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Manual de Carta Escolar, Alipio Matangue

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Micro Planificação da

Nota: este material é para


Educação
uso exclusivo dos
Alípio Matangue
estudantes da Universidade
Pedagógica

(Docente da cadeira de Planificação, Administração e


Gestão da Educação)

TEMAS
Introdução, Planificação, Relação Com Outros Conceitos, Os Diferentes Âmbitos
Da Planificação, Acções De Concertação E Utilização Das Informações, Dimensão
Socio-política Do Planificação, Aspectos Técnicos Do Planificação, Características
Fundamentais Do Planificação Da Educação, Planificação Educacional, Métodos
E Práticas De Planificação, Método Da Procura Social Da Educação. Método Das
Necessidades De Mão De Obra, Macro-Planificação, Micro-Planificação, Micro
Planificação E Carta Escolar, Precisão Sobre Algumas Definições, Relações Entre
A Carta Escolar, A Micro E O Macro Planificação, Cobertura Do Sistema
Educativo, Acessibilidade Educativa, Taxa De Admissão, Taxa De Admissão
Bruta, - Taxa De Admissão Por Idade Específica, - Taxa De Transição, Taxa De
Escolarização, Taxa Bruta De Escolarização, - Taxa Líquida De Escolarização, -
Taxa De Escolarização Por Idade Específica, Análise Da Evolução Da
Escolarização, Crescimento Absoluto No Decurso De Um Período, Crescimento
Relativo Dos Efectivos, Cálculo De Índice De Evolução Dos Efectivos, Taxa Anual
De Crescimento; Analise Da Eficácia Interna; Os Indicadores, Taxa De
Promoção, Taxa De Reprovação, -Taxa De Abandono, Fluxo Teórico De Alunos
E Reconstituição Da Cohorte, Taxa De Dispersão, Taxa De Retenção, Taxa De
Sobrevivência, Duração Média De Estudo Por Diplomado, Cálculo Da Taxa Real
E Ideal; Análise Da Qualidade Dos Serviços Educativos; O Diagnóstico Das
Condições De Enquadramento: Análise Do Pessoal Docente E Não-Docente, A
Distribuição Do Pessoal Por Funções, A Qualidade Dos Professores, -Distribuição
De Professores Por Nível De Qualificação, Distribuição Dos Professores Por Anos
De Serviços, Distribuição De Professores Por Sexo, A Organização Pedagógica E
Utilização Dos Professores, As Normas, Os Indicadores, -Efectivos Por Turma,
Auditório Médio, Relação Aluno / Professor, Relação Turmas / Professores,
Duração Média De Serviços De Ensino; Analise Da Acessibilidade Escolar;
Distância À Percorrer, Meios De Locomoção Utilizados, O Tempo De Percurso,
Origem Geográfica Dos Alunos; Analise Do Património E Equipamentos
Escolares; Os Critérios De Análise E Normas De Referência, Características Dos
Estabelecimentos Escolares, Disponibilidade Dos Equipamentos, Análise Da
Utilização Dos Locais

1
I- Introdução

A planificação de trabalho é um instrumento idóneo para coordenar e orientar


acertadamente os esforços e recursos que se empregam na concepção dos objectivos e
tarefas principais que se enquadram nos serviços educacionais.

A realização das transformações previstas no plano de aperfeiçoamento do Sistema


Nacional de educação, depende, em grande medida, do grau de organização e
planificação que se alcança nos diferentes níveis de direção, particularmente nos
centros de docência, entretanto a planificação adequada do trabalho constitui uma das
premissas fundamentais para que se possa exercer eficazmente a direção do processo
docente-educativo. É por isso que os deveres fundamentais dos dirigentes consiste em
saber planificar o seu trabalho e do seu colectivo.

Neste sentido resulta oportuno citar alguns parágrafos da intervenção do senhor José
R. Fernandes, na reunião Nacional com os diretores de centros de educação média,
efetuada no mês de Dezembro de 1984.

«A planificação do trabalho deve ser objecto de atenção primordial porque constitui


um instrumento idóneo para organizar e dirigir o desenvolvimento do processo
docente-educativo, assim como, as actividades que o assegurem».

Realizar esta tarefa adequadamente, é o dever inalienável dos dirigentes, os quais


devem levar a cabo a colaboração do colectivo.

Consideramos extraordinariamente necessário que o trabalho que se realize ou se


planifique na base de uma análise profunda e multilateral dos resultados do curso
anterior em correspondência com as indicações que se recebem.

A planificação é uma função criadora e, por sua vez, uma das mais difíceis entre todas
as funções de direção. Só pode conceber-se como bom plano de trabalho o que resulta
do trabalho colectivo, aquele que é resultado do pensamento colectivo.

2
Saber dirigir, significa antes de tudo saber planificar o trabalho, significa cumprir este
plano. Por isso, cada dirigente deve encontrar o tempo necessário para a planificação
do trabalho. Não se concebe que o mesmo que dirigir não seja, com a ajuda do
colectivo, o que elabora o plano de trabalho, caso contrário, o plano irá um lado e a
acção que dirige para o outro.

A organização e planificação de trabalho pressupõem conhecer e dominar os


documentos que normalizam e regulam nossas actividades» 1.

1-PLANIFICAÇÃO

Planificar - È um processo racional de previsão de necessidades e de preparação de


um conjunto de decisões para acções futuras dirigidas para o alcance de objectivos
concretos; é um processo contínuo, não concentrado apenas nos objectivos mas
também em como atingi-los. Planificação serve da racionalização de meios naturais e
recursos humanos.

Planificar não significa adoptar um sistema autoritário e centralizado para a tomada de


decisões. Na actualidade, deve significar a adopção de prioridades racionais e a tomada
de decisões coerentes que possam comprometer o futuro. Em particular, estas decisões
serão imprescindíveis para a expansão da rede escolar, para a criação de novas áreas e
tipos de cursos, para o recrutamento de novos docentes.

1
In: Normas para la planificacion y control del trabajo en el Ministerio de Educacion y en las Direccions
Provinciales y Municipais de Educacion

3
Planificar - É qualquer acção racional composta de vários actos mesmo quando
executada por uma só pessoa, que percorrem os seguintes estágios típicos, definição de
objectivos, estudo da situação, relações das acções, a sua prática, observação da
execução, dos efeitos e eventual modificação do plano, portanto, planificar significa
«prever» um meio de reconhecimento antecipado e da regulação do comportamento
actuante.

1.1-RELAÇÃO COM
OUTROS CONCEITOS

Ao abordarmos as actividades de planificação será conveniente esclarecer a


terminologia utilizada nesta área de conhecimento e os conceitos a ela associados, para
se compreender melhor o papel do planificação na actualidade, será conveniente
aclarar os seguintes conceitos:
a) Uma projecção é o prolongamento no futuro de uma evolução passada de
acordo com certas hipóteses de extrapolação e inflexão de tendências;
b) Uma previsão é a apreciação da evolução de uma grandeza indexada a um certo
grau de confiança (probabilidade);
c) Uma prospectiva é um panorama de futuros possíveis, isto é, de cenários
prováveis, tendo em atenção o determinismo do passado e a confrontação dos
projecto dos actores;
d) A planificação consiste na concepção de um futuro desejado, assim como, dos
meios reais para o conseguir.
Considerando que a planificação não é uma técnica mas sim um processo,
anotemos de seguida algumas etapas que será necessário apreciar e considerar ao
longo desse processo.

4
1.2 - OS DIFERENTES
AMBITOS
1.2.1. Desenvolvimento do planificação em diferentesDA
situações
PLANIFICACÃO
- em função dos contextos nacionais e regionais,
 Crescimento demográfico e escolar,
 Evolução lenta da economia,
 Expansão do sector informal.
- em função dos sistemas políticos e escolares,
 Grau de centralização/descentralização,
 Nível dos sistemas e estruturas de formação,
 Importância do sector público e do sector privado.
- em função dos diferentes tipos de formação,
 Ensino geral e ensino técnico,
 Ensino médio e superior,
 Formação profissional.

1.1.2 - Acções de concertação e


utilização das informações
- O Ministério da Educação não tem vocação para planear em função da oferta de
emprego,
- Será necessário um dispositivo de concertação das diferentes entidades para o
planificação das acções de formação:
 Coordenação e entendimento entre ministérios,
 Acordos de cooperação escola/empresa,
- A recolha de dados e de informações deverá permitir:
 A elaboração de sínteses,
 A definição de escolhas e orientações,
 O acompanhamento e avaliação de resultados.

5
1.2.3. Dimensão sócio-política
do planificação
- A grande multiplicidade de actores provoca interesses diferentes que será necessário
ter em conta:
 A lógica de funcionamento interno das instituições é geralmente mais
importante que as necessidades (externas) da economia,
 A lentidão na adaptação da formação à evolução económica e tecnológica
reflecte-se, ao nível dos programas e dos métodos, dos equipamentos e, da
recusa à mudança manifestada por muitos professores e funcionários,
 Os professores são confrontados com a dupla situação de, por um lado,
pertencerem ao corpo docente com interesses próprios (corporativistas)e, por
outro, serem pedagogos com uma visão adequada aos objectivos finais da
instituição,
 Os empregadores tem geralmente uma visão de curto prazo das necessidades de
formação e as suas actividades são muito diversificadas,
 Os sindicatos tem, na maioria das vezes, uma visão divergente das empresas,
preocupando-se com questões de longo prazo,
 As famílias exercem pressões para que haja mais e mais educação, sendo esta
exigência função do seu nível social.

Resumindo, o Planificação da Educação e dos Recursos Humanos é um processo que


deve ter em conta:
 Os conflitos de interesse dos actores;
 A inércia dos sistemas de formação.
Para se ultrapassarem estas dificuldades será necessário contar com a existência de
uma administração eficaz de dinamizar orientações e analisar resultados.

6
1.2.4. Aspectos técnicos
do Planificação
Para o planificação das relações entre a formação e o emprego deverá ter-se em conta:

1.2.4.1. Os Dados
- os fluxos de formação;
- saídas do ensino secundário, ensino médio e superior, outras formações,
desempregados,...
- as taxas do rendimento escolar por classe e nível de ensino,
- o conhecimento da situação do emprego e do mercado de trabalho,
- repartição do emprego por ramo de actividade e profissão,
- composição da mão-de-obra, por sexo, idade e formação,
- mobilidade profissional,
- passagem da formação ao emprego,
- inserção no mercado de trabalho (duração do desemprego, adequação da formação à
função, tipo de salários,...)

1.2.4.2. As fontes dos Dados


- Efetivos do sistema escolar e do sistema de formação,
- Estatísticas sobre o emprego e o mercado de trabalho,
- Recenseamento da população,
- Ficheiros da administração,
- Inquéritos administrativos,
- Folhas e mapas de salários...

1.2.4.3. A organização dos Dados


- formações agrupadas por nível e por especialidade,
- Classificação (nomenclatura) das profissões (CE, BIT,...),
- em função do nível escolar e da especialização profissional.

7
1.2.5. Características
fundamentais do Planificação
- Para orientar e gerir um sistema complexo como a educação é necessário adoptar
uma forma específica de planificação.da Educação
- Este tipo de planificação deverá preocupar-se menos com a descrição de um
horizonte preciso a atingir e mais com a análise das evoluções possíveis e suas
implicações sociopolíticas, financeiras, técnicas e administrativas.
- Sendo o futuro cada vez mais incerto, devemos preocupar-nos com a organização de
um sistema reactivo capaz de se adaptar à mudança.
- Constata-se a necessidade de uma maior descentralização das decisões e de uma
maior concertação entre os numerosos parceiros.
No essencial, a planificação deverá poder:
- Auxiliar e dinamizar a concertação que deve permitir uma melhor antecipação do
futuro e uma melhor eficácia dos ajustamentos;
- Controlar a coerência entre as grandes orientações, decisões descentralizadas e
realizações.

1.1- PLANIFICAÇÃO
EDUCACIONAL

É a aplicação de uma análise sistemática e racional do processo de desenvolvimento da


educação.

É o exercício de previsão na determinação de políticas apropriadas e custos de um


sistema educacional, tendo na devida conta as realidades económicas e políticas, o

8
crescimento potencial do sistema e as necessidades do país e dos estudantes servidos
pelo sistema.

É o que nos permite elaborar um programa Nacional de actividades orientadas para a


realização dos objectivos de educação de um país, tendo em conta os seus meios e as
suas aspirações, na via que escolhe o seu desenvolvimento contínuo.

O planeamento do desenvolvimento educativo, depende em larga medida da


cooperação dos professores, alunos, pais, administradores, a todos os níveis, em suma
da comunidade no seu conjunto. O seu objectivo consiste em permitir que a educação
satisfaça de maneira mais eficaz as necessidades e os objectivos dos alunos e da
sociedade.

Sendo a planificação reconhecida hoje como medida indispensável para o sucesso de


qualquer organização ou realização, do mesmo modo na educação não se pode
desprezar essa face administrativa.

O educar, é um empreendimento bastante complexo e de vital importância para uma


determinada nação, é necessário cuidar que as novas gerações sejam educadas;
melhorar o ensino, estender ao maior número possível de crianças os benefícios para
que fiquem bem preparados e possam enfrentar qualquer situação com sucesso. A
planificação vai determinar como, quando, por quanto tempo o por quem isso será
realizado.

Para elaboração dum plano educacional requer-se em primeiro lugar a definição de


uma política educacional que nos levará a fixação de métodos, seja para melhorar o
sistema de ensino existente seja para dar maior expansão à rede escolar. Assim,
quando se fala em plano de educação faz-se referência as medidas que devem ser
tomadas dentro dum determinado prazo, de qualquer natureza técnica, administrativa
ou financeira cuja a prioridade é indicada pela política educacional.

9
Para que se faça uma boa planificação educacional, precisa-se de efectuar várias
pesquisas coleccionar dados que nos dêem a conhecer aspectos, sociais, culturais e
económicas das regiões progressão da densidade demográfica, estimativa de população
escolar dentro da faixa etária obrigatória, distribuição das escolas existentes cálculo de
salas de aulas, necessidade de novas medidas escolares onde faltam informações sobre
os elementos materiais e humanos com que se pode contar, despesas, que a execução
acarretará, verbas disponíveis e asseguradas, perspectivas para futuro próximo e
currículos adaptáveis, etc. resultando dai o que designamos de Micro-planificação.

2. MÉTODOS E PRÁTICAS DE
PLANIFICAÇÃO
O Planificação da Educação deixou de ter preocupações fundamentalmente
quantitativas e mecanicistas para se tornar numa área mais abrangente, onde se
analisam tanto os fenómenos endógenos como os exógenos à escola, consagrando-se,
não só, à expansão quantitativa dos sistemas educativos, mas, sobretudo, dedicando
uma maior atenção à melhoria da qualidade dos processos educativos.

Os sistemas de ensino preocupam-se, em primeiro lugar, com a formação da


personalidade do indivíduo, preparando-o para a vida em sociedade. Mas a escola
deverá também, tanto quanto possível contribuir para a democratização da sociedade,
proporcionando, a todos os jovens em idade escolar, uma real igualdade de
oportunidades. Para além destes dois grandes objectivos, os sistemas educativos
deverão desenvolver competências e conhecimentos para uma correcta integração na
vida social e para uma adequada preparação profissional dos jovens.

Estes objectivos estão, no entanto longe de poderem ser atingidos. Pelas suas
insuficiências e dificuldades a escola não consegue preparar, com eficiência, os jovens
para a vida em sociedade não pode proporcionar, a todos, as mesmas oportunidades e
condições de estudo, não pode adequar atempadamente e com qualidade a formação
escolar à realidade social e às necessidades do mercado de trabalho.

10
Hoje em dia a educação não diz respeito apenas aos sistemas formais de ensino. A
comunicação social, as actividades sócio-culturais e desportivas, os sistemas de
formação contínua, os métodos informais de educação permanente, tem constituído
importante factor de desenvolvimento e progresso, ocupando lugar de destaque no
sistema global de educação.

Para apoiar o desenvolvimento da educação e perspectivar a implementação de novas


políticas educativas, o Planificação de tipo clássico ocupa ainda um lugar de
primordial importância:
- recolhendo e tratando dados e informações;
- analisando estudos sectoriais e temáticos;
- procedendo à adequação e à eficácia dos métodos e programas de ensino;

Com o intuito de melhor se perspectivar o desenvolvimento da educação a curto,


médio e longo prazo, tendo em atenção as mudanças socioeconómicas e científico-
tecnológicas. Este desenvolvimento deverá poder adequar-se às novas tendências do
planificação prospectivo, contribuindo para a definição de estratégias que permitam a
tomada de decisões que possam influenciar de forma determinante as futuras políticas
educativas.

As análises de diagnóstico, os estudos sectoriais, a programação de actividades, o


acompanhamento e avaliação dos resultados são, entre ouros, métodos clássicos de
planificação que, bastante tem contribuído para o desenvolvimento e melhoria da
qualidade das actividades educativas.

Com efeito, apesar do cepticismo reinante quanto ao actual papel do planificação, num
contexto marcado, por um lado, pela falência dos sistemas de economia planificada e,
por outro, pela grande turbulência e competição nos sistemas de economia liberal, os
métodos e as concepções do planificação clássico continuam a ter um papel relevante
sobretudo no sector educativo.

11
Neste sector, as decisões hoje tomadas influenciam necessariamente o futuro próximo
e longínquo de milhares de cidadãos com consequências múltiplas e complexas que
será necessário não desprezar.

Claro que não se trata de reanimar sistemas de planificação rígidos e centralizados,


mas, pelo contrário adoptar prioridades racionais e tomar decisões coerentes que
possam influenciar de maneira decisiva o futuro desconhecido.

Este tipo de decisões é indispensável quando se trata de construir escolas, de formar e


recrutar professores, de criar novos programas e áreas de ensino, de adoptar novas
metodologias.

As decisões que vierem a ser tomadas no âmbito das recomendações efectuadas pelos
trabalhos de planificação, serão certamente indissociáveis de uma reflexão exaustiva
sobre o futuro dos formandos, mesmo se esse futuro for incerto e não puder ser
quantificado com precisão. Para o efeito será necessário entender o planificação não
tanto como uma técnica, mas como um processo em permanente evolução.

De uma maneira geral, os métodos mais utilizados nas actividades de planificação da


educação relacionam-se, ou com a procura social, ou com as necessidades de mão de
obra.

2 .1. Método da procura


social da educação
Enquanto a formação profissional é essencialmente determinante pelas necessidades
económicas, a formação geral é determinada, sobretudo, pelas necessidades sócio-
culturais. No entanto, deve salientar-se que o desenvolvimento das formações
profissionais é bastante condicionado pelo desenvolvimento do ensino geral.

12
Por outro lado, se as necessidades económicas são difíceis de avaliar, a procura social
da educação é fácil de planificar.

A pressão social que se exerce sobre quem decide é por vezes factor determinante para
a expansão da rede educativa. Apesar da procura social da educação não ser um
método científico e objectivo de avaliação das necessidades formativas, ele revela-se,
no entanto, de um valor fundamental que se impõe aos planificadores.

Este método é sobretudo utilizado para a elaboração da carta escolar dos níveis de
ensino básico e de ensino secundário geral, onde a procura da educação é marcante,
sobretudo, nos grupos etários correspondentes à escolaridade universal.

2 .2. Método das necessidades


de mão de obra
O aparecimento deste método deveu-se à necessidade de se estabelecerem planos e
programas de ensino tendo em atenção os objectivos do desenvolvimento económico e
social.

Para a sua concretização efectuam-se projecções económicas sobre o nível da


produção nacional e sua repartição por sector de actividade, num determinado
horizonte temporal.

Estabelecem-se depois hipóteses sobre a evolução da produtividade em cada sector de


actividade, obtendo-se estimativas sobre o número de efectivos a empregar.

Com base no total de efectivos, calcula-se a sua distribuição por profissões, grupo de
profissões ou categorias socioprofissionais. Para o efeito, terá de se conhecer a
estrutura do emprego por sector de actividade e proceder a estimativas sobre a
evolução dessa estrutura ao longo do período em análise.

13
A aplicação dos coeficientes de estrutura aos efectivos estimados por sector dá-nos a
repartição dos efectivos por sector e profissão.

Quanto melhor for a correlação existente entre a procura de mão-de-obra qualificada


e a oferta dos recursos humanos disponíveis, melhor será a situação do mercado de
trabalho e, por conseguinte, do equilíbrio socioeconómico de uma região ou de um
país.

No caso de não existir este equilíbrio entre as componentes da oferta e da procura,


será necessário alterar as políticas de formação, modificando o tipo de cursos, os
programas e o número de efectivos por especialidade e níveis de qualificação, a fim de
melhor se poderem adaptar às necessidades do desenvolvimento económico.

1.2- MACRO-
PLANIFICAÇÃO

É o processo sistemático de tomada de decisões estratégicas que afectam o sistema


como um todo durante um largo período de tempo. A sua elaboração abrange todos os
aspectos sobre os quais vai funcionar, o sistema de uma só vez, não abordando nem
especificando o pormenor funcionamento organizacional.

Pode-se traduzir como a recolha das informações pela micro-planificação e


sintetizadas num módulo de grande orientações ao nível nacional, produzidas
detalhadamente posterior sobre o funcionamento do sistema educativo a nível
nacional.

14
A macro-planificação pressupõe o funcionamento do sistema a nível nacional foi
largos períodos de tempo (mais ou menos de cinco anos), no caso de uma situação
política estável.

Apresenta-se sob a forma de um documento ordinariamente elaborado por escrito onde


se apresenta a descrição dos objectivos gerais ao sistema educativo.

A sua importância igualmente se revela na possibilidade que oferece de:

- Reorganizar o sistema e acelerar o seu crescimento


- Prever, debater e direccionar o futuro do sistema
- Resolver problemas estratégicas identificados
- Intensificar as relações entre os intervenientes do sistema
- Consolidar o sistema após um período de expansão
- Melhorar o resultado final a longo prazo.

1.3- MICRO –
PLANIFICAÇÃO

É uma metodologia de planificação realizada a nível local ou regional ou ainda


institucional. Na educação, ela procura de acordo com os objectivos nacionais, fazer a
apreciação dos objectivos traçados, das actividades segundo esses objectivos e de
acordo com os métodos utilizados; refere-se aos indivíduos no terreno de acção, num
projecto particular que o País necessita abarcando todos os detalhes necessários.

A micro-planificação engloba todas as actividades do nível sub-nacional que pode ser


regional, local ou institucional.

15
No sentido restrito, a Micro-planificação reflecte a concepção real para a aprovação do
funcionamento do sistema educacional reforçando a planificação das actividades
locais. A micro-planificação preocupa-se em garantir igualdades na distribuição de
serviços educacionais, a uma melhor adaptação as necessidades das comunidades
locais e o uso eficiente de todos recursos disponíveis.

3. MICRO PLANIFICAÇÃO E
CARTA ESCOLAR
3.1. Insuficiências da
O crescente interesse pela micro planificação nasce de uma certa desilusão causada
macro planificação
pelos resultados das experiências colhidas no domínio da planificação da educação a
nível central.

Com efeito, chegou-se à conclusão que os sistemas educativos têm uma dinâmica
própria que não está necessariamente ligada à existência dum plano e nem aos seus
objectivos. Com frequência sucede que o desenvolvimento dos diferentes níveis de
ensino não está em conformidade com as previsões. As políticas definidas a nível
central nem sempre são executadas a nível regional ou local, devido à sua inadequação
às características do meio ambiente, social ou cultural.

Constatou-se que, apesar das prioridades fixadas nos planos de âmbito nacional,
subsistem as desigualdades entre as regiões, as zonas rurais e as zonas urbanas, bem
como, entre os diferentes grupos sociais. Ocasionalmente, estas diferenças podem ser
diminutas no ensino primário mas reaparecem nos níveis de ensino mais elevados,
particularmente no ensino secundário.

As razões que explicam esta situação são múltiplas:


- umas, são de carácter geral, político ou financeiro e estão associadas a um optimismo
exagerado quanto às possibilidades de modelar o desenvolvimento da educação

16
subestimando-se as diferentes limitações e pressões no interior e no exterior do sistema
educativo;
- outras, estão ligadas intimamente às práticas da planificação da educação, das quais
se assinala:
 O conhecimento insuficiente que possuem os panificadores da educação a nível
central sobre a situação concreta das diferentes regiões e sub-regiões. A falta de
um diagnóstico exaustivo sobre as características da população a servir e sobre
as condições de ensino nas diferentes escolas existentes no País.
 Trabalhando com médias nacionais, frequentemente muito afastadas da
realidade das diferentes regiões, os panificadores fixam objectivos irreais e os
conteúdos ou métodos de ensino são inadequados para as necessidades de certas
regiões;
 A pouca importância atribuída à forma como são implementadas as decisões
adoptadas. Às vezes a planificação da educação termina com a publicação do
plano. Os serviços centrais emitem circulares e directivas que nem sempre são
aplicáveis a todas as situações por serem vagas ou muito limitadas e definidas
de uma forma restrita.
 Por falta de informação adequada, os administradores locais não sabem que
medidas tomar. Uns, não se atrevem a tomar qualquer tipo de iniciativa e
deixam as coisas seguir o seu caminho conforme as tendências pré-existentes.
Outros empreendem acções inadequadas;
 A falta de participação das autoridades regionais ou locais no processo de
planificação da educação e da tomada de decisões.
 Esta situação conduz a uma dupla consequência: por um lado, as pessoas
encarregues da execução do plano a nível local e regional não se sentem
implicadas e nem motivadas, pois o plano foi concebido sem a sua participação
e, por outro lado, as acções perspectivadas no plano não se adaptam às
realidades regionais.

17
Estas insuficiências fazem da micro planificação e da carta escolar um complemento
indispensável do macro planificação, permitindo os seus métodos ultrapassar e suprir
muitas delas.

4. Precisão sobre
algumas definições
4.1. A micro planificação da
Num sentido amplo, aeducação
micro planificação da educação cobre toda a actividade de
planificação a nível regional, local ou institucional. Todos os problemas abordados
pelo macro planificação, os debates sobre a selecção dos objectivos e dos métodos a
utilizar são também da incumbência da micro planificação. a sua especificidade
centra-se na procura de melhorar o funcionamento do sistema educativo, através do
reforço das actividades de planificação a nível micro, isto é, a nível regional e local.
Para a micro planificação é fundamental a participação das comunidades locais nas
tarefas de planificação.

4.2. A carta
Ao conjunto de técnicas e de procedimentos utilizados para planificar as necessidades
escolar
futuras da educação a nível local, bem como, aos meios que se deverão aplicar para
satisfazer aquelas necessidades, chama-se carta escolar.

A carta escolar deve compreender muito mais do que a simples localização das
escolas no mapa da região ou do país. Ela deve dar uma visão prospectiva e dinâmica
do que deverá ser o serviço educativo, incluindo a qualidade e a quantidade dos
espaços educativos, do pessoal docente e do equipamento necessário à implementação
das políticas educativas.

A preparação da carta escola comporta três fases fundamentais:


- o diagnóstico exaustivo da situação educativa no ano de base;

18
- a projecção das matrículas que se deverão realizar de acordo com o crescimento
populacional e os objectivos da política nacional;
- a elaboração de propostas de reorganização dos serviços educativos.

Por este motivo, o micro planificação inclui a carta escolar que é, no essencial, um
método de planificação da educação a nível local e regional.

A carta escola na língua portuguesa, inclui os mapas escolares e todos os documentos


estatísticos, descritivos e de propostas, relativos ao planificação da educação. Noutras
línguas, a designação de carta escolar é substituída por “mapa escolar”. Para o nosso
caso, considera-se a palavra “carta” mais abrangente do que “mapa”, pelo que se
utilizará sempre, nesta brochura, a expressão carta escolar.

Por vezes4.3. Outilizar


prefere-se mapa a expressão “mapa educativo” em vez de “mapa escolar”
educativo
ou carta escolar apenas para realçar o seguinte:
a) Não se trata apenas de planificação das actividades exclusivamente escolares,
mas também, de todas as actividades educativas incluindo os programas extra-
escolares de alfabetização, pós-alfabetização, formação profissional, etc.
É a nível regional que se pode realizar com maior facilidade a coordenação
entre actividades escolares e as actividades extra-escolares.
b) As escolas não são o único lugar onde se pode ministrar o ensino. Existem
outros espaços educativos (igrejas, cooperativas, empresas, etc. ...) que também
podem ser utilizadas.

5. Relações entre a carta


escolar, a micro e o macro
Na maior parte dos países que dispõem de sistemas de planificação da educação, o
planificação
plano educativo define, para um dado período. Os objectivos quantitativos e
qualitativos que as autoridades nacionais determinam para o sector da educação. A
carta escolar e a micro planificação constituem os meios pelos quais serão
concretizados estes objectivos no terreno.

19
No âmbito da carta escolar e do micro planificação é pertinente colocarem-se as
seguintes interrogações:
- com que critérios orientadores iremos desenvolver o nosso sistema educativo?-
segundo a procura social da educação ou, segundo as necessidades de mão-de-
obra?
- Quantas pessoas devem ter acesso ao ensino pós-obrigatório?
- Que critérios de afectação de recursos às regiões se deverão adoptar para reduzir
as desigualdades regionais?

Estas interrogações devem ser resolvidas a nível nacional, tendo em conta os


recursos disponíveis e as estratégias de desenvolvimento para o país.

A nível local, procura-se fundamentalmente compreender como é que o serviço


educativo serve as necessidades da população local (utilizando um diagnóstico) e
propor uma melhor forma de distribuir o serviço educativo ou de diversificar os
seus programas de acção (elaborando propostas alternativas).

A carta escolar e a micro planificação asseguram a adequação dos objectivos


globais às características específicas de cada região constituindo assim uma etapa
normal do processo de planificação. Simultaneamente, estes métodos, permitem
avaliar com maior precisão os recursos que devem ser consagrados ao
desenvolvimento da educação.

Finalmente, a carta escolar, bem como, a micro planificação, são preparados a


nível local pelas mesmas pessoas que serão encarregadas pela sua execução, o que
aumenta, consideravelmente as possibilidades de realização dos objectivos do
plano nacional.

6. Campo de aplicação e
funções da carta escolar

20
Geralmente, a carta escolar é introduzida no início de uma grande reforma ou de
uma decisão política que vise a rápida expansão do sistema educativo.

Na maioria dos países, as técnicas utilizadas destinam-se a viabilizar:


a) A implementação ou consolidação da escolarização básica universal;
Trata-se de propor a implantação de escolas, lá onde existe uma população
suficiente para justificar a abertura de uma escola. Pelo contrário, quando a
população não é suficientemente elevada para justificar o funcionamento de
uma escola, devem ser estudadas soluções específicas que poderão passar pela
criação de escolas que sirvam vários centros populacionais, pela
institucionalização de turmas mistas ou, pelo desenvolvimento do ensino a
distância, dos transportes escolares, etc,...

Neste caso o objectivo visará:


i) Evitar a criação ou supressão de turmas muito pequenas ou excessivamente
grandes;
ii) Criar escolas que possuam várias classes para melhorar as condições de
ensino;
iii) evitar o sistema de internato.
b) Incentivar o acesso ao ensino secundário ou alargar a escolaridade básica
obrigatória.
c) Melhorar a qualidade da educação e promover melhores condições de ensino
nas escolas sem provocar um forte aumento dos custos. Trata-se, portanto, de
utilizar melhor os recursos existentes, facilitar a transferência de alguns
professores ou a utilização conjunta, por várias escolas, de outros recursos.
d) Organizar uma rede de centros educativos de ensino técnico e profissional.

Esta tarefa é mais difícil e mais delicada. Como decidir sobre o número de
alunos que deverão seguir os cursos técnico - profissionais e quais as
especializações a implementar?

21
Os métodos tradicionais de planificação de recursos humanos são imprecisos no
que concerne às previsões a médio e longo prazo. Uma outra dificuldade resulta
da seguinte questão: - deverá a oferta de ensino adaptar-se às possibilidades de
emprego estritamente regionais, ou não?

Na maioria dos casos este problema é resolvido de forma flexível distinguindo-


se:
- As formações especializadas para empregos abundantes, tais como, a
mecânica, o comércio, etc., sendo criados, para estas formações centros
educativos de âmbito regional;
- As formações muito especializadas para empregos raros, com a criação de
centros específicos em localidades ou regiões específicas.
e) Elaborar a carta escolar universitária ou das instituições de ensino superior.
Em geral, a admissão nestes centros educativos é feita a nível nacional e, por
conseguinte, os critérios para a sua localização são muito relativos.

As decisões quanto à implantação das universidades são geralmente tomadas ao mais


alto nível e os critérios utilizados são essencialmente políticos.

Em suma, poderemos concluir que haverá tantas cartas escolares quantos os níveis de
ensino existentes. Como é óbvio, será necessário assegurar a coordenação e a
hierarquização dessas cartas escolares de modo a poder-se ter em conta os fluxos de
alunos de um nível para outro.

7. Factores a ter em conta na


A preparação da cartapreparação da permanente,
escolar ou da sua adaptação carta exige
escolar
que se tome em
linha de conta um grande número de factores, de entre os quais figuram:

7.1. O factor
demográfico

22
Quando se trata de criar, ampliar ou modificar uma rede de centros educativos ou de
planificar actividades extra-escolares, a primeira questão que se coloca refere-se à
potencial população a enquadrar e à sua distribuição territorial.

Uma das maiores dificuldades da carta escolar reside na obtenção de informações


suficiente fiáveis a nível local. As informações sobre a população total, sobre a sua
taxa de crescimento, sobre a população escolarizável, devem ser obtidas a nível de
unidades geográficas o mais pequeno possível. Geralmente, estas informações são
obtidas através dos censos. Para os períodos entre os censos será necessário efectuar
estimativas pois é melhor trabalhar com dados imperfeitos do que não contar com
qualquer tipo de informação.

7.2. Os factores
pedagógicos
Como é do conhecimento geral, o objectivo fundamental das reformas educativas é o
de assegurar as melhores condições possíveis ao desenvolvimento dos processos de
ensino, mantendo os custos com a educação a níveis aceitáveis. Neste sentido a
preocupação pelos aspectos pedagógicos incide sobre a determinação de diferentes
parâmetros, tais como:
- a duração semanal dos períodos lectivos, bem como, a sua distribuição por
disciplinas;
- o número de alunos por turma e a sua divisão por grupo para certas actividades
(laboratórios, oficinas, etc.);
- a duração normal da utilização dos espaços educativos e as possibilidades de
introdução do regime por turnos (dois turnos será sempre o ideal);
- a carga horária dos professores e o seu grau de especialização.

Com base nestes parâmetros deve ser definida a dimensão ideal (padrão) para os
centros educativos, conciliando as possibilidades de uma adequada administração dos
mesmos com a plena utilização dos espaços lectivos e dos docentes afectos a esses

23
centros. De acordo com a dimensão ideal para um centro educativo, deverão ser
definidos os valores máximo e mínimo do número de alunos que o poderá frequentar.

24
7.3. Os factores
geográficos
Trata-se de estudar as possibilidades de acesso dos alunos a uma dada instituição, em
função da rede viária, da situação topográfica do local e dos meios de transporte
existentes.

Para este factor, haverá que analisar os mapas cartográficos da região, desenhado,
sempre que possível, as zonas de influência de cada centro educativo.

7.4. Os factores
políticos
A preparação da carta escolar comporta vários aspectos políticos. Com efeito, existem
sempre múltiplas pressões sobre os responsáveis pela educação que deverão decidir, ou
preparar, as decisões respeitantes à criação ou ampliação de qualquer instituição
educativa.

A participação da comunidade na discussão das propostas de alteração à rede escolar


poderá minimizar este factor sempre presente que, por vezes, pode alterar radicalmente
as propostas efectuadas no âmbito da carta escolar.

7.5. O factor
Existe uma sócio-económico
dupla interacção entre a carta escolar e as actividades económicas. Por um
lado, as actividades económicas de uma região e as possibilidades de emprego
exercem a sua influência nos cursos e especialidades a criar nos domínios do ensino
técnico e da formação profissional. Por outro lado, a decisão de criar ou encerrar uma
instituição educativa pode ter um impacto real sobre as actividades económicas da
região.

Para se ter em atenção este factor no desenho da carta escolar, será necessário manter
um diálogo aberto com todos os parceiros sociais a fim de se encontrarem as soluções
mais adequadas.

25
8. ETAPAS METODOLÓGICAS
DA CARTA ESCOLAR
8. 1. Posicionamento das
Tendo em conta que a carta escolar é de certo modo, uma etapa charneira entre a
actividades de carta escolar
determinação dos objectivos globais e a conversão destes em acções concretas a nível
local, entre o planificação da educação e a sua administração, a carta escolar constitui
uma operação complexa e implica um processo de interacção entre os diferentes níveis
de decisão.

Em geral, a administração central da educação regionaliza os objectivos dos planos e


determina os critérios e normas que devem ser aplicados. Nesta base, a nível regional,
preparam-se propostas que possam traduzir os objectivos regionais em termos
operacionais. A nível local, a elaboração da carta escolar detalhada toma em
consideração as necessidades, características e problemas específicos da população
local.

Após uma série de interacções entre os níveis locais, regionais e central e após várias
revisões, as cartas escolares locais são aprovadas. A sua junção constitui a carta
escolar regional e por sua vez, das diversas cartas escolares regionais constitui-se a
carta escolar nacional.

8. 2. Interacção entre os diversos


A partir de níveis
uma análise de decisão
do sistema e ano
educativo no dedepreparação
base e do seu grau de

de propostas
desenvolvimento nas diferentes regiões, a administração central deverá determinar,
para cada região, objectivos específicos que sejam compatíveis com o objectivo global
de âmbito nacional e deverá definir uma política de redução das desigualdades
regionais. A administração central deverá determinar, igualmente, as regras, normas e
critérios que devem ser seguidos na afectação dos recursos por região, sub-região e
instituições de ensino. Entre elas poderão assinalar-se:

26
- As normas de afectação do pessoal para as diferentes instituições;
- As dimensões mínimas, standard e máximas das turmas;
- As áreas por sala de aula e os equipamentos previstos por aluno;
- As políticas para utilização racional dos espaços educativos; etc...

Com base nos objectivos que lhes tenham sido fixados e aplicando as diferentes
normas, os serviços educativos regionais elaboram propostas mais detalhadas.
Traduzem os objectivos regionais em objectivos sub regionais e estimam as
necessidades em pessoal docente e salas de aula por cada sub-região. Esta acção
constitui o esboço da carta escolar regional.

Depois de examinar as propostas regionais, os serviços centrais poderão ver-se


obrigados a rever a primeira distribuição da oferta educativa, bem como, os seus
objectivos globais, procurando adaptá-los à diversidade regional.

A nível regional, sub regional ou local desenvolve-se um processo análogo.


O primeiro esboço da carta escolar preparado pelos serviços regionais é revisto em
função das propostas dos responsáveis locais. Na ausência de uma política regional, de
normas e critérios, a distribuição de recursos é feita mais em função do poder negocial
dos elementos envolvidos do que em função das necessidades reais. O objectivo da
carta escolar é o de substituir um processo empírico de negociação por uma análise
mais racional das necessidades de cada comunidade e instituição.

Após uma série de interacções entre o nível local e o nível regional, e entre este e o
nível central, chega-se a uma determinação mais precisa dos esboços das cartas
regionais e, a partir destas, elabora-se a carta nacional.

O trabalho de elaboração dos esboços permite examinar se os objectivos fixados pelo


plano são realistas e se os meios previstos são suficientes.

A adopção da carta escolar implica a aceitação de uma certa forma de planificação


que não se traduz num movimento de sentido único que vai do centro para a periferia

27
ou no sentido inverso. Pelo contrário, este processo, permite uma série de espirais e de
interacções que possibilitam a revisão progressiva das propostas e a preparação
consensual das decisões finais.

Dados os diferentes níveis de interacção entre a carta escolar, por um lado, o


planificação dos diferentes serviços sociais, por outro, e o desenvolvimento económico
das regiões, é desejável que se preparem os esboços da carta escolar em estreita
colaboração com os serviços de planificação físico, desenvolvimento rural e outros.
Em termos ideais a carta escolar deve ser parte integrante do conjunto dos serviços
colectivos da região ou da comunidade.

Finalmente, importa sublinhar que, se a carta escolar exige a interacção e a


participação vertical entre os diferentes níveis da administração (local, regional e
central), ela também implica uma articulação horizontal com os sectores da
administração, como já assinalámos, e com os diversos grupos sociais envolvidos.

8.3. Preparação da carta


escolar a nível local
Os objectivos regionais e sub regionais adoptados após a preparação dos primeiros
esboços, dão lugar à preparação da carta escolar detalhada a nível local. O nível
correspondente ao que denominamos “nível local” varia, como é óbvio, conforme o
país e de acordo com a sua própria estrutura administrativa. Igualmente, pode ser
modificado em conformidade com o nível de ensino em questão.

Como em qualquer exercício de planificação, a carta escolar requer três etapas


fundamentais para a sua preparação.

28
Etapas metodológicas da carta escolar a nível local

A procura actual A oferta existente


— Instalações/Equipamentos
A)Diagnóstico — Matrícula — Pessoal Docente
— Taxa de escolarização — Curriculum
— Fluxo de alunos — Custos e financiamento
— Distribuição geográfica da — Distribuição geográfica da
procura oferta

Desequilíbrios actuais

Procura futura Necessidades


futuras
- Projecções população em
Normas - Espaços/Equipamento
idade escolar.
e - Pessoal Docente
B) Projecções - Projecções novos ingressos
Padrões - Curriculum
no sistema.
- Custos/Financiam.
- Projecção matrículas.

Balanço da oferta
e da procura futura

C) Propostas Modificações da Rede Escolar:


- Diferentes soluções conforme os níveis e tipos de ensino
e conforme as zonas geográficas

29
3.1 Um diagnóstico exaustivo da situação no ano de base deve abarcar os
seguintes aspectos relativos:

 À cobertura do sistema educativo: - desigualdade no acesso à educação entre as


unidades territoriais e os diversos grupos de alunos;
 Ao rendimento escolar: - promoções, repetências e abandonos;
 À desigualdade na qualidade do serviço educativo: - professores, equipamentos
e espaços educativos.

O diagnóstico deve responder às seguintes interrogações:


 O serviço educativo satisfaz a procura de educação das comunidades locais?
 O serviço educativo é equitativo?
 O serviço educativo é de qualidade aceitável?
 O serviço educativo é económico? Os recursos disponíveis são utilizados duma
forma adequada?

O diagnóstico exige a construção dum banco de dados muito importante,


incluindo:
 As estatísticas demográficas;
 As estatísticas escolares;
 Dados cartográficos;
 Informações diversas sobre o relevo, os meios de transporte, as actividades
económicas, etc...

Uma vez que as estatísticas escolares em geral não são suficientes, devem ser
realizados inquéritos específicos (referentes às áreas de recrutamento das escolas
existentes, à utilização dos espaços educativos e dos recursos, aos custos, etc...).

3.2 Uma projecção da procura potencial de educação com base nos objectivos da
política educativa e duma projecção detalhadas da população em idade escolar por
unidade administrativa.

30
3.3 A preparação de propostas de reorganização da rede de centros educativos,
que permitam, simultaneamente, a distribuição equitativa das oportunidades
educativas, uma melhor utilização dos recursos, e o respeito de certas normas de
utilização do pessoal docente, dos espaços educativos, etc.
Em certos países, para além das questões referidas anteriormente, contemplam-se
outros aspectos da oferta educativa, tais como, a tipologia das construções escolares, a
sua localização, o número de alunos a abranger, etc. Noutros casos, as propostas são
mais amplas e orientam para uma reorganização profunda da oferta educativa: com a
transferência de pessoal docente de uma escola para outra, a adaptação dos programas
de ensino, a modificação do calendário escolar...

Ainda há outros países que se esforçam em reduzir as desigualdades através de uma


intervenção a nível da procura e incluem diversas medidas para promover a assistência
escolar (distribuição de alimentos, textos escolares gratuitos, etc.). Nestes casos trata-
se efectivamente dum exercício integral de micro planificação da educação.

A participação das comunidades locais deve ser procurada na altura do diagnóstico e


na elaboração de propostas deve ser fomentado um amplo debate de forma a obter-se
uma adesão empenhada de todos os grupos interessados. A falta de participação nestas
decisões pode dificultar a implementação da carta escolar.

9. ETAPA FINAL PARA A


PREPARAÇÃO DAS CARTAS
LOCAIS, REGIONAIS E NACIONAIS

Antes de ser adoptada, a carta escolar deve ser amplamente discutida com as
autoridades locais e com os representantes dos grupos locais: professores e pais dos
alunos. Também deve ser aprovada pelas autoridades regionais e centrais.

31
As autoridades centrais, sobretudo as que se ocupam da carta escolar desempenham
um papel muito importante na formação e preparação das equipas regionais e
posteriormente no acompanhamento e controlo dos seus trabalhos. Lá onde as normas
não foram respeitadas ou onde a sua interpretação foi muito arbitrária, deve ser exigida
a sua revisão.

Uma vez aprovadas, as cartas escolares locais agrupam-se para construir a carta
regional. Juntas, as cartas regionais constituem a carta nacional.

Igualmente, deve-se procurar fazer a integração das cartas escolares dos diferentes
níveis e tipos de ensino. Tendo em conta que cada nível de ensino é alimentado por
alunos dos níveis inferiores, é recomendável seguir uma certa ordem na preparação das
cartas escolares, começando pelo pré-escolar ou pelo ensino primário.

Aspectos Relevantes sobre Micro planificação da Educação e Carta Escolar

1. Micro planificação da Educação

O micro planificação é um método que se ocupa de soluções de problemas concretos,


pois é realizada localmente, exigindo uma verdadeira participação ou envolvimento da
comunidade. Este método é conhecido, também, como planificação de base.

A planificação é um instrumento de desenvolvimento. Quando se aplica a nível global,


de um país ou de uma região, é conhecida como macro planificação. Quando é feita a
nível local ou de base, denomina-se micro planificação e visa alcançar objectivos
específicos, no âmbito de desenvolvimento da comunidade. A micro planificação é um
instrumento que pode ser utilizado de forma integrada, numa dada região, na
perspectiva de promover o desenvolvimento, através do envolvimento de todos os
sectores sociais e económicos. Neste sentido, a micro planificação da educação não é
um processo isolado, mas sim uma parte de um todo, ou seja, o plano integrado de
desenvolvimento da comunidade num dado espaço geográfico.

32
A planificação a nível micro está mais próxima da realidade. Assim, pode-se dizer que
os indicadores estabelecidos, a nível global, apontam para o alcance de uma realidade
que pode ou não ser concretizada, sendo, a sua implementação acompanhada de
incertezas que surgem no âmbito da dinâmica do desenvolvimento sócio económico. À
medida que se vai limitando o espaço em que se aplica a macro planificação,
aproxima-se, cada vez mais, à uma determinada realidade. A micro planificação
permite, desta forma, uma aproximação indispensável para a solução de problemas
concretos.

O micro planificação da educação compreende as seguintes características:

 Integral e integrada;
 Interdisciplinaridade;
 Envolvimento comunitário;
 Acção permanente e contínua;
 Envolve objectivos e recursos.

A primeira característica da micro planificação (integral) envolve múltiplas inter-


relações, tanto na análise de diferentes problemas, quanto na planificação de soluções e
estratégias no âmbito do sistema educativo. Esta característica considera as acções de
educação no seu conjunto, tanto formal, por exemplo, (ensino fundamental), como não
formal, por exemplo (ensino supletivo, treinamento de mão de obra”, etc.) e informal
(como por exemplo os programas da televisão e rádio). Enquanto a sua característica
de integração (integrada) significa que os objectivos da educação estão reflectidos no
plano global do desenvolvimento territorial. Em síntese a característica integral quer
dizer que a educação é planificada de forma holistico, ou seja, a planificação
compreende os diferentes subsistemas e níveis de ensino, enquanto que a característica
integração significa que o plano da educação é um sub componente do plano do
desenvolvimento local ou comunitário.

33
A interdisciplinaridade da micro planificação é análise de problemas e busca de
soluções e alternativas que permitem o desenvolvimento da comunidade. Em
educação, esta característica refere-se ao seu carácter multidisciplinar, isto é, a
promoção de conhecimentos, competências, e valores nos cidadãos para resolverem os
problemas do dia-a-dia e participarem activamente no desenvolvimento sócio-
económico.

A terceira característica da micro planificação (envolvimento comunitário) significa


que este instrumento deve deixar de ser monopólio de um grupo pequeno de
especialistas e converter-se em instrumento de fácil utilização pela população que vive
os problemas do meio e responsável das respectivas soluções. A micro planificação
deve permitir que os membros da comunidade analisem os problemas do seu meio,
utilizando sua própria linguagem para descrição e busca de soluções originais, tendo
em conta a natureza da sua própria realidade física e ambiental, assim como as
características sócio culturais dos moradores.

Esta característica requer, por um lado, que a micro planificação seja acessível e
manejada pelos membros da comunidade e, por outro lado, que as populações locais
participem na tomadas de decisões sobre o desenvolvimento da educação.

O envolvimento da comunidade na micro planificação da educação e no processo


educativo permite o estabelecimento de um vínculo entre a escola e a comunidade,
promovendo uma interacção permanente, especialmente quando se trata de assuntos
relativos ao seu meio, porque os seus membros vivem os problemas diariamente.

A quarta característica estabelece que a micro planificação da educação deve ser uma
acção permanente e continua devido às constantes mudanças que se experimentam.
Isto, permite encontrar soluções da nova problemática e para formular alternativas que
vão superar, paulatinamente, os múltiplos problemas que se apresentam numa
comunidade.

34
Finalmente, a quinta característica considera a necessidade da micro planificação da
educação focalizar a planificação de objectivos e recursos, ou seja, é necessário
determinar os objectivos e os meios necessários, avaliando a sua disponibilidade e nos
casos de escassez, visualizar alternativas para conseguir os “deficits” correspondentes.

Os diagnósticos em micro planificação deveriam envolver todos os organismos


intervenientes no desenvolvimento da comunidade, de maneira a abarcar propósitos
múltiplos. Este envolvimento constitui uma decisão de servir à toda a comunidade, no
quadro da preparação de diferentes projectos de desenvolvimento, evitando, deste
maneira, a multiplicidade de diagnósticos que podem ocasionar problemas no processo
da micro planificação. Portanto é necessário assegurar boa coordenação intersectorial.

Na preparação do diagnóstico torna-se necessário realizar um levantamento prévio das


necessidades básicas da comunidade: com esta acção, não só se pode conseguir maior
participação, como também uma interiorização dos problemas que afligem a
comunidade.

Na etapa de programação deve-se visualizar não somente os aspectos quantitativos da


demanda e oferta das matrículas, como também propor os tipos de educação que
melhor respondem às necessidades da comunidade. Igualmente, deve-se delinear
directrizes sobre os conteúdos de educação, baseados na introdução de um currículo
aberto que responde as necessidades básicas, interesses dos educandos e problemas da
comunidade. É determinar e configurar, em outros termos, a educação de base que
melhor responde às características e necessidades de desenvolvimento comunitário.

2. Carta Escolar

A carta escolar tem como objectivo contribuir para a melhoria do desempenho do


sistema educativo, a nível local, através da disponibilização de informação, com
dimensão, geográfica, para a tomada de decisões informadas. É um programa regular
que consiste na identificação e demonstração (ilustração) de aspectos de desigualdades
e locais onde é necessário desencadear a construção de escolas ou melhorá-las.

35
O projecto da carta escolar compreende as seguintes actividades.

 Instalação de computadores com o software GIS, acompanhado de capacitação


do pessoal técnico;
 Recolha de dados sobre a localização de escolas;
 Integração de dados recolhidos noutra informação relevante (sobre alunos
matriculados, edifícios e equipamentos, etc.);
 Análise da informação colectada, produção de mapas, e demonstração de
problemas ou características específicas, usando técnicas de GIS;
 Disseminação da informação processada para a tomada de decisões, monitoria e
planificação da educação em todos os níveis;
 Promover a inter-acção no uso da informação geográfica e recursos para a
planificação.

A carta escolar deve ser actualizada periodicamente, de modo a acolher as constantes


mudanças que ocorrem na sociedade. Este instrumento permite a produção de
diferentes indicadores educacionais que servem de base para a planificação de escolas
(novas construções e/ou obras de reabilitação).

A continuidade do processo da carta escolar é um esforço importante para a melhoria


das condições físicas de escolas primarias. É interessante constatar que este
melhoramento que compreende a reparação e manutenção dos edifícios pode ser feito,
duma forma participativa, encorajando a comunidade para encontrar soluções e não
esperar soluções estandardizadas que vem de fora. Torna-se necessário promover o
sentido de apropriação e responsabilidade dos membros da comunidade em relação ao
património existente, ou seja, “aquilo que se consegue com esforço próprio é
infinitamente mais significativo e valorizado que aquilo que se consegue sem nenhum
esforço”. (Chong, 1977)

A carta escolar deve ser visto como um instrumento de descentralização de tarefas. A


gestão descentralizada é visto como:

36
 A comunidade rural tem a capacidade de desenvolver a educação ao nível local
e contribuir para o seu melhoramento;
 Avaliar as necessidades de educação e dar seguimento das decisões e acções
para a sua concretização;

Carta escolar e participação da comunidade

Os pais e a comunidade são, em ultima instância, os actores dos programas de


educação primaria. Por isso, torna-se imperativo que a população por si, assuma a
responsabilidade efectiva na utilização das facilidades educacionais e assegurar a
educação para todas as crianças da comunidade.

A população, por um lado, deve ter alguma visão para determinar a natureza das
facilidades de educação que devem ser providenciadas, isto é, o apoio e a participação
dos membros da comunidade é crucial para a implementação do processo da carta
escolar. Por outro lado, o processo da carta escolar é concebido/desenhado no sentido
de criar o senso comum sobre a responsabilidade social entre os membros da
comunidade e assegurar que a participação universal das crianças na educação
primaria se torne realidade.

Criação da informação técnica baseada nos alunos matriculados

O processo da carta escolar visa, entre outros aspectos, a criação de um sistema de


informação técnica com base nas estatísticas dos alunos matriculados. A apresentação
dessa informação, na carta escolar, deve ser feita de maneira clara e objectiva, de
modo a ser descodificação por todas as pessoas, mesmo sem nenhum nível de
escolaridade. Por isso, a sua apresentação deve ser feito com recurso às figuras, sinais
e gráficos.

A Carta escolar como ferramenta social

A carta escolar não é apenas ferramenta técnica para a localização das crianças que não
vão à escola. É semelhante, também, a uma força social poderosa que põe numa

37
plataforma comum, todas as famílias da comunidade, sem excepção do estatuto social,
económico, religião, filiação étnica, etc. O enfoque da carta escolar é uma visão
secular concernente à oferta da educação primária a todas as crianças da comunidade.
Esta ferramenta transmite, ao mesmo tempo, uma mensagem social poderosa,
apontando a localização de agregados familiares, quer das crianças que vão à escolas,
quer daqueles que não vão e as possíveis razões da não participação no processo
educativo.

A Carta escolar representa a informação de base sobre a educação numa dada região.
Esta informação serve para alimentar o processo de micro planificação da educação: o
que é necessário hoje?, metas, objectivos, meios, etc. e qual será a tendência nos
próximos tempos. A carta escolar deve ser actualizada de forma a constituir fonte de
informação fiável e de qualidade para melhorar a gestão, administração e planificação
da educação.

Acesso e participação na educação primária

A cara escolar é considerada como um instrumento importante na provisão de


facilidades educativas para a educação primária formal. Igualmente, serve para
vislumbrar e criar outras alternativas de educação primária em função das necessidades
da comunidade. A carta escolar procura melhorar a qualidade de ensino das crianças,
através da melhoria das condições físicas das infra-estruturas e dos meios necessários
para o funcionamento de escolas primárias.

As comunidades admitem que a natureza não atractiva de escolas em ambos os termos: facilidades físicas e o
processo de ensino são os factores que influenciam a desistência ou absentismo escolar regular dos alunos.

Compilado por:
Ilídio Buduia
Docente de Planificação, Administração e Gestão da Educação

38
10 - Cobertura do sistema
educativo
Pretende-se saber até que ponto este sistema tem capacidade de albergar todos os
indivíduos com idade legal para ingressar no sistema educativo. Também pretende-se
saber se é acessível para todos ou não, quantas crianças se beneficiam das vantagens e
oportunidades educacionais existentes nas escolas mais próximas. Em suma, precisa-se
saber se as escolas localizadas numa determinada zona servem ou não eficientemente
as crianças em idade escolar nessas zonas. Saber se as famílias e as suas crianças
fazem o uso eficiente da rede escolar existente. Isso implica a procura, por um lado, e a
oferta por outro. Esta interacção designa-se de acesso educacional.

11- Acessibilidade
Todos os países procuram,educativa
a vários níveis, saber em que medida os sistemas
educativos satisfazem as necessidades de tal procura. Tal conhecimento permite aos
planificadores de educação de um país de:

- Medir os progressos registados para atingir os objectivos tais como o ensino


primário universal

- Identificar e medir o distanciamento entre os diferentes grupos


populacionais, sejam eles por etnicidade, por sexo, por idade, por zonas
urbanas e suburbanas, etc.

- Comparar a situação nacional no contexto internacional

- Exprimir os objectivos de expansão da escolaridade dum país (região) em


termos quantitativos precisos

39
Ora, aqui examinaremos como são estabelecidos os indicadores educacionais 2 que
permitem medir a adequação da cobertura dum sistema educativo da mesma maneira
as características consideráveis relevantes e que afectam as disparidades dessa
cobertura.

Neste ponto, trataremos dos métodos para medir o acesso ao sistema educativo que
permitem identificar a percentagem de crianças de idade escolar dada que podem
entrar num nível ou ciclo educativo particular.

Ter acesso ao sistema educativo está necessariamente ligada ao princípio dum


processo, o que pressupõe o encorajar as crianças para que elas prossigam seus
estudos.

A forma de medir o acesso ao sistema educativo depende da disposição do nível de


educação para a qual o acesso é calculado. Assim, o acesso ao primeiro nível de ensino
e calculado pela proporção de crianças admitidas em relação a população
correspondente desse nível, a esta medida chamamos de taxa de admissão. O acesso
ao nível seguinte de ensino é calculada comparando a proporção de crianças admitidas
em relação ao número de alunos que se encontravam no ano anterior no último ano de
estudos do nível precedente, e esta medida chamamos de taxa de transição. Através
destes indicadores o planificador educacional saberá a estimação de número de vagas
que meterá a disposição dos alunos à diferentes níveis do sistema educativo.

2.2-Taxa de admissão

Vamos aqui, considerar duas taxas que são frequentemente utilizadas para calcular a
admissão: taxa de admissão bruta e a taxa de admissão por idade específica. As duas
taxas fornecem indicações úteis sobre o processo de admissão, mas como nós veremos,
a taxa de admissão por idade específica dão-nos indicações mais significativas. O
2
Indicadores educacionais: são factores estatísticos que permitem conhecer a situação da educação num
determinado momento, no que se refere a um certo número de variáveis escolhidos para comparações através do
tempo e proceder a estraplulação, ou são os factores que fazem depender os resultados do processo educativo e
está condicionado a eles, o bom ou o mau resultado do processo educativo.

40
calculo desta última taxa depende da existência de dados relativos a idade. A
inexistência destes dados, apenas se poderá calcular a taxa de admissão bruta.

Quanto ao calculo da taxa de admissão no primeiro nível de ensino, convém notar que
tal se procede segundo a Classification Internationale Type d´Education (CITE). Este
primeiro nível de ensino é definido como correspondente ao ensino primário. Os
sistemas prés-escolares e maternais são considerados como precedentes ao primeiro
nível de ensino. Entretanto não se pretende minimizar o role do sistema pré-escolar, a
CITE tem por objectivo simplesmente normalizar de maneira que dados sejam
recolhidos e interpretados universalmente.

2.3-Taxa de admissão bruta


Esta taxa indica o número de crianças novas admitidas no primeiro ano de estudo em
percentagem das crianças que tem direito de serem admitidas.
Taxa de admissão bruta (%)

Nº de alunos no 1ªano de estudo

= * 100

População de idade oficial de admissão

Em todos os países, existe uma idade estipulada para que a criança inicie seus estudos,
ela é conhecida por idade oficial (legal) de admissão escolar. Entretanto a idade legal
difere de país para país. Assim, em certos países, as regras são rigorosos e todas as
crianças devem ser encaminhadas á escola de acordo com a idade estabelecida sob
pena de serem sancionadas severamente. Enfim, existem países onde não existem
regras estritamente rigorosas, ou nenhuma regra.

Um dos problemas postos pela taxa bruta de admissão é que dão-nos uma ilusão duma
taxa elevada de admissão em certos casos e que na realidade não são. Com efeito, os
planificadores e administradores de educação sabem por experiência que as taxas de
admissão bruta no ensino primário podem ultrapassar 100%.Tal facto ocorre porque no
cálculo dos novos ingressos no primeiro ano de escolaridade, não só compreendem os

41
alunos de idade legal, mas todos independentemente da sua idade desde que este esteja
a ingressar pela primeira vez no sistema. Dai que, a taxa de admissão bruta seja
susceptível de ser afectada por alunos com idade avançada.

Tal facto acontece nos sistemas que conhecem uma rápida expansão nos últimos anos,
de forma á absorver crianças com entradas tardias no primeiro ano de escolarização.
Assim é provável a acumulação significativa de crianças de idade avançada, que não
tiveram vaga ou acesso á escola no momento em que tinham a idade legal e que foram
admitidos anos mais tarde.

2.4-Taxa de admissão por idade


específica
A vantagem do cálculo desta taxa é de que nos oferece uma imagem mais clara de
como os diferentes grupos etários tem acesso ao primeiro nível de educação. Com
efeito ela mede o número de novos ingressos duma idade específica em percentagem
em relação ao número total de crianças da mesma idade na população.

Taxa de admissão por idade específica (%)

Nº de novos alunos duma idade


específica no 1ªano de estudo
= * 100
População da mesma idade específica

Uma das principais vantagens da taxa de admissão por idade específica é de que ela se
pode calcular para diferentes grupos de idade durante vários anos sucessivos e podem
fornecer uma imagem mais precisa e detalhada das condições de admissão duma
coorte3 dada – quer dizer dum grupo de crianças nascidas no mesmo ano.

3
Cohorte significa conjunto de indivíduos que nasceram no mesmo ano
Cohorte escolar – grupo de alunos que entram juntos na 1ª classe de um determinado ciclo, no mesmo ano
lectivo e subsequentemente experimentam os mesmo acontecimento de promoção, repetição e desistência ou
ainda a graduação na última classe.

42
Um caso particular da taxa de admissão por idade específica é a taxa de admissão
líquida que corresponde a taxa de admissão para idade legal de admissão: mede-se
relacionado número de novos ingressos que tenham idade legal e o número total de
crianças da mesma idade na população em percentagem.

2.5-Taxa de transição

Em todo caso, o planificador deve poder medir a passagem de alunos dum nível para
outro nas condições em vigor. Por exemplo ele pode calcular a taxa de transição entre
o ensino primário e ensino secundário, do primeiro ao secundo ciclo de ensino
secundário, ou do ensino secundário ao ensino superior; também poderá calcular
igualmente as taxas de transição para diferentes grupos de contextos sócio -
económicos diferentes, sexo diferentes, regiões diferentes,… A taxa de transição é a
proporção de crianças que terminam um dado nível e que continuam no nível seguinte;
é a relação do número de novos alunos que entram num ciclo dado de ensino e os
alunos que se encontravam no ano anterior e no fim do ciclo precedente. Como para a
taxa de admissão, só se consideram os novos alunos no ciclo dado de ensino, os
reprovados deste nível são excluídos do cálculo.

Taxa de transição (%)

Nº de novos alunos no 1ªano de estudo


do ensino secundário no ano T
= * 100
Nº de alunos do último ano de estudo do
ensino primário no ano T-1

43
como medir a participação dos
3-Taxa
alunosde no
escolarização
ensino

Já observamos que o cálculo das taxas de admissão e de transição ajudam o


planificador de educação a estimar o número de vagas necessárias para um nível dado
do sistema educativo, e ajudam os governantes a assegurar que as disposições
apropriadas estejam inclusas nos seus planos. Entretanto, os governantes não só se
preocupam simplesmente com a oferta suficiente de vagas aos alunos à entrada de cada
nível de ensino, mas também de garantir que os alunos que começam a estudar num
ciclo dado, prossigam seus estudos até ao final do ciclo dentro do possível. Ora as
taxas de admissão e de transição não nos permitem saber em que medida este objectivo
é alcançado. As taxas de escolarização nos dizem mais sobre a matéria, eles indicam o
número de crianças inscritas num ciclo de ensino em relação à população de idade
escolar correspondente.

Examinaremos aqui, três tipo de taxas usuais para medir a taxa de escolarização: a
saber – taxa de escolarização bruta, taxa de escolarização líquida, taxa de
escolarização por idade específica.

3.1-taxa bruta de
escolarização

A taxa bruta de escolarização é um instrumento aproximativo da escolarização num


ciclo dado, pois identificam o número de alunos dum ciclo dado como proporção da
população de idade escolar correspondente a este ciclo, ele desconhece as idades das
crianças que frequentam realmente este ciclo. Podemos utilizar esta taxa para
identificar o número de crianças do ensino primário como percentagem da população

44
correspondente sem conhecer a idade das crianças que frequentam realmente o ensino
primário.

A taxa de escolarização bruta corresponde ao número de alunos dum ciclo educativo


dado exprimido em percentagem da “população de idade escolar correspondente”. A
população de idade escolar correspondente é definido por idade de admissão no ciclo
em questão e pelo anos de duração. Admitindo que possam existir crianças com idade
inferiores a idade estipulada e superiores á norma e ainda casos de reprovações então a
percentagem dos 100% pode ser ultrapassada.

Taxa de bruta de escolarização (%)

Nº de alunos num ciclo


= * 100
População do grupo de idade
correspondente

3.2-taxa líquida de
escolarização
A taxa líquida de escolarização e a taxa de escolarização por idade específica
fornecem indicações mais detalhadas sobre a escolarização, mas o calculo de cada uma
destas taxas tendo em conta as idades reais dos alunos, deste modo, o calculo depende
da disponibilidade de dados concernentes a idade.

A diferença principal entre estas duas taxas é que a taxa escolarização líquida indica a
proporção de crianças inscritas num ciclo particular de ensino, enquanto que a taxa de
escolarização por idade específica identifica a proporção de crianças e de jovens
inscritas no ensino, independentemente do ciclo que a criança frequenta. Assim, a taxa
de escolarização líquida pode ser utilizada para determinar a proporção de crianças de
7 à 12 anos inscritas no ensino primário, e a taxa de escolarização por idade específica
pode ser utilizada para identificar a proporção de alunos de 19 anos inscritos

45
independentemente do tipo de ensino, quer esteja no ensino secundário quer pré-
universitário ou superior.

A diferença entre a taxa de escolarização líquida e da taxa bruta de escolarização para


um ciclo dado é que, no primeiro caso, relacionamos a população de idade escolar
correspondente somente os alunos emparelhados á este grupo de idade escolar e não o
conjunto de alunos do ciclo.

Taxa de líquida de escolarização (%)

N.º de alunos de idade escolar


Correspondente à um ciclo
= * 100
População de idade escolar
Correspondente à este ciclo

Quando um país se fia completamente as taxas de escolarizações brutas para estudar os


efectivos, é bastante difícil de determinar até que ponto reflectem os objectivos do
ensino primário universal4. A taxa de escolarização líquida é um indicador fiável para
espelhar os progressos com vista á este objectivo

3.3-taxa de escolarização
por idade específica
A característica principal da taxa de escolarização por idade específica é que não está
associada a um ciclo específico ou particular. Assim, esta taxa assenta sob a
percentagem de crianças ou grupo de idade dada que são inscritas no sistema
educativo, quer seja o ciclo ou o nível concernente. A diferença entre os valores
obtidos e 100% indica a percentagem de crianças do mesmo grupo de idade que não

4
Ensino primario universal- significa que todos os membros da população de idade primária deveriam estar na
escola

46
beneficiam de nenhuma forma de ensino. Esta taxa representa um indicador
particularmente útil para estabelecer um diagnóstico de escolarização.

O cálculo desta taxa depende da disponibilidade de informação sobre a distribuição por


idade dos alunos em todo o sistema escolar. Neste tipo de calculo é preciso fazer
menção aos níveis escolares.

Taxa de escolarização por idade específica (%)

N.º de alunos de idade dada no ensino

= * 100
População da mesma idade

4-Análise da evolução da escolarização


Nesta parte, poderão nos pedir, por exemplo, como os efectivos totais do ensino
primário em diferentes zonas (quer dizer o número total de alunos de um nível
determinado de ensino) têm aumentado no decurso dos 5 anos anteriores. Poderá ser
solicitada um período mais longo. Isso depende dos dados disponíveis. Se
compreendemos, para que a comparação seja efectuada, é preciso que os dados estejam
decompostos, para os anos que queremos analisar, sejam elas em zonas ou regiões
delimitadas. Se cada zona é constituída por número de escolas claramente
identificadas, poderemos obter os efectivos totais de cada uma delas e adicionarmos os
efectivos dessas escolas.

4.1- Crescimento absoluto no decurso de um


período dado
Chamamos t, ao último ano para qual dispomos de dados. Se queremos estudar a
evolução dos efectivos no curso de 5 anos, é preciso que comparemos os efectivos do
ano “t” com os efectivos do ano t-5.

De notar, que nem sempre o ano escolar é coincidente com o ano do calendário, por
exemplo o ano escolar 1983/84. Para evitar as confusões possíveis, convêm chamar t o

47
ano do calendário onde inicia o ano escolar. Neste caso, por exemplo, t é igual à 1983
e t-5 à 1983-5 = 1978, que corresponde ao ano escolar 1978/79.

Para ter o crescimento dos efectivos de 1978 à 1983, a ideia que vem ao espírito é de
fazer a diferença entre os efectivos de 1983 e os efectivos de 1978. É o que chamamos
de crescimento absoluto dos efectivos de 1978 à 1983.

E – crescimento absoluto dos efectivos


Et – os efectivos de 1983
Et-5 – os efectivos de 1978

Crescimento absoluto dos efectivos

E = Et – Et-5

4.2- Crescimento relativo dos


efectivos
É precisamente, por causa das diferenças resultante e dos valores mais ou menos
grande dos efectivos do ano onde principia a análise (no nosso caso o ano t-5), que em
vez de calcular um crescimento absoluto, calculamos o crescimento relativo. Este
crescimento é relativo é exprimido em percentagem.

Crescimento relativo dos efectivos

Et - Et-5 E
= * 100 = * 100

Et-5 Et-5

48
4.3- cálculo de índice de evolução
Para
dos efectivos
o crescimento absoluto, como o crescimento relativo, tem-se considerado o
conjunto do período 1978-1983. É provável, entretanto, que o crescimento não seja o
mesmo de um ano para o outro. Para tornar este cálculo de evolução de forma mais
detalhada, podemos representar esta evolução por um índice. Daremos á este índice um
valor igual à 100% para o ano de partida.

Cálculo de índice de evolução dos efectivos

Et 1+x
= * 100

Et 1

Geralmente, o valor de índice ultrapassa os 100% que corresponde a um crescimento


relativo, subtraindo no final por 100.

4.4- Taxa anual de


A taxa anual de crescimento
crescimento pode ser definido como consequente do crescimento
relativo no decurso de um ano. Como já vimos esta taxa pode variar de ano para ano
no decurso de um período. É por essa razão que somos conduzidos à calcular a taxa
média anual, quer dizer a constante que caracteriza o conjunto de um período.

Suponhamos que partimos do ano “0” com os efectivos Eo, e que a taxa de
crescimento seja igual à “r”. O ano seguinte, quer dizer o ano 1, os serão:

E₁=E₀ + E₀ r ,

O crescimento relativo seria igual á r, o crescimento absoluto é evidentemente igual à


E₀ r, e este crescimento absoluto se junta aos efectivos E₀ do ano 0

49
E₁=E₀ + E₀ r, pode assim ser escrita

E₁=E₀ (1+r) (1)

Se a taxa de crescimento é constante e continua a ser igual a r do ano 1 ao ano 2, então


teremos:

E₂=E₁ (1+r) ,

Ou transformamos o E₁ pelo seu valor da equação anterior (1)

E₂= E₀ * (1+r) * (1+r) = E₀ (1+r)²

Generalizando esta formula à “n” anos, poderemos escrever:

Eƞ = E₀ (1+r) ⁿ (2)

Tomemos como exemplo: Na zona “A”, os efectivos em 1978 eram 1812 e em 1983
eram 2754. Com base na equação (2), podemos escrever:

E₁₉₈₃ = E₁₉₇₈ (1+r)⁵ , quer dizer

2754 = 1812 (1 + r)⁵ ou ainda

2754 ‗ (1 + r)⁵
1812

1,51987 = (1 + r)⁵

50
Para obter o valor de r , é preciso extrair a raiz quinta de 1,51987:
¹/₅

(1,51987) = 1+r

Para o fazer, podemos utilizar uma máquina de calcular que permite extrair tal raiz.
Podemos também calcular passando para logaritmos. Nesse caso temos:

Log. (1+r) = log. 1,51987


5

log. (1+r) = 0,0363613

1+r = 1,0873

r = 0,087

r = 8,7%

Assim com uma taxa de crescimento constante de 8,7% no decurso de 5 anos, os


efectivos passarão de 1812 à 2754.

II-Análise da eficácia interna

O rendimento interno do sistema educativo se defini como, sua capacidade de formar o


grande número possível de alunos que entraram no sistema num ano “T”, num
mínimo de tempo, com os recursos financeiros e humanos mínimos,. É preciso saber
qual o caminho ou percurso feito pelo conjunto dos alunos ao longo de todo sistema
durante a duração de cada nível de estudo.

51
Deixando os aspectos puramente financeiros da questão, utilizamos geralmente um
certo número de ferramentas para seguir e medir o rendimento interno do sistema
educativo, que são:

- As taxas de promoção, reprovação e abandono

- O organigrama representando o fluxo teórico de alunos

- A taxa de retenção
1-OBJECTIVOS

O objectivo essencial desta parte do diagnóstico é de vos dar uma compreensão da


metodologia e os instrumentos utilizados no diagnóstico do sector educativo DES. Mais
especificamente, esta parte dará esclarecimentos sobre:

- as principais questões da pesquisa e do conjunto de indicadores

- os métodos e instrumentos principais utilizados pelo DES

- a aplicação prática da metodologia do DES

2- QUESTÕES

Duas questões centrais são estudadas na perspectiva de avaliar a eficácia interna do


sistema educativo.

- *Até que ponto os inputs no sistema educativo terminam realmente seus estudos e
obtém um diploma ?

Esta questão pode-se aplicar a cada sub-sector, nível ou ciclo que compõem o sistema
de educação formal. A análise apresentará claramente a relação entre as contingências

52
das entradas e das saídas que caracterizam cada um dos sub-sectores, níveis ou ciclos.
O diagnóstico do sector de educação no seu todo comporta os elementos seguintes:

- Uma avaliação da dinâmica de fluxos de alunos e de estudantes através do sistema


pela análise de sua transição dum nível, dum ciclo ou sub-sector.

- Sua localização e sua repartição no interior do ciclo, nível ou sub-sector.

- *Qual é o montante de recursos consagrados na produção dos diplomados ?

Os recursos necessários para á produção de saídas dum nível ou dum ciclo particular,
não se medem à este estágio da nossa análise, em termos de despesas financeiras. Por
conseguinte, é o ano/aluno que serve de unidade de medida e não o monetário:

- Um ano/aluno representa todos os recursos dispensados para manter um aluno na


escola durante um ano.

1- Indicadores

Os indicadores clássicos de eficácia interna são os seguintes:

1.1- Taxa de
promoção
(taxas de transição dum nível ou dum ciclo ao outro são calculadas de maneira à
avaliar os fluxos dos alunos através do sistema)
É a relação entre o número de alunos admitidos na classe “N”, no ano”T” e o número
de alunos da classe”N-1” do ano “T-1”.

53
ƿ¹⁹⁸⁰II (alunos promovidos da classe II em 198o)

Ε¹⁹⁷⁹I (alunos da classe I em 1979)


Taxa de promoção da classe n-1 a classe n
t
P
n

t-1
E
n-1

1.2- Taxa de
É a relação, reprovação
para uma classe “n”, entre o número de reprovados do ano “t” e o número
de alunos do ano “t-1”.
Taxa de reprovação da classe n ano t
t
R
n

R¹⁹⁸⁰I (alunos reprovados da classe I em 198o) t-1


E
n
Ε¹⁹⁷⁹I (alunos da classe I em 1979)

1.3- Taxa de
abandono
É a relação, para a classe “n”, entre o número de alunos que abandonam entre o ano
“t-1” e o ano “t” e o número de alunos do ano “t-1”.
A¹⁹⁷⁹I (abandonos entre o início do ano 1979 e o início de ano 1980)

Ε¹⁹⁷⁹I (alunos da classe I em 1979)

Taxa de abandono da classe n do ano t


t
A
n

t-1
E
n

54
Taxa de Conclusão: o número total de alunos que se graduam no final de um
determinado nível de ensino, independentemente da idade, expresso em percentagem
do segmento da população que têm a idade oficial correspondente para se graduar
nesse nível de ensino.

Alunos graduados no fim de um ciclo

Taxa de conclusão = * 100

População com idade oficial de graduação


nesse nível de ensino

Taxa de Conclusão Modificada: o número de alunos no final de um determinado


nível de ensino, independentemente da idade, expresso em percentagem do segmento
da população que têm a idade oficial correspondente para se graduar desse nível de
ensino.

Alunos no final de um ciclo

Taxa de conclusão = * 100

População com idade oficial de graduação


nesse nível de ensino

São inclusos no abandono os alunos que saem da escola no decurso do ano e aqueles
que saem entre dois anos escolares; que tenham sido considerados aptos a passar à
classe superior ou não.
Os dados sobre os abandonos são raramente fiáveis. Dos alunos considerados pela
escola como tendo abandonado, podem muito bem terem-se inscrito numa outra
escola. Os dados sobre a reprovação são geralmente fiáveis.
Exemplo: como calcular o número de promovidos da classe II , ano T, assim como o
número de abandono em classe I, ano t-1.

55
CLASSE
Ano
I II III

1979
Efectivos 27 21

Abandono 1 1

198o
Promoção 29 25 17

1 3
Reprovação

Abandono 4 6

Efectivos 30 28

Aqueles que foram promovidos à classe II são aqueles que por definição não
reprovaram:

ƿ¹⁹⁸⁰II = E¹⁹⁸⁰II - R¹⁹⁸⁰II = 28 –3 = 25 isto é

T t t
P = E R
n n n

Partindo da igualdade,

Ε¹⁹⁷⁹I = ƿ¹⁹⁸⁰II + R¹⁹⁸⁰I + A¹⁹⁷⁹I

56
Podemos deduzir os abandonos de 1979:

A¹⁹⁷⁹I = Ε¹⁹⁷⁹I - ƿ¹⁹⁸⁰II - R¹⁹⁸⁰I

A¹⁹⁷⁹I = 27 – 25 - 1

t-1 t-1 t t
A = E P R
n-1 n-1 n n-1

Este tipo de calculo supõe que não haverá chegadas ou entradas de novos alunos vindo
de outros pontos ou escolas.

Complementaridade das três taxas

100 alunos
ano t-1 4 abandonos (ano t-1)

4 reprovados (ano t) 92 promovidos (ano t)

Esta figura que apresenta a decomposição dum efectivo de 100 alunos na classe n-1,
ano t-1, nos permite compreender que a soma das três taxas de reprovação,
promoção e abandono é igual à 100%.

Um certo número de indicadores de eficácia mais complexos são utilizados para dar
aos gestores e aos decidores uma informação complementar sobre os seguintes pontos:
- A relação entre as saídas em termos de diplomados e os recursos consagrados na
produção dessas saídas.

57
Estes indicadores são calculados com a base no que chamamos de «análise de
COHORTE». Este tipo de análise segue o fluxo dum grupo de alunos, que entra ao
mesmo tempo numa classe (1) e percorre todo o ciclo de ensino considerado.

58
59
2- Fluxo teórico de alunos e reconstituição da cohorte
A partir das taxas de promoção, reprovação e abandono, é possível estabelecer um
organigrama representativo do fluxo que se produzir-se-ia a partir de 1ooo alunos, que
teriam acesso a um ciclo de ensino dado. Para tal, tem como hipóteses simplificadas:
- considerar que as taxas de promoção e reprovação mantém-se constantes
- admitir que os alunos têm a mesma chance de ser promovidos ou reprovar
- limitar o número de reprovações numa classe (2 ou 3 vezes)
- admitir que não hajam outras entradas no sistema para além dos 1000 alunos
originais

É o que chamamos de reconstituição da cohorte teórica. A tabela ilustra uma cohorte


teórica de 1000 alunos que entram no ensino primário em 1975.
No exemplo supõe-se que:
- que os alunos não podem reprovar mais que 3 vezes na mesma classe
- que as taxas de promoção e de reprovação de 1975/76 se aplicam durante todo
período

Para o grupo inicial de 1000 de alunos, 294 terminarão com sucesso o ciclo primário,
48 sem reprovar, 86 reprovaram uma vez, 89 reprovaram duas vezes, e 71 reprovaram
3 vezes.

60
Cohorte teórica, 1975, durante o ciclo primário, numa determinada região “K”

I II III IV V VI

1975 1000 251

347 402

1976 347 87
402 56

12o 140 100 246

1977 120 30
240 34
246 24

42 48 59 147 71 151

1978 42 1o
107 15
218 21
151 3

34
15 17 27 65 63 134 114

1979 44 6
128 12
168 4
114 3

37
11 87 37 79 127 24 87

198º 64 6
116 3
151 3
87 48
26
19 39 87 32 116 39

1981 65 1
119 3
155 86
15
49 25 91 69

1982 74 2
160 89
16 56 71

1983 127 71

56
294

Calculamos e analisámos os dados relativos a estes indicadores, por ciclo de ensino e


por classe e, verificamos se os recursos são desperdiçados no sistema. Este
desperdício, como ele é chamado, se mede em termos de reprovação e abandono.
Também podemos analisar os mesmos indicadores por zonas geográficas, por tipo de
escola (pública ou privada) e em função do sexo e de outras características de alunos.
Podemos identificar os estabelecimento e os grupos de alunos que tendem a ser mais
afectados pelo fenómeno de ineficácia interna.

61
- A capacidade de retenção do sistema educativo

3- Taxa de
disperdisão
Este indicador é calculado, estabelecendo uma relação entradas-saídas real e a relação
entrada-saída ideal. A entrada é medida em número de ano-aluno dispensados para
uma cohorte de 1000 alunos que entram no ciclo de ensino, enquanto a saída é medida
pelo número de diplomados que terminam o ciclo.

4- Taxa de
retenção
A taxa de retenção mede a proporção de alunos duma cohorte que entram num ciclo de
ensino particular e que atingem realmente o fim do ciclo. A taxa de retenção pode
assim ser calculada para cada ano de estudo que constituem o ciclo. Os planificadores
de educação podem, assim, dispor dum guia sumário da capacidade de retenção do
ciclo de ensino estudado.

t
E
VI
t-5 *1oo
Taxa aparente de retenção da classe I à VI
E
I

Ex.:
Promovidos da 1º ano
402/1000*100 = 40,2% o grau de retenção entre o 1º e 2º ano foi de 40,2
246/1000*100 = 24,6% o grau de retenção entre o 2º e 3º ano foi de 24,6
151/1000*100 = 15,1% o grau de retenção entre o 3º e 4º ano foi de 15,1
114/1000*100 = 11,4% o grau de retenção entre o 4º e 5º ano foi de 11,4
87/1000*100 = 8,7% o grau de retenção entre o 5º e 6º ano foi de 8,7

Este indicador é suficiente se houver um sistema de promoção automática. Se as


reprovações são importantes todavia pouco prováveis que os alunos do classe VI no
ano t sejam os mesmos que eram na classe I, à cinco anos atrás.

62
5- TAXA DE
SOBREVEVIVÊNCIA
t
Σp TR = taxa de sobrevivência
k
TRk = K = classe (1,2,3 …)
1
E T = 1 … n anos
I
P = número de promovidos
1

E = efectivos admitidos no início: t=1, n=I


I

De acordo com o exemplo precedente


TR classe II = (402+140+48+17) / 1000 * 100= 607 / 1000 * 100= 60,7%
TR classe III = (246+147+65+27) / 1000 * 100= 485 / 1000 * 100= 48,5%

Esta última taxa indica a probabilidade de um aluno chegar a classe VI, É um


indicador útil para comparar zonas diferentes, e as capacidades do sistema reter os
alunos.

6- Duração média de estudo por


diplomado
Este indicador pode interessar os planificadores de educação, caso ele ajude à
compreender o que são as médias de duração e, indirectamente, os recursos necessários
para produzir um diplomado dum ciclo de ensino dado.

(Dip 1*total de anos)+(Dip 2* total de anos+1)+ (Dip 3* total de anos+2)…+ (Dip 4* total de anos+3)
=
total de diplomados

Ex.:
(48 * 6) + (86 * 7) + (89 * 8) +(71 * 9) = 2211/294 =7,52

63
294

Da cohorte de 1000 não foi possível terminar no prazo previsto de 6anos. Teve como
média 7,52, quer dizer 1,5 anos mais.

7- Cálculo de taxa real e ideal

Taxa real de input e output educacional pretende-se saber em relação à cohorte inicial
de 1000 alunos

Taxa real
Ʃ todas as cohortes d ciclo =
Ʃ de diplomados

Ex.
1000+347+120+42 = 1509 1º ano
402+240+107+44 = 793 2º ano
426+218+128+64 = 836 3º ano
151+168+116+65 = 500 4º ano
114+151+119+74 = 458 5º ano
87+155+160+127 = 529 6º ano

4625/294 = 15,73 taxa real

Taxa ideal é a relação entre o período de duração pela cohorte inicial sobre a cohorte

Taxa ideal
Nª anos lectivos*cohorte
=
1000

EX: (6*1000)/1000 = 6 anos

A relação input/output obtém-se dividindo o total de anos que foram utilizados pelo
fluxo

64
Relação In/Ou
Ʃ de anos utilizados
= Anos
ideal*Ʃ de diplomados

Ex.:4625/(6*294) = 2,62
o padrão do positivo é sempre 2.Neste caso 2,6 é positivo

III- Análise da qualidade dos serviços


educativos
1- O diagnostico das condições de enquadramento: análise do pessoal docente e não-
docente

O início deste diagnóstico é com certeza o conhecimento da situação actual; é também


de dar as indicações para uma reorganização de oferta futura que permita chegar à um
melhoramento das condições de enquadramento e uma melhor utilização dos
professores.

Vamos portanto, dar atenção à estrutura para a qualificação dos professores, o número
de alunos por classe, a relação aluno-professor, o número de horas de serviço dos
professores, etc. … Logo que a norma esteja presente, preparamos o diagnóstico para
relacionarmo-lo á norma. No caso de inexistência de norma, a tarefa consistira na
análise das diferenças entre zonas ou entre estabelecimentos.

65
2- A distribuição do pessoal
por funções
A distribuição do pessoal por funções permite:

1º - distinguir o pessoal de ensino, pessoal de direcção encarregado pelo ensino


e o pessoal administrativo e de serviços

2º - identificar as diferenças entre regiões de acordo com a disponibilidade de


diferentes tipos de pessoal. No ensino primário por ex., podemos distinguir os
directores encarregues de ensino, e os directores não encarregues do ensino; os
professores responsáveis por uma classe e os professores especializados.

3- A qualidade dos
professores
Não existe uma medida satisfatória da qualidade do professor. Geralmente supomos
que esta qualidade é função de factores tais como:

- O número de anos de formação geral de ensino,

- o número de anos (ou meses) de formação pedagógica

- Os cursos de reciclagem que recebeu

- Sua experiência.

Estes factores não garantem por si só a qualidade de ensino; é preciso ter em conta
também o tipo de estabelecimento onde funciona ( tamanho, localização), do seu
ambiente de trabalho ( suas relações entre professores, a composição do corpo docente
do estabelecimento), da idade, suas motivações … Estes últimos factores são de difícil
medição.

66
3.1- DISTRIBUIÇÃO DE PROFESSORES POR NÍVEL DE
QUALIFICAÇÃO

Trata-se de estudar a distribuição em percentagem dos professores pelos seu níveis de


formação geral e profissional

A definição do professor qualificado vária de país para outro. Em certos países, o


professor qualificado não é apenas aquele que possui um diploma de reconhecimento
de suas atitudes de professor, mas também suas competências pedagógicas ( diploma
da escola normal ou certificado de atitudes pedagógicas). Em outros países são
reconhecidos como professores qualificados todos os professores que tenham pelo
menos a formação geral (1º ciclo ou 2º ciclo do ensino secundário, para ser professor
do ensino primário).

Há casos que num mesmo país, a estrutura por qualificação pode variar enormemente
duma zona para outra e dum estabelecimento para outro. As causas podem provir dos
métodos de recrutamento e de formação dos professores, das normas e de certos
critérios utilizados para a criação de novos postos ou de regras de afectação e de
mutação do pessoal de ensino.

3.2- DISTRIBUIÇÃO DOS PROFESSORES POR ANOS DE


SERVIÇO
O indicador número de anos de serviço é difícil de analisar. Por sua vez caracteriza o
pessoal, caso ela condicione a repartição pelo território. Entretanto, pode ser prudente
a sua utilização pois que uma forte percentagem de professores muita prática não
tenham seguido algum curso de reciclagem pode ser menos capaz que um recém
formado ou sem alguma experiência.

No geral, as regras de afectação dos professores são tal que um professor que sai da
escola normal (primária ou superior) será afectado em zonas rurais. A menos que não
seja afectado na sua zona de origem , ele desejará, em muitos casos regressar a sua
zona de origem. Tem-se encontrado uma forte percentagem de 0 ou de 1 ano de

67
exercício nas zonas rurais e uma forte percentagem de professores de 4 e mais anos de
serviços em zonas urbanas.

Si efectivamente o ensino é mais assegurado por professores que tenham poucos anos
de serviço, e se a repartição deles por anos de serviços e por zona é muito desigual, Há
interesse de tomar certos números de medidas que visam á reter no meio rural com
professores experientes (alojamento, disposição de locais bem equipados com material
de ensino etc.…)

3.3- A DISTRIBUIÇÃO DE PROFESSORES


POR
Trata-se simplesmente de calcular SEXO
por zonas e por diferentes níveis de ensino, a
percentagem de mulheres no sistema de ensino. A experiência mostra que em países
onde a escolarização das mulheres encontra uma resistência por parte dos parentes, a
presença duma professora pode contribuir para mudança e encorajar assim a
participação das mulheres.

Uma femenização muito elevada do corpo docente pode relevar uma certa
desvalorização da profissão de professor.

4- A ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA E UTILIZAÇÃO DOS


PROFESSORES
A relação aluno-professor, o número de alunos por turma são indicadores muito
importantes da qualidade de ensino. Os sindicatos de ensino e as associações de pais
dos alunos se batem para obter uma diminuição de número de alunos por classe. Um
número restrito de alunos deverá permitir á um professor de se ocupar melhor de cada
aluno. Os resultados de pesquisas internacionais mostram todavia que o impacto de
número de alunos por turma sobre os resultados escolares é fraco. Turmas numerosas
podem obter bons resultados escolares. Ao invés, turmas restritas os resultados podem
ser medíocres -. Tudo depende do que o professor faz na turma e dos seus métodos de
ensino.

68
A organização pedagógica, alocação do pessoal são normalmente reguladas por um
certo número de normas definidas no âmbito nacional.

5- AS NORMAS
- normas sobre o número de alunos por turma: uma turma é um grupo de
alunos que seguem o ensino dum mesmo professor ao mesmo tempo. A
noção de turma não coincide necessariamente com a noção de classe. Com
efeito, uma classe (ou ano de estudo) pode, se os efectivos são importantes,
estar divididos em diversas turmas

- Norma de serviços de ensino (professores): estas normas variam com o


nível de ensino:

- No ensino primário geralmente, um professor é encarregue de ensinar a


uma só classe. No caso, o serviço horário é idêntico para todos professores:
ele é igual ao número de horas previstas no programa dos alunos.

- No ensino secundário: as normas de serviço do professor podem variar de


acordo com a qualificação do professor. A norma especifica o número médio
de horas que um professor deve ensinar mas também o número máximo e
mínimo. Estas normas oficiais podem nem sempre ser respeitadas se:

 O tamanho do estabelecimento e o número de classes são baixas para


permitir a utilização de certos professores especializados;

 A parte duma mateira do programa de diferentes turmas ou classes são


reduzidas

 Certas matérias á opção é fraca ou pouco popular;

69
 Os professores são muito especializados.

6- Os
indicadores
Os efectivos por turma e auditório médio: estes dois indicadores permitem medir as
condições de enquadramento. São os indicadores de qualidade do serviço educativo

Efectivos totais
Efectivos por turma =
Números de turmas

No ensino primário, é interessante analisar este indicador por tamanho do


estabelecimento e comparar os dados em relação á norma nacional. Geralmente o
número de alunos por turma aumenta com o tamanho do estabelecimento.

Há no entanto interesse de calcular um indicador mais complicado que a relação aluno-


turma, mas que mede melhor as condições de enquadramento:

N.º de período recebidos por turmas * n.º de alunos

Auditório médio =
N.º de períodos dados pelos professores

Utilizamos o termo “período” mais do que “horas”, porque o período de aulas dadas
pelos professores pode ser variável entre 40 e 60 minutos.

O auditório médio é o efectivo médio dos grupos que se encontram perante um


professor. O auditório médio não é um indicador fácil a calcular. A dificuldade reside
duma colecta de dados e no calculo do n.º de período-aluno por semana.

70
É preciso partir do emprego do tempo detalhado dos alunos no estabelecimento. Por
cada turma, é preciso depois multiplicar – por matéria – o n.º de períodos consagrados
a esta matéria pelos efectivos consagrados. Obtém-se assim o n.º de períodos-aluno do
estabelecimentos.
O n.º de períodos dados por semana pelos professores obtém-se na totalidade dos
períodos de emprego do tempo de cada professor.

Ex.: suponhamos uma turma de 26 alunos, 14 rapazes e 12 raparigas. O emprego do


tempo prevê 29 períodos de ensino mais 3 períodos de educação física separadamente
para raparigas e rapazes, 4 períodos de ensino de colunaria para raparigas e 4 de
trabalhos manuais para os rapazes. O n.º de período-aluno calcula-se de maneira
seguinte:

MATERIAS Horas dadas por Efectivos N.º de períodos-


emprego do tempo aluno
Matérias de ensino comum (matemática,
física, inglês, geografia, historia, etc. …) 22 26 572

Educação física
- raparigas 3 12 36

- rapazes 3 14 42

Ensino de culinária (raparigas) 4 12 48


Trabalhos manuais (rapazes 4 14 56

Total 36 754

Cada aluno não recebe mais que 29 períodos de ensino. Mas para assegurar este
ensino, é necessário prever 36 períodos de ensino dos professores.
O n.º total de períodos-aluno é 754.

O AUDITÓRIO MÉDIO É IGUAL Á:

Σ peródos-alunos

754
N.º de períodos dos professores
= 20,9
36

71
Duma maneira geral, se o auditório médio é inferior ao n.º de alunos por turma, esta
significa que há muitos desdobramentos. Se é superior, esta significa que o re-
agrupamento de turmas por certas matérias é uma pratica corrente. Enfim, se não há
nem re-agrupamentos nem desdobramentos, o auditório médio será igual ao n.º de
alunos por turma.

O auditório médio é um indicador mais preciso que o n.º de alunos-turma para medir
as condições reais de enquadramento dos alunos.

Relação aluno-professor: a relação aluno-professor permite como a relação efetivos-


turma e como o auditório médio medir as condições de enquadramento, quer dizer de
avaliar a qualidade de ensino. Mas ao mesmo tempo, é um indicador orientado para a
utilização dos professores e os custos em pessoal de ensino.

N.º total de alunos

Relação aluno-professor =
N.º total de professores

De acordo com a norma nacional, a relação al/prof permite a comparação entre zonas
ou estabelecimentos, e de medir as disparidades de alocação de pessoal de ensino, afim
de seleccionar as zonas onde um reforço de enquadramento é necessário.

Tal, depende do número de alunos por turma e o número de turmas por professor

A RELAÇÃO ALUNO-PROFESSOR
Efectivos Turmas E E T
= * = * *
Turmas Professores P T P

72
No ensino primário, um professor ocupa-se geralmente duma somente turma. A
relação al/prof é então mais ou menos igual ao número de alunos por turma. Pode
também ser diferente quando de trata de turmas à meio tempo ou quando existem
professores especializados.

A experiência mostra que a relação Al/prof. varia em função do tamanho do


estabelecimento. Em zonas rurais, onde a densidade populacional é fraca, encontramos
resultados da relação Al/prof. inferior á media nacional.

No ensino secundário, os professores são especializados por matérias e eles ensinam


um número de períodos em geral inferior ao número de períodos recebidos por turma.
Por conseguinte, há normalmente mais do que um professor por turma, mas o número
de professores por turma será tão elevado e a relação Al/professor será baixa.

Para medir com precisão se os serviços de ensino não coincidem com a norma oficial,
se há uma sub-utilização, calculamos geralmente outros indicadores.

6.5- DURAÇÃO MÉDIA DE SERVIÇOS DE ENSINO

É igual ao número total de períodos de ensino dos professores / número de professores.

N.º DE PROFESSORES EQUIVALENTE A PLENO-TEMPO

N.º total de períodos de ensino dos professores


Ppt =
Duração de serviço normal de um professor

O resultado indica o número que seriam necessários caso cada um deles trabalhe á
tempo pleno de acordo com a norma oficial

73
 A relação aluno-professor equivalente a tempo-pleno / n.º de alunos é igual
ao n.º de professores equivalentes á tempo pleno.

Exemplo: um estabelecimento secundário de 393 alunos emprega 19 professores. Se


537 horas de ensino devem ser asseguradas no estabelecimento e se o horário a
tempo-pleno dos professores é de 35 períodos, o n.º de professores equivalentes a
tempo pleno é de 537/35 = 15,3.

A relação aluno-professor equivalente a tempo-pleno do estabelecimento é 393/15,3 =


25,6.

Comparando este resultado a relação aluno-professor 393/19 = 20,7

A relação Al/prof. equivalente á tempo-pleno é superior a relação Al/prof. caso seja


necessário teoricamente somente 15,3 professores para efectuar as horas de ensino
efectivamente asseguradas por 19 professores.

A diferença entre as duas relações revela a sub-utilização de professores (por vezes


inevitável se o estabelecimento é pequeno e se os professores não podem assegurar um
serviço completo das suas disciplinas de ensino), ou a introdução / implementação da
proporção de professores que exercem voluntariamente á tempo parcial.

A relação aluno-professor e aluno/professor equivalente á tempo-pleno poderão ser


iguais se todos os professores forem utilizados á tempo completo. Tal supõe:

 que o estabelecimento tenha um tamanho suficientemente importante para


que as disciplinas com menos horas possam assegurar os serviços dos
professores á tempo completo;

 que os professores possam ensinar mais disciplinas caso sejam polivalentes

74
Esta hipótese é menos real.

Escola alunos Al/turma N.º total Nº médio Professores N.º total de N.º médio de Auditório Al/prof. Al/prof.
(1) horas/receb de horas horas dadas horas dadas médio: H equivalente á
alunos recebidas por prof. aluno, H tempo-pleno
prof. (2)

1 393 28,1 12055 19 537 22,4 20,7 25,6

2 770 33,5 27489 33 818

3 808 34,9 30058 40 1008

4 247 27,4 8892 20 310

5 1149 34,8 45960 48 1325

Total 3367 32,0 124454 37,0 160 3998 25,0

(1) a norma de Al/turma é de 35 alunos


(2) o horário á tempo-pleno de um professor é de 35

Um aspecto importante da acessibilidade é a comodidade de percurso e endereço/local


ou residência das crianças em relação á escola. Esta acessibilidade que podemos
chamar de acessibilidade física, depende da maneira como as escolas estão repartidas
em relação as residências da população que se servem dessas escolas.

Todas as crianças residentes duma região dada de estudo têm todos á mesmas
possibilidades de acesso á escola do ponto de vista da distância e da comodidade de
percurso?

Este problema põe-se particularmente nas regiões de fraca densidade populacional.

A noção de acessibilidade, na realidade, é mais ampla que a acessibilidade física,


económica e sociocultural.

Abordaremos então, apenas da acessibilidade física. Para analisar esta acessibilidade


podemos começar por identificar á origem geográfica dos alunos que frequentam as
escolas existentes.

75
os métodos e instrumentos que podemos utilizar para a colecta de dados serão
analisados em detalhes nas próximas aulas. Por instante abordaremos simplesmente as
seguintes:

- A distância à percorrer
- o meio de locomoção utilizado
- Tempo de percurso
- o lugar de residência

1- distância à
percorrer
Na colecta desta informação não devemos perder de vista o objectivo visado que é a
acessibilidade física da rede escolar. o problema por consequência não é o
conhecimento da distância real à percorrer com uma grande precisão, mas de
identificar diferentes categorias de situações do ponto de vista da acessibilidade. Em
outros termos, trata-se de definir os intervalos de distâncias correspondentes aos graus
de comodidade mais ou menos grandes do percurso. Por exemplo, podemos reter as
categorias seguintes:

- menos de o Km: percurso fácil


- de o à 3 Km: percurso aceitável
- de 3 à 6 Km: percurso penso
- mais de 6 Km: situação inaceitável e que convêm remediar

nota:
 por vezes tem caracter subjectivo
 pode ser aceite para um país e não para outros
 a graduação da distância deve ser em função a realidade
 deve-se tomar em conta o relevo da região

76
 consiste em analisar por zona a percentagem de alunos que se encontram em
cada uma das categorias definidas e ver quais são as zonas desfavorecidas do
ponto de vista de acessibilidade física

2- Meios de locomoção
utilizados
A distância não constitui mais que uma dimensão de acessibilidade física. A
disponibilidade dos meios de locomoção (bicicleta, transporte escolar, transporte
público, transporte privado) pode atenuar o problema da distância reduzindo o penoso
percurso. Na realidade, podemos cruzar as duas informações sobre a distância e os
meios de locomoção, quer dizer teremos em conta tanto uma como a outra para
categorizar. Construiremos assim uma tabela similar:

Menos de o km De o à 3 km De 3 à 6 km Mais de 6km

Escolas
À pé Biciclet T.motor À pé biciclet T.motor À pé biciclet T.motor À pé biciclet T.motor

Josina
Efectiv
%

Estrela
Efectiv
%

3- O tempo de percurso

o tempo de percurso constitui uma sorte de dados sintéticos. Por consequência é


função da distância, do relevo e da disponibilidade dos meios de transporte. Neste
sentido, é um dado que traduz melhor problema de acessibilidade. Aqui ainda não se
trata de se conhecer com precisão o tempo de percurso de cada aluno, mas de definir

77
diferentes categorias e de ver a percentagem de alunos que se encontram em cada uma
das categorias. Por exemplo:

- menos de 15 minutos
- de 15 à 30 minutos
- de 30 à 60 minutos
- mais de 60 minutos.

Um percurso superior de 60 minutos pode, por exemplo, ser considerado como sendo
muito prejudicial ao trabalho escolar. ora, é preciso assim ter em conta a frequência
dos deslocamentos. Deste ponto de vista, a existência duma cantina onde os alunos
possam lanchar ao meio do dia pode mudar grandemente a situação.

4- Origem geográfica dos


A informação concernente a
a lresidência
u n o sdos alunos das diferentes escolas que se
encontram na região analisada é importante a um duplo ponto de vista.

Esta informação permite abordar traçado das áreas de recrutamento dessas escolas.
Teremos a ocasião de tratar este assunto na preparação da carta prospectiva. Dizemos
simplesmente aqui que a área de recrutamento duma escola é constituída pelo conjunto
de localidades donde provêm os alunos dessas escolas. Logo que houver uma regra
estrita de localização de residências em relação a uma escola particular, é possível
determinar a área de recrutamento. Lá onde o recurso escolar é relativamente denso, os
pais tem a possibilidade de opção ou escolha entre duas ou mais escolas, de acordo
com a distância.
Esta informação permite também calcular de forma mais exacta a taxa de admissão e a
taxa de escolarização.

V- Análise do património e equipamentos


escolares

78
O problema das construções escolares é patente em todos os países, desenvolvidos ou
em vias de desenvolvimento, considerando que os estabelecimentos e os equipamentos
escolares custam caros. Eles devem ser utilizados de forma suficientemente intensiva
para ser rentável, e devem permitir também proporcionar aos professores as condições
satisfatórias.

Dentro da perspectiva da carta escolar, o diagnóstico dos estabelecimentos e de


equipamentos escolares devem permitir:

 avaliar duma maneira geral a disponibilidade e a qualidade dos estabelecimentos;


 identificar as zonas de acção prioritária em termos de renovação ou de extensão dos
estabelecimentos;
 identificar as zonas mais desfavoráveis do ponto de vista de equipamentos
disponíveis
 avaliar a capacidade de acolhimento real dos estabelecimentos;
 minimizar as escolas subtilizadas e ou hiper-utilizadas /super-utilizadas

A qualidade dos estabelecimentos escolares é difícil de apreciar. Ela é também muito


relativa: ela depende do país, das regiões, dos materiais existentes, dos recursos
financeiros disponíveis, da política de financiamento e notavelmente da repartição das
responsabilidades entre governo central, autoridades locais, encarregados de educação,
das condições sócio - económicas das comunidades, condições climatéricas, etc.

O diagnóstico das condições dos estabelecimentos, da disponibilidade dos


equipamentos e do seu grau de utilização devem ser preparadas de acordo com as
normas nacionais.

Depois tem de se atender as normas, analisam-se as características dos


estabelecimentos escolares e a disponibilidade dos equipamentos. Em seguida avalia-
se a utilização dos locais com a ajuda dos indicadores apropriados.

79
1- os critérios de análise e normas de
referência
Julgaremos a qualidade dos estabelecimentos escolares e da disponibilidade de
equipamentos por referencia aos objectivos da política educativa e as normas em vigor
no país. Estas normas variam evidentemente com o nível de ensino, das práticas
pedagógicas, das regiões e das suas condições climáticas. Elas concernem
principalmente na:

- a área média das salas de aulas gerais e das salas especializadas


(laboratórios, atileis…);
- a superfície média por aluno na sala de aula (gerais e especializadas), espaço
de circulação, administração e outros;
- o grau de segurança e de conforto: disponibilidade de água canalizada, de
electricidade, condições sanitárias, iluminação, arejamento, aquecimento,
etc.…;
- as necessidades de mobiliário e de fornecimento escolar. É preciso distinguir
aqui o que é normalmente fornecido pelas autoridades centrais, regionais ou
pelas comunidades locais e o que é comprados pelos encarregados de
educação (pais dos alunos);
- a duração de utilização dos locais: quantos períodos por dia um
estabelecimento deverá ser utilizado (duração máxima) – Será normal ou
aceitável que os locais sejam utilizados por 2 turnos ou 3 turnos (no ensino
primário, no ensino secundário)?
- Os tamanhos mínimos, máximos e standard dos estabelecimentos.

 É possível que certas normas não existam. Deve-se nestes casos:

- as orientações dadas pelo ministério (no que concerne aos manuais escolares
por exemplo)

80
- à média nacional – se for conhecida;
- à normas internacionais. Toma-se como base nas publicações dos Bureaux
regionais da UNESCO. É de longe, preferível que se utilize as normas
nacionais definidas tomando em conta as superfícies do país e de suas
diferentes regiões.

2- características dos estabelecimentos


escolares
A análise centrar-se-á nos materiais de construção, o estado dos locais e sua superfície.
Ela será feita por zonas, tipo de estabelecimento para o ensino primário e para o ensino
secundário.

a) os materiais de construção e o estado dos locais

Deve-se fazer para cada uma das salas de aula a selecção de materiais que
servirão para a sua construção sejam elas de maneira geral, sejam por
especificidade de muros, tectos, chão.

É preciso saber também o estado do local de construção. Esta informação não


fácil de obter: cada director do estabelecimento tem provavelmente uma
maneira diferente de julgar o estado dos locais das suas escolas. Tudo depende
do que se considera como normal ou dos créditos que se deseja obter. Deste
modo, é preferível que os inquéritos sejam feitos por um inquiridor externo que
aplique os mesmos critérios á todas as escolas. O ideal seria o inventário fosse
realizada por um arquitecto. É preciso, em todo caso, utilizar critérios precisos.
Recomenda-se que se distingam os locais em bom estado, locais em estado
aceitáveis, locais em mau estado, locais em péssimo estado.

81
Duma maneira geral, o estado dos locais é ligado com o tipo de materiais utilizados. A
proporção de salas julgadas em mau estado ou com necessidade de reparação imediata
será mais frequente para as de construção com materiais não duráveis.

- Os indicadores são:

 percentagem de salas de aulas segundo os materiais de construção


 percentagem de salas de aulas em mau estado ou com necessidade de
reparação.

Em certos países os alunos recebem suas aulas fora da sala de aulas. Assim
calculamos:

- o n.º de turmas que recebem aulas debaixo de árvores,


- n.º de turmas que recebem aulas em locais impróprios.

b) análise da superfície:

Certos indicadores podem também ser calculados:


 superfície média por aluno na sala de aula geral;
 superfície média por aluno na sala de aulas de ensino especializados;

Os cálculos da superfície média por aluno na sala de aulas de ensino especializado se


faz geralmente no ensino secundário (atileis, laboratórios, etc.…) e raramente no
ensino primário.

Estes indicadores podem ser calculadas por zonas homogéneas para o ensino primário
ou por estabelecimentos para o ensino secundário.

Se procuramos a medida do espaço disponível para cada aluno, é preferível fazer os


cálculos para um período lectivo.

82
Se o estabelecimento funciona em dois períodos (uma de - manhã e uma ataúde), a
superfície média por aluno (S/A) deve ser calculada para cada turno1 e 2 caso o n.º de
alunos varie por turno.

Exemplo: um estabelecimento secundário de 1800 alunos, 28 salas de ensino geral, 2


laboratórios, 7 atileis.

Número Superfície total em m²

Salas de ensino geral 28 1570

Laboratórios 2 180

Atileis e salas de trab. Práticos 7 410

Total de espaços do
estabelecimentos 65 3741

Efectivos – de - manhã: 1000alunos


Efectivos – a tarde: 800
Podemos calcular os indicadores seguintes:
superfície média duma sala de ensino geral: 1570/28 = 56 m²
superfície média dum laboratório: 180/2 = 90 m²
superfície média duma sala de atelies: 410/7 = 58,6 m²

Superfície por aluno 1ºturno 2ºturno Total

Salas de ensino 1,57 1,96 0,87


geral

Laboratório 0,18 0,22 0,1

Atelies 041 0,51 0,22

Total 3,74 4,67 2,07

83
3- Disponibilidade dos
equipamentos
Se distingue os equipamentos dos imóveis, os equipamentos pedagógicos que utilizam
os professores e disponíveis aos aluno.

Os indicadores são numerosos.


Exemplo:
Equipamentos e mobiliários:

Percentagem de escolas que possuem água canalizada, electricidade;

Percentagem de escolas que possuem terreno de desportos, agrícola;

Percentagem de escolas que possuem casa para professores;

Percentagem de salas que possuem um n.º de carteiras suficientes,


insuficientes , nula;

Percentagem de alunos que tenham um lugar para sentar (n.º de cadeiras/efectivos


totais);

84
Percentagem de salas que tenham uma secretaria para o professor.

% de salas que % de professores que


N.º de salas possuem N.º de possuem
Zona
de aula Um quadro Uma professores Todos os Nenhum
secretaria materiais material

Ǽ
Ω

Total

Equipamento pedagógico:

Percentagem de escolas sem quadro-preto;


Percentagem de escolas que tenham globo terrestre, cartas geográficas
(nenhum globo ou carta);
Percentagem de escolas que tenham uma biblioteca;

Percentagem de professores que tenham todos os manuais escolares,


alguns ou nenhum.
Livros e manuais escolares dos alunos:
Percentagem de turmas onde os alunos manuais escolares suficientes,
cadernos / ardósias suficientes, lápis e canetas suficientes;
Outro:
Percentagem de escolas que organizam lanches escolares, etc.…

85
Dentre estes indicadores, escolhem-se aqueles que se parecem mais pertinentes á
situação da região e ao nível de ensino.

Percentagem de turmas em que os alunos têm:


Zona Tamanho
Manual escolar Cadernos Lápis / esferográfica
suficiente nulo suficient nulo suficiente nulo
e

< 50

50 - <100
¥ 100 - < 150

150 - < 200

< 200

4- análise da utilização dos


locais
É indispensável assegurar uma utilização máxima dos locais e dos equipamentos pelos
alunos normalmente inscritos nos estabelecimentos, mas também pela população não
escolar.

No que concerne aos estabelecimentos de ensino primário, os indicadores de


utilização dos locais possíveis de calcular são:

- a percentagem de escolas que funcionam com 2 ou 3 turnos;

- a percentagem de salas utilizadas em 2 ou 3 turnos

Estas percentagens calculadas por zonas homogéneas permite isolar as zonas onde a
construção de salas suplementares melhoram as condições de ensino reduzindo o
número de turnos.

86
Para os estabelecimentos de ensino secundárias , é possível calcular um certo
número de indicadores para medir a utilização dos indicadores. Estas taxas são
calculadas em todos os turnos e são:

a) taxa de utilização do tempo (TUT) que mede a proporção de horas de


ensino reais em relação á duração de utilização teórica.

N.º de períodos reais de utilização


TUT =
N.º de períodos teóricos de utilização

Exemplo: se teoricamente cada sala pode ser utilizada em 50 períodos por semana e se
uma sala de aula não é efectivamente utilizada e utilizada durante 25 períodos por
semana, a taxa de utilização é igual á : 25/50*100=50%.
Isto quer dizer que seria, em principio, possível duplicar os efectivos sem que se tenha
que construir novas salas de aulas.
Estas taxas podem ser calculadas em relação a sala por sala ou por tipo de sala dada
(ensino geral ou ensino especializado) ou por conjunto de salas de aulas dum
estabelecimento.

b) Taxa de utilização do espaço (TUE) que compara o tamanho médio dos


grupos de alunos que ocupam uma sala de aula à capacidade de acolhimento
teórico.

N.º médio de alunos por sala de aulas


TUE =
Capacidade de acolhimento teórico da sala

Exemplo: uma sala construída para acolher 30 alunos é ocupadas em médias por 15
alunos, o que dá uma taxa de utilização do espaço de 15/30*100=50%

87
Esta taxa é mais difícil à calcular que a taxa de utilização do tempo por causa da
avaliação que se deve ser feita da capacidade de acolhimento das salas de aulas. Deve-
se referir à capacidade de acolhimento inscrito no programa de construção de salas de
aulas? Deve-se pedir aos chefes dos estabelecimentos de fazer a avaliação dessas
capacidades de acolhimento de cada sala? Bom, corre-se o risco de termos
informações pouco credíveis como capacidade de acolhimento, ao recebermos
informações sobre o n.º de carteiras existentes nas salas ao invés de espaços potenciais.
É possível também avaliar esta capacidade de cada sala em função da sua superfície
pela norma de superfície põe aluno.

Após o cálculo das taxas de utilização do tempo e da taxa do espaço podemos calcular:

c) Taxa de utilização global (TUG) que combina as taxas de utilização do


tempo e do espaço.

TUG = TUT * TUE


N.º de períodos de N.º médio de alunos
utilização por semana por sala
TUG = *
Duração teórica de Capacidade de acolhimento
utilização por semana teórico das salas

Exemplo: se tomarmos como base os cálculos anteriores teremos:


TUG = 25/50 * 15/30 * 100 = 25%

Esta taxa alerta para uma maximização para assegurar a melhoria de utilização dos
locais.

Tendo em conta as dificuldades mencionadas, geralmente tem-se apenas calculado a


taxa de utilização do tempo.

Vejamos a seguinte tabela

88
Estabelecimentos A B C D
Efectivos 1800 628 535 104
Salas de ensino geral

- número 28 16 13 3

- superfície (M²) 1570 768 710 162

- n.º de períodos de utilização 1288 522 329 81

Salas de ensino geral

- número 2 3

- superfície (M²) 180 230

- n.º de períodos de utilização 18 77

Salas de ensino geral

- número 77 1 4 2

- superfície (M²) 410 54 205 108

- n.º de períodos de utilização 143 18 55 12

*dois turnos (1000 alunos no 1º turno)

89
BIBLIOGRAFIA

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d’auto-formation sur les techniques quantitatives de base utilisées en
planification de l’éducation – Module 1- IIPE/UNESCO,1997/98.

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- Mapa escolar y microplanificacion, conceptor y processos (Modulo – I) –


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- Chon, J. - Microplanificaçción de la Educación, Aspectos Conceptuales y


Metodológicos, Biblioteca Digital Crefal, 1977

- Govinda, R. - Reaching the Unreached Trough Participatory Planning, IIPE,


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CHIAVENATO, Adalberto – Teoria geral da administração – São Paulo : Mc Graw-


Hill do Brasil, 1979

90

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