Em outras
palavras, as adaptações morfológicas e/ou fisiológicas selecionadas ao longo da história evolutiva
daquelas espécies que possibilitaram sua existência naquele ambiente podem ser usadas como
parâmetros no reconhecimento daquele mesmo bioma em outra região.
A definição de bioma, no entanto, não é tão simples e fácil como a apresentada no parágrafo
anterior. Podemos notar que, aparentemente, as características da cobertura vegetal parecem o
ponto mais importante na delimitação de um bioma. Porém, entender e delimitar o quanto as
características morfológicas são semelhantes ou diferentes para considerarmos aquele espaço
como parte do mesmo bioma ou de um novo bioma nem sempre são tarefas fáceis.
O professor Leopoldo Coutinho, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências
da USP escreveu há alguns anos um artigo científico muito interessante discutindo a origem do
conceito de bioma. Nesse artigo ele apresenta a definição elaborada por Walter em 1986 que,
segundo ele, é mais moderna, principalmente pela sua abordagem ecológica e prática:
Veja que essa definição engloba pontos importantes que são determinantes na distribuição
da vida na Terra: a influência marcante da precipitação e da temperatura (macroclima), fatores
que são associados aos gradientes latitudinais e altitudinais (reveja o tema Distribuição atual
da biota no planeta); e a vegetação (fitofisionomia) como componente determinante da
aparência geral desse bioma no ambiente terrestre.
A seguir veremos as características dos principais biomas da Terra. Vale salientar que alguns
autores também consideram agrupamentos de comunidades aquáticas como biomas. Aqui, de
acordo com os pontos adotados na nossa definição, consideramos somente os biomas terrestres.
A Figura 5.2 traz a distribuição dos principais biomas terrestres. Na Tabela 5.1 apresen-
taremos as características gerais desses ambientes.
Figura 5.2: Distribuição dos principais biomas terrestres. Lembre-se de que as delimitações entre esses biomas são didáticas.
Normalmente observam-se áreas de transição entre eles, com extensão variada, conhecidas como ecótonos. / Fonte: modificado de
Campbell et al., 2010.
Ecótono é um termo criado no início do século XX. Desde então, muitos pesquisadores
discutem e trabalham para melhor defini-lo. Uma definição interessante diz que ecótonos
são zonas de transição entre ecossistemas adjacentes, que apresentam características definidas
por escalas de tempo e espaço por forças das interações entre esses ecossistemas adjacentes.
Em outras palavras, são áreas de transição entre ecossistemas distintos que sofrem influência
desses ecossistemas a todo tempo, sem distinção.
Por serem áreas de transição entre diferentes ecossistemas, abrigam espécies pertencentes
a esses ambientes. No entanto, apresentam características próprias que também propi-
ciam a existência de espécies que só ocorrem nestas áreas. Isso faz dos ecótonos áreas de
alta riqueza de espécies.
Como já vimos que os biomas são formados por vários ecossistemas em um determinado
local, podemos usar a definição de ecótono de maneira mais ampla, pensando numa faixa
de transição entre biomas adjacentes.
Distribuição
Florestas tropicais
úmidas = precipitação
anual constante de
Pode haver chuvas
cerca de 2.000 –
intensas em
4.000 mm; florestas Apresenta precipitação
qualquer época do Precipitação anual varia
Precipitação ano. A precipitação
tropicais secas = anual média de
entre 200 – 600 mm.
precipitação anual 300 – 700 mm.
média é de 700 –
de 1.500 – 2.000 mm,
2.000 mm por ano.
distribuídos em uma
estação seca e em
outra chuvosa.
O verão pode ser O inverno é bastante O inverno é longo e frio,
quente e úmido, Apresenta longo e frio. Regiões de com temperatura média
com temperatura temperaturas altas, taiga na Sibéria podem podendo checar a -30 °C
Temperatura máxima chegando sem muita variação apresentar variação em algumas áreas.
a 35 °C. No inverno ao longo do ano, por anual de temperatura de O verão é bastante
a temperatura fica volta de 25° - 29 °C. -50 °C no inverno a mais curto, com temperatura
em torno de 0 °C. de 20 °C no verão. média inferior a 10 °C.
Há forte
Predominantemente
estratificação
herbácea formada de
vertical. São Há domínio de
musgos, gramíneas,
comuns árvores “gimnospermas”
alguns arbustos,
caducifólias, que Há forte estratificação, (p. ex.: pinheiros).
árvores anãs e liquens.
perdem as folhas sendo a competição A diversidade de
Vegetação antes do inverno, pela luz algo muito espécies nos estratos
O crescimento das
raízes de muitas plantas
quando há redução marcante. arbustivo e herbáceo
é limitado devido ao
da fotossíntese e a é menor do que nas
permafrost (camada de
absorção da água florestas temperadas.
solo permanentemente
congelada do solo é
congelada).
mais difícil.
Estima-se que a
diversidade de
Mamíferos, aves espécies animais
Aves migratórias
e insetos ocupam nestas florestas seja
e residentes são Aves migratórias
todos os estratos. maior do que em
vistas nestes biomas. ocupam esse bioma
Muitas espécies qualquer outro bioma
Entre os mamíferos no verão. Caribus e
de aves migram terrestre. Entre esses
Animais para locais mais animais incluem-se
característicos incluem- renas são migratórios.
se alces, ursos pardos Mamíferos como ursos,
quentes durante o grande variedade
e tigres siberianos. lobos e raposas estão
inverno, enquanto de vertebrados
Há também grande presentes.
muitos mamíferos e invertebrados
diversidade de insetos.
hibernam. adaptados a um
ambiente estratificado
verticalmente.
Pradaria
Chaparral Deserto Savanas
Temperada
Distribuição
Como dito, não há uma completa e estática caracterização para os biomas. Detalhes e peculia-
ridades podem ser vistos em todos eles. Tomemos o exemplo das florestas tropicais. Além da quan-
tidade e da periodicidade das chuvas propiciarem a distinção em florestas tropicais secas e úmidas,
outras diferenças podem ser notadas. Nas florestas tropicais úmidas há uma maior diferenciação em
camadas na estratificação vertical, sendo observadas árvores que crescem acima do dossel, uma ou
duas camadas de árvores menores, uma camada arbustiva e a camada herbácea. Nas florestas tropicais
secas, árvores que perdem suas folhas durante a estação seca podem ser comuns, ao contrário das
espécies de folhas perenes das florestas úmidas. Bromélias e orquídeas são muito comuns nas florestas
úmidas, enquanto plantas suculentas e arbustos espinhosos aparecem nas florestas secas.
Nas florestas temperadas, assim como nas florestas tropicais úmidas, a estratificação vertical é
bastante proeminente, havendo um dossel bem fechado, um ou dois estratos de árvores menores,
um estrato arbustivo e um herbáceo. Entretanto, não é comum a presença de epífitas.
A tundra é um bioma característico de áreas do Ártico (Figura 5.2 e Tabela 5.1).
No entanto, as temperaturas muito baixas e os ventos muito fortes, presentes em topos de
montanhas muito altas, propiciam o desenvolvimento de uma vegetação muito semelhante,
chamada Tundra Alpina, mesmo em latitudes tropicais. Nesses locais, a precipitação pode ser
maior do que 1.000 mm anuais. A ocorrência deste tipo de vegetação reforça a importância das
características climáticas no estabelecimento e sucesso das comunidades que formam os biomas.
As plantas e animais encontrados nesses biomas apresentam adaptações fisiológicas e morfo-
lógicas que foram selecionadas ao longo das suas histórias evolutivas, possibilitando seu sucesso
frente àquelas condições. Em regiões de deserto, por exemplo, as plantas apresentam caracterís-
ticas que propiciam maior tolerância à alta incidência de luz (e altas temperaturas), mecanismos
eficientes para reduzir a perda de água ou formas de armazená-la, além de muitas apresentarem
fotossíntese CAM ou C4 com adaptações anatômicas e fisiológicas que contribuem ainda
mais para evitar a perda de água (todo processo de fotossíntese é visto no tema Fotossíntese
e quimiossíntese da disciplina Bioenergética e Ciclos da Natureza). A água também é
um fator limitante para os animais nesse bioma. Dessa forma, muitos, assim como as plantas,
apresentam mecanismos para armazená-la, além de terem hábito noturno. O fogo, comum em
regiões de savana, é muito importante na manutenção da diversidade nesses biomas. É comum
o aparecimento de grande abundância de espécies, incluindo gramíneas cobrindo o solo, após
eventos naturais de fogo seguidos de chuva.
Além das peculiaridades relacionadas às espécies e suas adaptações, muitos biomas apresentam
ampla distribuição e, por isso, podem receber designações particulares em uma ou outra região.
A Mata Atlântica, por exemplo, faz parte do grande bioma de Florestas Tropicais. O Chaparral da
América do Norte é conhecido como Matorral no Chile e na Espanha, como Garigue e Maquis
no sul da França e como Fynbos na África do Sul. Os Pampas (ou Campos Sulinos) característicos
da Argentina, Uruguai e sul do Brasil, os Veldts da África do Sul e os Puszta da Hungria são todos
exemplos de Pradarias temperadas.
Os biomas não são, portanto, áreas estanques.As perturbações naturais como grandes tempestades,
furacões, nevascas, tsunamis e fogo têm um papel importante nessas áreas. A queda de uma árvore na
floresta é uma perturbação naquele ambiente que permite o aparecimento de várias espécies adap-
tadas às condições resultantes da maior insolação. O fogo, por exemplo, é um tipo de perturbação
muito importante na manutenção de diversos biomas savânicos. Os biomas são, então, mosaicos de
comunidades diferentes, e em estágios sucessionais distintos, instalados num determinado lugar.
5.4.1 Amazônia
Apesar de nos referirmos à Amazônia como um bioma, sabemos que essa extensa área não
é homogênea, compreendendo florestas úmidas (em maioria), florestas de altitude, várzeas e
manchas de cerrado.
A Floresta Amazônica é a maior floresta pluvial tropical do planeta, ocupando 4,1 milhões de km2.
Dentro deste bioma encontramos a Bacia Amazônica – a maior bacia hidrográfica do mundo – com
uma extensão de aproximadamente 6 milhões de km2 e mais de 1.100 afluentes (Figura 5.4).
Em termos geográficos, o que chamamos de Amazônia corresponde a toda a bacia do Rio
Amazonas que abrange, em termos de longitude, desde Pongo Manseriche (grande desfiladeiro
localizado a noroeste no Peru) até o norte do estado do Maranhão e, em latitude, desde o Delta
do Orinoco (Venezuela), até o curso médio do Rio Jurema (Mato Grosso).
Este bioma apresenta dois tipos principais de relevo, as várzeas e áreas de terra firme. As várzeas
se estendem ao longo dos rios e estão sempre sujeitas a inundações, já as áreas de terra firme
cobrem a maior parte da floresta. Nas áreas próximas aos rios encontramos as florestas de igapó, em
que o solo permanece alagado por cerca de seis meses. Essa floresta é formada por árvores pereni-
fólias (que não perdem suas folhas) de até 40 metros de altura. Na água aparecem as vitórias-régias,
cujas folhas chegam a ter quatro metros de diâmetro. Nas áreas de terra firme temos a floresta de terra
firme, caracterizada por árvores de grande porte, variando de 30 a 60 metros de altura. Nessa região,
o dossel é bastante fechado, tornando o interior da mata bastante escuro. Essas florestas aparecem
associadas a outras formações que ocorrem nas terras altas da Amazônia, como campos e cerrados.
Apesar da grande riqueza da floresta, o solo, mais do que em outros biomas de florestas
tropicais, é extremamente pobre, sendo que apenas 10% da Amazônia possuem solos férteis o
bastante para a atividade agrícola.
Em geral, as variações de temperatura são muito pequenas ao longo do ano, não passando
de 2 °C entre os meses mais frios e mais quentes. A temperatura média é de 25 °C. Os índices
pluviométricos ultrapassam os 1.500 mm no ano. Dessa forma, temos um clima equatorial, quente
e úmido bastante característico.
A diversidade da fauna e da flora é imensa, com muitas espécies ainda desconhecidas pela
ciência. Animais como onças, antas, capivaras, muitas aves, peixes, crocodilianos, além de um sem
número de insetos são encontrados.
A Mata Atlântica, assim como a Amazônia, não é homogênea em toda sua extensão. Considerada
de maneira simples como uma floresta pluvial tropical, é, na verdade, um complexo de formações
variadas, abrangendo florestas úmidas, matas de araucária e florestas costeiras.
Este bioma ocupava originalmente cerca de 1,3 milhão de km2 do território brasileiro,
ou seja, cerca de 15% de todo o país, abrangendo atuais 17 estados: Alagoas, Bahia, Ceará,
Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São
Paulo. No entanto, como em muitas áreas naturais no planeta, atualmente restam apenas cerca
de 7% da cobertura original da Mata Atlântica (Figura 5.5).
A Mata Atlântica apresenta um alto índice pluviométrico, com valores médios variando entre 1.800
e 3.600 mm no ano. As temperaturas e as precipitações variam com a altitude. A cada 100 metros, a
temperatura pode diminuir cerca de 0,6 °C e a precipitação aumentar até 200 mm. A temperatura
anual média na costa é de 22 °C, podendo chegar a valores abaixo de zero no topo do Pico das Agulhas
Negras, município de Itatiaia – SP, que tem 2.800 m de altura. As precipitações anuais médias no nível
do mar são de 1.600 mm. Normalmente apresenta inverno seco e verão chuvoso.
Ao lado de outros biomas, a Floresta Tropical Atlântica é considerada um dos cinco principais
hotspots de biodiversidade do planeta. A grande diversidade de ecossistemas encontrados nesse
vasto bioma propiciou ampla diversidade de ambientes e, consequentemente, a evolução de uma
enorme diversidade biológica. Ainda que não haja dados precisos, estima-se que cerca de 20.000
espécies de angiospermas ocorram na Mata Atlântica. Dados de pesquisa recente mostram que o
número de espécies de árvores por hectare em algumas regiões da Mata Atlântica é maior do que
na Floresta Amazônica. Além disso, esse bioma apresenta alto grau de endemismo (ocorrência de
espécies restrita a um local). Essa diversidade e endemismo também são verdade para os animais,
a contar as 21 espécies endêmicas de primatas e as 160 de aves. Com relação aos anfíbios, mais
de 90% das espécies catalogadas são consideradas endêmicas.
Dentro do bioma Mata Atlântica merece destaque a Mata de Araucária, característica do sul
do país, ocorrendo principalmente nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Esse ecossistema é encontrado em altitudes elevadas, apresenta chuva quase o ano todo, sendo as
estações bem definidas por um inverno bem frio, com geadas frequentes e temperaturas abaixo
de zero em alguns dias, e verão relativamente quente, com temperaturas chegando a 30 °C.
Leitura complementar:
Norman Myers, Russell A. Mittermeier, Cristina G. Mitter-
meier, Gustavo A. B. da Fonseca & Jennifer Kent. (2000) Biodi-
versity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858.
Daniela Almeida Oliveira, José Paulo Pietrafesa, Maria Gonçalves da Silva
Barbalho. (2008). Manutenção da biodiversidade e o hotspot Cerrado.
Caminhos de Geografia Uberlândia 9(26): 101 – 114.
5.4.3 Cerrado
O Cerrado é o bioma mais importante da região central do Brasil, ocupando cerca de 2 milhões
de km2, caracterizado por diferentes paisagens, com variados tipos de vegetação, de solo, de clima e
de topografia, considerado um dos 25 hotspots do mundo. Genericamente, é interpretado como parte
das formações do tipo savana (Tabela 5.1). É um bioma tropical com estações bem definidas de seca
(inverno) e chuvas (verão). Esse bioma é o predominante dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Goiás e Tocantins.A temperatura média anual é de 25 °C, podendo chegar a 40 °C em alguns
dias. A precipitação é em torno de 1.200 a 1.800 mm no ano (Figura 5.6).
De maneira geral, o Cerrado é formado por árvores não muito altas, dispersas em meio a
arbustos, subarbustos e gramíneas. Podemos dizer que há dois estratos: um formado pelas árvores
e arbustos dito superior e outro, o inferior, formado pelas gramíneas.
No entanto, o bioma Cerrado caracteriza-se por diversas fisionomias que variam desde o
cerradão, semelhante a uma floresta, porém, mais seca, passando pelo cerrado mais comum no
Brasil central, com árvores baixas e esparsas, até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo com
uma progressiva redução da densidade arbórea. Nas regiões de Cerrado ainda podemos encontrar
as florestas de galeria, ocupando as margens dos rios.
A aparência tortuosa das árvores, com cascas grossas e o solo seco, foram responsáveis, para
alguns autores, pela sugestão da água como o fator limitante para a distribuição das espécies nesse
bioma. No entanto, hoje se sabe que não há falta de água no Cerrado. As espécies do estrato
superior apresentam raízes profundas que crescem e atingem o lençol freático, que fica a cerca
de 15 – 20 metros de profundidade. Como as gramíneas características do estrato inferior não
apresentam essas raízes profundas, são mais sensíveis à estação seca, quando ficam com aparência
de mortas. Há então a formação de um tapete seco que favorece a propagação de incêndios.
Após as primeiras chuvas, esse estrato fica completamente restabelecido.
A principal característica desse ambiente é apresentar solo pobre. As condições edáficas
(do solo) no Cerrado são importantíssimas no estabelecimento da vegetação desse bioma.
Além da deficiência de vários minerais, há nos solos do Cerrado alto teor de alumínio
(Al), elemento tóxico para a maioria das plantas. Estudos desenvolvidos por pesquisadores
brasileiros e estrangeiros entre o final da década de 1950 e da década de 1960 foram cruciais
para o entendimento das condições ambientais que atuavam na seleção das características
morfológicas da vegetação, antigamente associadas à falta de água. Nessa época, então, foi
estabelecido o conceito de xeromorfismo oligotrófico, ou seja, a aparência xeromórfica
da vegetação é devida à deficiência nutricional do solo, reforçada pelo alto teor de alumínio.
Entenda por xeromorfismo um conjunto de características morfológicas apresentadas pelas
plantas, como por exemplo folhas reduzidas e grossas, às vezes na forma de espinhos, caules
com casca grossa, presença de tecidos armazenadores de água, que estão relacionadas com
adaptações a ambientes áridos.
Apesar de apresentar uma aparência árida e ter solo pobre, o Cerrado, assim com a Mata Atlântica,
apresenta uma rica biodiversidade, sendo considerado o bioma de savana mais diverso do planeta,
com mais de 10 mil espécies de plantas, e compartilha com a Mata Atlântica o status de ambiente
com alta biodiversidade. No entanto, nos últimos anos, o Cerrado sofreu profundas alterações em
decorrência da ocupação antrópica, restando hoje menos de 20% de sua formação original.
5.4.4 Caatinga
O nome Caatinga provém do idioma tupi e quer dizer mata branca, uma referência à
vegetação sem folhas que predomina durante a época de seca.
O bioma Caatinga pode ser definido por uma região de clima semiárido e solo raso e
pedregoso, que se estende por cerca de 800 mil km2 do território brasileiro, cerca de 12%,
abrangendo a maior parte da região Nordeste do país, presente nos estados da Bahia, Sergipe,
Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e o norte de
Minas Gerais. Entretanto, como vimos em todos os biomas até o momento, a homogeneidade
não é completa. Em meio à aridez existem “ilhas” de umidade e solos férteis, os chamados
brejos, com total mudança na paisagem.
Para vários autores, a Caatinga é apontada como um bioma exclusivamente brasileiro, que tem os
sertões como ambientes geográficos típicos. Entre as principais características dos sertões semiáridos
estão as elevadas temperaturas e a irregularidade pluviométrica, no espaço e no tempo. A Caatinga
possui condições de umidade intermediárias entre o deserto e a savana, sendo a distribuição da
precipitação irregular e moderada. Apresenta períodos de secas prolongadas que, às vezes, podem
durar mais de um ano, e a maioria dos rios é sazonal, com exceção do Rio São Francisco.
A vegetação é caracterizada por uma cobertura baixa, com espécies de porte arbustivo-árborea
e, em alguns poucos casos, arbóreas. As folhas são geralmente bem pequenas e os ramos espines-
centes (com espinhos), tratando-se de adaptações claras das plantas para conter a perda de água.
Além disso, a vegetação é quase que totalmente caducifólia, perdendo suas folhas no período seco
e apresentando um verde exuberante no período chuvoso. Em períodos longos de estiagem a
paisagem pode lembrar semidesertos (Figura 5.7).
A fauna da Caatinga é menos diversa do que aquela das florestas tropicais, havendo baixo
índice de endemismo. No entanto, várias espécies de anfíbios, répteis e mamíferos, entre outras,
já foram e continuam sendo descritas. A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), altamente ameaçada
de extinção, vive em regiões da Caatinga.
Figura 5.7: A. Vista geral da caatinga seca; B. Fruto do xiquexique (Pilocereus gounellei);
C. Tatu-peba (Euphractus sexcinctus) entre cactos na caatinga; D. Fêmea de ararinha-azul
(Cyanopsitta spixii), Curara, Bahia, Brasil.
5.4.5 Pantanal
O Pantanal é a maior planície inundável do mundo, estando 80% da sua área de ocorrência
nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esse bioma alcança ainda a Bolívia e o
Paraguai, onde recebe o nome de Chaco. Apresenta épocas marcantes de cheia, que vão de
novembro a abril, quando o nível da água dos rios está alto, e épocas de seca, quando começa a
“vazante” e as águas baixam, a partir de maio (Figura 5.8).
Áreas com características de Cerrado, Caatinga e de Matas Ciliares (florestas que ocorrem
nas margens dos rios) são comuns no Pantanal, transformando este bioma, assim como outros,
em um mosaico de biomas. Apresenta grande biodiversidade, com mais de 1.000 espécies de
plantas e de vertebrados descritas, mas baixo endemismo.
O clima é muito semelhante ao da região central do país, com temperatura média anual de
24 °C e chuvas entre 1.000 – 1.500 mm no ano.
Figura 5.8: A. Pantanal mato-grossense, vista aérea. Aquidauana, Mato Grosso do Sul,
Brasil; B. Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) em meio à vegetação; C. Adulto de
tuiuiú ou jabiru (Jabiru mycteria), ave típica do pantanal, Mato Grosso, Brasil; D. Jacaré
(Caiman sp) em margem de rio, Pantanal, Brasil.
Os Campos Sulinos fazem parte do grande bioma chamado Pampa, que se estende para
além das fronteiras com a Argentina e o Uruguai, com características comuns às Pradarias
Temperadas (Tabela 5.1). Ocorrem numa área com mais de 200 mil km2, entre os estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com relação às características climáticas, as temperaturas
são amenas e as chuvas constantes, com pouca variação durante todo o ano.
A vegetação desse bioma pode ser descrita como uma estepe úmida, de composição
destituída de árvores e com arbustos espalhados e dispersos em meio a um imenso tapete de
gramíneas e leguminosas nativas. Esses campos dominados por gramíneas que variam entre 10
e 50 cm de altura têm solo naturalmente fértil, o que foi determinante para a rápida expansão
da agricultura nesses locais, causando alta devastação (Figura 5.9).
O pampa gaúcho, que abrange 63% do território do estado do Rio Grande do Sul, é um
dos maiores centros de biodiversidade campestre do mundo, com muitas espécies de plantas,
mamíferos e aves.
Você deve ter em mente que a inclusão da Zona Costeira como um bioma não é consensual.
Como já vimos no início do texto, aos ecossistemas aquáticos, ou associados a esse ambiente,
nem sempre se consegue aplicar o conceito de bioma. No entanto, os mapas oficiais disponi-
bilizados pelo IBGE incluem a Zona Costeira como mais um bioma brasileiro. Dessa forma,
você poderá encontrar algumas das descrições abaixo referidas a ecossistemas e não a biomas.
A Zona Costeira brasileira é bastante extensa, formada por mais de 8 mil km de extensão
contínua, com praias, dunas, costões rochosos, recifes, manguezais, brejos e falésias presentes ao
longo da faixa litorânea. A Zona Costeira ou Faixa Litorânea corresponde à zona de transição
entre o domínio continental e o domínio marinho. Em termos de distribuição, a Zona Costeira
se estende desde o norte equatorial ao sul temperado, passando por 17 estados.
Essa região é fortemente afetada pela ação mecânica das ondas, das correntes e das marés,
acarretando intenso dinamismo, característico das Zonas Costeiras.
Dentro dessa zona litorânea, com diversidade de ecossistemas, podemos identificar algumas
regiões com características mais peculiares, classificadas por alguns autores como litoral rochoso,
litoral arenoso e litoral limoso (Figura 5.10).
O litoral rochoso é formado pelos costões rochosos, porções de rochas que partem de
dentro d'água em direção ao continente, formando desde pequenos morros até grandes
muralhas (falésias). A porção inferior, raramente emersa, é coberta por espécies de algas
muito sensíveis à exposição direta ao sol. A zona das entremarés (intertidal) (recorde os
padrões de zonação no tema A distribuição atual da biota no planeta desta disciplina)
também apresenta grande diversidade de espécies de algas adaptadas à exposição periódica
ao sol e à presença/ausência de água. Na zona superior, aonde a água do mar não chega, a
colonização das rochas é feita muitas vezes por liquens, normalmente associados a musgos.
Já mais acima surgem outros grupos de plantas terrestres.
No litoral arenoso podemos ter as regiões de praia, anteduna, duna e depressões coletoras de
água pluvial. A praia é a parte vizinha ao mar, sujeita a inundações diárias pelas marés altas. A ante-
duna fica entre o limite da maré alta e o início das dunas, sendo ocasionalmente coberta pelo mar.
Nessa área, a areia está sempre úmida e ainda apresenta certa quantidade de sal. Algumas espécies
de plantas rasteiras são encontradas nessa faixa. As dunas são caracterizadas por morros de areia
com uma porção inicial desprovida de vegetação e muito sujeita a ação dos ventos, e outra, mais
interna, com vegetação mais densa, minimizando essa ação. Nessa porção são comuns planícies
extensas, onduladas, que terminam em lagoas internas, alagadiços ou no sopé da encosta da serra.
A vegetação aí presente é arbustiva, com várias espécies de animais associadas, caracterizando um
ambiente de restinga. As depressões coletoras de água pluvial, constituídas por alagadiços, brejos e
banhados, mais ou menos rasas, ocorrem sempre nas restingas.
O litoral limoso é alcançado pelas marés e seu substrato é uma lama negra. Um ecossistema
típico é o mangue. O manguezal é um tipo singular de ecossistema, no qual há mistura da
água salgada do mar com os sedimentos provenientes dos rios. Na maré alta o mangue está
alagado, enquanto na maré baixa há uma camada de lama, cheia de raízes emaranhadas.
Dois fatores ambientais são limitantes para o estabelecimento da vegetação do mangue:
o conteúdo salino e a carência de oxigênio. Essas características exerceram e exercem
forte pressão seletiva nos vegetais que podem, por exemplo, apresentar pneumatóforos,
tipos especiais de raízes que saem do solo e apresentam poros para facilitar a absorção de
oxigênio. Esse ecossistema apresenta odor característico devido à grande quantidade de
matéria orgânica em decomposição, e abriga grande diversidade de espécies de crustáceos e
de outros organismos que o utilizam como local de desova.
Figura 5.10: A. Praia da Joaquina, Santa Catarina, Brasil. Vista da região de praia e antedunas;
B. Vista geral do mangue em Aracaju (SE), Brasil. No detalhe, raízes aéreas típicas de plantas de mangue.
Figura 5.11: Distribuição dos principais tipos de ecossistemas aquáticos no planeta. / Fonte: modificado de Campbell et al., 2010.
Ambiente
Corpos de água permanentemente Área de transição
Caracterização parada. ou temporariamente
Apresentam correnteza.
entre rio e mar.
inundado.
Pântanos e brejos
banhados As nascentes de A água do mar
Variam de lagoas
permanente ou córregos são frias, claras, entra nos canais
com áreas de poucos
Ambiente físico metros, até lagos de
temporariamente, terra turbulentas e rápidas. Nos durante a maré
alagável, com plantas rios, a água é geralmente cheia e recua na
grande extensão.
adaptadas ao solo mais quente e mais turva. maré baixa.
saturado de água.
Apresentam,
Há uma variação crescente
Salinidade, oxigênio periodicamente, pouco
na quantidade de sal e
e nutrientes muito oxigênio dissolvido. A salinidade varia
nutrientes da nascente
variáveis. Lagos A produção de muito nesse bioma
para a foz. As nascentes
Ambiente oligotróficos – pobres plantas é muito alta, com a alteração
são normalmente ricas em
em nutrientes e ricos e estas, ao morrerem, das marés. Muito
químico oxigênio. Grande parte
em oxigênio; Lagos resultam em grande rico em nutrientes
da matéria orgânica no
eutróficos – ricos em quantidade de detritos provenientes
rio é formada de material
nutrientes e pobres que é decomposta por dos rios.
dissolvido ou muito
em oxigênio. microrganismos, com
fragmentado.
gasto de oxigênio.
As cabeceiras apresentam São caracterizados
Podem ser áreas
geralmente fundo rochoso, por uma complexa
úmidas de bacia com
alternando porções rasas rede de canais
A composição do baixa profundidade,
e mais profundas. Já mais de marés, ilhas,
Características substrato é variável, áreas úmidas
a frente, os rios podem ser barragens naturais
podendo ocorrer ribeirinhas ao longo de
do substrato largos e bastante sinuosos, e bancos de
areia e lodo, por rios e córregos ou áreas
geralmente com fundo sedimentação
exemplo. úmidas marginais ao
assoreado por material devido ao fluxo
longo de grandes lagos
depositado ao longo da natural dos rios e
ou mares.
extensão do canal. das marés.
Na zona litorânea
São áreas muito
são encontradas São características
produtivas devido A cabeceira de rios
plantas aquáticas várias espécies de
ao grande número pode ser rica em plantas
Seres vivos flutuantes ou algas, fitoplâncton
de espécies vegetais enraizadas. Fitoplâncton
enraizadas, enquanto e gramíneas do
fotossintetizantes na zona limnética adaptadas a crescerem pode ocorrer nos locais
gênero Spartina
nesses ambientes, por onde a correnteza é
são encontrados em regiões
exemplo, taboas (Typha menor.
fitoplâncton e temperadas.
domingensis).
cianobactérias.
Fornecem habitat para Grande variedade
Grande variedade de peixes
Peixes são comuns grande variedade de invertebrados
e invertebrados pode
em todas as zonas de invertebrados e peixes. Muitos
ser encontrada em rios e
em que há oxigênio que podem servir de peixes marinhos
córregos bem preservados.
Seres vivos não suficiente. A zona alimento para diversas
A alimentação de muitos
se reproduzem em
limnética é habitada espécies de aves. Vários regiões de estuário.
fotossintetizantes por zooplâncton e desses organismos provém
herbívoros também São importantes
da vegetação terrestre
a zona bêntica por podem ser encontrados, áreas de
quando esses córregos ou
diferentes espécies além de carnívoros alimentação para
rios atravessam áreas de
de invertebrados. como libélulas e muitas espécies de
florestas.
jacarés. aves e mamíferos.
Ecossistemas Marinhos
Zona Pelágica
Zonas Entremarés Recifes de Coral Zona Bêntica
Oceânica
Região
Imensa área de Regiões formadas
periodicamente
água em constante em grande parte por
Caracterização exposta e submersa
movimento pelas carbonato de cálcio dos
Fundo do mar
devido à ocorrência
correntes oceânicas. esqueletos dos animais.
das marés.
Há recifes alocados em
águas rasas, na zona
Há certa zonação
eufótica de ambientes Com exceção das
dentro dessa faixa, A zona eufótica pode
tropicais relativamente áreas próximas à
pois a porção alcançar grandes
estáveis; são sensíveis a costa, recebe pouca
superior fica mais profundidades,
Ambiente físico tempo exposta, com dependendo da
temperaturas inferiores luz e apresenta baixa
a 18 - 20° C e acima de temperatura. Na zona
variações maiores transparência das
30° C. Outros recifes são abissal a temperatura
de temperatura e águas.
encontrados em mar é de cerca de 3° C.
salinidade.
profundo, entre 200 e
1.500 m.
Geralmente apresenta
Altos níveis de altos níveis de oxigênio
Ambiente Os corais necessitam de Oxigênio presente em
nutrientes e oxigênio, e níveis mais baixos
grandes quantidades de quantidade suficiente
químico renovados com as de nutrientes quando
oxigênio. para diversos animais.
marés. comparada a águas
litorâneas.
Maior parte coberta
Cobre a maior parte do por sedimento
Características Substratos planeta (cerca de 70% Os corais necessitam de macio, existindo
geralmente rochosos da superfície) com uma um substrato sólido para porções rochosas nos
do substrato ou arenosos. profundidade média em fixação. recifes, montanhas
torno de 4.000 m. submarinas e crosta
oceânica nova.
Algas unicelulares são Algas são encontradas
Pode ser encontrada comuns em relação somente em áreas
grande diversidade mutualística com corais. rasas onde há luz.
e biomassa de algas Espécies de algas Em locais profundos,
Predominantemente
Seres vivos marinhas fixas, multicelulares verdes os produtores são
fitoplâncton,
principalmente em e vermelhas também procariontes que
fotossintetizantes locais com substrato incluindo bactérias
crescem nos recifes. produzem energia
fotossintetizantes.
rochoso e mais Algas coralináceas ou em um processo
protegido da ação algas calcárias também semelhante à
das ondas. são importantes na fotossíntese, mas sem
estruturação dos recifes. a utilização de luz solar.
Grande diversidade
de espécies é Os seres mais Animais adaptados
observada, mas abundantes pertencem à ausência de luz e
muitos animais ao zooplâncton. temperaturas muito
Principalmente
apresentam Também são baixas. Invertebrados
Seres vivos não adaptações para espécies de cnidários.
encontrados muitos altamente
No entanto, há uma
fotossintetizantes serem fixos ao invertebrados, peixes
enorme diversidade de
especializados
substrato. Alguns e animais de nado em associação
invertebrados e peixes.
exemplos comuns livre, como mamíferos, mutualística com
são esponjas, tartarugas, lulas e procariontes também
anêmonas do mar e peixes de grande porte. são encontrados.
pequenos peixes.
Como visto acima, os ecossistemas aquáticos são muito variados nas suas características
físicas e químicas, o que ocasiona alta diversidade de organismos ali encontrados.
A temperatura desses ambientes depende da energia térmica proveniente do Sol, ou seja,
o Sol aquece a superfície e parte da água, dependendo do quanto a luz consegue penetrá-la.
Dessa forma, há uma clara diferença entre a temperatura da superfície de lagos e oceanos, mais
alta quando comparada a camadas mais profundas. Um processo conhecido como circulação,
ou seja, mistura dessa água de camadas superficiais, quentes e ricas em oxigênio, com camadas
mais profundas, frias e ricas em nutrientes, é extremamente importante para a sobrevivência e
crescimento de seres vivos nesses ambientes.Veja a Figura 5.12 com um exemplo de circulação
sazonal da massa d’água, comum em lagos de regiões temperadas.
Figura 5.12: Exemplo de circulação sazonal observado em lagos de regiões temperadas com
cobertura de gelo no inverno 1. Logo abaixo da superfície congelada do lago, fica a água bem fria
com temperatura pouco acima de 0 °C. Essa temperatura sobe quanto mais perto do fundo;
2. Na primavera há o derretimento do gelo e a superfície do lago é aquecida pelo sol. A água mais
quente desce, carregando oxigênio para as partes mais profundas. Esse movimento também
propicia a distribuição de nutrientes para as camadas superiores; 3. No verão, assim com no
inverno, há uma maior diferença nas temperaturas, porém, a temperatura mais alta está mais
próxima da superfície; 4. No outono, com o resfriamento da camada superior, há novamente a
mistura da água, como visto na primavera. Nas estações inverno e verão são observadas maiores
diferenças no teor de oxigênio e nutrientes nas camadas superiores e inferiores do lago.
Referências
Andrade, G.; Nogueira, M. A.; Albino, U. B. Meio Ambiente. In: Borém, A.; Giúdice, M.
(ed.). Biotecnologia e meio ambiente. 2. ed.Viçosa: Suprema, 2008.
Campbell, N.A. et al. Biologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Ferri, M.G. Vegetação brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.
Floresta Tropical
Tundra
Pradaria Temperada
Chaparral
Deserto
Savanas
Lista de imagens
Ana Lucia Brandimarte: 3.10, 5.10b.
Latinstock.com.br: Figuras 1.1b, 2.11, 5.4a, 5.5a, 5.5b, 5.5c, 5.6a, 5.6b, 5.7b, 5.7c, 5.7d, 5.8a.
Maurício Klein: (cortesia) Figuras 5.4b, 5.4c, 5.5e, 5.6d, 5.9, 5.10a.
Thinkstock.com: Figuras 2.1, 3.9, 3.11, Quadro 3.1, Quadro 3.2b, 4.1, 4.2, 4.10, 5.5d, 5.6c, 5.7a,
5.8b, 5.8c, 5.8d.