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Bruno Cabral

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UNIVERSIDADE DE RIO VERDE (UniRV)

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

BRUNO CABRAL FARIA

RELATÓRIO TÉCNICO SOBRE ABERTURA E FECHAMENTO DE


EMPRESAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2019

RIO VERDE, GO
2021
BRUNO CABRAL FARIA

RELATÓRIO TÉCNICO SOBRE ABERTURA E FECHAMENTO DE EMPRESAS


NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2019

Relatório Técnico-Científico apresentado como


requisito para a aprovação na disciplina de Trabalho
de Conclusão de Curso II no curso de bacharelado
em Ciências Contábeis da Universidade de Rio
Verde (UniRV) sob a orientação da Professora Ma.
Eliene Aparecida Moraes.

RIO VERDE, GO
2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, que sempre foram meus maiores apoiadores na vida pessoal,
profissional e acadêmica – em especial ao meu pai, que faleceu em julho deste ano. Agradeço
ao corpo docente da universidade, que me ajudou a chegar até aqui – especialmente a Prof.ª
Ma. Eliene Aparecida de Moraes, que aceitou o desafio de me instruir na realização deste
trabalho. Agradeço aos meus colegas de classe e trabalho pelo apoio e ajuda durante essa fase
da minha vida.
RESUMO

O objetivo deste relatório técnico-científico é apresentar os dados referentes a aberturas e


fechamentos de empresas no Brasil no período de 2000 a 2019. Foram coletados dados
disponíveis no Mapa de Empresas do IBGE de diferentes naturezas jurídicas (Sociedade
Limitada, Cooperativa, Eireli, Empresário Individual e Sociedade Anônima) dos 26 estados
brasileiros e do Distrito Federal, e então distribuídos em períodos de 4 anos, chegando assim a
5 recortes de períodos. Esses recortes foram distribuídos em tabelas regionais e nacionais, para
que fosse analisado o escopo geral do país e as regiões que o compõem. As análises mostram
diversas diferenças e desigualdades na economia brasileira, com grande parte das empresas
nacionais presentes nas regiões Sul e Sudeste, enquanto o Centro-Oeste tem um papel relevante
na economia, embora ainda distante, e as regiões Norte e Nordeste têm baixos números em
relação aos demais. Mostram também os impactos da crise de 2008 no Brasil e o aumento do
número de empresas presentes no país em relação ao início do século.

Palavras-Chave: Abertura. Fechamento. Brasil.


ABSTRACT

The purpose of this technical-scientific report is to present data regarding openings and closings
of companies in Brazil in the period of 2000 to 2019. Data available in the IBGE’s (Brazilian
Institute of Geography and Statistics) Demography of Enterprises of different legal natures
(Limited Society, Cooperative, Eireli, Individual Entrepreneur, and Anonymous Society) were
collected from the 26 Brazilian states and the Federal District, and then distributed in periods
of 4 years, thus reaching cuts of 5 periods. These cuts were distributed in regional and national
tables, so that the general scope of the country and the regions that compose it could be
analyzed. The analyzes show several differences and inequalities in the Brazilian economy,
with most national companies present in the South and Southeast regions, while the Central-
West plays a relevant role in the economy, although still distant, and the North and Northeast
regions have low numbers in relation to the others. They also show the impacts of the 2008
crisis in Brazil and the increase in the number of companies present in the country in compared
to the beginning of the century.

Keywords: Openings. Closings. Brazil.


LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Quantidade de empresas abertas e extintas durante o período de 2000 a 2019 no


Brasil......................................................................................................................................... 13
TABELA 2 – Índices de abertura e fechamentos de empresas durante o período de 2000 a
2019 no Brasil........................................................................................................................... 13
TABELA 3 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na
região Centro-Oeste .................................................................................................................. 16
TABELA 4 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na
região Sudeste ........................................................................................................................... 17
TABELA 5 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na
região Sul .................................................................................................................................. 19
TABELA 6 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na
região Nordeste ......................................................................................................................... 20
TABELA 7 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na
região Norte .............................................................................................................................. 21
TABELA 8 – Médias de abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a
2019 nas regiões brasileiras por estado .................................................................................... 21
LISTA DE ABREVIATURAS DE SIGLAS

PMEs – Pequenas e Médias Empresas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

EI – Empresário Individual

GEM – Global Entrepreneurship Monitor


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8
1.1 OBJETIVO ....................................................................................................................... 8
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 9
2 METODOLOGIA................................................................................................................ 11
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO SOBRE OS DADOS .............................................................. 12
3.1 Abertura e Fechamento de Empresas em nível de país .................................................. 12
3.2 Abertura e Fechamento de Empresas por Regiões Brasileiras ....................................... 15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
8

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é considerado uma economia emergente, que vem crescendo desde o final do
século XX e início do século XXI, passando por altas e baixas no mercado. Segundo o Banco
Mundial, o Brasil alcançou uma população de aproximadamente 211 milhões de pessoas em
2019, sendo o 6º país mais populoso do mundo. Com tanta gente e com tantas possibilidades
de mercado, o país atrai investimentos estrangeiros e oportunidades de negócios para novas
empresas.

Essas oportunidades geram bons frutos, prosperidade e oportunidades de emprego para


a população, mas também ampliam a desigualdade social entre as regiões. Os habitantes de
regiões onde as oportunidades não chegam são obrigados a procurar por alternativas: migrar
para outras regiões onde há oportunidades ou criar a oportunidade por si sós.

Abrir um negócio por si só é um desafio, pois o amanhã não é garantido, e são diversos
os fatores que devem ser levados em consideração para a sobrevivência do empreendimento –
alguns são simples, outros, mais complicados. Só o desejo de ter um negócio não basta: é
preciso planejamento e conhecimento. Não é à toa que estudos realizados pelo SEBRAE
apontam que 24% das empresas fecham com menos de dois anos de existência.

Esse estudo busca representar um pouco do panorama empresarial do Brasil de modo


geral e dentro de suas regiões, apresentando números de aberturas e fechamentos ao longo dos
anos, permitindo uma análise sobre a desigualdade social, naturezas jurídicas mais utilizadas,
anos com os melhores e piores números de aberturas e fechamentos, fatores que levam as
pessoas a empreender, entre outros.

1.1 OBJETIVO

Trata-se de relatório técnico-científico com o objetivo de apresentar dados estatísticos


sobre a abertura e fechamento de empresas no Brasil.
9

1.2 JUSTIFICATIVA

O estudo desenvolvido neste relatório buscou tratar das taxas de natalidade e


mortalidade das empresas no Brasil. Embora existam muitas informações sobre o assunto em
diversas obras, não existem muitas pesquisas direcionadas especificamente para o tema, e os
trabalhos que mais se aproximam da temática são geralmente voltados para as taxas de
mortalidade e sobrevivência das empresas, deixando de lado as taxas de natalidade.

A criação de novas empresas é essencial para a geração de novos empregos e de


oportunidades para a mobilidade social, além de contribuir para o aumento da competitividade
e a eficiência econômica (NAJBERG; PUGA; OLIVEIRA, 2000). As pequenas e médias
empresas (PMEs) têm um impacto substancial em situações de desenvolvimento local, na
medida em que geram empregos e, consequentemente, incentivam o ambiente empresarial
regional (ANDRADE; DE LIMA; PIERINI; TAVARES, 2004).

Sobre a importância da criação de empresas para a geração de empregos, Castanhar


(2007) discorre que regiões com menores taxas de natalidade, embora não sofram no curto
prazo com a criação de empregos, acabam perdendo a capacidade de geração de empregos no
longo prazo.

As micro e pequenas empresas têm um papel de extrema importância no


desenvolvimento e na sustentação da economia brasileira, pois estão espalhadas em grande
quantidade por todo o Brasil e pela sua fortíssima capacidade geradora de empregos
(KOTESKI, 2004).

Com o nível de desemprego, os pequenos negócios passaram a ser alternativa de


ocupação de mão de obra; com isso, surgiram as iniciativas para a abertura de micro e pequenas
empresas (SILVA, 2015).

A abertura de novos negócios é, muitas vezes, impulsionada pelo desejo de


independência financeira ou mesmo como uma forma de se enfrentar o desemprego
(BARRETO; ANTONOVZA, 2016). Cestare e Peleias (2008) apontam também que as PMEs
surgem a partir da ação de pessoas que se lançam ao empreendimento na busca de realização
profissional e pessoal.

Pinheiro e Neto (2019) apontam que alguns fatores que contribuem para mortalidade
das micro e pequenas empresas no Brasil são:
10

Desempregados antes de abrir o negócio; pouca experiência no ramo; abriram


o negócio por necessidade ou exigência de cliente/fornecedor; ausência de
planejamento; falta de apoio financeiro dos bancos; falta de inovação nos
produtos/serviços; falta de investimento na capacitação da mão-de-obra; não
faziam o acompanhamento rigoroso de receitas e despesas; e falta de
capacitação em gestão empresarial.

Borges e Oliveira (2014) apontam que fatores como deficiência no planejamento, falta
de técnicas de marketing, de avaliação de custos e fluxo de caixa e desenvolvimento de novos
produtos também influenciaram o índice de mortalidade/sobrevivência das PMEs, sendo outros
responsáveis pela mortalidade de empresas no Brasil.

Quanto a fatores condicionantes para o insucesso das empresas, Souza et al. (2011)
apontam que alguns fatores determinantes para tal são: culpa do governo, da inflação, do
mercado, dos concorrentes, dos fornecedores, dos juros altos cobrados pelos bancos e da
infidelização dos clientes. A carga tributária elevada é o fator assinalado que mais impacta as
empresas (SEBRAE, 2007, p. 40).

Existem também fatores internos que podem ser impactantes para a falta de sucesso das
empresas, tais como o desencontro dos objetivos da empresa com os interesses do empresário
e a falta de recursos financeiros para tocar o negócio (SOUZA et al., 2011).

De acordo com Fatoki (2014) apud Pinheiro e Neto (2019), as pequenas e


microempresas são importantes para enfrentar os desafios da criação de emprego, crescimento
econômico, distribuição equitativa da renda e estímulo geral do desenvolvimento econômico.
Como as PMEs são cruciais para o desenvolvimento do país, o fechamento desse tipo de
empresa traz consequências como a eliminação de postos de trabalho, perdas financeiras e
problemas de autoestima (BORGES & OLIVEIRA, 2014).

Sobre a relevância das empresas para o crescimento e desenvolvimento econômico do


país, Rocha (2008) aponta que as microempresas são de extrema importância para tal, pois em
tempos de crise, onde as vagas de empregos oferecidas pelas grandes empresas se tornam
escassas, os pequenos empreendimentos se tornam uma alternativa de ocupação para a
população.

Em 2019, uma pesquisa divulgada pelo IBGE apontou que 50,5% das empresas ativas
estão no Sudeste, 22,5% no Sul, 14,9% no Nordeste, 8,4% no Centro Oeste e 3,7% no Norte.

O tema abordado tem relevância por estar diretamente ligado ao aspecto econômico das
cidades, estados e país desde a geração de empregos e a contribuição através de impostos. Por
11

isso, é importante se aprofundar no tema, pois uma empresa que fecha significa uma
determinada quantidade de empregos que deixa de existir e um valor de impostos que deixa de
ser recolhido para o governo, enquanto uma empresa que abre é um leque de novas
oportunidades para crescimento do ramo e da economia no geral.

O relatório técnico delimita-se à apresentação de dados estatísticos sobre a abertura e


fechamento de empresas no Brasil num período de 20 anos (2000 a 2019), abrangendo todos os
tipos de sociedade e empresas individuais.

2 METODOLOGIA

Em relação aos procedimentos de pesquisa, foi utilizada a pesquisa exploratória para o


desenvolvimento deste relatório técnico-científico. De acordo com Révillion (2003), a pesquisa
exploratória é o primeiro contato com o tema a ser trabalhado, com os sujeitos a serem
investigados e com as fontes secundárias disponíveis. Essas pesquisas têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Pode-
se dizer que essas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a
descoberta de intuições (GIL, 2002).

A coleta de dados para o desenvolvimento do relatório técnico-científico foi realizada


através do website do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem como
missão retratar o Brasil através de análise, pesquisa e disseminação de informações de natureza
estatística (demográfica e socioeconômica) e geocientífica (geográfica, cartográfica, geodésica
e ambiental).

O método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico documental, pois apoia-se em artigos,


teses e livros sobre o assunto, e se utiliza de documentos resultantes de pesquisas realizadas
pelo IBGE e pelo Governo Federal, que podem ser encontrados no mapa de empresas no website
do governo, com uma análise das informações disponibilizadas. Sobre a pesquisa bibliográfico-
documental, Gil (2002) discorre da seguinte maneira:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,


constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa
documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da
pesquisa.
12

Os dados coletados para a realização deste projeto foram organizados em planilhas


eletrônicas de maneira que esses dados brutos fossem lapidados e se tornassem comparáveis,
permitindo assim um estudo mais profundo sobre a abertura e fechamento de empresas no
Brasil.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO SOBRE OS DADOS

Foram recolhidas informações do período de 2000 a 2019 sobre abertura e fechamento


de empresas, e também informações referentes a abertura de empresas de acordo com suas
naturezas jurídicas (Sociedade Limitada, Cooperativa, Eireli, Empresário Individual e
Sociedade Anônima), que foram selecionadas em função de sua representatividade no total de
aberturas no período abordado. Em 2021, até do mês de setembro, existem 18.732.361 empresas
ativas de acordo com os dados disponibilizados no website do IBGE, no Painel Mapa de
Empresas, e 99,66% das empresas se caracterizam como cooperativas (0,18%), Eireli (5,45%),
empresários individuais (70,32%), sociedades anônimas (0,93%) e sociedades limitadas
(22,78%).

Os demais tipos de empresas – consórcio de sociedades e simples, empresa pública,


sociedade estrangeira, grupo de sociedades, sociedade de economia mista, sociedade em
comandita por ações, sociedade em comandita simples, sociedade em conta de participação e
sociedade em nome coletivo – somam apenas 0,34% do total de empresas ativas. Por isso, os
tipos acima mencionados foram escolhidos por conta da representatividade no percentual total
de empresas ativas no ano de 2021 (dados colhidos até o mês de setembro).

Os dados recolhidos foram divididos em recortes de 4 anos, que deram origem a 5


períodos para a análise. A análise foi dividida em duas partes: a primeira seção analisa os dados
referente ao Brasil e segunda seção foca na análise dos dados referente às regiões do país.

3.1 ABERTURA E FECHAMENTO DE EMPRESAS EM NÍVEL DE PAÍS

Nessa seção buscou-se apresentar a análise referente a abertura e fechamento de


empresas no Brasil durante o período de 2000 a 2019, englobando empresas tipificadas como
Sociedades Limitadas, Cooperativas, Eireli, Empresário Individual e Sociedade Anônima. A
13

Tabela 1 demonstra a quantidade de empresas abertas e extintas durante o período de 2000 a


2019, no geral e para cada tipo específico de empresa.

TABELA 1 – Quantidade de empresas abertas e extintas durante o período de 2000 a 2019 no


Brasil

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
Abertas 2.012.087 2.102.714 4.377.678 7.441.336 10.120.298
Total de Empresas
Extintas 594.342 659.039 4.048.974 2.700.119 5.463.778
Sociedades Limitadas
Abertas 1.055.907 1.061.348 1.371.560 1.140.601 1.037.583
Cooperativas Abertas 9.811 8.877 7.543 6.420 7.243
Eireli Abertas 50.769 72.819 134.678 349.260 538.153
Empresário Individual
Abertas 864.895 922.601 2.811.228 5.890.544 8.480.546
Sociedades Anônimas
Abertas 27.037 32.458 44.728 42.737 39.077
Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao analisar as Tabela 1, podemos identificar que desde o início do período estudado


existe um crescimento constante nos números de abertura e fechamentos de empresas. O
período em que mais houve empresas abertas e extintas foi o de 2016-2019, com o total de
10.120.298 empresas abertas e 5.463.778 empresas extintas, enquanto o período com os
menores números de abertura e extinção de empresas foi de 2000-2003, com um total de
2.012.087 empresas abertas e 594.342 empresas fechadas.

TABELA 2 – Índices de abertura e fechamentos de empresas durante o período de 2000 a


2019 no Brasil

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
Abertas - 1,05 2,08 1,70 1,36
Total de Empresas
Extintas - 1,11 6,14 0,67 2,02
Sociedades Limitadas
Abertas - 1,01 1,29 0,83 0,91
Cooperativas Abertas - 0,90 0,85 0,85 1,13
Eireli Abertas - 1,43 1,85 2,59 1,54
Empresário Individual
Abertas - 1,07 3,05 2,10 1,44
Sociedades Anônimas
Abertas - 1,20 1,38 0,96 0,91
14

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao se observar as tabelas 1 e 2, nota-se que as naturezas jurídicas de Sociedades


Limitadas e Anônimas vêm em queda em relação à quantidade de aberturas, com seus ápices
em quantidade de empresas abertas no período de 2008-2011, enquanto as Cooperativas tiveram
seus melhores números no início do século, com baixa nos números de aberturas nos períodos
de 2008-2011, 2012-2015 e 2016-2019. Embora esse último tenha apresentado uma melhora
em relação ao período de 2012-2015, passa longe do ápice para esta natureza jurídica.

Enquanto isso, as do tipo Eireli e Empresário Individual estão em uma crescente, com
dez vezes mais empresas de natureza jurídica Eireli abertas no período de 2016-2019 em relação
ao período de 2000-2003, e nove vezes mais empresas de natureza jurídica Empresário
Individual abertas em 2016-2019 em relação a 2000-2003.

Vale notar que de acordo com a Lei 14.195, publicada em 26 de agosto de 2021, chegam
ao fim as empresas de natureza jurídica Eireli e é criada uma nova natureza, a Sociedade
Limitada Unipessoal. Também como descrito no artigo 41, as 1.021.681 empresas Eireli ativas
no Brasil no ano de 2021 serão transformadas em Sociedade Limitada Unipessoal no decorrer
do tempo.

Em relação aos números de aberturas e fechamentos no geral, ao se comparar os


períodos, o de 2008-2011 tem o maior crescimento de abertura e fechamento de empresas em
relação ao período anterior, com um crescimento de 2,08% nas aberturas e um crescimento
exorbitante de 6,14% no fechamento de empresas, o que fez com que o número total de
extinções fosse bem próximo ao número total de aberturas. Fica o destaque para o ano de 2008
nesse recorte, pois contribuiu com 3.370.090 extinções de empresas de um total de 4.048.974
extinções do período inteiro. Esse alto número de fechamento de empresas no ano de 2008 pode
ser explicado pela crise financeira que assolou o mundo, que fez com que muitos países
entrassem em recessão e levou muitas empresas à falência e a altos índices de desemprego.
Outros impactos que a crise de 2008 criou no Brasil foi a queda no valor das ações e aumento
no preço do dólar, além da diminuição de crédito e redução dos investimentos internacionais.
(UOL, 2016)

Outro período em que as extinções tiveram altos números foi o de 2016-2019, mas não
chegou a ser próximo à quantidade de aberturas que houve no período. O alto número de
fechamentos do período, ao contrário do recorte de 2008-2011, não foi fortalecido apenas por
um ano específico, como o que ocorreu no ano de 2008 – embora haja algum destaque para o
15

ano de 2018, que teve 2.420.120 extinções, bem próximo à quantidade total de aberturas do
mesmo ano, que foi de 2.632.935.

De certa forma, o melhor período para as empresas nesse recorte de 2000 a 2019 foi o
de 2012-2015, pois houve um crescimento de abertura e um decréscimo no fechamento de
empresas em relação ao período anterior, apresentando inclusive número de fechamento de
empresas inferiores ao período posterior.

O grande crescimento na abertura de empresas do período de 2008-2011 a 2016-2019


pode estar diretamente ligado ao aumento na abertura de empresas de natureza jurídica,
Empresário Individual e Eireli, conforme observado acima. O Empresário Individual (EI) é
comumente confundido com o MEI, entretanto, embora o EI também seja uma natureza jurídica
voltada para o empreendedor que não pretende ter sócios, não tem a limitação de faturamento
do MEI e apresenta uma gama maior de atividades que podem ser desenvolvidas sob esse tipo
de empresa. Enquanto a Eireli possui as mesmas vantagens do EI, acaba se sobressaindo pelo
fato de que, na Eireli, o patrimônio pessoal é separado do patrimônio da empresa. Um estudo
realizado pelo consórcio Global Entrepreneurship Monitor (GEM), intitulado
“Empreendedorismo no Brasil”, em parceira com organizações brasileiras, aponta que isso se
deve ao desemprego e ao desejo de empreender e de ter liberdade financeira, ao aumento da
escolaridade dos brasileiros, à redução da burocracia para a abertura de um novo negócio e às
mudanças na sociedade no geral, que agora se encontra cada vez mais voltada para a atividade
empreendedora.

3.2 ABERTURA E FECHAMENTO DE EMPRESAS POR REGIÕES


BRASILEIRAS

O Brasil é um país composto por 26 estados e o Distrito Federal, distribuídos em cinco


regiões (Centro-Oeste, Sudeste, Sul, Nordeste e Norte). Dentre todas as regiões, a Sudeste é o
principal polo empresarial do país – com destaque para o estado de São Paulo – e, portanto, tem
os maiores números de abertura e fechamento de empresas no país. Enquanto isso, a região
Norte tem os piores números de abertura e fechamento de empresas no país, com destaque
negativo para os estados de Roraima, Amapá e Acre.

Embora as regiões Centro-Oeste, Sul e Nordeste tenham desempenhos melhores que o


Norte, ainda é nítida a discrepância entre as regiões, principalmente quando se leva em
16

consideração que a região Sudeste tem as maiores movimentações de abertura e extinções de


empresas e a Sul tem o segundo maior número de aberturas e extinções. Juntas, têm sete estados,
enquanto a região Nordeste sozinha tem nove estados e apresenta números superiores apenas
ao Norte e ao Centro-Oeste. Ainda deve ser levado em consideração o fato de que o Centro-
Oeste tem um bom desempenho em relação ao Nordeste, considerando que é formado por
apenas três estados e o Distrito Federal.

TABELA 3 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na


região Centro-Oeste

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
Abertas
173.334 179.030 401.544 672.123 886.452
Total de Empresas
Extintas 42.769 47.436 359.597 235.424 480.098
Sociedades Limitadas
Abertas 95.469 96.184 130.900 106.710 97.252
Cooperativas Abertas
988 826 707 611 761
Eireli Abertas
5.786 8.387 16.854 50.049 82.442
Empresário Individual
Abertas 68.641 70.534 248.701 509.931 701.255
Sociedades Anônimas
Abertas 2.136 2.652 3.816 3.702 3.470
Fonte: Elaborado pelo autor.

Nessa seção foi feita uma análise da quantidade de abertura e fechamento de empresas
por região brasileira, começando pela região Centro-Oeste, conforme a Tabela 3.

A região Centro-Oeste, composta pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul e pelo Distrito Federal, é conhecida pelo seu destaque no agronegócio do país, graças ao
grande papel que tem na agricultura e na agropecuária. (SOUZA JUNIOR et al., 2020)

Nessa região destaca-se o estado de Goiás como a principal fonte de aberturas no


período e, de certa forma por consequência disso, o maior número de fechamentos na região.
Enquanto isso, o Mato Grosso do Sul é o estado com menos abertura e fechamento de empresas
na região. A região apresenta um total de 2.312.483 empresas abertas e um total de 1.165.324
empresas extintas no período de 2000-2019, que, divididas pelo número de estados na região,
resultam uma média de 578.121 empresas abertas e uma média de 291.331 empresas extintas
17

por estado, obtendo assim uma média de abertura e fechamento por estado inferior apenas às
regiões Sul e Sudeste, que têm médias de abertura de 1.574.533 e 3.271.876 por estado, e
médias de extinções de 865.905 e 1.683.370 por estado, respectivamente. Essas médias
mostram que a região Centro-Oeste fecha muito menos empresas que as Sul e Sudeste, mas
também abre muito menos delas.

No ano de 2008, quando explodiu a grande crise e o país teve os piores números de
fechamentos em relação aos números de abertura, a região Centro-Oeste teve 292.986 extinções
e apenas 60.192 aberturas, seu pior número de extinções de empresas no período analisado. A
região só voltou a ter números tão ruins no ano de 2018, quase 10 anos depois, quando teve
212.640 fechamentos, mas diferentemente do ano de 2008, nesse ano houveram mais aberturas
(231.305) que fechamentos. A região teve seus melhores números de aberturas de empresas no
ano de 2019, quando houveram 276.905 aberturas de empresas, com o estado de Goiás sendo
fonte de 115.132 delas.

TABELA 4 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na


região Sudeste

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
Abertas 954.802 989.104 2.111.106 3.743.774 5.288.718
Total de Empresas
Extintas 301.220 321.744 1.975.080 1.333.304 2.802.131
Sociedades Limitadas
Abertas 529.743 526.492 689.634 566.332 519.535
Cooperativas Abertas
4.188 3.200 2.445 2.046 2.440
Eireli Abertas
23.462 32.897 61.256 167.096 251.686
Empresário Individual
Abertas 379.896 405.103 1.328.388 2.978.690 4.483.452
Sociedades Anônimas
Abertas 15.612 18.951 24.518 23.505 20.727
Fonte: Elaborado pelo autor.

A região Sudeste, composta pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo, é o principal polo empresarial do país, apresentando os maiores números
de abertura e fechamento de empresas. Segundo dados do IBGE, a região é movida pelas
indústrias, pela pecuária e pelo turismo.
18

No Sudeste pode se destacar o estado de São Paulo como o principal responsável pelos
grandes números de aberturas e extinções de empresas, e o estado do Espírito Santo como o
“ponto fraco” da região. A região possui um total de 13.087.504 empresas abertas no período
analisado, que, dividido pelos quatro estados que compõem a região, resulta em uma média de
3.271.876 empresas abertas por estado; e 1.683.370 empresas fechadas, um pouco mais que
dobro de empresas abertas e extintas em relação à segunda região com as maiores médias de
abertura e fechamento de empresas por estado – a região Sul, que possui 1.574.533 empresas
abertas e 895.905 empresas fechadas por estado no período analisado e seis vezes mais
empresas abertas e fechadas por estado do que a região Nordeste, que possui média de 513.635
empresas abertas por estado e 254.623 empresas extintas por estado, e um total de empresas de
4.622.719 empresas abertas e 2.291.605 empresas extintas em todo o período de 2000-2019.

Dentro da região, por toda sua fama, glamour e visibilidade, chega a ser surpreendente
que o estado do Rio de Janeiro apresente menos aberturas de empresas que o estado de Minas
Gerais no período estudado – 2.397.439 empresas abertas, enquanto o estado de Minas possui
2.761.693. Não é uma diferença absurda, mas não deixa de ser um fato a ser observado,
mostrando assim a força do estado de Minas Gerais.

Durante a crise de 2008, a região teve um total de 1.655.875 extinções e apenas 299.677
aberturas, sendo este o ano com o maior número de fechamentos no período de 2000-2019.
Diferentemente da região Centro-Oeste, onde os números de extinções de 2018 foram próximos
aos de 2008 – embora tenha sido também o segundo ano com o maior número de extinções para
a região Sudeste –, não chegou a ser tão próximo, pois 2008 teve 397.262 extinções a mais que
2018. O melhor número de aberturas da região também foi no ano de 2019, quando houve
1.664.400 empresas abertas.

A região Sul, a menor do país, é composta por três estados: Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. O IBGE aponta que a região tem como destaque a agroindústria, em razão da
sua força na agricultura e na indústria.

Diferentemente das demais regiões, onde um estado acaba se sobressaindo em relação


aos demais e outro acaba ficando para trás, a região Sul é bem sólida, no geral, com números
bem semelhantes entre os estados – talvez com uma pequena diferença entre os estados do
Paraná e Rio Grande do Sul para Santa Catarina, mas nada tão discrepante quanto a diferença
encontrada nas outras regiões do país. A região possui um total de 4.723.599 empresas abertas
e 2.597.715 empresas fechadas no período analisado, o que dá uma média de 1.574.533
empresas abertas e 865.905 empresas extintas no período por estado – a segunda maior média
19

de empresas abertas e extintas por estado, atrás apenas da região Sudeste, que possui como
médias de aberturas e fechamentos 3.271.876 e 1.683.370, respectivamente, e uma média de
empresas abertas e extintas por estado três vezes maior do que a do Nordeste, que tem como
médias de abertura e fechamento 513.635 e 254.623, e uma média oito vezes maior que a região
Norte, que tem médias de 186.746 empresas abertas e 96.857 empresas fechadas por estado.
Esses números por si só já demonstram como a região Sul se sobressai em relação às demais
regiões, ficando atrás apenas do Sudeste.

TABELA 5 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na


região Sul

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
449.779 468.735 779.475 1.251.932 1.773.678
Abertas
Total de Empresas
149.366 175.125 802.506 526.501 944.217
Extintas
Sociedades Limitadas
251.144 255.694 296.974 243.723 232.774
Abertas
Cooperativas Abertas 2.177 2.750 2.311 1.987 2.222

Eireli Abertas 10.719 15.242 24.872 55.987 86.307


Empresário Individual
180.397 188.742 446.231 941.232 1.443.226
Abertas
Sociedade Anônimas
4.751 5.553 7.963 6.916 6.522
Abertas

Fonte: Elaborado pelo autor.

No ano de 2008, quando houve a grande crise, a região Sul teve 625.272 empresas
extintas e 135.248 empresas abertas. Nos demais anos analisados, teve altos números de
extinções novamente em 2015, 2018 e 2019, e tem como o maior número de aberturas de
empresas em um só ano, 2019, quando teve 553.746 empresas abertas. Então, assim como a
região Centro-Oeste, a região Sul não teve ocorrência de um número de aberturas tão alto que
superasse o seu maior número de extinções em um só ano.

O Nordeste é a região com o maior número de estados no país – nove, no total, sendo
eles: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe. O IBGE aponta que a região tem como destaque a produção de mercadorias
industrializadas e o turismo.
20

TABELA 6 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na


região Nordeste

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
Abertas 342.093 368.467 841.227 1.377.664 1.693.268
Total de Empresas
Extintas 79.077 96.772 675.152 474.405 966.199
Sociedades Limitadas
Abertas 141.157 141.587 195.077 175.273 148.704
Cooperativas Abertas 1.667 1.379 1.271 1.035 1.116
Eireli Abertas 7.257 11.019 21.195 49.927 79.295
Empresário Individual
Abertas 188.044 209.899 616.279 1.142.474 1.455.193
Sociedades Anônimas
Abertas 3.393 3.943 6.360 6.959 6.511
Fonte: Elaborado pelo autor.

No Nordeste, os estados que se destacam na abertura e fechamento de empresas são


Bahia, Ceará e Pernambuco, com a Bahia sendo responsável pela abertura de 1.405.825
empresas entre 2000-2019, enquanto a região inteira teve um total de 4.622.719 empresas
abertas. O destaque negativo da região fica por conta de Sergipe e Piauí. A região tem uma
média de 513.635 aberturas por estado no período analisado, o que mostra a disparidade da
Bahia para os demais estados, pois só ela possui quase o triplo dessa média, mostrando que a
disparidade que existe nas aberturas e fechamentos de empresas não existe apenas de uma
região para a outra, mas também dentro das próprias regiões.

No ano de 2008, durante a crise, a região Nordeste teve 580.632 extinções e 108.681
aberturas. Nos demais anos observados, a região voltou a ter altos números de fechamentos em
2015 e 2018. O ano de 2018, além de ter altos números de fechamento, foi o segundo ano do
recorte de 2000-2019 analisado em que a região teve mais extinções de empresas (442.022) do
que aberturas (433.591). O ano em que a região teve mais aberturas foi em 2019, quando teve
524.947 novas empresas.

O Norte é a segunda maior região do país em número de estados, com um total de sete.
São eles: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins. É a região com os
menores números de abertura e fechamento de empresas do país. Segundo dados do IBGE, a
região tem como destaque o extrativismo vegetal e mineral, em função da vasta disponibilidade
desses recursos.
21

TABELA 7 – Abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a 2019 na


região Norte

Dados das Empresas 2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015 2016-2019


Total de Empresas
Abertas 91.998 97.289 244.210 395.739 477.989
Total de Empresas
Extintas 21.904 17.935 236.619 130.452 271.090
Sociedades Limitadas
Abertas 38.359 41.355 58.945 48.523 39.231
Cooperativas Abertas 791 721 809 741 703
Eireli Abertas 3.544 5.272 10.499 26.198 38.377
Empresário Individual
Abertas 47.917 48.322 171.629 318.214 397.420
Sociedades Anônimas
Abertas 1.102 1.316 1.999 1.598 1.788
Fonte: Elaborado pelo autor.

O Norte tem um total de 1.307.225 empresas abertas no período de 2000-2019, muito


menos que qualquer outra região. Apresenta uma média de 186.746 empresas abertas por
estado, o que é muito pouco, comparado às outras regiões – principalmente o Sul e o Sudeste,
que têm como médias de abertura 1.574.533 e 3.271.876 empresas e médias de extinção de
865.905 e 1.683.370 empresas, respectivamente. Dentro da região, os estados com os maiores
números de abertura e extinção são o Pará e o Amazonas, e os destaques negativos da região
ficam por conta do Acre, do Amapá e de Roraima.

TABELA 8 – Médias de abertura e fechamento de empresas durante o período de 2000 a


2019 nas regiões brasileiras por estado

Total de Total de Média de Média de


Quantidade
Região Empresas Empresas aberturas extinções por
de estados
Abertas Extintas por estado estado
Centro-Oeste 2.312.483 1.165.324 4 578.121 291.331
Sudeste 13.087.504 6.733.479 4 3.271.876 1.683.370
Sul 4.723.599 2.597.715 3 1.574.533 865.905
Norte 1.307.225 678.000 7 186.746 96.857
Nordeste 4.622.719 2.291.605 9 513.635 254.623
Fonte: Elaborado pelo autor.

No ano de 2008, os números de extinções e aberturas na região Norte foram 215.320 e


31.413, respectivamente. A região Norte, assim como a Nordeste, voltou a ter números de
22

extinções maiores que aberturas no ano de 2018, quando teve 137.626 extinções e 116.856
empresas abertas.

No período analisado de 2000 a 2019, conforme mostra a tabela 8, as regiões com a


melhores médias de abertura por estado são a Sudeste e a Sul, com a Sudeste tendo um pouco
mais que o dobro da Sul, inclusive com o detalhe de ter um estado a mais. As médias das regiões
Nordeste e Centro-Oeste são bem próximas, mas deve ser ressaltada a diferença na quantidade
de estados, pois a região Nordeste tem cinco estados a mais que a Centro-Oeste. Caso a região
Nordeste tivesse quatro estados, teria uma média de 1.155.679 aberturas e 572.901
fechamentos, que seriam números muito bons, e assim ficaria perto da região Sul – o que torna
a análise ainda mais preocupante, pois uma região com tantos estados quanto a Nordeste deveria
movimentar mais empresas.

O mesmo vale para a região Norte, que, com sete estados, apresenta médias menores
que 200.000 empresas por estado, mostrando que existe disparidade até mesmo entre essa
região e a Nordeste.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há muito tempo se ouve que existem grandes disparidades entre as regiões brasileiras,
o que é inegável – mas, quando se coloca essas diferenças em números, pode-se observar que
são ainda piores que do que se imagina. Grande parte das empresas ativas no país ficam na
região Sudeste, para ser mais específico, no estado de São Paulo, e isso pode ser preocupante,
pois não poderia ser normal que mais da metade das empresas ativas em um país fiquem em
uma só região.

Tudo isso pode estar ligado a diversos fatores como: investimentos, qualidade da
educação, mercado atrativo, entre outros. Além disso, como são abertas menos empresas nessas
regiões, acaba ocorrendo o grande fluxo de migração de pessoas das regiões Norte e Nordeste
para as demais, principalmente para a região Sudeste, em busca de oportunidades, e
consequentemente em busca de uma qualidade de vida melhor, o que de certa forma acaba
enfraquecendo ainda mais aquelas regiões, que perdem mão de obra.

Deve-se também levar em consideração que os números de aberturas e fechamentos


cresceram muito em relação ao começo do século, com apenas 2.012.087 empresas abertas e
594.342 empresas extintas no primeiro recorte de tempo analisado de 2000-2003, e 10.120.298
23

empresas abertas e 5.463.778 empresas extintas no último recorte, 2016-2019. Tal crescimento
pode estar ligado à melhoria da qualidade da educação, melhorias nas burocracias para se abrir
novas empresas, melhorias tecnológicas, e, claro, na cultura empreendedora que vem crescendo
nos últimos anos. As duas últimas se complementam, pois é cada vez mais comum atualmente
que se vejam pequenos negócios anunciados nas redes sociais.
24

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