Legislação Laboral
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Índice
Código do trabalho
Regulamentação do trabalho ……………………………………………………………………………………………………………… Pág.4
Noção de contrato de trabalho…………………………………………………………………………………………………………….Pág.5
Tipos de contrato de trabalho……………………………………………………………………………………………………………… Pág.5
Celebração de contrato de trabalho………………….………………………………………………………………………………… Pág.6
Direito de trabalho
Direitos e deveres do trabalhador e do empregador…………………………………………………………………………… Pág.7
Prestação de trabalho
Categoria profissional………………………………………………………………………………………………………………………… Pág.13
Mobilidade funcional…………………………………………………………………………………………………………………………. Pág.13
Mobilidade geográfica…………………….………………………………………………………………………………………………… Pág.15
Modalidades de horário de trabalho……………………………………………………………………………………….………… Pág.16
O direito à retribuição
Retribuição……………………………………………..…………………………………………………………………………………………… Pág.29
Modalidades de retribuição……………………………………………………………………………………………………………….… Pág30
Regimes Especiais
Pré-reforma…………………………………………………….…………………………………………………………………………………… Pág.37
Trabalho temporário……………………………………………………………………………………………………………………….…… Pág.38
Trabalho no domicílio ou teletrabalho…………………………………………………………………………………………….…… Pág.38
Trabalho de estrangeiros……………………………………………………………………………………………………………………… Pág.39
Parentalidade……………………………………………………………………………………………………………………………….……… Pág.39
Trabalhador-estudante………………………………………………………………………………………………………………………… Pág.42
Igualdade de Oportunidades
Igualdade de condições de trabalho……………………………………………………………………………….…………………… Pág.43
Bibliografia …………………………………………………………………………………………………………………………………………..Pág.46
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Objetivos da UFCD 5247 – Legislação Laboral
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Código do Trabalho
Regulamentação do Trabalho
O Código do Trabalho define quais os direitos e deveres do trabalhador e do empregador. É o diploma que
reúne as regras e princípios mais comuns. O código de trabalho em vigor foi aprovado pela Lei n.º 7/2009 de
12 de Fevereiro.
O direito laboral é constituído por todas as regras e princípios que regulam a relação entre o empregador e o
trabalhador aquando do exercício do trabalho
Os sujeitos do direito laboral são:
- O empregador (patrão): aquele que exerce a direção e orienta o trabalho no exercício da sua função laboral;
- O trabalhador: aquele que presta a sua força de trabalho sob a orientação e direção de um empregador. Tem
de ter no mínimo 16 anos.
Ambos são sujeitos de direitos (comportamentos que podem exigir de outros) e de deveres (comportamentos
que os outros podem exigir deles).
Contrato de trabalho: contrato pelo qual uma pessoa singular se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua
atividade a outra ou outras pessoas, no âmbito de organização e sob a autorização e direção destas (art.º 11.º
do código do Trabalho).
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e) A prestação de trabalho tenha sido executada por um período, ininterrupto, superior a 90 dias.
Quem negoceia com outrem para a conclusão de um contrato de trabalho deve, tanto nos preliminares como
na formação dele, proceder segundo as regras da boa fé, sob pena de responder pelos danos culposamente
causados.
- A termo: é um contrato de trabalho com uma data de início e uma data de fim exatas. Este contrato deve ser
obrigatoriamente celebrado por escrito.
- A termo incerto: é um contrato de trabalho com uma data de início certa, mas uma data de final incerta. O
final do contrato fica dependente de uma condição que não se sabe exatamente quando ocorrerá.
Dura o tempo necessário para a substituição do trabalhador ausente ou para conclusão de uma atividade,
tarefa, obra ou projeto numa empresa e pelo período estritamente necessário à satisfação das mesmas.
Este contrato deve ser obrigatoriamente celebrado por escrito.
- Sem termo ou tempo indeterminado: é aquele em que não existe um fim/termo. Vulgarmente é chamado
por contrato definitivo. O empregador só pode despedir o trabalhador existindo justa causa. Este contrato
tanto pode ser celebrado por escrito como verbalmente.
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- Contrato com duração inferior a 6 meses;
- Trabalho temporário;
- Comissão de serviço;
- Recibos verdes;
- Serviço doméstico;
- Cedência ocasional de trabalhadores.
O contrato deve ser elaborado em triplicado e levado ao Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das
Condições de Trabalho (IDICT).
Um exemplar selado fica arquivado nos serviços do IDICT e os outros dois destinam-se à entidade
empregadora e ao trabalhador. Quando houver cessação do contrato, a entidade empregadora deve
comunicar o facto – num prazo de 15 dias – ao serviço onde o contrato foi despistado.
O contrato de trabalho está sujeito, em especial, aos instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho,
assim como aos usos laborais que não contrariem o princípio da boa fé.
Todavia, a lei estabelece os casos em que é obrigatória a existência de uma forma escrita para que o
contrato possa ser considerado válido:
- Contrato-promessa de trabalho;
- Contrato de trabalho a termo;
- Contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro, salvo disposição legal em contrário;
- Contrato de trabalho a tempo parcial;
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- Contrato de cedência ocasional de trabalhadores.
- Quando a validade do contrato para a qual seja exigida a forma escrita e esta não tenha sido respeitada, tem
como consequência a nulidade do mesmo, artigo 220º Código Civil.
Mas, existe um ponto que deve ser salientado no contrato de trabalho a termo certo, quando para este
contrato não seja observada a forma escrita, o efeito é o contrato a termo transformar-se num contrato a
tempo indeterminado ou sem termo, conforme o artigo 131º n.º4 do Código Trabalho.
Direito de Trabalho
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Trabalhador
Tendo como premissa a Lei aplicável ao contrato individual de trabalho, considera-se trabalhador, a pessoa
que se obriga, mediante retribuição, a prestar uma actividade intelectual, ou manual, a outra pessoa.
Podemos, assim, dizer que, o trabalhador é aquele que presta, de forma livre, uma actividade produtiva a
outrem, sob a orientação deste último, auferindo, pela mesma, uma determinada remuneração. Numa relação
laboral, o trabalhador apresenta-se como devedor da actividade e credor da retribuição.
Direitos do trabalhador:
Ser tratado com igualdade no acesso ao emprego, formação e promoção profissional;
Receber retribuição, devendo ser entregue ao trabalhador documento que contenha, entre outros
elementos, a retribuição base e as demais prestações, os descontos e deduções efectuados e o
montante líquido a receber;
Trabalhar o limite máximo de 40 horas por semana e 8 horas por dia, com excepção de situações
especiais como, por exemplo, em regime de adaptabilidade;
Descansar pelo menos um dia por semana;
Receber uma retribuição especial pela prestação de trabalho nocturno;
Receber uma retribuição especial pela prestação de trabalho suplementar, que varia consoante o
trabalho seja prestado em dia de trabalho ou em dia de descanso;
Gozar férias (em regra o período anual é 22 dias úteis, que pode ser aumentado até 3 dias se o
trabalhador não faltar);
Receber subsídio de férias, cujo montante compreende a remuneração base e as demais prestações
retributivas e que deve ser pago antes do início do período de férias;
Receber subsídio de Natal de valor igual a um mês de retribuição que deve ser pago até 15 de
Dezembro de cada ano;
Recorrer à greve para defesa dos seus interesses;
Ser protegido na maternidade e paternidade (a trabalhadora tem direito a uma licença por
maternidade de 120 dias consecutivos, podendo optar por uma licença de 150 dias);
Segurança no emprego, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa, ou por motivos políticos
ou ideológicos;
Regime especial caso seja trabalhador estudante;
Constituir associações sindicais para defesa e promoção dos seus interesses socioprofissionais;
Receber por escrito do empregador informações sobre o seu contrato de trabalho como, por exemplo,
a identificação do empregador, o local de trabalho, a categoria profissional, a data da celebração do
contrato, a duração do contrato se este for celebrado a termo, o valor e periodicidade da retribuição
(normalmente mensal), o período normal de trabalho diário e semanal, o instrumento de
regulamentação colectiva aplicável, quando seja o caso.
Deveres do trabalhador
Sem prejuízo de outras obrigações, o trabalhador deve:
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Respeitar e tratar com urbanidade e probidade o empregador, os superiores hierárquicos, os
companheiros de trabalho e as demais pessoas que estejam ou entrem em relação com a empresa;
Comparecer ao serviço com assiduidade e pontualidade;
Realizar o trabalho com zelo e diligência;
Cumprir as ordens e instruções do empregador em tudo o que respeite à execução e disciplina do
trabalho, salvo na medida em que se mostrem contrárias aos seus direitos e garantias;
Guardar lealdade ao empregador, nomeadamente não negociando por conta própria ou alheia em
concorrência com ele, nem divulgando informações referentes à sua organização, métodos de
produção ou negócios;
Velar pela conservação e boa utilização dos bens relacionados com o seu trabalho que lhe forem
confiados pelo empregador;
Promover ou executar todos os actos tendentes à melhoria da produtividade da empresa;
Cooperar, na empresa, estabelecimento ou serviço, para a melhoria do sistema de segurança, higiene
e saúde no trabalho, nomeadamente por intermédio dos representantes dos trabalhadores eleitos
para esse fim;
Cumprir as prescrições de segurança, higiene e saúde no trabalho estabelecidas nas disposições legais
ou convencionais aplicáveis, bem como as ordens dadas pelo empregador.
Entidade empregadora
O termo empregador designa uma das partes na relação laboral. O empregador, ou entidade empregadora, é
simultaneamente o credor da prestação de trabalho e o devedor da correspondente retribuição.
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Adoptar, no que se refere à higiene, segurança e saúde no trabalho, as medidas que decorram, para a
empresa, estabelecimento ou actividade, da aplicação das prescrições legais e convencionais vigentes;
Fornecer ao trabalhador a informação e a formação adequadas à prevenção de riscos de acidente e
doença;
Manter permanentemente actualizado o registo do pessoal em cada um dos seus estabelecimentos,
com indicação dos nomes, datas de nascimento e admissão, modalidades dos contratos, categorias,
promoções, retribuições, datas de início e termo das férias e faltas que impliquem perda da
retribuição ou diminuição dos dias de férias.
É proibido ao empregador:
Opor-se, por qualquer forma, a que o trabalhador exerça os seus direitos, bem como despedi-lo,
aplicar-lhe outras sanções, ou tratá-lo desfavoravelmente por causa desse exercício;
Obstar, injustificadamente, à prestação efectiva do trabalho;
Exercer pressão sobre o trabalhador para que actue no sentido de influir desfavoravelmente nas
condições de trabalho dele ou dos companheiros;
Diminuir a retribuição, salvo nos casos no Código do trabalho e nos instrumentos de regulamentação
colectiva de trabalho;
Baixar a categoria do trabalhador, salvo nos casos previstos no Código;
Transferir o trabalhador para outro local de trabalho, salvo nos casos previstos no Código do trabalho
e nos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, ou quando haja acordo;
Ceder trabalhadores do quadro de pessoal próprio para utilização de terceiros que sobre esses
trabalhadores exerçam os poderes de autoridade e direcção próprios do empregador ou por pessoa
por ele indicada, salvo nos casos especialmente previstos;
Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou a utilizar serviços fornecidos pelo empregador ou por pessoa
por ele indicada;
Explorar, com fins lucrativos, quaisquer cantinas, refeitórios, economatos ou outros estabelecimentos
directamente relacionados com o trabalho, para fornecimento de bens ou prestação de serviços aos
trabalhadores;
Fazer cessar o contrato e readmitir o trabalhador, mesmo com o seu acordo, havendo o propósito de o
prejudicar em direitos ou garantias decorrentes da antiguidade.
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- Prevenir riscos e doenças profissionais, tendo em conta a proteção da segurança e saúde do trabalhador,
devendo indemnizá-lo dos prejuízos resultantes de acidentes de trabalho;
- Adoptar, no que se refere à higiene, segurança e saúde no trabalho, as medidas que decorram, para a
empresa, estabelecimento ou atividade, da aplicação das prescrições legais e convencionais vigentes;
- Fornecer ao trabalhador a informação e a formação adequadas à prevenção de riscos de acidente e doença;
- Manter permanentemente atualizado o registo do pessoal em cada um dos seus estabelecimentos, com
indicação dos nomes, datas de nascimento e promoções, retribuições, datas de início e termo das férias e
faltas que impliquem perda da retribuição ou diminuição dos dias de férias.
O dever de obediência, a que se refere a alínea respetiva, respeita tanto às ordens e instruções dadas
diretamente pelo empregador como às emanadas dos superiores hierárquicos do trabalhador, dentro dos
poderes que por aquele lhes forem atribuídos.
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O contrato de prestação de serviços pode referir-se ao préstimo de vários serviços, como por exemplo, o apoio
domiciliário, trabalhos domésticos ou em creches, empreitadas. É um dos vários tipos de contratos de
trabalho.
O contrato de prestação de serviços no seu sentido amplo, pressupõe que o trabalhador seja independente,
tendo este de emitir faturas (recibos verdes ou semelhantes) à entidade que contrata o seu serviço. Períodos
de férias e regalias estão dependentes do estipulado em contrato.
É frequente certas empresas recorrerem a contratos de prestação de serviços e à emissão do recibo verde
contra a entrega da remuneração, embora mantenham com os trabalhadores relações que em tudo se
assemelham a verdadeiros contratos de trabalho.
Isto acontece com o intuito de não assegurar ao trabalhador a proteção que lhe caberia ao abrigo de um
contrato de trabalho, deixando-o numa situação precária e desprotegida.
A prestação de serviços é um trabalho realizado a título de aluguer de mão-de-obra manual ou intelectual,
regulado por um contrato de prestação de serviços, pelo qual uma das partes (o prestador de serviços) se
obriga a proporcionar à outra (o adquirente dos serviços) um determinado resultado do seu trabalho, com ou
sem retribuição.
A distinção com o contrato de trabalho faz-se pela inexistência de subordinação jurídica na prestação de
serviços (onde existe autonomia), e pela possibilidade deste último ser gratuito.
Direitos
Como o Código Civil menciona (no artigo 1156.º) que as disposições sobre o mandato são amplas e adaptáveis,
às formas do contrato de prestação de serviço que a lei não regularize especificamente, podem ser incluídos
direitos pelo prestador de serviços como:
selecionar a duração do contrato;
selecionar períodos de interrupção no trabalho;
obter remuneração;
quantificar um preço por hora ou um valor total para o serviço prestado;
especificar uma forma de pagamento;
estipular um prazo de pagamento;
pedir juros de mora em caso de incumprimento por parte do contraente do serviço;
referir condições para a revisão de preços a atualização de valores,
Podemos distinguir o trabalhador por conta própria (que trabalha em nome individual, é patrão de si mesmos)
e o trabalhador por conta de outrem ( aquele que trabalha para um empregador em regime de subordinação).
o trabalhador por conta própria:
é patrão de si mesmo;
tem autonomia e independência nas suas decisões;
paga os seus impostos;
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não tem direito subsídios de ferias nem de natal;
não tem remuneração fixa.
De acordo com a categoria profissional, os trabalhadores abrangidos por este Acordo são integrados nas
funções tipo/categorias e áreas de acordo com os seus conhecimentos.
A Empresa pode criar outras funções tipo/categorias sempre que se verifique a necessidade de adequar essas
categorias a novas funções, ouvindo as associações sindicais outorgantes deste Acordo Colectivo. Todas as
categorias são abrangidas por uma tabela salarial de acordo com a avaliação das respectivas funções.
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funcional se as funções que pretende atribuir ao trabalhador extravasem a actividade contratada entendida
nos termos em que a lei a concebe.
Pressupostos
Nos termos do Artigo 102.º do CT o empregador pode, quando o interesse da Instituição o exija, encarregar
temporariamente o trabalhador de funções não compreendidas na actividade contratada, desde que tal não
implique modificação substancial da posição do trabalhador.
a) Exige-se em primeiro lugar que exista um interesse da empresa que fundamente o recurso à Mobilidade
Funcional. Este interesse deverá ser objectivo e serio, o que significa que não poderá depender de elementos
subjectivos ou de conveniências pessoais da pessoa que determina a modificação da funções e que deverá
corresponder a “necessidades relevantes inerentes ao funcionamento da organização”. O título
exemplificativo, justifica-se o recurso à figura da Mobilidade Funcional nas situações de substituição de
trabalhadores de ferias e de baixa médica.
B) Segundo pressuposto a transitoriedade da necessidade que determina a mobilidade traduz-se na
delimitação do facto que dá origem à necessidade de recorrer à mobilidade funcional, o que,
consequentemente determina que o exercício de funções seja limitado no tempo. Isto significa que o interesse
da Instituição que justifica o recurso a esta faculdade deve ser transitório ou temporário, de modo a obviar a
possibilidade do empregador recorrer constantemente a este mecanismo através da utilização sucessiva de
diferentes trabalhadores para o efeito com fundamento num interesse da empresa permanente.
c) O terceiro pressuposto do exercício legítimo desta faculdade pelo empregador é a inexistência de
modificação substancial da posição do trabalhador. Deverá entender-se que existe modificação substancial da
posição do trabalhador sempre que as novas funções a desempenhar envolvam sacrifícios que não possam se
exigidos ao trabalhador ou impliquem alteração substancial do posicionamento hierárquico da categoria
profissional daquele.
Formalidades
A ordem de alteração temporária de funções do trabalhador deve ser justificada mediante a indicação dos
respectivos motivos, nomeadamente o interesse da instituição e deve conter a indicação do tempo previsível
da duração da situação. Acresce que deverá existir adequação entre os motivos invocados e o tempo previsível
de duração.
Efeitos
O primeiro efeito da mobilidade funcional é o exercício pelo trabalhador de funções que não se enquadram na
actividade contratada. Por esta via, o trabalhador adquire, ainda que o título temporário um posicionamento
diferente no contexto da Instituição.
Se as funções a exercer temporariamente pelo trabalhador corresponderem a uma categoria profissional que
confira mais vantagens (retributivas ou outras o trabalhador tem direito a beneficiar delas.
Acresce que a Mobilidade Funcional não pode implicar diminuição de retribuição do trabalhador.
Mobilidade funcional
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De acordo com a mobilidade funcional, o empregador pode, quando o interesse da empresa o exija,
encarregar o trabalhador de exercer temporariamente funções não compreendidas na atividade contratada,
desde que tal não implique modificação substancial da posição do trabalhador.
As partes podem alargar ou restringir esta medida mediante acordo que caduca ao fim de dois anos se não
tiver sido aplicado. A ordem de alteração deve ser justificada, indicando a duração previsível da mesma, que
não deve ultrapassar dois anos.
Esta medida não pode implicar diminuição da retribuição, tendo o trabalhador direito às condições de
trabalho mais favoráveis que sejam inerentes às funções exercidas. Salvo disposição em contrário, o
trabalhador não adquire a categoria correspondente às funções temporariamente exercidas.
Mobilidade Geográfica
Considera-se local habitual de trabalho a localidade em que se situam as instalações da Empresa onde o
trabalhador executa a sua prestação de trabalho com carácter de predominância e regularidade.
Entende-se por transferência, a deslocação definitiva de um trabalhador do seu local habitual de trabalho. A
Empresa pode transferir o trabalhador para outro local de trabalho, se da transferência não resultar prejuízo
sério para o trabalhador ou quando a transferência resultar da mudança total ou parcial do estabelecimento
onde aquele presta a sua actividade. Compete ao trabalhador provar a existência de prejuízo sério no caso de
a transferência ocorrer de uma localidade para outra localidade, como por exemplo dentro das Áreas
Metropolitanas de Lisboa e do Porto, ou de uma localidade para outra localidade com distância não superior a
30 km e servidas entre si por transportes colectivos regulares.
Verificando-se a transferência de uma localidade para outra, a Empresa indemnizará o trabalhador pelo
acréscimo de custos, em transporte colectivo, de uma localidade para outra.
Se a transferência para outro local de trabalho impuser a transferência de residência do trabalhador, os
encargos a suportar pela Empresa serão previamente acordados entre o trabalhador e a Empresa. A decisão
de transferência tem de ser fundamentada e comunicada por escrito ao trabalhador com a antecedência
mínima de sessenta dias.
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O período normal de trabalho pode ser definido em termos médios caso em que o período normal de trabalho
diário pode ter a duração máxima de dez horas e o período normal de trabalho semanal pode ter a duração
máxima de cinquenta horas.
Nos regimes de horários por turnos e horários especiais, quando se aplica a semana de 7 dias consecutivos de
trabalho, a duração máxima do período normal de trabalho semanal é de 57,5 horas até 31 de Dezembro de
2008 e de 56 horas a partir de 1 de Janeiro de 2009.
O início e o termo do período de trabalho diário podem ocorrer em dias de calendário consecutivos.
A duração média do trabalho semanal, incluindo trabalho suplementar, não pode exceder quarenta e oito
horas num período de referência de doze meses.
Horário de trabalho
Elaboração de horário de trabalho
Compete ao empregador determinar o horário de trabalho do trabalhador, dentro dos limites da lei,
designadamente do regime de período de funcionamento aplicável.
Na elaboração do horário de trabalho, o empregador deve:
a) Ter em consideração prioritariamente as exigências de proteção da segurança e saúde do trabalhador;
b) Facilitar ao trabalhador a conciliação da atividade profissional com a vida familiar;
c) Facilitar ao trabalhador a frequência de curso escolar, bem como de formação técnica ou profissional.
A comissão de trabalhadores ou, na sua falta, as comissões intersindicais, as comissões sindicais ou os
delegados sindicais devem ser consultados previamente sobre a definição e a organização dos horários de
trabalho.
Intervalo de descanso
O período de trabalho diário deve ser interrompido por um intervalo de descanso, de duração não inferior a
uma hora nem superior a duas, de modo a que o trabalhador não preste mais de cinco horas de trabalho
consecutivo, ou seis horas de trabalho consecutivo caso aquele período seja superior a 10 horas.
Por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, pode ser permitida a prestação de trabalho até seis
horas consecutivas e o intervalo de descanso pode ser reduzido, excluído ou ter duração superior à prevista no
número anterior, bem como pode ser determinada a existência de outros intervalos de descanso.
Compete ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área laboral, mediante
requerimento do empregador, instruído com declaração escrita de concordância do trabalhador abrangido e
informação à comissão de trabalhadores da empresa e ao sindicato representativo do trabalhador em causa,
autorizar a redução ou exclusão de intervalo de descanso, quando tal se mostre favorável ao interesse do
trabalhador ou se justifique pelas condições particulares de trabalho de certas atividades.
Não é permitida a alteração de intervalo de descanso, que implicar mais de seis horas de trabalho consecutivo,
exceto quanto a atividades de pessoal operacional de vigilância, transporte e tratamento de sistemas
eletrónicos de segurança e indústrias em que o processo de laboração não possa ser interrompido por motivos
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técnicos e, bem assim, quanto a trabalhadores que ocupem cargos de administração e de direção e outras
pessoas com poder de decisão autónomo que estejam isentos de horário de trabalho.
Na organização dos horários de trabalho do pessoal ao seu serviço a Empresa, cumpridos os condicionalismos
legais deste Acordo, poderá adoptar designadamente uma ou, simultaneamente, mais de uma das seguintes
modalidades no período de funcionamento:
a) Horário regular;
b) Horário por turnos;
c) Horários especiais.
A Empresa e os trabalhadores poderão acordar um regime especial de adaptabilidade do horário de trabalho,
nos termos, condições e limites previstos na Lei.
Horário regular
O horário regular é aquele que se reparte por dois períodos de trabalho separados por um intervalo de
descanso, com horas de entrada e de saída fixas compreendidas entre as 09:00 e as 21:00 horas, e em que os
dias de descanso semanal se mantêm constantes.
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Interrupção do contrato de trabalho
Suspensão
Factos determinantes de redução ou suspensão
A redução temporária de período normal de trabalho ou a suspensão de contrato de trabalho pode
fundamentar-se na impossibilidade temporária, respetivamente parcial ou total, de prestação de trabalho por
facto relativo ao trabalhador ou ao empregador.
Permitem também a redução do período normal de trabalho ou a suspensão do contrato de trabalho,
designadamente:
a) A necessidade de assegurar a viabilidade da empresa e a manutenção de postos de trabalho, em situação
de crise empresarial;
b) O acordo entre trabalhador e empregador, nomeadamente acordo de pré-reforma.
Pode ainda ocorrer a suspensão de contrato de trabalho por iniciativa de trabalhador, fundada em falta de
pagamento pontual da retribuição.
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A redução, a que se refere anteriormente, pode abranger:
a) Um ou mais períodos normais de trabalho, diários ou semanais, podendo dizer respeito a diferentes grupos
de trabalhadores, rotativamente;
b) Diminuição do número de horas correspondente ao período normal de trabalho, diário ou semanal.
O regime de redução ou suspensão aplica-se aos casos em que essa medida seja determinada no âmbito de
declaração de empresa em situação económica difícil ou, com as necessárias adaptações, em processo de
recuperação de empresa.
A empresa que recorra ao regime de redução ou suspensão deve ter a sua situação contributiva regularizada
perante a administração fiscal e a segurança social, nos termos da legislação aplicável, salvo quando se
encontre numa das situações previstas.
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Nos cinco dias posteriores, o empregador promove uma fase de informações e negociação com a estrutura
representativa dos trabalhadores, com vista a um acordo sobre a modalidade, âmbito e duração das medidas a
adotar.
A ata das reuniões de negociação deve conter a matéria acordada e, bem assim, as posições divergentes das
partes, com as opiniões, sugestões e propostas de cada uma.
Celebrado o acordo ou, na falta deste, após terem decorrido cinco dias sobre o envio da informação prevista
ou, na falta desta, o empregador comunica por escrito, a cada trabalhador, a medida que decidiu aplicar, com
menção expressa do fundamento e das datas de início e termo da medida.
Na data das comunicações, o empregador remete à estrutura representativa dos trabalhadores e ao serviço
competente do ministério responsável pela área da segurança social a ata, bem como relação de que conste o
nome dos trabalhadores, morada, datas de nascimento e de admissão na empresa, situação perante a
segurança social, profissão, categoria e retribuição e, ainda, a medida individualmente adotada, com indicação
das datas de início e termo da aplicação.
Na falta de ata da negociação, o empregador envia às entidades resposnsáveis um documento em que o
justifique e descreva o acordo, ou as razões que obstaram ao mesmo e as posições finais das partes.
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b) Pagar pontualmente as contribuições para a segurança social sobre a retribuição auferida pelos
trabalhadores;
c) Não distribuir lucros, sob qualquer forma, nomeadamente a título de levantamento por conta;
d) Não aumentar a retribuição ou outra prestação patrimonial atribuída a membro de corpos sociais, enquanto
a segurança social comparticipar na compensação retributiva atribuída aos trabalhadores;
e) Não proceder a admissão ou renovação de contrato de trabalho para preenchimento de posto de trabalho
suscetível de ser assegurado por trabalhador em situação de redução ou suspensão.
Durante o período de redução ou suspensão, bem como nos 30 ou 60 dias seguintes à aplicação das medidas,
consoante a duração da respetiva aplicação não exceda ou seja superior a seis meses, o empregador não pode
fazer cessar o contrato de trabalho de trabalhador abrangido por aquelas medidas, exceto se se tratar de
cessação da comissão de serviço, cessação de contrato de trabalho a termo ou despedimento por facto
imputável ao trabalhador.
Em caso de violação do que ficar acordado, o empregador procede à devolução dos apoios recebidos, em
relação ao trabalhador cujo contrato tenha cessado.
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Os serviços públicos competentes nas áreas da segurança social e do emprego e formação profissional devem
entregar a parte que lhes compete ao empregador, de modo que este possa pagar pontualmente ao
trabalhador a compensação retributiva, bem como o acréscimo a que haja lugar.
O subsídio de doença da segurança social não é atribuído relativamente a período de doença que ocorra
durante a suspensão do contrato, mantendo o trabalhador direito à compensação retributiva.
Segundo a lei:
- O trabalhador tem direito, em cada ano civil, a um período de férias retribuídas, que se vence em 1 de
Janeiro.
- O direito a férias, em regra, reporta-se ao trabalho prestado no ano civil anterior, mas não está condicionado
à assiduidade ou efetividade de serviço.
- O direito a férias é irrenunciável e o seu gozo não pode ser substituído, ainda que com o acordo do
trabalhador, por qualquer compensação, económica ou outra.
- O direito a férias deve ser exercido de modo a proporcionar ao trabalhador a recuperação física e psíquica,
condições de disponibilidade pessoal, integração na vida familiar e participação social e cultural.
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As férias referidas no número anterior são gozadas imediatamente antes da cessação do contrato, salvo
acordo das partes.
No ano de cessação de impedimento prolongado iniciado em ano anterior, o trabalhador tem direito a férias.
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correspondente retribuição a que o trabalhador tenha direito não pode exceder o proporcional ao período
anual de férias tendo em conta a duração do contrato.
Cessando o contrato após impedimento prolongado do trabalhador, este tem direito à retribuição e ao
subsídio de férias correspondentes ao tempo de serviço prestado no ano de início da suspensão.
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O trabalhador que trabalhe noutra atividade durante as férias, para além de cometer uma infração disciplinar,
dá ao empregador o direito de reaver a retribuição das férias e subsídio, mediante descontos de um sexto na
retribuição, revertendo metade para o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social.
O que acontece se o trabalhador adoecer durante as férias?
Adoecendo o trabalhador, as férias são suspensas se o empregador for informado desse facto, prosseguindo
logo após a alta, o gozo dos dias de férias que ainda estiverem compreendidos nesse período, cabendo ao
empregador, na falta de acordo, a marcação dos dias de férias não gozadas, sem sujeição ao período de 1 de
Maio a 31 de Outubro, podendo mesmo ser gozadas até 30 de Abril do ano seguinte.
A doença tem que ser justificada por estabelecimento hospitalar, centro de saúde ou atestado médico, mas
pode ser fiscalizada pelo médico da segurança social.
Em caso de não comunicação da doença ou da oposição à fiscalização, os dias da alegada doença são
considerados de férias sem prejuízo de sanção disciplinar.
As faltas são descontadas nas férias?
Em regra as faltas não têm efeito sobre as férias.
Se as faltas (justificadas ou injustificadas) implicarem perda de retribuição, o trabalhador pode substituir um
dia de falta por um dia de férias, salvaguardado um período de 20 dias úteis ou da proporção correspondente
no ano da admissão.
As férias podem ser alteradas depois de marcadas?
Se razões imperiosas do funcionamento da empresa obrigarem à alteração das férias, o trabalhador deve ser
indemnizado pelos prejuízos que sofreu com a alteração, cabendo ao empregador voltar a marcá-las sem
sujeição ao período de 1 de Maio a 31 de Outubro, artigo 218º do Código do Trabalho.
A interrupção das férias não pode prejudicar o gozo seguido de metade do período a que o trabalhador tenha
direito.
Se a cessação do contrato estiver sujeita a aviso prévio, o empregador pode determinar a antecipação das
férias para momento anterior à data da cessação.
A empresa pode encerrar para férias?
A empresa pode encerrar para férias da seguinte forma:
- Até 15 dias seguidos entre 1 de Maio e 31 de Outubro;
- Pode encerrar por tempo superior, ou fora do período entre 1 de Maio e 31 de Outubro, quando assim
estiver fixado em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ou mediante parecer favorável da
comissão de trabalhadores;
- Encerramento por período superior a 15 dias consecutivos entre 1 de Maio e 31 de Outubro, quando a
natureza da actividade assim o exigir;
- Encerramento durante as férias escolares do Natal, não podendo, todavia, exceder cinco dias úteis
consecutivos.
Por quem são marcadas as férias?
As férias são marcadas por acordo entre empregador e trabalhador.
Não havendo acordo, as férias devem ser marcadas pelo empregador, entre 1 de Maio e 31 de Outubro, salvo
parecer favorável em contrário da comissão de trabalhadores ou por disposição da Convenção Colectiva de
Trabalho.
Nas empresas até 10 trabalhadores, a marcação das férias não tem que obedecer a estas datas. O empregador
deve ainda elaborar o mapa de férias que deve ser afixado entre 15 de Abril e 31 de Outubro.
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As férias podem ser intercaladas desde que haja acordo entre empregador e trabalhador e se forem gozados
no mínimo 10 dias úteis consecutivos.
Pode o trabalhador renunciar às férias?
O direito a férias é irrenunciável. No entanto, o trabalhador pode gozar apenas 20 dias úteis, renunciando às
restantes, recebendo a retribuição e subsídio correspondente à totalidade.
Podemos acumular as férias de vários anos?
Em regra não.
As férias devem ser gozadas no ano civil em que se vencem.
Ainda assim, se existir acordo, ou sempre que o trabalhador pretenda gozar as férias com familiares residentes
no estrangeiro, as férias podem ser gozadas no 1º trimestre do ano seguinte, acumuladas, ou não, com as
desse ano. Além disso, por acordo entre empregador e trabalhador, pode este acumular metade das férias do
ano anterior com as do seguinte.
A entidade patronal é obrigada a dar férias ao trabalhador?
Sim.
Se por culpa do empregador o trabalhador não gozar as férias num ano, para além de as poder gozar no 1.º
trimestre do ano seguinte, terá que pagar-lhe o triplo da retribuição do período de férias em falta.
Quais as retribuições a que o trabalhador tem direito?
Retribuição aquilo a que, nos termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, o trabalhador tem
como contrapartida do seu trabalho.
No período de férias o trabalhador terá direito a tudo aquilo que receberia como se tivesse a trabalhar e ao
subsídio de férias. Ou seja, o trabalhador tem direito a um subsídio de férias cujo montante compreende a
retribuição base e as demais prestações retributivas
(*ordenado mensal + uma remuneração igual ao ordenado que dá pelo nome de subsídio de férias).
Este subsídio deve ser pago antes do início do período de férias, salvo acordo escrito em contrário.
No subsídio de férias não se inclui o subsídio de refeição, despesas de deslocação, prémios de produtividade,
etc.
O mesmo acontece no mês de Dezembro, o trabalhador tem direito a subsídio de Natal de valor igual a um
mês de retribuição, que deve ser pago até 15 de Dezembro de cada ano.
Exercício de outra atividade durante as férias
O trabalhador não pode exercer durante as férias qualquer outra atividade remunerada, salvo quando já a
exerça cumulativamente ou o empregador o autorize.
Em caso de violação do disposto no número anterior, sem prejuízo da eventual responsabilidade disciplinar do
trabalhador, o empregador tem direito a reaver a retribuição correspondente às férias e o respetivo subsídio,
metade dos quais reverte para o serviço responsável pela gestão financeira do orçamento da segurança social.
O empregador pode proceder a descontos na retribuição, até ao limite de um sexto, em relação a cada um dos
períodos de vencimento posteriores.
Feriados
Feriado é uma data em que determinada ocasião é comemorada por uma nação, comunidade, religião, grupo
étnico ou classe trabalhista.
Os governos podem instituir feriados em nível federal, estadual (ou regional) ou ainda municipal, dependendo
da extensão da importância comemorada.
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Esses feriados podem ser determinados obrigatórios, ou seja, as pessoas são dispensadas do trabalho; ou
facultativos ("ponto facultativo"), caso em que as organizações tem liberdade para acatar ou não a dispensa do
trabalho.
Cada feriado possui sua razão de acontecer em determinada data, e estas podem ser fixas, isto é, acontecer
todos os anos no mesmo dia e mês, como o Natal, que sempre ocorre no dia 25 de Dezembro, ou móveis,
relativos a alguma outra data ou período do mês, como por exemplo o dia da Maia, ocorre no primeiro
domingo de Maio.
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Em caso de ausência do trabalhador por períodos inferiores ao período normal de trabalho diário, os
respetivos tempos são adicionados para determinação da falta. Caso a duração do período normal de trabalho
diário não seja uniforme, considera-se a duração média para o efeito.
Um dos deveres do trabalhador é o chamado dever de assiduidade.
Esse dever, consiste no trabalhador comparecer pontualmente no seu local de trabalho e aí permanecer
durante o horário de trabalho. A interrupção pode implicar a violação deste dever de assiduidade.
O que são faltas?
São as ausências do trabalhador no local de trabalho e durante o período/horário em que devia desempenhar
a sua actividade. Podem ainda ser períodos inferiores ao período diário, os quais se somam até perfazer um
dia de trabalho para efeitos de uma falta.
Nos casos em que os períodos diários sejam variáveis, conta como dia completo de trabalho o de menor
duração.
Que tipo de faltas existem? (art.º 249.º)
- Justificadas?
- Por casamento – durante 15 dias seguidos;
- Por falecimento do cônjuge, pai, mãe, filho ou filha, padrasto, madrasta, enteado, sogro, sogra, genro e nora
ou pessoa que viva em união de facto com o trabalhador – durante cinco dias seguidos;
- Por falecimento dos avós, bisavós, netos, bisnetos, irmãos e cunhados – durante dois dias seguidos;
- Por frequência de aulas ou prestação de provas em estabelecimento de ensino;
- Por doença, acidente ou cumprimento de obrigações legais;
- Por necessidade de prestação de assistência inadiável e imprescindível em caso de doença ou acidente de
filhos, adotados ou enteados, menores de 10 anos, ou independentemente da idade, caso sejam portadores
de deficiência ou doença crónica, até 30 dias por ano;
- Para assistência a netos, que sejam filhos de adolescentes que convivam com o trabalhador – até 30 dias
seguidos após o nascimento;
- Para deslocação à escola do responsável pela educação do menor – uma vez por trimestre e até quatro
horas;
- Para desempenho de funções pelos trabalhadores eleitos para estruturas representativas dos trabalhadores
que excedam o crédito de horas;
- Para campanha eleitoral dos candidatos a cargos públicos – durante o período da campanha;
- Por serem autorizadas ou aprovadas pelo empregador;
Ainda serão justificadas outras faltas assim qualificadas por lei.
– Injustificadas - as restantes.
O que acontece se o empregador violar alguns direitos relacionados com a justificação das faltas ou o seu
desconto nas férias? Havendo violação desses direitos dos trabalhadores, o empregador incorre em infração
grave, sendo-lhe aplicáveis coimas variáveis de acordo com a dimensão da empresa, podendo constituir justa
causa de despedimento.
Como pode a entidade patronal exigir a justificação da falta? O empregador pode, nos 15 dias seguintes à
comunicação das faltas, exigir ao trabalhador a prova. A prova da situação de doença é feita por
estabelecimento hospitalar, por declaração do centro de saúde ou por atestado médico e que pode ser
fiscalizada por médico, mediante requerimento do empregador dirigido à segurança social.
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No caso de a segurança social não indicar o médico no prazo de vinte e quatro horas, o empregador designa o
médico para efetuar a fiscalização, não podendo este ter qualquer vínculo contratual anterior ao empregador.
Em caso de desacordo entre os pareceres médicos pode ser requerida a intervenção de junta médica. A
apresentação ao empregador de declaração médica com intuito fraudulento constitui falsa declaração para
efeitos de justa causa de despedimento.
Quais as consequências das faltas injustificadas? As faltas injustificadas constituem violação do dever de
assiduidade e determinam perda da retribuição correspondente ao período de ausência, o qual será
descontado na antiguidade do trabalhador, podendo levar a processo disciplinar com vista ao despedimento.
Considera-se que o trabalhador praticou uma infração grave se faltou injustificadamente a um ou meio
período normal de trabalho imediatamente anterior ou posterior a um feriado ou aos dias ou meios dias de
descanso.
No caso de a apresentação do trabalhador, para início ou reinício da prestação de trabalho, se verificar com
atraso injustificado superior a trinta ou sessenta minutos, pode o empregador recusar a aceitação da
prestação durante parte ou todo o período normal de trabalho, respetivamente.
Serão as faltas justificadas pagas pelo empregador? Não. As faltas justificadas por motivo de doença, desde
que o trabalhador beneficie de um regime de segurança social de proteção na doença; por motivo de acidente
no trabalho, desde que o trabalhador tenha direito a seguro; as que forem justificadas por legislação que não
seja o Código do Trabalho e que ultrapassem trinta dias a 30 por ano; as autorizadas ou aprovadas pelo
empregador determinam perda de retribuição.
No caso de doença, acidente ou cumprimento de obrigações legais (serviço militar, serviço cívico) que, efetiva
ou previsivelmente ultrapasse um mês, o contrato fica suspenso.
No caso das faltas para participação em campanha eleitoral só há direito à retribuição de um terço das faltas
justificadas e o trabalhador só pode faltar meios dia ou dias completos desde que avise com 48 horas de
antecedência.
O direito à retribuição
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Considera-se retribuição a prestação a que, nos termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, o
trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho.
A retribuição compreende a retribuição base e outras prestações regulares e periódicas feitas, direta ou
indiretamente, em dinheiro ou em espécie.
Presume-se constituir retribuição qualquer prestação do empregador ao trabalhador. À prestação qualificada
como retribuição é aplicável o correspondente regime de garantias previsto no Código do Trabalho.
Retribuição em espécie
A prestação retributiva não pecuniária deve destinar-se à satisfação de necessidades pessoais do trabalhador
ou da sua família e não lhe pode ser atribuído valor superior ao corrente na região.
O valor das prestações retributivas não pecuniárias não pode exceder o da parte em dinheiro, salvo o disposto
em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho.
Modalidades de retribuição
A retribuição pode ser certa, variável ou mista, sendo esta constituída por uma parte certa e outra variável.
É certa a retribuição calculada em função de tempo de trabalho
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Para determinar o valor da retribuição variável, quando não seja aplicável o respetivo critério, considera-se a
média dos montantes das prestações correspondentes aos últimos 12 meses, ou ao tempo de execução de
contrato que tenha durado menos tempo.
Caso o processo estabelecido no número anterior não seja praticável, o cálculo da retribuição variável faz-se
segundo o disposto em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou, na sua falta, segundo o
prudente arbítrio do julgador.
Subsídio de Natal
O trabalhador tem direito a subsídio de Natal de valor igual a um mês de retribuição, que deve ser pago até 15
de Dezembro de cada ano.
O valor do subsídio de Natal é proporcional ao tempo de serviço prestado no ano civil, nas seguintes situações:
a) No ano de admissão do trabalhador;
b) No ano de cessação do contrato de trabalho;
c) Em caso de suspensão de contrato de trabalho por facto respeitante ao trabalhador
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O trabalho noturno é pago com acréscimo de 25 % relativamente ao pagamento de trabalho equivalente
prestado durante o dia. Este acréscimo pode ser substituído, mediante instrumento de regulamentação
coletiva de trabalho, por:
a) Redução equivalente do período normal de trabalho;
b) Aumento fixo da retribuição base, desde que não importe tratamento menos favorável para o trabalhador.
O disposto no n.º 1 não se aplica, salvo se previsto em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho:
a) Em atividade exercida exclusiva ou predominantemente durante o período noturno, designadamente
espetáculo ou diversão pública;
b) Em atividade que, pela sua natureza ou por força da lei, deva funcionar à disposição do público durante o
período noturno, designadamente empreendimento turístico, estabelecimento de restauração ou de bebidas,
ou farmácia, em período de abertura;
c) Quando a retribuição seja estabelecida atendendo à circunstância de o trabalho dever ser prestado em
período noturno.
O valor da retribuição horária é calculado segundo a seguinte fórmula: (Rm × 12):(52 × n) ,sendo Rm o valor da
retribuição mensal e n o período normal de trabalho semanal, definido em termos médios em caso de
adaptabilidade.
Forma de cumprimento
A retribuição é satisfeita em dinheiro ou, estando acordado, em prestações não pecuniárias. A parte
pecuniária da retribuição pode ser paga por meio de cheque, vale postal ou depósito à ordem do trabalhador,
devendo ser suportada pelo empregador a despesa feita com a conversão do título de crédito em dinheiro ou
o levantamento, por uma só vez, da retribuição.
Até ao pagamento da retribuição, o empregador deve entregar ao trabalhador documento do qual constem a
identificação daquele, o nome completo, o número de inscrição na instituição de segurança social e a
A2000/122-FP.03/03 32/47
categoria profissional do trabalhador, a retribuição base e as demais prestações, bem como o período a que
respeitam, os descontos ou deduções e o montante líquido a receber.
Lugar do cumprimento
A retribuição deve ser paga no local de trabalho ou noutro lugar que seja acordado. Caso a retribuição deva
ser paga em lugar diverso do local de trabalho, o tempo que o trabalhador gastar para receber a retribuição
considera-se tempo de trabalho.
Tempo do cumprimento
O crédito retributivo vence-se por períodos certos e iguais, que, salvo estipulação ou uso diverso, são a
semana, a quinzena e o mês do calendário
A retribuição deve ser paga em dia útil, durante o período de trabalho ou imediatamente a seguir a este.
Em caso de retribuição variável com período de cálculo superior a 15 dias, o trabalhador pode exigir o
pagamento em prestações quinzenais.
O montante da retribuição deve estar à disposição do trabalhador na data do vencimento ou em dia útil
anterior.
O empregador fica constituído em mora se o trabalhador, por facto que não lhe seja imputável, não puder
dispor do montante da retribuição na data do vencimento.
Como pode terminar um contrato de trabalho? Há várias formas de um contrato de trabalho acabar.
1. Caducidade
Acaba o prazo do contrato de trabalho (contrato de trabalho com termo certo ou incerto) sem que haja
renovação do mesmo (isto nos contratos de trabalho a termo)
Considera-se que o contrato de trabalho caduca quando se verifica:
o seu termo;
a impossibilidade de o trabalhador prestar o seu trabalho ou de o empregador o receber;
a reforma do trabalhador, por velhice ou invalidez.
O contrato a termo caduca no final do prazo estipulado, ou da sua renovação, quando o empregador ou o
trabalhador comunique à outra parte a vontade de o fazer cessar, por escrito, respetivamente, 15 ou 8 dias
antes de o prazo expirar.
O contrato de trabalho a termo incerto caduca quando, prevendo-se a ocorrência do termo, o empregador
comunique a cessação do mesmo ao trabalhador, com a antecedência mínima de sete, 30 ou 60 dias conforme
o contrato tenha durado até 6 meses, de 6 meses a 2 anos ou por período superior.
2. Revogação
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Quando existe acordo entre trabalhador e entidade patronal (pois não pretendem manter a relação de
trabalho) e em qualquer tipo contratual.
A revogação acontece por acordo escrito entre o empregador e o funcionário, ficando cada parte com uma
cópia.
No documento assinado por ambos deve constar a data da celebração do acordo e a de início da produção dos
respetivos efeitos.
4. Resolução
Por iniciativa do trabalhador que tem justa causa
Existe justa causa para deixar de trabalhar quando o empregador incumpre com os seus deveres,
nomeadamente:
- Quando o empregador deixa de pagar o salário do trabalhador;
- Não oferece as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho;
- Pratica injúrias, ofensas à integridade física ou moral, liberdade, honra ou dignidade do trabalhador, puníveis
por lei, praticadas pelo empregador ou seu representante legítimo.
- Violação culposa das garantias legais ou convencionais do trabalhador;
- Aplicação de sanção abusiva;
- Lesão culposa de interesses patrimoniais sérios do trabalhador;
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- Pratique de injúrias, violências físicas ou outros crimes sob outros crimes sob outros trabalhadores ou sob o
empregador.
A justa causa é apreciada nos termos do n.º 2 do artigo 396.º, com as necessárias adaptações.
Impugnação da resolução
A ilicitude da resolução do contrato pode ser declarada por tribunal judicial em acção intentada pelo
empregador.
A acção tem de ser intentada no prazo de um ano a contar da data da resolução.
Na acção em que for apreciada a ilicitude da resolução apenas são atendíveis para a justificar os factos
constantes da comunicação referida no n.º 1 do artigo 442.º
Resolução ilícita
No caso de ter sido impugnada a resolução do contrato com base em ilicitude do procedimento previsto no n.º
1 do artigo 442.º, o trabalhador pode corrigir o vício até ao termo do prazo para contestar, não se aplicando,
no entanto, este regime mais de uma vez.
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É proibido o despedimento sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos.
Imperatividade do regime de cessação do contrato de trabalho
1 – O regime estabelecido no presente capítulo não pode ser afastado por instrumento de regulamentação
coletiva de trabalho ou por contrato de trabalho, salvo o disposto nos números seguintes ou em outra
disposição legal.
2 – Os critérios de definição de indemnizações e os prazos de procedimento e de aviso prévio consagrados
neste capítulo podem ser regulados por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho.
3 – Os valores de indemnizações podem, dentro dos limites deste Código, ser regulados por instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho.
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respetivamente, 15 ou oito dias antes de o prazo expirar. Em caso de caducidade de contrato de trabalho a
termo certo decorrente de declaração do empregador nos termos do número anterior, o trabalhador tem
direito a compensação correspondente a 18 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo
de antiguidade,
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O acordo de revogação deve constar de documento assinado por ambas as partes, ficando cada uma com um
exemplar.
O documento deve mencionar expressamente a data de celebração do acordo e a de início da produção dos
respetivos efeitos. As partes podem, simultaneamente, acordar outros efeitos, dentro dos limites da lei. Se, no
acordo ou conjuntamente com este, as partes estabelecerem uma compensação pecuniária global para o
trabalhador, presume-se que esta inclui os créditos vencidos à data da cessação do contrato ou exigíveis em
virtude desta.
Regimes Especiais
Pré-Reforma
Noção de pré-reforma
Considera-se pré-reforma a situação de redução ou suspensão da prestação de trabalho, constituída por
acordo entre empregador e trabalhador com idade igual ou superior a 55 anos, durante a qual este tem direito
a receber do empregador uma prestação pecuniária mensal, denominada de pré-reforma.
Acordo de pré-reforma
O acordo de pré-reforma está sujeito a forma escrita e deve conter:
a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das partes;
b) Data de início da pré-reforma;
c) Montante da prestação de pré-reforma;
d) Organização do tempo de trabalho, no caso de redução da prestação de trabalho.
Prestação de pré-reforma
1 – O montante inicial da prestação de pré-reforma não pode ser superior à retribuição do trabalhador na data
do acordo, nem inferior a 25% desta ou à retribuição do trabalho, caso a pré-reforma consista na redução da
prestação de trabalho.
2 – Salvo estipulação em contrário, a prestação de pré-reforma é atualizada anualmente em percentagem
igual à do aumento de retribuição de que o trabalhador beneficiaria se estivesse em pleno exercício de
funções ou, não havendo tal aumento, à taxa de inflação.
3 – A prestação de pré-reforma goza das garantias dos créditos de trabalhador emergentes de contrato de
trabalho.
Cessação de pré-reforma
A pré-reforma cessa:
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a) Com a reforma do trabalhador, por velhice ou invalidez;
b) Com o regresso do trabalhador ao pleno exercício de funções, por acordo com o empregador ;
c) Com a cessação do contrato de trabalho.
Na situação prevista na alínea c) do número anterior, caso a modalidade de cessação do contrato de trabalho
conferisse ao trabalhador direito a indemnização ou compensação se estivesse no pleno exercício de funções,
aquele tem direito a indemnização no montante das prestações de pré-reforma até à idade legal de reforma
por velhice.
A indemnização referida no número anterior tem por base o montante da prestação de pré-reforma à data da
cessação do contrato de trabalho.
Trabalho temporário
Conceitos específicos do regime de trabalho temporário
Considera-se:
a) Contrato de trabalho temporário o contrato de trabalho a termo celebrado entre uma empresa de trabalho
temporário e um trabalhador, pelo qual este se obriga, mediante retribuição daquela, a prestar a sua atividade
a utilizadores, mantendo-se vinculado à empresa de trabalho temporário;
b) Contrato de trabalho por tempo indeterminado para cedência temporária o contrato de trabalho por tempo
indeterminado celebrado entre uma empresa de trabalho temporário e um trabalhador, pelo qual este se
obriga, mediante retribuição daquela, a prestar temporariamente a sua atividade a utilizadores, mantendo-se
vinculado à empresa de trabalho temporário;
c) Contrato de utilização de trabalho temporário o contrato de prestação de serviço a termo resolutivo entre
um utilizador e uma empresa de trabalho temporário, pelo qual esta se obriga, mediante retribuição, a ceder
àquele um ou mais trabalhadores temporários.
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d) Se o período previsto para a prestação de trabalho em regime de teletrabalho for inferior à duração
previsível do contrato de trabalho, a atividade a exercer após o termo daquele período;
e) Propriedade dos instrumentos de trabalho bem como o responsável pela respetiva instalação e manutenção
e pelo pagamento das inerentes despesas de consumo e de utilização;
f) Identificação do estabelecimento ou departamento da empresa em cuja dependência fica o trabalhador,
bem como quem este deve contactar no âmbito da prestação de trabalho.
O trabalhador em regime de teletrabalho pode passar a trabalhar no regime dos demais trabalhadores da
empresa, a título definitivo ou por período determinado, mediante acordo escrito com o empregador.
A forma escrita é exigida apenas para prova da estipulação do regime de teletrabalho.
Trabalho de estrangeiros
O contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro comunitário deve seguir os mesmos trâmites que o
contrato de trabalho com trabalhador nacional. No caso de trabalhador estrangeiro não comunitário ou
apátrida, são já requisitadas formalidades especiais.
Contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro não comunitário ou apátrida
O contrato de trabalho celebrado com cidadão estrangeiro de país terceiro ao Espaço Económico Europeu ou
apátrida deve revestir a forma escrita e conter as indicações:
Nome ou denominação e domicilio das partes contraentes;
Referência ao título legal que autoriza o cidadão estrangeiro a permanecer e trabalhar em território
nacional (visto de trabalho, autorização de permanência, autorização de residência); Atividade do
empregador;
Atividade contratada;
Retribuição, com indicação do valor, periodicidade e forma de pagamento;
Local de trabalho;
Período normal de trabalho;
Data da celebração do contrato e do início da atividade;
Identificação da(s) pessoa(s) e do domicilio dos eventuais beneficiários de pensão por morte em caso
de acidente de trabalho ou de doença profissional (em anexo ao contrato).
O exemplar do contrato que ficar com o empregador deve ter apensos documentos comprovativos do
cumprimento das obrigações legais relativas à entrada e à permanência ou residência do cidadão estrangeiro
em Portugal, sendo apensas cópias dos mesmos documentos aos restantes exemplares.
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Registo de trabalhador estrangeiro
O registo de trabalhador estrangeiro não comunitário ou apátrida é feito no site da ACT - Autoridade para as
Condições de Trabalho.
O empregador deve comunicar por escrito à ACT a celebração de contrato com trabalhador estrangeiro antes
do início da atividade. Já a cessação do contrato pode ser comunicada no prazo de 15 dias.
Não é necessário registar na ACT a contratação de cidadão nacional de país membro da UE, do Espaço
Económico Europeu, do Brasil (se tiver requerido o estatuto de igualdade de direitos), de Cabo Verde, da
Guiné Bissau e de São Tomé e Príncipe.
Parentalidade
A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes. Os trabalhadores têm direito à proteção
da sociedade e do Estado na realização da sua insubstituível ação em relação ao exercício da parentalidade.
Proteção na Parentalidade
A proteção na parentalidade concretiza-se através da atribuição dos seguintes direitos:
a) Licença em situação de risco clínico durante a gravidez,
b) Licença por interrupção de gravidez;
c) Licença parental, em qualquer das modalidades;
d) Licença por adoção;
e) Licença parental complementar em qualquer das modalidades;
f) Dispensa da prestação de trabalho por parte de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, por motivo de
proteção da sua segurança e saúde;
g) Dispensa para consulta pré-natal;
h) Dispensa para avaliação para adoção;
i) Dispensa para amamentação ou aleitação;
j) Faltas para assistência a filho;
l) Faltas para assistência a neto;
m) Licença para assistência a filho;
n) Licença para assistência a filho com deficiência ou doença crónica;
o) Trabalho a tempo parcial de trabalhador com responsabilidades familiares;
p) Horário flexível de trabalhador com responsabilidades familiares;
q) Dispensa de prestação de trabalho em regime de adaptabilidade;
r) Dispensa de prestação de trabalho suplementar;
s) Dispensa de prestação de trabalho no período noturno.
Os direitos previstos no número anterior apenas se aplicam, após o nascimento do filho, a trabalhadores
progenitores que não estejam impedidos ou inibidos totalmente do exercício do poder paternal, com exceção
do direito de a mãe gozar 14 semanas de licença parental inicial e dos referentes a proteção durante a
amamentação.
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b) Trabalhadora puérpera, a trabalhadora parturiente e durante um período de 120 dias subsequentes ao
parto que informe o empregador do seu estado, por escrito, com apresentação de atestado médico ou
certidão de nascimento do filho;
c) Trabalhadora lactante, a trabalhadora que amamenta o filho e informe o empregador do seu estado, por
escrito, com apresentação de atestado médico.
O regime de proteção da parentalidade é ainda aplicável desde que o empregador tenha conhecimento da
situação ou do facto relevante
O regime jurídico da maternidade e paternidade está nos artigos 33º a 51º do Código de Trabalho.
A Trabalhadora Grávida quando conhece o seu estado deverá informar a entidade patronal do seu estado por
escrito, com apresentação de atestado médico.
A Trabalhadora Puérpera – toda a trabalhadora que após o parto tem o tempo de 120 dias, mas deve informar
a entidade patronal do seu estado por escrito com apresentação de atestado médico.
A Trabalhadora Lactante – a trabalhadora que amamenta o filho deve informar a entidade patronal do seu
estado por escrito com apresentação de atestado médico.
A Entidade Patronal deve afixar na empresa em local apropriado a informação relativa aos direitos e deveres
da trabalhadora grávida ou do pai.
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Quanto ao trabalho nocturno trabalhadora grávida é dispensada de prestar trabalho entre as 20 horas e 7
horas do dia seguinte.
Convém apresentar sempre atestado médico quando sabe que está grávida ou 10 dias após quando retorna ao
trabalho enquanto puérpera ou lactante.
Trabalhador estudante
Noção de trabalhador-estudante: Considera-se trabalhador-estudante o trabalhador que frequenta qualquer
nível de educação escolar, bem como curso de pós-graduação, mestrado ou doutoramento em instituição de
ensino, ou ainda curso de formação profissional ou programa de ocupação temporária de jovens com duração
igual ou superior a seis meses.
A manutenção do estatuto de trabalhador-estudante depende de aproveitamento escolar no ano letivo
anterior.
Para adquirir a categoria de trabalhador-estudante, o trabalhador deve comprovar perante o empregador a
sua condição de estudante, apresentando igualmente o respectivo horário escolar.
O trabalhador-estudante deve beneficiar de horários de trabalho específicos, com flexibilidade ajustável à
frequência das aulas e à inerente deslocação para os respectivos estabelecimentos de ensino. Para além de
poder ausentar-se para a prestação e provas de avaliação, nos termos previstos em legislação especial.
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estudantes existente, o empregador promove um acordo com o trabalhador interessado e a comissão de
trabalhadores ou, na sua falta, a comissão intersindical, comissões sindicais ou delegados sindicais, sobre a
medida em que o interesse daquele pode ser satisfeito ou, na falta de acordo, decide fundamentadamente,
informando o trabalhador por escrito
O trabalhador-estudante não é obrigado a prestar trabalho suplementar, exceto por motivo de força maior,
nem trabalho em regime de adaptabilidade, banco de horas ou horário concentrado quando o mesmo coincida
com o horário escolar ou com prova de avaliação.
Ao trabalhador-estudante que preste trabalho em regime de adaptabilidade, banco de horas ou horário
concentrado é assegurado um dia por mês de dispensa, sem perda de direitos, contando como prestação
efetiva de trabalho.
O trabalhador estudante que preste trabalho suplementar tem direito a descanso compensatório com
duração de metade do número de horas prestadas.
Igualdade de Oportunidades
Igualdade e não discriminação
Igualdade de condições de trabalho
Os trabalhadores têm direito à igualdade de condições de trabalho, em particular quanto à retribuição, devend
o os elementos que a determinam não conter qualquer discriminação fundada no sexo.
A igualdade de retribuição implica que, para trabalho igual ou de valor igual:
a) Qualquer modalidade de retribuição variável, nomeadamente a paga à tarefa, seja estabelecida na base da
mesma unidade de medida;
b) A retribuição calculada em função do tempo de trabalho seja a mesma.
As diferenças de retribuição não constituem discriminação quando assentes em critérios objetivos, comuns a
homens e mulheres, nomeadamente, baseados em mérito, produtividade, assiduidade ou antiguidade.
Conceitos em matéria de igualdade e não discriminação
Segundo o Código do Trabalho, considerase:
a)Discriminação direta, sempre que, em razão de um fator de discriminação, uma pessoa seja sujeita a tratame
ntntomenos favorável do que aquele que é, tenha sido ou venha a ser dado a outra pessoa em situação
comparável;
b)Discriminação indireta, sempre que uma disposição, critério ou prática aparentemente neutro seja suscetível
decolocar uma pessoa, por motivo de um fator de discriminação, numa posição de desvantagem comparativa
com outras, a não ser que essa disposição, critério ou prática seja objetivamente justificado por um fim legítim
o e que os meios para o alcançar sejam adequados e necessários;
c) Trabalho igual, aquele em que as funções desempenhadas ao serviço do mesmo empregador são iguais ou
objetivamente semelhantes em natureza, qualidade e quantidade;
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d) Trabalho de valor igual, aquele em que as funções desempenhadas ao serviço do mesmo empregador são
equivalentes, atendendo nomeadamente à qualificação ou experiência exigida, às responsabilidades atribuídas
e ao esforço físico e psíquico e às condições em que o trabalho é efetuado.
Importante referir que, constitui discriminação a mera ordem ou instrução que tenha finalidade prejudicar
alguém em razão de um fator de discriminação.
Direito à igualdade no acesso a emprego e no trabalho
O trabalhador ou candidato a emprego tem direito a igualdade de oportunidades e de tratamento no que se
refere ao acesso ao emprego, à formação e promoção ou carreira profissionais e às condições de trabalho, não
podendo ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever e
razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, estado civil, situação familiar, situação
económica, instrução, origem ou condição social, património genético, capacidade de trabalho reduzida,
deficência,doença crónica, nacionalidade, origem étnica ou raça, território de origem, língua, religião, convicçõ
es políticas ou ideológicas e filiação sindical, devendo o Estado promover a igualdade de acesso a tais direitos.
O direito respeita, designadamente:
a) A critérios de seleção e a condições de contratação, em qualquer sector de atividade e a todos os níveis
hierárquicos;
b) A acesso a todos os tipos de orientação, formação e reconversão profissionais de qualquer nível, incluindo a
aquisição de experiência prática;
c) A retribuição e outras prestações patrimoniais, promoção a todos os níveis hierárquicos e critérios para sele
ção de trabalhadores a despedir;
d) A filiação ou participação em estruturas de representação coletiva, ou em qualquer outra organização cujos
membros exercem uma determinada profissão, incluindo os benefícios por elas atribuídos.
O empregador deve afixar na empresa, em local apropriado, a informação relativa aos direitos e deveres do
trabalhador em matéria de igualdade e não discriminação.
Proibição de discriminação
O empregador não pode praticar qualquer discriminação, direta ou indireta.
Não constitui discriminação o comportamento baseado em fator de discriminação que constitua um requisito
justificável e determinante para o exercício da atividade profissional, em virtude da natureza da atividade em ca
usa ou do contexto da sua execução, devendo o objetivo ser legítimo e o requisito proporcional.
São nomeadamente permitidas diferenças de tratamento baseadas na idade que sejam necessárias e
apropriadas à realização de um objetivo legítimo, designadamente de política de emprego, mercado de
trabalho ou formação profissional.
As disposições legais ou de instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho que justifiquem os
comportamentos referidos no número anterior devem ser avaliadas periodicamente e revistas se deixarem de
se justificar.
Cabe a quem alega discriminação indicar o trabalhador ou trabalhadores em relação a quem se considera
discriminado, incumbindo ao empregador provar que a diferença de tratamento não assenta em qualquer fator
de discriminação.
As teorias apresentadas anteriormente, são designadamente aplicáveis em caso de invocação de
qualquer prática
discriminatória no acesso ao trabalho ou à formação profissional ou nas condições de trabalho, nomeadament
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e por motivo de dispensa para consulta pré-natal, proteção de segurança e saúde de trabalhadoras grávidas ou
lactentes, licenças por parentalidade ou faltas para assistência a menores.
Regras contrárias ao princípio da igualdade e não discriminação
A disposição de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou de regulamento interno de empresa
que estabeleça profissão ou categoria profissional, que respeite especificamente trabalhadores de um dos
sexos considera-se aplicável a trabalhadores de ambos os sexos.
A disposição de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou de regulamento interno de empresa
A disposição de estatuto de organização representativa de empregadores ou de trabalhadores que restrinja o
acesso a emprego, atividade profissional, formação profissional, condições de trabalho ou carreira profissional
exclusivamente a trabalhadores de um dos sexos, aplicável a trabalhadores de ambos os sexos.
Indemnização por ato discriminatório
A prática de ato discriminatório lesivo de trabalhador ou candidato a emprego conferelhe o direito a indeminiz
ação por danos patrimoniais e não patrimoniais, nos termos gerais de direito.
Igualdade e não discriminação em função do sexo
Acesso ao emprego, atividade profissional ou formação
A exclusão ou restrição de acesso de candidato a emprego ou trabalhador em razão do sexo a determinada
atividade ou à formação profissional exigida para ter acesso a essa atividade constitui discriminação em função
do sexo.
O anúncio de oferta de emprego e outra forma de publicidade ligada à préseleção ou ao recrutamento não
pode conter, direta ou indiretamente, qualquer restrição, especificação ou preferência baseada no sexo.
Em ação de formação profissional dirigida a profissão exercida predominantemente por trabalhadores de um
dos sexos deve ser dada, sempre que se justifique, preferência a trabalhadores do sexo com menor representa
ção bem como, sendo apropriado, a trabalhador com escolaridade reduzida, sem qualificação ou responsável
por família monoparental ou no caso de licença parental ou adoção.
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Bibliografia
Martins, A., Oliveira, A., Meira, D., Salazar, H., & Azevedo, M. (2017). Manual de Direito do Trabalho. Vida
Economica Editorial.
Sites:
ACT – Autoridade para as condições de trabalho
Diário da República ( consulta de legislação)
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