Representação Do PL
Representação Do PL
Representação Do PL
TRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL – TSE
REPRESENTAÇÃO ELEITORAL
PARA VERIFICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
do pleito eleitoral de 2022, máxime em razão de laudo técnico de auditoria realizada pela
entidade especializada INSTITUTO VOTO LEGAL - IVL em que foram constatadas
evidências contundentes do mau funcionamento de urnas eletrônicas, através de eventos
registrados nos arquivos “Logs de Urna”, conforme será demonstrado e exposto a seguir.
Ademais, por serem partes diretamente impactadas e interessadas com a solução da presente
controvérsia, são indicados, no polo passivo da presente Representação, (i) COLIGAÇÃO
BRASIL DA ESPERANÇA, composta pela Federação Brasil da Esperança - FE BRASIL
(PT/PC do B/PV) / SOLIDARIEDADE / Federação PSOL REDE (PSOL/REDE) / PSB /
AGIR/ AVANTE / PROS, com sede em SHIS, QL 26, conj. 1, casa 19, Lago Sul, Brasília/DF,
CEP 71.665-115, por sua Representante legal, GLEISI HELENA HOFFMANN, (ii) LUIZ
INÁCIO LULA DA SILVA, brasileiro, candidato ao cargo de Presidente da República pelo
Partido dos Trabalhadores no pleito de 2022, inscrito no CPF sob o nº 070.680.938-68,
domiciliado na Quadra SGAN 601 Módulo H, 2059, Asa Norte, Brasília - DF, CEP: 70.830-
1
018, e (iii) GERALDO JOSÉ RODRIGUES ALCKMIN FILHO, brasileiro, casado,
candidato ao cargo de Vice-Presidente da República no pleito de 2022 na chapa encabeçada
pelo segundo representado, inscrito no CPF sob o nº 549.149.068-72, domiciliado na SCLN
304, Bloco A, sobreloja 01, Entrada 63, Brasília-DF, CEP 70736-510.
2
23.669/2021, por sua vez, estabelece que as urnas permanecerão lacradas até 10 de janeiro de
2023. Assim, a data final para a postulação da verificação extraordinária será o quinto dia antes
do dia 10 de janeiro de 2023.
3
III. PRÓLOGO E PREMISSAS NECESSÁRIAS. MODELO
ELEITORAL BRASILEIRO. IMPOSIÇÃO
CONSTITUCIONAL DE CERTEZA QUANTO À
HIGIDEZ DO PROCESSO ELEITORAL. AUSÊNCIA.
COMPROVAÇÃO DE MAU FUNCIONAMENTO DAS
URNAS ELETRÔNICAS. FISCALIZAÇÃO E
AUDITORIA POR ENTIDADE TÉCNICA
QUALIFICADA. ESSENCIALIDADE DO LOG DA
URNA COMO ELEMENTO TÉCNICO DE
AUDITORIA. DESCONFORMIDADES
IRREPARÁVEIS.
1
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 1ª ed. 12ª tiragem. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p. 5.
4
subordinação à Constituição (i.e., regras claras e universais estabelecidas em Lei Maior); (ii) a
soberania do povo – independentemente de qualquer condição social – nos rumos políticos do
País; (iii) a garantia irrenunciável de eleições livres, justas e igualitárias, realizadas
mediante sufrágio universal; (iv) a transitoriedade do poder político; (v) o respeito
incondicional pelos direitos e garantias fundamentais, e (vi) o controle e a fiscalização do poder
constituído a partir da tutela irrestrita de proteção dos direitos e garantias e das liberdades
fundamentais 23.
2
FLEURY, Thiago Lôbo. Direitos políticos positivos. Novos contornos constitucionais do voto no Brasil: a
(salutar) adoção do voto facultativo. In: Reforma política e Direito Eleitoral Contemporâneo. Estudos em
Homenagem ao Ministro Luiz Fux. Carlos Eduardo Frazão, Rafael Nagime e Tarcisio Vieira de Carvalho Neto
(coordenadores). Ribeirão Preto, SP: Migalhas, 2019, Tomo 2, p. 17-38.
3
PATIÑO CAMARENA, Javier. Nuevo Derecho Electoral Mexicano. 8ª ed. México, Universidad Nacional
Autónoma de México – Instituto de Investigaciones Jurídicas, 2006, p. 06-13.
4
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 48.
5
One man, one vote: o peso do voto de cada cidadão deve ser o mesmo, e cada cidadão tem o direito quanto à
garantia de que o seu voto será considerado e computado de forma equânime a todos os outros cidadãos.
5
democráticas garantam que o peso do voto de cada cidadão deva ser o mesmo. Ou melhor,
que cada cidadão tem o direito fundamental quanto à garantia de que o seu voto será
considerado e computado de forma equânime a todos os outros cidadãos na escolha de
seus representantes.
6
ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Justiça Eleitoral e representação democrática. In: ROCHA, Cármen Lucia
Antunes e VELLOSO, Carlos Mario da Silva (coords.). Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Del Rey, 1996, p. 377.
6
20. Em palavras mais diretas, cuida-se da conjugação dos princípios
constitucionais estruturantes da autenticidade do resultado eleitoral e da máxima
igualdade na disputa eleitoral.
7
ORTEGA Y GASSET, Jose. A rebelião das massas. Tradução de Marylene Pinto Drichael. São Paulo: Martins
Fontes, 1987, p. 134.
7
25. De fato, é inequívoco que nem o indivíduo mais entusiasta do sistema
eleitoral atual brasileiro acredita que as urnas e os mecanismos de apuração/totalização não
possam ser aperfeiçoados para trazer à população cada vez mais segurança. Apenas a título de
exemplo, veja-se que, no ano passado – 2021 –, o próprio Tribunal Superior Eleitoral criou
Comissão para “ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de preparação e
realização das eleições; aumentar a participação de especialistas e entidades da sociedade
civil e instituições públicas na fiscalização do processo eleitoral; e, por último, contribuir para
resguardar a integridade do processo eleitoral” 8. Ademais, diversas propostas apresentadas
pelos integrantes da Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) foram acolhidas para
aprimorar o processo eleitoral no recente pleito de 2022 9.
28. Com efeito, se até 1996 a auditoria do processo – e aqui não se discute
a idoneidade do processo eleitoral, em razão dos inúmeros problemas já narrados, mas da
auditoria de forma abstrata –, poderia ser realizada por qualquer indivíduo que pudesse atuar
na contagem de cédulas e na verificação do registro dos votos no mapa de votação, a partir da
8
https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2021/Setembro/tse-cria-comissao-para-ampliar-fiscalizacao-e-
transparencia-do-processo-eleitoral
9
https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Julho/veja-os-aprimoramentos-do-processo-eleitoral-a-
partir-das-sugestoes-da-cte
8
revolução tecnológica advinda com as urnas eletrônicas, os mecanismos de auditoria se
tornaram muito mais sofisticados, o que impôs às instituições democráticas, aos partidos
políticos, às empresas/entidades especializadas em Engenharia e aos pesquisadores
qualificados a missão de auditar/fiscalizar o sistema eleitoral e traduzir à população em
geral a compreensão de como o registro e a contabilização do voto são feitas, bem como
quais os mecanismos que vão assegurar que o resultado das eleições efetivamente
corresponda à vontade do eleitor - cer teza da autenticidade do r esultado da votação.
10
https://www.tse.jus.br/internet/temporarios/urna-seguranca/oportunidades-de-auditoria-e-fiscalizacao.html
9
32. In casu, com relação aos procedimentos de auditoria e fiscalização
posteriores às eleições, o próprio TSE expressamente indica que, até 3 (três) dias após o 2º
Turno do pleito, publicará em seu site: (i) os Boletins de Urnas - BUs, (ii) os Registros Digitais
do Voto - RDVs e (iii) os logs das urnas eletrônicas utilizadas na eleição, de sorte que, “com
esses arquivos, é possível auditar os resultados e o funcionamento das urnas em todo o país”.
Confira-se 11:
BU
● “É com esse comprovante, emitido e publicado no final do pleito em
cada seção eleitoral, que se pode conferir os resultados, inclusive
comparando com o que é divulgado pela Justiça Eleitoral na internet.”
RDV
● “O Registro Digital do Voto (RDV), criado em 2003, permite a
recontagem dos votos da urna eletrônica por partidos políticos e
coligações a qualquer tempo.”
LOG
11
https://www.tse.jus.br/internet/temporarios/urna-seguranca/oportunidades-de-auditoria-e-fiscalizacao.html
12
https://www.tse.jus.br/hotsites/catalogo-publicacoes/pdf/glossario_eleicoes_informatizadas.pdf
10
● “Os logs são os registros de atividade, como o histórico, de qualquer
sistema. É onde se pode localizar possíveis alterações e acessos, como
um histórico de atividades desenvolvidas naquele programa.”
● “O log da urna é um elemento de auditoria importante para os
partidos políticos e demais entidades fiscalizadoras.”
● “A partir das Eleições 2022, os logs das urnas também estarão
disponíveis na Internet para qualquer cidadão.”
34. Portanto, dos três arquivos publicados pelo TSE após as eleições (BUs,
RDVs e LOGS), com relação à auditoria e fiscalização do funcionamento correto das urnas
eletrônicas pelos partidos políticos e demais entidades fiscalizadoras, essa e. Corte
disponibiliza, para cada urna, um arquivo chamado Log de Urna (LOG), que nada mais é que
o registro de todas as atividades (i.e., histórico) ocorridas no equipamento.
11
37. A partir dessas informações, o Partido Liberal – PL, entidade
fiscalizadora das eleições (Resolução TSE nº 23.673/2021), solicitou à entidade técnica
especializada – especificamente contratada, com recursos próprios, para o fim de auxiliar a
agremiação na fiscalização do pleito, Instituto Voto Legal (IVL) 13 – que fizesse a auditoria
acerca do funcionamento das urnas eletrônicas do pleito eleitoral de 2022.
13
INSTITUTO VOTO LEGAL - IVL, pessoa jurídica de direito privado, com sede à Rua Darwin nº 1000, Bloco
3, nº 61, São Paulo, SP, CEP 04741-011, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 44.616.362/0001-87, que se fez representar
por seu Presidente, Carlos César Moretzsohn Rocha, portador da CI nº 14.339.372-8-SSP/SP, inscrito no CPF sob
o nº 352.621.317-53.
14
Currículos integrais em anexo.
12
do Voto (RDV) e a emissão do Boletim de Urna (BU), e, consequentemente, na ausência de
certeza quanto à autenticidade do resultado da votação.
43. Ora, como já destacado em linhas volvidas, cada uma das mais de
quatrocentos mil urnas eletrônicas utilizadas nas Eleições Gerais realizadas em 2022 deveria
apresentar um número válido para o código de identificação de cada urna, em cada linha de
registro de atividade no arquivo LOG DE URNA, correspondente ao número de série do
equipamento, já que esse “importante elemento de auditoria” – conceituação desse próprio
TSE – consubstancia, ao fim e ao cabo, verdadeiro código de identificação da urna
eletrônica, pois, além de ser gravado de forma imutável em seu hardware, urna eletrônica
física, compila o registro de todas as atividades realizadas naquele equipamento específico
desde o início do processo eleitoral até o encerramento da votação.
13
eleitoral brasileiro exige (i.e., certeza, e não probabilidade), a vinculação entre a unidade
física – urna eletrônica – e o documento gerado por ela.
48. Apesar disso, como comprova o relatório técnico apresentado pelo IVL,
TODAS as urnas eletrônicas anteriores ao modelo UE2020 (i.e., UE2009, UE2010, UE2011,
UE2013 e UE2015) exibiram, após o encerramento do procedimento de votação, em
flagrante e insuperável falha sistêmica, o número de LOG genérico 67305985.
14
52. Em outras palavras, a correta individualização da urna eletrônica física
que gerou o documento que retrata o resultado da finalização do processo eleitoral – e, quanto
ao funcionamento da urna eletrônica, trata-se do “Log de Urna” –, é essencial para se garantir
a estrita correspondência entre os votos depositados na urna e as informações lançadas nos
mencionados documentos.
15
https://www.tse.jus.br/hotsites/catalogo-publicacoes/pdf/glossario_eleicoes_informatizadas.pdf
16
CONEGLIAN, Olivar. Propaganda eleitoral. 3. ed. Curitiba: Juruá, 1998, p. 55.
15
Urnas eletrônicas fabricadas antes de 2020, não há como a Justiça Eleitoral assegurar a
vinculação entre as informações lançadas em tais documentos e as intervenções realizadas
em cada uma dessas urnas, conferindo cer teza da autenticidade do r esultado da votação.
16
59. É inegável a ausência de certeza – no mínimo – nas informações
constante nos arquivos de Log de Urna gerados com a mencionada falha, na medida em que o
número correto de identificação da urna eletrônica não aparece em nenhum campo de nenhuma
linha do arquivo LOG disponibilizado pelo e. TSE.
UE2013
17
UE2011
UE2010
18
UE2009
19
UE2020
66. Em palavras claras: como certificar que o total de votos por partido,
total de votos por candidato, total de votos em branco, total de comparecimento em voto e total
de nulos 17, registrados naquele Boletim de Urna representaria, de forma real e fidedigna, os
votos depositados pelos eleitores na urna nº 1789250?
17
Dados essenciais e que devem constar no Boletim de Urna emitido por cada seção eleitoral após a conclusão da
votação, nos termos do Glossário Eleitoral Brasileiro, disponibilizado no site do Tribunal Superior Eleitoral
(https://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/glossario-eleitoral)
20
67. A grave falha objetiva ora apontada é justamente essa, relembrando
que, com relação à fiscalização e auditoria do funcionamento das urnas eletrônicas, o LOG DE
URNA é o elemento importante e essencial para se verificar a idoneidade do sistema eleitoral
no momento posterior à eleição.
70. De igual forma, sequer a certificação digital nos arquivos LOG dar
urnas modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015 se encontra dentro dos
parâmetros legais estabelecidos pela Lei Federal nº 14.063/2020 e Medida Provisória nº
2200/2001. É dizer, a certificação digital eventualmente existente naqueles arquivos não é
aderente aos marcos legais (ICP-Brasil), tratando-se de certificação interna e exclusiva dos
sistemas da Justiça Eleitoral.
21
nas atividades e intervenções humanas realizadas nos sistemas, programas e no
funcionamento das urnas eletrônicas.
74. Não foi o que ocorreu. Da forma em que os arquivos de LOG das Urnas
foram disponibilizados, sem a correta indicação do Código de Identificação da respectiva urna
eletrônica, a auditoria pelos órgãos de fiscalização restou na verdade impossibilitada, na medida
em que, repita-se, não há como realizar uma associação fiel do arquivo LOG com uma urna
específica e, para além disso, também não há como relacionar tal arquivo com os demais
elementos de auditoria de votos (BU e RDV) supostamente emitidos pelo mesmo
equipamento.
76. Mas não é só. O mau funcionamento das urnas fabricadas antes de 2020
restou evidenciado ainda em razão de outras graves constatações realizadas pelo IVL após a
análise dos eventos e falhas registrados nos arquivos de LOG disponibilizados no site do TSE.
18
https://www.tse.jus.br/hotsites/catalogo-publicacoes/pdf/glossario_eleicoes_informatizadas.pdf
22
78. Conforme se infere do relatório técnico elaborado pelo IVL, “houve
cerca de 800 (oitocentos) casos de violação do sigilo de dados pessoais, tais como número do
título do eleitor e nome completo do eleitor”, sendo que tais ocorrências só se verificaram nas
urnas modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015.
80. Tais dados, associados ao registro da hora exata em que o erro foi
anotado no LOG da urna, certamente têm o condão de vulnerar a cláusula pétrea que garante a
todo cidadão brasileiro o sigilo do voto, dada a potencialidade de identificação do eleitor.
82. In casu, ainda que verificada em cerca de 800 (oitocentos casos), não
há como negar que a existência de hipótese sistêmica que faz registrar no LOG da urna
eletrônica o horário e o nome – ou número do título – do eleitor que estava votando quando o
equipamento apresentou determinado tipo de erro, fere, objetivamente, o sigilo e a liberdade do
voto, porque desponta uma alta potencialidade de identificação do eleitor.
23
84. Ainda sobre a gravidade das falhas sistêmicas de funcionamento
verificadas nos arquivos LOG DE URNA disponibilizados para auditoria por essa e. Corte
Eleitoral, cumpre transcrever algumas das importantes questões indicadas pelos experts que
elaboraram o relatório técnico que instrui a presente representação. Verbis:
24
LOG com o número correto do respectivo código de identificação
conforme a especificação do TSE, na quarta coluna.
25
(iv) Ação ilícita de servidores internos ou colaboradores
terceirizados, com a intenção de manipular os resultados
da eleição.
(...)
26
Resposta ao Quesito o - Foram encontradas evidências de
violação do sigilo quanto ao ato de votar e da possibilidade de
perda do voto do eleitor, durante o processo de votação?
Sim. Há vários casos em que o software da urna eletrônica trava,
durante a operação, enquanto o eleitor está votando. Em alguns
casos, quando a urna eletrônica apresenta um erro, o LOG mostra,
no arquivo LOG, uma mensagem de erro com o nome do eleitor
(Exemplo: JOSE PAULO DE ANDRADE), causando a violação do
sigilo do ato de votar.
Após travar, a urna eletrônica é desligada pela chave, pelo
mesário, no meio do período de votação. No 2º Turno, há mais de
75.000 ocorrências deste evento. Nas urnas eletrônicas de
modelos antigos, há vários casos em que o software trava,
durante a operação e a votação do eleitor. Após travar, a urna
eletrônica é desligada pela chave, pelo mesário, no meio do
período de votação. Nestes eventos de travamento, há um forte
indício adicional de que os votos do eleitor foram perdidos, porque
o LOG não apresenta a mensagem “O voto do eleitor foi
computado”
27
que se impõe com relação ao princípio constitucional da autenticidade do resultado da votação
e da imposição de se garantir ao cidadão que ele tenha a certeza de que seu voto foi devidamente
registrado e computado no resultado final, assegurado o sigilo do ato de votar.
88. Outra solução não poderia ser aplicada, isso porque a violação da
sistemática prevista na Lei nº 9.504/1997 e na Resolução nº 23.673/2021, implica violação total
e absoluta do arcabouço normativo, afetando diretamente a credibilidade do sistema eleitoral e,
diretamente, o próprio sistema democrático que depende da integridade do voto para assegurar
a alternância de poder e a soberania popular.
19
No Segundo Turno das Eleições de 2022 foram utilizadas 472.027 (quatrocentas e setenta e duas mil e vinte e
sete) urnas, dentre as quais 192.691 (cento e noventa e duas mil, seiscentos e noventa e uma) urnas do modelo
UE2020, e 279.336 (duzentas e setenta e nove mil, trezentos e trinta e seis) urnas dos modelos anteriores (i.e.,
UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015)
28
91. A partir da auditoria realizada apenas com base nos resultados
decorrentes das urnas do modelo UE2020 (40,82% do total das urnas utilizadas no 2º
Turno) – que, reitere-se, possibilitam, com a certeza necessária, validar e atestar a
idoneidade de seus votos –, o r esultado que objetivamente se apr esenta atesta, neste
espectr o de cer teza eleitor al impositivo ao pleito, 26.189.721 (vinte e seis milhões, cento e
oitenta e nove mil, setecentos e vinte e um) votos ao Pr esidente J air Messias Bolsonar o, e
25.111.550 (vinte e cinco milhões, cento e onze mil, quinhentos e cinquenta) votos ao
candidato Luiz Inácio Lula da Silva, r esultando em 51,05% dos votos válidos par a
Bolsonar o, e 48,95% par a Lula. Confira-se:
29
92. O que se busca evidenciar com este resultado empírico extraído das
urnas eletrônicas do modelo UE2020 (repita-se, distribuídas aparentemente de forma
proporcional e equitativa pelo país pela própria Justiça Eleitoral), a partir de elementos
de auditoria válida e que atestam a autenticidade do resultado eleitoral com a certeza
necessária – na concepção do próprio Tribunal Superior Eleitoral – é que os votos válidos
e auditáveis do Segundo Tur no do pleito eleitor al de 2022 atestam r esultado difer ente
daquele que anunciado por esse Tr ibunal Super ior Eleitor al no dia 30/10/2022, confer indo
posição pr efer encial de 51,05% da população ao Pr esidente J air Bolsonar o.
30
93. Ora, Excelências. A uniformidade na forma de apuração dos votos é
essencial para a higidez das eleições. É absolutamente injustificável que tenhamos um resultado
eleitoral que confere vitória a determinado candidato a partir da apuração de quase metade das
urnas em que utilizado um modelo de urna auditável (UE2020) – que segue a íntegra dos
padrões e requerimentos lançados nas normas de fiscalização e auditoria divulgados por esse e.
TSE –, e um outro resultado, em sentido oposto, dando vitória a outro candidato, quando são
somados às urnas confiáveis os resultados que “aparecem” nas urnas que comprovadamente
possuem falhas graves de funcionamento e que não podem ser devidamente auditadas e
fiscalizadas (i.e., urnas dos modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015).
31
das providências consequenciais devidas, assegure que a manifestação da vontade popular seja
registrada segundo os parâmetros de justiça exigidos pelo regime democrático brasileiro.
V. PEDIDOS
32
99. Pede, ainda, que todas as publicações relativas ao presente feito sejam
realizadas em nome do advogado Dr. MARCELO LUIZ ÁVILA DE BESSA, OAB/DF 12.330,
sob pena de nulidade.
100. Cumpre frisar, por derradeiro, que a defesa dos Requerentes manifesta,
neste ato, o interesse em realizar sustentação oral quando a ação for levada à sessão de
julgamento e, para tanto, elabora prévio e expresso requerimento, no sentido de que seja
notificado com antecedência legal da referida sessão.
33