Ideologia Do Novo Ensino Médio: A Velha Precarização e Flexibilização Do Ensino
Ideologia Do Novo Ensino Médio: A Velha Precarização e Flexibilização Do Ensino
Ideologia Do Novo Ensino Médio: A Velha Precarização e Flexibilização Do Ensino
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, entende-se com base na análise feita das variadas produções
referente a reforma do Ensino Médio, que existe uma articulação “ao movimento de
consolidação do processo de legitimação da ordem burguesa em sua versão neoliberal”
(OLIVEIRA, 2020, P.3). Essa articulação está evidente na redução da carga horária de
conteúdo científico, com a justificativa de que a educação é conteudista demais, e a
retirada da obrigatoriedade, por exemplo, de disciplinas que contribuem no
desenvolvimento do pensamento crítico, como no caso de Sociologia e Filosofia, que
passa a ser reagrupadas em áreas do conhecimento.
Em última análise, nota-se que a ideia de uma liberdade na escolha do itinerário
formativo está diretamente relacionada a ideia de uma igualdade de oportunidades, onde
cabe as/aos estudantes a responsabilidade de seu sucesso. Tudo isso muito bem
planejado por propagandas veiculadas, onde se mantinha um discurso garantindo que a
Base Nacional Comum Curricular estabeleceria os mesmos direitos de aprendizagem
para classes economicamente diferentes, como no caso de estudantes de escola pública e
privada. (RIBEIRO;ZANARDI, 2020, p.2) Percebe-se, portanto, que “O Estado aparece
como a realização do interesse geral [...], mas, na realidade, ele é a forma pela qual os
interesses da parte mais forte e poderosa da sociedade (a classe dos proprietários)
ganham a aparência de interesses de toda a sociedade.” (CHAUÍ, 1984, p.69)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo das reflexões desta pesquisa, é possível identificar que a
problematização a respeito da reforma do Ensino Médio está atrelada a formação de
banco de mão de obra básica, e, desta forma, de um baixo custo à disposição do
mercado. Portanto, as mudanças no currículo com prerrogativa de um ensino de
qualidade, serve, na verdade, ao modelo das políticas neoliberais, que tem como
desfecho o aprofundamento das diferenças de classes com base em uma realidade
socioeconômica desigual.
Essa desigualdade institucionalizada na educação brasileira é reflexo de um
mercado altamente precarizado e impulsionado pela flexibilização das relações de
trabalho, não à toa, o Novo Ensino Médio carrega em suas propostas uma educação que
estimule o empreendedorismo, uma vez que vem ocupando espaço nos currículos e
perpetuando a lógica da ideologia neoliberal. Assim, responsabiliza as/os estudantes
pelo seu sucesso ou fracasso, e isenta o Estado de assegurar mínimas condições de vida
para as/os trabalhadoras/res.
Cabe pensar como um posterior estudo a análise da opinião das/dos estudantes e
docentes sobre a implementação do Novo Ensino Médio no Estado de Mato Grosso do
Sul, especificamente, no município de Paranaíba (MS). Esse estudo pode vir a
esclarecer como está sendo a implementação da reforma do ensino médio em diferentes
localidades, visando abordar se existe suporte ou não de investimento para a
consolidação da organização curricular frente as novas mudanças e, se há preparação
adequada de professores e professoras por meio de formação específica.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 1996. Brasília:
Senado, 1996.
CHAUÍ, Marilena de Souza. O que é ideologia. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1984