Info 673 STJ Resumido
Info 673 STJ Resumido
Info 673 STJ Resumido
DIREITO CONSTITUCIONAL
DEFENSORIA PÚBLICA
Havendo convênio entre a Defensoria e a OAB possibilitando a atuação dos causídicos quando
não houver defensor público para a causa, os honorários podem ser executados nos próprios
autos, mesmo se o Estado não tiver participado da ação de conhecimento
Caso concreto: advogado atuou como defensor dativo em ação de alimentos. Esse advogado
atuou porque na localidade não há Defensoria Pública e existe um convênio com a OAB para
que esse serviço seja realizado por advogados que receberão honorários pagos pelo Estado.
Na sentença, o magistrado arbitrou a verba honorária conforme disposto na tabela do
convênio. Porém, o Estado pagou só uma parte.
Neste caso, o STJ afirmou que o advogado poderá executar (cobrar) os honorários do Estado,
nos próprios autos, mesmo o Estado não tendo participado da ação de conhecimento.
Se for exigido que os advogados promovam uma ação específica contra a Fazenda Pública para
poderem receber seus honorários, isso fará com que eles sejam muito resistentes em aceitar
a função de advogado dativo, porque terão de trabalhar não só na ação para a qual foram
designados, mas também em outra ação que terão de propor contra a Fazenda Pública.
O fato de o Estado não ter participado da lide na ação de conhecimento não impede que ele seja
intimado a pagar os honorários, que são de sua responsabilidade em razão de convênio celebrado
entre a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil, em cumprimento de sentença.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.698.526-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, julgado em 05/02/2020 (Info 673).
DIREITO AMBIENTAL
CÓDIGO FLORESTAL
O art. 15 do Código Florestal não se aplica para situações consolidadas antes de sua vigência
Importante!!!
O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o cômputo da área de preservação permanente
no cálculo do percentual de instituição da reserva legal do imóvel, não retroage para alcançar
situações consolidadas antes de sua vigência.
Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de forma a não se
admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de
retrocesso ambiental.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.646.193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 12/05/2020 (Info 673).
DIREITO CIVIL
Importante!!!
Em regra, não é cabível a condenação em honorários advocatícios em qualquer incidente
processual, ressalvados os casos excepcionais.
Tratando-se de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, não cabe a
condenação nos ônus sucumbenciais em razão da ausência de previsão legal. Logo, é
irrelevante apurar quem deu causa ou foi sucumbente no julgamento final do incidente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.845.536-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 26/05/2020 (Info 673).
RESPONSABILIDADE CIVIL
O ato de vandalismo que resulta no rompimento de cabos elétricos de vagão de trem não exclui
necessariamente a responsabilidade da concessionária/transportadora
Importante!!!
Caso concreto: houve uma explosão elétrica no vagão de trem durante o transporte, o que
gerou tumulto e pânico entre os passageiros. Essa explosão decorreu de ato de vandalismo.
Mesmo que o dano tenha sido decorrente de uma conduta de terceiro, persiste a
responsabilidade da concessionária. Isso porque a conduta do terceiro, neste caso, está
inserida no risco do transportador, relacionando-se com a sua atividade. Logo, configura o
chamado fortuito interno, que não é capaz de excluir a responsabilidade.
O contrato de transporte de passageiros envolve a chamada cláusula de incolumidade,
segundo a qual o transportador deve empregar todos os expedientes que são próprios da
atividade para preservar a integridade física do passageiro, contra os riscos inerentes ao
negócio, durante todo o trajeto, até o destino final da viagem.
Assim, o ato de vandalismo que resulta no rompimento de cabos elétricos de vagão de trem
não exclui a responsabilidade da concessionária/transportadora, pois cabe a ela cumprir
protocolos de atuação para evitar tumulto, pânico e submissão dos passageiros a mais
situações de perigo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.722-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
O prazo de 5 dias para pagamento da integralidade da dívida é material
e, portanto, contado em dias corridos
Importante!!!
O prazo de cinco dias para pagamento da integralidade da dívida, previsto no art. 3º, § 2º, do
Decreto-Lei nº 911/1969, deve ser considerado de direito material, não se sujeitando, assim,
à contagem em dias úteis, prevista no art. 219, caput, do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.770.863-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
O juiz deve adotar todas as medidas indutivas, mandamentais e coercitivas, como autoriza o
art. 139, IV, do CPC, com vistas a refrear a renitência de quem deve fornecer o material para
exame de DNA, especialmente quando a presunção contida na Súmula 301/STJ se revelar
insuficiente para resolver a controvérsia.
STJ. 2ª Seção. Rcl 37.521-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/05/2020 (Info 673).
ALIMENTOS
É possível a realização de acordo com a finalidade de exonerar
o devedor do pagamento de alimentos devidos e não pagos
Importante!!!
É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros (art. 1.707 do Código Civil). O
credor pode, contudo, renunciar aos alimentos pretéritos devidos e não prestados. Isso
porque a irrenunciabilidade atinge o direito, e não o seu exercício.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.529.532-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
ALIMENTOS
É cabível ação de exigir contas pelo alimentante contra a genitora guardiã do alimentado para
obtenção de informações sobre a destinação da pensão paga, desde que proposta sem a
finalidade de apurar a existência de eventual crédito
Importante!!!
Mudança de entendimento!
O alimentante não-guardião tem o direito de averiguar se os valores que paga a título de
pensão alimentícia estão sendo realmente dirigidos ao beneficiário e voltados ao pagamento
de suas despesas e ao atendimento dos seus interesses básicos fundamentais. Essa
possibilidade decorre do exercício pleno do poder familiar e tem previsão expressa no § 5º do
art. 1.538 do CC:
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses
dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte
legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em
assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a
educação de seus filhos.
Vale ressaltar, no entanto, que o legítimo interesse processual em ação dessa natureza é
exclusivamente a finalidade protetiva da criança ou do adolescente beneficiário dos
alimentos, diante da sua possível malversação. Esta ação não pode buscar eventual
acertamento de contas, perseguições ou picuinhas com a(o) guardiã(ao), ficando vedada a
possibilidade de apuração de créditos ou preparação de revisional pois os alimentos são
irrepetíveis.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.814.639-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 26/05/2020 (Info 673).
PRISÃO CIVIL
Como fica a prisão civil do devedor de alimentos durante a pandemia da Covid-19?
Importante!!!
Como fica a prisão civil do devedor de alimentos durante a pandemia da Covid-19?
4ª Turma do STJ e CNJ: prisão domiciliar
Durante a pandemia de Covid-19, deve-se assegurar prisão domiciliar aos presos em
decorrência de dívidas alimentícias.
O contexto atual de gravíssima pandemia devido ao chamado coronavírus desaconselha a
manutenção do devedor em ambiente fechado, insalubre e potencialmente perigoso.
Assim, diante do iminente risco de contágio pelo Covid-19, bem como em razão dos esforços
expendidos pelas autoridades públicas em reduzir o avanço da pandemia, é recomendável o
cumprimento da prisão civil por dívida alimentar em prisão domiciliar.
STJ. 4ª Turma. HC 561.257-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
Depois das decisões acima expostas, foi sancionada a Lei nº 14.010/2020, que adotou a mesma solução
jurídica da 4ª Turma do STJ e do CNJ e previu a seguinte regra:
Art. 15. Até 30 de outubro de 2020, a prisão civil por dívida alimentícia, prevista no art. 528, §
3º e seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), deverá ser
cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem prejuízo da exigibilidade das
respectivas obrigações.
Diante disso, a 3ª Turma do STJ também teve que se curvar ao entendimento: STJ. 3ª Turma. HC
578.282/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 25/08/2020.
Logo, depois da Lei nº 14.010/2020, não há mais dúvidas: o cumprimento da prisão civil por dívida
alimentar, até 30/10/2020, é feito exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem prejuízo da
exigibilidade das respectivas obrigações.
DIREITO DO CONSUMIDOR
TRANSPORTE AÉREO
A indenização decorrente de extravio de bagagem e de atraso de voo internacional está
submetida à tarifação prevista na Convenção de Montreal?
Importante!!!
Em caso de danos MATERIAIS: SIM.
Em caso de danos MORAIS: NÃO.
As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de voo
internacional não estão submetidas à tarifação prevista na Convenção de Montreal, devendo-
se observar, nesses casos, a efetiva reparação do consumidor preceituada pelo CDC.
A tese fixada pelo STF no RE 636331/RJ (Tema 210) tem aplicação apenas aos pedidos de
reparação por danos materiais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.842.066-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
PLANO DE SAÚDE
É devida a cobertura, pelo plano de saúde, do procedimento de criopreservação de óvulos de
paciente fértil, até a alta do tratamento quimioterápico, como medida preventiva à infertilidade
Importante!!!
Caso concreto: mulher, que estava fazendo quimioterapia, corria o risco de se tornar infértil
em razão do tratamento que gera falência ovariana. A forma de preservar a capacidade
reprodutiva, nestes casos, é o congelamento dos óvulos (criopreservação). Diante disso, ela
pleiteou junto ao plano de saúde que custeasse esse procedimento, o que foi negado.
Para o STJ, é devida a cobertura, ou seja, o plano de saúde tem que arcar com esse tratamento.
O objetivo de todo tratamento médico, além de curar a doença, é não causar mal. Esse é um
dos princípios milenares da medicina conhecido pela locução “primum, non nocere”
(primeiro, não prejudicar). Esse princípio está consagrado no art. 35-F da Lei nº 9.656/98,
segundo o qual a cobertura dos planos de saúde abrange também a prevenção de doenças, no
caso, a infertilidade.
Vale ressaltar que, depois de obter alta do tratamento quimioterápico, caberá à mulher
custear o tratamento de reprodução assistida, considerando que isso se encontra fora da
cobertura do plano.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.815.796-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/05/2020 (Info 673).
PLANO DE SAÚDE
Prazo prescricional para cobrar reembolso de plano de saúde (ou de seguro-saúde) é de 10 anos
Importante!!!
É decenal o prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de despesas
médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de seguro
saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.756.283-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/03/2020 (Info 673).
DIREITO EMPRESARIAL
FALÊNCIA
A regra do art. 104, III, da atual Lei de Falências
pode ser aplicada para as falências ocorridas antes da sua vigência
O inciso III do art. 104 da Lei nº 11.101/2005 prevê que a decretação da falência impõe ao falido
o dever de não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação
expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei.
Vale ressaltar que a antiga Lei de Falências (DL 7.661/1945) trazia regra mais restritiva e
exigia que o falido obtivesse autorização judicial expressa para que pudesse se ausentar do
lugar da falência.
A norma mais benéfica do art. 104, III, da Lei nº 11.101/2005, que não exige mais autorização
judicial, mas apenas a comunicação justificada sobre mudança de residência do sócio,
inclusive para o exterior, pode ser aplicada às quebras anteriores à sua vigência.
STJ. 4ª Turma. RHC 80.124-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/05/2020 (Info 673).
ECA
COMPETÊNCIA
De quem é a competência para executar a verba honorária sucumbencial
arbitrada pelo Juízo da Infância e Juventude?
ASPECTOS CÍVEIS
Em ACP na qual se questiona acolhimento institucional de menor, não é admissível o julgamento
de improcedência liminar ou o julgamento antecipado do pedido, especialmente quando não há
tese jurídica fixada em precedente vinculante
Caso concreto: o MP/CE ajuizou contra o Município de Fortaleza 10 ações civis públicas nas
quais alega que 10 diferentes crianças estão há mais tempo em acolhimento institucional do
que prevê a lei. Diante disso, o MP pediu que elas sejam encaminhadas à programa de
acolhimento familiar e que sejam indenizadas por danos morais. O juiz, invocando o art. 332,
III, do CPC, julgou improcedente liminarmente o pedido (rectius: julgou antecipadamente o
pedido), ao fundamento de que se trataria de controvérsia repetitiva justamente por se tratar
de 10 ações civis públicas versando sobre o mesmo objeto.
No mérito, a sentença afirmou que: i) o acolhimento por prazo superior a 2 anos, conquanto
ilegal, algumas vezes indispensável porque, em muitas hipóteses, não há família adequada
para recebê-lo; ii) não há prova de que o Município teria agido de modo doloso, intencional ou
negligente; iii) o problema do acolhimento institucional por período superior a 2 anos é de
natureza estrutural, eis que envolve a falta de recursos do Poder Público.
O STJ afirmou que não era admissível o julgamento de improcedência liminar ou o julgamento
antecipado do pedido.
Diferentemente do tratamento dado à matéria no revogado CPC/73, não mais se admite, no
CPC/2015, o julgamento de improcedência liminar do pedido com base no entendimento
firmado pelo juízo em que tramita o processo sobre a questão repetitiva, exigindo-se, ao revés,
que tenha havido a prévia pacificação da questão jurídica controvertida no âmbito dos
Tribunais, materializada em determinadas espécies de precedentes vinculantes, a saber:
súmula do STF ou do STJ; súmula do TJ sobre direito local; tese firmada em recursos
repetitivos, em incidente de resolução de demandas repetitivas ou em incidente de assunção
de competência.
Por se tratar de regra que limita o pleno exercício de direitos fundamentais de índole
processual, em especial o contraditório e a ampla defesa, as hipóteses autorizadoras do
julgamento de improcedência liminar do pedido devem ser interpretadas restritivamente,
não se podendo dar a elas amplitude maior do que aquela textualmente indicada pelo
legislador no art. 332 do novo CPC.
De igual modo, para que possa o juiz resolver o mérito liminarmente e em favor do réu, ou até
mesmo para que haja o julgamento antecipado do mérito imediatamente após a citação do réu,
é indispensável que a causa não demande ampla dilação probatória.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.854.842/CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/06/2020 (Info 673).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
O acréscimo de 10% de honorários advocatícios, previsto pelo art. 523, § 1º, do CPC/2015, quando
não ocorrer o pagamento voluntário no cumprimento de sentença, não admite relativização
Importante!!!
O § 1º do art. 523 afirma que, se não ocorrer o pagamento voluntário dentro do prazo de 15
dias, o débito será acrescido em 10% a título de honorários, além da multa de 10%.
Esse percentual de 10% não admite mitigação (relativização, diminuição) pelo juiz por três
razões:
1) a própria lei tarifou expressamente esse percentual fixo;
2) a fixação equitativa da verba honorária só tem lugar nas hipóteses em que constatado que o
proveito econômico é inestimável ou irrisório, ou o valor da causa é muito baixo (art. 85, § 8º); e
3) os próprios critérios de fixação da verba honorária previstos no art. 85, § 2º, já estabelecem
que o valor mínimo será de 10%.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.701.824-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
EXPROPRIAÇÃO
Compete ao juízo da execução realizar a alienação judicial eletrônica,
ainda que o bem esteja situado em comarca diversa
Caso concreto: a empresa Italpa Ltda. estava sendo executada em processo que tramita na
comarca de Belo Horizonte (MG). O juízo determinou a penhora de um imóvel da empresa situado
em São Carlos (SP). O CPC/2015 determina que, se não for realizada a adjudicação ou a alienação
por iniciativa particular, deverá ser feita a alienação por meio de leilão judicial (art. 881). O leilão
judicial deverá ser feito por meio eletrônico, salvo se isso não for possível (art. 882).
Essa alienação judicial eletrônica será feita pelo juízo de Belo Horizonte (onde tramita a
execução) ou por meio de carta precatória pelo juízo de São Carlos (onde está situado o bem)?
Pelo juízo de Belo Horizonte.
DIREITO PENAL
LEI DE DROGAS
Transportar folhas de coca: crime do art. 33, § 1º, I, da Lei nº 11.343/2006
Importante!!!
A conduta de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de
competência, ao tipo descrito no § 1º, I, do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que criminaliza o
transporte de matéria-prima destinada à preparação de drogas.
Caso concreto: o agente foi preso com 4,4 kg de folhas de coca, adquiridas na Bolívia, tendo a
substância sido encontrada no estepe do veículo. As folhas seriam transportadas até
Uberlândia/MG para rituais de mascar, fazer infusão de chá e até mesmo bolo, rituais esses
associados à prática religiosa indígena de Instituto ao qual pertenceria o acusado.
A folha de coca não é considerada droga; porém pode ser classificada como matéria-prima ou
insumo para sua fabricação.
STJ. 3ª Seção. CC 172.464-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
COMPETÊNCIA
Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a permitir o
cultivo e o porte de maconha para fins medicinais
Importante!!!
Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins
medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte
em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta.
STJ. 3ª Seção. CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
COMPETÊNCIA
Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas
são, em princípio, de competência da Justiça Estadual
Importante!!!
Ausentes os elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem de dinheiro em
detrimento de interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes
relacionados a pirâmide financeira em investimento de grupo em criptomoeda.
PRISÃO
A Recomendação 62/2020 do CNJ não é aplicável ao acusado
que não está privado de liberdade no sistema penal brasileiro
Covid-19
Caso concreto: a justiça brasileira decretou a prisão preventiva do réu, brasileiro que mora
regularmente nos EUA. O Governo norte-americano negou o pedido de extradição. A defesa
desse réu impetrou habeas corpus no Brasil pedindo a revogação da prisão decretada
considerando que ele é idoso, fumante e está com H1N1, de forma que pertence ao grupo de
risco da Covid-19.
O STJ indeferiu o pedido considerando que o réu está no exterior há anos e não corre mais o
risco de ser extraditado.
Na Recomendação 62/2020, o CNJ afirma que os juízes e Tribunais deverão adotar medidas
para prevenir a propagação da Covid-19 no âmbito do sistema de justiça penal, fazendo a
revisão das prisões temporárias.
Vale ressaltar, contudo, que essa Recomendação não se aplica ao acusado porque ele não está
inserido no sistema penal brasileiro.
A adoção de cautelas quanto à prisão por conta da pandemia da Covid-19 tem o objetivo de
reduzir os riscos epidemiológicos em unidades prisionais e não o de blindar pessoas que
residem no exterior.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 575.112-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 02/06/2020 (Info 673).
TRABALHO EXTERNO
Durante a pandemia da Covid-19, os apenados que tiveram suspenso
o exercício do trabalho externo, possuem direito à prisão domiciliar?
Covid-19
Imagine a seguinte situação: o juízo das execuções penais proibiu o trabalho externo do
apenado durante as medidas restritivas impostas pelo Governo para combate à Covid-19.
Diante disso, foi impetrado habeas corpus afirmando que essa decisão seria ilegal e que
deveria ser concedida, então, prisão domiciliar ao apenado, nos termos da Recomendação nº
62 do CNJ.
Indaga-se: durante a pandemia da Covid-19, os apenados que tiveram suspenso o exercício do
trabalho externo, possuem direito à prisão domiciliar?
O STJ está dividido sobre o tema:
• 5ª Turma do STJ: como regra, NÃO
A suspensão temporária do trabalho externo no regime semiaberto em razão da pandemia
atende à Resolução nº 62 do CNJ, cuja recomendação não implica automática substituição da
prisão decorrente da sentença condenatória pela domiciliar.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 580.495-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
09/06/2020 (Info 673).
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROCESSO TRIBUTÁRIO
O Secretário de Estado da Fazenda não está legitimado a figurar, como autoridade coatora, em
mandados de segurança que visa evitar a prática de lançamento fiscal