Parasitologia
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Parasitologia
Parasitologia
- Aulas assíncronas
- Casos clínicos para aulas práticas
- Seminários
- Provas síncronas com uma hora de duração
Malária, tuberculose e HIV/AIDs não são consideradas DTN pela OMS, pois apresentam
bastantes tecnologias e recursos investidos no combate a tais, em comparação a outras
doenças que acometem países tropicais e subtropicais.
Agenda 2030: pretende acabar com epidemia de AIDs, tuberculose, malária e doenças
tropicais negligenciadas, além de combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e
outras doenças transmissíveis.
Protozoários
- Célula eucariota.
- Ser unicelular.
- Morfologia variada.
- Reprodução majoritariamente assexuada por divisão binária simples, mas pode
ocorrer reprodução sexuada por fecundação.
- Locomoção por pseudópodos, flagelos e cílios.
- Tamanho: 10 a 20 micrômetros (identificado apenas no microscópio) - um pouco
maior que uma hemácia.
Tricomoníase
Definição: infecção do aparelho genital masculino e feminino, sendo considerada uma IST
(infecção sexualmente transmissível) não gonocócica.
Tipo mais comum de IST não viral na mulher, sendo ainda um problema endêmico global
(cerca de 170 milhões de casos documentados no mundo).
Transmissão:
- Direta: contato sexual.
- Incomum:
- Água.
- Compartilhamento de roupas íntimas.
- Instrumentos ginecológicos.
- Canal do parto.
Patogenia e sintomas:
- Adere a superfície da mucosa uretral ou vaginal, provocando citotoxicidade.
- Na mulher:
- O mais comum é a vulvovaginite, podendo chegar ao colo do útero,
provocando uma cervicite.
- Mucosa vulvo-vaginal edemaciada (presença de edema), hiperemiada
(com eritema) e com petéquias (pontos vermelhos que constituem pequenos
focos de hemorragia) na região vulvo-vaginal.
- Corrimento amarelo-esverdeado e bolhoso característico (leucorreia)
com odor fétido.
- Sintomas mais comuns:
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- Prurido.
- Ardor.
- Dissúria (dor ao urinar) e polaciúria (aumento da frequência da
micção), sinais que imitam uma cistite.
- Dor durante a penetração do ato sexual (dispareunia de intróito).
- Normalmente, o pH vaginal é mantido entre 3,8 a 4,5 pela produção de ácido
lático pelas bactérias saprófitas, lactobacillus acidophilus ou bacilos de
Döderlein.
- Quando o pH vaginal está neutro (6 a 6,5), a situação torna-se propícia
para o desenvolvimento das tricomonas. Essa mudança do pH pode
ocorrer, por exemplo, ao longo do ciclo menstrual, em que há renovação do
epitélio estratificado vaginal, variação na secreção de glicogênio, entre outras
alterações.
- Problemas relacionados com a gravidez:
- Pode provocar: parto prematuro, baixo peso do recém-nascido e
morte neonatal.
- Problemas relacionados com a fertilidade:
- Risco de infertilidade duas vezes maior, pois a inflamação destrói as
células ciliadas da mucosa tubária, dificultando a chegada do ovário
ao útero.
- No homem:
- Majoritariamente, assintomático e de curta duração.
- Geralmente, apresenta uma uretrite subclínica (não produz manifestações
ou efeitos detectáveis através de exames clínicos regulares).
- O homem é um portador.
- Se a mulher é diagnosticada com tricomoníase, o parceiro deve ser
tratado também.
Diagnóstico:
- A clínica (os sinais e sintomas) podem se confundir com outras ISTs, por isso é
importante o exame laboratorial.
- Na mulher:
- Exame da secreção vaginal corado por GIEMSA OU exame da urina à
fresco (EAS).
- Realizado no preventivo, a presença das tricomonas é pesquisada na
colpocitologia.
- No homem:
- Exame da secreção uretral ou prostática corado por GIEMSA OU,
preferencialmente, o exame da urina à fresco (EAS).
- Menos comumente, existem os testes imunocromatográficos. O fluido corporal
contendo o parasito pode ser cultivado em meios de cultura.
Profilaxia:
- Tratamento:
- Metronidazol (mais comum) ou secnidazol por via oral.
- Tratar o casal.
- Em gestantes, a escolha principal é o uso de cremes vaginais para evitar o
uso oral de fármacos.
- Evitar o uso de álcool devido às reações adversas com o medicamento.
- Prevenção:
- Higiene pessoal.
- Esterilização de instrumentos ginecológicos.
- Tratamento de água de piscinas.
- Consulta periódica e realização do preventivo para mulheres.
- Uso de preservativo no ato sexual.
Caso Clínico 1
Balantidiose
Giardíase
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Amebíase
- Cisto:
- Forma de infecção e de resistência.
- Tetranucleado.
- Trofozoíto:
- Forma de colonização e reprodução.
- Apresenta duas formas:
- Forma não patogênica:
- Fagocita bactérias.
- Apresenta menor diâmetro.
- Forma invasiva:
- Apresenta maior diâmetro.
- Capacidade de fagocitar hemácias.
- Penetram no epitélio intestinal e dividem-se
internamente na submucosa.
- Produzem ulcerações extensas e podem atingir outros
órgãos por via hematológica.
- Parasita monoxeno.
- Doença exclusivamente humana.
- Ciclo biológico:
- Transmissão oral fecal por meio da ingestão de cistos.
- Desencistamento no intestino delgado.
- Cada trofozoíto recém-eliminado se reproduz e dá origem a oito trofozoítos
no intestino grosso.
- Alguns trofozoítos vivem como comensais na luz do intestino, levando a
amebíase intestinal não-invasiva. Geralmente, as formas assintomáticas
pertencem à linhagem da Entamoeba dispar.
- Outros trofozoítos são responsáveis pelo surgimento da amebíase intestinal
invasiva e/ou extra-intestinal.
- Fatores ambientais levam ao encistamento dos trofozoítos, que são liberados
nas fezes, contribuindo para a disseminação da doença.
- Mecanismo de invasão da submucosa intestinal:
- A ameba, por meio de uma lectina, uma molécula adesiva, se adere a
resíduos de carboidratos (galactose e acetil-galactosamina) presentes na
membrana das células epiteliais do cólon.
- Após a adesão, inicia-se a destruição tecidual. A ameba libera amebaporos
(induz a citólise) e as cisteínas proteases (degradam proteínas da mucosa).
- A erosão epitelial leva a migração de neutrófilos e outros leucócitos para o
local, atraídos por mediadores de dano tecidual, o que agrava a lesão.
- Quando as amebas vencem a barreira epitelial, inicia-se a multiplicação do
parasita na submucosa.
- Essa perfuração leva ao aparecimento de lesões, conhecidas como úlceras
em botão de camisa.
- Manifestações clínicas da amebíase intestinal invasiva:
- Observação: quando infectados, os indivíduos podem não manifestar sinais,
tornando-se portadores crônicos assintomáticos do parasita.
- Colite não-disentérica:
- Forma diarreica.
- Prostração.
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Caso Clínico 2
Gabriel, 10 anos, mora com sua mãe num bairro de classe média alta em Juiz de Fora.
Estuda num colégio particular no 5º ano do Ensino Fundamental. Gabriel está com
diarreia e com muita dor de barriga. É portador de asma brônquica e começou a ter
crises durante vários dias seguidos e sua mãe achou que era por causa da mudança
brusca de temperatura dos dias e das noites, medicando-o como já estava
acostumada nesses casos. Gabriel também estava reclamando de “queimação no
estômago”, náusea e estava tendo episódios de vômito. Assim, sua mãe optou por
levá-lo ao pediatra. Pelo relato da mãe, o médico observou que Gabriel estava
apresentando um quadro de síndrome dispéptica (refluxo), com sensação de
desconforto epigástrico, plenitude gástrica pós-prandial (sensação desagradável de
persistência prolongada de alimentos no estômago), eructações (gases do estômago
são expelidos através da boca) e pirose (queimação). Além disso, dada a sua
experiência, o médico observou que esse quadro poderia ser causado por uma
protozoose intestinal. Observou também que esse quadro de refluxo estava
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provocando crises constantes de asma. Durante a conversa, Gabriel contou que ele e
sua mãe “adotaram dois gatos do abrigo da Prefeitura, há dois meses, mas que ainda
não tinham levado eles ao veterinário”. A mãe perguntou ao médico se era mesmo
necessário levar os animais ao veterinário. Após diagnóstico laboratorial por EPF, o
menino foi tratado com secnidazol, dose única. Após uma semana as crises de asma,
o refluxo e os outros sintomas melhoraram.
Qual a importância dos gatos adotados nesse caso? O que o médico deveria
responder quando a mãe perguntou se era mesmo necessário levar os animais ao
veterinário?
Animais domésticos, como os gatos adotados, podem atuar como reservatórios de certos
parasitas que infectam seres humanos. Por esse motivo, seria importante que o médico
veterinário fosse consultado para o correto tratamento dos animais e para evitar, dessa
forma, que os donos sejam infectados novamente. Possivelmente, trata-se de um caso de
giardíase, pois sabemos que a doença apresenta grande potencial zoonótico devido à
existência de formas do protozoário que infectam tanto humanos quanto mamíferos.
O refluxo pode estar desencadeando a asma no seu organismo porque o ácido que volta
para o esôfago pode irritar as terminações nervosas e gerar sinais para o cérebro, que
responde com impulsos aos pulmões para estimular a produção de muco nas vias
respiratórias que se contraem e podem resultar em alguns sintomas de asma.
Caso Clínico 3
RAB, 45 anos, sexo masculino, caminhoneiro, natural de Juiz de Fora - MG. Procura o
plantão de emergência do Hospital Santa Casa de Misericórdia relatando dor
abdominal acompanhada de diarreia há dois dias. Foi então solicitado um exame
parasitológico de fezes (HPJ e MIF centrifugado) não sendo encontrado nenhum
agente infeccioso. O médico plantonista prescreveu hidratação sorológica sendo o
paciente liberado a seguir. Um mês depois, o paciente retorna à emergência do
mesmo hospital relatando diarreia aquosa com aparente presença de sangue
(disenteria) e persistência das dores abdominais. Ao exame clínico, observa-se
hepatomegalia dolorosa a palpação, febre (temperatura axilar de 39,5 graus celsius) e
dor abdominal no quadrante inferior direito. O médico solicita novo exame
parasitológico das fezes (MIFc e esfregaço direto), além de uma colonoscopia e de
uma tomografia computadorizada do intestino. As técnicas de imagem demonstraram
presença de pequenos pontos de erosão no sigmóide e reto além de uma massa
isodensa de 5x5 cm na região cecal sugestivo de apendicite aguda, respectivamente.
De posse desses resultados, o médico solicitou um exame sorológico direcionado à
detecção de um parasito específico.
O exame parasitológico de fezes mais adequado, nesse caso, é a análise de fezes a fresco
ou devidamente preservadas por métodos de fixação e coloração, pois, na amebíase,
ocorre grande eliminação de fezes diarreicas mucosanguinolentas (disenteria), nas quais
predominam trofozoítos, formas que resistem pouco fora do intestino grosso. De forma
complementar, é possível realizar colonoscopia e retossigmoidoscopia, que podem
encontrar úlceras em botão de camisa ou pequenas ulcerações menores com bordas
eritematosas. Tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia, por sua vez, podem
encontrar abscesso hepático ou pulmonar. Como o paciente manifestou um quadro com
sinais extraintestinais, afetando o tecido hepático, um exame sorológico seria sensível para
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Leishmanioses
- Tratamento:
- A leishmaniose cutânea, mas não a visceral, pode apresentar cura
espontânea.
- Farmacologia por antimoniais pentavalentes:
- Antimoniato de meglumina (glucantime) em doses de 20mg/kg/dia por
via intravenosa ou intramuscular, por 20 a 30 dias.
- Como segundo escolha, podemos usar a anfotericina B, anfotericina
B lipossomal ou pentamidina.
- Profilaxia:
- Para a leishmaniose tegumentar de ciclo silvestre, uso de repelentes,
janelas teladas e mosquiteiros impregnados com inseticidas.
- Devido ao pequeno tamanho do vetor, a malha dos
mosquiteiros deve ser muito fina para impedir sua passagem.
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- Doença zoonótica.
- Doença tropical negligenciada:
- A incidência esmagadora se localiza em países pobres e em populações de
baixa renda. O termo negligenciado corresponde ao fato de que uma em
cada sete pessoas apresentam a doença e uma em cada seis são
acometidas por tal e nunca ouviram falar a respeito.
- Epidemiologia:
- Endêmica no continente americano.
- No Brasil, é bastante incidente no RS, MG e GO.
- Formas do protozoário:
- Epimastigota:
- Encontrada no intestino médio do vetor.
- Capaz de se reproduzir, mas não de infectar.
- Célula alongada com cinetoplasto próximo ao núcleo.
- O flagelo também forma uma membrana ondulante, porém mais curta
e menos evidente.
- Tripomastigota :
- Predomina na corrente sanguínea e no líquor do hospedeiro
mamífero (tripomastigota sanguínea) e na extremidade distal do
tubo digestivo dos triatomíneos (tripomastigota metacíclica).
- Estágio infectante para a célula.
- Não apresenta capacidade de se dividir.
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- Organização celular:
- Todas as formas apresentam um flagelo que emerge de um bolso flagelar
localizado na região anterior da célula.
- Presença de um citóstoma, uma estrutura envolvida na endocitose de
partículas, localizado junto à bolsa flagelar.
- Possuem o cinetoplasto, grande complexo de DNA circular.
- Ciclo de vida:
- Heteroxeno: transcorre entre insetos vetores reduvídeos (percevejos) e
hospedeiros mamíferos.
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- Fase crônica:
- Geralmente, a pessoa leva 10 a 20 anos para entrar nessa fase.
- Baixa parasitemia e intensa resposta imune humoral, com
predomínio de anticorpos IgG.
- Pode ser indeterminada (se o indivíduo permanecer assintomático
após a fase aguda) ou sintomática.
- Na fase crônica indeterminada, a paciente apresenta exame
sorológico e parasitológico positivo, sem sintomas, eletrocardiograma
normal, coração, esôfago e cólon normais ao raio X.
- Estágio em que a doença, quando sintomática, se manifesta de duas
formas:
- Forma cardíaca:
- Insuficiência cardíaca congestiva por cardiopatia
chagásica crônica.
- Devido a essa deficiência ocorre um
bombeamento sanguíneo diminuído,
acarretando acúmulo de líquido nos membros
inferiores, pulmões e outros lugares
dependendo da gravidade da insuficiência
cardíaca.
- Aneurisma de ponta: afeta o ápice do coração (região
ventricular).
- Cardiomegalia (em casos graves).
- Arritmias complexas e morte súbita.
- Forma digestiva:
- Destruição dos plexos nervosos ao longo do trato
digestivo.
- Manifestações clínicas associadas ao megaesôfago
(disfagia, regurgitação, dor epigástrica).
- Manifestações clínicas associadas ao megacólon
(constipação intestinal crônica, distensão abdominal).
- Formas mistas.
- Forma cerebral:
- Pode se manifestar em pacientes
imunocomprometidos.
- Diagnóstico:
- Clínico:
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Caso clínico 5
E.S.L., sexo masculino, 34 anos, casado, natural de Russas (área rural, estado de PE),
mora desde os 15 anos em Limoeiro (PE). Motorista. Escolaridade até a oitava série. A
principal queixa é “coração acelerado”, relatando que acordou à noite com episódio de
palpitação, acompanhada de dispneia, vômitos e febre (não sabe mensurar). A
palpitação durou mais de 3 horas e às 6 horas da manhã o paciente procurou atendimento
médico em Limoeiro e foi, após uns exames, encaminhado de urgência para o Hospital de
Messejana (Hospital de referência em doenças cardiológicas situado na cidade de
Fortaleza). O eletrocardiograma mostrou taquicardia ventricular e o ecocardiograma
apontou insuficiência cardíaca, com grave disfunção ventricular. O paciente nega
tabagismo, transfusões, álcool ou uso de qualquer outro medicamento. Pratica exercícios
diários de 40 minutos sem queixas cardíacas, sem animais, mora em casa de
alvenaria com 3 quartos. Relata que o avô, que morava em Russas, morreu de
problemas cardíacos porque tinha a "doença transmitida pelo barbeiro", o qual refere
conhecer. Pai e mãe são saudáveis.
Fase crônica da doença de Chagas, pois o paciente apresenta sintomas cardíacos clássicos
dessa fase e provavelmente adquiriu a doenca há anos, uma vez que morou muito tempo
em área rural na qual o avô adquiriu o parasita. A busca direta por parasitos não seria
eficaz, pois há baixa parasitemia na fase crônica. Nesse caso, recomenda-se o exame
sorológico para pesquisa dos anticorpos contra o parasita, já que não é possível realizar
uma biópsia de coração no paciente.
Como se adquire esta doença? Associe a forma de transmissão com a fase evolutiva
do parasito.
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Via oral por alimentos contaminados, como açaí e caldo de cana, com a forma
tripomastigota metacíclica do protozoário.
Via vertical por meio da transferência de ninhos da forma amastigota pela placenta da mãe
para o feto.
Via vetor por meio de fezes do inseto triatomíneo contaminadas com a forma tripomastigota
metacíclica do protozoário. Durante o repasto sanguíneo, essas fezes são depositadas na
pele do hospedeiro mamífero e podem ser inoculadas por meio de escarificações na pele.
Toxoplasmose
- Oocistos:
- Forma de resistência.
- Liberado nas fezes de felinos.
- Contém 2 esporocistos contendo 4 esporozoítos cada.
- Amadurecem no solo.
- Invasão da célula e multiplicação:
- Penetra ativamente ou por fagocitose.
- Dentro de um vacúolo parasitóforo, o protozoário começa a se dividir por
endogenia.
- Reprodução:
- Assexuada ou extra intestinal:
- Taquizoítas e cistos com bradizoítas.
- Sexuada ou enteroepitelial:
- Ocorre no tecido epitelial do intestino de gatos jovens ou outros
felinos.
- Transmissão:
- Ingestão de oocistos maduros em água e alimentos contaminados,
sobretudo folhosos.
- Ingestão de cistos com bradizoítos por meio de carne crua ou mal
passada.
- Vertical, por meio da placenta.
- Dificilmente ocorre por meio dos taquizoítas, pois estes rapidamente
morrem no meio externo. Mas essa forma evolutiva pode aparecer no leite.
- Raramente, ocorre por transfusão de sangue, transplante, etc.
- Patogenia e sintomatologia:
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- Tratamento:
- Apenas na fase aguda da doença e em pacientes graves, grávidas e
recém-nascidos:
- Pirimetamina + sulfadiazina + ácido fólico na dieta.
- A pirimetamina é altamente teratogênica, não sendo
recomendada para gestantes.
- Pirimetamina + sulfadiazina + anti-inflamatório para toxoplasmose
ocular.
- Espiramicina em mulheres desde o início da gestação OU a partir da
18 semana, tratar com pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico.
- Não existe um consenso quanto ao melhor protocolo de
tratamento para gestantes, mas o prognóstico da doença é
melhor para aquelas que recebem tratamento:
- Reduz a transmissão congênita.
- As consequências para o feto são menores.
- Profilaxia:
- Cuidados com felinos.
- Consumir carnes bem cozidas.
- Ferver o leite.
- Cuidado especial para gestantes com sorologia negativa.
- Toxoplasmose incluída no teste do pezinho!
Caso clínico 6
KGV, sexo masculino, nasceu de parto cesariana, pesando 3620g, estatura 55 cm, com o
primeiro exame físico normal. Permaneceu sem intercorrências no hospital, tendo alta com
a mãe. Com 2 meses de vida, apresentava microcefalia, retardo do desenvolvimento
neuromotor e estrabismo convergente bilateral. Dados da mãe: Mãe fez 7 consultas de
pré-natal, sendo solicitadas sorologias de rotina com os seguintes resultados para
toxoplasmose: IgG e IgM negativas no primeiro trimestre; no exame do terceiro
trimestre observou-se viragem sorológica (de IgG negativa para positiva com título
alto) e IgM positiva. Após o resultado do último exame de pré-natal, a gestante foi
tratada com espiramicina.
No caso da gestante, como foi observado tanto IgG quanto IgM positivas no terceiro
semestre, pode-se testar novamente a presença de anticorpos contra toxoplasmose no soro
da mulher. Se ainda for observada a IgG positiva conjuntamente com a IgM no soro da
paciente, realiza-se o teste de avidez da IgG para confirmar a fase em que a paciente se
encontra.
Primeiramente, sim, ela pode ser considerada como doença transmitida por alimentos, pois
oocistos maduros podem ser ingeridos em água e alimentos contaminados, sobretudo
folhosos. Além disso, carnes cruas ou mal passadas de aves ou mamíferos contendo cistos
com bradizoítos podem transmitir o parasito. Ainda, o protozoário pode ser transmitido pela
placenta na forma de taquizoítas presentes no sangue. Inclusive, os taquizoítas, por serem
pouco resistentes ao meio exterior ao hospedeiro, tendem a se degenerar rapidamente,
sendo difícil a ocorrência de transmissão da infecção pela ingestão dessas formas, mas
raramente podem ser encontradas no leite. Por fim, é possível que na transfusão de sangue
taquizoítas sejam transmitidos de um indivíduo para o outro, porém esses casos são raros.
- Esquizonte:
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- Merozoíta.
- Gametócito.
- O vetor:
- Anofelinos, pernilongos ou muriçocas.
- As fêmeas são hematófagas.
- Ciclo: ovo -> larva -> pupa -> adulto.
- Transmissão:
- Piada do anofelino contendo esporozoítas.
- Transfusão sanguínea, compartilhamento de materiais cortantes e acidentes
laboratoriais.
- Ciclo biológico:
- Inseto pica o ser humano e inocula a sua saliva, que contém anticoagulante e
esporozoítas.
- Cerca de 15 a 45 minutos após a infecção, os esporozoítas invadem os
hepatócitos e iniciam seu processo de divisão e diferenciação.
- Esses esporozoítas podem entrar na forma de latência hipnozoíta.
- Os esporozoítas nos hepatócitos se reproduzem assexuadamente e se
diferenciam em merozoítas, que, depois de romperem a membrana das
células do fígado, migram para o sangue, onde invadem as hemácias. Os
merozoítas usam o complexo apical para adentrar na hemácia.
- A fase hepática pode durar:
- 6 dias no Plasmodium falciparum.
- 8 dias no Plasmodium vivax.
- 12 a 16 dias no Plasmodium malariae.
- A fase hepática é assintomática ou inespecífica.
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Caso clínico:
Não. O paciente apresenta sinais e sintomas que levam à hipótese de uma provável crise
hemolítica provocada pelo causador da malária, principalmente considerando que ele
esteve em Rondônia nas últimas semanas, um dos estados endêmicos para a doença.
Porém, para identificar a espécie do parasito e determinar qual deverá ser o tratamento, é
preciso realizar exames laboratoriais parasitológicos. Vale lembrar que o padrão de febre
intermitente, que geralmente varia com a espécie de Plasmodium, nem sempre pode ser
identificado pois, caso o paciente faça uso de antitérmico, esse padrão será mascarado.
Ectoparasitoses
Artrópodes
- Invertebrados.
- Corpo segmentado.
- Realizam ecdise.
- Podem ser transmissores de doença:
- Hospedeiros intermediários: vetor mecânico.
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Classe insecta
Piolhos:
- Agente etiológico:
- Pediculus humanus capitis: infesta a região da cabeça.
- Pediculus humanus corporis: infesta o corpo.
- Phthirus pubis: conhecido como chato, infesta a região pubiana.
- Lêndeas: ovos do piolho, depositados no fio de cabelo.
- Podem transmitir doenças bacterianas, como:
- Tifo exantemático.
- Febre das trincheiras.
- Febre recorrente.
- CAUSAM pediculose e fitirose:
- São dermatites: provocam prurido, pápulas eritematosas, linfadenopatia
e alopecia.
- Podem levar a anemia e infecções secundárias.
- Contágio:
- Direto: de pessoa para pessoa.
- Indireto: por meio de fomites, objetivos que podem carregar o piolho
(escova de cabelo por exemplo).
- Tratamento:
- Inseticidas em forma de xampu, loção e cremes de cabelo: permetrina,
deltametrina, malathion, benzoato de benzila.
- Ivermectina via oral:
- Contraindicado para gestantes e crianças com menos de 5 anos.
- Catação manual com pente fino, cabelo curto ou raspado, aplicação de
óleo ou vaselina no cabelo, etc.
- Mitos e verdades:
- O piolho não consegue pular de uma pessoa para a outra.
- O pente fino usado diariamente é uma medida segura para eliminar os
piolhos.
- O cabelo sujo não necessariamente atrai os piolhos, mas a higiene com os
fios contribui para a prevenção desta ectoparasitose.
- O verão favorece o ciclo de vida do piolho e consequentemente a infestação.
- Para matar o piolho não é necessário esmagá-los, mas sim retirá-los com o
pente fino e colocá-los na água com vinagre.
- Não é necessário afastar as crianças da escola.
- Compartilhamento de pentes, bonés e capacetes contribui para a
transmissão da infestação.
- Qualquer pessoa pode pegar piolho.
Pulga:
- Agente etiológico:
- Pulex irritans no homem.
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Moscas:
- Vetor mecânico de determinados agentes patogênicos.
- Miíases:
- Deposição de larvas de moscas nos tecidos humanos:
- Primária: as larvas se alimentam de tecidos vivos.
- Secundária: as larvas se alimentam de tecidos mortos.
Berne:
- Agente etiológico: Dermatobia hominis (mosca berreiro).
- Miíase primária furuncular.
- Ciclo de vida:
- O berne origina a mosca adulta. A fêmea grávida põe seus ovos em
insetos carregadores. Estes insetos, ao pousarem no mamífero durante o
repasto sanguíneo, deixam os ovos e as larvas podem entrar no tecido vivo.
- Para retirar o berne, realiza-se o tamponamento da lesão, pois ele precisa de
oxigênio para respirar.
- A lesão é uma porta de entrada para bactérias e fungos.
- Tratamento: retirada do parasito e uso de antissépticos.
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Miíase secundária:
- Agente etiológico: família Sarcophagidae.
- Ocorre deposição de ovos em tecidos mortos (úlceras necrosadas e cadáveres).
- Uso em medicina legal.
Classe arachnida
Carrapato:
- Agente etiológico: Amblyomma cajennense e Dermacentor andersoni.
- Transmitem bactérias que causam febre hemorrágica:
- Febre maculosa: Rickettsia rickettsii.
- Febre recorrente: Borrelia recurrentis.
- Agente etiológico: Ixodes scapularis
- Transmite babesiose (Babesiose sp) e Doenca de Lyme (Borrelia
burgdorferi).
- Todos causam dermatite com prurido e eritema, pois os carrapatos picam e
sugam o sangue do indivíduo.
- Tratamento: retirada do carrapato com uma pinça.
- Genitálias.
- É frequente a contaminação bacteriana das lesões.
- Transmissão:
- Direto: pessoa para pessoa.
- Indireto: por meio de objetos contaminados.
- Sarna crostosa ou norueguesa:
- Escabiose generalizada em paciente imunocomprometido.
- Profilaxia:
- Limpeza com pano úmido e aspirador de pó do ambiente.
- Expor a roupa ao sol e usar fungicidas, pois combate aos fungos que servem
de alimento para os ácaros.
Babesiose
- Tratamento:
- Farmacológico: quinina, clindamicina ou azitromicina.
- Casos graves: diálise e transfusão de sangue.
- Profilaxia:
- Evitar picada dos carrapatos: uso de repelentes, roupas apropriadas e claras,
etc.
- Cuidado adequado dos animais domésticos.
- Limpeza de quintais para evitar mamíferos roedores.
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HELMINTOS
Filo Platyhelminthes
Classe Cestoide
- Cabeça ou escólex.
- Taenia solium:
- Dupla coroa de ganchos -> rostro armado.
- Taenia saginata:
- Ventosas.
- Colo ou pescoço.
- Corpo ou estróbilo:
- Constituído por várias proglótides:
- Jovens: órgãos sexuais ainda não desenvolvidos.
- Maduros: órgãos sexuais desenvolvidos.
- Após a fecundação, os órgãos sexuais masculinos
involuem para abrir espaço para os órgãos sexuais
femininos (protandria!).
- Grávidos:
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- Epilepsia.
- Alterações de fala.
- Cisticercose muscular e/ou subcutânea.
- Cisticercose cardíaca.
- Cisticercose ocular: instalação na retina, com seu
deslocamento e perfuração.
- Diagnóstico da teníase:
- Clínico: sintomas e relato do paciente (visualiza proglótides nas fezes).
- Laboratorial:
- Método de tamização: busca de proglótides diretamente nas
fezes.
- Pode ser pedido o diagnóstico diferencial.
- Método de HPJ ou fita adesiva: busca de ovos.
- Diagnóstico genérico -> não diferencia a espécie da tênia.
- Diagnóstico de cisticercose:
- Clínico: quadro clínico e observação epidemiológica.
- Laboratorial:
- Neurocisticercose:
- Exame de líquido cefalorraquidiano.
- Recursos de imagem (RX, TC, RMN).
- No raio-X, aparece principalmente o cisticerco morto,
calcificado.
- Na RMN e na TC, aparecem, também, cisticercos
vivos.
- Detecção de antígenos no soro (ELISA e immunoblotting).
- Oftalmoscopia.
- Descartar a presença de tuberculoso e ou estrongiloidíase
latentes devido a provável necessidade de uso de
corticóides (estes que aumentam a sintomática da
tuberculose e estrongiloidíase).
- Em áreas não endêmicas, rastrear outros membros da
família para a infecção por tênia e cisticercose.
- Oftalmocisticercose:
- Exames oftálmicos.
- Tratamento:
- Teníase: Praziquantel ou niclosamida.
- Cuidados: orientar para o paciente não remover o verme com as
mãos quando eliminadas pelas fezes.
- Não administrar medicamentos que levem a vômito (peristaltismo
reverso) para evitar a cisticercose em caso de Taenia solium.
- Cisticercose: Albendazol.
- Tratamento na fase ativa do cisticerco.
- Pode-se associar com corticóide para reduzir o processo inflamatório.
- Controlar sintomas.
- Recomendação de cirurgia em determinados casos.
- Profilaxia:
- Tratamento dos infectados.
- Saneamento básico.
Maria Eduarda Duarte de Oliveira - Medicina 118 UFJF
Caso clínico 8
O paciente contraiu teníase a partir da ingestão de carne crua ou mal cozida, suína ou
bovina, contendo cisticerco.
Caso clínico 9
Explique por que o fato do paciente ser vegetariano não o exclui de ser portador de
neurocisticercose?
Sim, uma vez que pode ocorrer um processo de autoinfecção, em que ovos do verme,
liberados nas fezes desses pacientes previamente infectados, podem ser levados à boca,
caracterizando uma autoinfecção externa. Pode ocorrer também um processo de
autoinfecção interna, em que ovos de tênia se rompem dentro do próprio indivíduo, por
exemplo, pelo retorno dos ovos para o estômago em casos de vômito, liberando a
oncosfera, que, ao cair na corrente sanguínea e chegar a tecidos bastante oxigenados,
como o cérebro, consegue se desenvolver o cisticerco. Vale lembrar que esse quadro não é
um risco para pacientes infectados com Taenia saginata, pois esta não é capaz de causar
cisticercose em humanos.
Esquistossomose
Caso clínico 10
AST, 20 anos, procedente de Caratinga (MG), com residência nos Estados Unidos há 7
anos. O paciente procura atendimento médico em um hospital próximo à sua residência
queixando de dores abdominais. O paciente relata que esporadicamente percebeu a
presença de sangue nas fezes e tem histórico de pólipo intestinal (alteração causada
pelo crescimento anormal da mucosa do cólon e reto). Após colonoscopia e biópsia, o
médico explica que além do pólipo, ele apresenta uma doença que é transmitida por um
caramujo de água doce. O médico indica tratamento com praziquantel, mas sabendo que
o paciente é brasileiro, orienta que antes da administração do medicamento, deverá ser
feita uma tomografia computadorizada de crânio.
O protocolo seguido pelo médico é importante pois, como o paciente é procedente do Brasil,
em que casos de teníase e cisticercose ainda são bastante comuns, ele pode apresentar
neurocisticercose se tiver ingerido ovos de tênia no passado. Nesse caso, o praziquantel
potencializa o processo inflamatório do cisticerco no parênquima cerebral, podendo agravar
esse quadro clínico, sendo esse o motivo pelo qual deve-se solicitar a tomografia
computadorizada de crânio antes de se recorrer ao tratamento da esquistossomose pelo
fármaco em questão.
Nematodes
(Nema = filamento)
- Tamanho variado.
- Dimorfismo sexual.
- Corpo não segmentado.
- Tubo digestório completo.
Gênero Toxocara
Gênero Ascaris
Caso clínico 11
parada de eliminação de gazes e fezes havia três dias. A radiografia evidenciou intensa
distensão das alças do intestino delgado e uma imagem com “miolo de pão” (Figura 1). Foi
iniciada hidratação venosa, com dieta zero e passagem de sonda nasogástrica com
mebendazol (100mg) e óleo mineral. Dez horas após o início do tratamento houve piora
da distensão abdominal e do estado geral da paciente, com episódios de vômitos contendo
três vermes vivos. A criança foi transferida para o Hospital da Criança e foi realizada uma
ultrassonografia do abdome que mostrou grande quantidade de vermes vivos no intestino e
na vesícula biliar - áscaris errático, extraintestinal (Figura 2). Nesse momento, o
mebendazol foi substituído por levamisol (80mg) - fármaco que paralisa o verme
temporariamente. Três dias após o tratamento, a paciente evacuou grande quantidade de
vermes. Permaneceu internada por alguns dias e novos exames ultrassonográficos foram
realizados, não sendo mais observados vermes na vesícula biliar nem no intestino delgado.
Assim, a paciente recebeu alta hospitalar em bom estado geral e sua responsável foi
orientada quanto à necessidade de mudança dos hábitos de higiene e a dar continuidade ao
tratamento da criança com albendazol (400mg) dose única, além de fazer acompanhamento
semanal nos ambulatórios de Pediatria e de Cirurgia Pediátrica.
Maria Eduarda Duarte de Oliveira - Medicina 118 UFJF
Não, o correto seria, com o paciente em jejum, administrar sonda nasogástrica com
piperazina, um fármaco capaz de paralisar o verme e soltá-lo da parede do intestino. A
partir disso, o óleo mineral, juntamente com os movimentos peristálticos intestinais, atuarão
na tentativa de expelir o bolo de áscaris. Não se deve entrar com os fármacos do tratamento
convencional, como o mebendazol, antes de expelir o bolo de áscaris. Vale lembrar que se
o tratamento convencional não conseguir contornar a obstrução intestinal, opta-se pela
intervenção cirúrgica.
Nematelmintos: Tricuríase
➢ Trichuris trichiura
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○ Pode gerar caso grave, gera prolapso retal (principalmente em crianças), estando
relacionados com hiperinfecção e desnutrição extrema
■ Expulsão de uma parte do reto para fora do anus
■ Por causa da inflamação, a mucosa se desprende do assoalho, sendo expulsa
pelo anus (não é eliminada, uma vez que fica presa)
➢ Diagnósticos
○ Clínico: gerais são inespecíficos, presença do prolapso retal
○ Laboratorial: exame parasitológico das fezes (HPJ), para pesquisa de ovos
característicos do tricuris
➢ Profilaxia
○ Tratamento com mebendazol, albendazol, anita (anti-parasitários)
○ Saneamento básico de água, dejetos e lixos
○ Higiene pessoal e dos alimentos impedindo ingestão
○ Educação sanitária
Nematelmintos: Enterobíase
➢ Enterobius vermicularis
➢ Causa enterobíase, enterobiose ou oxiurose (oxiúro)
➢ Parasito exclusivamente humano (outras espécies de enterobius podem infectar boi,
cavalo, cães, gatos, macaco)
➢ Alta frequência e pode ocorrer auto-infecção
➢ Morfologia
○ Possui macho (com extremidade posterior em formato de gancho) e fêmea
○ Possuem na cabeça um esôfago com bulbo
○ Há aletas laterais para fixação e locomoção
○ Fêmea com interior escuro pela presença de ovos
○ Os ovos possuem larva em seu interior, esse ovo é chamado de ovo em forma de
D
➢ Habitat
○ Ceco (junção íleo-ceco-cólica)
○ Pode invadir apêndice cecal
○ A fêmea migra a noite do intestino para o anus (região perianal) para fazer
postura dos ovos
➢ Transmissão
○ Direta (ou autoinfecção externa)
■ Prurido anal faz que indivíduo leve a mão, contaminando-as
■ Pode levar a boca e se autoinfectar
○ Indireta
■ Água e alimentos, poeira, objetos
■ Na poeira porque a postura dos ovos na região perianal ocorre durante a
noite
Quando a pessoa acorda, a cama está cheia de ovos, logo, ao
estender, balançar roupa de cama, acaba espalhando os ovos pelo chão da
casa, pelas partículas de poeira, ou em objetos (como chupeta de um bebê,
mamadeira da criança)
➢ Ciclo biológico
○ Não precisa passar pelo solo para embrionar
Maria Eduarda Duarte de Oliveira - Medicina 118 UFJF
○ Laboratorial
■ Exame macroscópico das fezes (vê-se verme adulto; pode-se ver
macho visto que morre no intestino e é eliminado na defecação)
■ Exame parasitológico das fezes (HPJ), pesquisa de ovos, não é
indicado, visto que tem positividade baixa (5-10%); os ovos não estão
muito misturados com as fezes, visto migração da fêmea para postura dos
ovos no anus
■ Método da fita adesiva (Método de Graham), é possível ver ovos e
vermes adultos; se negativo, realiza-se novamente o teste 5 a 6 vezes;
exame é feito pela manhã antes da pessoa tomar banho
➢ Profilaxia e tratamento
○ Tratar a família e o indivíduo parasitado com Mebendazol, Albendazol e Anita
○ Pomada antipruriginosa (corticoide), para reduzir inflamação e alergia
○ Saneamento básico com água tratada e destino adequado dos dejetos
○ Banho matinais diários
○ Unhas sempre curtas e limpas (não roer as unhas)
○ Lavar sempre as mãos
○ Mudar frequência de troca de roupa de baixo, de cama e de banho, ferve ou
aquecer (55oC)
○ Limpeza da casa com pano de chão e desinfetantes em pó
○ Evitar levantar poeira
○ Cuidado com crianças em idade escolar e pré-escolar
Caso clínico 12
MSF, 6 anos, sexo feminino, cor parda, procedente de Cajuru-SP, apresenta diarreia com
fezes sanguinolentas há 4 meses que se agravou posteriormente com prolapso retal
associado à perda de apetite, emagrecimento progressivo, apatia e palidez. Sem febre. Ao
exame físico são observados cerca de 4cm de prolapso retal com a presença de alguns
vermes na cor esbranquiçada.
provoca, também, ação traumática no tecido, o que pode favorecer, por exemplo, o
aparecimento de sangue nas fezes. A hiperinfecção, por sua vez, pode levar a expulsão de
parte do reto pelo canal anal, denominada de prolapso retal, pela acao inflamatória e lesiva
do verme na mucosa intestinal que leva esta a se desprender de seu assoalho, contudo,
sem ser expulsa completamente (se mantém presa a estruturas de sustentação internas).
Caso clínico 13
L.V.A., 4 anos de idade, foi levada pela mãe à consulta de pediatria. A mãe disse que há 3
meses apresenta prurido vaginal, com leucorreia escassa, sem melhoria com as medidas
de higiene específicas. Não apresentava queixas urinárias ou alterações do trânsito
intestinal. Não foram observadas alterações do estado geral ou emagrecimento. A mãe
relatou agravamento das queixas à noite, com prurido perianal intenso. No exame
físico, o médico observou rubor vulvar e vaginal e escoriações (aparentes lesões de
coceira) perianais. Foram descartados lesão por corpo estranho ou abuso sexual. Após
alguns dias, com o resultado do diagnóstico laboratorial em mãos, o pediatra indicou
tratamento com dose única de Albendazol, tratar toda a família que morava na mesma
residência e repetir o tratamento por duas vezes com intervalo de 14 dias entre as
doses. Passados dois meses, a mãe retorna com a criança ao pediatra, novamente
apresentando prurido anal. O médico descobre que a mãe não realizou o tratamento da
família como indicado, nem repetiu as doses.
Qual exame laboratorial deve ser realizado nesse caso? Por que não é indicado o
exame de fezes?
Deve ser realizado o método da fita adesiva ou de Graham para a coleta e visualização de
ovos e vermes adultos ao microscópio. O exame parasitológico das fezes com a técnica de
sedimentação espontânea das fezes (HPJ) para a pesquisa de ovos não é tão indicado,
uma vez que a porcentagem de falsos negativos é significativa. Isso ocorre porque os ovos
do verme em questão raramente aparecem misturados com as fezes, uma vez que a fêmea
migra durante a noite para realizar a postura dos ovos no anus.
Por que o médico indicou tratar toda a família? Por que é necessário repetir o
tratamento?
A disseminação de ovos do parasita é facilitada pela postura de muitos ovos pelas fêmeas
todas as noites, os quais se tornam infectantes em poucas horas. Dessa forma,
provavelmente os demais membros da família estão infectados, uma vez que, durante a
noite, as roupas de cama se enchem de ovos do verme e, quando estendidas pela manhã,
podem espalhá-los pelo chão da casa, partículas de poeira e objetos. Ao contaminar as
mãos com ovos e levar a boca, os membros da família podem se infectar. Repete-se o
tratamento porque, mesmo que os vermes adultos sejam eliminados na primeira dose do
tratamento, os ovos do parasito são muito resistentes e podem estar espalhados pelo
ambiente e nas roupas de cama, vestuários, entre outros objetos. Dessa forma, é possível
que a família se infecte novamente antes que a casa e as roupas possam ser
satisfatoriamente descontaminadas. Por essa razão, repete-se o tratamento após 14 dias
para garantir que novas infecções sejam contornadas.
Maria Eduarda Duarte de Oliveira - Medicina 118 UFJF
Nematelmintos: Ancilostomose
➢ Epidemiologia
○ Necator americanus mais predominante no mundo (países de
clima tropical)
○ Infecções mistas são comuns
○ 400 milhões de infectados, sendo 50 milhões nas américas
○ Depois da malária, é a infecção parasitária que mais causa perda
potencial de vida saudável (em anos), resultante de doenças
("DALY")
➢ Morfologia
○ 9 a 18mm
○ Hábitat no intestino delgado (principalmente região inicial)
○ Ancylostoma duodenale: dentes quitinosos na margem da boca
(cápsula bucal com dois pares de dentes)
○ Necator americanus: lâminas quitinosas cortantes (não tem
dente, mas tem placas cortantes)
○ Se fixa na mucosa do intestino seja através dos dentes ou placas
➢ Dá pra diferenciar, além da cápsula bucal, pela parte posterior final das
fêmeas e machos (DIMORFISMO SEXUAL). Os machos possuem na
porção final uma bolsa copuladora (como uma guarda chuva),
permitindo a cópula. Dentro do intestino delgado, fazem a cópula e
eliminam os ovos (Ancylostoma elimina mais ovos que Necator).
➢ Os ovos, em ambientes com temperatura ideal de 22 a 27ºC, umidade,
pressão atm, germinam, gerando a larva. Os ovos, na terra, liberam
larvas. A larva é denominada Larva Rabditóide (por conta do esôfago
rabditóide). Em pouco tempo, ela se diferencia em Larva Filarióide
(possui bainha, sendo essa forma a infectante para humanos).
➢ Ciclo biológico
○ Machos (com bolsa copuladora) e fêmeas acasalam no intestino
delgado. Há oviposição. Os ovos fecundados pelo macho, quando
chegam no solo, sofrem várias mudas. Os ovos, com 24 horas,
liberam a larva rabditóide, que vai amadurecer, em cerca de 10 dias,
formando a larva filarióide infectante. Quando as pessoas andam
descalças ou quando vão mexer com terra que possui a larva
filarióide, elas podem se infectar pela via transcutânea (penetração
na pele). A larva filarióide cai na circulação e vai para a pequena
circulação (nos pulmões, amadurecem e sobem pela árvore
brônquica, semelhante à ascaridíase). Fica menos tempo no
Maria Eduarda Duarte de Oliveira - Medicina 118 UFJF
➢ Patogenia e sintomatologia
○ Período de invasão (fase larvária de penetração)
■ Maioria não é perceptível e, quando perceptível, é por
hipersensibilidade, reinfecção (maior resposta imune),
infecções grandes, que podem gerar dermatite e prurido
■ Migração pelos pulmões: Síndrome de Loeffler (bronquite,
tosse, catarro, escarro hemático, febre, lembra uma
pneumonia)
■ Eosinofilia alta (30 a 60% no primeiro mês da doença,
resposta do tipo TH2)
○ Período de parasitismo intestinal
■ Decisivo e longo (pode viver até 10 anos sem tratamento)
■ São vermes hematófagos. Se inserem na mucosa pelos dentes ou
placas, aspirando sangue (Ancylostoma 0,15 a 0,30 mL/dia e Necato 0,03
a 0,06mL/dia)
➢ Geram lesões na mucosa duodenal
○ Úlceras intestinais, hemorragias, infecções secundárias
➢ Em parasitismo intenso e estado nutricional deficiente (carência de ferro)
pode gerar Anemia Ancilostomótica (fraqueza, sangue oculto nas
fezes, dor abdominal, fezes negras ou pastosas, em borra de café ou
melena, geofagia e hipoalbuminemia, perda de peso, redução do
apetite)
➢ Se o indivíduo possui suporte proteico elevado, a anemia demora para
aparecer. Dessa forma, não apenas a carga parasitária influência na
anemia ancilostomótica, mas também o estado nutricional do
indivíduo. Ao se alimentar, os helmintos evacuam sangue contendo cerca
de 30 a 40% do ferro, que é reabsorvido pelo hospedeiro humano. O resto
deve provir da dieta. Caso as reservas hepáticas sejam insuficientes,
instala-se a anemia (queda na adesão de ferro e produção de hemoglobina).
➢ Indivíduos subnutridos, crianças e grávidas: alta carga parasitária pode levar.
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➢ Diagnóstico
○ Anemia não é patognomônico da ancilostomose
○ Clínico é geral
○ Laboratorial é usado Exame Parasitológico das Fezes
■ Método qualitativo (HPJ sedimentação espontânea; ovos dos
ancilostomose são muito leves, tendo necessidade de
sedimentação por 24 horas). Pode-se ainda preferir para
forma de Willis (flutuação) e MIF centrifugado.
■ Método quantitativo (vê-se grau de infecção através do
número de ovos por grama de fezes, como o Kato-Katz).
➢ Tratamento
○ Albendazol (400mg dose única) e Mebendazol (500mg dose única, ou
3 doses) ○ Quando indivíduo está com anemia, pode-se fazer uso de
medicamento (sulfato ferroso) ou reforço alimentar
➢ Profilaxia
○ Tratar, educar e sanear
○ É uma doença humana, dessa forma há necessidade de tratar e
educar
○ Controle anti-larvário (plantar Mentha spicata e Chrysantemum, que
matam a larva)
○ Não há vacina
Caso clínico 14
E.O.S, sexo masculino, 2 anos e 1 mês, natural e procedente de Alto Alegre do Pindaré –
MA. Começou a apresentar diarreia desde os seis meses de idade. Com a piora do
estado geral da criança e aparecimento de fezes líquidas, enegrecidas e de odor fétido, a
mãe leva ao médico. Durante a consulta, relata também que a criança apresenta vômitos
pós-prandiais, febre (38º C), apatia, sonolência e vontade de comer terra (geofagia). O
médico observa também palidez de mucosas. A família mora em um sítio localizado em
zona rural, sem saneamento básico. Criam cães, gatos, aves, gado suíno e bovino. O
médico pediu EPF e após o diagnóstico indicou tratamento com mebendazol e sulfato
ferroso e repetição do tratamento após duas semanas.
Como o menino provavelmente se infectou? O fato de não ter saneamento básico tem
relação com a infecção?
Como a família mora em um sítio na zona rural, sem saneamento básico, provavelmente, o
menino se infectou pela presença de larvas filarióides infectantes no solo, que entraram
pela via transcutânea. A ausência de esgotamento sanitário permite que fezes
possivelmente infectadas com ovos larvados do verme se espalhem pelo meio e infectam
não apenas a criança, mas o restante da família.
Maria Eduarda Duarte de Oliveira - Medicina 118 UFJF
Por que o médico indicou que o tratamento fosse repetido após duas semanas? Por
que receitou também sulfato ferroso?
O tratamento deve ser repetido após duas semanas porque, mesmo que as formas adultas
do verme sejam eliminadas pelo fármaco em questão, podem ocorrer novas infecções que,
assim, poderão ser contornadas com uma nova dose do medicamento. O sulfato ferroso foi
recomendado uma vez que o verme no intestino delgado provoca lesões na mucosa,
hemorragias e se alimenta de sangue, levando a um quadro de anemia, o qual pode ser
identificado no menino pelos sinais como palidez de mucosas, apatia e geofagia.