Info 666 STJ 1
Info 666 STJ 1
Info 666 STJ 1
Informativo 666-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
▪ A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos estabelecimentos
prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia.
PODER JUDICIÁRIO
▪ A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da Magistratura Nacional nem na
Constituição Federal de 1988.
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCURSO PÚBLICO
▪ Candidato só pode ser excluído de concurso público por não se enquadrar na cota para negros se houver
contraditório e ampla defesa.
▪ Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos sociais que a
manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de admitir
a aplicação da teoria do fato consumado
DIREITO CIVIL
DÍVIDAS CONDOMINIAIS
▪ A proprietária do imóvel gerador dos débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado no cumprimento de
sentença, mesmo não tendo figurado no polo passivo da ação de cobrança, que tramitou apenas em face de seu ex-
companheiro.
RESPONSABILIDADE CIVIL
▪ O fato de ter havido prescrição da pretensão punitiva não impede o ajuizamento ou a continuidade da ação civil ex
delicto.
DIREITO DO CONSUMIDOR
PLANO DE SAÚDE
▪ Plano de saúde possui responsabilidade solidária por danos causados pelos médicos e hospitais próprios ou
credenciados.
▪ Se não houver previsão contratual expressa, o plano de saúde não é obrigado a custear o tratamento de fertilização
in vitro.
DIREITO EMPRESARIAL
MARCA
▪ A empresa que comercializa responde solidariamente com o fabricante de produtos contrafeitos pelos danos
causados pelo uso indevido da marca.
▪ A renúncia ao registro não enseja a perda do objeto da ação que veicula pretensão de declaração de nulidade da
marca.
ADOÇÃO
▪ O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do Código Civil/1916 não pode ser alterado para a
inclusão dos nomes dos ascendentes dos pais adotivos.
AGRAVO
▪ “Despacho” que intima o advogado para que o devedor cumpra obrigação de fazer, sob pena de multa, possui
aptidão para gerar prejuízo à parte e, portanto, pode ser impugnado por meio de recurso.
▪ A multa em caso de agravo interno declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime
é revertida em prol da parte contrária (art. 1.021, § 4º).
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA
▪ Excepcionalmente, cabe recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão se estiverem
em jogo aspectos elementares da dignidade da pessoa humana.
DIREITO PENAL
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
▪ Configura o crime de peculato-desvio o fomento econômico de candidatura à reeleição por Governador de Estado
com o patrimônio de empresas estatais.
CRIMES DO ECA
▪ Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de material
pornográfico infanto-juvenil.
▪ Juiz não pode aumentar a pena-base do crime do art. 241-A do ECA alegando que a conduta social ou a personalidade
são desfavoráveis, sob o argumento de que o réu manifestou grande interesse por material pornográfico.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS
▪ Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos, bem como bandejas,
não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que não geram creditamento de ICMS
DIREITO CONSTITUCIONAL
A primeira pergunta é de ordem processual: o que é essa suspensão de liminar que foi concedida pelo
Presidente do TJ?
O pedido de suspensão é
- um instrumento processual (incidente processual)
- por meio do qual as pessoas jurídicas de direito público ou o Ministério Público
- requerem ao Presidente do Tribunal que for competente para o julgamento do recurso
- que suspenda a execução de uma decisão, sentença ou acórdão proferidos,
- sob o argumento de que esse provimento jurisdicional prolatado causa grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas.
Comumente, esse instituto é chamado de pedido de “suspensão de segurança”. Isso porque ele foi
previsto originalmente na lei apenas para suspender as decisões liminares ou sentenças proferidas em
mandados de segurança.
Ocorre que, com o tempo, foram editadas novas leis trazendo a possibilidade de suspensão para
praticamente toda e qualquer decisão judicial prolatada contra a Fazenda Pública.
Por essa razão, atualmente, além de “suspensão de segurança”, pode-se falar em “suspensão de liminar”,
“suspensão de sentença”, “suspensão de acórdão” etc. Alguns julgados também falam em “pedido de
contracautela”.
Cabe recurso especial da decisão do Plenário ou da Corte Especial que julga esse agravo?
• Segundo o STJ: Em regra, NÃO. Não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no âmbito do pedido
de suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a exame de
legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político. Nesse sentido:
Este Superior Tribunal firmou o entendimento de não ser cabível o recurso especial contra decisões
proferidas no âmbito do pedido de suspensão, na medida em que a via especial reporta-se a argumentos
que digam respeito à exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostenta juízo político.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 957.825/CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/08/2013.
• Segundo a 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em sede de suspensão de
segurança não é estritamente política, possuindo conteúdo jurisdicional. Com base nisso, decidiu que é
cabível, em tese, recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de
segurança (RE 798740 AgR/DF).
Quando a liminar está buscando combater uma violação a direitos humanos, eventual suspensão a ser
deferida pelo Presidente do Tribunal requer hipermotivação.
PODER JUDICIÁRIO
A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na
Lei Orgânica da Magistratura Nacional nem na Constituição Federal de 1988
Importante!!!
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o servidor exonerado não possui o
direito de reingresso no cargo. Isso porque o atual ordenamento constitucional impõe a prévia
aprovação em concurso público como condição para o provimento em cargo efetivo da
Administração Pública.
O STF já declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que previa a possibilidade de o
magistrado exonerado reingressar nos quadros da magistratura: ADI 2983, Rel. Min. Carlos
Velloso, julgado em 23/02/2005.
O CNJ também já expediu orientação normativa vinculante afirmando que não são possíveis
formas de provimentos dos cargos relacionados à carreira da Magistratura que não estejam
explicitamente previstas na Constituição Federal nem na LOMAN.
Assim, o magistrado que pediu exoneração não tem direito de readmissão no cargo mesmo
que essa possibilidade esteja prevista em lei estadual.
STJ. 2ª Turma. RMS 61.880-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03/03/2020 (Info 666).
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o servidor exonerado não possui o direito de
reingresso no cargo. Isso porque o atual ordenamento constitucional impõe a prévia aprovação em concurso
público como condição para o provimento em cargo efetivo da Administração Pública. Nesse sentido:
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se firmou no sentido de que inexiste direito adquirido a
regime jurídico. Sendo assim, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, não remanesce ao
servidor exonerado o direito de reingresso no cargo, tendo em vista que o atual ordenamento
constitucional impõe a prévia aprovação em concurso público como condição para o provimento em cargo
efetivo da Administração Pública.
STF. 1ª Turma. RE 597738 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 28/10/2014.
O CNJ também já expediu orientação normativa vinculante afirmando que não são possíveis formas de
provimentos dos cargos relacionados à carreira da Magistratura que não estejam explicitamente previstas
na Constituição Federal, nem na LOMAN. Veja:
CONSULTA SOBRE A APLICABILIDADE DO INSTITUTO DA REVERSÃO PREVISTO NA LEI Nº 8.112/90 AOS
MAGISTRADOS.
1. O instituto da reversão, previsto na Lei nº 8.112/90, pode ser aplicado aos servidores em duas
hipóteses: i) quando não mais subsistirem os requisitos que ensejaram a aposentadoria por invalidez; ii)
no caso de aposentadoria voluntária, quando presentes o interesse da Administração e o preenchimento
dos requisitos legais.
2. A chamada “reversão de ofício” - retorno do magistrado às atividades por não mais subsistirem os
motivos que ensejaram a aposentadoria por invalidez - é aplicável à Carreira da Magistratura não em razão
da Lei nº 8.112/90, mas em razão de previsão expressa do texto constitucional.
3. O artigo 93 da Constituição da República estabelece o rol de questões reservadas à lei complementar,
incluindo o provimento inicial e derivado na carreira da Magistratura, não fazendo qualquer menção ao
instituto da reversão. Desse modo, somente lei complementar federal, de iniciativa do Supremo Tribunal
Federal, poderia disciplinar a matéria.
4. Tampouco a Lei Orgânica da Magistratura Nacional trata do instituto da reversão facultativa como forma
de provimento na Carreira da Magistratura. A ausência de previsão legal deve ser interpretada como
silêncio eloquente, e não como lacuna.
5. Desse modo, ante a ausência de autorização expressa na Constituição da República e na LOMAN, resulta
afastada a possibilidade de aplicação subsidiária aos magistrados do instituto da reversão facultativa,
previsto na Lei nº 8.112/90.
6. Consulta conhecida e respondida nos termos da fundamentação.
(CNJ - CONS - Consulta - 0004482-93.2015.2.00.0000 - Rel. Aloysio Corrêa da Veiga - 33ª Sessão - j. 20/04/2018).
Em suma:
A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da Magistratura
Nacional nem na Constituição Federal de 1988.
STJ. 2ª Turma. RMS 61.880-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03/03/2020 (Info 666).
Mas o Tribunal de Justiça poderia ter negado o pedido da interessada alegando que a norma estadual
é inconstitucional? É possível isso?
SIM. Não há óbice para que o Tribunal de Justiça, ainda que no exercício da função administrativa, lance
mão da orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal para fundamentar sua decisão de negar
o pedido de readmissão da interessada. Ao fazer isso, a Administração deu cumprimento à Constituição
Federal, à Lei Orgânica da Magistratura Nacional, bem como à orientação normativa expedida pelo
Conselho Nacional de Justiça.
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCURSO PÚBLICO
Candidato só pode ser excluído de concurso público por não se enquadrar
na cota para negros se houver contraditório e ampla defesa
A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público, pelo critério da
heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela aferição do fenótipo ou por
qualquer outro fundamento, exige o franqueamento do contraditório e da ampla defesa.
STJ. 2ª Turma. RMS 62.040-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2019 (Info 666).
Primeira pergunta: existe lei federal que preveja reserva de vagas para candidatos negros?
SIM. A Lei nº 12.990/2014 reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos realizados
no âmbito da administração pública federal.
Mas o concurso era para Juiz de Direito (Juiz Estadual)... qual era o fundamento normativo para essa
previsão do edital do TJ/MG?
A Resolução nº 203/2015, do CNJ. Esta Resolução reserva aos negros, no âmbito do Poder Judiciário, 20%
das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e de ingresso na
magistratura.
Qual é o critério que o edital do concurso do TJ/MG previa para que o candidato pudesse concorrer às
vagas reservadas aos negros?
O edital previa o critério da autodeclaração, ou seja, o próprio candidato deveria se declarar preto ou
pardo no momento da inscrição.
No entanto, o edital também previa a possibilidade de a veracidade dessa autodeclaração ser apurada na
etapa de inscrição definitiva, com a realização de uma entrevista do candidato com a Comissão do
Concurso, a fim de ser apurada a veracidade da autodeclaração de ser preto ou pardo.
O candidato quis recorrer contra essa exclusão, mas o item 8.5.5 do edital afirmava que a decisão da
Comissão seria irrecorrível.
Diante disso, o candidato impetrou mandado de segurança.
Vale ressaltar, no entanto, que o controle heterônomo pode ser realizado, mas desde que observadas
algumas cautelas a fim de que não haja violação à dignidade da pessoa humana, devendo ser garantido o
contraditório e a ampla defesa aos candidatos interessados.
Em suma:
A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público, pelo critério da
heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela aferição do fenótipo ou por qualquer
outro fundamento, exige o franqueamento do contraditório e da ampla defesa.
STJ. 2ª Turma. RMS 62.040-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2019 (Info 666).
Diante disso, no caso concreto, o STJ concedeu parcialmente a ordem para determinar à Comissão do
Concurso que franqueie ao candidato prazo para apresentação de pedido de reconsideração em face do
julgamento que o excluiu das vagas reservadas, instruindo-o com os documentos que reputar pertinentes.
CONCURSO PÚBLICO
Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos
sociais que a manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência do
STJ é firme no sentido de admitir a aplicação da teoria do fato consumado
Importante!!!
Em regra, o STJ acompanha o entendimento do STF e decide que é inaplicável a teoria do fato
consumado aos concursos públicos, não sendo possível o aproveitamento do tempo de serviço
prestado pelo servidor que tomou posse por força de decisão judicial precária, para efeito de
estabilidade.
Contudo, em alguns casos, o STJ afirma que há a solidificação de situações fáticas ocasionada
em razão do excessivo decurso de tempo entre a liminar concedida e os dias atuais, de maneira
que, a reversão desse quadro implicaria inexoravelmente em danos desnecessários e
irreparáveis ao servidor.
Em outras palavras, o STJ entende que existem situações excepcionais nas quais a solução
padronizada ocasionaria mais danos sociais do que a manutenção da situação consolidada,
impondo-se o distinguishing, e possibilitando a contagem do tempo de serviço prestado por
força de decisão liminar, em necessária flexibilização da regra.
Caso concreto: determinado indivíduo prestou concurso para o cargo de Policial Rodoviário
Federal e foi aprovado nas provas teóricas, tendo sido, contudo, reprovado em um dos testes
práticos. O candidato propôs mandado de segurança questionando esse teste. O juiz concedeu
a liminar determinando a nomeação e posse, o que ocorreu em 1999. Em sentença, o
magistrado confirmou a liminar e julgou procedente o pedido do autor. Anos mais tarde, o
TRF, ao julgar a apelação, entendeu que a exigência do teste prático realizado não continha
nenhum vício. Em virtude disso, reformou a sentença. O servidor, contudo, continuou
cautelarmente no cargo até 2020, quando houve o trânsito em julgado da decisão contrária ao
seu pleito. O STJ assegurou a manutenção definitiva do impetrante no cargo.
STJ. 1ª Turma. AREsp 883.574-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/02/2020
(Info 666).
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1569719/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 08/10/2019.
Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo, sob
fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse em decorrência de
execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária,
supervenientemente revogado ou modificado.
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753).
++ (Promotor MP/GO 2019 – adaptada) De acordo com a jurisprudência do STF, viola a Constituição
Federal a manutenção no cargo, sob o fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que
nele tomou posse em virtude de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária,
supervenientemente revogado ou modificado. (certo)
Assim, neste caso concreto, a 1ª Turma do STJ assegurou a manutenção definitiva do impetrante no cargo
de Policial Rodoviário Federal.
Também é possível encontrar decisões da 2ª Turma no mesmo sentido:
(...) 3. Na hipótese, a agravada tomou posse e entrou em exercício no cargo, em 18/3/2005, inicialmente
por força de antecipação de tutela, obtendo, inclusive, aprovação nas avaliações de desempenho e
cumprindo o estágio probatório em 18/3/2008. Ocupando por mais de oito anos o cargo efetivo, fica
demonstrado que o exercício no cargo público ganhou solidez com o respaldo do Poder Judiciário, desse
modo, irreversível a situação fática do objeto da ação.
4. Assim, nos casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos sociais
que a manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, como ocorre na hipótese dos autos, a
jurisprudência do STJ é firme no sentido de admitir a aplicação da teoria do fato consumado. Precedentes.
5. Agravo interno a que se nega provimento.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1569719/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 08/10/2019.
Importante!!!
A pena de cassação de aposentadoria é compatível com a Constituição Federal, a despeito do
caráter contributivo conferido àquela, especialmente porque nada impede que, na seara
própria, haja o acertamento de contas entre a administração e o servidor aposentado punido.
Assim, constatada a existência de infração disciplinar praticada enquanto o servidor estiver
na ativa, o ato de aposentadoria não se transforma num salvo conduto para impedir o
sancionamento do ilícito pela administração pública. Faz-se necessário observar o
regramento contido na Lei n. 8.112/1990, aplicando-se a penalidade compatível com as
infrações apuradas.
STJ. 1ª Seção. MS 23.608-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes,
julgado em 27/11/2019 (Info 666).
STF. 2ª Turma. AgR no ARE 1.092.355, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/5/2019.
Logo em seguida, esse servidor pediu a aposentadoria, tendo ela sido concedida.
Depois que João já estava aposentado, a Administração Pública descobriu a falta administrativa que ele
havia praticado.
Diante disso, foi instaurado processo administrativo disciplinar para apurar a conduta.
Ao final do PAD, João foi condenado a pena de cassação de aposentadoria, prevista no art. 127, IV e no
art. 134, da Lei nº 8.112/90:
Art. 127. São penalidades disciplinares:
(...)
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na
atividade, falta punível com a demissão.
DIREITO CIVIL
DÍVIDAS CONDOMINIAIS
A proprietária do imóvel gerador dos débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado no
cumprimento de sentença, mesmo não tendo figurado no polo passivo da ação de cobrança, que
tramitou apenas em face de seu ex-companheiro
O imóvel gerador dos débitos condominiais pode ser objeto de penhora em cumprimento de
sentença, ainda que somente o ex-companheiro tenha figurado no polo passivo da ação de
conhecimento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.683.419-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
Essa penhora é válida? A proprietária do imóvel gerador dos débitos condominiais pode ter o seu bem
penhorado no cumprimento de sentença, mesmo não tendo figurado no polo passivo da ação de
cobrança, que tramitou apenas em face de seu ex-companheiro?
SIM.
O imóvel gerador dos débitos condominiais pode ser objeto de penhora em cumprimento de sentença,
ainda que somente o ex-companheiro tenha figurado no polo passivo da ação de conhecimento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.683.419-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
Obrigações propter rem (também chamadas de obrigações ambulatórias) são aquelas que se vinculam à
titularidade de um direito real, independentemente da manifestação de vontade do titular, e, por isso,
são transmitidas a todos os que lhe sucederem em sua posição; são, pois, assumidas “por causa da coisa”
(propter rem).
As obrigações que os condôminos possuem em relação ao condomínio são ordinariamente qualificadas
como ambulatórias (propter rem). Como essas obrigações decorrem da mera titularidade do direito real
sobre o imóvel, elas incidem e acompanham a coisa em todas as suas mutações subjetivas (mudanças de
“dono”).
Diz-se, então, que a obrigação propter rem é dotada de ambulatoriedade, ou, ainda, que se trata, ela
mesma, de obrigação ambulatória. Assim, independentemente da vontade dos envolvidos, a obrigação de
satisfazer determinadas prestações acompanha a coisa em todas as suas mutações subjetivas.
No registro de imóveis constava o nome de João e Regina. Mesmo assim, o condomínio ajuizou a ação
apenas contra João. Isso é possível?
SIM. O credor (condomínio) pode escolher contra quem irá ajuizar a ação. Aquele que pagar poderá
eventualmente ter direito de regresso contra o outro coobrigado.
“A natureza das despesas condominiais permite, mais, que a ação de cobrança seja ajuizada diretamente
contra o locatário ou o comodatário, se assim for de interesse do condomínio (LOUREIRO, Eduardo. Código
Civil comentado : doutrina e jurisprudência : Lei n. 10.406, de 10.01.2002 / coordenador Cezar Peluso. 8
ed. rev. e atual. São Paulo: Manole, 2014, p. 1.277).
Como Regina passou a ser a proprietária plena do imóvel, não há necessidade de o Condomínio promover
nova ação contra ela, na medida em que a sentença prolatada na fase de conhecimento lhe é eficaz.
Vale ressaltar, ainda, que não se vislumbra qualquer óbice na inclusão de Regina no polo passivo do
cumprimento de sentença em curso, em substituição a João, ex-proprietário considerando que, embora o
art. 109, § 3º do CPC não implique automática sucessão processual, é certo, por outro lado, que não
impede que ocorra essa sucessão.
Se a norma de direito material contida no art. 1.345 do Código Civil atribui ao débito condominial caráter
ambulatório, impondo o pagamento ao adquirente do bem, inclusive das parcelas vencidas, não faz
sentido impedir que, no âmbito processual, se considere o adquirente o sucessor do anterior proprietário,
com vistas à plena satisfação da dívida já consolidada. Não se pode esquecer que, em última análise, o
próprio imóvel gerador das despesas constitui garantia ao pagamento da dívida, dada a natureza propter
rem da obrigação.
Julgado correlato
O proprietário de imóvel gerador de débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado em ação de
cobrança ajuizada em face de locatário, já em fase de cumprimento de sentença, da qual não figurou no
polo passivo
O proprietário do imóvel gerador dos débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado no bojo de
ação de cobrança, já em fase de cumprimento de sentença, da qual não figurou no polo passivo, uma vez
que ajuizada, em verdade, em face da então locatária do imóvel.
Ex: o condomínio ajuizou ação de cobrança de cotas condominiais apenas contra o locatário; o pedido foi
julgado procedente determinando que o locatário pagasse os débitos condominiais; iniciou-se a fase de
cumprimento de sentença; o STJ afirmou que o juiz pode determinar a penhora do imóvel mesmo o
locador (proprietário) não tendo figurado no polo passivo da ação de cobrança.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.829.663-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
RESPONSABILIDADE CIVIL
O fato de ter havido prescrição da pretensão punitiva não impede
o ajuizamento ou a continuidade da ação civil ex delicto
Condenação criminal faz com que não se discuta mais que o condenado tem o dever de indenizar
O legislador, para facilitar o ressarcimento da vítima de um crime, estabeleceu que um dos efeitos da
condenação penal é tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (art. 91, I, do CP),
constituindo-se a sentença irrecorrível título executivo judicial (art. 63 do CPP e art. 515, VI, do CPC):
Código Penal
Art. 91. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
Como se adota a independência relativa das instâncias, a vítima escolhe se aguarda a decisão criminal
Como o ordenamento jurídico adota, como regra, o princípio da relativa independência das instâncias (art.
935 do CC e art. 65 do CPP), a vítima que pretende ser ressarcida dos danos sofridos com a prática de um
delito pode escolher uma de duas opções:
1) ajuizar a ação cível de indenização (ação civil ex delicto); ou
2) aguardar o desfecho do processo penal, para, então, liquidar ou executar o título judicial eventualmente
constituído pela sentença penal condenatória transitada em julgado.
Quais são as consequências do fato de a sentença criminal ter declarado a prescrição do réu?
• Se for prescrição da pretensão punitiva: isso impede a formação do título executivo judicial na esfera
penal. Logo, a vítima não poderá executar sentença penal condenatória no juízo cível. A vítima continuará,
contudo, com interesse processual para a ação civil ex delicto.
• Se for prescrição da pretensão executória: permanecem os efeitos secundários da sentença – como maus
antecedentes, a possibilidade de gerar reincidência, além da formação do título executivo judicial. Isso
significa que a vítima poderá executar a sentença condenatória no juízo cível.
EXCEÇÕES: Essa independência é relativa (não é absoluta). Assim, em algumas hipóteses, o julgamento
criminal irá influenciar na decisão cível.
• Incisos I e IV: a sentença penal absolutória faz coisa julgada no cível (vincula o juízo cível).
• Incisos II, III, V e VII: mesmo com a sentença penal absolutória, a pessoa pode ser condenada no juízo cível.
• Inciso VI: pode fazer coisa julgada no cível ou não, dependendo do caso (vide art. 188 do CC).
É muito importante você conhecer (e memorizar) essas hipóteses porque são constantemente cobradas
nas provas:
++ (Juiz TJ/CE 2018 CEBRASPE) A sentença absolutória do juízo criminal que declare a inexistência do fato
ou que o réu não tenha concorrido para o crime faz coisa julgada no juízo cível, obstando a reparação civil
ex delicto. (certo)
DIREITO DO CONSUMIDOR
PLANO DE SAÚDE
Plano de saúde possui responsabilidade solidária por danos causados
pelos médicos e hospitais próprios ou credenciados
Importante!!!
A demora para a autorização da cirurgia indicada como urgente pela equipe médica do
hospital próprio ou credenciado, sem justificativa plausível, caracteriza defeito na prestação
do serviço da operadora do plano de saúde, resultando na sua responsabilização.
A operadora de plano de saúde tem responsabilidade solidária por defeito na prestação de
serviço médico, quando o presta por meio de hospital próprio e médicos contratados, ou por
meio de médicos e hospitais credenciados.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.414.776-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
Além disso, mesmo que tivesse havido um “erro médico” ou uma “falha do hospital”, o plano também
teria que indenizar em razão de sua responsabilidade solidária:
A operadora de plano de saúde tem responsabilidade SOLIDÁRIA por defeito na prestação de serviço
médico, quando presta esse serviço:
• por meio de hospital próprio e médicos contratados; ou
• por meio de médicos e hospitais credenciados.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.414.776-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
++ (DPE/RN 2015 CESPE) Uma operadora de plano de saúde não responde perante o consumidor por falha
na prestação dos serviços médicos e hospitalares por ela credenciados. (errado)
PLANO DE SAÚDE
Se não houver previsão contratual expressa, o plano de saúde
não é obrigado a custear o tratamento de fertilização in vitro
Importante!!!
Não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de saúde, do tratamento de
fertilização in vitro, quando não houver previsão contratual expressa.
O art. 10, III, da Lei nº 9.656/98 estabelece que a “inseminação artificial” não é um
procedimento de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Em outras palavras, o contrato
pode ou não prever a cobertura desse tratamento. Se o contrato não cobrir expressamente e
o plano de saúde, em virtude disso, se recusar a custear, essa negativa não será abusiva.
Vale ressaltar que a fertilização in vitro não é mesmo que inseminação artificial. Mesmo assim,
a partir de uma interpretação sistemática e teleológica, que garanta o equilíbrio atuarial do
sistema, deve-se entender que o mesmo raciocínio se aplica para a fertilização in vitro e que
este tratamento também não é de cobertura obrigatória.
Nesse sentido, a Resolução Normativa nº 428/2017, da ANS permite que o plano de saúde não
ofereça inseminação artificial e outras técnicas de reprodução humana assistida. Assim, ao
falar em outras técnicas, pode-se incluir aí a fertilização in vitro.
STJ. 3ª Turma. REsp 1794629/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi,
julgado em 18/02/2020.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.823.077-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
O STJ concordou com os argumentos da autora? O plano de saúde é obrigado a custear o tratamento?
NÃO. O STJ entendeu que a recusa do plano de saúde não foi abusiva.
Vamos entender com calma.
Fertilização in vitro não era um tratamento para tratar a enfermidade que acomete a autora
A autora foi diagnosticada com endometriose, que é “uma doença caracterizada pela presença do
endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos
da pelve: trompas, ovários, intestinos e bexiga.” (https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-
femininas/endometriose/)
Segundo o Ministério da Saúde, são indicados para essa enfermidade o tratamento clínico (com uso de
anticoncepcionais orais), o tratamento cirúrgico ou a combinação dos dois.
Desse modo, a fertilização in vitro não é um tratamento indicado para o enfrentamento desta doença.
Esta técnica tem por objetivo, portanto, unicamente permitir que a autora consiga alcançar a gravidez
desejada.
Lei dos Planos de Saúde exclui a inseminação artificial do rol de procedimentos obrigatórios
A Lei nº 9.656/98 permite que que os planos de saúde neguem cobertura para inseminação artificial:
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-
ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no
Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a
internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as
exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto:
(...)
III - inseminação artificial;
Resoluções da ANS
A ANS possui também resoluções reafirmando que a inseminação artificial está excluída do rol de
procedimentos obrigatórios:
Resolução Normativa nº 192/2009
Art. 1º (...)
§ 2º A inseminação artificial e o fornecimento de medicamentos de uso domiciliar, definidos nos
incisos III e VI do art. 13 da Resolução Normativa - RN nº 167, de 9 de janeiro de 2008, não são de
cobertura obrigatória de acordo com o disposto nos incisos III e VI do art. 10 da Lei nº 9.656, de
1998 e, não estão incluídos na abrangência desta Resolução.
A Lei fala apenas em inseminação artificial e no caso concreto estava sendo pedido o custeio da
fertilização in vitro...
É verdade. No entanto, a Resolução Normativa nº 428/2017 afirma que é permitida a exclusão não apenas
da inseminação artificial, mas também de outras técnicas de reprodução assistida.
Vale ressaltar que não há qualquer razoabilidade em se entender que a inseminação artificial não precisa
ser oferecida pelo plano (cobertura facultativa) e, ao mesmo tempo, a fertilização in vitro, que é mais cara
e complexa, seja de cobertura obrigatória.
A ANS não extrapolou suas atribuições ao permitir a exclusão de outras técnicas de reprodução assistida.
Isso porque a Agência tem autorização expressa para disciplinar o tema, conforme o parágrafo único do
art. 35-C da Lei dos Planos:
Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos:
(...)
III - de planejamento familiar.
Parágrafo único. A ANS fará publicar normas regulamentares para o disposto neste artigo,
observados os termos de adaptação previstos no art. 35.
Em suma:
Não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de saúde, do tratamento de fertilização
in vitro, quando não houver previsão contratual expressa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1794629/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado
em 18/02/2020.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.823.077-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
DIREITO EMPRESARIAL
MARCA
A empresa que comercializa responde solidariamente com o fabricante
de produtos contrafeitos pelos danos causados pelo uso indevido da marca
O juiz julgou os pedidos procedentes, condenando as requeridas, sob o argumento de que elas devem
responder solidariamente.
A segunda ré recorreu afirmando que não caberia solidariedade nesse caso, sendo indevida a condenação.
Gabarito: letra C
A colocação desses bens contrafeitos no mercado pode ser concretizada pelo próprio fabricante ou por
meio de terceiros, que aceitam comercializar os produtos, mesmo havendo essa violação da marca. Assim,
esse terceiro participa de forma decisiva na criação da confusão nos consumidores.
Desse modo, a violação do instituto marcário pode ser realizada não apenas pela fabricação de produto
similar e imitação da marca, mas também pelos atos subsequentes que efetivamente introduzem no
mercado a oferta dos bens contrafeitos. Foi o que aconteceu neste caso. Está presente uma causalidade
comum, em que ambas as empresas rés concorreram efetivamente para o abalo ao direito exclusivo da
exploração de marca registrada.
Em suma:
A colocação no mercado de produtos identificados com marca objeto de direito exclusivo de terceiros é
ato de contrafação e acarreta para o usurpador o dever de indenizar os danos decorrentes.
A empresa que comercializa responde solidariamente com o fabricante de produtos contrafeitos pelos
danos causados pelo uso indevido da marca.
Ainda que a solidariedade não seja expressamente prevista na Lei nº 9.279/96, a responsabilidade civil
é solidária para todos os autores e coautores que adotem condutas danosas ao direito protegido de
outrem, conforme sistema geral de responsabilidade estabelecido no art. 942 do Código Civil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.719.131-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
MARCA
A renúncia ao registro não enseja a perda do objeto da ação
que veicula pretensão de declaração de nulidade da marca
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A renúncia ao registro não enseja a perda do objeto da ação que veicula pretensão de
declaração de nulidade da marca.
Caso concreto: a empresa Goiás Refrigerantes S/A registro, no INPI a marca JOCA COLA. Ao
tomar conhecimento disso, a “The Coca Cola Company” ajuizou ação contra a empresa Goiás
Refrigerantes S/A e contra o INPI pedindo a nulidade desse registro. Na contestação
apresentada, a Goiás Refrigerantes pediu a extinção do processo sem resolução do mérito por
perda do objeto considerando que, logo após o ajuizamento da ação, ela (ré) renunciou ao
registro da marca JOCA COLA e isso já foi homologado administrativamente pelo INPI.
Mesmo com essa renúncia, o processo deverá prosseguir considerando que a renúncia opera
efeitos ex nunc e não implica reconhecimento de que o registro continha vícios. A declaração
de nulidade, por outro lado, produz efeitos ex tunc e significa o reconhecimento de que o
registro foi concedido em desacordo com as disposições da Lei. Logo, mesmo tendo havido
renúncia à marca impugnada, a continuidade da ação é necessária para proteção dos direitos
da autora relativos ao período em que a marca esteve em vigor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.832.148-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
Desse modo, mesmo tendo havido renúncia à marca impugnada, a continuidade da ação era necessária
para proteção dos direitos da autora relativos ao período em que a marca esteve em vigor.
Ex: para a autora ser ressarcida dos prejuízos que teve durante o período em que a marca impugnada
vigorou, é necessária a declaração de que esse registro foi nulo, ou seja, inválido desde o início.
Assim, os efeitos decorrentes da eventual procedência do pedido de nulidade deduzido na inicial não são
os mesmos daqueles advindos da renúncia ao registro correspondente.
Vale ressaltar, por fim, que o art. 172 da LPI afirma que:
Art. 172. O processo de nulidade prosseguirá ainda que extinto o registro.
Esse art. 172 trata do processo administrativo de nulidade, mas seu raciocínio pode ser aplicado também
para o processo judicial.
ECA
Além disso, o art. 81, V, prevê que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de “revistas e
publicações a que alude o art. 78”.
O ECA prevê princípios e regras próprios que asseguram à criança e ao adolescente múltiplos direitos
fundamentais, dentre os quais se inclui o direito à dignidade e ao respeito.
O art. 6º afirma que, na interpretação do ECA deverão ser levados em consideração os fins sociais a que
ele se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição
peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Desse modo, a fim de se garantir a máxima eficácia das normas protetivas, não se pode fazer uma
interpretação literal do art. 78 para dizer que apenas os comerciantes e os editores é que teriam esse dever.
ADOÇÃO
O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do Código Civil/1916 não pode ser
alterado para a inclusão dos nomes dos ascendentes dos pais adotivos
O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do Código Civil/1916 não pode
ser alterado para a inclusão dos nomes dos ascendentes dos pais adotivos.
O ordenamento jurídico vigente ao tempo em que realizada a adoção simples da peticionante
por meio de escritura pública (natureza contratual), previa que o parentesco resultante da
adoção era meramente civil e limitava-se ao adotante e ao adotado, não se estendendo aos
familiares do adotante visto que mantidos os vínculos do adotado com a sua família biológica.
Não se aplica o regime jurídico de adoção do ECA para este caso.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.387-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi,
julgado em 11/02/2020 (Info 666).
No Código Civil de 1916 a adoção civil era restrita, ou seja, não integrava totalmente o adotado na família
do adotante, já que permaneciam os laços sanguíneos do parentesco natural, conforme dispunha o
revogado art. 378, daquele Código.
Adoção no CC/1916
No Código Civil de 1916, vigorava o regime da adoção simples.
A adoção era realizada por escritura pública e o parentesco resultante da adoção limitava-se ao adotante
e ao adotado, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais.
O parentesco natural (biológico) não se extinguia pela adoção, exceto o “pátrio poder” (atualmente, poder
familiar), que seria transferido do pai natural para o adotivo.
Lei nº 4.655/65
A Lei nº 4.655/65 trouxe algumas mudanças no regime da adoção e uma delas foi a possibilidade do vínculo
da adoção se estender aos ascendentes do adotante, desde que com expressa anuência destes.
Esta Lei também previu o rompimento dos direitos e obrigações oriundos da relação do adotado com a
família de origem.
Manteve, no entanto, os anteriores preceitos normativos para as adoções dos maiores de idade, haja vista
que a referida legislação se volta às crianças e adolescentes.
O Código Civil de 2002 (arts. 1.618 e 1619), no entanto, promoveu a unificação do instituto passando a
admitir apenas a adoção plena, impondo novo e completo vínculo familiar, com a efetiva participação do
Poder Público no processo de adoção de crianças, adolescentes ou maiores de 18 anos.
RECURSOS
É possível afastar a intempestividade do recurso quando isso decorreu do fato de o site do
Tribunal ter disponibilizado informação equivocada, que induziu a parte em erro
Importante!!!
A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por meio de informação
constante em andamento processual disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação
equivocadamente disponibilizada pelo Tribunal de origem induz a parte em erro.
Caso concreto: o TJ/MS negou provimento a uma apelação que havia sido interposta pela
parte; na movimentação processual existente no site do TJ/MS, constou a informação de que o
vencimento do prazo recursal para a interposição de recurso ao STJ contra o acórdão do TJ se
daria no dia 10/12; assim, no dia 10/12, a parte apresentou recurso especial contra o acórdão
do TJ; ocorre que essa informação estava errada; o termo final do prazo era dia 09/12; isso
significa que parte interpôs o recurso especial intempestivamente; vale ressaltar, contudo,
que a parte foi induzida em erro pela informação constante no sítio oficial do TJ; o STJ,
excepcionalmente, considerou tempestivo o recurso.
STJ. Corte Especial. EAREsp 688.615-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/03/2020
(Info 666).
As informações processuais fornecidas pelos sites dos Tribunais ostentam caráter oficial?
NÃO. Conforme entendimento prevalecente no STJ, os dados processuais disponibilizados via internet não
possuem caráter oficial, mas meramente informativo.
O que acontece se houver alguma OMISSÃO, ATRASO ou ERRO na divulgação da tramitação processual
no site do Tribunal e, com isso, a parte perder o prazo para a prática do ato? A parte que perdeu o prazo
poderá alegar que houve uma “justa causa” para isso e pedir a sua devolução, nos termos do art. 223
do CPC?
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o
realizou por justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o
ato por si ou por mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.
Nesse sentido:
(...) 2. A divulgação do andamento processual pelos Tribunais por meio da internet passou a representar
a principal fonte de informação dos advogados em relação aos trâmites do feito. A jurisprudência deve
acompanhar a realidade em que se insere, sendo impensável punir a parte que confiou nos dados assim
fornecidos pelo próprio Judiciário.
3. Ainda que não se afirme que o prazo correto é aquele erroneamente disponibilizado, desarrazoado
frustrar a boa-fé que deve orientar a relação entre os litigantes e o Judiciário. Por essa razão o art. 183, §§
1º e 2º, do CPC (CPC 1973) determina o afastamento do rigorismo na contagem dos prazos processuais
quando o descumprimento decorrer de fato alheio à vontade da parte.
4. A Terceira Turma do STJ vem adotando essa orientação, com base não apenas no art. 183 do CPC, mas
também na própria Lei do Processo Eletrônico (Lei 11.419/2006), por conta das "Informações processuais
veiculadas na página eletrônica dos tribunais que, após o advento da Lei n.º 11.419/06, são consideradas
oficiais" (trecho do voto condutor do Min. Paulo de Tarso Sanseverino, no REsp 960.280/RS, DJe 14.6.2011).
(...)
8. Ainda que os dados disponibilizados pela internet sejam “meramente informativos” e não substituam a
publicação oficial (fundamento dos precedentes em contrário), isso não impede que se reconheça ter
havido justa causa no descumprimento do prazo recursal pelo litigante (art. 183, caput, do CPC), induzido
por erro cometido pelo próprio Tribunal. (...)
STJ. Corte Especial. REsp 1324432/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2012.
Ocorre que essa informação estava errada. O termo final do prazo era dia 09/12/2018. Isso significa que
João interpôs o recurso especial intempestivamente.
Vale ressaltar, contudo, que a parte foi induzida em erro pela informação constante no sítio oficial do TJ.
A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por meio de informação constante em
andamento processual disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação equivocadamente
disponibilizada pelo Tribunal de origem induz a parte em erro.
STJ. Corte Especial. EAREsp 688.615-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/03/2020 (Info 666).
RECURSOS
A tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP
é restrita ao feriado de segunda-feira de carnaval
Assim, a comprovação da ocorrência de feriado local deve ser feita no ato da interposição do
recurso, sendo intempestivo quando interposto fora do prazo previsto na lei processual civil.
Esse entendimento acima explicado está sujeito a alguma modulação de efeitos?
Em regra: não. Depois da entrada em vigor do CPC/2015, a comprovação da ocorrência de
feriado local deve ser feita no ato da interposição do recurso, sendo intempestivo quando
interposto fora do prazo previsto na lei processual civil. Esse entendimento está em vigor
desde o início da vigência do CPC/2015 e não se submete a modulação de efeitos.
Exceção: no caso do feriado de segunda-feira de carnaval, há uma modulação dos efeitos.
Segunda-feira de carnaval não é um feriado nacional. No entanto, em diversos Estados, trata-
se de feriado local.
• Se o recurso especial foi interposto antes de 18/11/2019 (data de publicação do REsp
1.813.684-SP) e a parte não comprovou que segunda-feira de carnaval era feriado no Tribunal
de origem: é possível a abertura de vista para que a parte comprove isso mesmo após a
interposição do recurso, sanando o vício.
• Se o recurso especial foi interposto depois de 18/11/2019 (data de publicação do REsp
1.813.684-SP) e a parte não comprovou que segunda-feira de carnaval era feriado no Tribunal
de origem: não é possível a abertura de vista para que a parte comprove esse feriado, ou seja,
o vício não pode mais ser sanado.
STJ. Corte Especial. QO no REsp 1813684/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/02/2020 (Info 666).
A parte recorrida (em nosso exemplo, Pedro) será intimada para apresentar suas contrarrazões.
Após, o Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal (isso vai depender do regimento interno), em decisão
monocrática, irá fazer um juízo de admissibilidade do recurso especial:
Se o juízo de admissibilidade for POSITIVO Se o juízo de admissibilidade for NEGATIVO
Significa que o Presidente (ou Vice) do Tribunal Significa que o Presidente (ou Vice) do Tribunal
entendeu que os pressupostos do REsp estavam entendeu que algum pressuposto do REsp não
preenchidos e, então, remeterá o recurso para o STJ. estava presente e, então, não admitirá o recurso.
Contra esta decisão, não cabe recurso, Contra esta decisão, a parte prejudicada poderá
considerando que o STJ ainda irá examinar interpor recurso.
novamente esta admissibilidade.
tempestividade não desconsiderar esse dia, achará que João perdeu o prazo e que interpôs o REsp no 16º
dia útil. No entanto, conforme expliquei, um desses dias era feriado local (feriado estadual) e, dessa forma,
esse dia tem que ser excluído da contagem do prazo.
Repetindo: tirando sábados e domingos, João interpôs o recurso no 16º dia. Ocorre que um desses dias
foi feriado estadual. Logo, esse dia tem que ser excluído da contagem (porque não é dia útil). Isso significa
que João interpôs o recurso no 15º dia útil e, portanto, o REsp é tempestivo.
João, ao apresentar o REsp, tem o ônus de explicar e comprovar que, na instância de origem, era feriado
local ou dia sem expediente forense? Em outras palavras, João tem o ônus de comprovar que houve um
feriado local e, portanto, o recurso é tempestivo?
Na vigência do CPC/1973:
A parte, mesmo que não demonstrasse no momento da interposição do recurso que havia esse feriado
local, poderia comprovar depois. Assim, era possível a comprovação posterior da tempestividade de
recurso no STJ ou no STF quando o recurso houvesse sido julgado intempestivo em virtude de feriados
locais ou de suspensão de expediente forense no tribunal a quo.
Esse era o entendimento do STJ: AgRg no AREsp 137.141-SE, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
19/9/2012.
Na égide do CPC/2015:
O cenário acima mudou.
O CPC/2015 trouxe expressamente um dispositivo dizendo que a comprovação do feriado local deverá ser
feita, obrigatoriamente, no ato de interposição do recurso. Veja:
Art. 1.003 (...)
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.
2. Assim, sob a vigência do CPC/2015, é necessária a comprovação nos autos de feriado local por meio de
documento idôneo no ato de interposição do recurso.
3. Não se pode ignorar, todavia, o elastecido período em que vigorou, no âmbito do Supremo Tribunal
Federal e desta Corte Superior, o entendimento de que seria possível a comprovação posterior do feriado
local, de modo que não parece razoável alterar-se a jurisprudência já consolidada deste Superior Tribunal,
sem se atentar para a necessidade de garantir a segurança das relações jurídicas e as expectativas
legítimas dos jurisdicionados.
4. É bem de ver que há a possibilidade de modulação dos efeitos das decisões em casos excepcionais,
como instrumento vocacionado, eminentemente, a garantir a segurança indispensável das relações
jurídicas, sejam materiais, sejam processuais.
5. Destarte, é necessário e razoável, ante o amplo debate sobre o tema instalado nesta Corte Especial e
considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança, da isonomia e da primazia da
decisão de mérito, que sejam modulados os efeitos da presente decisão, de modo que seja aplicada, tão
somente, aos recursos interpostos após a publicação do acórdão respectivo, a teor do § 3º do art. 927 do
CPC/2015. (...)
STJ. Corte Especial. REsp 1.813.684-SP, Rel. Min. Raul Araújo, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 02/10/2019 (Info 660).
(...) 1. Preceitua o art. 1.003, § 6º do Código Fux que o recorrente comprovará a ocorrência de feriado local
no ato de interposição do recurso. Interpretar a norma de forma restritiva acabaria por imprimir
retrocesso ao justo entendimento já consolidado nesta Corte, que é o de oportunizar à parte a
comprovação do feriado local, de forma a afastar a intempestividade de seu recurso, mesmo depois de
aforada a petição recursal.
2. Entretanto, considerando a função constitucional desta Corte de uniformização da jurisprudência pátria,
ressalvo meu ponto de vista, para acompanhar o entendimento firmado por este Tribunal no AREsp.
957.821/MS, julgado pela Corte Especial, de que a comprovação da existência de feriado local deve
ocorrer no ato de interposição do respectivo recurso, nos termos do art. 1.003, § 6º do Código Fux, não
se admitindo a comprovação posterior.
(...)
4. No julgamento do REsp. 1.813.684/SP, em 2.10.2019, a Corte Especial reafirmou o entendimento
segundo o qual é necessária a comprovação nos autos de feriado local por meio de documento idôneo no
ato de interposição do recurso. Contudo, decidiu-se modular os efeitos da decisão, de modo que a tese
firmada seja aplicada tão somente aos recursos interpostos após a publicação do acórdão respectivo.
Assim, para os recursos interpostos anteriormente deve ser oportunizada à parte recorrente a
possibilidade de regularização do pleito recursal. Destaca-se ainda que, em Questão de Ordem no aludido
REsp., a Corte Especial estabeleceu que a modulação de efeitos e a possibilidade de comprovação
posterior da tempestividade dos recursos não se aplicaria a todos feriados locais, mas apenas à segunda-
feira de Carnaval, o que não é o caso dos autos. (...)
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1526342/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 30/03/2020.
AGRAVO
“Despacho” que intima o advogado para que o devedor cumpra obrigação de fazer, sob pena de multa,
possui aptidão para gerar prejuízo à parte e, portanto, pode ser impugnado por meio de recurso
A entidade de previdência interpôs agravo de instrumento para o Tribunal de Justiça contra esse
pronunciamento judicial.
O TJ, contudo, não conheceu do agravo de instrumento afirmando que o ato judicial impugnado não tinha
conteúdo decisório, considerando que apenas determinou a intimação da parte para cumprimento
voluntário da obrigação de fazer. Para o TJ, o que o magistrado proferiu foi um despacho de mero
expediente, não podendo, portanto, ser objeto de recurso, a teor do disposto no art. 1.001 do CPC:
Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.
Essa discussão chegou até o STJ. E, então, cabe recurso contra essa manifestação judicial?
SIM.
Cabe agravo de instrumento contra o pronunciamento judicial que, na fase de cumprimento de
sentença, determinou a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir obrigação de
fazer, sob pena de multa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.800-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020 (Info 666).
Para saber se uma manifestação judicial é passível de recurso, não basta analisar apenas o nome dado ao
ato judicial, mas sim o seu conteúdo. Assim, para ser irrecorrível o ato judicial, além de formalmente ser
enquadrada como “despacho”, essa manifestação não pode ter conteúdo decisório.
Nas palavras da Ministra Relatora:
“A irrecorribilidade de um pronunciamento judicial advém, não só da circunstância de se tratar,
formalmente, de despacho, mas também do fato de que seu conteúdo não é apto a causar
gravame às partes.”
No exemplo concreto acima narrado, o “despacho” proferido pelo juiz é apto a causar prejuízo à parte
executada considerando que a jurisprudência afirma que é necessária a intimação pessoal do devedor e o
magistrado determinou a intimação por meio do advogado. Logo, essa manifestação está em confronto
com o que decidiu o STJ:
É necessária a prévia intimação pessoal do devedor para a cobrança de multa pelo descumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer antes e após a edição das Leis nº 11.232/2005 e 11.382/2006, nos termos
da Súmula n. 410 do STJ.
Súmula 410-STJ: A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.
STJ. Corte Especial. EREsp 1360577-MG, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 19/12/2018 (Info 643).
A ordem judicial, ainda que contrária ao entendimento do STJ, produz plenamente seus efeitos até que
seja invalidada. Então, num primeiro momento, revela-se o prejuízo causado à entidade devedora, que
poderá ser compelida ao pagamento da multa, se não cumprir a obrigação no prazo estipulado pelo Juízo
de primeiro grau, ainda que não tenha sido, para tanto, devidamente comunicada por meio da sua
intimação pessoal.
Em um segundo momento verifica-se que o despacho proferido pode causar prejuízo ao autor tendo em
vista que, no futuro, essa multa poderá ser invalidada pela ausência de intimação pessoal.
AGRAVO
A multa em caso de agravo interno declarado manifestamente inadmissível ou improcedente
em votação unânime é revertida em prol da parte contrária (art. 1.021, § 4º)
A multa do art. 1.021, § 4º, do CPC/2015 tem como destinatário a parte contrária e não o Fundo
de Aparelhamento do Poder Judiciário.
Art. 1.021 (...) § 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará
o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado
da causa.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.846.734-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
7) O Desembargador Relator poderá, de forma monocrática, considerar o recurso inadmissível, desde que,
antes disso, conceda o prazo de 5 dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível. Veja:
Art. 932. Incumbe ao relator:
(...)
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
(...)
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5
(cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
8) E se a parte não concordar com essa decisão monocrática do Relator, o que ela poderá fazer?
A parte poderá, neste caso, interpor um agravo interno para o órgão colegiado do Tribunal questionando
a decisão monocrática do Relator.
10) Imaginemos que o Relator negou seguimento ao agravo de instrumento e João interpôs um agravo
interno manifestamente infundado (“abusivo”) contra a decisão que negou seguimento ao agravo de
instrumento.
11) Se o órgão colegiado do Tribunal considerar que o agravo interno interposto é manifestamente
inadmissível ou improcedente, ele aplicará ao recorrente duas sanções:
a) condenará o agravante a pagar ao agravado uma multa;
b) condicionará o depósito do valor da multa em juízo para que futuros recursos sejam recebidos.
12) Qual é o valor dessa multa?
Entre 1% e 5% do valor atualizado da causa.
13) Para a aplicação da multa, exige-se que a decisão do Tribunal tenha sido unânime?
SIM. A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º do CPC/2015 exige votação unânime.
Veja o dispositivo legal:
Art. 1.021 (...)
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em
votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar
ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da
multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
que farão o pagamento ao final.
É importante salientar que, em regra, a mera rejeição do agravo interno por votação unânime do colegiado
não acarreta a imposição da multa do art. 1.021, § 4º, sendo necessária a configuração da manifesta
inadmissibilidade ou improcedência do recurso a autorizar sua aplicação (STJ. 1ª Seção. AgInt na Rcl
37.960/RJ, Rel. Ministra Regina Helena Costa, julgado em 17/09/2019).
Não confundir
Multas destinadas à União ou aos Estados
Multas destinadas à parte contrária
(Fundo de Aparelhamento do Poder Judiciário)
Multa em caso de ato atentatório à dignidade da Multa em caso de litigância de má-fé (1ª parte do
justiça (art. 77, § 3º). art. 96).
Multa imposta aos serventuários (2ª parte do art. Multa em caso de agravo interno declarado
96). manifestamente inadmissível ou improcedente
em votação unânime (art. 1.021, § 4º).
Em suma:
Multa do art. 1.021, § 4º, do CPC/2015 tem como destinatário a parte contrária e não o Fundo de
Aparelhamento do Poder Judiciário.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.846.734-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA
Excepcionalmente, cabe recurso especial contra
decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão se estiverem
em jogo aspectos elementares da dignidade da pessoa humana
Em regra, o STJ afirma que não cabe recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do
pedido de suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam
respeito a exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político.
Caso excepcional no qual o STJ admitiu o recurso especial: juiz concedeu liminar
determinando que o Estado de SP fornecesse banho quente aos presos; Presidente do TJ/SP
suspendeu a liminar; contra esta decisão foi interposto agravo; a Corte Especial do TJ manteve
a suspensão da liminar; o STJ admitiu recurso especial contra esta decisão tendo em vista que
estavam em jogo aspectos elementares da dignidade da pessoa humana.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666).
Suspensão de liminar
O pedido de suspensão é
- um instrumento processual (incidente processual)
- por meio do qual as pessoas jurídicas de direito público ou o Ministério Público
- requerem ao Presidente do Tribunal que for competente para o julgamento do recurso
- que suspenda a execução de uma decisão, sentença ou acórdão proferidos,
- sob o argumento de que esse provimento jurisdicional prolatado causa grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas.
Nomenclatura
Comumente, esse instituto é chamado de pedido de “suspensão de segurança”. Isso porque ele foi
previsto originalmente na lei apenas para suspender as decisões liminares ou sentenças proferidas em
mandados de segurança.
Ocorre que, com o tempo, foram editadas novas leis trazendo a possibilidade de suspensão para
praticamente toda e qualquer decisão judicial prolatada contra a Fazenda Pública.
Por essa razão, atualmente, além de “suspensão de segurança”, pode-se falar em “suspensão de liminar”,
“suspensão de sentença”, “suspensão de acórdão” etc. Alguns julgados também falam em “pedido de
contracautela”.
Previsão legal
Há cinco diferentes dispositivos legais prevendo pedido de suspensão:
• art. 12, § 1º da Lei nº 7.347/85 (suspensão de liminar em ACP);
• art. 4º da Lei nº 8.437/92 (suspensão de liminar ou sentença em ação cautelar, em ação popular ou em
ACP). É considerada pela doutrina como a previsão mais geral sobre o pedido de suspensão;
• art. 1º da Lei nº 9.494/97 (suspensão de tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública);
• art. 16 da Lei nº 9.507/97 (suspensão da execução de sentença concessiva de habeas data);
• art. 15 da Lei nº 12.016/09 (suspensão de liminar e sentença no mandado de segurança).
Cabe recurso especial da decisão do Plenário ou da Corte Especial que julga esse agravo?
• Segundo o STJ: Em regra, NÃO. Não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no âmbito do pedido
de suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a exame de
legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político. Nesse sentido:
Este Superior Tribunal firmou o entendimento de não ser cabível o recurso especial contra decisões
proferidas no âmbito do pedido de suspensão, na medida em que a via especial reporta-se a argumentos
que digam respeito à exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostenta juízo político.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 957.825/CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/08/2013.
• Segundo a 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em sede de suspensão de
segurança não é estritamente política, possuindo conteúdo jurisdicional. Com base nisso, decidiu que é
cabível, em tese, recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de
segurança (RE 798740 AgR/DF).
Contra esta decisão, o Estado ingressou com pedido de suspensão de liminar no TJ/SP.
O Presidente do TJ/SP suspendeu os efeitos da liminar afirmando que “a ordem judicial representa ameaça
de grave lesão de difícil reparação”, ao exigir obras e dispêndios financeiros da Fazenda Pública.
Contra a decisão do Presidente, a Defensoria Pública ingressou com agravo, mas a Corte Especial do TJ/SP
negou provimento, mantendo a suspensão.
Diante disso, a Defensoria Pública interpôs recurso especial.
O STJ entendeu que era uma situação excepcional e, por isso, conheceu e deu provimento ao recurso
especial restaurando a integralidade da decisão de 1ª instância.
O caso concreto é peculiar, por ferir aspectos existenciais da textura íntima de direitos humanos
substantivos.
Primeiro, porque se refere à dignidade da pessoa humana, naquilo que concerne à integridade física e
mental a todos garantida.
Segundo, porque versa sobre obrigação inafastável e imprescritível do Estado de tratar prisioneiros como
pessoas, e não como animais.
Terceiro, porque o encarceramento configura pena de restrição do direito de liberdade, e não salvo-
conduto para a aplicação de sanções extralegais e extrajudiciais, diretas ou indiretas.
Quarto, porque, em presídios e lugares similares de confinamento, ampliam-se os deveres estatais de
proteção da saúde pública e de exercício de medidas de assepsia pessoal e do ambiente, em razão do risco
agravado de enfermidades, consequência da natureza fechada dos estabelecimentos, propícia à
disseminação de patologias.
Assim, ofende os alicerces do sistema democrático de prestação jurisdicional admitir que decisão judicial,
relacionada à essência dos direitos humanos fundamentais, não possa ser examinada pelo STJ sob o
argumento de se tratar de juízo político.
Quando estão em jogo aspectos mais elementares da dignidade da pessoa humana (um dos fundamentos
do Estado Democrático de Direito em que se constitui a República Federativa do Brasil, expressamente
enunciado na Constituição, logo em seu art. 1º) impossível subjugar direitos indisponíveis a critérios outros
que não sejam os constitucionais e legais.
Em suma:
Em regra, o STJ afirma que não cabe recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido
de suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a exame de
legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político.
Caso excepcional no qual o STJ admitiu o recurso especial: juiz concedeu liminar determinando que o
Estado de SP fornecesse banho quente aos presos; Presidente do TJ/SP suspendeu a liminar; contra esta
decisão foi interposto agravo; a Corte Especial do TJ manteve a suspensão da liminar; o STJ admitiu
recurso especial contra esta decisão tendo em vista que estavam em jogo aspectos elementares da
dignidade da pessoa humana.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666).
DIREITO PENAL
Importante!!!
Governador do Estado que desvia grande soma de recursos públicos de empresas estatais,
utilizando esse dinheiro para custear sua campanha de reeleição, pratica o crime de peculato-
desvio.
As empresas estatais gozam de autonomia administrativa e financeira. Mesmo assim, pode-se
dizer que o Governador tem a posse do dinheiro neste caso?
É possível. Isso porque a posse necessária para configuração do crime de peculato deve ser
compreendida não só como a disponibilidade direta, mas também como disponibilidade
jurídica, exercida por meio de ordens.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.776.680-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
A defesa argumentou que não houve peculato-desvio. Isso porque, no seu entendimento, o réu, na
condição de Governador do Estado, não tinha a posse direta ou indireta dos valores pertencentes às
empresas estatais.
Alegou que as entidades da administração indireta, dotadas de personalidade e de patrimônios próprios,
eram geridas de forma autônoma e desvinculada das ordens emanadas pelo Governo do Estado.
Em suma:
Configura o crime de peculato-desvio o fomento econômico de candidatura à reeleição por Governador
de Estado com o patrimônio de empresas estatais.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.776.680-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
CRIMES DO ECA
Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento
e compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil
Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo explícito e
pornográfica envolvendo crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A), pela
internet, esses arquivos para outra pessoa, esse indivíduo terá praticado dois crimes ou
haverá consunção e ele responderá por apenas um dos delitos?
Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e
compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil. Isso porque o cometimento de
um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela prática do outro.
No entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas
condutas guardem, entre si, uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas.
O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre a sucessão de fatos.
Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente autônomo, sem
relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos, em concurso material.
A distinção se dá em cada caso, de acordo com suas especificidades.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
O julgado a seguir comentado envolve dois crimes previstos nos arts. 241-A e 241-B do ECA.
Antes de comentar o que foi decidido, importante relembramos quais são esses crimes:
Com essa figura típica, o legislador proibiu que qualquer pessoa tenha arquivo contendo imagens de
crianças e adolescentes em cenas de sexo explícito ou pornográficas.
O armazenamento pode ser:
• físico (ex: fotografia impressa); ou
• virtual (em arquivos de computador).
Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo explícito e pornográfica
envolvendo crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses arquivos para
outra pessoa, esse indivíduo terá praticado dois crimes ou haverá consunção e ele responderá por
apenas um dos delitos?
Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de
material pornográfico infanto-juvenil. Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa,
necessariamente, pela prática do outro.
No entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas condutas
guardem, entre si, uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas.
O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre a sucessão de fatos.
Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente autônomo, sem relação
de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos, em concurso material.
A distinção se dá em cada caso, de acordo com suas especificidades.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
Assim, a depender do caso concreto, é possível o reconhecimento de concurso material de crimes entre
os arts. 241-A e 241-B do ECA:
(...) 2. A tese de consunção do crime previsto no art. 241-A por aquele descrito no art. 241-B não se
sustenta, na hipótese, por se tratar de delito de tipo misto alternativo, o qual abarca todas as condutas
que tenham por objeto fotografias ou vídeos contendo menores em cenas de sexo explícito ou
pornográficas.
3. Quando o agente adquire ou baixa arquivos de imagens pornográficas (fotos e vídeos) envolvendo
crianças e adolescentes e os armazena no próprio HD - como no caso dos autos -, é perfeitamente possível
o concurso material das condutas de “possuir” e “armazenar” (art. 241-B do ECA) com as condutas de
“publicar” ou “disponibilizar” e “transmitir” (art. 241 -A), o que autoriza a aplicação da regra do art. 69 do
Código Penal.
4. Como o tipo incriminador capitulado no art. 241-A não constitui fase normal ou meio de execução para
o delito do art. 241-B, o agente possuía a livre determinação de somente baixar, arquivar e/ou armazenar
o material pornográfico infantil, para satisfazer sua lascívia pessoal, mas poderia se abster de divulgá-lo,
sobretudo a adolescentes - o que não ocorreu na espécie.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no Resp 1330974/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Dje 19/02/2019.
CRIMES DO ECA
Juiz não pode aumentar a pena-base do crime do art. 241-A do ECA alegando que a conduta
social ou a personalidade são desfavoráveis, sob o argumento de que o réu manifestou grande
interesse por material pornográfico
O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 241-A da Lei nº 8.069/90,
não sendo justificável a exasperação da pena-base a título de conduta social ou personalidade.
Caso concreto: na 1ª fase da dosimetria da pena (art. 59 do CP), o juiz aumentou a pena-base
de 3 para 4 anos afirmando que a conduta social e a personalidade do agente eram
desfavoráveis: “Com base nos elementos constantes dos autos, percebo que a conduta social e
a personalidade do acusado demonstram certa periculosidade pelo grande interesse em
pornografia infantil. Fixo a pena-base privativa de liberdade em 4 (quatro) anos de reclusão
nesta fase.”
STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
Sistema trifásico
A etapa judicial adotou o sistema trifásico da dosimetria, conforme explicitado no item 51 da Exposição
de Motivos da Parte Geral do Código Penal e delineado no art. 68 do Código Penal.
Assim, a dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado
pela jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 19/03/2013.
Na 1ª fase da dosimetria da pena (art. 59 do CP), o juiz aumentou a pena-base de 3 para 4 anos afirmando
que a conduta social e a personalidade do agente eram desfavoráveis:
“Com base nos elementos constantes dos autos, percebo que a conduta social e a personalidade do
acusado demonstram certa periculosidade pelo grande interesse em pornografia infantil.
Fixo a pena-base privativa de liberdade em 4 (quatro) anos de reclusão nesta fase.”
O juiz aumentou a pena-base argumentando que o grande interesse em pornografia infantil revelaria
conduta social desfavorável e alta periculosidade do réu. Ocorre que o “grande interesse em pornografia
infantil” é ínsito (próprio) ao tipo penal em questão, já tendo sido levado em consideração pelo legislador
ao fixar a pena.
Importante!!!
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado
ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial
no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666).
STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623).
Dessa forma, João estava em flagrante delito sendo permitido o ingresso na residência sem autorização,
conforme previsto no art. 5º, XI, da CF/88.
No presente caso acima narrado, o ingresso dos policiais na casa foi legal?
NÃO. Vamos entender com calma.
Inviolabilidade de domicílio
A CF/88 prevê, em seu art. 5º, a seguinte garantia:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;
Assim, guarde isso: não se pode invadir a casa de alguém durante a noite para cumprir ordem judicial.
Flagrante delito
Vimos acima que, havendo flagrante delito, é possível ingressar na casa mesmo sem consentimento do
morador, seja de dia ou de noite.
Um exemplo comum no cotidiano é o caso do tráfico de drogas. Diversos verbos do art. 33 da Lei nº
11.343/2006 fazem com que este delito seja permanente:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Assim, se a casa do traficante funciona como boca-de-fumo, onde ele armazena e vende drogas, a todo
momento estará ocorrendo o crime, considerando que ele está praticando os verbos “ter em depósito” e
“guardar”.
Diante disso, havendo suspeitas de que existe droga em determinada casa, será possível que os policiais
invadam a residência mesmo sem ordem judicial e ainda que contra o consentimento do morador?
SIM. No entanto, no caso concreto, devem existir fundadas razões que indiquem que ali está sendo
cometido um crime (flagrante delito). Essas razões que motivaram a invasão forçada deverão ser
posteriormente expostas pela autoridade, sob pena de ela responder nos âmbitos disciplinar, civil e penal.
Além disso, os atos praticados poderão ser anulados.
ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade, e de nulidade dos atos praticados.
STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral – Tema 280)
(Info 806).
Vale ressaltar que o STJ afirmou que “não se está a exigir diligências profundas, mas sim breve averiguação,
como, por exemplo, ‘campana’ próxima à residência para verificar a movimentação na casa e outros
elementos de informação que possam ratificar à notícia anônima.”
O fato de haverem avistado o investigado João empreender fuga não poderia, de igual forma, justificar a
invasão da residência considerando que os policiais não viram se ele estava na posse de substância
entorpecente, tendo havido a perseguição pelo simples fato de ele ter corrido. Nesse sentido:
(...) Hipótese em que a invasão de domicílio pelos policiais se fundou tão somente no fato de o paciente
ter adentrado rapidamente a sua residência quando avistou a viatura, o que não caracteriza elemento
objetivo, seguro e racional apto a justificar a medida.
STJ. 6ª Turma. HC 435.465/SP, Rel. p/ Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/10/2018.
Dessa forma, como decorrência da Doutrina dos Frutos da Árvore Envenenada (ou venenosa, visto que
decorre da fruits of the poisonous tree doctrine, de origem norte-americana), consagrada no art. 5º, LVI,
da CF/88, é nula a prova derivada de conduta ilícita - no caso, a apreensão da droga após a invasão
desautorizada do domicílio do réu.
Resumindo:
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar
a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do
acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666).
STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623).
Abuso de autoridade
Veja o novo crime inserido pela Lei nº 13.869/2019 (Lei de Abuso de Autoridade):
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Vale ressaltar, no entanto, que, para a configuração do delito, é indispensável a presença do dolo acrescido
de elemento subjetivo especial, nos termos do art. 1º, § 1º da Lei nº 13.869/2019:
Art. 1º (...)
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS
Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos,
bem como bandejas, não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que
não geram creditamento de ICMS
Os insumos que geram direito ao creditamento são aqueles que, extrapolando a condição de
mera facilidade, se incorporam ao produto final, de forma a modificar a maneira como esse se
apresenta e configurar parte essencial do processo produtivo.
Sacos e filmes plásticos utilizados exclusivamente para o fornecimento de produtos de
natureza perecível são insumos indispensáveis à atividade desenvolvida pelos
supermercados, de modo que a sua aquisição gera direito ao creditamento do ICMS.
Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos,
bem como bandejas, não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que
não geram creditamento de ICMS.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.830.894-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/03/2020 (Info 666).
ICMS
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;
Fatos geradores
Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos geradores (Manual de
Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
• circulação de mercadorias;
• prestação de serviços de transporte intermunicipal;
• prestação de serviços de transporte interestadual;
• prestação de serviços de comunicação.
Quando o Carrefour adquire da indústria essas sacolas, bandejas, sacos e filmes, uma parte do valor que
ele paga é referente ao ICMS.
Suponhamos que, no mês de março/2018, ao comprar esses produtos, ele pagou o equivalente a R$ 100
mil de ICMS.
O Carrefour alegou que essas sacolas, bandejas, sacos e filmes são considerados como insumos essenciais
à atividade dos supermercados e, portanto, o valor pago a título de ICMS deveria ser classificado como
crédito de ICMS, podendo ser deduzido na operação seguinte, nos termos do art. 20 da LC 87/96:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito passivo o
direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a
entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso
ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal ou de comunicação.
Em outras palavras, o supermercado afirmou que tem direito ao creditamento do ICMS recolhido na
compra das sacolas, bandejas, sacos e filmes, que se caracterizariam como insumos essenciais. Logo, o
supermercado poderia descontar R$ 100 mil do valor que ele tem a pagar de ICMS.
Assim, o supermercado pediu para quando comprar sacolas, bandejas, sacos e filmes registrar como
crédito o valor pago a título de ICMS, que poderá ser abatido na próxima operação que fizer.
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que só geram direito ao creditamento de ICMS os insumos
essenciais à atividade da empresa. Nesse sentido:
(...) O entendimento da Primeira Turma do STJ é no sentido de reconhecer o direito ao creditamento de
ICMS no que concerne à aquisição de combustível e lubrificantes por sociedade empresária prestadora de
serviço de transporte, uma vez que tais produtos são essenciais para o exercício de sua atividade
produtiva, devendo ser considerados como insumos. (...)
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 424.110/PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/2/2019.
Assim, os insumos que geram direito ao creditamento são aqueles que, extrapolando a condição de mera
facilidade, se incorporam ao produto final, de forma a modificar a maneira como esse se apresenta e
configurar parte essencial do processo produtivo (STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.802.032/RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 20/8/2019).
Sacolas plásticas
O Brasil, segundo estudo do Banco Mundial e da WWF, é o 4º maior produtor de lixo plástico no mundo
(Fonte: WWF / Banco Mundial - What a Waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to
2050).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as sacolinhas plásticas têm um alto custo ambiental. Para
sua produção são consumidos petróleo ou gás natural (ambos recursos naturais não-renováveis), água e
energia, e liberados efluentes (rejeitos líquidos) e emissões de gases tóxicos e do efeito estufa. Além disso,
depois de usadas, muitas são descartadas de maneira incorreta, aumentando a poluição e ajudando a
entupir bueiros que escoam as águas das chuvas ou indo parar nas matas e oceanos, sendo ingeridas por
animais que morrem sufocados ou presos nelas (<https://www.mma.gov.br/responsabilidade-
socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/saco-e-um-saco/saiba-mais.html>).
Justamente por isso, alguns Estados, como o Rio de Janeiro, além do Distrito Federal, já editaram leis
proibindo a distribuição de sacolas plásticas.
Para o STJ, o direito tributário não pode ficar alheio às políticas públicas de desestímulo à utilização da
sacolas plásticas. Se o Poder Judiciário afirmar que é permitido o creditamento de ICMS pela aquisição das
Informativo 666-STJ (27/03/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 55
Informativo
comentado
sacolas plásticas, isso acabará por caracaterizá-las como insumos essenciais e que se incorporam à
atividade desenvolvida pelos supermercados, o que vai na contramão de todas as políticas públicas de
estímulo ao uso de sacolas reutilizáveis por parte dos consumidores.
Ademais, o fornecimento das sacolas plásticas, para acomodação e transporte de mercadorias pelos
consumidores, não é essencial à comercialização dos produtos por parte dos supermercados. Prova isso o
fato de que diversos supermercados já excluem, voluntariamente, o fornecimento das sacolas com a
finalidade de transporte ou acomodação de produtos.
Portanto, especificamente quanto às sacolas plásticas, que são colocadas à disposição dos clientes, para
acomodar e facilitar o carregamento dos produtos, não há direito ao creditamento do ICMS.
Bandejas
Por fim, as bandejas, feitas de isopor ou plástico, não são indispensáveis ao isolamento do produto
perecível, sendo uma mera comodidade entregue ao consumidor.
Os filmes e sacos plásticos são suficientes para o isolamento do produto perecível.
Em suma:
Sacos e filmes plásticos utilizados exclusivamente para o fornecimento de produtos de natureza
perecível são insumos indispensáveis à atividade desenvolvida pelos supermercados, de modo que a
sua aquisição gera direito ao creditamento do ICMS.
Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos, bem
como bandejas, não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que não geram
creditamento de ICMS.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.830.894-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/03/2020 (Info 666).
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos
estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia. ( )
2) Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, não remanesce ao servidor exonerado o direito de
reingresso no cargo, tendo em vista que o atual ordenamento constitucional impõe a prévia aprovação
em concurso público como condição para o provimento em cargo efetivo da Administração Pública. ( )
3) A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da Magistratura Nacional
nem na Constituição Federal de 1988. ( )
4) A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público, pelo critério da
heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela aferição do fenótipo ou por qualquer
outro fundamento, não exige o franqueamento do contraditório e da ampla defesa. ( )
5) Em situações excepcionais, é possível, para efeito de estabilidade, a contagem do tempo de serviço
prestado por força de decisão liminar. ( )
6) (Promotor MP/GO 2019 – adaptada) De acordo com a jurisprudência do STF, viola a Constituição Federal
a manutenção no cargo, sob o fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele
tomou posse em virtude de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária,
supervenientemente revogado ou modificado. ( )
7) A pena de cassação de aposentadoria é compatível com a Constituição Federal, a despeito do caráter
contributivo conferido àquela, especialmente porque nada impede que, na seara própria, haja o
acertamento de contas entre a administração e o servidor aposentado punido. ( )
8) (Delegado PC/DF 2015) Conforme entendimento do STF, diante do caráter contributivo do regime
próprio de previdência dos servidores públicos, é inconstitucional a penalidade de cassação de
aposentadoria. ( )
9) (Analista Judiciário - Administrativa STJ 2018 CEBRASPE) Será cassada a aposentadoria voluntária do
servidor inativo que for condenado pela prática de ato de improbidade administrativa à época em que
ainda estava na atividade. ( )
10) O imóvel gerador dos débitos condominiais pode ser objeto de penhora em cumprimento de sentença,
ainda que somente o ex-companheiro tenha figurado no polo passivo da ação de conhecimento. ( )
11) A decretação da prescrição da pretensão punitiva do Estado na ação penal fulmina o interesse processual
no exercício da pretensão indenizatória a ser deduzida no juízo cível pelo mesmo fato. ( )
12) (Juiz TJ/CE 2018 CEBRASPE) A sentença absolutória do juízo criminal que declare a inexistência do fato
ou que o réu não tenha concorrido para o crime faz coisa julgada no juízo cível, obstando a reparação
civil ex delicto. ( )
13) A demora para a autorização da cirurgia indicada como urgente pela equipe médica do hospital próprio
ou credenciado, sem justificativa plausível, caracteriza defeito na prestação do serviço da operadora do
plano de saúde, resultando na sua responsabilização. ( )
14) A operadora de plano de saúde tem responsabilidade solidária por defeito na prestação de serviço
médico, quando o presta por meio de hospital próprio e médicos contratados, ou por meio de médicos
e hospitais credenciados. ( )
15) (DPE/RN 2015 CESPE) Uma operadora de plano de saúde não responde perante o consumidor por falha
na prestação dos serviços médicos e hospitalares por ela credenciados. ( )
16) É abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de saúde, do tratamento de fertilização in vitro.
( )
17) Não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de saúde, do tratamento de fertilização in
vitro, mesmo que haja previsão contratual expressa. ( )
18) A empresa que comercializa responde solidariamente com o fabricante de produtos contrafeitos pelos
danos causados pelo uso indevido da marca. ( )
19) (Juiz TJ/SC 2015) Em matéria de direito do autor, contrafação significa
20) A renúncia ao registro enseja a perda do objeto da ação que veicula pretensão de declaração de nulidade
da marca. ( )
21) As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. ( )
22) As editoras cuidarão para que as capas das revistas e publicações que contenham mensagens
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca. ( )
23) O dever de zelar pela correta comercialização de revistas pornográficas, em embalagens opacas, lacradas
e com advertência de conteúdo, não se limita aos editores e comerciantes, mas se estende a todos os
integrantes da cadeia de consumo, inclusive aos transportadores e distribuidores. ( )
24) A tempestividade recursal não pode ser aferida por meio de informação constante em andamento
processual disponibilizado no sítio eletrônico, mesmo que a informação disponibilizada pelo Tribunal de
origem tenha sido equivocada. ( )
25) Não cabe agravo de instrumento contra o pronunciamento judicial que, na fase de cumprimento de
sentença, determinou a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir obrigação de
fazer, sob pena de multa. ( )
26) A multa do art. 1.021, § 4º, do CPC/2015 tem como destinatário a parte contrária e não o Fundo de
Aparelhamento do Poder Judiciário. ( )
27) Excepcionalmente, cabe recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão
se estiverem em jogo aspectos elementares da dignidade da pessoa humana. ( )
28) Configura o crime de peculato-furto o fomento econômico de candidatura à reeleição por Governador
de Estado com o patrimônio de empresas estatais. ( )
29) No peculato-desvio, exige-se que o servidor público se aproprie de dinheiro do qual tenha posse direta
ou indireta, ainda que mediante mera disponibilidade jurídica. ( )
30) Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de
material pornográfico infanto-juvenil. ( )
31) O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança
ou adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 241-A da Lei n. 8.069/1990, não sendo justificável a
exasperação da pena-base a título de conduta social ou personalidade. ( )
32) A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar a
polícia configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu
consentimento ou sem determinação judicial. ( )
33) Os insumos que geram direito ao creditamento são aqueles que, extrapolando a condição de mera
facilidade, se incorporam ao produto final, de forma a modificar a maneira como esse se apresenta e
configurar parte essencial do processo produtivo. ( )
34) Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos, bem como
bandejas, são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que geram creditamento de
ICMS. ( )
Gabarito
1. C 2. C 3. C 4. E 5. C 6. C 7. C 8. E 9. C 10. C
11. E 12. C 13. C 14. C 15. E 16. E 17. E 18. C 19. Letra C 20. E
21. C 22. C 23. C 24. E 25. E 26. C 27. C 28. E 29. C 30. C
31. C 32. E 33. C 34. E