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A ação vem sendo objeto de debate no âmbito do direito processual. Conceitua-se a ação
como um direito à tutela jurisdicional de forma tempestiva, efetiva e adequada. Nesse sentido,
dois autores destacam-se dentro das teorias sobre o tema: Giuseppe Chiovenda e Adolf Wach.
Tal corrente propõe que a tutela jurídica de determinado direito apenas será efetivada
quando a sentença for favorável. Entretanto, os dois autores divergem em alguns tópicos,
principalmente no que se refere ao direito material e ao direito de ação.
De acordo com Wach, a ação não decorre, necessariamente, de um direito material insatisfeito
ou desprotegido, este não sendo necessário, portanto, para o direito à tutela jurídica do
Estado. Contudo, ele ainda reconhece uma proximidade entre esses dois tópicos, haja vista
que preconiza que a tutela jurídica será prestada pela sentença favorável, seja ao réu ou ao
autor da ação. Portanto, Wach reconhece que as partes possuem apenas uma pretensão à
proteção jurídica, a qual será concretizada apenas àquele que obtiver uma sentença favorável.
Há algumas situações jurídicas que, apesar de exercidas no âmbito particular, possuem uma
importância para toda a comunidade, por exemplo a interdição e o casamento. Nesse sentido,
há necessidade da presença do Estado, para reconhecer o ato e dar-lhe publicidade.
Ada Pellegrini conceitua a jurisdição voluntária como uma atividade estatal em prol de
interesses de particulares, bem como da fiscalização da observância de determinados
requisitos para obtenção de certo resultado. Entretanto, a própria autora critica tal
nomenclatura, afirmando que, na verdade, há uma administração pública de interesses
privados e não há uma atividade jurisdicional de fato. Tal alegação decorre da presença de
alguns fatores. A sujeição ao Poder Judiciário não ser verdadeiramente voluntária, por
exemplo, para a formação de partido político é necessário a autorização da Justiça Eleitoral.
Além disso, a decisão não é definitiva, haja vista que admite modificação, como a suspensão
de uma interdição previamente estipulada. Por fim, não há uma inércia jurisdicional, já que o
juiz assume uma postura ativa, inserindo-se entre os participantes de determinado negócio
jurídico.
Disserte sobre a ação em sentido material, conforme Carlos Alberto da Mota Pinto e Pontes de
Miranda, tecendo considerações acerca da pretensão e da ação processual:
Para Carlos Alberto da Miranda Pinto, a ação confunde-se com o conceito de garantia, que
consiste no conjunto de providências coercitivas, postas à disposição de um sujeito ativo em
uma relação jurídica, de forma a assegurar a realização do seu direito lesado. Dessa forma, a
máquina judiciária encontra-se pronta e disponível para que a parte que foi lesada recorra ao
Judiciário para tutelar o direito ferido. Por exemplo, o credor pode exigir a satisfação do seu
direito de crédito pelo poder agir. Assim, quando não há a aceitação pelo devedor do direito
do credor, surge a lide. Dessa forma, para reconhecer efetivamente o seu direito, o credor
ajuíza uma ação perante o Judiciário.
Já Pontes de Miranda enxerga a ação como posição jurídica que surge do polo ativo da relação
jurídica de direito material no exato momento em que a pretensão é exercida em face de um
polo passivo, quando o dever jurídico é resistido ou não satisfeito. Assim, o sujeito ativo sai da
esfera do poder de exigir, ou seja, da pretensão de ação, para de fato adquirir a possibilidade
de agir, através dos meios disponíveis no ordenamento jurídico. Ou seja, o conceito de ação
existe previamente à ação processual. Dessa forma, observa-se que a conceituação deste autor
também guarda uma proximidade com a definição de Carlos Alberto, haja vista que ambos
identificam uma pretensão à ação processual, bem como reconhecem a possibilidade desta
atividade exigir um comportamento ou produzir certos efeitos jurídicos para uma das partes.