Fundamentos Do Design
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AULA 1
CONTEXTUALIZANDO
Caro aluno, você precisa ter muito claro em sua mente o que é design.
Afirmamos isso porque muitas pessoas confundem dois termos que são
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relacionados, mas que têm significados completamente diferentes. Observe o
anúncio da Figura 1.
Mas sim:
Uma explicação para essa confusão é que o termo “design” foi importado
para o Brasil há relativamente pouco tempo, na década de 1960 (Cardoso, 2008).
Com a confusão desfeita, vamos conhecer um pouquinho mais sobre a origem
dessa palavra.
Geralmente, no senso comum, quando alguém fala que algo tem design
(e não faz a confusão mencionada anteriormente), a pessoa quer dizer que se
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trata de algo bonito, atraente, moderno. No entanto, como Borges (2002) alerta,
design é muito mais que isso:
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TEMA 2 – BREVE HISTÓRIA DO DESIGN
Nesta aula vamos ter uma “pincelada” sobre a história do design, apenas
para você ir se ambientando, já que esse assunto será abordado também em
outras disciplinas.
Leia a frase a seguir: “Toda construção deve obedecer a três categorias:
a solidez, a utilidade e a beleza”. Você sabe de quem é essa frase? De que ano
ela é? É uma frase muito coerente, que pode ser relacionada ao design e bem
atual, certo? Certo em partes, pois essa afirmação, por incrível que pareça, foi
feita por Vitruvius, que viveu entre 80-10 a.C., ou seja, há mais de dois mil anos!
Ele era um engenheiro/construtor que escreveu os primeiros e mais
completos trabalhos sobre regras do projeto e da construção de que se têm
notícia. O nome de sua obra é Dez livros sobre a arte da construção.
Portanto, apesar de não ser sobre design, esse livro traz os fundamentos
do funcionalismo, que veio a ressurgir pelas “mãos” do design apenas no século
XX (Bürdek, 2010). Isso demonstra que o ser humano sempre se preocupou em
fazer coisas úteis, mas bonitas também.
Porém, o design como conhecemos hoje deu seus primeiros passos
somente na Revolução Industrial, na metade do século XIX.
Vídeo
Se você não sabe ou não se lembra bem do que se tratou essa Revolução
que mudou o mundo, assista ao vídeo a seguir. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Y1S7_OD9Viw>.
Crédito: Natata/Shutterstock.
Mais tarde, surgiu outro movimento: a art nouveau (“arte nova”) que se
caracterizava pelas formas orgânicas (observadas na natureza), femininas e
ricas em detalhes. Esse movimento se desenvolveu entre 1890 e 1918 e, apesar
de valorizar também os trabalhos manuais, utilizava-se da indústria ao fazer uso
dos novos materiais que a Revolução Industrial trouxe, como ferro, vidro e
cimento.
Ou seja, ela integrou arte, lógica industrial e sociedade de massas, indo
contra os princípios básicos da produção em série em uma época em que se
pregava o uso de materiais baratos e com design inferior. A arquitetura, os
móveis, os objetos e as ilustrações foram altamente influenciados por esse
movimento, como você pode ver na Figura 3, que apresenta um objeto de vidro
de Émile Gallé. O objetivo dos artistas e designers dessa época era colocar a
beleza ao alcance de todos.
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Figura 3 – Vaso em vidro
Crédito: Jules2000/Shutterstock.
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Figura 4 – Cadeira modelo 214, criada por Michael Thonet (1859)
Crédito: CC/DP.
Enfim, como dito no início deste tema, você verá com mais profundidade
a história do design em outras disciplinas; portanto, a ideia aqui era apresentar
um panorama geral.
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TEMA 3 – DESIGN DE PRODUTOS E DESIGN DE INTERIORES
Crédito: RAWPIXEL.COM/Shutterstock.
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Quadro 1 – Especialidades/áreas de atuação do Design de produto
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comércios, indústrias, áreas de lazer, automóveis, navios etc. (Gomes Filho,
2006).
O design de interiores é tão antigo quanto a própria humanidade. Os
antigos egípcios, mesmo os mais simples, já decoravam suas cabanas com
mobiliário e enfeitavam as paredes com pinturas, esculturas e vasos. Os mais
ricos usavam ornamentos de ouro luxuosos, demonstrando ostentação, domínio
e poder sobre a demais população do antigo Império Egípcio (Portal Educação,
2019).
Como você deve ter percebido ao aprender o conceito de design de
interiores, este acaba se sobrepondo a outras profissões, tanto é que muitas
vezes é confundido com decoração ou arquitetura.
O decorador é o profissional cuja função restringe-se à escolha de
acessórios, móveis ou cores sem alterar fisicamente a obra. Por sua vez, o
designer de interiores, além de poder fazer o trabalho do decorador, tem a função
de distribuir adequadamente objetos em espaços internos seguindo normas
técnicas de ergonomia, acústica, térmica e luminotécnica. Porém, não podem
realizar qualquer alteração estrutural do ambiente, o que é atribuição do
arquiteto ou engenheiro civil (Rizzo, 2013).
Finalizando, atualmente vemos uma popularização do design de
ambientes por dois motivos: o avanço da tecnologia, que trouxe um
barateamento do preço dos materiais e também a automatização da fabricação
de móveis. Ou seja, o design de interiores não está reservado somente para
classes mais altas, pois ele está cada vez mais acessível (Portal Educação,
2019). Assim sendo, é um campo que está a “todo vapor” e que oferece muitas
oportunidades.
Agora vamos abordar mais dois diferentes tipos de design: design gráfico
e design editorial. Você os conhece? Sabe a diferença?
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a invenção da prensa para imprimir com tipos móveis, no século XV. Assim
sendo, o termo gráfico é associado a vários processos de impressão, como
gravura em madeira, metal, litografia, serigrafia, offset, entre outros métodos
(Cardoso, 2008).
Saiba mais
Você conhece a história do surgimento da prensa móvel? Até ela ser
inventada, o Oriente era muito mais avançado que o Ocidente. Contudo, depois
da criação de Gutemberg, que foi seu inventor, isso mudou. Assista ao vídeo e
conheça essa incrível história. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=qz_pQpG056I>.
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b. Criação de logotipos, marcas e embalagens;
c. Definição da aparência e formato de páginas de jornais e revistas (cores,
formatos, tamanhos e tipos de letras e de papel);
d. Criação visual de sites, blogs, banners para a internet;
e. Planejamento e desenvolvimento de anúncios, panfletos, cartazes e
vinhetas para a TV.
Crédito: emka74/Shutterstock.
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5.1 Design de animação
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desenvolve produtos para diferentes finalidades e aplicações como cinema,
televisão, publicidade, games e até ensino (Matias, 2017).
No cinema, ele vai fazer curtas e longas metragens; na TV, criar vinhetas
e aberturas de programas; na publicidade, elaborar comercias, e na educação,
realizar animações para cursos de educação à distância, por exemplo (Matias,
2017).
No Brasil, o cenário para designers de animação tem sido promissor. Isso
porque as animações brasileiras têm feito sucesso, logo, o número desse tipo de
produção vem aumentando nas últimas duas décadas (Saga, 2018).
O primeiro longa-metragem totalmente animado no computador aqui no
Brasil, em 1996, foi Cassiopeia; desde então, a animação brasileira vem
acumulando conquistas. Por exemplo, a animação O menino e o mundo escrito
e dirigido por Alê Abreu, além de ter sido premiado no Festival de Annecy,
principal evento de animações do mundo, foi também indicado ao Oscar no ano
2016 como melhor animação (Saga, 2018).
Vídeo
Você já assistiu O menino e o mundo? Veja este trailer e, caso goste, você
vai encontrar facilmente a versão completa na internet. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=6lFP8FVUwK8>.
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estruturas que resultarão em uma experiência para os jogadores. Enfim, um
game designer não cria tecnologia, ele cria experiências.
Complementando, Arruda (2014) afirma que design de games é o
processo de construção e elaboração de jogos, ou seja, é decidir como um jogo
vai ser. Isso envolve uma série de decisões: qual é a história do jogo, as
personagens, as regras, as plataformas em que o jogo vai rodar, entre outras.
Portanto, para “dar conta do recado”, é preciso criatividade, capacidade de
inovação, organização e conhecimento da área.
Além disso, como Fullerton (2014) afirma, tornar-se um game designer é
um processo vitalício, que nunca termina, pois é uma área altamente tecnológica
e que está em constante mudança, obrigando o profissional a estar
continuamente se atualizando.
Assim sendo, como alerta Arruda (2014) citando Chandler (2012), ser
jogador é essencial para saber o que é bom é o que não é; o que dá certo ou
não; mas é necessário também ter um grande domínio da área.
Então, se você é um ótimo jogador e quer ser um designer de games, já
está um passo à frente. No entanto, só isso não é suficiente. Você vai precisar
estudar e estar sempre atualizado, mas pode ter certeza que isso compensa.
Vídeo
Assista a esta reportagem sobre o mercado de games no Brasil para ter
uma ideia da dimensão desse mercado. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=C43rBRkBDDw>.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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disponível no link a seguir, faça uma reflexão e depois escreva, com base nesse
texto e em sua opinião, os pontos positivos e negativos de ser um designer.
Disponível em: <http://www.douranews.com.br/dourados/item/68974-no-dia-do-
design-profissio
nal-conta-as-dificuldades-da-profiss%C3%A3o>.
FINALIZANDO
Então, gostou desta aula? Aprendeu coisas novas? Apostamos que você
não sabia que os homens das cavernas já tentavam fazer animação em suas
pinturas rupestres ou que cadeiras com um design de mais de 90 anos ainda
fazem sucesso.
Esperamos também que, além da evolução histórica do design, você
tenha entendido bem o conceito de design e percebido que ele é muito mais
amplo que apenas “um produto bonito”. Portanto, ser designer envolve resolver
problemas, planejar, projetar. Além disso, você descobriu que existe um mundo
de possibilidades para um designer trabalhar: em gráficas, fábricas, escritórios,
cinema etc. Enfim, a ideia era abrir um “portal” para você dar uma “espiadinha”
e conhecer esse mundo maravilhoso do design.
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REFERÊNCIAS
ARMSTRONG, H. (Ed.). Graphic design theory: readings from the field. San
Francisco: Chronicle Books, 2009.
EDITORIAL design: definition, tips, and examples. Design your way. Disponível
em: <https://www.designyourway.net/blog/design/editorial-design/>. Acesso em:
14 ago. 2019.
FIELL, C.; FIELL, P. Design of the 20th century. Köln: Taschen, 1999.
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GARIBALDI, R. A diferença entre o arquiteto, o design de interiores e o decorador.
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR, 12 mar. 2013.
Disponível em: <http://www.caupi.gov.br/?p=3217>. Acesso em: 14 ago. 2019.
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WCINCO. [Peça publicitária]. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-
Cw7vMCjUXQs/VFotscs6_TI/AAAAAAAAYNs/ktrm6CaIjNY/s1600/05.11%20-
%20WCINCO%5B3%5D.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2019.
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