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Exame Laboratorial Piometra

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal

Avaliação clínica, laboratorial e hemogasométrica


de cadelas com piometra
Leonardo Dias Mamão

Belo Horizonte
Escola de Veterinária da UFMG
2013
Leonardo Dias Mamão

Avaliação clínica, laboratorial e hemogasométrica


de cadelas com piometra

Dissertação apresentada à UFMG, como


requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Ciência Animal, na área de
Medicina e Cirurgia Veterinárias.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Christina Malm.
Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Fabíola de
Oliveira Paes Leme.

Belo Horizonte
Escola de Veterinária da UFMG
2013

1
Mamão, Leonardo Dias, 1985-
M263a Avaliação clínica, laboratorial e hemogasométrica de cadelas com
piometra / Leonardo Dias Mamão. – 2013.
117 p. : il.

Orientadora: Christina Malm


Co-orientadora: Fabíola de Oliveira Paes Leme
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola
de Veterinária.
Inclui bibliografia

1. Cão – Doenças – Teses. 2. Endométrio – Infecção – Teses. 3.


Patologia veterinária – Teses. I. Malm, Christina. II. Leme, Fabíola de
Oliveira Paes. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de
Veterinária. IV. Título.

CDD – 636.708 96

2
3
"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal,
ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante."
Albert Schwweitzer (Nobel da Paz - 1952).

4
AGRADECIMENTOS

À Profa. Christina Malm, minha orientadora, um exemplo de profissional, expresso a minha


eterna admiração e gratidão pela oportunidade e por todos os ensinamentos ao longo deste
período.
À UFMG, à escola de Veterinária, ao Hospital Veterinário, e a todos os professores que
contribuíram de alguma forma para a conclusão desta caminhada, em especial a minha co-
orientadora Fabíola e a Profa. Suzane, sempre atenciosas e disponíveis, por todos os
ensinamentos e ajuda ao longo do experimento.
Aos meus pais, Sérgio e Maria Alice, exemplos de vida, amor e honestidade, por sempre me
apoiarem e incentivarem em minhas escolhas, ajudando a tornar possível a realização de mais
esta etapa da minha formação profissional. Agradeço ainda meus irmãos Fabrício e Serginho,
pela amizade, por sempre estarem ao meu lado, torcendo por mim, e a todos os meus familiares,
pelo carinho e amor, e que mesmo à distância, sempre torceram por mim.
A minha irmã de mestrado, Mariana Figueiredo, exemplo de dedicação e profissionalismo, pela
ajuda, amizade, companheirismo, aprendizado e paciência, ao longo do mestrado, tornando
todos os momentos mais alegres e divertidos, mesmo as madrugadas e finais de semana se
tornavam mais prazerosas e agradáveis com a sua companhia.
A todos os colegas e funcionários do HV/UFMG, especialmente aos residentes e veterinários,
Rodrigo, Mariana, Pâmela, Aline, Erick, Leila, Pollyanna, Leonardo, Marina, Antônio,
Guilherme, Luiz, Nísia, Rina, Stephanie, Aline Pinto, Ana e Carla, no qual, sem sua ajuda, não
seria possível a realização do experimento. Expresso minha eterna gratidão a todos.
Aos proprietários que confiaram seus animais aos nossos cuidados e, em especial, as cadelas
que participaram do experimento, meu respeito e gratidão, por serem o motivo do nosso
trabalho e aprendizado.
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para esta conquista, os meus sinceros
agradecimentos!

5
SUMÁRIO

Lista de figuras 7
Lista de quadros 8
Lista de tabelas 8
Lista de Anexos 11
Lista de abreviaturas 12
RESUMO 13
ABSTRACT 14
1. INTRODUÇÃO 15
2. OBJETIVOS 15
3. REVISÃO DE LITERATURA 15
4. MATERIAL E METODOS 24
4.1. Animais 24
4.2. Delineamento experimental 24
4.3. Avaliação clínica e laboratorial 25
4.4. Procedimento cirúrgico 29
4.4.1. Pré-cirúrgico 29
4.4.2.Anestesia 30
4.4.3. Ovariohisterectomia 30
4.4.4. Pós-cirúrgico 30
4.5. Análise estatística 30
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 31
5.1. Avaliação Clínica 32
5.2. Avaliação dos parâmetros fisiológicos 34
5.2.1. Frequência cardíaca 34
5.2.2. Frequência respiratória 34
5.2.3. Temperatura corporal 36
5.2.4. Pressão arterial sistólica 37
5.2.5. Desidratação 37
5.2.6. Distensão abdominal 39
5.2.7. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) 40
5.3. Avaliação hematológica 41
5.3.1. Eritrograma 41
5.3.1.1. Hematócrito, hemoglobina e hemácias 41
5.3.1.2. Volume corpuscular médio (VCM) 43
5.3.1.3. Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) 44
5.3.1.4. Amplitude da variação de eritrócitos (RDW) 45
5.3.1.5. Observação morfológica do eritrograma 47
5.3.2. Leucograma e plaquetas 49
5.3.2.1. Leucócitos totais 49
5.3.2.2. Neutrófilos segmentados 50
5.3.2.3. Neutrófilos bastonetes 51
5.3.2.4. Monócitos 52
5.3.2.5. Linfócitos 53
5.3.2.6. Eosinófilos 54
5.3.2.7. Plaquetas 54
5.3.2.8. Observações do leucograma e plaquetas 56
5.3.3. Avaliação bioquímica 58
5.3.3.1. Alanina aminotransferase (ALT) 58
5.3.3.2. Aspartato aminotransferase (AST) 58
5.3.3.3. Fosfatase alcalina (FA) 59
5.3.3.4. Creatinina 60

6
5.3.3.5. Ureia 61
5.3.3.6. Proteínas totais 62
5.3.3.7. Albumina 63
5.3.3.8. Globulinas 64
5.3.3.9. Lactato 66
5.4. Urinálise 67
5.4.1. Exame físico, químico e dos sedimentos da urina 67
5.4.2. Densidade urinária 73
5.4.3. pH urinário 74
5.4.4. Débito urinário 75
5.5. Hemogasometria 76
5.5.1. Glicose 76
5.5.2. Eletrólitos 77
5.5.2.1. Sódio (Na+) 77
5.5.2.2. Potássio (K+) 78
5.5.2.3. Cloro (Cl.) 79
5.5.3. pH sanguíneo 79
5.5.4. Pressão de dióxido de carbono (PCO2) 80
5.5.5. Bicarbonato (HCO3-) 81
5.5.6. Excesso de base (BE) 82
5.5.7. Ânion gap 82
5.6. Distúrbios de ácido-base 83
6. CONCLUSÕES 86
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 86
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 87
ANEXOS 92

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Organograma de execução do estudo 25

Figura 2: Frequência relativa (%) dos sinais clínicos apresentados nos diferentes tempos
33
de avaliação, em 20 cadelas.

Figura 3: Frequência relativa de animais com desidratação ao longo dos tempos de


38
avaliação, em 20 cadelas com piometra

Figura 4: Frequência relativa de animais em relação ao grau de desidratação apresentado


38
no momento do diagnóstico (T0)

Figura 5: Frequência relativa de animais com alterações no exame físico, nos diferentes
39
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra

Figura 6: Frequência relativa de animais com SIRS classificados com dois e três ou mais
41
critérios, nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra

Figura 7: Frequência relativa de animais com anemia nos diferentes tempos de avaliação
46
em 20 cadelas com piometra

Figura 8: Frequência relativa referente à classificação da anemia nos diferentes tempos de


46
avaliação

Figura 9: Frequência relativa de alterações morfológicas encontradas no eritrograma nos


48
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra

7
Figura 10: Frequência relativa de animais com alterações encontradas no leucograma e
57
plaquetas nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra

Figura 11: Valores individuais de creatinina nas cadelas com piometra que apresentaram
61
valor acima de 1,5 mg/dL

Figura 12: Frequência relativa de animais com redução da relação A/G nos diferentes
66
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra

Figura 13: Frequência relativa de animais com distúrbios de ácido-base nos diferentes
84
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Lista de quadros

Quadro 1: Classificação dos distúrbios de ácido-base 21

Quadro 2: Respostas compensatórias dos distúrbios ácido-base primárias na espécie


22
canina.

Quadro 3: Valores de referência e variáveis avaliadas no exame físico. 25

Quadro 4: Parâmetros de classificação dos animais quanto ao grau de desidratação. 26

Quadro 5: Critérios e os valores para o diagnóstico de SIRS. 26

Quadro 6: Valores de referência e variáveis avaliadas do hemograma na espécie canina. 27

Quadro 7: Classificação da anemia com relação à gravidade. 27

Quadro 8: Valores de referência e variáveis avaliadas no exame bioquímico na espécie


27
canina.

Quadro 9: Valores de referencia para o exame de urina na espécie canina. 28

Quadro 10: Valores e escores dos sedimentos urinários. 29

Quadro 11: Valores de referência de gasometria do sangue venoso na espécie canina. 29

8
Lista de tabelas

Tabela 1: Frequência absoluta (FA) e relativa (FR) dos sinais clínicos nos diferentes
33
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 2: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência cardíaca (FC)
34
nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 3: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência respiratória


35
(FR) nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 4: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de temperatura corporal (TC)
36
nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 5: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de pressão arterial sistólica
37
(PAS) nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 6: Frequência absoluta e relativa de alterações do exame físico nos diferentes


39
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 7: Frequência absoluta e relativa de animais com SIRS classificados com dois e
41
três ou mais critérios, nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 8: Valores médios e seus respectivos desvios padrão do hematócrito (Ht) nos
43
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 9: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de hemoglobina (Hb) nos
43
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 10: Valores médios e seus respectivos desvios padrão da quantidade de hemácias
43
(He) nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 11: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de volume corpuscular
44
médio (VCM) nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 12: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de CHCM nos diferentes
45
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 13: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de RDW nos diferentes
45
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 14: Frequência absoluta e relativa (%) da anemia e sua gravidade em diferentes
46
tempos de avaliação.

Tabela 15: Frequência absoluta e relativa das observações morfológicas encontradas nos
48
eritrograma nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 16: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de leucócitos totais nos
50
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 17: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de neutrófilos segmentados
51
nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
52

9
Tabela 18: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de neutrófilos bastonetes
nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 19: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de monócitos nos diferentes
53
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 20: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de linfócitos nos diferentes
54
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 21: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de eosinófilos nos
54
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 22: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de Plaquetas nos diferentes
55
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 23: Frequência absoluta e relativa de observações encontradas no leucograma e


57
plaquetas nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 24: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de ALT nos diferentes
58
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 25: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de AST nos diferentes
59
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 26: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de fosfatase alcalina nos
60
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 27: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de creatinina nos diferentes
61
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 28: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de ureia nos diferentes
62
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 29: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de proteína total nos
63
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 30: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de albumina nos diferentes
64
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 31: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de globulinas nos diferentes
65
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 32: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de lactato nos diferentes
67
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 33: Valores absolutos e relativos do exame químico da urina (proteinúria e sangue
69
oculto) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.

Tabela 34: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (hemácias e


70
leucócitos/campo) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.

Tabela 35: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário


70
(bactérias/campo) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.

10
Tabela 36: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (células renais,
da pelve, vesicais e uretrais/campo) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas 71
com piometra.

Tabela 37: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (cilindros


hialinos, granulosos, celulares e mistos/campo) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 73
cadelas com piometra.

Tabela 38: Valores médios e seus respectivos desvios padrão da densidade urinária nos
74
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 39: Valores médios e seus respectivos desvios padrão do pH urinário nos
75
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 40: Valores médios e seus respectivos desvios padrão do débito urinário/Kg/hora
75
nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 41: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de glicose nos diferentes
76
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 42: Média e seus respectivos desvios padrão do Sódio (Na+) em diferentes tempos
77
de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 43: Média e seus respectivos desvios padrão do potássio (K+) em diferentes
78
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 44: Média e seus respectivos desvios padrão do Cloro (Cl -) em diferentes tempos
79
de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 45: Média e seus respectivos desvios padrão do pH em diferentes tempos de


80
avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 46: Média e seus respectivos desvios padrão do PCO 2 em diferentes tempos de
81
avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 47: Média e seus respectivos desvios padrão do HCO3- em diferentes tempos de
81
avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 48: Média e seus respectivos desvios padrão do excesso de base em diferentes
82
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 49: Média e seus respectivos desvios padrão do ânion gap em diferentes tempos
83
de avaliação em 20 cadelas com piometra.

Tabela 50: Frequência absoluta e relativa de animais com distúrbios de ácido-base nos
83
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

11
Lista de Anexos
Anexo 1: Raças, peso, idade e o tipo de piometra dos 20 animais do estudo 92
Anexo 2: Valores individuais da frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura
corporal, pressão arterial sistólica, grau de desidratação e distensão abdominal das 20 93
cadelas com piometra, nos diferentes tempos de avaliação
Anexo 3: Valores individuais do eritrograma das 20 cadelas com piometra, nos diferentes
97
tempos de avaliação
Anexo 4: Valores individuais do leucograma e plaquetas das 20 cadelas com piometra,
101
nos diferentes tempos de avaliação
Anexo 5: Valores individuais do perfil bioquímico das 20 cadelas com piometra, nos
105
diferentes tempos de avaliação
Anexo 6: Valores individuais de hemogasometria das 20 cadelas com piometra, nos
109
diferentes tempos de avaliação
Anexo 7: Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) 113
Anexo 8: Certificado do comitê de ética e experimentação animal 114
Anexo 9: Protocolo de execução do experimento 115

LISTA DE ABREVIATURAS

AC Anidrase carbônica K+ Potássio


AG Ânion gap LEC Líquido extracelular
ALT Alanina aminotransferase mEq/L Miliequivalentes/litro
AST Aspartato aminotransferase mg/dL miligramas/decilitro
ANM Ânions não mensurados mmHg Milímetro de mercúrio
BE Excesso de base Mmol/L Milimol/litro
BID Duas vezes ao dia MPA Medicação pré-anestésica
BPM Batimentos por minuto MPM Movimentos por minuto
˚C Graus Celsius OVH Ovariohisterectomia
CHCM Concentração de hemoglobina PAS Pressão arterial sistólica
corpuscular média PCR Proteína C reativa
CNM Cátions não mensurados pH Potencial hidrogênionico
CID Coagulação intravascular disseminada PCO2 Pressão de dióxido de carbono
Cl- Cloro PT Proteínas totais
CO2 Dióxido de carbono RDW Amplitude da variação de eritrócitos
Creat Creatinina Relação A/G Relação albumina/globulina
EDTA Ácido etileno diaminotetracético sal SARA Síndrome da angústia respiratória aguda
dissódico SDMO Síndrome de disfunção múltipla de
FA Fosfatase alcalina órgãos
FC Frequência cardíaca SIRS Síndrome da resposta inflamatória
fL Fentolitro sistêmica
FR Frequência respiratória Na+ Sódio
g/dL Gramas/decilitro TC Temperatura corporal
HCO3- Bicarbonato TID Três vezes ao dia
He Hemácias U/L Unidades/litro
Ht Hematócrito Ur Ureia
Hb Hemoglobina VCM Volume corpuscular médio
H+ Hidrogênio μL Microlitro

12
RESUMO

A piometra é uma das afecções mais comuns da clínica cirúrgica de pequenos animais, comumente ocorre
no diestro, devido a ações hormonais associadas a infecção bacteriana, levando à produção e acúmulo de
exsudato purulento no lúmen uterino. Dentre os sinais clínicos mais frequentes, pode-se citar secreção
vaginal, prostração, inapetência, desidratação, êmese, poliúria, polidipsia, dentre outros. Alterações mais
graves como disfunção renal e hepática, arritmias cardíacas e distúrbios hidroeletrolítico e de ácido-base
podem ocorrer devido à endotoxemia. Os desequilíbrios hidroeletrolíticos e de ácido-base são
complicações que podem contribuir para a progressão da doença, piorando o estado geral da paciente, e
podendo levá-la à óbito. Este trabalho tem como objetivos caracterizar e avaliar, em cadelas com
piometra, os distúrbios hidroeletrolíticos e as alterações de ácido-base, avaliar se a terapia hídrica pré-
cirúrgica é efetiva na correção desses desequilíbrios, caracterizar as alterações clínicas e laboratoriais
desses animais e avaliar se a terapia padrão utilizada pelo Hospital veterinário/UFMG é efetiva no
tratamento das cadelas com piometra. Foram estudadas 20 cadelas de raças, peso e idade variadas, com
diagnóstico clínico e ultrassonográfico de piometra. Foi realizada avaliação clínica, hemograma, perfil
bioquímico, urinálise e hemogasometria de todos os animais em oito tempos pré-estabelecidos. Na
avaliação clínica foi observado êmese, diarreia, inapetência, prostração, poliúria e polidipsia, desidratação
e distensão abdominal. Ainda, na avaliação laboratorial foi observada anemia, leucocitose por neutrofilia
com desvio à esquerda regenerativo, monocitose, hipoalbuminemia, hiperglobulinemia, aumento das
enzimas hepáticas, azotemia e hiperlactatemia em alguns animais. Não foram observadas alterações mais
graves em animais com piometra fechada, em relação à aberta, sendo a terapia hídrica (Ringer lactato) no
pré-cirúrgico efetiva na correção da acidose metabólica, embora não tenha corrigido quadros de alcalose
metabólica e tenha proporcionado melhora na alcalose respiratória. Ainda pode-se concluir que embora
durante o período experimental tenha sido observado todos os distúrbios de ácido-base primários e dois
distúrbios mistos, que o distúrbio mais frequente foi a alcalose respiratória. Concluiu-se ainda que a
terapia instituída no Hospital Veterinário/UFMG foi efetiva no tratamento de animais com piometra.

Palavras-chave: Piometra, cadela, clínica, hemograma, ureia, creatinina, desequilíbrios hidroeletrolíticos e


de ácido-base

13
ABSTRACT

Pyometra is one of the most common disorders of the surgical clinic of small animals, commonly occurs
in diestrus, because hormonal actions associated with bacterial infection, leading to the production and
accumulation of purulent exudate in the uterine lumen. Among the most frequent clinical signs, may be
cited vaginal secretion, prostration, loss of appetite, dehydration, vomiting, polyuria, polydipsia, among
others. More severe changes as renal and hepatic dysfunction, cardiac arrhythmias and electrolyte and
acid-base disorders may occur due to endotoxemia. The electrolyte and acid-base imbalances are
complications that may contribute to disease progression, worsening the patient's general condition, and
can take to death. This study aims to characterize and evaluate, in dogs with pyometra, the electrolyte
and acid-base imbalance changes, evaluate whether preoperative fluid therapy is effective in correcting
these imbalances, to characterize the clinical and laboratory animals and evaluate if the standard
therapy used by Veterinary Hospital /UFMG is effective in the treatment of dogs with pyometra. We
studied 20 female dogs with different breed, weight and age with clinical and ultrasonographic
diagnostic of pyometra. Clinical evaluation was performed, blood count, biochemical profile, urinalysis,
and blood gas analysis of all animals in 8 pre-set intervals. Among the results was observed in the
clinical evaluation emesis, diarrhea, anorexia, prostration, polyuria and polydipsia, dehydration, and
abdominal distention in some animals evaluated. Still, the laboratory evaluation was observed anemia,
leukocytosis with neutrophilia with a regenerative left shift, monocytosis, hypoalbuminemia,
hyperglobulinemia, elevated liver enzymes, azotemia and hyperlactatemia in some animals. In
conclusion, no changes were observed in animals with severe closed pyometra in relation to open. Also
concluded that fluid therapy (ringer lactate) preoperatively was effective in the correction of metabolic
acidosis, however, did not correct the metabolic alkalosis and improved the respiratory alkalosis.
Although it was concluded that although during the trial period has been observed all acid-base
disorders primary and two mixed disorders, the disorder was the most frequent respiratory alkalosis. It
was also concluded that the therapy instituted at the Veterinary Hospital /UFMG was effective in treating
animals with pyometra.

Keywords: Pyometra, bitch, clinical, blood count, urea, creatinine, electrolyte imbalances and acid-base

14
1. INTRODUÇÃO corpóreos dentro de uma faixa compatível com a
vida. A regulação deste íon é essencial, pois
A piometra é uma doença caracterizada por uma quase todos os sistemas do organismo são
inflamação crônica do útero, com invasão e influenciados por sua concentração. Assim, a
crescimento bacteriano (Hagman et al., 2009), manutenção da homeostase exige um equilíbrio
levando ao acúmulo de secreção uterina entre a entrada ou produção de H+ e sua remoção
purulenta em cadelas adultas intactas (Arnold et do organismo (Guyton e Hall, 2002).
al., 2006).
A maioria das enfermidades tem o potencial de
É uma afecção com ocorrência no diestro, alterar os mecanismos de homeostase, levando a
mediada por hormônios que resulta em desequilíbrios hidroeletrolíticos e de ácido-base
bacteremia e toxemia de diferentes gravidades, (Luna, 2002).
podendo levar o animal a óbito (Feldman, 2004).
Assim, os desequilíbrios ácido-base caracterizam
A piometra acomete com maior frequência as complicações decorrentes da piometra que
cadelas nulíparas (Arnold et al., 2006) e de meia podem contribuir para progressão da doença,
idade a idosas (Borresen, 1980). O uso de piorando o estado geral do paciente, podendo
medicações contraceptivas aumenta o risco de levá-lo a óbito (DiBartola, 2012).
desenvolvimento da doença e por isso também é
considerado um fator predisponente (Feldman e 2. OBJETIVOS
Nelson, 2004).
 Caracterizar alterações clínicas, laboratoriais
Embora em alguns casos não esteja presente, e hemogasométricas evidenciadas em cadelas
o corrimento vaginal purulento é um dos com piometra.
sinais clínicos mais frequentes e pode vir
acompanhado por vários sinais sistêmicos como  Avaliar e comparar as alterações
letargia, depressão, poliúria, polidipsia, febre, hidroeletrolíticas e de ácido-base em casos de
desidratação e sinais gastrointestinais (Hagman piometra aberta e fechada, caracterizando os
et al., 2009). principais distúrbios;

A piometra pode também causar outras  Avaliar se a terapia padrão utilizada pelo
alterações bastante significativas, o que contribui Hospital Veterinário/UFMG é efetiva para
ainda mais para a progressão da doença. promover a recuperação das cadelas com
Pode-se citar a ocorrência de afecções piometra, além de avaliar se a terapia hídrica no
concomitantes à piometra como anemia não pré-cirúrgico é efetiva na correção dos
regenerativa, devido à perda de eritrócitos para o desequilíbrios hidroeletrolíticos e de ácido-base.
lúmen uterino e depressão tóxica da eritropoiese,
comprometimento hepático, pela baixa
perfusão devido à desidratação e sepse,
e o comprometimento renal, pela desidratação, 3. REVISÃO DE LITERATURA
perfusão renal inadequada, ação das
endotoxinas e, deposição de imunocomplexos O complexo hiperplasia endometrial cístico-
nos glomérulos, causando glomerulonefrite piometra é uma das afecções mais comuns da
(Mastrocinque, 2002). clínica de pequenos animais, acometendo cadelas
não castradas. Embora essa doença possa se
Desequilíbrios ácido-base e eletrolíticos são manifestar em animais de qualquer idade,
frequentes e ocorrem devido à endotoxemia, aquelas de meia idade e idosas apresentam uma
desidratação, disfunção renal e hepática, dentre maior incidência, assim como nulíparas também
outros (Mastrocinque, 2002). são mais frequentemente acometidas do que
primíparas ou pluríparas (Niskanen e Thusfield,
O equilíbrio ácido-base refere-se aos 1998).
mecanismos fisiológicos que mantém a
concentração de hidrogênio (H+) dos líquidos

15
É uma doença que comumente ocorre no diestro das contrações uterinas, cria-se o ambiente ideal
e é fortemente influenciada por estímulos para a instalação e proliferação bacteriana
hormonais sequenciados, causados em parte por (Romagnoli, 2008).
uma resposta uterina à exposição crônica e
repetida à progesterona (Feldman e Nelson, O microorganismo mais comumente encontrado
2004; Romagnoli, 2008). O estrógeno pode na piometra é a Escherichia coli (E. coli) (Weiss
aumentar o efeito da progesterona, contribuindo et al., 2004; Arnold et al., 2006; Hagman et al.,
para o desenvolvimento da piometra (Feldman e 2006; Oliveira, 2007). Em um estudo realizado
Nelson, 2004). por Coggan et al. (2008) no qual foram
analisados a secreção uterina de 197 animais
A administração exógena de medicações com diagnóstico de piometra, 76,6% dos animais
para inibir o estro aumenta a incidência apresentavam infecção por este microorganismo.
de piometra principalmente em cadelas jovens. De modo semelhante, Kalenski et al. (2012)
A administração de estrógeno sensibiliza realizaram hemocultura, cultura e antibiograma
os receptores de progesterona, estimulando da secreção uterina, e a Escherichia coli foi
seu efeito no útero, e se aplicado principalmente isolada em 57,7% dos casos.
durante o estro ou diestro, o risco de
desenvolvimento da piometra aumenta Dentre outras bactérias que podem
significativamente (Feldman e Nelson, 2004). causar a infecção pode-se citar Klebsiellas
sp, Pseudomonas sp, Staphylococcus sp,
A piometra é definida por uma afecção crônica Streptococcus sp, dentre outras (Kalenski et al.,
no útero caracterizada por uma reação 2012; Oliveira, 2007; Feldman e Nelson, 2004).
inflamatória exsudativa e degenerativa do
endométrio associada ou não ao miométrio e A E. coli é uma bactéria gram-negativa que está
com a presença de bactérias gerando acúmulo de presente na flora vaginal normal das cadelas e
secreção purulenta no lúmen uterino (Arnold et também é considerada o principal agente
al., 2006). causador de infecções do trato urinário (Hedlund,
2005). As bactérias chegam ao útero durante o
A patogênese da piometra se desenvolve como proestro ou estro, fase em que o cérvix se
um complexo de fatores etiológicos e entre eles encontra aberta (Hagman, 2004) e, devido
podemos citar a influencia hormonal no ambiente à afinidade pelo endométrio e miométrio
uterino, a virulência da bactéria infectante e a (Hedlund, 2005), se aderem aos receptores de
capacidade da cadela em combater a infecção progesterona o que também é um fator
(Hagman, 2004). importante para o estabelecimento da infecção
(Hagman, 2004).
Na fase estrogênica do cio ocorre o crescimento,
vascularização e edema do endométrio normal, Parte da parede celular da E. coli é constituída
há relaxamento e dilatação cervical e ainda por um polissacarídeo também presente em
migração de leucócitos polimorfonucleares para outras bactérias gram-negativas e que é liberado
o lúmen uterino (Johnston et al., 2001). na forma de endotoxina quando ocorre a morte
Associado a isso, ocorre a entrada de bactérias da das bactérias ou durante um rápido crescimento
flora vaginal para o lúmen uterino. O estrógeno bacteriano, causando endotoxemia, que será
ainda aumenta o número de receptores responsável pelo aparecimento dos sinais
endometriais para progesterona. Na fase diestral, sistêmicos da piometra (Fransson e Ragle, 2003;
caracterizada por altos níveis de progesterona, Feldman e Nelson, 2004; Hagman et al., 2006;
ocorre a ligação desta com os receptores Molano e Echeverri, 2007).
endometriais promovendo hiperplasia glandular e
aumento da atividade secretora e inibição da Normalmente, quantidades pequenas de
contratilidade miometrial (Johnston et al., 2001). endotoxinas provenientes do trato
O exsudato glandular é inicialmente estéril, mas gastrointestinal são absorvidas pela circulação
com um pH favorável para o desenvolvimento sanguínea e o organismo apresenta formas de
bacteriano (Oliveira, 2007), e com a diminuição remover estas toxinas, principalmente através do
da resposta leucocitária às bactérias (Hedlund, fígado, porém, se a quantidade de toxinas excede
2005), associado ao cérvix fechado e a inibição a capacidade de eliminação hepática, os sinais

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sistêmicos começam a ocorrer (Molano e inflamatórios que afetam o organismo como um
Echeverri, 2007). A concentração de endotoxinas todo, como no caso de traumas, neoplasias,
na corrente sanguínea está diretamente associada grandes cirurgias, queimaduras e pancreatite.
com a severidade dos sinais clínicos e a Quando a SIRS está associada à infecção recebe
mortalidade (Molano e Echeverri, 2007). a denominação de sepse. Se o animal também
apresentar hipoperfusão tecidual e disfunção
Dentre os sinais clínicos de maior ocorrência orgânica, caracterizada por acidose lática,
na piometra pode-se citar anorexia, êmese, oligúria, alteração no nível de consciência, ou
poliúria, polidipsia, letargia, diarreia, distensão hipotensão arterial sem a necessidade de agentes
abdominal, dentre outros (Fransson e Ragle, vasopressores, recebe o nome de sepse
2003; Feldman e Nelson, 2004; Hedlund, 2005; grave. Denomina-se choque séptico quando a
Molano e Echeverri, 2007). hipotensão ou hipoperfusão induzida pela sepse é
refratária reanimação volêmica adequada,
Parte do conteúdo uterino pode ser eliminado sendo necessária a administração de agentes
através do cérvix aberta, na forma de uma vasopressores (Matos e Victorino, 2004).
descarga vaginal, podendo esta ser purulenta, Pacientes críticos com SIRS/sepse podem
sanguínopurulenta, mucoide ou hemorrágica desenvolver uma síndrome de disfunção múltipla
(Smith, 2006). Porém, o cérvix pode apresentar- de órgãos, o que acarretará em aumento da taxa
se fechado, impedindo a saída do exsudato e de mortalidade (Salles, et al., 1999; Fransson,
gerando acúmulo da secreção no útero, causando 2003; Nguyen, et al., 2006; De Laforcade, 2009).
distensão abdominal. Esta é a forma mais grave
da piometra, e os sinais sistêmicos da doença A fisiopatogenia da SIRS pode ser dividida em
podem estar exacerbados (Fransson e Ragle, três estágios. O primeiro é exclusivamente local,
2003; Molano e Echeverri, 2007). Se a doença iniciado no foco da patologia, mediado pela
não for tratada, o conteúdo uterino pode gerar produção de citocinas. Já o segundo estágio,
uma distensão do órgão com possível ruptura da também chamado de fase inflamatória aguda está
parede e peritonite (Molano e Echeverri, 2007). representado pela liberação de pequenas
concentrações dos mediadores químicos, que
A endotoxemia pode levar rapidamente a um aumentam os efeitos locais e inicia os efeitos
quadro de desidratação, evoluindo para um sistêmicos. O terceiro estágio ocorre quando não
colapso circulatório e resultando em óbito do há como reestabilizar a homeostase do
animal (Borresen, 1984). organismo, evoluindo para um quadro
generalizado, com a ocorrência de efeitos
As moléculas das endotoxinas interagem colaterais (Lima e Franco, 2010).
com as células inflamatórias (principalmente
macrófagos), plaquetas e endotélio vascular, Com o desenvolvimento da resposta inflamatória
resultando na liberação de uma cascata de sistêmica, ocorre vasodilatação periférica
mediadores inflamatórios primários (citocinas, acompanhada do aumento na permeabilidade
prostaglandinas, radicais livres, dentre outros), vascular, causando redução do volume
e secundários que induzirão alterações intravascular. Além disso, há liberação do fator
inflamatórias e morte celular (Molano e depressor do miocárdio pelo pâncreas isquêmico,
Echeverri, 2007). resultando na redução da perfusão sanguínea
tecidual, levando a isquemia e hipóxia.
A piometra frequentemente está associada com a Com a resposta pró-inflamatória exacerbada
“síndrome da resposta inflamatória sistêmica associada a hipoperfusão, ocorre a liberação de
(SIRS)”. Este termo foi proposto para descrever mediadores químicos que irá promover
a manifestação clínica da resposta do organismo hipertermia, hipotensão arterial, disfunção
a um estímulo inicial suficientemente grave para pulmonar com sequestro de neutrófilos,
causar a liberação sistêmica de mediadores quimiotaxia neutrofílica, anorexia, anomalias
inflamatórios. Embora essa condição seja metabólicas, ativação plaquetária, vasoconstrição
comumente associada com processos infecciosos ou vasodilatação, isquemia e ulceração
graves, a SIRS pode ocorrer em casos gastrointestinal (Salles et al., 1999). Na evolução
não infecciosos de injúrias que causem a do processo inflamatório, os efeitos colaterais
produção e liberação generalizada de mediadores gerados pela resposta do organismo

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se iniciam, ocorrendo lesões celulares, endotelial e migração neutrofílica, lesionando o
fechamento dos esfíncteres pré-capilares, tecido saudável com a liberação de substâncias
“shunt” arteriovenoso, vasodilatação, depressão citotóxicas precursoras da CID (Basso et al.,
miocárdica, excessiva permeabilidade vascular, 2008).
formação de “microtrombos” leucocitários,
agregação plaquetária e ativação do sistema Para classificação da SIRS, são utilizados como
retículo endotelial levando a gravíssimas critérios os achados clínicos e laboratoriais,
alterações metabólicas (Santos Junior, 2003). A como a temperatura retal anormal, alteração
disfunção hemostática nestes pacientes é do estado mental, hipotensão, aumento
caracterizada pelo aumento do processo ou diminuição do débito cardíaco, mucosas
pró- coagulante e reduzida fibrinólise, causando hiperêmicas a pálidas, variação no TPC,
disfunções e/ou falências orgânicas múltiplas hiperventilação, edema, alteração nos leucócitos,
decorrentes de tromboses microvasculares. diminuição na contagem de plaquetas com ou
Estas anormalidades hemostáticas associadas, sem evidências de coagulação intravascular
conhecidas como coagulação intravascular disseminada (CID), hemocultura positiva, fonte
disseminada (CID), são frequentemente de infecção alterando a resistência vascular,
observadas em pacientes com SIRS, oligúria, hipoxemia e acidose (Hauptan et al.,
apresentando assim uma maior incidência de 1997). O diagnóstico varia de acordo com a
mortalidade (Gonçalves, 2010). literatura, contudo se baseia na combinação de
pelo menos dois dos achados anteriormente
Quando as citocinas são liberadas, citados. Embora em alguns casos o diagnóstico
ocorrem injúrias endoteliais, que levam seja evidente, muitas vezes ele não é tão
ao aumento da permeabilidade vascular, facilmente realizado, dependendo então da
vasodilatação arteriolar, hipotensão arterial e severidade dos sinais e alterações que o animal
hipoperfusão tecidual com danos isquêmicos, apresenta (Hauptan et al., 1997). Assim, é
podendo resultar na síndrome de disfunção desejável ter critérios que permitam diagnosticar
múltipla de órgãos (SDMO). Em resposta à a SIRS, mesmo em estágios iniciais, quando o
hipotensão arterial, há ativação do sistema tratamento é bem mais efetivo (Hauptan et al.,
renina-angiotensina-aldosterona como tentativa 1997).
de aumentar o volume circulatório, evitando o
desenvolvimento da insuficiência renal aguda. Fransson et al. (2007) demonstraram que a
No sistema gastrointestinal, ocorre diminuição proteína C reativa (PCR), além dos critérios
do peristaltismo devido à isquemia vascular, clínicos, apresentaram correlação com a SIRS.
facilitando a adesão e translocação bacteriana, Relatou ainda que a PCR, a temperatura e a
além das erosões ulcerativas na mucosa frequência cardíaca foram mais fortemente
intestinal, potencializando o quadro (Basso et al., relacionados com a SIRS. Em outro estudo
2008). avaliando a proteína C reativa, Mira (2010)
observou um aumento quase cinco vezes maior
A hipotensão arterial pode levar à diminuição da PCR em cadelas com piometra, quando
na função hepática e na metabolização de comparadas com animais clinicamente hígidos.
substâncias tóxicas, ocasionando acúmulo destas Contudo, até que marcadores específicos para
na circulação sistêmica, agravando o processo SIRS em cães se tornem acessíveis na rotina
inflamatório. O sistema cardiorrespiratório veterinária, deve-se utilizar a avaliação clínica e
também é acometido, resultando na insuficiência laboratorial dos pacientes com piometra,
miocárdica com diminuição da função sistólica, seguindo os critérios de SIRS como diretrizes
levando à queda do débito cardíaco e ao para o monitoramento do animal (Fransson e
aparecimento de arritmias cardíacas graves. Com Ragle, 2003).
as injúrias endoteliais nos alvéolos pulmonares,
podem ocorrer edemas, hemorragia O prognóstico do paciente com SIRS é sempre
microvascular, trombose e perda da substância reservado a desfavorável, devido ao óbito agudo
surfactante, resultando em hipoxemia profunda, que está associado principalmente à gravidade da
denominada Síndrome da angústia respiratória resposta inflamatória ou a características clínicas
aguda (SARA) (Basso et al., 2008). Com a da patologia primária. Complicações clínicas
evolução do quadro clínico, há ativação como disfunção múltipla de órgãos (SDMO),

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síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) O comprometimento hepático pode ocorrer em
e coagulação intravascular disseminada (CID) até 41% dos casos e pode ser devido a colestase
também aumentam o índice de mortalidade intra-hepática e retenção de pigmentos biliares,
(Silva & Vicent, 2008). intoxicações, ou ainda por má perfusão do órgão
decorrentes da desidratação, sepse e endotoxemia
A gravidade dos sinais clínicos da piometra (Mastrocinque, 2002; Hedlung, 2005).
também tem relação direta com o grau de
imunossupressão do animal, que é refletido por A piometra ainda pode causar várias alterações
uma diminuição da atividade fagocítica dos hematológicas e bioquímicas (Hagman, 2004)
neutrófilos e monócitos no sangue periférico e decorrentes dos inúmeros distúrbios orgânicos.
pela inibição das atividades dos linfócitos Pode-se citar anemia arregenerativa, devido à
(Fransson, 2003). perda de eritrócitos para o lúmen uterino
e ainda por depressão tóxica da eritropoiese. A
Dentre outras anormalidades concomitantes leucocitose por neutrofilia com desvio à
em pacientes com piometra, podemos citar a esquerda é um achado comum nestes animais
hipoglicemia, disfunção renal e hepática, (Feldman, 2004). Distúrbios de coagulação
arritmias cardíacas e anormalidades de são infrequentes, mas podem ocorrer
coagulação (Hedlund, 2005). A hipoglicemia em secundariamente a desequilíbrios metabólicos
cadelas com piometra é comum devido à sepse, (Matrocinque, 2005).
causando depleção dos depósitos de glicogênio,
aumento da utilização periférica da glicose, e Arritmias cardíacas podem ocorrer devido a
diminuição da gliconeogênese. Entretanto, em injúria miocárdica pela endotoxemia (Hagman et
alguns casos pode ocorrer hiperglicemia al., 2007), por choque e desequilíbrios
paradoxal devido a excessiva liberação de eletrolíticos e de ácido-base (Hedlung, 2005).
catecolaminas e glucagon. A produção de
hormônio do crescimento estimulado pela Os desequilíbrios eletrolíticos e de ácido-base
progesterona pode ocasionar hiperglicemia e também podem estar presentes em cadelas com
glicosúria persistente, inibindo as atividades dos piometra (Mastrocinque, 2005). O equilíbrio
receptores insulínicos e a resposta intracelular ácido-base refere-se aos mecanismos fisiológicos
destes. A progesterona tem ação diabetogênica que mantém a concentração do íon hidrogênio
em cadelas e algumas vezes a piometra pode (H+) nos líquidos corporais dentro de um limite
coexistir com a diabetes (Pöppl et al., 2009; compatível com a vida. Para promover a
Molano e Escheverri, 2007). avaliação do H+ livre nas soluções ácidas ou
básicas, usa-se a unidade pH. Este termo
A disfunção renal pode ocorrer em até 48% dos significa “potência de hidrogênio” e foi criado
animais com piometra e ser causada por para simplificar a quantificação da concentração
azotemia pré-renal, devido à má perfusão, do H+ nas soluções. Normalmente, o pH
desidratação e choque, por glomerulopatia, sanguíneo é neutro tendendo a alcalinidade,
devido à deposição de imunocomplexos nos sendo o seu valor médio 7,4. Pequenas alterações
glomérulos, ou ainda pela ação de antígenos na concentração de H+ em relação ao seu valor
bacterianos que interferem na capacidade de normal provocam mudanças significativas nas
concentração tubular. Isso ocorre devido à reações químicas, podendo acelerá-las ou
inibição do hormônio antidiurético por ação das deprimi-las, e estas alterações são expressas pelo
endotoxinas atuando nos túbulos renais, pela aumento ou diminuição do pH (Guyton e Hall,
diminuição da taxa de filtração glomerular e 2002; Mota e Queiroz, 2010). Assim, os
outros fatores ainda desconhecidos desequilíbrios de ácido-base estão associados
(Mastrocinque, 2002; Hedlund, 2005). Contudo, com o desenvolvimento de disfunções de órgãos
estudos recentes avaliando a função renal de e sistemas e ao aumento da mortalidade (Mota e
cadelas com piometra vêm demonstrando que o Queiroz, 2010).
dano glomerular pode estar mais relacionado
com a idade, uma vez que a maioria dos animais Visando promover a homeostase, o organismo
que apresentam piometra são de meia idade ou desenvolve uma série de mecanismos químicos e
idosos (Verstegen et al., 2008). fisiológicos que fazem com que o pH permaneça

19
dentro de seus limites. Os mecanismos químicos carbônico, a hemoglobina, as proteínas e o
são representados por um conjunto de fosfato. O bicarbonato/ácido carbônico é o
substâncias capazes de reagir com ácidos e principal e também o mais importante tampão do
também com bases, neutralizando-as, organismo. Quando um ácido se acumula no
dificultando as oscilações do pH. Os sistemas sangue, o bicarbonato se combina com este,
tampão atuam pela adição de ácidos ou bases formando o ácido carbônico, que em excesso, se
para reduzir estas alterações no pH (Ortolani, dissocia em dióxido de carbono (CO2) e água sob
2003, DiBartola, 2012). São substâncias a ação da enzima catalizadora anidrase carbônica
fundamentais no organismo uma vez que (AC), e é eliminado do organismo pelo sistema
processos metabólicos tendem a gerar muito respiratório, como é demonstrado na equação
ácido. Os principais sistemas tampão do abaixo:
organismo são o tampão bicarbonato/ácido

AC

CO2 + H2O HCO3- + H+


Já os mecanismos fisiológicos, representados Para classificação e interpretação dos resultados
pelos rins e pelos pulmões, eliminam substâncias observa-se primeiramente os valores do pH,
indesejáveis ou em excesso, sejam ácidos ou pressão de dióxido de carbono (PCO2) e
bases, e também poupam outras, de acordo com Bicarbonato (HCO3-). Quando o pH está
as necessidades. Os mecanismos respiratórios diminuído ou aumentado confirma-se a
atuam de forma imediata, para corrigir alterações existência de um distúrbio ácido-base, porém, se
principalmente agudas, eliminando dióxido de o pH estiver normal, não se pode excluir algum
carbono e reduzindo assim o teor de ácidos no distúrbio, uma vez que pode ocorrer dois
sangue e demais líquidos do organismo. Já os distúrbios opostos no mesmo animal, cada um
mecanismos renais são mais tardios e sua levando o pH para um lado, assim mantendo-o
principal função no equilíbrio ácido-base é dentro da faixa de normalidade. Por isso, é
poupar ou eliminar bicarbonato, de acordo com necessário a avaliação do pH em conjunto com o
as necessidades do organismo (Ortolani, 2003, PCO2 e com o HCO3- (DiBartola, 2012).
DiBartola, 2012).
A avaliação da PCO2 indica o parâmetro
Os distúrbios do equilíbrio ácido-básico são respiratório. Se a PCO2 estiver baixa, o animal
caracterizados por uma concentração anormal de tem uma alcalose respiratória e se a PCO2 estiver
H+ no sangue, com consequente alteração do pH. alta, uma acidose respiratória.
Assim, quando ocorre um aumento da
concentração de H+, com consequente redução Já o HCO3- indica o parâmetro metabólico.
do pH, denomina-se acidemia e o processo Quando os valores de HCO3- estão abaixo da
fisiopatológico é conhecido por acidose. Por normalidade, há uma acidose metabólica, e
outro lado, a alcalemia decorre da redução do H +, quando estão acima do normal, uma alcalose
com consequente aumento do pH, e o processo metabólica (DiBartola, 2012).
fisiopatológico é conhecido por alcalose. Esses
distúrbios de pH podem ser causados por Assim, quando ocorre algum desequilíbrio de
alterações primárias na concentração de ácido-base, são observados principalmente esses
bicarbonato (HCO3-) sendo denominados três parâmetros, conseguindo diagnosticar o
distúrbios metabólicos, ou por alterações distúrbio. Para a classificação, observa-se qual
primárias na concentração de dióxido de carbono dos componentes se encontra do mesmo lado que
(CO2), denominados distúrbios respiratórios o pH, como mostra o quadro 1.
(Costanzo, 2004).

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Quadro 1: Classificação dos distúrbios de ácido-base.

Distúrbio ácido-base pH Resposta primária Resposta compensatória

Acidose metabólica ↓ ↓ HCO3- ↓ PCO2

Alcalose metabólica ↑ ↑ HCO3- ↑ PCO2

Acidose respiratória ↓ ↑ PCO2 ↑ HCO3-

Alcalose respiratória ↑ ↓ PCO2 ↓ HCO3-

Fonte: Adaptado de DiBartola (2012).

Outra variável que pode auxiliar na classificação ânions (Furoni et al, 2010). Normalmente, os
do parâmetro metabólico é o excesso de base aparelhos de dosagem bioquímica automáticos
(BE). Esta variável é calculado através dos fornecem os valores das concentrações de sódio,
valores do pH, da pCO2 e da hemoglobina. O BE potássio, cloro e bicarbonato e, portanto, a soma
representa, na verdade, a quantidade de bases das concentrações de cátions geralmente é maior
que faltam ou excedem para que o pH se do que a soma das concentrações de ânions
mantenha no valor normal (em um pH 7,4 o BE comumente mensurados (DiBartola, 2006).
deve ser 0). Assim, se o BE for positivo
determina uma alcalose metabólica, e se for O bicarbonato é considerado um elo entre o
negativo, uma acidose metabólica (Etges, 2005). equilíbrio hidroeletrolítico e o equilíbrio ácido-
básico por fazer parte das duas entidades.
Além do BE, outra variável que também auxilia Quando a concentração de bicarbonato diminui,
na avaliação do parâmetro metabólico é o ânion consequentemente ocorre um aumento do cloro e
gap, que é calculado a partir da dosagem dos vice versa, para que a eletroneutralidade entre a
eletrólitos sanguíneos. A lei de eletroneutralidade concentração de cátions e ânions se mantenham.
estabelece que a soma das cargas negativas dos Então, quando ocorre uma diminuição nas
ânions e das cargas positivas dos cátions sejam concentrações de bicarbonato, este ânion é
iguais (Évora et al., 1999). Os principais cátions substituído por outro ânion ácido (fosfato,
do líquido extracelular (LEC) são o sódio e o acetoacetato, cloreto) e com isso se tem um
potássio, cálcio e magnésio, e os principais ânion ácido que normalmente não é medido. Por
ânions são o cloro, bicarbonato, proteínas isso, criou-se o conceito de diferença entre os
plasmáticas, ácidos orgânicos (inclusive o cátions não mensurados (CNM) e os ânions não
lactato), fosfato e sulfato (DiBartola, 2012). De mensurados (ANM), denominado ânion gap
forma geral o sódio representa a maior parte dos (AG) (Évora et al., 1999), representado pela
equivalentes dos cátions, e o cloro e o equação:
bicarbonato representam os equivalentes dos

AG= [(Na+) + (K+)] – [(Cl-) + (HCO3-)]

Sua mensuração pode ser utilizada para cetoacidose diabética e acidose lática, a
confirmar e diferenciar causas de acidose concentração de HCO3- diminui de acordo
metabólica, diagnosticar distúrbios mistos e com o aumento da concentração dos
estabelecer o prognóstico dos pacientes ácidos orgânicos (ácido lático, cetoácidos), e a
(DiBartola, 2012). concentração sérica do Cl- permanece normal,
permitindo a classificação da acidose metabólica
O Aumento do AG é muito mais comum do que normoclorêmica, onde observa-se o aumento do
sua diminuição. Nas acidoses orgânicas, como na AG. Contudo, a HCO3- na prática, raramente leva

21
ao aumento do AG, devido à ação dos outros hipoadrenocorticismo, dentre outras (DiBartola,
tampões atuando nos ácidos orgânicos, além do 2012).
volume de distribuição do ânion orgânico poder
ser diferente do HCO3-, e também devido a Um distúrbio ácido-base é considerado simples
concentração do ânion orgânico ser influenciada quando se limita à alteração primária e à resposta
por sua excreção urinária (DiBartola, 2012). secundária ou compensatória esperada. Já o
distúrbio misto é caracterizado pela ocorrência
Quando a acidose metabólica apresenta o AG de pelo menos duas alterações ácido-base
está normal, a concentração do Cl- aumenta de primárias distintas. Suspeita-se de distúrbios
forma recíproca à redução do HCO3-, mistos quando a resposta compensatória exceder
caracterizando uma acidose metabólica ou for abaixo do esperado, como é demonstrado
hiperclorêmica, e esta pode ser causada por no quadro 2.
diarreia, acidose tubular renal,

Quadro 2: Respostas compensatórias dos distúrbios ácido-base primárias na espécie canina.


Distúrbio Alteração primária Referência clínica para compensação
Acidose metabólica Cada 1mEq/L ↓ HCO3- pCO2 ↓ em 0,7 mmHg
Alcalose metabólica Cada 1mEq/L ↑ HCO3- pCO2 ↑ em 0,7 mmHg
Acidose respiratória
 Aguda Cada 1mmHg ↑ pCO2 HCO3- ↑ em 0,15 mEq/L
 Crônica Cada 1mmHg ↑ pCO2 HCO3- ↑ em 0,35 mEq/L
 De longa duração Cada 1mmHg ↑ pCO2 HCO3- ↑ em 0,55 mEq/L
Alcalose respiratória
 Aguda Cada 1mmHg ↓ pCO2 HCO3- ↓ em 0,25 mEq/L
 Crônica Cada 1mmHg ↓ pCO2 HCO3- ↓ em 0,55 mEq/L
Fonte: Adaptado de DiBartola (2012).

Os distúrbios ácido-base mistos ainda podem ser alterações respiratórias, dentre outras (DiBartola,
classificados como distúrbios com efeitos 2012). Pode ocorrer também uma acidose
neutralizantes do pH, que ocorrem quando metabólica, resultante de uma azotemia pré-
envolve anormalidades primárias com efeitos renal, apresentando um pior prognóstico
compensatórios no pH, assim, como os distúrbios (Borresen, 1984; Mastrocinque, 2005). A acidose
tendem a não apresentaram alterações lática causada pela baixa perfusão tecidual,
pronunciadas no pH, podendo encontrar o valor decorrente da desidratação também pode causar
deste normal, ou ainda podem ser classificados acidose metabólica (DiBartola, 1012). Johnston
como distúrbios com efeitos aditivos no pH, et al. (2001), Pretzer (2008) e Ponce et al. (2009)
apresentando neste caso, grandes alterações no consideram a acidose metabólica como o
valor do pH (DiBartola, 2012). principal distúrbio de ácido-base em cadelas com
piometra.
Assim, a avaliação das respostas compensatórias
aos distúrbios primários são muito importantes Assim, a avaliação dos gases sanguíneos se torna
na avaliação ácido-base, uma vez que esta uma parte muito importante dos cuidados
avaliação possa permitir o diagnostico de terapêuticos de cadelas com piometra, uma vez
distúrbios mistos (DiBartola, 2012). que diferentes distúrbios de ácido-base podem
ocorrer, incluindo distúrbios mistos (Ponce et al.,
A literatura relata que o principal distúrbio 2009).
associado à pacientes com piometra é a alcalose
respiratória com compensação metabólica e se No diagnóstico da piometra, além do histórico e
deve à presença de endotoxinas que estimulam o sinais clínicos apresentados pelo animal, a ultra-
centro respiratório, levando a hiperventilação sonografia é o exame de escolha devido a
(Borresen, 1984; Mastrocinque, 2005). Contudo, facilidade de visualização do conteúdo uterino, e
outras situações também podem levar à alcalose ainda permitir o diagnóstico diferencial de outras
respiratória, como a hipertermia, excitação, dor,

22
causas de aumento uterino (Bigliardi et al., 2004; renal, como os opioides na medicação
Molano e Escheverri, 2007). pré-anestésica (MPA), o propofol para a
indução e isofluorano para manutenção
Exames laboratoriais também podem auxiliar anestésica (Mastrocinque, 2002). O tratamento
no diagnóstico. Pode ser observado no adjuvante à cirurgia baseia-se principalmente na
hemograma anemia arregenerativa e leucocitose antibioticoterapia de amplo espectro de
com neutrofilia, mostrando vários graus de ação, como amoxicilina com clavulanato de
imaturidade celular (desvio à esquerda). Na potássio, sulfa-trimetoprim, cefalosporinas,
avaliação bioquímica pode-se observar azotemia, quinolonas, dentre outros (Feldman, 2004;
além do aumento de FA, ALT, AST, dentre Verstegen et al., 2008; Halenski et al., 2012), e
outras. No exame de urina, a isostenúria na fluidoterapia com o objetivo de corrigir
ou hipostenúria são comuns, embora a déficits hidroeletrolíticos e de ácido-base, além
hiperestenúria possa ocorrer. Ainda pode de manter a perfusão tecidual adequada e
ocorrer na urinálise, proteinúria decorrente melhorar a função renal (Payan Carrera e Pires,
de glomerulonefrite por deposição de 2005).
imunocomplexos (Feldman, 2004).
A correção dos desequilíbrios hidroeletrolíticos e
Outro exame que pode ser útil para demonstrar a de ácido-base antes da cirurgia é indicada para
perfusão e oxigenação tecidual é a dosagem de melhorar o prognóstico dos animais (Hedlund,
lactato (Hagman et al., 2009). Em unidades de 2005). Wittayarat et al. (2008) salientam a
terapia intensiva humana, este exame é importância da análise dos gases sanguíneos no
muito utilizado, podendo inclusive, prever o pré e no pós- operatório, além de se estabilizar o
prognóstico dos pacientes. Em quadros de sepse paciente 12 horas antes do procedimento
em humanos, os níveis de lactato foram cirúrgico.
estritamente relacionados com a gravidade da
doença e acidose metabólica (Silva et al., 2001). Uçmak et al. (2012) relataram, baseado em
Embora uma única dosagem de lactato seja parâmetros clínicos e laboratoriais, que as
clinicamente útil, é ideal a realização de várias primeiras 12 horas após o início da terapia de
medições sequenciadas (Hagman et al., 2009). suporte é o melhor momento para a realização da
ovariohisterectomia.
O lactato é o produto final da glicólise
anaeróbica, produzido principalmente pelo Os cuidados terapêuticos e a avaliação da cadela
músculo esquelético, intestino, cérebro e com piometra devem continuar por pelo
eritrócitos. O lactato gerado nestes tecidos pode menos 24 a 48 horas após a cirurgia,
ser retido pelo fígado e transformado em glicose, principalmente devido a possibilidade de
ou pode ainda ser utilizado como substrato ocorrência de sepse, choque, desidratação e
primário para oxidação. O aumento na desequilíbrios eletrolíticos e de ácido-base. Em
concentração do lactato pode ocorrer em hipóxia casos graves de anemia e hipoproteinemia, pode
tecidual, sepse, alcalose metabólica ou ser necessária a transfusão sanguínea ou de
respiratória, disfunção hepática, dentre outras plasma, respectivamente. A analgesia deve ser
(Silva et al., 2001). Na piometra, com a realizada pelo menos até 72 horas após a
progressão da hipoperfusão, os tecidos sofrem cirurgia, tendo cuidado com o uso de anti-
uma hipóxia, desencadeando o metabolismo inflamatórios não esteroidais, devido ao seu
anaeróbio e levando assim, à acidose lática potencial nefrotóxico. Fluidoterapia deve ser
(Hagman et al., 2009). mantida até o animal voltar a comer e beber água
normalmente. A antibioticoterapia deve ser feita
Com relação ao tratamento da piometra, durante sete a 10 dias (Mastrocinque, 2002;
a ovariohisterectomia é a conduta de Hedlund, 2005). A observação de desconforto
escolha, geralmente resultando em uma abdominal, dor e temperatura elevada podem ser
rápida recuperação (Frasson e Ragle, 2003). sinais de peritonite (Hedlund, 2005).
Um protocolo anestésico adequado deve ser
escolhido utilizando fármacos que causam O prognóstico dos animais submetidos ao
mínima alteração cardiovascular e respiratória, tratamento cirúrgico é favorável desde que não
além de serem seguros para o sistema hepático e apresentem contaminação abdominal e haja a

23
reversão do choque, sepse, e dos danos renais. O ovariohisterectomia e analgesia pós-cirúrgica
óbito pode ocorrer em casos de anormalidades com cloridrato de tramadol. Alguns animais que,
metabólicas graves e não responsivas a terapias no momento do diagnóstico apresentaram êmese
apropriadas. Geralmente a taxa de mortalidade e/ou febre, foram medicados com cloridrato de
varia de 5-8% no tratamento cirúrgico (Hedlund, metoclopramida e dipirona, respectivamente.
2005). Contudo complicações como sepse e
choque séptico em cadelas com piometra podem 4.2- Delineamento experimental
aumentar a taxa de mortalidade, como citado por
Conti-patara (2009) que evidenciou uma taxa de Todas as cadelas foram internadas e mantidas no
36,7%. canil da clínica cirúrgica do HV/UFMG por
aproximadamente 72 horas. No momento da
4. MATERIAL E MÉTODOS internação, todos os animais foram submetidos a
exame físico completo, sendo avaliados
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de parâmetros fisiológicos como frequências
Ética em Experimentação Animal da cardíaca e respiratória, temperatura corporal,
Universidade Federal de Minas Gerais tempo de preenchimento capilar, coloração das
(CETEA/UFMG), sob o protocolo 260/11, mucosas, grau de desidratação e pressão arterial
estando de acordo com os princípios éticos de não invasiva (Anexo 9). Foram registrados o
experimentação animal, adotados pelo referido início dos sinais clínicos relatados pelo
comitê (Anexo 8). proprietário, como prostração, inapetência,
êmese, corrimento vaginal, poliúria e polidipsia,
4.1. Animais distensão abdominal e diarreia (Anexo 9).

Participaram do presente estudo 20 cadelas de Também foi realizada a coleta de sangue


raças variadas, idade entre seis a 15 anos e peso para a realização do hemograma (Hematócrito,
variando entre 2,3 a 37 Kg, com diagnóstico hemoglobina, hemácias, VCM, CHCM, RDW,
clínico e ultrassonográfico de piometra. Todos os leucograma com contagem diferencial e
animais foram provenientes da rotina clínico- plaquetas) e perfil bioquímico, com dosagens
cirúrgica do Hospital Veterinário da séricas de alanina aminotransferase (ALT),
Universidade Federal de Minas Gerais. aspartato aminotransferase (AST), creatinina,
fosfatase alcalina (FA), proteínas totais,
O período experimental foi de 22 de maio de albumina, globulinas, ureia e lactato. Ainda foi
2012 a 17 de dezembro de 2012. realizada hemogasometria (pH, pressão de
dióxido de carbono (PCO2), bicarbonato
Para a inclusão dos animais no estudo, (HCO3-), excesso de base (BE), ânion gap,
os proprietários assinaram o “Termo de glicose, sódio, potássio e cloro) (Anexo 9).
Consentimento Livre e Esclarecido” atestando Procedeu-se a cateterização uretral e coleta de
ciência e autorização para a participação urina para a realização de urinálise.
do referente estudo (Anexo 7). Animais
que apresentaram indícios de peritonite ou Todos os exames referidos (avaliação física,
enfermidades concomitantes foram excluídos do hemograma, perfil bioquímico, hemogasometria
presente estudo, a fim de manter a padronização e urinálise) foram realizados em todas as cadelas
de todo o protocolo de execução, incluindo as em oito tempos pré-estabelecidos (Figura 1). O
medicações utilizadas. T0- momento do diagnóstico e internação; T1-
após a reposição hídrica do paciente; T2 –
Todos os animais do estudo receberam o mesmo imediatamente antes da medicação pré-anestésica
protocolo de tratamento para piometra instituído e da cirurgia (após uma a duas hora de
no Hospital Veterinário da Universidade Federal manutenção hídrica); T3 – 12 horas após o
de Minas Gerais (HV/UFMG) que consistiu procedimento cirúrgico; T4 – 24 horas após o
na administração de fluidoterapia com procedimento cirúrgico; T5 – 48 horas após o
solução Ringer lactato, antibioticoterapia com procedimento cirúrgico; T6 – 10 dias após o
amoxicilina com clavulanato de potássio, procedimento cirúrgico; T7 – 60 dias após a
cirurgia.

24
Figura 1: Organograma de execução do estudo

Algumas cadelas estavam no momento da 4.3. Avaliação clínica e laboratorial


primeira avaliação (T0), não apresentavam sinais
clínicos de desidratação, não sendo submetidas à Foram avaliados a partir da admissão no hospital
reposição volêmica (correção do déficit hídrico), veterinário, os parâmetros clínicos de frequência
não havendo assim, o tempo de avaliação T1 cardíaca (FC), frequência respiratória (FR),
nestes animais. temperatura corporal (TC), pressão arterial
sistólica (PAS), no qual foi utilizado um aparelho
Para determinar quanto tempo o animal ficaria de pressão não invasiva digital1, onde o manguito
na fluidoterapia, foi padronizado que a apresentava a largura de aproximadamente 40%
reposição volêmica seria realizada na taxa de do diâmetro do membro torácico direito e com o
20 ml/Kg/hora, levando em consideração o membro mantido na altura do coração, sendo
percentual de desidratação de cada animal. Em realizadas três aferições sequenciadas e
seguida, os animais foram colocados na considerado o valor médio destas. As avaliações
manutenção hídrica (60 ml/Kg/dia) por mais uma foram realizadas em cada um dos tempos pré-
a duas horas antes de serem submetidos à estabelecidos (T0 – T7), considerando os valores
cirurgia. Após o procedimento cirúrgico, todas as de referencia, presentes no quadro 3.
cadelas permaneceram por mais 48 horas (T5) na
manutenção hídrica (Figura 1).
1

Quadro 3: Valores de referência e variáveis avaliadas no exame físico.


Variável Unidade Valores de referência

Frequência cardíaca BPM 60 – 160

Frequência respiratória MPM 20 – 36

Temperatura ˚C 38,5 – 39,2

*Pressão arterial sistólica mmHg 90 – 150

Fonte: Adaptado de Feitosa, (2004); *Brown et al. (2007)

1
Veterinary Digital Blood Pressure & Heart Beat Monitor & Spo2 Monitor. Marca: Contec. Modelo: 08A

25
Ainda foi avaliada a distensão abdominal A síndrome da resposta inflamatória sistêmica
através da observação e palpação. O grau de (SIRS) foi considerada presente quando dois ou
desidratação também foi avaliado através dos mais critérios estabelecidos por Hauptman et al.
parâmetros turgor cutâneo, ressecamento das (1997) foram diagnosticados, em cada um dos
mucosas, tempo de preenchimento capilar e tempos pré-estabelecidos (T0 – T7), de acordo
observação do globo ocular, de acordo com o com os valores descritos no quadro 5.
quadro 4.

Quadro 4: Parâmetros de classificação dos animais quanto ao grau de desidratação.


Tabela de achados físicos de desidratação
Porcentagem de
Sinais clínicos
desidratação (%)
<5 Não detectável
5- 6 Perda discreta de elasticidade cutânea
6- 8 Perda acentuada de elasticidade cutânea
Aumento discreto no tempo de preenchimento capilar
Possibilidade de retração dos olhos na órbita
Membranas mucosas podem estar secas
10- 12 Não retorno da pele
Aumento acentuado no tempo de preenchimento capilar
Olhos fundos na órbita
Membranas mucosas secas
Possibilidade de sinais de choque (taquicardia, extremidades frias, pulso
rápido e fraco)
12- 15 Sinais de choque
Morte eminente
Fonte: Adaptado de DiBartola (2012)

Quadro 5: Critérios e os valores para o diagnóstico de SIRS.


Critérios Valores
Temperatura (ºC) <38,1 ou >39,2
Frequência cardíaca (BPM) >120
Frequência respiratória (MPM) >20
Leucócitos/ bastonetes <6000 ou >16000/ 3% bastonetes
Fonte: Adaptado de Hauptman et al. (1997)

Amostras de sangue foram colhidas por foram baseadas nos valores de referencia para a
venopunção jugular e colocadas em tubo estéril espécie canina, descritos no quadro 6.
contendo anticoagulante EDTA (ácido etileno
diaminotetracético, sal dissódico) para a Para interpretação do hemograma, foram
realização de hemograma. As análises foram observados primeiramente os valores do
realizadas em aparelho analisador hematológico eritrograma. Se o hematócrito e a quantidade de
veterinário Abacus2 e a contagem diferencial de hemácias estivessem abaixo dos valores de
leucócitos e análise morfológica das células referência, era classificado como anemia e
foram realizadas por profissional treinado, sob posteriormente classificado com relação à
microscopia óptica, utilizando esfregaços resposta da medula óssea, baseado nos valores do
sanguíneos corados em Panótico3. A VCM, CHCM e RDW, que indicam o tamanho
interpretação e classificação do hemograma do eritrócito e a quantidade de hemoglobina
contida nele. Assim, pode-se verificar se a
medula é responsiva à anemia (regenerativa) ou
2
Analisador Hematológico Veterinário Abacus, Diatron, São não (arregenerativa).
Paulo, São Paulo, Brasil.
3
Panótico Rápido LB®, Laborclin, Pinhais, Paraná, Brasil.

26
Com relação ao leucograma (quadro 6), soro. As análises foram realizadas em aparelho
leucócitos totais aumentados indicam leucocitose bioquímico automático Cobas Mira Plus4. Para a
e para sua classificação observa-se qual tipo avaliação do analito lactato, foi colocado 1,5 ml
celular está aumentado e também a presença e de sangue e acondicionado em tubo estéril com
proporção de células jovens. anticoagulante fluoreto (estabiliza o lactato pela
inibição da glicólise) e centrifugadas para
Com relação às plaquetas, se no valor se obtenção do plasma para analise. As amostras de
apresentasse acima ou abaixo dos valores de soro e plasma que não foram analisadas
referência (quadro 6), era considerado imediatamente foram congeladas para posterior
trombocitose ou trombocitopenia, respectiva- análise.
mente. Também foram observadas as alterações
descritas do hemograma. Quadro 8: Valores de referência e variáveis
avaliadas no exame bioquímico na espécie
Os animais ainda foram classificados em relação canina.
à gravidade da anemia, baseado no valor de Variável Unidade Valor de
hematócrito, descrito no quadro 7. referência
ALT U/L 0 – 110
Quadro 6: Valores de referência e variáveis AST U/L 0 – 100
avaliadas do hemograma na espécie canina. FA U/L 20 – 156
Variável Unidade Valores de Creatinina mg/dL 0,5 – 1,5
referência Ureia mg/dL 20 – 56
Hematócrito % 37 – 55 Proteínas g/dL 5,4 – 7,5
Hemoglobina g/dL 12 – 18 totais
Hemácias ×106/μ L 5,5 – 8,5 Albumina g/dL 2,3 – 3,1
VCM fL 60 – 77 Globulinas g/dL 2,7 – 4,4
CHCM % 32 – 36 Relação A/G - 0,6 – 1,1
RDW % 12 – 15 Lactato Mmol/L 0,3 – 2,5
Leucócitos μL 6000 – 17000 Fonte: Adaptado de Kaneko et al. (1997)
Neutrófilos μL 3000 – 11500
Bastonetes μL 0 – 300 Também foi realizado a cateterização uretral com
Linfócitos μL 1000 – 4800 sonda flexível5 em todas as cadelas para a coleta
Monócitos μL 150 – 1350 de urina para urinálise, e também monitoração do
Eosinófilos μL 100 – 1200 débito urinário através de sistema de coleta
Basófilos μL Raros fechado.
Plaquetas μL 200000 – 500000
Fonte: Adaptado de Messick (2010) Todas as amostras laboratoriais foram
acondicionadas de forma refrigerada
Quadro 7: Classificação da anemia com relação (aproximadamente 4 graus), sendo o hemograma
à gravidade. analisado em um tempo máximo de 12 horas e
Classificação anemia urina em no máximo 6 horas. As amostras
Sem anemia > 37% destinadas à avaliação bioquímica que não foi
Discreta 37- 30% analisada em 12 horas foram congeladas para
Moderada 29- 20% posterior análise. Todos os exames (hemograma,
Grave 19- 13% perfil bioquímico e urinálise) foram realizados
Muito grave < 13% no laboratório de análises clínicas da UFMG
Fonte: Adaptado de DiBartola, (2012) (LAC) em cada um dos tempos pré-estabelecidos
(T0 – T7) e a interpretação foi baseada nos
Para a realização da avaliação bioquímica (ureia valores de referência (quadro 6, 8 e 9).
creatinina, FA, ALT, AST, proteínas totais e
albumina; as globulinas foram calculadas
subtraindo os valores das proteínas totais e da
4
albumina), foram colocados dois ml de sangue Analisador de química Cobas Mira plus, Roche, São Paulo,
em tubo estéril sem antigoagulante e São Paulo, Brasil.
5
Sonda uretral flexível descartável, Mark Med indústria e
posteriormente centrifugadas para a obtenção de comercio Ltda. São Paulo. Brasil.

27
Quadro 9: Valores de referencia para o exame de urina na espécie canina.
Teste Valores de referência
Exame físico
Cor Amarelo
Aspecto Límpido
Odor Sui gêreris
Densidade 1,015 – 1,045
Exame químico
pH 6,0 – 7,5
Proteínas Negativo
Glicose Negativo

Teste Valores de referência


Exame químico (continuação)
Corpos cetônicos Negativo
Sangue oculto Negativo
Bilirrubina Negativo
Urobilinogênio Negativo
Exame do sedimento
Hemácias <5
Leucócitos <5
Bactérias Ausente
Células epiteliais renais Ausente
Células epiteliais Pelve Ausente
Células epiteliais Vesicais Ausente
Células epiteliais Uretrais Ausente
Cilindros Hialinos Ausente
Cilindros granulosos Ausente
Cilindros celulares Ausente
Cilindros céreos Ausente
Cilindros mistos Ausente
Cristais Ausente
Fonte: Adaptado de Stockham e Scott (2011)

Para a avaliação dos sedimentos urinários, foi tempos pré-estabelecidos (T0 – T7), tomando
criada uma tabela de escores para cada variável, todos os cuidados no processamento, para que
assim permitiu-se a padronização dos valores não houvesse interferência nos valores (não
deste exame como descrito no quadro 10. deixar ar dentro da seringa, não fazer garrote
venoso prolongado, homogeneizar a amostra e
Para a realização da hemogasometria foram descartar as primeiras gotas do sangue).
utilizadas em média três gotas de sangue total e Imediatamente após vedar o cartucho, o mesmo
colocadas diretamente no cartucho de gasometria foi introduzido no aparelho e dois minutos após,
EC8+, no qual avaliou-se o pH, PCO2, HCO3-, obtém-se o resultado.
Na+, K+, Cl-, BE, ânion gap, glicose. A análise
foi realizada em aparelho analisador de gases A interpretação e classificação dos resultados
sanguíneos portátil I-Stat6, em cada um dos foram baseadas nos valores de referência para a
espécie canina, descritos no quadro 11.
6
I-Stat Precision – cartuchos modelo EG-8, Abbott
Laboratories, New Jersey, EUA.

28
Quadro 10: Valores e escores dos sedimentos urinários.
Sedimentos Valores Escores
Hemácias 0a4 0
5 a 15 1
16 a 40 2
41 a 100 3
>100 4
Leucócitos 0a3 0
4 a 10 1
10 a 25 2
26 a 50 3
> 50 4
Clusters + Soma 5 ao escore
Clusters ++ Soma 10 ao escore
Bactérias Negativo 0
Raras 0,5
+ 1
++ 2
+++ 3
++++ 4
Células renais e de pelve Negativo 0
Raras 0,5
0a2 1
3a6 2
Clusters + Soma 5 ao escore
Clusters ++ Soma 10 ao escore
Células Vesicais e uretrais Negativo 0
Raras 0,5
0a2 1
3a8 2
8 a 20 3
> 20 4
Clusters + Soma 5 ao escore
Clusters ++ Soma 10 ao escore
Cilindros Negativo 0
Raros 0,5
0a2 1
3a8 2
>8 3

Quadro 11: Valores de referência de gasometria 4.4. Procedimento cirúrgico


do sangue venoso na espécie canina.
Variáveis Unidade Venoso 4.4.1. Pré-cirúrgico
pH 7,397 (7,351- 7,443) A partir do diagnóstico, todas as cadelas foram
PCO2 mmHg 37,4 (33,6- 41,2) mantidas em jejum hídrico e alimentar, a fim de
HCO3- Mmol/L 22,5 (20,8- 24,2) evitar complicações no decorrer da anestesia, tais
Ânion Gap mEq/L 12 a 24 como refluxo do conteúdo alimentar, podendo
**BE Mmol/L 1 a -3 levar à pneumonia aspirativa. A maioria dos
Na+ mEq/L 145 (140 a 155) animais estavam em jejum no momento do
K+ mEq/L 4 (3.7 a 5.5) diagnóstico, e foram mantidos assim durante a
Cl- mEq/L 110 (105 a 120) reposição e/ou manutenção hídrica que variou de
Cl- corrigido mEq/L 107 a 113 uma a 5 horas, de acordo com o grau de
*Glicose mg/dL 76 a 119 desidratação que o animal apresentava. Também
Fonte: Adaptado de * Kaneko et al. (1997); ** neste período, foi realizada a tricotomia ampla da
Almosny ( 2003); DiBartola, (2012) região abdominal.

29
4.4.2. Anestesia abdominal. O corpo do útero foi ligado com fio
categute cromado 1 cranialmente ao cérvix e
As cadelas foram pré-medicadas com cloridrato uma pinça hemostática foi aplicada acima da
de tramadol7 (4 mg/kg/IV). Em seguida foi ligadura. O corpo uterino foi seccionado entre a
realizada a indução anestésica com propofol8 1% ligadura e a pinça e o pedículo uterino
(5 mg/kg/IV). Após a intubação orotraqueal, a reposicionado no abdômen após cauterização
anestesia foi mantida com isofluorano 9 em com solução de iodo a 5%. Procedeu-se a
sistema circular semifechado10 para cães maiores celiorrafia com fio poliglecaprone12 2-0 ou 0, em
que 7 kg e sistema de não-reinalação Rees- padrão de sutura Reverdin; redução do espaço
Baraka para cães menores que 7kg. Durante o morto com mesmo fio em padrão de sutura
procedimento anestésico, todos os animais foram simples contínuo e dermorrafia com fio nylon 13
monitorados com relação à frequência cardíaca e 3-0 em padrão contínuo intra-dérmico (Stone,
respiratória, temperatura corporal, pressão 2007).
arterial não invasiva e oximetria de pulso a cada
5 minutos. Os animais foram mantidos a uma 4.4.4. Pós-cirúrgico
temperatura corporal entre 35.5 e 39.2ºC com o
auxílio de colchão térmico, pressão arterial Todos os animais permaneceram internados no
média entre 70 e 100 mmHg, frequência cardíaca HV/UFMG por 48 após a cirurgia, e continuaram
de 80 a 120 bpm e frequência respiratória entre 8 sendo monitorados nos tempos pré-estabelecidos.
e 12 mpm. Durante o procedimento anestésico
foram realizadas alterações da velocidade de Os animais continuaram recebendo
infusão de fluidoterapia e na concentração do antibioticoterapia com amoxicilina com
anestésico inalatório, quando necessários, para clavulanato de potássio na dose de 20mg/Kg/
manter o animal com os parâmetros dentro dos BID, e foi instituído analgesia com cloridrato de
fisiológicos citados anteriormente. tramadol na dose de 3mg/Kg/TID, além de
continuarem na manutenção hídrica na taxa de
4.4.3. Ovariohisterectomia 60ml/Kg/Dia.

Todas as cadelas foram submetidas ao tratamento A alta médica foi realizada após melhora da
cirúrgico para piometra, através da técnica de condição clínica do animal (normorexia,
ovário-histerectomia. Realizou-se incisão normodipsia e parâmetros fisiológicos normais).
abdominal retro-umbilical, na linha média
ventral e exposição dos cornos uterinos. Uma Ao retorno de 10 dias, os animais foram
pinça hemostática foi aplicada ao ligamento internados novamente para a retirada dos pontos
próprio do ovário, sendo utilizada no cirúrgicos cutâneos e avaliação referente ao T6,
afastamento do ovário. Foi constituída uma sendo realizados todos os exames (exame físico,
janela no mesovário, caudalmente aos vasos hemograma, perfil bioquímico, urinálise e
ovarianos. O pedículo ovariano foi triplamente hemogasometria). E no retorno de 60 dias,
pinçado com pinças hemostáticas, e o pedículo referente ao T7, os animais foram internados
seccionado entre a pinça mais próxima do ovário novamente para a realização de todos os exames
e a pinça média. A ligadura foi realizada abaixo anteriormente citados no T6.
na pinça mais distal ao ovário com fio Categute
cromado11 1 e a pinça foi removida após o 4.5. Análise estatística
reposicionamento do pedículo na cavidade
Neste estudo foi utilizado um delineamento
inteiramente casualizado, sendo os tratamentos
7
Cloridrato de Tramadol, União Química Farmacêutica referentes aos tempos de avaliação (T0 a T7). Os
Nacional S/A, Jabaquara, São Paulo, Brasil.
8
Fresofol 1%®, Fresenius Kabi Brasil Ltda, Campinas, São
animais foram incluídos no estudo de forma
Paulo, Brasil.
9
Isothane® 100 ml, Baxter Hospitalar Ltda., Santo Amaro,
São Paulo, Brasil.
10 12
Aparelho HB Galant com Vaporizador calibrado para Caprofyl®. Ethicon Inc., São José dos Campos, São Paulo,
isoflurano. HB Hospitalar, São Paulo, São Paulo, Brasil. Brasil.
11 13
Catgut Cromado. Ethicon Inc., São José dos Campos, São Nylon. Ethicon Inc., São José dos Campos, São Paulo,
Paulo, Brasil. Brasil.

30
aleatória e cada um representou uma unidade predisposição racial, uma vez que a frequência
experimental ou repetição. destas raças é maior na rotina do HV/UFMG. O
mesmo foi observado por Martins (2007), no
As alterações clínicas, hematológicas e qual, comparou através do teste de qui-quadrado
hemogasométricas foram caracterizadas e a probabilidade de ocorrência de piometra em
submetidas à análise descritiva. animais com e sem raça definida e ainda entre as
raças, e não foi observada diferença, embora o
Antes da aplicação dos testes de comparação, os número de animais da raça poodle e rottweiler
dados paramétricos foram testados quanto à tenha apresentado uma frequência maior que as
normalidade (teste de Kolmogorov-Smirnov) e demais. Evangelista (2009) também observou em
homocedasticidade. seu estudo uma maior incidência de animais
SRD com piometra (60%), e ainda justificou uma
As respostas que atenderam aos critérios de maior ocorrência destes na rotina hospitalar.
normalidade e homocedasticidade (temperatura Contudo, Smith (2006) relatou um maior risco de
corporal, hematócrito e hemoglobina) foram ocorrer piometra em algumas raças, como
submetidas à análise de variância e analisadas Golden Retriever, Schnauzer Miniatura, São
pelo teste de Duncan (comparação entre os Bernardo, Cavalier King Charles Spaniel,
tempos). Rottweiler, Bernese, dentre outras.

As respostas que apresentaram distribuição O peso das cadelas variou de 2,6 e 37 kg


normal de probabilidades e homogênea de (12,6±8,7) (Anexo 1). A idade dos animais
variância após transformação logarítmica (log10) variou entre seis e 15 anos (9,83±2,65), dado este
(frequência respiratória, PAS, eritrócitos, VCM, também observado por Emanuelli (2007),
CHCM, RDW, leucócitos totais, neutrófilos Martins (2007) e Conti-patara (2009), que
segmentados, linfócitos, monócitos, plaquetas, evidenciaram idade média variando entre 8 e 9
ALT, AST, Creatinina, fosfatase alcalina, anos e meio, o que caracteriza a doença em
proteínas totais, albumina, globulinas, ureia, animais de meia idade a idosos. Esta observação
lactato, densidade urinária, pH urinário, Na, K, sugere que a incidência de piometra aumenta
pH sanguíneo, PCO2 e HCO3) foram submetidas nestes animais em consequência das alterações
à análise de variância e analisadas pelo teste de decorrentes da exposição crônica do útero à
Duncan. progesterona, durante as fases do diestro (Stone,
2007). O mesmo foi observado em um estudo
As respostas que não atenderam aos critérios de retrospectivo realizado por Fidalgo (2008), no
normalidade e homocedasticidade, mesmo após a qual a idade e outras variáveis foram avaliadas
transformação dos dados (frequência cardíaca, em 226 cadelas com piometra, demonstrando
neutrófilos bastonetes, eosinófilos, Cl, BE, uma prevalência de 63 animais com mais de 10
Anion gap) foram analisadas pelo teste de anos de idade.
Kruskall-Wallis.
Devido ao número de cadelas que apresentaram
Para todas as análises, foram consideradas piometra com o cérvix aberto ter sido
significativas as diferenças com p<0,05. significativamente maior do que com o cérvix
fechado, não permitiu a comparação entre os
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO grupos, em relação à abertura do cérvix,
considerando assim todos os pacientes em
Dentre os 20 animais incluídos no estudo, sete conjunto, para a comparação entre os momentos
(35%) não apresentavam raça definida (SRD), de avaliação.
seis (30%) eram da raça poodle, um (5%)
Schnauzer, um (5%) Cocker, um (5%) Pitbull, Com relação aos tempos de avaliação (T0 – T7)
um (5%) Pastor Branco, um (5%) Akita, um foi possível observar um menor número de
(5%) Boxer e um (5%) Chow chow (Anexo 1). animais no T1 (referente à reposição hídrica),
Embora tenha sido observada uma maior devido à presença de animais que não
incidência de animais sem raça definida e da raça apresentavam sinais clínicos de desidratação (6),
poodle, não é possível dizer que exista e no T7 (60 dias após a cirurgia), devido alguns
animais (3) não voltarem para a reavaliação.

31
Eventualmente houve perda de parcelas em corrimento vaginal nestes animais é um sinal
algumas avaliações justificando assim, um clínico mais facilmente identificado pelo
diferente número de animais de acordo com os proprietário, apesar de que, no presente estudo
momentos de avaliação. não foi observada diferença em relação ao início
dos sinais clínicos de acordo com o tipo de
5.1. Avaliação clínica piometra. O tempo médio do início dos sinais
clínicos ao diagnóstico em cadelas com piometra
O tempo médio entre o início dos sinais clínicos fechada foi 6,8 dias e com piometra aberta foi
(relatado pelo proprietário) e a busca por 5,8 dias, observando apenas um dia de diferença
assistência veterinária foi de 6,05±2,3 dias. entre os valores médios.

Considerando a abertura do cérvix, 15 cadelas Johnson (2006), Smith, (2006) e Pretzer (2008)
(75%) apresentaram piometra aberta, relataram que cadelas com piometra podem
caracterizada pela presença de secreção vaginal e apresentar inapetência parcial ou completa,
cinco (25%) apresentaram piometra fechada, sem prostração, episódios eméticos, diarreia, poliúria
a presença de secreção vaginal (Anexo 1). e polidipsia, embora o sinal clínico mais
frequente seja o corrimento vaginal, o que
Em um estudo realizado por Evangelista (2009) também foi constatado no presente estudo. No
foi observado frequência semelhante à ocorrida momento do diagnóstico (T0), verificou-se dois
neste estudo, sendo 14 animais (70%) com animais com êmese (10%), quatro com diarreia
piometra aberta e seis animais (30%) com (20%), 18 com inapetência (80%), 13 com
piometra fechada. Maddens et al. (2011) também prostração (65%) (figura 2), dez com poliúria e
observou prevalência de animais com piometra polidipsia (50%) e quinze (75%) com corrimento
aberta sendo que dos 47 animais avaliados, 33 vaginal. Estas alterações também foram
(70,2%) apresentavam presença de corrimento observadas em outros estudos, como o realizado
vaginal. Outros estudos também demonstraram por Albuquerque (2010) que avaliou os sinais
prevalência de cadelas com piometra clínicos de 170 cadelas com piometra e observou
apresentando cérvix aberto e variando em relação inapetência em 83,5%, poliúria e polidipsia em
ao número de animais (Bartoskova et al, 2007; 54,7%, diarreia em 42,9%, êmese em 50%,
Fidalgo, 2008). prostração em 100% e corrimento vaginal em
77,6%. Maddens et al. (2011), também
Segundo Johnson (2006), os sinais clínicos observaram poliúria e polidipsia em 44,6% dos
apresentados por cadelas com piometra ocorrem animais, e êmese em 19%. Bartoskova et al.
por razão da infecção uterina e estes tendem a ser (2007), também observaram em 54% das cadelas
mais agressivos em animais com cérvix fechado. com piometra, poliuria e polidipsia em 54% das
Contudo, no presente estudo não foi observado cadelas, além de êmese em 15,4% e diarreia em
diferença nas avaliações clínicas nos animais 7,7%.
com piometra aberta, em relação à fechada. A
diferença pode não ter ocorrido devido ao Poliúria e polidipsia são alterações comumente
pequeno número de animais que apresentavam observadas em animais com piometra.
piometra fechada (25%). Normalmente poliúria ocorre devido à vários
fatores, como a diminuição da resposta renal ao
Albuquerque (2010) ao correlacionar sinais hormônio antidiurético, disfunção glomerular e
clínicos e laboratoriais de cadelas com piometra danos em células tubulares renais, sendo estes
em relação à abertura do cérvix, observou que causados por ação de endotoxinas liberadas na
animais com piometra fechada apresentaram circulação (Fransson; Ragle, 2003; Verstegen et
aumento na frequência relativa de azotemia e al., 2008), levando assim à diminuindo a
aumento também na taxa de mortalidade. capacidade de concentração da urina, causando a
polidipsia compensatória (Fransson; Ragle,
Feldman (2004) também relatou maior gravidade 2003).
em cadelas com piometra fechada devido ao
maior intervalo entre o estabelecimento da Ferreira (2006) realizou um estudo retrospectivo
infecção e o diagnóstico, uma vez que o em 147 animais com piometra, e os resultados
observados em relação aos sinais clínicos foram

32
semelhantes ao do presente estudo, no qual (T0 – T7) estão representados na tabela 1. Em
41,1% dos animais apresentavam poliúria e uma análise descritiva geral pôde-se observar
polidipsia, 17% apresentavam diarreia e 79,5% uma redução gradual de todos os sinais clínicos
corrimento vaginal, contudo, a frequência de conforme o tratamento foi instituído. A partir do
animais que apresentaram êmese foi maior do T5 (48 horas após a cirurgia) apenas quatro
que o observado neste estudo (10%), no qual esta (20%) animais ainda apresentavam algum dos
alteração estava presente em 43,5% dos animais. sinais clínicos anteriormente citados e no T6 (10
dias após a cirurgia), 100% dos animais já se
A frequência absoluta e relativa dos sinais apresentavam clinicamente hígidos, sem a
clínicos (êmese, diarreia, inapetência e manifestação de nenhum dos sinais clínicos
prostração) nos diferentes tempos de avaliação anteriormente observados (Figura 2).

Tabela 1: Frequência absoluta (FA) e relativa (FR) dos sinais clínicos nos diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Sinais Clínicos
Tempos N Êmese Diarreia Inapetência Prostração
FA/ FR (%) FA/ FR (%) FA/ FR (%) FA/ FR (%)
T0 20 2 (10%) 4 (20%) 16 (80%) 13 (65%)
T1 14 2 (14,3%) 4 (28,5%) 12 (85,75) 11 (78,5%)
T2 20 2 (10%) 4 (20%) 16 (80%) 13 (65%)
T3 20 1 (5) - 17 (85%) 6 (30%)
T4 20 1 (5) 1 (5%) 11 (55%) 3 (15%)
T5 20 1 (5) - 1 (5%) 2 (10%)
T6 20 - - - -
T7 17 - - - -

Figura 2: Frequência relativa (%) dos sinais clínicos apresentados nos diferentes tempos de avaliação, em
20 cadelas.

33
5.2. Avaliação dos parâmetros fisiológicos taquipneia e hipertermia ao quadro de
endotoxemia que os animais apresentavam.
5.2.1. Frequência cardíaca (FC) Assim como foi justificado anteriormente, no
momento inicial, a taquicardia poderia estar
Os valores médios obtidos para as frequências associada ao quadro de sepse e toxemia,
cardíacas em cada momento de avaliação (T0- decorrente da infecção uterina (Feldman, 2004).
T7), estão representados na Tabela 2. Em uma Contudo, existem diversas causas que levam ao
análise descritiva geral, as médias dos valores aumento da frequência cardíaca, como por
das frequências cardíacas não ultrapassaram os exemplo, a hipertermia, a anemia, dor, ou ainda
valores normais para a espécie canina em ansiedade, medo e excitação (Ware, 2006), o que
nenhum momento de avaliação. Contudo, na também justificaria a presença de taquicardia nos
avaliação individual, foram observados quatro animais do presente estudo.
animais (20%) apresentando aumento da
frequência cardíaca, no momento do diagnóstico Em outro estudo que comparou cadelas com
(T0). Em quase todos os tempos de avaliação piometra e cadelas clinicamente hígidas em
foram evidenciados animais com taquicardia relação ao exame físico, Gonçalves (2010)
como é possível observar na tabela 17. encontrou diferença estatística na frequência
Verificou-se dois animais com taquicardia no T1 cardíaca ente os grupos, sendo que 63% dos
(14,2%), no T2 (10%), no T5 (10%), no T6 animais com piometra apresentaram frequência
(10%), e apenas um animal (5%) no T4. No T3 e cardíaca maior que 120 bpm, valor este
T7, não foram observados animais com aumento considerado por Hauptman et al., (1997) como
da frequência cardíaca (Figura 5). critério para a classificação de SIRS.

O número de animais com taquicardia no Foi observada diferença no T0 (141±30 bpm) e


presente estudo foi relativamente baixo, quando T6 (139±33 bpm), em relação ao T4 (117±31
comparado com as observações de Albuquerque bpm), que apresentou valor médio menor do que
(2010) que encontrou taquicardia em 64,2% dos dos demais tempos (Tabela 2).
animais e atribuiu esta alteração, juntamente com

Tabela 2: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência cardíaca (FC) nos diferentes
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 20 141 B 30 100 140 200


T1 14 134 AB 27 100 120 180
T2 20 133 AB 26 96 122 180
T3 20 123 AB 24 80 120 160
T4 20 117 A 31 72 120 200
T5 20 124 AB 34 60 122 180
T6 20 139 B 33 100 140 240
T7 17 132 AB 15 100 128 160
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência da FC para a espécie canina: 60 – 160 bpm (Feitosa, 2004).

5.2.2. Frequência respiratória (FR) uma análise descritiva geral, as médias


dos valores das frequências respiratórias,
Os valores médios obtidos para as frequências encontraram-se aumentadas em todos os tempos
respiratórias nos diferentes tempos de avaliação de avaliação, considerando os valores de
(T0-T7), estão representados na tabela 3. Em referência para a espécie canina. Na avaliação

34
individual, 13 animais (65%) apresentavam presente estudo para a classificação de SIRS,
aumento da frequência respiratória no momento somente foi considerado aumento da frequência
do diagnóstico (T0), como é possível evidenciar respiratória animais que apresentassem mais que
na tabela 17. No T1, seis animais (42,8%) 36 mpm (Feitosa, 2004).
também apresentaram aumento da FR; no T2, foi
observada uma pequena redução no número de A presença de taquipneia em quase todos os
animais com taquipneia em relação ao momento animais no T6 e T7 pode ser justificada pelo
inicial (T0), sendo que 11 animais (55%) estresse e agitação dos animais no retorno
permaneceram taquipneicos. Contudo, houve ao Hospital veterinário e a manipulação dos
uma variação ao longo dos tempos de avaliação mesmos, o que corrobora com a citação de
no número de animais que apresentavam Fransson et al. (2007), de que critérios utilizados
taquipneia, sendo seis animais (30%) no T3, oito na classificação de SIRS, como por exemplo o
animais (40%) no T4 e no T5 e 13 animais (65%) aumento da frequência respiratória pode
no T6. No T7, somente um animal apresentou a refletir outras situações como a ansiedade, o
FR normal, sendo que os demais animais que não necessariamente indica uma resposta
apresentaram FR aumentada (94%) (Figura 5). inflamatória, uma vez que todos os animais
Segundo Mastrocinque (2002), o aumento da estavam clinicamente hígidos nestes momentos
frequência respiratória pode estar associado ao de avaliação.
quadro de endotoxemia, no qual estas toxinas
atuam no Sistema Nervoso Central (SNC) Albuquerque (2010), ao avaliar 170 cadelas com
estimulando o centro respiratório e promovendo piometra, verificou taquipneia em 71,7% dos
hiperventilação. animais, assim como observado no presente
estudo.
Assim como foi observado no presente estudo,
Gonçalves (2010) verificou que 100% dos Foi observada diferença do T7 em relação aos
animais com piometra apresentaram aumento da demais tempos de avaliação, sendo este o maior
FR além de 20 mpm, valor este também (98±60). Também houve diferença de T0
considerado por Hauptman et al. (1997) como (66±51) e T6 (63±49) em relação à T3 (36±12) e
critério de classificação de SIRS. Embora estes T4 (38±38) (Tabela 3).
mesmos critérios tenham sido utilizados no

Tabela 3: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência respiratória (FR) nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 20 66 B 51 24 48 200
T1 14 47 BC 35 20 36 140
T2 20 54 BC 56 20 40 240
T3 20 36 C 12 20 32 64
T4 20 38 C 38 20 32 200
T5 20 40 BC 22 20 34 120
T6 20 63 B 49 24 40 200
T7 17 98 A 60 32 60 240
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da FR para a espécie canina: 20 – 36 mpm (Feitosa, 2004).

35
5.2.3. Temperatura corporal (TC) condizendo com o definido por Hauptman et al.
(1997) como critério de classificação de SIRS.
Os valores médios obtidos para a temperatura Bartoskova et al. (2007), também observaram
corporal nos diferentes tempos de avaliação (T0- uma frequência de animais acometidos com
T7) estão representados na tabela 4. Em uma hipertermia (69%) maior que a observada no
análise descritiva geral, as médias dos valores da presente estudo (20%).
temperatura corporal encontraram-se normais no
T0 considerando os valores de referência para a Carvalho (2006) obteve resultados compatíveis
espécie canina. Contudo, na avaliação individual, (20% dos animais com hipertermia e 11,1% com
foi observado que quatro animais apresentaram hipotermia) com o apresentando neste estudo.
hipertermia (20%) e três, hipotermia (15%) Maddens et al., (2011), também observou a
(Tabela 17), resultado este compatível com o mesma frequência de hipertermia, ocorrendo em
descrito por Stone (2007) e Pretzer (2008) de 20% dos animais. Albuquerque (2010) avaliou
que, embora a maioria das cadelas com piometra 170 cadelas com piometra e observou
apresente temperatura normal, 20 a 30% podem hipertermia em 35,3% dos animais e hipotermia
se apresentar febris, e que poucas cadelas podem em 17,1%.
apresentar temperaturas subnormais geralmente
associadas à sepse. Stone (2007) ainda relatou Nos tempos de avaliação T1 ao T5, os valores
que a hipertermia pode estar associada com médios ficaram discretamente abaixo dos valores
inflamação uterina e secundariamente, com normais, sendo de 38,1±0,7 (T1), 38,2±0,8 (T2),
infecção bacteriana, bem como em casos de 37,9±0,7 (T3), 37,9±0,8 (T4) e 38,1±0,6 (T5). Os
sepse ou toxemia, o que neste caso, também pode menores valores médios foram observados no T3
levar à hipotermia. e T4, referente a 12 e 24 horas após a cirurgia
(Tabela 4), o qual pode ser justificado pelo
A literatura é variável com relação à temperatura procedimento cirúrgico e protocolo anestésico
corporal. Gonçalves (2010), embora não tenha interferindo assim na termorregulação (Yazbek,
demonstrado diferença estatística em relação à 2002).
temperatura corporal, foi encontrado na análise
individual um número de animais com alterações Houve diferença entre o T7 e os demais tempos
na TC maior do que o observado no presente de avaliação, com exceção do T6 e T0. Ainda foi
estudo, sendo que 63% dos animais com observada diferença no T3, T4 e T5 em relação
piometra apresentaram alterações de temperatura aos demais tempos de avaliação.

Tabela 4: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de temperatura corporal (TC) nos diferentes
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 20 38,6 AB 0,9 37,1 38,8 40,4


T1 14 38,1 BC 0,7 37 38,1 39,4
T2 20 38,2 BC 0,8 36,9 38,2 39,6
T3 20 37,9 C 0,7 36,9 37,7 39
T4 20 37,9 C 0,8 36,8 38,0 39,1
T5 20 38,1 C 0,6 37 38,1 39,6
T6 20 38,6 AB 0,5 37,9 38,6 39,6
T7 17 38,8 AB 0,4 38 38,8 39,7
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da TC para a espécie canina: 38,5 – 39,2 ˚C (Feitosa, 2004).

36
5.2.4. Pressão arterial sistólica (PAS) No T4 (24 horas pós-cirúrgico), houve uma
redução de animais com aumento da PAS (sete -
Os valores médios obtidos para a PAS nos 35%). Nos tempos T6 (10 dias pós-cirúrgico) e
diferentes tempos de avaliação (T0 - T7) estão T7 (60 dias pós-cirúrgico) foi observado um
representados na Tabela 5. Em uma análise elevado número de animais com aumento da
descritiva geral, as médias dos valores de PAS PAS (45% e 29,4% respectivamente) (Figura 5),
mostraram-se discretamente elevadas no T1 provavelmente pelo fato dos animais estarem
(152,0±31,1) e T3 (156,5±35,3). Embora não estressados e agitados devido o retorno ao
tenha havido diferença entre os valores médios Hospital veterinário e a manipulação dos
nos diferentes tempos de avaliação, na avaliação mesmos.
individual foi observado predomínio de animais
apresentando hipertensão, variando de acordo Ainda foi observada a presença de apenas um
com os diferentes tempos de avaliação (Tabela animal com hipotensão nos tempos T4, T5 e T6.
17). Foi observado aumento da PAS em oito
animais (40%) nos tempos T0, T2 e T5 e cinco Em um estudo realizado por Conti-patara (2009),
animais (35,7%) no T1. Houve um maior número com avaliação de animais com piometra, sepse
de animais apresentando aumento da PAS no T3 grave e choque séptico, foram observados
(11 animais – 55%) e isso possivelmente hipotensão em 46% dos animais. Embora o
ocorreu pela presença de dor, decorrente mesmo não tenha sido observado no presente
do procedimento cirúrgico. Segundo Fantoni estudo, vale ressaltar que a presença de sepse
e Mastrocinque (2002), a dor causa várias grave e choque séptico agravam o quadro de
interferências nos eixos neuroendócrinos animais com piometra, e assim, a hipotensão
com aumento nos níveis de aldosterona, pode estar associada a um pior prognóstico
cortisol e catecolaminas, levando à retenção nestes animais.
de sódio e desequilíbrio hidroeletrolítico,
causando hiperglicemia e promovendo alterações
cardíacas, que poderiam refletir no aumento da
PAS.

Tabela 5: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de pressão arterial sistólica (PAS) nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 145,1 A 32,4 101 138,5 209
T1 14 152,0 A 31,1 120 137 227
T2 20 146,5 A 28,9 104 145,5 213
T3 20 156,5 A 35,3 91 155,5 223
T4 20 137,7 A 23,9 77 142 174
T5 20 142,0 A 31,9 76 141,5 210
T6 20 139,25 A 28,62 79 136 182
T7 17 139,53 A 23,75 97 134 174
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da PAS para a espécie canina: 90 – 150 mmHg (Brown et al., 2007).

5.2.5. Desidratação todos os animais. Na avaliação individual, 14


animais (70%) apresentaram-se desidratados no
Com relação à desidratação, em uma análise T0 (momento do diagnóstico) (Figura 3), e
descritiva geral, foi observada diferença entre o destes, de acordo com os parâmetros clínicos
T0 e os demais tempos de avaliação (T1 – T7), o utilizados na classificação do grau de
que era esperado uma vez que a terapia de desidratação descritos no quadro 4 do material e
reposição hídrica foi instituída nos animais métodos, 13 animais (93%) apresentavam
desidratados, e a de manutenção hídrica, em desidratação leve e apenas um animal (7%),

37
desidratação moderada, como é possível observar Assim como foi realizado no presente estudo,
na figura 4. Nos tempos subsequentes, todos os Willard (2006) e DiBartola e Bateman (2012),
animais permaneceram hidratados e em afirmam que a desidratação é uma alteração
fluidoterapia até a alta hospitalar, que ocorreu 48 muito comum em cadelas com piometra e deve
horas após a cirurgia (T5). Observações ser tratada por meio da reposição do déficit
semelhantes foram relatadas por Albuquerque estimado de fluidos, e para isso é necessário
(2010) ao avaliar 170 cadelas com piometra primeiramente estimar o grau de desidratação,
(desidratação em 47,1% animais, sendo que, baseando-se nos sinais clínicos e laboratoriais
71,3% apresentavam desidratação leve, 23,7% apresentados.
moderada e apenas 5%, grave). Segundo
Verstegen et al., (2008), a desidratação é um Em todas as literaturas referentes à piometra, a
sinal clínico comum em cadelas com piometra, e fluidoterapia é relatada como parte do tratamento
pode estar presente principalmente em casos de suporte destes animais, uma vez que
mais graves da doença. distúrbios hídricos, eletrolíticos e de ácido-base
podem ocorrer (Mastrocinque, 2002; Feldman,
2004; Johnson, 2006; Stone, 2007).

Figura 3: Frequência relativa de animais com desidratação ao longo dos tempos de avaliação, em 20
cadelas com piometra.

Figura 4: Frequência relativa de animais em relação ao grau de desidratação apresentado no momento do


diagnóstico (T0).

38
5.2.6. Distensão abdominal considerada absolutamente anormal (Feldman,
2004). Neste estudo, o número de cadelas com
Com relação à distensão abdominal, foi piometra fechada (25%) foi inferior ao número
observada diferença nos tempos de avaliação T0, de animais apresentando distensão abdominal
T1 e T2 em relação aos demais (T3 – T7). Essa (90%) e isso pode ter ocorrido pela presença de
diferença já era esperada, uma vez que após o animais com piometra aberta que também
T3, os animais já haviam sido submetidos à apresentavam aumento uterino observado
ovariohisterectomia e o útero era o principal durante a cirurgia, causando distensão
órgão causador da distensão. Em uma análise abdominal. Esta pode ocorrer ainda por
descritiva geral, 18 animais (90%) apresentavam influencia do tamanho e peso do animal, além do
distensão abdominal. grau de relaxamento abdominal, causando uma
impressão falsa de distensão abdominal
A distensão abdominal em cadelas com piometra (Feldman, 2004). Albuquerque (2010) ao avaliar
é um achado comum e é decorrente do aumento 170 cadelas com piometra observou, assim como
uterino devido ao acúmulo de secreção e a no presente estudo, que 58,8% dos animais
palpação do útero quando não gestante é apresentavam distensão abdominal à palpação.

Tabela 6: Frequência absoluta e relativa de alterações do exame físico nos diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Taquicardia Taquipneia Hipertermia Hipotermia Aumento PAS
Tempo FA FR(%) FA FR(%) FA FR(%) FA FR(%) FA FR(%)
T0 4 20 13 65 4 20 3 15 8 40
T1 2 14,3 6 42,9 1 7,1 3 21,4 5 35,7
T2 2 10 11 55 4 20 4 20 8 40
T3 0 0 6 30 0 0 5 25 11 55
T4 1 5 4 20 0 0 6 30 7 35
T5 2 10 7 35 2 10 3 15 8 40
T6 2 10 13 65 4 20 0 0 9 45
T7 0 0 16 94,1 2 11,7 0 0 5 29,4

Figura 5: Frequência relativa (%) de alterações no exame físico, nos diferentes tempos de avaliação em
20 cadelas com piometra.

39
5.2.7. Síndrome da resposta inflamatória Assim como no presente estudo, Fransson et al.
sistêmica (SIRS) (2007) também consideraram que a baixa
especificidade dos critérios de classificação de
A frequência absoluta e relativa de animais que SIRS pode ocorrer em outros eventos
manifestaram SIRS, nos diferentes tempos de fisiológicos, tais como dor ou ansiedade, e não
avaliação (T0-T7), estão representados na tabela necessariamente indicar uma resposta
7. Em uma análise estatística descritiva geral, inflamatória sistêmica, contribuindo para um
considerando apenas dois critérios para a aumento do número de falsos positivos, o que
classificação, foi observado que no T0, 19 dos provavelmente ocorreu em alguns momentos de
animais (95%) apresentavam SIRS. Se avaliação, no presente estudo.
considerarmos três ou mais critérios de inclusão,
o número de animais cai para 14 (70%) (Figura No T6 embora todos os animais estivessem
6). Utilizando os mesmos critérios de clinicamente saudáveis, cinco animais ainda
classificação indicados por Hauptman et al. apresentavam três ou mais critérios utilizados
(1997) e também os mesmos utilizados no para a classificação de SIRS, assim como no T7
presente estudo, Fransson et al. (2007) (Tabela 7), e isso ocorreu devido aos critérios
diagnosticaram SIRS em 57% dos animais com utilizados para a classificação de SIRS não serem
piometra. Relataram ainda que a escolha desses específicos, podendo ocorrer em diversas outras
critérios foi utilizada, devido à alta sensibilidade situações como, por exemplo, no estresse e
demonstrada (97%), em comparação a limites e agitação decorrente da ida ao hospital
parâmetros descritos por outros autores, onde a veterinário.
sensibilidade variava entre 77 a 83%. Contudo, a
especificidade dos critérios utilizados é de 64%, Hauptman et al. (1997), também consideraram
o que poderia gerar resultado falso positivo, ou que os critérios deveriam ser usados como
seja, aumento de diagnósticos de SIRS quando triagem, e que sempre o julgamento clínico
na verdade o animal não apresenta tal condição. deveria ser considerado para promover o
Então, é provável que quando se considera a diagnóstico. Relatou ainda que, em se tratando
presença de três ou mais critérios de de SIRS, é melhor errar por “superdiagnosticar”
classificação, a chance de estabelecer o a condição do que deixar de diagnosticá-la.
diagnóstico verdadeiro de SIRS pode ser maior
do que quando se utiliza apenas dois critérios Assim como no presente estudo, Albuquerque
(Hauptman et al., 1997; Hagman et al., 2009). (2010) identificou 71 cadelas (78,9%) com
piometra apresentando SIRS. Destas, nove
Em um estudo realizado por Gonçalves (2010), cadelas (5,3%) apresentavam apenas dois
onde as cadelas apresentavam piometra e SIRS, critérios de classificação, 36 cadelas (40%)
45% dos animais apresentaram pelo menos três apresentaram três critérios e 26 (28,9%),
critérios de classificação, 9% apresentaram apresentaram quatro critérios.
quatro critérios e 45% apresentaram cinco
critérios. Albuquerque (2010) ainda correlacionou os
sinais clínicos e laboratoriais de animais com e
No presente estudo, pôde-se observar um sem SIRS, e relatou um aumento no número de
aumento no número de animais com SIRS no T3, animais com SIRS apresentando azotemia (20%)
possivelmente devido ao aumento de animais e aumento de ALT e FA (28%), além do
apresentando leucocitose (100% dos animais) aumento na taxa de mortalidade destes animais,
como pode ser observado na tabela 27. Este quando comparado aos animais sem SIRS.
aumento ocorre devido a retirada cirúrgica do
útero que é um local de migração de neutrófilos Pöppl et al. (2009), embora tenham observado
(Tilley e Smith, 2003; Hedlund, 2005). Pode SIRS em cadelas com piometra, a frequência de
ainda ocorrer o aumento de outros parâmetros, animais apresentando pelo menos dois critérios
considerados critérios de classificação de SIRS, de classificação (54%) foi inferior ao do presente
como da frequência cardíaca e respiratória pela estudo, no qual foi observado uma maior
presença de dor, decorrente do procedimento incidência de animais (95%).
cirúrgico, refletindo em um falso aumento do
número de animais com SIRS.

40
Tabela 7: Frequência absoluta e relativa de animais com SIRS classificados com dois e três ou mais
critérios, nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
SIRS (2) SIRS (3)
Tempo N FA FR (%) FA FR (%)
T0 20 19 95 14 60
T1 14 11 78,5 6 42,8
T2 20 18 90 11 80
T3 20 18 90 13 85
T4 20 16 80 12 60
T5 20 18 90 13 75
T6 20 15 75 5 25
T7 17 11 64,7 5 29,4

Figura 6: Frequência relativa de animais com SIRS classificados com dois (2) e três ou mais (3) critérios,
nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

5.3. Avaliação hematológica Os valores médios obtidos para o hematócrito


nos diferentes tempos de avaliação (T0- T7)
A avaliação laboratorial é muito importante em estão representados na tabela 8. Em uma análise
pacientes com piometra e se faz necessária para descritiva geral, as médias dos valores dos
auxiliar tanto no diagnóstico como na detecção hematócritos em quase todos os tempos de
de anormalidades metabólicas associadas à avaliação (T0 ao T6) estavam abaixo do normal,
sepse, além de avaliações de órgãos como rins e caracterizando anemia, com exceção do T7, no
fígado (Johnson, 2006). qual o valor médio (44±5) se encontrava dentro
dos valores normais para a espécie canina. Em
5.3.1. Eritrograma: uma avaliação individual, foi observado que 12
5.3.1.1. Hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb) e animais (60%) (Figura 7) apresentavam anemia
Hemácias (He) no T0, e destes, em quatro animais (33,4%)
foram classificados com anemia discreta e em
As comparações estatísticas para hematócrito, oito animais (66,6%), com anemia moderada
hemoglobina e hemácias foram semelhantes, o (Figura 8).
que era esperado, devido à correlação positiva
entre essas variáveis. No T0, o valor médio do hematócrito estava mais
alto, quando comparado ao T1 e T2, devido à

41
hemoconcentração, decorrente da desidratação Ainda foi observada diferença no T0 (33±8), em
que alguns animais apresentavam, e por isso, no relação ao T4 (26±7) e T5 (26±7), que foram os
momento que antecedeu a cirurgia (T2), pôde-se tempos com as menores médias de hematócrito.
observar um aumento no número de animais
anêmicos, além de uma piora na intensidade da Assim como foi observado nos valores do
anemia, apresentando um predomínio de animais hematócrito, somente o T7 apresentou valor
com anemia moderada devido ao efeito diluidor médio de hemoglobina (Tabela 9) e de hemácias
decorrente da reposição e/ou manutenção hídrica (Tabela 10) dentro dos valores normais para a
(Tabela 8). Dos 18 animais (90%) que espécie canina. Quando comparado o T7 com os
apresentavam anemia neste momento, sete demais tempos de avaliação (T0 – T6), também
(38,9%) apresentavam anemia discreta, oito foi observada diferença, pois, naquele tempo os
(44,4%) anemia moderada e três (16,7%) anemia valores médios de hemoglobina e das hemácias
grave (Figura 8). estavam normais. Ainda foi observada diferença
na hemoglobina no T0 (9,7±2,3) em relação ao
O valor médio do hematócrito continuou T4 (8,0±2,0) e T5 (7,8±2,2) e também nas
diminuindo após a cirurgia até o T5, como é hemácias no T0 (4,5±1,3) em relação ao T4
possível observar na tabela 8. Embora a (3,6±1,1) e T5 (3,6±1,1), devido estes tempos
frequência de animais anêmicos continuasse a apresentarem as menores médias, como é
mesma (90%), houve uma piora na intensidade descrito nas tabelas 9 e 10, respectivamente.
da anemia no T5, apresentando cinco animais Desta forma, Jackson (2007) descreveu a anemia
(27,8%) com anemia discreta, nove animais como uma diminuição absoluta no volume de
(50%) com anemia moderada, e quatro animais hemácias, hemoglobina e hematócrito em relação
com anemia grave (22,2%) (Tabela 14). A aos valores de referência, o que foi demonstrado
anemia possivelmente ocorreu devido ao quadro neste estudo. A anemia, assim como no presente
de sepse e toxemia, levando à supressão da estudo, foi demonstrada em vários outros
eritropoiese na medula óssea. Esta alteração trabalhos. Qazi Mudasir et al. (2011)
também foi justificada por Fransson e Ragle comparando o hemograma de cadelas com
(2003), Feldman (2004), Johnson (2006), Pretzer piometra com animais clinicamente hígidos,
(2008) e Verstegen et al. (2008). Além disso, observaram que os valores do Ht e de Hb nos
Mastrocinque (2002) e Hagman et al. (2009) animais com piometra eram menores quando
relataram que a viabilidade eritrocitária fica comparados com o grupo controle, alteração esta
diminuída devido ao efeito das toxinas, além da também observada no presente estudo. Qazi
ocorrência de perda de eritrócitos para o lúmen Mudasir et al. (2011) justificaram ainda, que a
uterino, o que também contribuiu para o redução ocorreu devido à perda de eritrócitos
desenvolvimento de anemia nos animais neste para o lúmen uterino associado à depressão
estudo. Hedlund (2005) também relatou que as tóxica da medula óssea.
perdas sanguíneas decorrentes da cirurgia
contribuem para a piora da anemia. Por todas A anemia observada no presente estudo também
estas razões, é possível observar uma diminuição foi evidenciada por Maddens et al. (2011) em
do hematócrito mesmo após o início do 64% dos animais com piometra. Albuquerque
tratamento e remoção cirúrgica do útero (2010) também observou anemia em 51,2% das
contaminado (tabela 8). Além disso, segundo cadelas. Gonçalves (2010) comparando os
Trall (2007), animais anêmicos necessitam de parâmetros laboratoriais de animais com
aproximadamente duas semanas para que o piometra e animais clinicamente hígidos,
hematócrito retorne ao normal, e dessa forma observou diferença estatística em relação ao Ht,
pode-se justificar a presença de animais Hb, He e CHCM, não havendo diferença apenas
anêmicos no T6, referente a dez dias após a no VCM. Verificou ainda anemia em 45% dos
cirurgia. animais. Evangelista (2009) avaliando os
resultados laboratoriais de cadelas com piometra
Houve diferença entre o T7 e os demais tempos antes e após a ovariohisterectomia observou
(T0 – T6), pois naquele tempo, o valor médio do anemia em 55% dos animais no pré-cirúrgico e
hematócrito estava dentro do normal para a em 65% no pós-cirúrgico, justificando a
espécie canina enquanto nos demais tempos diferença devido à perda sanguínea decorrente da
apresentava-se diminuído. cirurgia.

42
Tabela 8: Valores médios e seus respectivos desvios padrão do hematócrito (Ht) nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 33 B 8 20 34 49
T1 14 28 BC 8 16 26 43
T2 20 28 BC 7 15 28 43
T3 20 28 BC 8 14 27 43
T4 20 26 C 7 16 26 38
T5 20 26 C 7 13 26 41
T6 20 30 BC 6 21 31 44
T7 17 44 A 5 35 46 53
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do Ht para a espécie canina: 37 – 55% (Messick, 2010).

Tabela 9: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de hemoglobina (Hb) nos diferentes tempos
de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 9,7 B 2,3 5,8 10,4 13,9
T1 14 8,2 BC 2,3 5,1 8,3 12,4
T2 20 8,6 BC 2,1 5,1 8,8 12
T3 20 8,3 BC 2,2 4,5 8,3 12,4
T4 20 8,0 C 2,0 4,5 8,0 11,4
T5 20 7,8 C 2,2 4 8,1 11,7
T6 20 8,5 BC 1,9 5 8,6 12,5
T7 17 13,8 A 2,6 9,4 14,7 18,2
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do Hb para a espécie canina: 12 - 18 g/dL (Messick, 2010).

Tabela 10: Valores médios e seus respectivos desvios padrão da quantidade de hemácias (He) nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 4,5 B 1,3 2,7 4,5 6,8
T1 14 3,8 BC 1,0 2,4 3,6 5,7
T2 20 3,9 BC 1,0 2,4 3,6 6,1
T3 20 3,8 BC 1,2 1,9 3,6 6,9
T4 20 3,6 C 1,1 1,9 3,6 6,3
T5 20 3,6 C 1,1 1,7 3,6 6,1
T6 20 3,9 BC 1,0 1,9 3,6 6,3
T7 17 6,1 A 1,1 4,2 6,3 8,3
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do He para a espécie canina: 5,5 – 8,5 × 10 6 / cel/μ L (Messick, 2010).

5.3.1.2- Volume corpuscular médio (VCM) anemia quanto ao tamanho das hemácias. A
liberação precoce de hemácias imaturas é uma
Os valores médios do volume corpuscular médio resposta normal da medula óssea decorrente de
nos diferentes tempos de avaliação (T0 –T7) uma maior síntese de eritropoietina pelo tecido
estão representados na tabela 11. Em uma análise renal, induzida pela hipóxia e como as hemácias
descritiva geral, pôde-se observar que somente imaturas apresentam um maior volume em
no T6 o valor médio se apresentou maior do que relação à hemácia madura, pode ocorrer
o normal para a espécie canina, caracterizando alteração no VCM (Trall, 2007). Com isso, o fato
macrocitose. Segundo Trall (2007), a anemia de, no T6, os animais apresentarem macrocitose
pode ser classificada de várias formas. O VCM é está diretamente relacionado com o período de
uma medida calculada que se baseia no valor de recuperação dos animais após a cirurgia, quando
Ht e He, e é utilizado para a classificação da os efeitos da endotoxemia já não estão presentes

43
e com isso, a presença de células mais jovens, T4, T5, T7), o que era esperado devido à resposta
pode indicar uma resposta medular frente à medular. No T7, o valor médio do VCM voltou a
anemia (Trall, 2007; Stockham e Scott, 2011). ficar dentro dos valores de referência como é
Este resultado é compatível com o descrito na demonstrado na tabela 11, uma vez que os
tabela 8, no qual é possível observar um aumento valores médios do hematócrito, da hemoglobina
do valor médio do hematócrito no T6. Foi e das hemácias estavam normais, não havendo
observada diferença do VCM no T6 em relação estímulo à eritropoiese.
aos demais tempos de avaliação (T0, T1, T2, T3,

Tabela 11: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de volume corpuscular médio (VCM) nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 72 B 7 58 72 85
T1 14 72 B 5 61 73 81
T2 20 72 B 7 60 73 91
T3 20 73 B 8 55 73 91
T4 20 74 AB 6 58 75 86
T5 20 73 B 6 60 74 88
T6 20 80 A 12 60 79 114
T7 17 72 B 5 59 74 82
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do VCM para a espécie canina: 60 – 77 fL (Messick, 2010).

5.3.1.3. Concentração de hemoglobina apresentavam uma anemia de caráter


corpuscular média (CHCM) arregenerativo. Esta redução do CHCM ao longo
dos tempos pode ser justificada devido à
Os valores médios obtidos para o CHCM nos deficiência de ferro que pode ocorrer em doenças
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão inflamatórias e infecciosas crônicas, como a
representados na tabela 12. Em uma análise piometra, no qual a transferência de ferro dos
descritiva geral, as médias dos valores do CHCM estoques para o plasma e também a sua captação
se mantiveram abaixo do normal em todos os é prejudicada (Bush, 2004).
tempos, porém, pôde-se observar no T6, uma
diminuição ainda maior, que, associado com o Vários estudos avaliando cadelas com piometra
aumento do VCM no mesmo tempo (T6), relataram que a anemia normocítica
permitiu a classificação da anemia como normocrômica é uma das principais alterações
macrocítica hipocrômica (Trall, 2007; Stockham presentes nestes animais, e que esta ocorre
e Scott, 2011). O CHCM, assim como o VCM, é devido à depressão tóxica da medula óssea,
uma medida calculada, baseada nos valores de associada à menor viabilidade eritrocitária pelo
Hb e Ht e reflete a quantidade de hemoglobina efeito das toxinas, além da perda de eritrócitos
presente nas hemácias. Segundo Trall (2007), a para o lúmen uterino (Mastrocinque, 2002;
redução do CHCM normalmente está associada à Fransson e Ragle, 2003; Feldman, 2004;
maior quantidade de células imaturas, que Johnson, 2006; Emanuelli, 2007; Pretzer, 2008;
apresentam menor teor de hemoglobina do que Verstegen et al., 2008; Hagman et al., 2009;
as hemácias maduras, levando a um menor valor Albuquerque, 2010). Contudo, embora tenha sido
deste, como foi observado neste estudo no T6, observado na maioria dos tempos avaliados,
indicando assim uma resposta medular frente à alterações compatíveis com os demais estudos,
anemia. como a normocitose, a hipocromia foi a principal
alteração referente aos valores do CHCM
Embora não tenha sido avaliada a contagem de observada no presente estudo, não sendo este
reticulócitos neste estudo, a hipocromia resultado compatível com os demais autores.
observada ao longo dos tempos de avaliação (T0 Além disso, considerando a literatura consultada,
– T5), juntamente com a avaliação dos valores não foi encontrado nenhum estudo que utilizasse
médios do Ht, Hb e He, e também do VCM e do a mesma metodologia de avaliações, em relação
RDW, sugerem que os animais nestes tempos à quantidade, frequência e intervalos de tempo, o

44
que impossibilitou a comparação dos diversos Assim como no VCM, foi observada diferença
parâmetros avaliados em determinados tempos, do CHCM no T6 em relação aos demais tempos
como por exemplo, no T6, que foi observado de avaliação (T0, T1, T2, T3, T4, T5, T7) devido
neste estudo, uma anemia macrocítica este tempo ter apresentado menor valor médio
hipocrômica, resultado este que não foi relatado (27,6±1,9).
por outros autores.

Tabela 12: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de CHCM nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 30,1 A 2,0 26,8 30 34,3
T1 14 29,6 A 2,5 27,2 29,1 36,9
T2 20 30,6 A 3,0 27,5 29,9 38,7
T3 20 30,7 A 3,5 26,8 29,6 42,9
T4 20 30,2 A 1,8 26,5 30,2 32,6
T5 20 29,9 A 2,6 23,3 30,3 34,3
T6 20 27,6 B 1,9 22,7 27,8 31,9
T7 17 31,0 A 2,6 26,8 31,4 35
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do CHCM para a espécie canina: 32 – 36% (Messick, 2010).

5.3.1.4. RDW - Amplitude da variação dos houve diferença do RDW no T6 em relação aos
eritrócitos (red blood cell distribution width). demais tempos de avaliação (T0, T1, T2, T3, T4,
T5, T7), devido à média neste tempo estar
Os valores médios obtidos para o RDW nos aumentada (13,9±1,2) em relação às demais.
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão
representados na tabela 24. Em uma análise O RDW é um índice que avalia a diferença de
descritiva geral, as médias dos valores do RDW tamanho entre os eritrócitos individualmente, e é
mantiveram- se dentro da normalidade em todos um valor que reflete a quantidade de variação
os tempos, contudo, em uma avaliação nos volumes eritrocitários. Assim, pode-se dizer
individual, foram observados no T6, cinco que o aumento do número de animais com
animais (25%) apresentando valores aumentados, elevação do RDW no T6, indica anisocitose
o que associado ao VCM e ao CHCM neste aumentada (Trall, 2007; Stockham e Scott,
tempo, sugere uma resposta medular à anemia. 2011), decorrente da resposta medular frente à
Assim como foi observado no VCM e CHCM, anemia.

Tabela 13: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de RDW nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 12,8 A 0,5 11,7 12,8 13,9
T1 14 12,8 A 0,4 12,4 12,75 13,9
T2 20 12,8 A 0,5 11,9 12,7 13,9
T3 20 12,8 A 0,5 11,9 12,8 13,9
T4 20 12,8 A 0,6 11,7 12,7 14,2
T5 18 12,9 A 0,4 12 12,85 13,8
T6 20 13,9 B 1,2 12 13,9 16,6
T7 17 13,1 A 0,6 12,4 13,2 14,2
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do RDW para a espécie canina: 10 - 15% (Messick, 2010).

45
Tabela 14: Frequência absoluta e relativa (%) da anemia e sua gravidade em diferentes tempos de
avaliação.
Gravidade
Tempo N Anemia Discreta Moderada Grave
T0 20 12 (60%) 4 (33,3%) 8 (66,7%) --
T1 14 11 (78,6%) 2 (18,2%) 7 (63,6%) 2 (18,2%)
T2 20 18 (90%) 7 (38,9%) 8 (44,4%) 3 (16,5%)
T3 20 16 (80%) 5 (31,3%) 8 (50%) 3 (18,7%)
T4 20 18 (90%) 6 (33,4%) 8 (44,4%) 4 (22,2%)
T5 20 18 (90%) 5 (27,9%) 9 (50%) 4 (22,3%)
T6 20 16 (80%) 7 (43,8%) 9 (56,2%) --
T7 17 3 (17,6%) 3 (100%) -- --

Figura 7: Frequência relativa de animais com anemia nos diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas
com piometra.

Figura 8: Frequência absoluta referente à classificação da anemia nos diferentes tempos de avaliação.

46
5.3.1.5. Observações morfológicas do relação ao número de animais que apresentaram
eritrograma esta alteração (Tabela 26). Foi observado um
animal no T0 (5%), no T1 (7,1%) e no T5 (5%).
A frequência absoluta e relativa das observações Também foi observado no T3 e T4, sendo dois
morfológicas do eritrograma nos diferentes animais (10%) apresentando esta alteração.
tempos de avaliação (T0 – T7) estão descritas na Ainda foi observado corpúsculos de Howel-Jolly
tabela 15. Em uma análise descritiva geral, foi em sete animais (35%) no T6 e três animais
observada a presença de Rouleaux, em quase (17,6%) no T7, como é possível observar na
todos os tempos de avaliação, com exceção do figura 9. O corpúsculo de Howel-Jolly é um
T6. Na avaliação individual foi observado apenas resquício de núcleo que permaneceu livre no
um animal com rouleaux no T1 (7,1%), no T2 citoplasma do eritrócito e geralmente ocorre
(5%), no T3 (5%), no T4 (5%) e no T7 (5,8%). quando existe uma eritropoiese aumentada, como
No T0 e T5, foram observados dois animais com foi observado no T6, no qual 35% dos animais
rouleaux (10%), como é possível observar na apresentaram tal alteração (Bush, 2004; Trall,
figura 9. Segundo Bush, (2004), Trall (2007) e 2007; Stockham e Scott, 2011). Este resultado,
Stockham e Scott (2011), o rouleaux é um também foi compatível com os achados do
agregado linear de eritrócitos semelhante eritrograma no mesmo momento de avaliação
a uma “pilha de moedas”. A presença desta (T6) (aumento do VCM e RDW, e diminuição do
formação é característica de hiperproteinemia CHCM), resultando no aumento do Ht, Hb e He.
(hiperglobulinemia), o que pôde ser observado (Tabela 8, 9 e 10, respectivamente).
no presente estudo na avaliação bioquímica
(Tabela 31), e esta alteração pode ser evidente A anisocitose foi observada em todos os tempos
em doenças inflamatórias, como no caso da de avaliação nos quais as cadelas apresentavam-
piometra. se anêmicas (T0 ao T6), variando ao longo dos
tempos em relação ao número de animais com
Ainda foi observada a presença de esta alteração (Tabela 15). No T0, T2 e T4, três
metarrubrícitos em todos os momentos de animais (15%) apresentaram anisocitose. Foram
avaliação (T0 – T7), variando o número de ainda observados dois animais com esta alteração
animais que apresentavam esta alteração (Tabela no T1 (14,2%) e no T3 (10%). Ainda evidenciou-
15). No T0 e T5, seis animais (30%) se quatro animais (20%) no T5 e no T6 com esta
apresentaram esta alteração. Foram observados alteração (Figura 9). A anisocitose representa a
ainda, cinco animais apresentando variação no volume de eritrócitos e normalmente
metarrubrícitos no T1 (35,7%), no T2 (25%) e no está associada à macrocitose, indicando resposta
T4 (25%). No T4, oito animais (40%), no T6, 11 regenerativa à anemia (Bush, 2004; Trall, 2007;
animais (55%) e no T7, apenas dois animais Stockham e Scott, 2011). O T7 não apresentou
(11,7%) também apresentaram metarrubrícitos anisocitose, o que era esperado, pois os animais
no hemograma, como é possível observar na não estavam anêmicos neste tempo.
figura 9. Os metarrubrícitos são eritrócitos
jovens lançados na corrente sanguínea em A policromasia, assim como a anisocitose foi
resposta a uma anemia. No T6 foi observado um observada em todos os tempos de avaliação que
aumento na ocorrência destas células (55%) que, apresentavam animais anêmicos (T0 a T6),
associado com o VCM (Tabela 11), o CHCM variando ao longo dos tempos em relação à
(Tabela 12) e o RDW (Tabela 13) no mesmo quantidade de animais com policromasia (Tabela
momento de avaliação (T6), expressa uma 15). No T0, apenas um animal (5%) apresentou
resposta medular, frente à anemia. (Bush, 2004; policromasia, enquanto dois animais foram
Trall, 2007; Stockham e Scott, 2011), achado observados no T1 (14,2%) e no T3 (10%). No
este compatível com aumento do Ht, observado T2, T4 e T6, três animais (15%) também
na tabela 8. apresentaram policromasia, e no T5, foram
observados quatro animais (20%), como é
Outra alteração observada no hemograma foi à possível observar na figura 9. A policromasia
presença de corpúsculo de Howel-Jolly, representa a alteração na coloração dos
ocorrendo em quase todos os momentos de eritrócitos, decorrentes da quantidade de
avaliação (com exceção do T2) e variando ao hemoglobina contida neles. Eritrócitos mais
longo dos tempos de avaliação (T0 – T7), em jovens apresentam menor quantidade de

47
hemoblobina, assim, em uma resposta medular à Em um estudo realizado por Albuquerque (2010)
anemia, a medula óssea apresenta uma que avaliou 170 cadelas com piometra, a
eritropoiese aumentada caracterizada pela anisocitose foi a característica mais observada
liberação de células jovens na corrente sanguínea nos esfregaços sanguíneos e houveram
(Trall, 2007; Stockham e Scott, 2011). observações esporádicas de policromasia e raras
hemácias em rouleaux, achados também
observados no presente estudo.

Tabela 15: Frequência absoluta e relativa das observações morfológicas encontradas nos eritrograma nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempos T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
N 20 14 20 20 20 20 20 17
Rouleaux 2 1 1 1 1 2 --- 1
(10%) (7,1%) (5%) (5%) (5%) (10%) (5,8%)

Metarrubrícitos 6 5 5 8 5 6 11 2
(30%) (35,7%) (25%) (40%) (25%) (30%) (55%) (11,7%)

Corp. Howel- 1 1 --- 2 2 1 7 3


Jolly (5%) (7,1%) (10%) (10%) (5%) (35%) (17,6%)

Anisocitose 3 2 3 2 3 4 4 ---
(15%) (14,2%) (15%) (10%) (15%) (20%) (20%)

Policromasia 1 2 3 2 3 4 3 ---
(5%) (14,2%) (15%) (10%) (15%) (20%) (15%)

Figura 9: Frequência relativa (%) de observações morfológicas encontradas no eritrograma nos diferentes
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

48
5.3.2- Leucograma e plaquetas observado neste estudo, que, após a cirurgia,
houve um aumento na intensidade da leucocitose
5.3.2.1- Leucócitos totais e também do número de animais com esta
alteração (Tabela 16).
Os valores médios obtidos para os leucócitos
totais nos diferentes tempos de avaliação (T0- Objetivando avaliar o sistema imune de cadelas
T7) estão representados na tabela 16. Em uma com piometra, Faldyna et al. (2001), observaram
análise descritiva geral, as médias dos valores que a leucocitose foi a alteração mais acentuada
dos leucócitos totais foram superiores aos valores nestes animais. Bartoskova et al. (2007)
de referência em quase todos os tempos de evidenciaram 53,8% de animais com leucocitose,
avaliação (T0 ao T5), com exceção do T6 e T7. 15,4% com leucopenia e 30,8% com leucócitos
Em uma avaliação individual, no momento do dentro dos valores normais. Relataram ainda que
diagnóstico (T0), 19 animais apresentaram após sete dias, os animais não apresentavam mais
leucocitose (95%). Assim como no presente qualquer alteração.
estudo, Pretzer (2008) relatou a leucocitose como
um achado muito comum em cadelas com No estudo realizado por Mira (2010),
piometra. Este aumento no número de leucócitos assim como neste estudo no momento inicial
pode auxiliar no diagnóstico de piometra, (T0), observou 75% dos animais com
embora não possa ser considerado um achado leucocitose. Albuquerque (2010) também
patognomônico, uma vez que contagens normais observou uma frequência semelhante (71,8%),
ou até mesmo diminuídas também podem ocorrer contudo, também encontrou leucopenia em 4,7%
(Feldman, 2004). No presente estudo, nenhum dos animais.
animal apresentou leucopenia e apenas um
animal apresentou contagem de leucócitos A leucocitose ocorre principalmente em
normal no momento inicial (T0), embora, ao decorrência do quadro inflamatório/infeccioso
longo do estudo (a partir do T3), o mesmo que se instala nestes animais, associado a um
animal passou a apresentar leucocitose. Um conjunto de mediadores químicos que modulam
grande número de animais apresentando vários eventos, levando à migração dos
leucocitose também foi observado por Gonçalves leucócitos do compartimento marginal para o
(2010), sendo que 81% dos animais sítio de inflamação. Citocinas inflamatórias
apresentaram tal alteração e 18% apresentaram também são liberadas e atuam na medula óssea,
leucopenia. Foi ainda observada diferença aumentando a liberação de neutrófilos maduros e
estatística entre animais com piometra e também estimulando a produção. Assim, ocorre a
clinicamente hígidos, em relação aos leucócitos ativação de um ciclo completo havendo
totais. consumo, produção e liberação de leucócitos
visando a resolução da afecção. Este equilíbrio
Martins (2007), ao estudar 119 cadelas com entre o consumo e a liberação pela medula óssea
piometra, observou uma menor frequência de é influenciado pela grande reserva e capacidade
animais com leucocitose (57,14%) em relação ao de produção da espécie canina e, dessa forma, é
presente estudo. Emanuelli (2007) demonstrou possível observar respostas leucemoides de
diferença estatística nos leucócitos totais em grandes magnitudes em cadelas com piometra
cadelas com piometra infectadas por E. coli em (Trall, 2007; Weiss e Wardrop, 2010). O valor
relação a animais hígidos, sendo que não foi médio dos leucócitos no T0 (50130±42369)
observada presença de leucopenia, mas três se apresentou maior e houve uma redução
animais apresentavam leucócitos normais, o que nos valores em T1 (46635±47360) e T2
foi compatível com o observado no presente (44918±38759), devido ao efeito diluidor
estudo. decorrente da fluidoterapia. Contudo, houve
aumento no valor médio no T3, 12 horas após a
Em outro estudo, Evangelista (2007) obteve cirurgia (58075±27579), continuando a aumentar
predomínio de animais com leucocitose, assim até o T4, 24 horas após a cirurgia
como ocorreu no presente trabalho. Contudo, em (64605±40264). Este aumento da leucocitose
sua avaliação pós-cirúrgica, embora os animais após a cirurgia pode ser justificado devido à
ainda apresentassem leucocitose, houve uma remoção cirúrgica do útero contaminado, local
diminuição destes valores, o que não foi

49
que antes, era sítio de migração de leucócitos leucocitose. Esta diminuição da leucocitose
(Tilley e Smith, 2003; Hedlung, 2005). ocorreu em razão da remoção do útero
contaminado associado à resposta do tratamento
Na avaliação individual, foram observados de suporte.
no T3, T4 e T5, que todos os animais
(100%) passaram a apresentar leucocitose. Houve diferença do T7 em relação aos demais
Contudo, a partir do T5, embora 100% dos tempos de avaliação (T0 – T6) e também do T6,
animais ainda apresentassem leucocitose, houve em relação aos demais tempos de avaliação (T0,
uma diminuição da magnitude desta, o que T1, T2, T3, T4, T5 e T7), devido estes (T6 e T7)
refletiu em uma diminuição do valor médio neste apresentarem as menores médias, em relação aos
tempo, que pode ser observado na tabela 27. No demais tempos. Foi observado ainda, diferença
T6, embora as médias dos leucócitos estivessem entre o T4 que apresentou o valor médio maior,
normais, 25% dos animais ainda apresentavam em relação ao T1 e T2.

Tabela 16: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de leucócitos totais nos diferentes tempos
de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 20 50130 ABC 42369 9500 38550 200000


T1 14 46635 C 47360 6500 26600 189000
T2 20 44918 BC 38759 7160 32650 189600
T3 20 58075 AB 27579 25500 56100 123000
T4 20 64605 A 40264 26000 52800 184000
T5 20 57334 ABC 40837 17300 46250 180800
T6 20 14962 D 4660 6690 15250 22600
T7 17 9839 E 3957 5140 9410 20600
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência dos Leucócitos totais para a espécie canina: 6000 – 17000 cel/μ L (Messick, 2010).

5.3.2.2- Neutrófilos segmentados provavelmente ocorreu devido a retirada


cirúrgica do útero, sítio de migração dos
Os valores médios obtidos para os neutrófilos neutrófilos (Tilley e Smith, 2003; Hedlund,
segmentados nos diferentes tempos de avaliação 2005).
(T0- T7) estão representados na tabela 17. Em
uma análise descritiva geral, as médias dos No T6, embora os valores médios já se
valores dos neutrófilos segmentados, assim como encontrassem dentro do normal, foi observada
dos leucócitos totais (tabela 27), estavam ainda a presença de neutrofilia em 50% dos
aumentadas em quase todos os tempos, com animais.
exceção do T6 e T7, onde aproximadamente 70%
dos leucócitos totais eram neutrófilos Assim como nos leucócitos totais, também foi
segmentados, o que permitiu a classificação de observada diferença no T7 em relação aos
uma leucocitose por neutrofilia. Em uma demais tempos de avaliação (T0 – T6) e no T6,
avaliação individual, pôde-se observar um em relação aos demais tempos de avaliação (T0,
aumento significativo de neutrófilos entre T0 e T1, T2, T3, T4, T5, T7), devido estes já
T5 (anexo 4). Houve um aumento nos valores apresentarem os valores médios dentro da
médios dos neutrófilos segmentados 12 horas normalidade. Ainda houve diferença entre T3 e
após a cirurgia (T3) (46233±21190), e se T4, devido estes apresentarem neutrofilia mais
intensificou no T4 (51106±32105) tempo intensa, em relação ao T0, T1 e T2, além dos
referente à 24 horas após a cirurgia, resultado acima citados (T6 e T7). Em vários estudos,
também observado nos valores médios dos foram evidenciados achados compatíveis
leucócitos totais (Tabela 27), o que com os descritos no presente trabalho. Mira

50
(2010) observou que 80% dos animais com leucocitose por neutrofilia em 81,9% e 86,3%
piometra apresentavam aumento de neutrófilos dos animais, respectivamente.
segmentados. Gonçalves (2010) comparando
parâmetros laboratoriais de animais com Contudo, em estudo comparando as alterações
piometra e animais hígidos, demonstrou aumento laboratoriais de cadelas com piometra antes e
da contagem de neutrófilos segmentados em 63% após a ovariohisterectomia, Evangelista (2007)
dos animais com piometra. Ainda foi observado observou uma redução no valor médio de
por Emanuelli (2007) diferença estatística nos neutrófilos segmentados após a cirurgia. Esta
neutrófilos segmentados em animais com alteração não foi compatível com o observado no
piometra por E. coli, em relação a animais presente estudo, o qual apresentou um aumento
hígidos. Maddens et al. (2011), encontraram no valor médio dos neutrófilos segmentados no
leucocitose por neutrofilia em quase 60% dos T3 e T4 (12 e 24 horas pós-cirúrgico,
animais. Bartoskova et al. (2007) e Albuquerque respectivamente), como é possível observar na
(2010) observaram, em cadelas com piometra, tabela 17.

Tabela 17: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de neutrófilos segmentados nos diferentes
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 20 35102 BC 35098 5348 27975 170000


T1 14 30377 C 31723 3066 20592 128520
T2 20 31649 BC 28045 3158 21511 132720
T3 20 46233 A 21190 18360 42246 90480
T4 20 51106 A 32105 22120 43358 149040
T5 20 43943 AB 32817 13246 33297 146448
T6 20 11190 D 4390 3947 11611 18705
T7 17 7040 E 2061 3235 7686 9840
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência dos neutrófilos segmentados para a espécie canina: 3000 – 11500 cel/cel/μ L
(Messick, 2010).

5.3.2.3- Neutrófilos bastonetes piometra, decorrente da infecção e sepse. No


presente estudo pôde-se observar esta mesma
Os valores médios obtidos para os neutrófilos alteração que, associando os valores dos
bastonetes nos diferentes tempos de avaliação neutrófilos segmentados (Tabela 17) e dos
(T0- T7) estão representados na tabela 18. Em neutrófilos bastonetes (Tabela 18), foi possível
uma análise descritiva geral, as médias dos classificar a leucocitose como neutrofílica com
valores dos bastonetes, se apresentaram acima do desvio à esquerda regenerativo.
valor de referência, em quase todos os tempos
(T0 a T5), com exceção do T6 (64±84) e T7 (0), Feldman (2004) relatou ainda que se a infecção
que apresentaram valores médios normais (tabela for grave e/ou crônica, pode ocorrer um desvio a
18). Foi observada diferença nos tempos T6 e T7 esquerda degenerativo com a presença de
em relação aos demais tempos de avaliação (T0 a neutrófilos tóxicos. Contudo, neste estudo não
T5), devido naqueles tempos, os animais estarem foi observado nenhum desvio à esquerda
clinicamente hígidos e com os valores dentro da degenerativo, embora a presença de neutrófilos
normalidade. Segundo Feldman (2004) e Stone tóxicos tenha sido relativamente comum ao
(2007), a neutrofilia absoluta (geralmente acima longo dos tempos, como é demonstrado na tabela
de 25000 células/mm3) associada a graus 23. Em um estudo realizado por Gonçalves
variáveis de imaturidade celular caracteriza o (2010), no qual se comparou os parâmetros
desvio a esquerda (> 300 bastonetes/μL), e é um laboratoriais de animais com piometra em
achado comum do leucograma de animais com relação a animais clinicamente hígidos, foi

51
observado aumento da contagem de neutrófilos onde, embora o valor médio do T3 não tenha
bastonetes em 100% dos animais com piometra, demonstrado alteração (5244±5581) em relação
resultado também observado no presente aos demais tempos, ocorreu um aumento no
estudo. Emanuelli (2007) demonstrou diferença número de animais (100%) apresentando tal
estatística nos valores dos neutrófilos bastonetes alteração, como é possível observar no anexo 4.
em animais com piometra por E. coli, em relação
a animais hígidos. Contudo, Evangelista (2007) A presença de bastonetes também foi observada
comparando as alterações laboratoriais antes e por Mira (2010) em 60% dos animais com
após a cirurgia, observou uma redução no valor piometra. Albuquerque (2010) também relatou a
médio de neutrófilos bastonetes após a mesma alteração em 170 cadelas com piometra, e
ovariohisterectomia. Este resultado não foi caracterizou desvio à esquerda em 44,1% dos
compatível com o observado no presente estudo, animais.

Tabela 18: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de neutrófilos bastonetes nos diferentes
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 6001 B 5005 0 5217 16000
T1 14 6802 B 8627 0 2328 26460
T2 20 5826 B 6305 0 3505 24648
T3 20 5244 B 5581 351 3758 24600
T4 20 6058 B 5363 337 4139 16160
T5 20 5948 B 5991 0 3753 17928
T6 20 64 A 84 0 0 212
T7 17 0A 0 0 0 0
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência dos neutrófilos bastonetes para a espécie canina: 0 – 300 cel/μL (Messick, 2010).

5.3.2.4- Monócitos um animal (5%) ainda apresentava monocitose, e


os valores médios dos monócitos já se
Os valores médios obtidos para os monócitos nos encontravam dentro dos valores de referência
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão para a espécie canina (709±462). Foi observada
representados na tabela 19. Em uma análise diferença no T7 em relação aos demais tempos
descritiva geral, os valores médios dos de avaliação (T0 – T6) e no T6 em relação aos
monócitos estiveram maiores do que os valores demais tempos de avaliação (T0, T1, T2, T3, T4,
normais para a espécie canina, caracterizando T5, T7).
monocitose em quase todos os tempos de
avaliação (T0 – T5), com exceção do T6 e T7, De acordo com Bush (2004) e Trall (2007), os
que apresentaram-se dentro do normal. monócitos tendem a aumentar em inflamações e
infecções, seja ela aguda ou crônica e estes, nos
Embora a leucocitose no presente estudo tenha tecidos se transformam em macrófagos para
sido caracterizada pela neutrofilia devido à promover a fagocitose. Frequentemente, a
prevalência destas células, a monocitose também monocitose acompanha neutrofilia, embora o
contribuiu para a leucocitose, representando aumento dos monócitos não seja tão rápido
aproximadamente 8% do total de leucócitos. quanto a de neutrófilos. A monocitose não ocorre
somente em distúrbios crônicos, mas sempre que
Em uma avaliação individual foi observado que necessário, os monócitos irão fagocitar as
no T0, 15 animais (75%) apresentaram bactérias patogênicas, como no caso de infecções
monocitose. Porém ao longo dos tempos, foi bacterianas agudas que cursam com sepse,
observada uma redução no valor médio, como é bacteremia e distúrbios purulentos, como no caso
possível observar no anexo 4. No T3 e T4, 14 da piometra. Assim como foi observado no
animais (70%) ainda apresentavam monocitose e presente estudo, Verstegen et al. (2008)
no T5, esse número reduziu para oito animais relataram que a monocitose é um achado comum
(40%). Aos 10 dias após a cirurgia (T6) apenas em cadelas com piometra e esta alteração foi

52
frequentemente relatada por outros autores. No avaliação. Esta redução possivelmente ocorreu
estudo realizado por Emanuelli (2007), foi após a cirurgia devido à remoção do útero
observada diferença estatística em relação aos contaminado, e também devido ao efeito do
monócitos em animais com piometra por E. coli, tratamento instituído. Bartoskova et al. (2007),
em relação a animais clinicamente hígidos. Albuquerque (2010) e Mira (2010), ao estudar
Evangelista (2007) comparou as alterações cadelas com piometra, encontraram frequências
laboratoriais antes e após a cirurgia e observou elevadas de monocitose (90,1%, 90,6% e 65%,
uma redução no valor médio de monócitos após a respectivamente) à semelhança do encontrado no
OVH, alteração esta compatível com o presente presente estudo (75 % em T0 com redução
estudo, no qual, analisando a tabela 19 é possível gradual até a normalidade no T6, 10 dias de pós-
observar uma redução gradual dos valores cirúrgico).
médios dos monócitos, ao longo dos tempos de

Tabela 19: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de monócitos nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 4048 A 3921 528 2613 16412
T1 14 4108 A 5683 0 2838 22680
T2 20 3723 A 4078 532 2385 18960
T3 20 2644 A 2027 0 2101 7176
T4 20 2690 A 1725 318 2321 7360
T5 20 1931 A 1498 420 1201 5570
T6 20 709 B 462 139 568 1860
T7 17 367 C 193 51 282 660
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência dos monócitos para a espécie canina: 150 – 1350 cel/μ L (Messick, 2010).

5.3.2.5- Linfócitos A presença de linfocitose geralmente está


associada a processos infecciosos crônicos, como
Os valores médios obtidos para os linfócitos nos no caso da piometra, podendo ocorrer devido à
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão estimulação antigênica prolongada levando a
representados na tabela 20. Em uma análise uma hiperplasia linfoide com aumento no
descritiva geral, os valores médios dos linfócitos, número de linfócitos (Bush, 2004). Já a
nos diferentes tempos de avaliação estavam linfopenia pode estar associada às infecções
todos normais para a espécie canina. Contudo, na bacterianas maciças, como em piometras,
avaliação individual, foram observados em todos ocorrendo provavelmente, pelo quadro de sepse e
os tempos de avaliação, animais apresentando endotoxemia (Bush, 2004).
linfocitose e linfopenia. Com relação à
linfocitose, foram observados quatro animais No estudo realizado por Faldyna et al. (2001), foi
(20%) apresentando esta alteração no T0, no T4 observado linfopenia em parte dos animais com
e T5 e três animais (21,4%) no T1. Também piometra, achado este compatível com o presente
foram observados cinco animais (25%) no T2; estudo e sendo justificado pela infecção.
dois no T3 (10%) e no T7 (11,7%), e ainda um Contudo, neste estudo, a linfocitose evidenciada
(5%) no T6. A linfopenia foi observada em dois em todos os tempos de avaliação, não foi
animais no T0 (10%), T1 (14,2%), T4 (10%) e observado por Faldyna et al. (2001). Bartoskova
T6 (10%). Também foram observados cinco et al. (2007), encontraram apenas um animal
animais (25%) no T2, quatro (20%) no T3, um com linfocitose, embora sete dias após a primeira
(5%) no T5 e sete (41,1%) no T7 (Anexo 4). avaliação, os valores dos linfócitos neste animal
já estavam normais. No estudo avaliando 170
Foram observadas diferenças entre T1 (com um cadelas com piometra, Albuquerque (2010),
valor médio maior) em relação à T6 e T7. assim como no presente estudo, observou
linfopenia, ocorrendo em 42,9% das cadelas e
linfocitose em 7,1%.

53
Tabela 20: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de linfócitos nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 3731 AB 3238 172 2600 14007
T1 14 3925 A 3227 390 3638 12621
T2 20 3609 ABC 3837 234 2059 12989
T3 20 3142 ABC 2653 351 2549 11898
T4 20 3454 AB 2607 309 2565 9698
T5 20 3924 AB 2992 706 2912 12078
T6 20 1959 BC 1186 381 1657 5940
T7 17 1943 C 2475 617 1224 10712
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência dos linfócitos para a espécie canina: 1000- 4800 cel/μ L (Messick, 2010).

5.3.2.6- Eosinófilos O aumento de eosinófilos pode ser justificado em


resposta a distúrbios presença de purulentos
Os valores médios obtidos para os eosinófilos como a piometra, acompanhando a neutrofilia
nos diferentes tempos de avaliação (T0- T7) (Bush, 2004), contudo a eosinofilia é uma
estão representados na tabela 21. Em uma resposta inespecífica, podendo ocorrer em casos
análise descritiva geral, os valores médios de parasitismo, hipersensibilidade ou lesão
permaneceram dentro dos valores normais para a incomum que produz quimiotáticos aos
espécie, contudo, na avaliação individual foi eosinófilos (Trall, 2007), e assim, definir a causa
observado eosinofilia em quase todos os tempos que levou à eosinofilia nestes animais se torna
de avaliação, com exceção do T3. Foi observado complicado, uma vez que estes podem apresentar
um animal com esta alteração no T1 (7,1%), no outras alterações concomitantes à piometra.
T4 (5%), T6 (5%) e T7 (5,8%), dois animais
(10%) no T0 e T5 e três animais (15%) no T2 Assim como no presente estudo, um pequeno
(Anexo 4). Foi observada diferença de T3 que número de animais com eosinofilia também foi
apresentou o menor valor médio (141±315) em observada em outros estudos (Evangelista, 2007;
relação ao T0, T4, T5, T6 e T7 que apresentaram Albuquerque, 2010).
valores médios mais elevados.

Tabela 21: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de eosinófilos nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 530 BC 683 0 389 2400
T1 14 276 AB 537 0 0 1883
T2 20 545 ABC 913 0 185 3792
T3 20 141 A 315 0 0 1098
T4 20 578 C 531 0 519 1840
T5 20 538 BC 675 0 511 2496
T6 20 553 C 409 0 459 1630
T7 17 477 BC 432 0 408 1650
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência dos eosinófilos para a espécie canina: 100 – 1200 cel/μ L (Messick, 2010).

5.3.2.7- Plaquetas para a espécie canina em quase todos os tempos


de avaliação, exceto no T6, que apresentou
Os valores médios obtidos para as plaquetas valor médio acima dos valores normais para a
nos diferentes tempos de avaliação (T0- T7) espécie (670000±310606) caracterizando uma
estão representados na tabela 22. Em uma trombocitose. Com isso, foi observada diferença
análise descritiva geral, os valores médios entre o T6 e os demais tempos de avaliação (T0,
permaneceram dentro dos valores de referência T1, T2, T3, T4, T5, T7). Contudo, na avaliação

54
individual, a trombocitopenia foi a alteração No T6 (10 dias de pós-cirúrgico), não
mais observada, ocorrendo em quase todos os foi observado nenhum animal apresentando
tempos de avaliação, com exceção do T6. Esta trombocitopenia, contudo, a trombocitose foi
alteração foi observada em seis animais (30%) frequente, sendo observada em 14 cadelas (70%).
no T0, dois (14,3%) no T1 e em oito animais Esta alteração provavelmente ocorreu devido a
(40%) no T2, sendo este aumento do T0 ao T2 uma resposta reacional à trombocitopenia, que
decorrente do possível efeito diluidor causado pode estimular trombopoiese suficiente para que
pela reposição hídrica e/ou manutenção hídrica. a produção de plaquetas exceda o consumo
A presença de trombocitopenia continuou e as concentrações sanguíneas, ultrapassando
variando ao longo dos tempos, apresentando sete transitoriamente o limite superior de referência
animais (35%) no T3, seis (30%) no T4, nove durante a recuperação (Stockham e Scott, 2011).
animais (45%) no T5 e três (17,6%) no T7 Além disso, a endotoxemia, causando aumento
(Anexo 4). do consumo e destruição plaquetária, e também
levando à diminuição da produção, não estava
A trombocitopenia pode ocorrer em casos de mais presente neste momento de avaliação,
infecções bacterianas, como na piometra, e pode contribuindo assim para a trombocitose.
ser justificada pelo aumento da destruição e do
consumo plaquetário, gerado por dano direto às No estudo realizado por Gonçalves (2010),
plaquetas ou ligação destas ao endotélio vascular embora não tenha sido observada diferença
(vasculite), além da produção reduzida devido a estatística entre animais com piometra e animais
ação das toxinas sobre a medula óssea, e também clinicamente hígidos, a trombocitopenia foi
por sequestro local das plaquetas (Bush, 2004; relatada em 63% dos animais com piometra, o
Stockham e Scott, 2011). Segundo Bush (2004), que também foi observado no presente estudo em
a trombocitopenia relacionadas à infecções valores percentuais variáveis. Ao avaliar 170
bacterianas, pode ocorrer por destruição cadelas com piometra, Albuquerque (2010)
imunomediada e também a coagulação também observou trombocitopenia em 24,1%
intravascular disseminada (CID), embora, no dos animais e trombocitose em apenas 2,4%.
presente estudo, não tenham sido observados Embora a trombocitopenia seja sugerida como
sinais clínicos relacionados à CID. um possível critério de classificação de SIRS, no
estudo realizado por Fransson et al. (2007), não
Hagman et al. (2006) em seu estudo, associaram foi demonstrado correlação entre a contagem de
a trombocitopenia em cadelas com piometra ao plaquetas e a presença de SIRS em cadelas com
quadro de infecção e endotoxemia, o que piometra.
também foi relatado por Stockham e Scott
(2011).

Tabela 22: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de Plaquetas nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 264300 BC 124911 62000 255500 526000
T1 14 245000 BC 101946 99000 228000 476000
T2 20 237350 C 103337 63000 218000 490000
T3 20 254650 BC 95743 116000 239500 466000
T4 20 229450 C 83980 77000 232500 406000
T5 20 271300 BC 134219 124000 249500 664000
T6 20 670000 A 310606 211000 693500 1274000
T7 17 328235 B 126410 127000 314000 580000
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência das plaquetas para a espécie canina: 200000 – 500000 cel/μ L (Messick, 2010).

55
5.3.2.8- Observações morfológicas do inflamatório/infeccioso decorrente do útero
leucograma e plaquetas contaminado. Em um estudo realizado por
Albuquerque (2010) no qual, avaliou 170 cadelas
As frequências absolutas e relativas obtidas das com piometra, foi observado neutrófilos tóxicos
observações morfológicas do leucograma e das em 79,4% dos animais, achado também
plaquetas nos tempos de avaliação (T0- T7) estão observado no presente estudo. Contudo, embora
representados na tabela 23. Em uma análise tenha observado também a presença de
descritiva geral, foi observada presença de monócitos ativados, assim como neste estudo, à
neutrófilos tóxicos em quase todos os tempos de frequência de animais apresentando esta
avaliação, com exceção do T7, apresentando-se alteração foi muito menor em seu estudo (8,8%).
em 18 animais (90%) no T0 e T2, em 11 animais
(78,6%) no T1, 17 (85%) no T3, 19 animais Os linfócitos reativos também foram observados
(95%) no T4, e em todos os animais (100%) no em todos os tempos de avaliação (tabela 23),
T5. No T6, foi observado apenas um animal variando em relação à frequência de animais. No
(5%) apresentando neutrófilos tóxicos e essa T0, nove animais (45%) apresentavam tal
redução ocorreu devido ao animal não estar em alteração. Também foram observados oito
toxemia neste tempo de avaliação (T6), uma vez animais no T1 (57,1%), no T2 (40%) e no T3
que houve remoção do útero infeccionado que (40%). No T4 e T5, foram observados 10
era a causa primária que levava à esta condição. animais (50%); no T6, 11 animais (55%) e no
Assim como foi observado no presente estudo, T7, sete animais (41,1%) (Figura 10).
Verstegen et al. (2008) relataram que é comum
em cadelas com piometra a presença de Os linfócitos reativos representam tanto os
leucocitose caracterizada por neutrofilia, com linfócito T como os B, e podem ser encontrados
desvio à esquerda e com a presença de no sangue de animais com doenças inflamatórias
neutrófilos tóxicos. agudas ou crônicas, embora nas crônicas sejam
mais comuns. (Stockham e Scott, 2011). Assim,
Segundo Stockham e Scott (2011) os neutrófilos a presença destes em todos os tempos de
tóxicos são células com características de avaliação, apresentando uma maior frequência de
alterações tóxicas. Essas alterações estruturais animais no T6, possivelmente ocorreu devido ao
representam defeitos na maturação que ocorrem caráter crônico da doença.
durante a neutropoiese acelerada. Essa alteração
é comumente associada com infecções Com relação às alterações plaquetárias, a
bacterianas graves, como é o caso da piometra. presença de macroplaquetas, foi observada em
todos os tempos de avaliação, variando em
Outra alteração observada foi à presença de relação à frequência de animais (Tabela 23). No
monócitos ativados, que estiveram presentes em T0, T5 e T6 foram observados 17 animais (85%)
todos os tempos de avaliação (tabela 23), com tal alteração. No T1 e T2, 100% dos
Apresentaram esta alteração 14 animais (70%) animais. No T3, 18 animais (90%) e no T4, 19
no T0 e T3; 12 animais (85,7%) no T1; 17 animais (95%) (figura 10). Segundo Stockham e
animais (85%) no T2; 16 animais (80%) no T4 e Scott (2011), a presença de macroplaquetas pode
T5; nove animais (45%) no T6 e quatro animais ocorrer quando a trombopoiese se apresenta
(23,5%) no T7 (Figura 10). acelerada, usualmente em consequência de
trombocitopenia por destruição ou consumo, o
Segundo Stockham e Scott (2011), a presença de que foi observado em quase todos os tempos de
monócitos ativados pode estar associada com avaliação do presente estudo. No T6, embora os
quadro de inflamação, o que é compatível com a animais estivessem clinicamente hígidos, houve
piometra. No T6, foi observada diminuição no uma grande frequência de animais com
número de animais apresentando tal alteração macroplaquetas, o que pode ser justificado pela
(nove animais – 45%) e continuando à reduzir no trombopoiese aumentada e, neste tempo, o valor
T7, onde apenas quatro animais (23,5%) médio das plaquetas se encontrava acima dos
apresentaram monócitos ativados. Esta redução valores de referência para a espécie canina, como
possivelmente ocorreu devido aos animais já pode ser observado na tabela 22.
estarem clinicamente hígidos nestes tempos de
avaliação, não apresentando mais o quadro

56
Foi observada uma grande redução na frequência observados 19 animais (95%) apresentando tal
de macroplaquetas nos animais em T7 (oito alteração no T0 e T6. De T1 ao T5, 100% dos
animais - 47%) e esta redução se deve ao fato animais também apresentavam as plaquetas
dos animais estarem clinicamente hígidos neste ativadas (Figura 10).
tempo, não apresentando alterações significativas
nos valores das plaquetas. Assim como ocorreu em relação às
macroplaquetas, foi observada uma redução no
Outra alteração referente às plaquetas são as número de animais com plaquetas ativadas no T7
plaquetas ativadas, que também estiveram (oito animais - 47%), o que também ocorreu
presentes em todos os tempos de avaliação, devido aos animais estarem clinicamente hígidos
variando em relação à frequência de animais, neste tempo.
como é possível observar na tabela 23. Foram

Tabela 23: Frequência absoluta e relativa de observações encontradas no leucograma e plaquetas nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempos T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
N 20 14 20 20 20 20 20 17
Neut. Tóxicos 18 11 18 17 19 20 1 ---
(90%) (78,6%) (90%) (85%) (95%) (100%) (5%)
Monócitos 14 12 17 14 16 16 9 4
ativados (70%) (85,7%) (85%) (70%) (80%) (80%) (45%) (23,5%)
Linfócitos 9 8 8 8 10 10 11 7
reativos (45%) (57,1%) (40%) (40%) (50%) (50%) (55%) (41,1%)
Macroplaquetas 17 14 20 18 19 17 17 8
(85%) (100%) (100%) (90%) (95%) (85%) (85%) (47%)
Plaquetas 19 14 20 20 20 20 19 8
ativadas (95%) (100%) (100%) (100%) (100%) (100%) (95%) (47%)

Figura 10: Frequência relativa de animais com observações encontradas no leucograma e plaquetas nos
diferentes tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.

57
5.3.3- Avaliação bioquímica em relação a T0, T1, T2, T3 e T4, não havendo
diferença entre T5 (tabela 24).
5.3.3.1- Alanina aminotransferase (ALT)
Segundo Stockham e Scott (2011), o aumento
Os valores médios obtidos para o ALT nos nos níveis séricos do ALT pode estar associado a
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão distúrbios inflamatórios causando lesão nos
representados na tabela 24. Em uma análise hepatócitos. Feldman (2004) e Verstegen et al.
descritiva geral, os valores médios de ALT (2008), relataram que ocasionalmente cadelas
ficaram dentro dos valores normais para a com piometra podem apresentar a atividade
espécie canina em todos os tempos. Contudo, na sérica da enzima ALT aumentada em
avaliação individual, um pequeno número de consequência de lesão causada por sepse e/ou
animais apresentaram aumento nos valores circulação hepática diminuída e ainda devido à
séricos de ALT em quase todos os tempos de hipóxia celular secundária à desidratação, o que
avaliação, com exceção do T2 e T3. Foi pode justificar o aumento desta enzima nos
observado um animal apresentando esta alteração animais do presente estudo. No estudo realizado
no T0 (5%), no T1 (7,1%) e T4 (5%), e dois por Albuquerque (2010), no qual avaliou se 170
animais no T5 (10%), no T6 (10%) e no T7 cadelas com piometra, também foi observado,
(11,7%) (Anexo 5). assim como neste estudo, aumento na atividade
sérica de ALT em um pequeno número de
Foi observada diferença no T6 e T7 que animais (3,5%).
apresentavam os valores médios mais elevados

Tabela 24: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de ALT nos diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 18 50,7 B 26,9 12,6 48,0 117,7


T1 13 47,5 B 30,3 21,5 38,9 129,0
T2 19 42,9 B 16,5 22,3 40,6 88,7
T3 20 46,6 B 24,7 20,2 41,0 109,5
T4 20 47,3 B 25,8 19,5 37,3 120,4
T5 19 59,8 AB 33,8 21,1 47,5 150,6
T6 20 84,2 A 64,0 30,3 68,2 300
T7 15 71,9 A 34,6 33,4 64,5 155,9
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da ALT para a espécie canina: 0 – 110 U/L (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.2- Aspartato aminotransferase (AST) apresentaram esta alteração no T1 (14,2%) e T6


(10%). No T2, houve um aumento de animais,
Os valores médios obtidos para o AST nos sendo que cinco (25%) apresentaram esta
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão alteração. No T3 o aumento continuou, sendo
representados na tabela 25. Em uma análise observado o maior número de animais com
descritiva geral, os valores médios de AST aumento de AST (nove animais - 45%). Após
estavam dentro do normal para a espécie canina este tempo, houve uma redução no número de
em quase todos os tempos de avaliação, com animais com tal alteração, sendo observados no
exceção do T0 (109,18±83,17) que se apresentou T4, sete animais (35%) e no T5 e T7 três animais
discretamente elevado. Na avaliação individual, (15%) (Anexo 5).
foi observada uma variação na quantidade de
animais com aumento de AST ao longo dos Houve diferença no T0 e T3 que apresentaram o
tempos de avaliação. No T0, quatro animais valor médio maior em relação ao T6 que
(20%) apresentavam aumento. Dois animais

58
apresentava o menor, não sendo observada secundária à desidratação. Esta alteração pode
diferença entre os demais tempos. estar associada à distúrbios inflamatórios, como
na piometra, causando lesão nos hepatócitos
Segundo Feldman (2004), assim como na (Stockham e Scott, 2011). Mira (2010) observou,
elevação de ALT, o aumento sérico da enzima assim como no presente estudo, aumento sérico
AST pode ocorrer devido à sepse e/ou circulação de AST em 30% dos animais com piometra.
hepática diminuída, além da hipóxia celular

Tabela 25: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de AST nos diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 18 109,1 A 83,1 40,3 84 363,2


T1 13 80,0 AB 53,3 24,9 66,7 224,5
T2 19 83,4 AB 46,8 30,5 64,9 216,4
T3 20 93,0 A 36,0 45,8 77,6 193,6
T4 20 89,7 A 45,5 20,6 85,6 222,5
T5 19 77,5 A 28,1 36 81,1 149,1
T6 20 61,0 B 26,0 35,2 50,7 127,8
T7 15 69,4 AB 27,2 34,6 64,2 120,9
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da AST para a espécie canina: 0 – 100 U/L (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.3- Fosfatase alcalina (FA) De acordo com Mastrocinque (2002), Feldman


(2004) e Verstegen et al. (2008), ocasionalmente
Os valores médios obtidos para a FA nos o aumento sérico da enzima FA em cadelas com
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão piometra, pode ocorrer devido à lesão causada
representados na tabela 26. Em uma análise por sepse e/ou circulação hepática diminuída,
descritiva geral, os valores médios de FA além da hipóxia celular secundária à
estavam dentro dos valores de referencia para a desidratação. Pode ainda ocorrer colestase intra-
espécie em quase todos os tempos de avaliação, hepática nestes animais, elevando os níveis
com exceção do T5, que apresentou valor médio séricos de FA (Mastrocinque, 2002; Fransson e
discretamente aumentado (168,4±165,3). Na Ragle, 2003).
avaliação individual, em todos os tempos
estudados, foram observados animais com A FA é uma enzima de indução, sintetizada no
aumento nos valores de FA, variando no número intestino, fígado, rins, nos ossos e placenta e
de animais nos diferentes tempos. No T0, quatro várias isoenzimas já foram descritas, como a
animais (20%) apresentaram aumento sérico de intestinal, óssea, hepática, placentária, além da
FA. Evidenciou-se esta alteração em três animais induzida por corticoides. Assim, o aumento desta
nos tempos T1 (21,4%), T2 (15%), T3 (15%) e enzima em cadelas com piometra pode estar
T6 (15%). No T4, foi observado o maior número relacionado a outras situações, como a presença
de animais apresentando tal alteração (sete de dor, estresse e a distensão uterina, e não
animais - 35%). Ainda foram observados cinco somente por alterações hepáticas (Motta, 2009).
animais (25%) no T5 e um animal (6,7%) no T7
(Anexo 5). Segundo Verstegen et al. (2008), o aumento de
FA em cadelas com piometra pode ocorrer em
Houve diferença entre o T7, o qual apresentou o 50- 75% dos animais.
menor valor com os demais tempos de avaliação
(T0, T1, T2, T3, T4, T5 e T6) (tabela 26). Em um estudo realizado por Gonçalves (2010),
comparando parâmetros laboratoriais de cadelas
com piometra com animais hígidos (grupo

59
controle), demonstrou-se diferença estatística observou em seu estudo um aumento sérico da
com relação à FA, sendo que os animais com FA em 65% dos animais com piometra. Em
piometra apresentaram valores médios mais outro estudo avaliando 170 cadelas com
elevados em relação ao grupo controle. Assim piometra, Albuquerque (2010) também observou
como ocorreu no presente estudo, Mira (2010) aumento sérico da FA em 26,5% dos animais.

Tabela 26: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de fosfatase alcalina nos diferentes tempos
de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 18 119,5 A 69,9 29 101,7 321,1
T1 13 112,7 A 64,3 7 103,7 259,7
T2 19 104,0 A 61,3 21,1 97,04 276,6
T3 20 129,8 A 78,3 25,9 112,7 383,7
T4 20 149,0 A 105,4 37,8 122,2 523,6
T5 20 168,4 A 165,3 44,2 118,3 761,0
T6 20 107,5 A 61,0 20,2 105,8 239,1
T7 15 55,5 B 54,7 6,8 39,8 237,7
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da FA para a espécie canina: 20 – 156 U/L (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.4- Creatinina creatinina no T0, sendo que, apenas um


evidenciou aumento de ureia associado, e o
Os valores médios obtidos para a creatinina nos mesmo no T5, já não apresentava mais esta
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão alteração, corroborando com o relatado por
representados na tabela 27. Em uma análise Verstegen et al. (2008).
descritiva geral, os valores médios de creatinina,
permaneceram dentro dos valores normais para a Evangelista (2009), no momento do diagnóstico
espécie canina em todos os tempos de avaliação. observou seis animais (30%) com aumento de
Embora não tenha ocorrido diferença na creatinina, frequência esta maior do que
creatinina entre os tempos, na avaliação observada no presente estudo (10%). Foi
individual, foi observado animais com aumento observado ainda que os mesmos, também
sérico de creatinina em todos os momentos de apresentavam aumento de ureia, caracterizando
avaliação, variando em relação ao número de azotemia. Em outro estudo realizado por
animais. Foram observados dois animais no T0 Gonçalves (2010), embora os resultados de ureia
(10%), no T1 (14,2%) e no T5 (10%). No T2, T4 e creatinina não tenham apresentado diferença
e T7, cinco animais (25%, 25% e 33,3%, estatística, foi observado azotemia em 27% dos
respectivamente) apresentavam aumento de animais com piometra, resultado este também
creatinina. Quatro animais (20%) também compatível com o presente estudo.
apresentaram no T3, e ainda três animais (15%)
no T6 (Anexo 5). Mira (2010) encontrou, em cadelas com
piometra, 30% de animais com aumento de
O aumento da creatinina em animais com creatinina. Albuquerque (2010) ao avaliar 170
piometra pode ser justificado pela azotemia pré- cadelas com piometra observou aumento sérico
renal, devido à perfusão renal diminuída, em da creatinina em 17,6% dos animais e todos os
consequência da desidratação. Normalmente animais também apresentaram aumento de ureia.
após a instituição do tratamento cirúrgico e da
fluidoterapia, a azotemia é eliminada destes Ao longo dos tempos de avaliação, 11 animais
pacientes (Verstegen et al., 2008). No presente apresentaram aumento de creatinina, como é
estudo, dois animais apresentaram aumento de possível observar na figura 11.

60
Figura 11: Valores individuais de creatinina nas cadelas com piometra que apresentaram valor acima de
1,5 mg/dL.

No T6 e T7, embora alguns animais estivessem causadas durante o período da doença ou devido
clinicamente hígidos, observou-se aumento de à idade. Destes cinco animais com creatinina
creatinina. Este aumento praticamente não foi elevada, somente um apresentava, aumento de
observado nos demais tempos de avaliação (T0 – ureia associado e, embora a densidade urinária
T5). No T7, a presença de cinco animais com estivesse dentro dos valores normais, esta se
aumento de creatinina (25%), se deveu encontrava próxima do limite inferior, podendo
provavelmente à ocorrência de alterações renais indicar um maior comprometimento renal.
estruturais e funcionais, seja decorrente de lesões

Tabela 27: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de creatinina nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 18 1,4 A 0,9 0,5 1,2 4,7


T1 13 1,4 A 1,0 0,6 1,0 4,5
T2 19 1,3 A 0,9 0,5 1,1 4,2
T3 20 1,3 A 0,6 0,4 1,1 2,7
T4 20 1,2 A 0,5 0,5 1,1 3,2
T5 20 1,1 A 0,3 0,6 1,1 1,6
T6 20 1,1 A 0,4 0,1 1,2 1,9
T7 15 1,3 A 0,4 0,6 1,4 2,2
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da creatinina para a espécie canina: 0,5 – 1,5 mg/dL (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.5- Ureia ficaram dentro dos valores de referência para a


espécie canina em todos os tempos de avaliação.
Os valores médios obtidos para a ureia nos Contudo, na avaliação individual, foi observado
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão pequeno número de animais com aumento da
representados na tabela 28. Em uma análise ureia em todos os tempos de avaliação. Foram
descritiva geral, os valores médios da ureia observados três animais com tal alteração no T0

61
(15%), dois animais no T1 (15,3%), no T3 embora o aumento sérico de ureia e creatinina
(10%), no T4 (10%) e no T6 (10%). Ainda foram não sejam tão frequentes, quando ocorrem
observados quatro animais (21%) no T2 e um geralmente a azotemia é de origem pré-renal e se
animal no T5 (5%) e no T7 (6,7%) (Anexo 5). desenvolve em consequência da desidratação.
Foi observado diferença no T7 e T0, no qual Contudo, animais com piometra, mesmo que não
apresentaram os valores médios maiores, em estejam azotêmicos, apresentam taxa de filtração
relação à T3 e T4. glomerular geralmente diminuída, o que indica
que existam fatores associados à piometra que
Em um estudo realizado por Evangelista (2009) afetam a perfusão renal. A doença glomerular,
15 animais com piometra apresentavam aumento segundo Mastrocinque (2002), também pode
sérico de ureia no momento do diagnóstico (pré- ocorrer devido à deposição de imunocomplexos
cirúrgico) e, dez dias após a cirurgia, 14 animais nos glomérulos e nas paredes capilares renais.
ainda apresentavam esta alteração. Contudo, os
valores de referência utilizados no trabalho de A literatura apresenta divergências com relação a
Evangelista (10 – 30mg/dL) foram diferentes dos esta questão. Em estudos realizados por Heiene
valores aqui utilizados, sendo assim, no presente et al. (2007) e Maddens et al. (2011),
estudo, foram considerado aumento de ureia comparando cadelas com piometra e cadelas
apenas animais com valores séricos acima de 56 clinicamente hígidas, em relação à histologia
mg/dL. renal, não se observou nenhuma evidencia de
glomerulopatia por deposição de
No atual estudo, o número de animais com imunocomplexos em cães com piometra. O dano
aumento sérico de ureia foi inferior (5%) ao glomerular foi relacionado com alterações
observado por Mira (2010) que obteve aumento decorrentes da idade, demonstrando ser a idade
de ureia em 45% dos animais com piometra. um fator mais significativo do que a doença. A
Albuquerque (2010), ao avaliar 170 cadelas com gravidade das alterações renais em cadelas com
piometra, também observou uma maior piometra foram semelhantes às alterações nas
frequência de animais (34,1%) com esta cadelas clinicamente saudáveis, com base em
alteração. avaliações pela microscopia ótica, eletrônica e
imunohistoquímica.
Segundo Verstegen et al. (2008), a disfunção
renal pode ocorrer em cadelas com piometra, e

Tabela 28: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de ureia nos diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 18 41,2 A 24,0 9,7 35,7 119,7
T1 13 37,9 AB 25,6 17,9 30,7 113,6
T2 19 34,9 AB 24,4 13,4 33,6 118,7
T3 20 29,6 B 25,5 9,7 22,0 105,1
T4 20 28,2 B 19,7 10,3 22,0 94,3
T5 20 31,4 AB 16,1 9,1 27,6 66,8
T6 20 36,4 AB 15,6 13,6 36,7 68,1
T7 15 38,6 A 12,0 20 37,8 71,0
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da ureia para a espécie canina: 20 - 56 mg/dL (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.6- Proteínas totais (PT) descritiva geral, os valores médios ficaram


dentro dos valores de referência para a espécie
Os valores médios obtidos das proteínas totais canina. Contudo, em uma avaliação individual
nos diferentes tempos de avaliação (T0- T7) foi observado no T0 que um animal (5%)
estão representados na tabela 29. Em uma análise apresentou hipoproteinemia e quatro animais

62
(20%) apresentaram hiperproteinemia. Em todos também justificado por Fransson e Ragle (2003),
os tempos de avaliação, foram observados Feldman (2004), Verstegen et al. (2008) e
animais com hiperproteinemia, variando em Hagman et al. (2009) sendo correlacionado ao
relação ao número de animais. Foi observada a quadro inflamatório crônico. Contudo, o discreto
presença de um animal com tal alteração no T1 aumento no número de animais com
(7,1%), no T3 (5%) e no T4 (5%). Ainda foram hiperproteinemia (20%) observado no presente
observados dois animais no T5 (10%) e T7 estudo, deveu-se à diminuição dos níveis séricos
(13,3%). No T2, três animais (15%) de albumina (Tabela 30), associados ao aumento
apresentavam hiperproteinemia e no T6, quatro nos níveis séricos de globulinas (Tabela 31),
animais (20%) (Anexo 5). Esta alteração, assim alterações estas que serão discutidas a seguir, e
como no presente estudo, também foi observada assim, fazendo a maioria dos animais
por Emanuelli (2007) que evidenciou aumento de permanecerem com os valores de proteínas totais
proteínas totais em cadelas com piometra, dentro do normal para a espécie.
quando comparadas com animais clinicamente
hígidos. Foi observada diferença do T0, que apresentava
valor médio maior, em relação ao T1, T3, T4 e
A hiperproteinemia provavelmente ocorreu T5.
devido ao estado de desidratação em alguns
animais no momento do diagnóstico (T0), o que Ao avaliar 170 cadelas com piometra,
também foi relatado por Feldman (2004) e Albuquerque (2010) relatou, assim como no
Hagman et al. (2009), que atribuíram a elevação presente estudo, que embora 75,9% dos animais
da PT à hemoconcentração. apresentavam o nível de proteínas totais dentro
do normal, 13,5% apresentou hipoproteinemia e
O aumento da produção de globulinas que foi 10,5% hiperproteinemia.
observado no presente estudo (Tabela 42), foi

Tabela 29: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de proteína total nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 18 7,1 A 1,2 4,8 6,9 10,4


T1 13 6,3 BCD 0,9 5,3 6,1 9,1
T2 19 6,6 ABC 1,0 5,4 6,4 9,4
T3 20 6,1 CD 0,9 4,8 5,9 9,5
T4 20 5,9 D 0,8 4,8 5,6 8,9
T5 20 6,2 BCD 1,0 5 6,0 9,5
T6 20 6,8 AB 0,9 5,5 6,5 9
T7 15 6,7 ABC 0,5 5,7 6,6 7,6
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência das proteínas totais para a espécie canina: 5,4 – 7,5 g/dL (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.7- Albumina quase todos os tempos de avaliação (T0 – T6),


variando em relação ao número de animais. No
Os valores médios obtidos de albumina nos T0, foram observados 15 animais (83,3%) com
diferentes tempos de avaliação (T0-T7) estão hipoalbuminemia e no T1, 12 animais (92,3%).
representados na tabela 30. Em uma análise Foi evidenciado um aumento no número de
descritiva geral, os valores médios de albumina animais com hipoalbuminemia a partir do T2 (16
estavam abaixo dos valores considerados animais - 84,2%), aumentando ainda mais no T3,
normais para a espécie em quase todos os tempos T4 e T5, (18 animais - 90%) (Anexo 5). Este
de avaliação, com exceção do T7 que estava aumento no número de animais pode ser
normal (2,8±0,2). Na avaliação individual, foi justificado pela reposição e/ou manutenção
observada a presença de hipoalbuminemia em hídrica (efeito diluidor) instituídos nas

63
cadelas que estavam desidratadas e com ser esta uma importante causa de redução da
hemoconcentração no momento do diagnóstico albumina no presente estudo. A anorexia no
(T0). No T6, o número de animais apresentando momento do diagnóstico ocorreu em 16 animais,
hipoalbuminemia diminuiu para nove animais e destes 14 apresentavam hipoalbuminemia. Ao
(60%) e no T7, nenhum animal apresentou esta longo do estudo, foi observada melhora clínica,
alteração. refletindo na redução no número de animais com
hipoalbuminemia no T6 (nove animais – 45%).
A hipoalbuminemia pode ser explicada por uma
síntese diminuída de albumina, em resposta ao O mesmo resultado observado no presente estudo
aumento da síntese de globulinas (Hagman et al., também ocorreu no trabalho realizado por
2009). A albumina é considerada uma proteína Gonçalves (2010), no qual 72% dos animais com
de fase aguda negativa, ou seja, tem sua síntese piometra apresentavam hipoalbuminemia.
inibida quando há estímulo inflamatório visando Maddens et al. (2011) também observaram
poupar aminoácidos para a produção de proteínas hipoalbuminemia, porém numa frequência bem
de fase aguda positiva e globulinas, além de baixa (cinco animais – 10,6%). Já Albuquerque
manter o equilíbrio osmótico intravascular (2010), encontrou esta alteração em 68,8% dos
(Hagman et al., 2009; Mira, 2010). Esta animais com piometra.
alteração foi demonstrada no presente estudo
(Tabela 31), no qual 12 dos 15 animais que Foi observada diferença entre T7 e T6 que
apresentaram hipoalbuminemia e apresentavam valores médios maiores, em
hiperglobulinemia associada. Além disso, a relação aos demais tempos de avaliação (T0, T1,
hipoalbuminemia pode ser agravada por uma T2, T3, T4, T5) (Tabela 30).
perda renal e também pela anorexia prolongada
(Johnson, 2006; Feldman, 2004), o que foi Além disso, foi observada diferença do T0 em
observado neste estudo. Dos 15 animais com relação ao T3 e T4, além dos tempos descritos
hipoalbuminemia no T0, 14 também anteriormente (T7 e T6).
apresentavam algum grau de proteinúria
(discutido no tópico urinálise), o que demonstra

Tabela 30: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de albumina nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 18 1,9 C 0,4 1,1 1,9 2,9


T1 13 1,7 CD 0,4 1,0 1,6 2,8
T2 19 1,8 CD 0,4 1,0 1,6 2,8
T3 20 1,6 D 0,3 1,0 1,6 2,6
T4 20 1,6 D 0,4 1,1 1,5 2,5
T5 20 1,7 CD 0,4 1,1 1,7 2,5
T6 20 2,2 B 0,3 1,6 2,3 2,9
T7 15 2,8 A 0,2 2,4 2,8 3,2
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da albumina para a espécie canina: 2,3 – 3,1 g/dL (Kaneko et al., 1997).

5.3.3.8- Globulinas (T0, T1, T2, T5 e T6), e dentro dos valores de


referência para a espécie nos tempos T3, T4 e
Os valores médios obtidos das globulinas nos T7. Na avaliação individual, em todos os tempos
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão foi possível observar a presença de animais com
representados na tabela 31. Em uma análise hiperglobulinemia, variando em relação ao
descritiva geral, os valores médios das globulinas número de animais. No T0 e T2, 13 animais
estavam aumentados nos tempos de avaliação (72,2%) apresentavam esta alteração. Foram

64
observados sete animais no T1, (53,8%), Gonçalves (2010) que observou 63% das cadelas
no T3 (35%) e T4 (35%), e ainda oito animais com piometra apresentando hiperglobulinemia.
(40%) no T5 e T6. No T7, foram observados
apenas dois animais (13,3%) apresentando Feldman (2004) relatou que este achado é
hiperglobulinemia, e estes valores estavam comum em cadelas com piometra, devido à
discretamente aumentados em relação aos desidratação e/ou estimulação antigênica crônica
valores de referência (Anexo 5). do sistema imunológico.

A presença de hiperglobulinemia, assim como no Foi observada diferença entre o T0 o qual


presente estudo, também foi relatada por apresentou o valor médio maior, em relação ao
T3, T4 e T7 (Tabela 31).

Tabela 31: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de globulinas nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 18 5,2 A 1,3 3,3 5,0 8,7
T1 13 4,6 AB 1,0 3,3 4,4 7,6
T2 19 4,7 AB 1,0 3,4 4,6 7,9
T3 20 4,4 BC 1,0 3,2 4,3 7,9
T4 20 4,3 BC 0,9 3,0 4,1 7,4
T5 20 4,5 ABC 1,1 3,0 4,2 8,0
T6 20 4,5 AB 0,9 3,2 4,2 7,3
T7 15 3,8 C 0,4 3,1 3,8 4,9
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência das globulinas para a espécie canina: 2,7 – 4,4 g/dL (Kaneko et al., 1997).

Foi calculada a relação albumina/globulina devido à perda de água, todas as frações


(A/G) dos animais em todos os tempos de proteicas se elevam proporcionalmente. Contudo,
avaliação, pois este complementa a avaliação de quando é observada a redução desta
ambos os analitos. Foi observada uma redução da relação, provavelmente está ocorrendo alguma
relação A/G em todos os tempos de avaliação, alteração nos valores de albumina e/ou
como é possível observar na figura 11. Foi globulinas. Normalmente, a hipoalbuminemia
observado no T0, 16 animais (88,9%) com esta mais comumente leva à redução da relação A/G,
alteração, 12 animais (92,3%) no T1 e 17 e geralmente é atribuída a qualquer perda de
animais (89,4%) no T2. No T3, T4 e T5, foram albumina ou a falha da síntese de albumina
observados 18 animais (90%) com diminuição da (Kaneko, et al., 1997). No presente estudo, foi
relação A/G, 13 animais (65%) no T6 e apenas descrito tanto a redução da albumina quanto o
um animal (6,7%) no T7. aumento das globulinas, o que levou à redução
da relação A/G em grande número dos animais.
Quando a relação A/G está dentro dos valores É possível observar ao longo dos tempos, que de
normais para a espécie canina (0,6-1,1), as acordo com a recuperação do animal, é
frações proteicas podem estar normais, demonstrada uma normalização da relação A/G,
o que ocorre em animais hígidos, ou ainda o que indica que os valores de albumina (tabela
podem refletir uma simples desidratação, que 41) e de globulina (tabela 42) normalizaram.

65
Figura 12: Frequência relativa de animais com redução da relação A/G nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.

5.3.3.9- Lactato no T6, oito (47%); e no T7, quatro (23,5%). No


T3 não observou-se hiperlactatemia (Anexo 5).
Os valores médios obtidos para o lactato nos
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão O aumento sérico do lactato pode ocorrer em
representados na tabela 32. Em uma análise inúmeras situações, como em animais
descritiva geral, os valores médios de lactato desidratados, lesões da musculatura esquelética e
estiveram dentro dos valores normais para a cardíaca, distúrbios hepáticos, entre outros
espécie canina em quase todos os tempos de (Bush, 2004). No momento do diagnóstico a
avaliação, com exceção do T0 que estava presença de animais desidratados, justifica a
elevado (3,13±1,6), com 10 animais (58,8%) presença de hiperlactatemia, contudo, ao longo
apresentando hiperlactatemia. Esta alteração dos demais tempos de avaliação, todos os
pode ser justificada devido à diminuição da animais foram mantidos hidratados, na
perfusão tecidual, possivelmente decorrente da fluidoterapia de manutenção até a alta hospitalar
hipovolemia causada pela desidratação (Hagman (T5). Assim, o aumento das concentrações de
et al., 2009). Assim, pôde-se observar que, logo lactato sérico ao longo dos tempos, após a
no T1, tempo referente à reposição hídrica, o reposição e manutenção hídrica ocorreu
valor médio do lactato já havia normalizado provavelmente devido ao estresse e a contenção
devido ao restabelecimento da perfusão tecidual física para a coleta de sangue de animais pouco
e os valores médios nos outros tempos (T2 – T7) cooperativos (Volpato et al., 2012).
continuaram dentro do normal. Contudo, na
avaliação individual, em quase todos os tempos Foi observada diferença do T0, que apresentou o
foram observados animais com aumento do maior valor médio, em relação a T1, T3, T4 e T5,
lactato. No T1, três animais (25%) apresentaram que apresentaram os menores valores médios
hiperlactatemia; no T2, cinco animais (31,2%); (Tabela 43).
no T4, um animal (6,7%); no T5, dois (11,7%);

66
Tabela 32: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de lactato nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 17 3,1 A 1,6 0,7 2,9 6,9
T1 12 1,9 B 0,8 0,7 1,5 3,1
T2 16 2,1 AB 0,8 1,1 2 3,6
T3 15 1,2 C 0,6 0,1 1,2 2,4
T4 15 1,5 BC 0,7 0,4 1,4 3,3
T5 17 1,7 BC 0,7 0,1 1,7 3,2
T6 17 2,2 AB 0,6 0,9 2,3 3,3
T7 15 2,3 AB 1,2 1,3 1,7 5,3
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do lactato para a espécie canina: 0,3 – 2,5 Mmol/L (Kaneko et al., 1997).

5.4- Urinálise e observando a densidade urinária dos


mesmos, somente cinco dos 12 animais
5.4.1- Exame físico, químico e dos sedimentos apresentaram a urina concentrada. Assim, devido
da urina à maioria destes animais apresentarem
proteinúria associada com baixas densidades
Em uma análise descritiva geral do exame físico urinárias, é provável, que estes pudessem estar
da urina no T0 (antes da fluidoterapia) foram apresentando algum grau de comprometimento
observadas alterações na coloração da urina em renal.
seis animais (31%). Com relação à transparência,
11 animais (58%) apresentaram urina turva ou Ainda foram observados em seis animais
discretamente turva, e em relação ao odor, (31,5%) com proteinúria moderada,
apenas um animal (5,3%) apresentou a urina representados por ++ (100 mg/dL) e nenhum
fétida, alterações estas que podem ocorrer em animal com proteinúria grave, representado por
casos de infecção do trato urinário. Segundo +++ (300 mg/dL) (Tabela 33).
Trall (2007), a coloração normal da urina é
amarela, variando de quase incolor a âmbar Em um estudo realizado por Maddens et al.
intenso. A intensidade da coloração reflete (2011), foi relatado que a proteínúria é uma
principalmente o grau de concentração da urina. variável importante na avaliação renal de cadelas
Já o grau de turbidez demonstra a quantidade de com piometra, estando presente no referido
partículas existente na urina, sendo considerado estudo em 47% dos animais avaliados, o que
normal a urina límpida. O odor característico da também foi observado no presente estudo. Foi
urina é denominado sui generis. observada proteinúria em todos os tempos de
avaliação, variando em relação ao número de
Dentre as alterações químicas da urina, foi animais e também quanto à quantidade de
observado proteinúria em 18 animais (94,7%) no proteína na urina identificada pela tira reagente
T0, detectado através da tira reagente (Tabela (15, 30, 100 e 300 mg/dL) (Tabela 33). Foi
33). Destes, sete animais (36,8%) apresentaram observada proteinúria em 11 animais (78,5%) no
traços, representados por ± (equivalente a T1; 17 animais (85%) no T2; e 19 animais (95%)
15mg/dL) e cinco animais (26,3%) apresentaram nos tempos T3 e T5. Ainda foram observados 15
uma pequena quantidade, representada por + animais (75%) nos tempos T4 e T7 e 18 animais
(equivalente a 30 mg/dL), o que segundo (90%) no T6.
Stockam e Scott (2011), não é uma quantidade
significativa quando os animais apresentam urina Segundo Feldman (2004) a proteinúria pode
concentrada (1,020 – 1,045) e sem evidência estar presente em animais com piometra e esta
de doença renal. Contudo, avaliando os perda de proteínas pela urina pode ocorrer
animais com traços (15 mg/dL) e com devido à deposição de imunocomplexos nos
pequenas quantidades (30 mg/dL) de proteinúria glomérulos, causando glomerulonefrite. Assim, a

67
proteinúria vem demonstrando uma contribuição estando presente em 10 animais (52,6%) no T0
substancial para o desenvolvimento de doença (Tabela 33). O maior número de animais foi
renal em cadelas com piometra, sendo observado no T2, sendo que 13 animais (65%)
amplamente relatada (Feldman, 2004; Johnson, apresentaram esta alteração. Contudo, a partir do
2006; Stone, 2007). Contudo, Heiene et al. T3 e T4, houve uma redução no número de
(2007) em seu estudo analisando o tecido renal animais, sendo observados 12 animais (60%)
através de microscopia e imunohistoquímica, com sangue oculto na urina. Nos tempos T6 e
demonstraram lesões tubular e intersticial T7, apenas cinco animais (25%) e um animal
em animais com piometra, quando comparado (5,8%) respectivamente, ainda apresentavam esta
com aqueles saudáveis. Características alteração (Tabela 33).
histológicas específicas de glomerulonefrite não
foram consistentes. A glomeruloesclerose foi De acordo com Trall (2007) e Stockam e Scott
demonstrada tanto nos cães com piometra, como (2011), a presença de sangue oculto pode ocorrer
em cães saudáveis. Em um estudo semelhante, devido à hemorragia do trato urinário, que se
Maddens et al. (2011) compararam a histologia confirma com o achado de hemácias no
renal de cadelas com piometra e cadelas hígidas, sedimento urinário (o que foi observado no
considerando a mesma faixa etária entre os dois presente estudo e será abordado adiante), ou
grupos e não foi evidenciado glomerulopatia por ainda decorrente de hemoglobinúria ou
deposição de imunocomplexos nos dois grupos, mioglobinúria.
sendo o dano glomerular relacionado com
alterações decorrentes da idade. Maddens et al. Não foi detectada, no exame da tira reagente, a
(2011) justificaram ainda que outras doenças presença de glicose, cetona, bilirrubina, nitrito e
poderiam levar a lesões glomerulares, como por urobilinogênio em nenhum dos animais e em
exemplo, a leishmaniose e a hipertensão arterial nenhum dos tempos de avaliação.
e assim, testes sorológicos deveriam ser feitos e a
aferição da pressão arterial também. No presente No exame dos sedimentos urinários, foram
estudo, a avaliação da pressão arterial sistólica estabelecidos escores para padronização destes
foi realizada, e seu aumento foi observado em achados na urinálise.
todos os tempos, afetando entre 29,5 e 55% dos
animais. Contudo, embora Belo Horizonte seja Foi observada a presença de hemácias na urina
região endêmica para leishmaniose, não foram de 15 animais (75%) no T0 (Tabela 34). Com
realizados testes sorológicos, assim não se pôde relação à quantidade de hemácias, foram
confirmar a doença nos animais do presente encontrados os seguintes resultados com base
estudo. nos escores estabelecidos no quadro 10 do
Material e Métodos: dos 15 animais, sete
Maddens et al. (2011) ainda relataram que, (46,6%) apresentaram pequena quantidade (5 –
independente da causa, a monitoração da 15 hemácias/campo), cinco animais (33,3%)
proteinúria em cadelas com piometra após a apresentaram quantidade moderada (16 – 40
cirurgia é um importante indicador para melhorar hemácias/campo), dois animais (13,4%)
os cuidados médicos com o paciente. Segundo apresentaram grande quantidade (41 – 100
Verstegen et al. (2008), a presença de proteinúria hemácias/campo) e apenas um animal (6,7%)
severa após o procedimento cirúrgico pode apresentou quantidade muito elevada (> 100
predispor ao desenvolvimento da doença renal, hemácias/campo). Foi observada uma variação
assim, a avaliação da pressão arterial e o uso de no número de animais em relação à presença de
medicações renoprotetoras podem ser necessárias hemácias na urina e ao tempo avaliado, de modo
para melhorar a função renal destes animais. que foram encontrados os seguintes resultados:
Assim, a avaliação da proteinúria em cadelas no T1 13 animais (92,8%) apresentaram
com piometra, após a cirurgia, serve como um hemácias na urina; no T2, 15 animais (75%); no
importante indicador de prognóstico para o T3, 20 animais (100%); nos tempos T4 e T5, 19
desenvolvimento da doença renal (Verstegen et animais (95%); no T6 houve uma redução para
al., 2008). 16 animais (70%) e no T7 a redução continuou
para nove animais (52,9%) (Tabela 34).
Outra alteração encontrada foi a presença de
sangue oculto na urina avaliada por tira reagente,

68
Tabela 33: Valores absolutos e relativos do exame químico da urina (proteinúria e sangue oculto) nos
diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.
Proteinúria Sangue oculto
± + ++ +++
Tempo N FA (FR) FA (FR) FA (FR) FA (FR) FA (FR)
7 5 6 - 10
T0 19
(36,8%) (26,3%) (31,5%) (52,6%)
4 6 1 - 10
T1 14
(28,5%) (42,8%) (7,1%) (71,4%)
6 9 2 - 13
T2 20
(30%) (45%) (10%) (65%)
9 6 3 1 12
T3 20
(45%) (30%) (15%) (5%) (60%)
12 2 1 - 12
T4 20
(60%) (10%) (5%) (60%)
10 7 2 - 10
T5 20
(50%) (35%) (10%) (50%)
9 6 3 - 5
T6 20
(45%) (30%) (15%) (25%)
6 3 5 1 1
T7 17
(35,2%) (17,6%) (29,4%) (5,8%) (5,8%)

Segundo Trall (2007), a presença de hemácias 11 animais (78,5%) apresentaram leucócitos na


no sedimento urinário indica a presença urina; nos tempos T2 e T4, 15 animais (75%);
de hemorragia em alguma parte do sistema nos tempos T3 e T5, 18 animais (90%); no T6,
urogenital, embora não seja possível estabelecer 14 animais (70%) e no T7, 12 animais (70,5%)
o local. As hemácias podem ainda ser apresentando leucocitúria (Tabela 34).
provenientes da cateterização da uretra,
dependendo do quão traumático for o A presença de leucócitos na urina, assim como
procedimento. A hematúria ainda pode indicar descrito anteriormente em relação às hemácias,
lesão vascular decorrente de traumatismo, pode indicar hemorragia ou inflamação no trato
inflamação, infartos renais, e é muito comum em urogenital, contudo, esta alteração também não
casos de infecções do trato urinário (Stockam e permite estabelecer o local (Trall, 2007; Stockam
Scott, 2011). e Scott, 2011).

Ainda no exame do sedimento urinário, a Outra alteração avaliada no exame do sedimento


leucocitúria foi observada em 15 animais (75%) urinário foi a presença de bactérias na urina e
no T0 (Tabela 34). Com relação à quantidade esta foi observada em 100% dos animais do T0
de leucócitos, foram encontrados os seguintes (Tabela 35). Segundo Bush (2004), para que
resultados com base nos escores estabelecidos no bactérias sejam detectadas no exame do
quadro 10 do Material e Métodos: dos 15 sedimento urinário, é necessário que estejam
animais, seis (40%) apresentaram uma pequena presentes mais que 3 x 104/ml de urina. Esta
quantidade (4 – 10 leucócitos/campo), seis (40%) avaliação foi feita de forma subjetiva através de
apresentaram grande quantidade (26 – 50 escores. Dessa forma, foram encontrados os
leucócitos/campo) e três (20%) apresentaram seguintes resultados com base nos escores
uma quantidade muito elevada (> 50 estabelecidos no quadro 10 do Material e
leucócitos/campo). Neste momento, não Métodos: no T0, seis animais (30%)
foi observado nenhum animal apresentando apresentaram uma pequena quantidade de
quantidade moderada (10 – 25 leucócitos/ bactérias na urina (+); seis animais (30%) com
campo). Em todos os tempos de avaliação foram uma quantidade moderada de bactérias (++); seis
observados animais com leucocitúria, variando animais (30%) com grande quantidade de
em relação ao número de animais e quanto à bactérias (+++) e ainda dois animais (10%) com
quantidade de leucócitos por campo, de modo campos repletos de bactérias (Tabela 35).
que foram obtidos os seguintes resultados: no T1,

69
Tabela 34: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (hemácias e leucócitos/campo)
nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.
Hemácias Leucócitos

5 – 15 16 – 40 41–100 > 100 4 – 10 10 – 25 26 – 50 > 50


Tempo N FA FA FA FA FA FA FA FA
(FR) (FR) (FR) (FR) (FR) (FR) (FR) (FR)
7 6 2 2 6 - 6 3
T0 20
(35%) (30%) (10%) (10%) (30%) (30%) (15%)
3 3 2 2 4 6 1 -
T1 14
(21,4%) (21,4%) (14,2%) (14,2%) (28,5%) (42,8%) (7,1%)
3 3 4 5 5 4 1 5
T2 20
(15%) (15%) (20%) (25%) (25%) (20%) (5%) (25%)
8 5 4 3 6 5 4 2
T3 20
(40%) (25%) (20%) (15%) (30%) (25%) (20%) (10%)
9 5 2 3 4 4 1 6
T4 20
(45%) (25%) (10%) (15%) (20%) (20%) (5%) (30%)
4 5 7 3 4 10 2 2
T5 20
(20%) (25%) (35%) (15%) (20%) (50%) (10%) (10%)
7 2 3 4 5 6 1 2
T6 20
(35%) (10%) (15%) (20%) (25%) (30%) (5%) (10%)
2 4 1 2 4 5 1 2
T7 17
(11,6%) (23,5%) (5,8%) (11,7%) (23,%) (29,4%) (5,8%) (11,7%)

Tabela 35: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (bactérias/campo) nos
diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.
Bacteriúria
Raras + ++ +++ ++++
Tempo N FA (FR) FA (FR) FA (FR) FA (FR) FA (FR)
T0 20 - 6 6 6 2
(30%) (30%) (30%) (10%)
T1 14 1 5 4 2 -
(7,1%) (35,7%) (28,5%) (14,2%)
T2 20 3 6 7 2 1
(15%) (30%) (35%) (10%) (5%)
T3 20 1 7 9 2 -
(5%) (35%) (45%) (10%)
T4 20 1 16 (80%) 3 (15%) - -
(5%)
T5 20 2 10 5 - -
(10%) (50%) (25%)
T6 20 - 10 8 1 -
(50%) (40%) (5%)
T7 17 1 5 8 2 1
(5,8%) (29,4%) (47%) (11,7%) (5,8%)

Em todos os tempos de avaliação foram T5, 19 animais (95%) e no T5, 17 animais (85%)
observados bacteriúria, apenas havendo variação (Tabela 35).
em relação à quantidade de bactérias. Dessa
forma, foram encontrados os seguintes Segundo Bush (2004), embora a presença de
resultados: no T1, 12 animais (92,3%) bactérias no trato genital seja normal, a urina é
apresentaram bacteriúria; nos tempos T2, T4 e excretada estéril pelos rins e quando a bacteriúria
T7, todos os animais (100%); nos tempos T3 e ocorre principalmente em grandes quantidades,

70
sugere a presença de infecção do trato urinário, tempos de avaliação (Tabela 36) e foram
contudo é necessária, para a confirmação do utilizados os escores definidos no quadro 10 do
diagnóstico, a realização de cultura bacteriana, o Material e Métodos para quantificação dessas
que não foi realizado no presente estudo. células. No momento inicial (T0), 12 animais
(60%) apresentaram células renais, variando em
Stone (2007) relatou que a infecção urinária pode relação à quantidade de células observadas na
ocorrer em cadelas com piometra, variando de 22 urina Dessa forma, foram encontrados os
a 69%. Neste estudo, a bacteriúria provavelmente seguintes resultados com base nos escores
ocorreu devido à passagem de bactérias para a estabelecidos no quadro 10 do Material e
uretra, decorrente do corrimento vaginal que Métodos: dos 12 animais, um (8,3%) apresentou
grande parte das cadelas apresentava (Trall, raras células renais, três (25%) apresentaram
2007; Stockam, e Scott, 2011). uma pequena quantidade (0 – 2 células/campo),
sete animais (58,4%) apresentaram uma
Segundo Trall, (2007) e Stockam e Scott (2011), quantidade moderada (3 – 6 células/campo) e
outro fator atribuído à presença de bactérias na apenas um animal (8,3%) apresentou uma grande
urina é a cateterização uretral, que foi realizada quantidade (>6 células/campo, com a presença
em todas as cadelas do presente estudo. A de clusters). Foi observada presença de células
cistocentese é considerada o melhor método renais em todos os momentos de avaliação,
principalmente para avaliação de bacteriúria, variando em relação ao número de animais e
porém é contra indicado em casos de piometra, quantidade de células. Dessa forma, foram
uma vez que a possibilidade de perfurar o útero encontrados os seguintes resultados: no T1, seis
contaminado é alta, aumentando assim o risco de animais (42,8%) apresentaram células renais; no
peritonite (Feldman, 2004). T2, 12 animais (60%); no T3, 15 animais (75%);
no T4, oito animais (40%); nos tempos T5 e T6,
Ainda no exame de sedimentos urinários, foram 13 animais (65%) e no T7, seis animais (35,2%)
observados vários tipos celulares em todos os também apresentavam células renais na urina
(Tabela 36).

Tabela 36: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (células renais, da pelve,
vesicais e uretrais/campo) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.
Células
Renais Pelve Vesicais Uretrais
Tempo N FA (FR) FA (FR) FA (FR) FA (FR)
T0 20 12 (60%) 11 (55%) 16 (80%) 15 (75%)
T1 14 6 (42,8%) 1 (7,1%) 5 (29,4%) 8 (57,1%)
T2 20 12 (60%) 2 (10%) 12 (60%) 11 (55%)
T3 20 15 (75%) 7 (35%) 12 (60%) 11 (55%)
T4 20 8 (40%) 3 (15%) 11 (55%) 7 (35%)
T5 20 13 (65%) 3 (15%) 13 (65%) 10 (50%)
T6 20 13 (65%) 6 (30%) 14 (70%) 14 (70%)
T7 17 6 (35,2%) 7 (41,1%) 11 (64,7%) 15 (88,2%)

Ainda foram observadas células da pelve renal avaliação variando em relação ao número de
em 11 animais (55%) no T0, variando em relação animais e em relação à quantidade de células.
à quantidade destas células na urina. Foram Foram encontrados os seguintes resultados com
encontrados os seguintes resultados utilizando os base nos escores estabelecidos: no T1, apenas um
escores estabelecidos no quadro 10 do Material e animal (7,1%) apresentou células da pelve renal;
Métodos: No T0, dos 11 animais, seis (54,6%) no T2, dois animais (14,2%); nos tempos T3 e
apresentavam uma pequena quantidade (0 – 2 T7, sete animais (35%); nos tempos T4 e T5, três
células/campo) e cinco animais (45,4%) animais (15%) e no T6, seis animais (35,2%)
apresentavam uma quantidade moderada (3 – 8 apresentavam células da pelve renal (Tabela 36).
células/campo). Foi observada a presença de
células da pelve renal em todos os tempos de

71
Células vesicais também foram observadas no animais sadios. Além disso, a cateterização pode
exame de sedimento urinário. No T0, 16 animais aumentar a incidência de células na urina,
(80%) foram observados com esta célula decorrente do trauma, o que provavelmente
variando em relação à quantidade apresentada. ocorreu no presente estudo, uma vez que todas as
Foram encontrados os seguintes resultados cadelas passaram por este procedimento. Maior
utilizando os escores estabelecidos no número de células epiteliais da pelve renal
quadro 10 do Material e Métodos: um animal podem se desprender em casos de inflamação, o
(6,25%) apresentou raras células vesicais; oito que também pode ter ocorrido, devido ao caráter
animais (50%) apresentaram um pequena inflamatório da piometra.
quantidade (0–2 células/campo); três
animais (18,8%) apresentaram quantidade A cilindrúria também foi observada no exame do
moderada (3–8 células/campo); dois animais sedimento urinário. A presença de cilindros
(13%) apresentaram grande quantidade (8–20 hialinos foi observada principalmente no
células/campo) e dois animais (13%) momento inicial (T0), onde quatro animais
apresentaram quantidade muito grande de células (20%) apresentaram esta alteração, variando em
(> 20 células/campo). Foram observadas células relação à quantidade. Os resultados, com base
vesicais em todos os tempos de avaliação, nos escores propostos foram: dois animais (50%)
variando em relação ao número de animais, e em apresentaram uma pequena quantidade (0 – 2
relação à quantidade de células apresentadas e os cilindros/ campo) e outros dois animais (50%)
resultados foram: no T1, cinco animais (35,7%) apresentaram quantidade moderada (3 – 8
apresentaram células vesicais; nos tempos T2 e cilindros/campo) (Tabela 37).
T3, 12 animais (60%); nos tempos T4 e T7, 11
animais (55% e 64,7% respectivamente); no T5, Cilindros granulosos também foram observados
13 animais (65%) e no T6, 14 animais (70%) em todos os tempos de avaliação, variando em
apresentaram células vesicais na urina (Tabela relação ao número de animais e em relação à
36). quantidade de cilindros. Assim, no T0, foram
observados que 11 animais (55%) apresentavam
As células uretrais também foram observadas no esta alteração. Os resultados, com base nos
exame do sedimento urinário em 15 animais escores propostos foram: três animais (27,3%)
(75%) no T0, variando em relação à quantidade apresentaram uma pequena quantidade (0 – 2
apresentada. Os resultados, com base nos escores cilindros/campo), sete animais (63,7%)
propostos foram: dos 15 animais, sete (46,7%) apresentaram uma quantidade moderada (3 – 8
apresentaram uma pequena quantidade (0 – 2 cilindros/campo) e apenas um animal (9%),
células/campo), seis animais (40%) apresentaram apresentou grande quantidade (> 8 cilindros por
quantidade moderada (3 – 8 células/campo) e campo). No T1 foram observados cinco animais
dois animais (13,3%) apresentaram grande (35,7%) com esta alteração; no T2, nove animais
quantidade (8 – 20 células/campo). Foram (45%); no T3, 12 animais (60%); nos tempos
observadas a células uretrais em todos os tempos T4 e T7, 10 animais (50% e 58,8%
de avaliação variando em relação ao número de respectivamente); no T5, 15 animais (75%) e no
animais e em relação à quantidade apresentada. T6, 13 animais (65%) (Tabela 37).
Foram encontrados os seguintes resultados
utilizando os escores estabelecidos no quadro 10 Ainda foi observada a presença de apenas um
do Material e Métodos: no T1, oito animais animal (5%) apresentando cilindros mistos nos
(57,1%) apresentaram células uretrais; nos tempos T0 e T5, dois animais (10%)
tempos T2 e T3, 11 animais (55%); no T4, sete apresentando cilindros celulares no T4 e um
animais (35%); no T5, 10 animais (50%); no T6, animal (5%) no T5 (Tabela 37).
14 animais (70%) e no T7, 15 animais (88,23%)
(Tabela 36). Segundo Stockam e Scott (2011), os cilindros
são estruturas que se originam dos túbulos renais,
Segundo Stockam e Scott (2011), as células e são formados a partir de proteínas, células
epiteliais constantemente descamam da mucosa intactas e debris celulares, e sua presença é
do trato urinário, sendo substituídas por novas anormal na urina. Os cilindros podem não ser
células, portanto, pequenas quantidades de eliminados na urina, ou ainda serem liberados em
células epiteliais são esperadas na urina de

72
“descargas”, assim, a ausência de cilindrúria não refletem necrose ou inflamação envolvendo os
descarta a possibilidade de doença tubular renal. túbulos renais, podendo também ser encontrados
na urina de animais saudáveis. Cilindros mistos e
Os Cilindros hialinos são estruturas proteicas celulares geralmente estão associados com
resultante do extravasamento de proteínas pela inflamação renal (Trall, 2007; Stockam e Scott,
membrana glomerular ou de uma maior 2011).
concentração de proteína tubular devido à
desidratação. Em pequenas quantidades não Em estudo realizado por Ferreira (2006), foi
indicam patologia renal e podem ser encontrados observado diferença na quantidade de sedimento
na urina de cães saudáveis, contudo, se presentes urinário no momento do diagnóstico em relação
em grande quantidade, indicam lesão glomerular a 24 horas após a cirurgia, no qual este ultimo
significativa e estas podem estar associadas à apresentou menor quantidade, alteração esta não
proteinúria, achado relativamente comum no observada no presente estudo.
presente estudo. Os cilindros granulosos se
formam a partir da degeneração celular e

Tabela 37: Valores absolutos e relativos do exame do sedimento urinário (cilindros hialinos, granulosos,
celulares e mistos/campo) nos diferentes tempos de avaliação, em 20 cadelas com piometra.
Cilindrúria
Hialinos Granulosos Celulares Mistos
Tempo N FA (FR) FA (FR) FA (FR) FA (FR)
T0 20 4 (20%) 11 (55%) 0 1 (5%)
T1 14 0 5 (35,7%) 0 0
T2 20 0 9 (45%) 0 0
T3 20 0 12 (60%) 0 0
T4 20 0 10 (50%) 2 (10%) 0
T5 20 0 15 (75%) 1 (5%) 1 (5%)
T6 20 1 (5%) 13 (65%) 0 0
T7 17 2 (11,7%) 10 (58,8%) 0 0

5.4.2- Densidade urinária presentes neste tempo, interferindo na


capacidade de concentração da urina (Feldman,
Os valores médios obtidos para a densidade 2004).
urinária nos diferentes tempos de avaliação (T0-
T7) estão representados na tabela 38. Em uma Segundo Feldman (2004), Pretzer (2008) e
análise descritiva geral, os valores médios Verstegen et al. (2008), na piometra, a presença
ficaram dentro dos valores normais para a de isostenúria (densidade urinária de 1,008 a
espécie canina, em todos os tempos de avaliação. 1,015) ou hipostenúria (< 1,008) é um achado
Contudo, pôde-se observar diminuição dos relativamente comum e foram encontradas neste
valores médios a partir do T1 em decorrência da estudo, no momento do diagnóstico (T0) num
reposição e/ou manutenção hídrica. Na avaliação percentual de 20% (isostenúria) e 5%
individual no T0, cinco animais (25%) (hipostenúria) dos animais.
apresentaram a densidade urinária diminuída e
dois animais (10%) apresentavam aumento. Foi A densidade urinária ainda pode se encontrar
observada diferença do T7, que apresentou valor acima do normal (hiperestenúria) em decorrência
médio maior de densidade urinária (1,043±0,02), de desidratação, que também foi observado no
em relação aos demais tempos (T0 –T6). Ainda presente estudo em 10% dos animais no T0.
foi observado diferença entre o T6 e os tempos Assim, quando ocorre a infecção causada
T1, T2, T3, T4, T5. principalmente pela Escherichia coli, ocorre o
desenvolvimento de toxemia que por sua vez,
No T7, nenhum animal apresentava redução da pode interferir na absorção de sódio e cloreto na
densidade urinária, o que pode ser justificado alça de Henle, reduzindo a hipertonicidade
devido à sepse e toxemia não estar mais medular renal, comprometendo assim a

73
reabsorção de água pelos túbulos coletores No estudo realizado por Ferreira (2006) foi
renais, resultando assim na perda da capacidade observado, no momento do diagnóstico que o
de concentração urinária (Feldman, 2004; valor médio da densidade urinária estava
Pretzer, 2008, Verstegen et al., 2008). próximo ao limite inferior, o que também foi
observado em alguns animais no presente estudo.

Tabela 38: Valores médios e seus respectivos desvios padrão da densidade urinária nos diferentes tempos
de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 19 1,027 BC 0,02 1,004 1,024 1,060
T1 14 1,015 D 0,01 1,004 1,012 1,038
T2 20 1,016 D 0,01 1,004 1,013 1,048
T3 20 1,021 CD 0,01 1,004 1,018 1,052
T4 20 1,017 D 0,01 1,003 1,015 1,035
T5 20 1,018 D 0,01 1,010 1,016 1,038
T6 20 1,033 B 0,01 1,006 1,036 1,052
T7 17 1,043 A 0,02 1,020 1,040 1,080
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência da densidade urinária para a espécie canina: 1,015 – 1,045 (Stockam e Scott, 2011).

5.4.3- pH urinário alcalino (8 - 47%), enquanto apenas dois animais


(11,7%) apresentavam pH ácido.
Os valores médios obtidos para o pH urinário nos
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão Segundo Stockam e Scott (2011) a urina dos
representados na tabela 39. Em uma análise carnívoros geralmente é mais ácida, estando
descritiva geral, os valores médios ficaram entre o pH entre 6 – 7,5, e dentre as causas que
dentro dos valores normais para a espécie canina levam ao pH alcalino na urina, pode-se citar as
em todos os tempos de avaliação. Embora não causas que levam à alterações no pH sanguíneo,
tenha havido diferença no pH urinário em como por exemplo a alcalose respiratória
relação aos tempos de avaliação, na avaliação decorrente da hiperventilação que o animal
individual, pôde-se observar uma variação no apresenta devido à toxemia ou ainda à presença
número de animais e nas alterações no pH de dor, estresse e ansiedade (DiBartola, 2012), o
urinário, ao longo dos tempos, havendo que ocorreu no presente estudo. Além disso,
prevalência de pH urinário alcalino. No T0, segundo Feldman (2004), a presença de pH
cinco animais (25%) apresentaram pH alcalino urinário alcalino pode ocorrer ainda em
enquanto outros quatro animais (20%) decorrência de êmese, devido à perda de ácidos
apresentaram pH ácido. No T1, três animais ou ainda devido às infecções urinárias por
(21,4%) apresentaram pH alcalino e um animal bactérias capazes de alterar o pH urinário,
(7,1%) pH ácido, no T2, seis animais (30%) tornando-o alcalino.
apresentaram pH alcalino e dois animais (10%)
pH ácido; no T3 observou-se cinco animais O resultado aqui demonstrado, não foi o mesmo
(25%) com pH alcalino e dois (10%) com pH encontrado no estudo realizado por Ferreira
acido; no T4, quatro animais apresentaram pH (2006) que observou uma maior prevalência de
alcalino (20%) e um animal (5%) pH ácido. No pH ácido nos animais com piometra tanto no
T5, foram observados somente animais (6 – momento do diagnóstico como 24 horas após a
30%) com pH alcalino. No T6, quatro animais cirurgia. Contudo, em seu estudo as cadelas com
(20%) apresentaram pH alcalino e dois animais piometra, apresentavam também azotemia, o que
(10%) voltaram a apresentar pH ácido. No T7, pode ter corroborado para o diferente resultado.
observou-se o maior número de cadelas com pH

74
Tabela 39: Valores médios e seus respectivos desvios padrão do pH urinário nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 19 6,68 A 1,2 5 6,5 9
T1 14 7,14 A 1,01 5 7,5 9
T2 20 7,13 A 1,01 5 7,25 9
T3 20 6,88 A 0,94 5 7 8
T4 20 7,05 A 0,96 5 7 9
T5 20 7,25 A 0,95 6 7 9
T6 20 6,73 A 1,03 5 6,5 9
T7 17 7,21 A 1,2 5 7 9
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do pH urinário para a espécie canina: 6,0 – 7,5 (Stockam e Scott, 2011).

5.4.4 Débito urinário cinco (25%) oligúria; No T6, apenas um animal


(5%) com poliúria e nove (45%) com oligúria; e
Os valores médios obtidos para o débito no T7, nenhum animal apresentou poliúria,
urinário/Kg/hora nos diferentes tempos de contudo, 13 animais (76%) apresentaram
avaliação (mensurado do T4 ao T7) estão oligúria. A redução de animais com poliúria ao
representados na tabela 40. Em uma análise longo dos tempos é esperada, uma vez que as
descritiva geral, os valores médios ficaram endotoxinas liberadas pelas bactérias envolvidas
dentro dos valores normais para a espécie canina na piometra declinam ao longo dos tempos, após
em quase todos os tempos de avaliação, com a retirada cirúrgica do útero contaminado
exceção do T7 (0,81±0,33). Foi observado (Mastrocinque, 2002; Feldman e Nelson, 2004;
diferença do T4 e T5 em relação aos valores Fossum, 2008).
médios de T6 e T7 que foram menores, o que era
esperado uma vez que nos tempos T4 e T5, os No T7 a maioria dos animais apresentaram
animais estavam sob o efeito da fluidoterapia de oligúria. Esta alteração pode ocorrer em
manutenção, enquanto nos tempos T6 e T7, a situações de baixa ingestão de água, associada
ingestão de líquido foi ad libitum por via oral. com densidade urinária aumentada, quando a
Apesar dos valores médios do débito urinário capacidade de concentração urinária renal está
estarem normais nos tempos T4, T5 e T6, foi preservada (Stockham e Scott, 2011). No
observado na avaliação individual, animais presente estudo o consumo hídrico dos animais
apresentando poliúria ou oligúria ao longo dos não foi mensurado, contudo, a alta frequência de
tempos. No T4, oito animais (40%) animais apresentando oligúria no T6 e T7 sugere
apresentavam poliúria enquanto quatro animais que esta alteração ocorreu devido a um baixo
(20%) apresentavam oligúria; No T5, sete consumo hídrico nestes tempos, e não
animais (35%) também apresentaram poliúria e necessariamente uma disfunção renal.

Tabela 40: Valores médios e seus respectivos desvios padrão do débito urinário/Kg/hora nos diferentes
tempos de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T4 20 1,78 A 1,07 0,29 1,36 4,08
T5 20 1,87 A 1,08 0,35 1,61 3,97
T6 20 1,12 B 0,58 0,33 1,04 2,91
T7 17 0,81 B 0,33 0,21 0,82 1,49
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valor de referência de débito urinário para a espécie canina: 1 – 2 mL/kg/h (DiBartola, 2012).

75
5.5- Hemogasometria discretamente elevados, próximo ao limite
5.5.1- Glicose inferior dos valores de referência. Ainda foram
observados neste mesmo tempo, três animais
Os valores médios obtidos para a glicose nos (15%) com hipoglicemia. No T5, nenhum animal
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão apresentou hiperglicemia, e apena um (5%)
representados na tabela 41. Em uma análise apresentou hipoglicemia. No T7, foi observado
descritiva geral, os valores médios da glicose se somente um animal (5,8%) com hiperglicemia
encontram dentro dos valores de referência para (Anexo 6) que possivelmente ocorreu devido este
a espécie canina. Contudo, na avaliação não estar em jejum (Bush, 2004; Lassen, 2007).
individual, foi observado alterações referentes Hedlund (2005) relatou que animais com
aos valores de glicose em quase todos os tempos piometra podem apresentar tanto hipoglicemia
de avaliação, com exceção do T6. No T0, cinco quanto hiperglicemia, o que foi observado no
animais (26,3%) apresentavam hiperglicemia e presente estudo, e justificou as alterações em
dois animais (10,5%), hipoglicemia. Neste decorrência da sepse. Feldman e Nelson (2004)
momento, alguns animais apresentavam se relataram que a resistência insulínica pode
desidratados, o que pode ter contribuído para um ocorrer em condições inflamatórias, infecciosas,
menor número de animais com hipoglicemia, hormonais e neoplásicas, no qual a piometra
uma vez que após a reposição (T1) e/ou apresenta três destas condições. Lassen (2007)
manutenção hídrica (T2), o número de animais relatou que a hipoglicemia é um achado
com hipoglicemia aumentou. Assim, no T1, inconsistente na sepse, ocorrendo geralmente em
somente um animal (7,7%) apresentou uma fase mais avançada ou terminal da doença, e
hiperglicemia e quatro animais (30,7%) relatou ainda que a hiperglicemia é uma
apresentaram hipoglicemia. No T2, quatro alteração mais comumente observada na fase
animais (20%) apresentavam hiperglicemia e inicial da sepse. Contudo, no presente
outros quatro animais (20%) hipoglicemia, e no estudo, embora os animais com hipoglicemia
T3, três (15%) apresentaram hiperglicemia e se apresentassem em uma condição geral
cinco (25%) hipoglicemia. Após este tempo, foi debilitada, esta ocorreu devido ao quadro
observado uma redução no número de animais inflamatório/infeccioso causado pela piometra,
com alterações na glicose. No T4, embora não sendo observada diferença entre estes, e
três animais (15%) ainda apresentavam animais com hiperglicemia ou sem alterações na
hiperglicemia, contudo, esta não era relevante, glicemia.
uma vez que os valores da glicose estavam

Tabela 41: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de glicose nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 19 111,6 A 30,3 73 104 175
T1 13 88,6 C 25,1 52 89 141
T2 20 99,5 ABC 30,2 48 98 172
T3 20 89,5 C 30,1 34 90 139
T4 20 92,5 BC 23,4 34 93,5 125
T5 20 94,7 ABC 14,0 63 98 114
T6 20 100,2 ABC 12,0 77 100 124
T7 17 105,5 AB 8,9 91 105 124
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência da glicose para a espécie canina: 76 a 119 mg/dL (Kaneko et al., 1997).

Pöppl et al. (2009) evidenciaram uma intensa redução da gliconeogênese em consequência da


resistência à insulina e intolerância à glicose em sepse. Também relatou que a hiperglicemia pode
cadelas com piometra, devido ao estado ocorrer por liberação de catecolaminas e
inflamatório e séptico destes animais. Relataram glucagon, além da produção de hormônio do
ainda que a hipoglicemia pode ser causada por crescimento estimulado pela progesterona que,
depleção dos depósitos de glicogênio, pelo devido à sua ação diabétogênica, causa inibição
aumento da utilização periférica da glicose, e dos receptores insulínicos e a resposta

76
intracelular destes (Molano e Escheverri, 2007; representados na tabela 42. Em uma análise
Lassen, 2007; Pöppl et al., 2009). Em outro descritiva geral, os valores médios do Na+ se
estudo, Gonçalves (2010) também observou encontram dentro dos valores de referência para
hipoglicemia em 18% animais com piometra. a espécie canina. Contudo, na avaliação
individual, foi observada hiponatremia em dois
Foi observado diferença no T0 que apresentava o animais no T0 (10%), no T1 (14,2%) e
maior valor médio (111,63±30,35), em relação no T2 (10%) e em apenas um animal no T3
ao T1 (88,6±25,1), ao T3 (89,5±30,1) e T4 (5%). Ainda foi observado um animal (5%)
(92,7±23,4), no qual estes apresentavam o menor apresentando um discreto aumento de Na+ apenas
valor médio (Tabela 46). no T5. Foi observada diferença do T0 (menor
valor médio, 145,1±6,1), em relação à T4
5.5.2- Eletrólitos (148,9±3,1) e T5 (148,6±2,9) que apresentaram
5.5.2.1- Sódio (Na+) os maiores valores médios.

Os valores médios obtidos para o Na+ nos


diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão

Tabela 42: Média e seus respectivos desvios padrão do Sódio (Na+) em diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 145,1 B 6,1 128 146 152
T1 14 146 AB 6,4 131 147 152
T2 20 145,9 AB 5,5 132 147 153
T3 20 147,3 AB 4,3 136 148,5 154
T4 20 148,9 A 3,1 141 149,5 154
T5 20 148,6 A 2,9 144 149 157
T6 20 147,3 AB 2,1 143 148 151
T7 17 148,1 AB 1,7 145 148 151
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do sódio para a espécie canina: 145 (140 a 155) mEq/L (DiBartola, 2012).

Segundo DiBartola (1012), o sódio é o principal presente estudo, no qual os dois animais que
cátion do fluido extracelular. A hiponatremia apresentaram hiponatremia no T0 continuaram a
pode ocorrer em situações em que se estabeleça apresentar no T1 e T2, tempos referentes à
uma desidratação hipotônica, ou ainda pela reposição e manutenção hídrica,
presença de distúrbios gastrintestinais como respectivamente. O Ringer lactato é considerada
êmese e diarreia (Hedlund, 2005), que foi a solução que mais se aproxima do plasma em
observado em alguns animais no presente estudo. relação à sua composição.
Ainda pode ocorrer devido a diurese prolongada
com ingestão de fluido pobre em Na+, como em Contudo, a quantidade de sódio contido nela
casos de poliúria e polidipsia, o que também foi (130 mEq/L) é inferior à quantidade do plasma
observado neste estudo (Stockam e Scott, 2011; (140 mEq/L), sendo provavelmente por esta
DiBartola, 2012). Brandão et al. (1999), ao razão que a fluidoterapia não foi suficiente para a
avaliarem os eletrólitos (sódio e potássio) em correção da hiponatremia. A correção desta
cães com choque séptico, observaram alteração deve ser feita em uma taxa inferior a 10
hiponatremia em 62% dos animais, contudo, não a 12 mEq/L/dia (0,5mEq/L/hora) utilizando
consideraram grave a presença deste distúrbio, preferencialmente soluções cristaloides (Ringer
uma vez que os valores se apresentaram lactato ou NaCl 0,9%) (DiBartola, 2012).
próximos do limite inferior de normalidade.
Relata-se ainda que mesmo após 2 horas de Ferreira (2006), assim como neste estudo,
fluidoterapia (Ringer lactato), os animais ainda também observou prevalência de hiponatremia
apresentaram este distúrbio, demonstrando que a em seu estudo, no qual, 22 animais (16,7%)
fluidoterapia não foi suficiente para a correção apresentavam esta alteração. Ainda foi
do desequilíbrio, o que também foi observado no evidenciado hipernatremia em cinco animais

77
(3,8%), o que também foi observado no presente A hipercalemia foi observada em apenas um
estudo, em apenas um animal. animal (5%) no T0, e esta provavelmente ocorreu
devido à hemoconcentração decorrente da
5.5.2.2- Potássio (K+) desidratação, uma vez que após a reposição e
manutenção hídrica, este animal não apresentou
Os valores médios obtidos para o K+ nos mais esta alteração nos demais tempos.
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão
representados na tabela 43. Em uma análise Foi observada diferença de T6, que apresentou o
descritiva geral, os valores médios do K+ maior valor médio (4,4±0,4) em relação à T0,
encontraram-se dentro dos valores de normais T1, T2, T3 e T4.
para a espécie canina. Contudo, na avaliação
individual, foi observada hipocalemia em seis Em um estudo realizado por Brandão et al.
animais (30%) no T0; em quatro animais (1999), que avaliaram os eletrólitos (sódio e
(28,5%) no T1; em nove animais (45%) no T2 e potássio) em cães com choque séptico, observou-
no T3; em cinco animais (25%) no T4; em se uma prevalência de 74,2% de animais com
apenas dois animais (10%) no T5 e apenas um hipocalemia e considerou-se este distúrbio como
animal (5,8%) no T7. Não se observou o mais frequente em casos de sepse. Ainda foi
hipocalemia no T6 (Anexo 6). observado que, após 2 horas de fluidoterapia
(Ringer lactato), todos os animais ainda
A hipocalemia pode ser justificada pela anorexia apresentavam este distúrbio. Nos animais do
e também pela perda gastrintestinal, como êmese presente estudo, também foi evidenciado que a
e diarreia, que foi observado em alguns animais. fluidoterapia além de não ter sido suficiente para
Ainda pode ser justificada pela alcalose a correção da hipocalemia, acabou intensificando
metabólica que alguns animais apresentavam, este distúrbio em alguns animais elevando o
levando a um deslocamento de K+ do fluido número de animais com hipocalemia, que
extracelular para o intracelular, ou ainda devido à provavelmente ocorreu pelo efeito diluidor,
perda urinária, por ação das toxinas nos túbulos promovido pela fluidoterapia nos animais. A
coletores renais, interferindo na capacidade de fluidoterapia não corrigiu a hipocalemia devido
concentração da urina, o que também foi ao Ringer lactato ser indicado para a reposição,
observado neste estudo, sendo demonstrado contendo apenas 4 mEq/L de potássio em sua
através da baixa densidade urinária (Tabela 40), composição, não fornecendo K+ suficiente para
discutido anteriormente, e também pela ação das as necessidades de manutenção para a maioria
toxinas estimulando a bomba de Na+/K+ ATPase dos animais, que deveria conter de 15 a 30
que retira o K+ do fluido extra celular (FEC) e mEq/L (DiBartola,2012).
desloca para as fibras musculares (Stockam e
Scott, 2011; DiBartola, 2012).

Tabela 43: Média e seus respectivos desvios padrão do potássio (K+) em diferentes tempos de avaliação
em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 3,9 BC 0,7 2,5 4 5,7
T1 14 3,9 BC 0,6 2,9 3,9 4,9
T2 20 3,7 C 0,5 2,7 3,9 4,9
T3 20 3,7 C 0,4 2,6 3,8 4,7
T4 20 3,9 BC 0,5 2,7 4,0 4,9
T5 20 4,1 AB 0,4 3,5 4,1 5,1
T6 20 4,4 A 0,4 3,7 4,5 5,3
T7 17 4,2 AB 0,4 3,3 4,2 5,2
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do potássio para a espécie canina: 4 (3,7 a 5,5) mEq/L (DiBartola, 2012).

Ferreira (2006) também observou hipocalemia hipercalemia em oito animais (6%), o que
em 16 animais (12,2%) assim como foi também foi observado neste estudo em apenas
observado neste estudo, porém, também relatou um animal (5%). Segundo Hedlund (2005) a

78
hipercalemia é uma alteração comum em cadelas Foi observada diferença de T1, que apresentou o
com piometra, alteração esta que só foi menor valor médio (109,64±10,54) em relação à
evidenciada em apenas um animal, sendo a T4 e T6.
hipocalemia a alteração mais frequentemente
observada no presente estudo. Segundo DiBartola (2012), o cloreto é o
principal ânion do fluido extracelular e tem um
5.5.2.3- Cloreto (Cl-) papel fundamental não apenas para manter a
osmolaridade, mas também participa de forma
Os valores médios obtidos para o Cl- nos ativa no equilíbrio ácido-base, atuando de forma
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão inversamente proporcional com o bicarbonato,
representados na tabela 44. Em uma análise assim, quando ocorre um aumento nos níveis do
descritiva geral, os valores médios do Cl- se bicarbonato como na alcalose metabólica, os
encontram dentro dos valores de normais para a níveis de Cl- diminuem, para manter a
espécie canina. Contudo, na avaliação individual, eletroneutralidade, o que foi observado no
foi observada hipocloremia em apenas um presente estudo. Além disso, distúrbios que
animal que permaneceu com esta alteração nos causam desidratação hiponatrêmica (perdas
tempos T0, T1, T2, T3 e T4 e apresentou gastrintestinais, urinárias), tendem a criar
alcalose metabólica em quase todos os tempos hipocloremia (Stockam e Scott, 2011).
de avaliação (Anexo 6).

Tabela 44: Média e seus respectivos desvios padrão do Cloro (Cl-) em diferentes tempos de avaliação em
20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 19 113,3 AB 4,4 100 113 119


T1 14 109,6 A 10,5 76 112,5 119
T2 19 113,6 AB 4,6 100 114 121
T3 20 113,1 AB 7,1 88 113,5 123
T4 20 114 B 6,5 91 115 123
T5 20 114,2 AB 2,3 110 114 119
T6 20 114,4 B 2,4 110 114,5 119
T7 17 114,0 AB 2,9 108 114 122
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência do cloro para a espécie canina: 110 (105 – 120) mEq/L (DiBartola, 2012).

5.5.3- pH sanguíneo apresentaram alcalemia. No T3, um animal (5%)


com alcalemia e três (15%) com acidemia; no
Os valores médios obtidos para o pH sanguíneo T4, dois animais (10%) com alcalemia e outros
nos diferentes tempos de avaliação (T0- T7) dois (10%), com acidemia. No T5, alcalemia foi
estão representados na tabela 45. Em uma análise observada em três animais (15%) e acidemia em
descritiva geral, os valores médios do pH dois (10%). Já no T6, houve um predomínio de
sanguíneo estavam normais em todos os animais com acidemia (seis animais - 30%) e
momentos de avaliação, contudo, na avaliação apenas dois (10%) com alcalemia. No T7, dois
individual, foi observada a presença de animais (11,6%) com alcalemia e apenas um
alterações no pH em todos os tempos de (5,8%) com acidemia (Anexo 6).
avaliação, com predomínio de pH alcalino
(alcalemia). Dessa forma, foram encontrados os Segundo DiBartola (2012), o termo pH foi
seguintes resultados: no T0, três animais (15%) introduzido com o objetivo de facilitar a
apresentaram acidemia e cinco animais (25%) interpretação das alterações na concentração do
alcalemia; no T1, apenas um animal (7,1%) Hidrogênio (H+), havendo uma variação inversa
apresentou alcalemia; no T2 três animais (15%) entre ela e o pH sanguíneo. Quando ocorre um

79
aumento na concentração do H+, ocorre dizer que não exista um distúrbio ácido-base
diminuição do pH, e esta alteração é denominada ocorrendo, pois em muitas situações podem estar
acidemia. Contudo, quando ocorre o oposto, ou ocorrendo mecanismos compensatórios que
seja, uma diminuição da concentração de H+, mantém o pH normal, sem evidenciar acidemia
ocorre aumento do pH, e esta alteração é ou alcalemia (Hagman et al., 2009).
denominada alcalemia. Sempre que alguma
destas alterações ocorrerem pode-se dizer que Foi observado diferença no T0 e T2 que
existe um distúrbio de ácido-base. Porém, o fato apresentam os maiores valores médios de pH, em
do pH estar dentro dos valores normais não quer relação ao T6 que apresentou o menor valor.

Tabela 45: Média e seus respectivos desvios padrão do pH em diferentes tempos de avaliação em 20
cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima

T0 20 7,43 A 0,07 7,27 7,43 7,6


T1 14 7,41 AB 0,06 7,36 7,41 7,59
T2 19 7,43 A 0,06 7,35 7,42 7,58
T3 20 7,4 AB 0,05 7,34 7,4 7,54
T4 20 7,4 AB 0,06 7,3 7,4 7,58
T5 20 7,4 AB 0,03 7,34 7,39 7,46
T6 20 7,38 B 0,04 7,29 7,39 7,46
T7 17 7,4 AB 0,04 7,33 7,4 7,48
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do pH sanguíneo para a espécie canina: 7,397 (7,351- 7,443) (DiBartola, 2012).

5.5.4- Pressão de dióxido de carbono (PCO2) diminuição da PCO2 em relação ao tempo inicial,
sendo que, cinco animais (25%) apresentaram
Os valores médios obtidos para a PCO2 nos queda de PCO2 e quatro animais (20%)
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão apresentaram aumento. No T4, evidenciou-se
representados na tabela 46. Em uma análise quatro animais (20%) com diminuição e também
descritiva geral, os valores médios ficaram quatro animais com aumento de PCO2. No T5,
dentro dos valores normais para a espécie canina, apenas dois animais (10%) apresentaram
nos diferentes tempos de avaliação. Contudo, na diminuição e dois (10%) aumento. No T6, foi
avaliação individual, foram observadas observado um maior número de animais com
alterações em todos os tempos de avaliação, elevação da PCO2 (cinco animais - 25%),
sendo que nos tempos T0, T1, T2 e T3, houve enquanto quatro (20%) apresentaram diminuição
um predomínio de animais apresentando redução da PCO2. No T7, quatro animais (23,5%)
dos valores da PCO2. Porém, foi observada uma apresentaram aumento da PCO2 e apenas um
mudança ao longo dos tempos avaliados, (5,8%) com diminuição desta (Anexo 6).
havendo um aumento no número de animais com
elevação da PCO2 no T4, e a partir deste, esta As mudanças nos valores da PCO2 indicam
alteração predominou até o T7. Dessa forma, alterações referentes ao parâmetro respiratório
foram encontrados os seguintes resultados: no (DiBartola, 2012). Hagman et al., (2009)
T0, 11 animais (55%) apresentaram diminuição comparando o pH, PCO2, HCO3-, BE e lactato
da PCO2 e apenas um animal (5%) apresentou entre animais com piometra e animais
aumento. No T1, observou-se três animais clinicamente hígidos, observaram que os valores
(21,4%) com diminuição e dois animais (14,2%) de PCO2 e HCO3-estiveram abaixo dos valores
com aumento. No T2, oito animais (40%) com normais, devido a uma acidose metabólica com
redução do PCO2 e apenas dois animais (10%) compensação respiratória, ou ainda uma alcalose
com aumento. Já no T3, foi observada uma respiratória primária, o que também foi
grande redução no número de animais com observado no presente estudo e será discutido a

80
seguir. Contudo, a avaliação da PCO2 sozinha, Foi observada diferença do T0, que apresentou o
mesmo que em valores alterados, não permite a menor valor médio, em relação a quase todos os
identificação de distúrbios que possam estar tempos de avaliação (T1, T3, T4, T5, T6, T7),
ocorrendo, assim, a sua avaliação deve ser não havendo diferença com o T2.
realizada juntamente com os valores do pH e do
HCO3- (DiBartola, 2012).

Tabela 46: Média e seus respectivos desvios padrão do PCO 2 em diferentes tempos de avaliação em 20
cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 33,5 B 8,0 21,3 31,9 61,6
T1 14 37,7 A 7,5 26,8 36,1 58,1
T2 19 35,0 AB 6,7 24,8 34,7 56
T3 20 37,1 A 6,7 26,9 36,2 58
T4 20 37,6 A 4,9 28,5 36,8 49
T5 20 37,5 A 3,1 32 37,8 42,5
T6 20 37,5 A 4,5 29,2 37,9 46,1
T7 17 38,1 A 4,6 25,9 38,5 45
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do PCO2 para a espécie canina: 37,4 (33,6- 41,2) mmHg (DiBartola, 2012).

5.5.5- Bicarbonato (HCO3-) Houve predomínio de animais com redução dos


valores de HCO3- nos seguintes tempos: no T0
Os valores médios obtidos para a HCO3- nos (11 animais - 55%); no T2 (seis animais - 30%);
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão no T3 (sete animais – 35%) e no T6 (cinco
representados na tabela 47. Em uma análise animais - 25%). Porém, foi observada uma
descritiva geral, os valores médios do HCO3- mudança ao longo dos tempos, com aumento no
estavam normais para a espécie canina. Embora número de animais com HCO3- elevado no T5 (5
não tenha havido diferença entre os diferentes animais - 25%) e no T7 (5 animais - 29,4%). No
tempos estudados, foram observadas, nas T1, o número de animais apresentando redução
avaliações individuais, alterações nos valores de ou elevação do HCO3- foram iguais (três animais
HCO3- em todos os tempos e foram semelhantes - 21,4%), assim como no T4 que apresentou
às observações de PCO2. Dessa forma, foram cinco animais (25%) com redução e cinco (25%)
encontrados os resultados citados a seguir. com elevação do HCO3-.

Tabela 47: Média e seus respectivos desvios padrão do HCO3- em diferentes tempos de avaliação em 20
cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 22,6 A 9,3 12,9 20,4 60,6
T1 14 24,7 A 9,0 18,3 22,4 55,2
T2 19 23,5 A 7,4 17,3 21,8 52,8
T3 20 23,9 A 8,7 17,5 22,7 59,4
T4 20 23,5 A 4,7 18,8 22,7 41,4
T5 20 23,1 A 1,8 20 23 27,2
T6 20 22,3 A 2,2 18,5 22,1 26,7
T7 17 23,5 A 2,1 19,4 23,6 27
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Duncan.
Valores de referência do HCO3- para a espécie canina: 22,5 (20,8- 24,2) Mmol/L (DiBartola, 2012).

Segundo DiBartola (2012), as mudanças nos bicarbonato é o principal sistema tampão que
valores do HCO3- indicam alterações no ajuda a manter o pH sanguíneo dentro das
parâmetro metabólico. No organismo, o concentrações normais. Ele é produzido a partir

81
da água e CO2 em células que possuem anidrase no T0 (-2,15±8,24) em relação à T5 (-1,65±2,13)
carbônica presente no pulmão, mucosa gástrica, e T7 (-1,24±2,44) (Tabela 48).
rins e eritrócitos. O aumento do HCO3- pode ser
decorrente da perda gástrica de H+ pelo Segundo Stockam e Scott (2011), o excesso de
organismo (êmese), ou ainda por perda renal de base é um parâmetro calculado a partir das
H+ (Stockam e Scott, 2011). Contudo, a análises de gases sanguíneos e auxilia na
diminuição do HCO3- quase sempre está avaliação do parâmetro metabólico. Apesar do
associada à acidose metabólica, seja ela primária nome, o BE se refere e quantifica a falta ou o
ou ainda por compensação de uma alcalose excesso de base no sangue para que o pH esteja
respiratória (Stockam e Scott, 2011). dentro dos limites fisiológicos. Assim, valores
positivos indicam alcalose metabólica, enquanto
5.5.6- Excesso de base (BE) valores negativos indicam acidose metabólica.
Embora o BE auxilie na avaliação do equilíbrio
Os valores médios obtidos para a BE nos ácido-base, este é baseado em uma fórmula
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão calculada a partir dos valores de hemoglobina e
representados na tabela 48. Em uma análise HCO3- o que pode sofrer maiores alterações,
descritiva geral, os valores médios do BE sendo assim, a melhor maneira de classificar os
ficaram dentro dos valores normais para a distúrbios de ácido-base é através da avaliação
espécie canina. Foi observada diferença do BE do pH, PCO2 e HCO3- (Stockam e Scott, 2011).

Tabela 48: Média e seus respectivos desvios padrão do excesso de base em diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 20 -2,15 A 8,24 -14 -3,5 30
T1 14 -0,07 AB 9 -6 -2 30
T2 19 -0,95 AB 7,85 -7 -3 30
T3 20 -1,25 AB 7,22 -7 -2 27
T4 20 -1,3 AB 5,34 -8 -2 19
T5 20 -1,65 B 2,13 -5 -2 3
T6 20 -2,85 AB 2,6 -8 -3 2
T7 17 -1,24 B 2,44 -5 -2 3
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência do BE para a espécie canina: 1 a -3 Mmol/L (Almosny, 2003).

5.5.7- Ânion gap possível obter os valores do ânion gap, uma vez
que o Cl- apresentou-se abaixo dos valores
Os valores médios obtidos para o ânion gap nos mensurados pelo aparelho analisador de gases
diferentes tempos de avaliação (T0- T7) estão sanguíneos.
representados na tabela 49. Em uma análise
descritiva geral, os valores médios do ânion gap Ainda foi observado um animal (5%)
estiveram normais para a espécie canina. Embora apresentando discreto aumento do ânion gap no
não tenha sido observada diferença entre os T5 (Anexo 6). O ânion gap é a diferença entre os
tempos, na avaliação individual foi observado ânions e cátions não mensurados e o seu aumento
que dois animais (10%) apresentaram discreta é muito mais frequente do que sua diminuição.
redução do ânion gap no T0. Destes, apenas um Embora o ânion gap auxilie no diagnóstico e na
animal continuou apresentando esta redução no classificação da acidose metabólica, o animal
T1 (7,7%), no T2 (5%) e no T7 (5,8%). Esta com este aumento apresentava uma acidose
alteração pode ser justificada pela presença de respiratória, assim, este discreto aumento
hipoalbuminemia, que foi relatada por DiBartola provavelmente ocorreu devido à elevação
(2012) como sendo a principal causa de do Na+ neste mesmo tempo, alterando a
diminuição do ânion gap. eletroneutralidade e contribuindo para o aumento
do ânion gap (DiBartola, 2012).
No T0, T1, T2 e T3 um animal apresentou
valores de HCO3- muito elevados, não sendo

82
Tabela 49: Média e seus respectivos desvios padrão do ânion gap em diferentes tempos de avaliação em
20 cadelas com piometra.
Tempo N Média Dp Mínima Mediana Máxima
T0 19 15,9 A 3,0 11 16 24
T1 13 16,2 A 3,1 11 15 23
T2 18 15,2 A 1,6 12 15 19
T3 19 15,2 A 2,6 11 16 20
T4 20 15,4 A 2,8 12 14,5 23
T5 20 15,4 A 3,3 12 14,5 26
T6 20 15,1 A 1,7 12 15,5 18
T7 17 14,8 A 2,0 10 15 18
Valores seguidos de letras distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) pelo teste de Kruskall-Wallis.
Valores de referência do anion gap para a espécie canina: 12 – 24 mEq/L (DiBartola, 2012).

5.6- Distúrbios de ácido-base hemogasométricos, foi observado que o distúrbio


de ácido-base mais frequente foi a alcalose
O valor percentual dos distúrbios de ácido-base respiratória que ocorreu em 10 animais (50%).
nos tempos estudados estão representados na Esta alteração pode ser justificada devido à
tabela 50 e na figura 13, no qual demonstra a presença de endotoxinas que estimulam o
evolução dos casos em termos de aumento ou respiratório e levam à hiperventilação
redução das alterações. (Mastrocinque, 2002). Ainda foi observado no
T0, quatro animais (20%) com acidose
No momento do diagnóstico (T0), 17 animais metabólica e três (15%) com alcalose
(85%) com piometra apresentavam distúrbios de metabólica, como foi demonstrado na tabela 50 e
ácido-base. Após a classificação dos exames na figura 13.

Tabela 50: Frequência absoluta e relativa de animais com distúrbios de ácido-base nos diferentes tempos
de avaliação em 20 cadelas com piometra.
Acidose Alcalose Acidose Alcalose Outros
metabólica metabólica respiratória respiratória (misto)
Tempo
FA FR (%) FA FR (%) FA FR (%) FA FR (%) FA FR (%)
T0 4 20 3 15 0 0 10 50 0 0
T1 0 0 2 14,3 0 0 3 21,4 1 7,1
T2 0 0 4 21 0 0 8 42,1 0 0
T3 2 10 4 20 3 15 3 15 0 0
T4 1 5 2 10 2 10 4 20 1 5
T5 1 5 4 20 2 10 2 10 0 0
T6 2 10 2 10 5 25 3 15 0 0
T7 1 5,8 3 17,6 4 23,5 1 5,8 0 0

83
Figura 13: Frequência relativa de animais com distúrbios de ácido-base nos diferentes tempos de
avaliação em 20 cadelas com piometra.

A acidose metabólica pode ser justificada pelo respiratório e causando hipoventilação (Morais e
acumulo de ácido lático decorrente da Leisewitz, 2012). Ainda pode ocorrer em casos
desidratação que alguns animais apresentavam. de êmese associado com desidratação, diarreia
-
ou ainda alterações renais (DiBartola, 2012), o
Ainda por perdas de HCO decorrentes de
3 que também foi observado no presente estudo.
diarreia, jejum prolongado ou ainda por falhas
renais que levem a uma menor capacidade de No T2, embora os valores de HCO3- tivessem
- +
retenção de HCO ou excreção de H . Já a apresentado uma pequena redução, houve um
3
discreto aumento de animais com alcalose
alcalose metabólica provavelmente ocorreu pela
metabólica (de 15% no T0, para 21%) (Tabela
perda de ácido clorídrico (HCl) decorrente de
50 e figura 13). Esta alteração pode ser
êmese, ou ainda devido a uma maior excreção de
+ justificada devido à terapia de reposição hídrica
ácidos pelos rins. A perda de K também pode (T1) administrada aos animais desidratados, e à
+
levar ao transporte de H do líquido extracelular manutenção hídrica (T2) administrada a todos os
para o intracelular, o que também foi animais. Assim, observou-se que os animais que
demonstrado no presente estudo (Etges, 2005). apresentaram acidose metabólica no T0 (20%),
após a instituição da terapia hídrica, passaram a
Nos tempos T1 e T2, observou-se uma redução não apresentar nenhum distúrbio, o que
no número de animais com distúrbios. De 50% provavelmente ocorreu em resposta à utilização
para 42,1% com alcalose respiratória e de 20% da solução Ringer lactato que tem propriedades
para nenhum animal com acidose metabólica. alcalinizantes, além de melhorar a perfusão
Porém, no T1, foi observado um animal (7,1%) tecidual, diminuindo a acidose lática e
com distúrbio misto, caracterizado por alcalose contribuindo para a normalização do pH
metabólica com acidose respiratória (Tabela 50 (DiBartola, 2012). Porém, o mesmo não ocorreu
e figura 13). Este tipo de distúrbio misto tende a com os demais distúrbios apresentados neste
neutralizar o pH, pois as alterações levam o pH estudo. Embora a terapia de reposição (T1) e/ou
para lados opostos podendo mantê-lo dentro da manutenção hídrica (T2) não tenham corrigido a
normalidade, como foi observado neste estudo. A alcalose respiratória, foi observado melhora nos
presença deste distúrbio pode ocorrer devido à valores do pH, PCO2 e HCO3- destes animais,
presença de êmese, causando perda de ácidos, refletindo assim numa melhora do distúrbio e
associado à distensão uterina e compressão diminuição no número de animais que
do diafragma, comprometendo o sistema

84
apresentavam alcalose respiratória (redução de metabólica e alcalose respiratória (Tabela 50 e
50% no T0, para 42,1%) (Tabela 50 e figura 13). figura 13). Este tipo de distúrbio misto, tem
efeito aditivo no pH, causando alteração
O discreto aumento de animais com alcalose significativa em seu valor e esta pode ser
metabólica no T2 em relação ao T0, justificada devido às endotoxinas atuarem no
provavelmente ocorreu devido ao tipo de centro respiratório no SNC, levando à
fluidoterapia utilizada neste estudo. A solução hiperventilação, associado a presença êmese que
Ringer lactato tem características alcalinizantes, leva à perda de ácidos, ou ainda por
e é indicado principalmente para a correção de hipoproteinemia (DiBartola, 2012), que também
acidose metabólica, e naqueles animais com foi observado no presente estudo.
alcalose metabólica, seria indicada um fluido
com características acidificantes para combater a No T5, observou-se dois animais (10%) com
alcalose, como por exemplo, a solução salina alcalose respiratória, um (5%) com acidose
(NaCl 0,45% ou 0,9%) ou ainda a solução ringer metabólica, quatro (20%) com alcalose
simples (Balbinot, 2007; Ribeiro Filho et al, metabólica e dois (10%) com acidose
2008; DiBartola, 2012). respiratória. No T6, ainda foram observados três
animais (15%) com alcalose respiratória, dois
Após a cirurgia (T3), a frequência de animais (10%) com acidose metabólica, dois com
com alcalose respiratória reduziu ainda mais, alcalose metabólica e cinco (25%) com acidose
apresentando apenas três animais (15%) neste respiratória. No T7, apenas um animal (5,8%)
tempo (Tabela 50 e figura 13). Contudo, dois apresentou alcalose respiratória, um animal
animais (10%) voltaram a apresentar acidose (5,8%) evidenciou acidose metabólica, três
metabólica no T3, quatro animais (20%) ainda (17,6%) estavam num quadro de alcalose
apresentavam alcalose metabólica e três animais metabólica e quatro animais (23,5%) com
(15%) desenvolveram acidose respiratória neste acidose respiratória (Tabela 50 e figura 13).
tempo. A acidose metabólica provavelmente
ocorreu devido à compensação da alcalose A presença de distúrbios de ácido-base no T6 e
respiratória, distúrbio esse onde há uma menor T7 possivelmente ocorreu devido ao estresse
excreção renal de ácido, e consequente redução causado pelo retorno ao HV/UFMG e a
do HCO3- e aumento do Cl- no plasma. Quando o manipulação dos mesmos, uma vez que todos os
estímulo da hiperventilação é removido e a PCO2 animais estavam clinicamente hígidos e, a
aumenta, o pH diminui porque há necessidade de presença de medo, agitação e ansiedade
um a três dias para que aconteça aumento da taxa possivelmente contribuíram para a ocorrência
de excreção de ácidos e da concentração destes distúrbios.
plasmática de HCO3-, desenvolvendo assim a
acidose metabólica. Existe uma divergência na literatura, sobre qual o
distúrbio ácido-base mais prevalente na
Já a ocorrência de animais com acidose piometra. Segundo Feldman (2007), cadelas com
respiratória após o T3 provavelmente ocorreu piometra apresentam mais comumente alcalose
devido ao animal ter sido submetido ao respiratória, embora a acidose metabólica seja o
procedimento cirúrgico/ anestésico, que levaram distúrbio mais importante em relação à gravidade
à depressão do centro respiratório e da doença, já que os animais com acidose
sistema nervoso central pela administração de metabólica estão mais propensos a apresentar
medicações anestésicas. Além disso, também hipovolemia e sepse. De acordo com Pretzer
pode ocorrer aumento de inalação de CO devido (2008), a acidose metabólica é um achado
2
ao sistema de anestesia utilizado (Etges, 2005). comum na piometra. Ressaltando a importância e
frequência da acidose metabólica, Ponce
No T4, foram observados quatro animais (20%) et al. (2009), em seu estudo retrospectivo,
com alcalose respiratória, um (5%) com acidose evidenciaram a acidose metabólica como o
metabólica, dois (10%) com alcalose metabólica distúrbio mais frequente (56%) e, apenas uma
e dois (10%) com acidose respiratória. Neste cadela, apresentou alcalose metabólica. Ainda
tempo, um animal (5%) ainda apresentou foi relatado por Johnston et al. (2001) que o
distúrbio misto caracterizado por alcalose distúrbio mais comum em cadelas com piometra
é a acidose metabólica, e embora este distúrbio

85
tenha sido evidenciado em vários momentos no desvio à esquerda regenerativo, monocitose e
presente estudo, o distúrbio mais comumente trombocitopenia;
observado foi a alcalose respiratória. Johnston
et al. (2001) também destacaram que a alcalose  As principais alterações bioquímicas
respiratória e acidose respiratória podem observadas foram o aumento das enzimas
ocorrer, distúrbios estes observados no presente ALT, AST, FA, creatinina e ureia,
estudo. hipoalbuminemia, hiperglobulinemia e
hiperlactatemia;
Evidencia-se na literatura que o distúrbio ácido-
base mais comumente encontrado em animais  As principais alterações urinárias observadas
com piometra é a alcalose respiratória primária, foram a proteinúria, hematúria, leucocitúria,
em decorrência do quadro de sepse e bacteriúria;
endotoxemia que atuam no centro respiratório,
levando à hiperventilação e podendo  O principal distúrbio de ácido-base
apresentar uma compensação metabólica. apresentado nas cadelas com piometra foi a
Pode haver ainda a acidose metabólica e a alcalose respiratória. Contudo, ao longo do
ocorrência deste distúrbio indica uma maior estudo, foram observados todos os distúrbios
gravidade, apresentando um pior prognóstico de ácido-base primários e dois tipos de
(Mastrocinque, 2002). O mesmo foi observado distúrbios mistos;
por Borresen (1984) que, ao avaliar 119 cadelas
com piometra, evidenciou alcalose respiratória  A terapia hídrica com solução Ringer lactato
com compensação metabólica na maioria delas. no pré-cirúrgico foi efetiva na correção da
Ainda relatou que os pacientes com acidose acidose metabólica, contudo, esta não
metabólica apresentaram uma condição mais corrigiu a alcalose metabólica e proporcionou
grave. Assim como relatado por Borresen (1984) melhora na alcalose respiratória;
e Mastrocinque (2002), a alcalose respiratória
foi o distúrbio de ácido-base mais frequente  Concluiu-se que a terapia instituída no
neste estudo, contudo, ao longo dos tempos hospital veterinário da UFMG foi efetiva para
foram observados a presença de todos os o tratamento das cadelas com piometra,
distúrbios primários, além de dois distúrbios evidenciando a recuperação de todos os
mistos. animais.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6- CONCLUSÕES
A avaliação hemogasométrica deve fazer parte
No presente estudo, pôde-se concluir que: da rotina clínica-cirúrgica e do acompanhamento
clínico dos animais com piometra, uma vez que
 As principais alterações clínicas encontradas vários distúrbios podem ocorrer, auxiliando
foram a inapetência, prostração, secreção na detecção de alterações hidroeletrolíticas
vaginal, poliúria/polidipsia e desidratação; e de ácido-base, direcionando o tratamento e
incrementando a recuperação dos pacientes.
 As principais alterações do hemograma
observadas foram a anemia normocítica
hipocrômica, leucocitose por neutrofilia com

86
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378.

91
ANEXOS

Anexo 1: Raças, peso, idade e o tipo de piometra dos 20 animais do estudo.


N Raça Peso (Kg) Idade (anos) Piometra
1 Poodle 3,7 9,00 Aberta
2 Poodle 4,3 9,00 Aberta
3 SRD 7,5 15,00 Aberta
4 Cocker 8,5 10,50 Aberta
5 SRD 17,0 15,00 Aberta
6 Pitbull 21,0 8,00 Aberta
7 Poodle 7,3 10,00 Fechada
8 Pastor Branco 28,0 7,00 Aberta
9 Akita 24,0 6,00 Aberta
10 SRD 5,9 11,00 Aberta
11 SRD 14,7 12,00 Aberta
12 Boxer 23,0 10,00 Aberta
13 SRD 13,2 7,00 Aberta
14 Schnauzer 7,4 8,00 Fechada
15 Poodle 2,6 6,00 Aberta
16 Chow Chow 16,0 7,00 Aberta
17 SRD 30,0 11,00 Fechada
18 Poodle 3,3 12,00 Fechada
19 SRD 9,9 12,00 Fechada
20 Poodle 3,8 11,00 Aberta

92
Anexo 2: Valores individuais da frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corporal,
pressão arterial sistólica, grau de desidratação e distensão abdominal das 20 cadelas com piometra, nos
diferentes tempos de avaliação.
N Tempo FC FR TC PAS Desid. (%) Dist abd
1 T0 152,00 48,00 39,40 167,00 6,00 Sim
1 T1 120,00 140,00 38,70 141,00 0,00 Sim
1 T2 140,00 68,00 38,40 148,00 0,00 Sim
1 T3 120,00 40,00 37,80 142,00 0,00 Não
1 T4 112,00 32,00 37,20 122,00 0,00 Não
1 T5 120,00 60,00 38,20 136,00 0,00 Não
1 T6 140,00 160,00 38,30 128,00 0,00 Não
1 T7 160,00 52,00 38,80 97,00 0,00 Não
2 T0 140,00 44,00 37,90 121,00 6,00 Sim
2 T1 120,00 40,00 38,00 137,00 0,00 Sim
2 T2 120,00 40,00 37,60 108,00 0,00 Sim
2 T3 140,00 32,00 37,70 160,00 0,00 Não
2 T4 120,00 32,00 37,30 147,00 0,00 Não
2 T5 160,00 32,00 37,80 136,00 0,00 Não
2 T6 160,00 40,00 38,80 160,00 0,00 Não
2 T7 152,00 60,00 38,80 122,00 0,00 Não
3 T0 180,00 60,00 38,00 140,00 0,00 Sim
3 T1
3 T2 160,00 20,00 38,20 188,00 0,00 Sim
3 T3 160,00 60,00 38,90 147,00 0,00 Não
3 T4 120,00 36,00 39,10 121,00 0,00 Não
3 T5 180,00 48,00 39,60 111,00 0,00 Não
3 T6 120,00 32,00 38,50 91,00 0,00 Não
3 T7 128,00 48,00 39,00 147,00 0,00 Não
4 T0 120,00 28,00 38,80 177,00 6,00 Sim
4 T1 120,00 32,00 38,70 195,00 0,00 Sim
4 T2 140,00 24,00 38,20 133,00 0,00 Sim
4 T3 140,00 32,00 38,50 177,00 0,00 Não
4 T4 140,00 40,00 38,40 140,00 0,00 Não
4 T5 120,00 44,00 38,30 179,00 0,00 Não
4 T6 100,00 28,00 38,10 160,00 0,00 Não
4 T7
5 T0 100,00 28,00 39,00 209,00 8,00 Sim
5 T1 100,00 20,00 37,90 227,00 0,00 Sim
5 T2 100,00 20,00 38,50 213,00 0,00 Sim
5 T3 100,00 20,00 38,90 135,00 0,00 Não
5 T4 72,00 20,00 38,30 174,00 0,00 Não
5 T5 60,00 20,00 38,10 181,00 0,00 Não
5 T6 100,00 24,00 38,70 160,00 0,00 Não
5 T7
6 T0 100,00 200,00 38,60 129,00 6,00 Sim
6 T1 100,00 80,00 37,40 135,00 0,00 Sim
6 T2 100,00 24,00 37,30 173,00 0,00 Sim
6 T3 80,00 28,00 37,90 184,00 0,00 Não
6 T4 76,00 20,00 37,60 152,00 0,00 Não
6 T5 80,00 32,00 37,40 158,00 0,00 Não

93
6 T6 140,00 140,00 39,20 137,00 0,00 Não
6 T7 120,00 56,00 38,80 152,00 0,00 Não
7 T0 160,00 44,00 37,10 114,00 6,00 Sim
7 T1 180,00 28,00 37,90 123,00 0,00 Sim
7 T2 160,00 28,00 38,10 127,00 0,00 Sim
7 T3 120,00 64,00 37,40 137,00 0,00 Não
7 T4 140,00 32,00 37,00 126,00 0,00 Não
7 T5 172,00 120,00 37,60 159,00 0,00 Não
7 T6 160,00 60,00 39,40 79,00 0,00 Não
7 T7 132,00 40,00 39,00 98,00 0,00 Não
8 T0 140,00 48,00 39,90 169,00 6,00 Sim
8 T1 120,00 36,00 39,10 161,00 0,00 Sim
8 T2 180,00 60,00 39,40 167,00 0,00 Sim
8 T3 160,00 44,00 38,90 182,00 0,00 Não
8 T4 140,00 32,00 38,40 144,00 0,00 Não
8 T5 160,00 32,00 38,20 137,00 0,00 Não
8 T6 160,00 40,00 38,60 182,00 0,00 Não
8 T7 128,00 140,00 39,20 170,00 0,00 Não
9 T0 160,00 148,00 39,10 143,00 6,00 Sim
9 T1 120,00 20,00 37,80 175,00 0,00 Sim
9 T2 120,00 20,00 38,50 143,00 0,00 Sim
9 T3 100,00 24,00 37,50 220,00 0,00 Não
9 T4 100,00 24,00 38,30 163,00 0,00 Não
9 T5 100,00 24,00 37,50 210,00 0,00 Não
9 T6 120,00 28,00 37,90 176,00 0,00 Não
9 T7 140,00 160,00 38,50 174,00 0,00 Não
10 T0 180,00 28,00 38,90 113,00 6,00 Sim
10 T1 180,00 36,00 37,00 137,00 0,00 Sim
10 T2 160,00 24,00 37,10 139,00 0,00 Sim
10 T3 140,00 28,00 37,70 210,00 0,00 Não
10 T4 160,00 36,00 37,80 168,00 0,00 Não
10 T5 100,00 32,00 37,00 178,00 0,00 Não
10 T6 160,00 40,00 38,60 167,00 0,00 Não
10 T7 140,00 92,00 38,70 173,00 0,00 Não
11 T0 120,00 32,00 38,60 175,00 6,00 Não
11 T1 152,00 100,00 38,40 179,00 0,00 Não
11 T2 180,00 180,00 38,20 162,00 0,00 Não
11 T3 140,00 32,00 38,90 223,00 0,00 Não
11 T4 88,00 48,00 38,50 149,00 0,00 Não
11 T5 160,00 36,00 38,20 116,00 0,00 Não
11 T6 100,00 80,00 38,10 171,00 0,00 Não
11 T7 100,00 140,00 38,60 169,00 0,00 Não
12 T0 120,00 60,00 39,50 203,00 0,00 Não
12 T1
12 T2 120,00 40,00 39,30 152,00 0,00 Não
12 T3 128,00 32,00 37,20 128,00 0,00 Não
12 T4 120,00 24,00 37,80 124,00 0,00 Não
12 T5 132,00 28,00 38,20 153,00 0,00 Não
12 T6 100,00 200,00 38,00 128,00 0,00 Não
12 T7 120,00 160,00 38,00 142,00 0,00 Não

94
13 T0 140,00 60,00 40,40 176,00 0,00 Sim
13 T1
13 T2 120,00 240,00 38,30 186,00 0,00 Sim
13 T3 104,00 28,00 37,60 124,00 0,00 Não
13 T4 100,00 40,00 37,00 157,00 0,00 Não
13 T5 92,00 72,00 37,50 76,00 0,00 Não
13 T6 140,00 40,00 39,00 122,00 0,00 Não
13 T7 120,00 100,00 39,00 148,00 0,00 Não
14 T0 120,00 180,00 37,10 162,00 0,00 Sim
14 T1
14 T2 100,00 52,00 36,90 136,00 0,00 Sim
14 T3 80,00 36,00 36,90 160,00 0,00 Não
14 T4 80,00 36,00 36,80 156,00 0,00 Não
14 T5 84,00 36,00 37,70 160,00 0,00 Não
14 T6 164,00 60,00 38,90 160,00 0,00 Não
14 T7 120,00 52,00 38,50 134,00 0,00 Não
15 T0 200,00 64,00 38,10 120,00 6,00 Sim
15 T1 160,00 48,00 38,20 130,00 0,00 Sim
15 T2 120,00 60,00 38,00 116,00 0,00 Sim
15 T3 112,00 40,00 38,00 136,00 0,00 Não
15 T4 120,00 20,00 37,00 77,00 0,00 Não
15 T5 160,00 48,00 37,90 146,00 0,00 Não
15 T6 240,00 60,00 38,50 111,00 0,00 Não
15 T7 144,00 56,00 39,40 133,00 0,00 Não
16 T0 120,00 112,00 39,20 101,00 0,00 Não
16 T1
16 T2 96,00 72,00 39,30 153,00 0,00 Não
16 T3 120,00 60,00 39,00 156,00 0,00 Não
16 T4 140,00 200,00 39,10 125,00 0,00 Não
16 T5 140,00 40,00 39,40 124,00 0,00 Não
16 T6 144,00 100,00 39,50 135,00 0,00 Não
16 T7 160,00 240,00 39,70 131,00 0,00 Não
17 T0 140,00 60,00 37,30 127,00 0,00 Sim
17 T1
17 T2 140,00 40,00 37,80 115,00 0,00 Sim
17 T3 140,00 28,00 37,70 161,00 0,00 Não
17 T4 120,00 36,00 38,80 112,00 0,00 Não
17 T5 100,00 28,00 38,70 101,00 0,00 Não
17 T6 140,00 36,00 39,30 155,00 0,00 Não
17 T7 140,00 180,00 39,20 134,00 0,00 Não
18 T0 120,00 32,00 39,00 137,00 6,00 Sim
18 T1 108,00 40,00 38,80 135,00 0,00 Sim
18 T2 124,00 40,00 38,90 104,00 0,00 Sim
18 T3 120,00 32,00 38,50 91,00 0,00 Não
18 T4 112,00 24,00 38,60 161,00 0,00 Não
18 T5 124,00 36,00 38,80 149,00 0,00 Não
18 T6 140,00 44,00 39,60 130,00 0,00 Não
18 T7 128,00 60,00 39,20 116,00 0,00 Não
19 T0 123,00 24,00 37,60 114,00 6,00 Sim
19 T1 140,00 24,00 37,20 134,00 0,00 Sim

95
19 T2 120,00 20,00 37,10 150,00 0,00 Sim
19 T3 100,00 28,00 37,10 155,00 0,00 Não
19 T4 84,00 20,00 37,10 126,00 0,00 Não
19 T5 100,00 20,00 37,20 116,00 0,00 Não
19 T6 160,00 32,00 38,20 126,00 0,00 Não
19 T7
20 T0 200,00 32,00 38,80 105,00 6,00 Sim
20 T1 160,00 24,00 39,40 120,00 0,00 Sim
20 T2 160,00 20,00 39,60 118,00 0,00 Sim
20 T3 160,00 32,00 37,10 103,00 0,00 Não
20 T4 200,00 24,00 39,00 110,00 0,00 Não
20 T5 140,00 28,00 38,60 115,00 0,00 Não
20 T6 100,00 32,00 37,90 107,00 0,00 Não
20 T7 120,00 32,00 38,50 132,00 0,00 Não

96
Anexo 3: Valores individuais do eritrograma das 20 cadelas com piometra, nos diferentes tempos de
avaliação.
N Tempo Ht Hb Hemácias (x 10^6) VCM CHCM RDW
1 T0 49,00 13,90 6,80 72,00 28,30 12,80
1 T1 43,00 12,40 5,73 74,00 29,30 12,50
1 T2 43,00 12,00 5,36 75,00 29,90 12,70
1 T3 38,00 11,00 4,78 79,50 28,90 12,70
1 T4 38,00 11,40 4,93 77,10 30,00 12,40
1 T5 39,00 11,70 5,25 74,00 30,40 12,70
1 T6 44,00 12,50 5,59 78,70 28,40 13,60
1 T7 53,00 14,90 7,04 75,30 28,10 13,20
2 T0 21,00 6,30 3,04 61,00 34,30 13,40
2 T1 16,00 5,90 2,42 66,10 36,90 13,00
2 T2 15,00 5,80 2,48 60,50 38,70 13,00
2 T3 14,00 6,00 2,52 55,60 42,90 12,80
2 T4 19,00 6,00 2,44 77,90 31,60 12,80
2 T5 19,00 5,70 2,56 71,00 30,90 12,90
2 T6 26,00 6,10 3,07 76,00 26,20 15,10
2 T7 40,00 11,20 5,30 75,48 28,00 13,20
3 T0 28,00 7,50 3,58 71,00 29,60 12,70
3 T1
3 T2 25,00 7,40 3,41 70,00 31,20 12,50
3 T3 23,00 6,20 2,80 71,00 31,10 12,80
3 T4 16,00 5,60 2,45 71,00 32,60 12,90
3 T5 18,00 5,00 2,45 72,00 28,70 12,80
3 T6 31,00 7,80 3,95 78,00 25,40 15,20
3 T7 43,00 14,70 5,83 73,00 34,40 13,90
4 T0 24,00 6,50 2,90 72,00 30,80 13,70
4 T1 21,00 5,30 2,48 74,00 28,80 13,90
4 T2 18,00 5,40 2,46 74,00 29,40 13,90
4 T3 14,00 4,60 1,96 74,00 31,50 13,90
4 T4 16,00 4,70 1,98 75,00 32,00 14,20
4 T5 14,00 4,50 1,72 81,00 34,30 13,80
4 T6 28,00 7,00 3,27 85,60 25,00 15,00
4 T7
5 T0 27,00 7,60 3,74 73,00 28,00 12,50
5 T1 22,00 6,20 3,01 75,00 27,50 12,80
5 T2 24,00 6,50 3,20 74,00 27,60 12,50
5 T3 30,00 8,20 4,04 74,00 27,50 13,00
5 T4 27,00 7,60 3,62 75,00 28,10 12,70
5 T5 28,00 8,20 4,00 70,00 23,30 13,20
5 T6 25,00 7,30 3,59 76,00 26,70 12,80
5 T7
6 T0 37,00 10,60 4,82 80,00 27,30 12,30
6 T1 34,00 9,80 4,54 75,00 29,00 12,60
6 T2 34,00 9,90 4,56 75,00 29,00 12,60
6 T3 34,00 9,70 4,34 78,00 29,00 12,20
6 T4 34,00 10,40 4,50 77,00 30,00 12,40
6 T5 34,00 10,30 4,44 77,00 30,20 12,40
6 T6 31,00 9,10 4,16 73,00 29,70 12,20

97
6 T7 35,00 10,50 4,26 82,16 30,00 12,40
7 T0 36,00 10,30 4,59 78,00 29,00 13,00
7 T1 29,00 8,60 3,59 81,00 30,00 12,80
7 T2 28,00 10,70 3,44 82,00 38,00 13,50
7 T3 25,00 8,60 3,29 76,00 34,80 12,70
7 T4 27,00 8,70 3,58 77,00 31,50 12,70
7 T5 27,00 8,10 3,59 77,00 29,10 13,00
7 T6 24,00 6,90 3,18 76,00 28,60 13,40
7 T7 46,00 12,90 6,07 76,00 28,00 13,20
8 T0 22,00 7,30 3,36 65,50 33,20 12,80
8 T1 23,00 6,40 3,21 71,70 27,80 12,50
8 T2 24,00 6,60 3,29 72,90 27,50 12,80
8 T3 25,00 6,70 2,95 84,70 26,80 12,40
8 T4 22,00 6,60 2,91 72,00 31,50 12,50
8 T5 24,00 6,60 3,00 80,00 27,50 12,80
8 T6 30,00 8,70 3,61 83,10 29,00 14,60
8 T7 40,00 11,30 5,69 70,30 28,25 12,50
9 T0 40,00 11,60 6,78 59,00 28,70 13,90
9 T1 30,00 8,60 5,01 61,00 28,40 13,70
9 T2 30,00 8,80 5,07 60,00 29,00 13,80
9 T3 31,00 9,20 5,29 59,00 29,50 13,90
9 T4 34,00 9,00 5,42 62,70 26,50 13,90
9 T5 24,00 7,00 3,99 60,00 29,20 13,60
9 T6 33,00 9,30 5,55 60,00 27,90 13,90
9 T7 41,00 11,60 6,29 65,19 28,30 12,70
10 T0 30,00 9,00 3,90 77,10 30,00 12,50
10 T1 26,00 7,40 3,43 73,00 29,70 12,90
10 T2 26,00 7,30 3,34 72,00 30,10 12,70
10 T3 22,00 6,30 2,68 72,00 32,60 12,80
10 T4 23,00 6,20 2,81 73,00 30,10 12,70
10 T5 23,00 6,30 2,93 73,00 29,60 12,70
10 T6 25,00 6,90 2,99 83,60 27,60 15,40
10 T7 35,00 9,40 4,67 74,95 26,86 13,70
11 T0 20,00 5,80 2,77 72,00 28,70 12,90
11 T1 19,00 5,10 2,56 73,00 27,20 12,40
11 T2 18,00 5,10 2,43 74,00 28,50 12,90
11 T3 17,00 4,50 2,16 70,00 29,80 12,90
11 T4 16,00 4,50 2,20 72,70 28,10 13,20
11 T5 13,00 4,00 1,75 74,30 30,80 13,50
11 T6 22,00 5,00 1,93 114,00 22,70 12,20
11 T7 43,00 13,80 5,89 74,00 31,90 13,70
12 T0 28,00 9,00 3,28 85,40 32,20 13,00
12 T1
12 T2 32,00 8,80 3,48 91,90 27,50 13,00
12 T3 29,00 8,40 3,16 91,80 29,00 13,60
12 T4 22,00 7,00 2,54 86,60 31,80 13,50
12 T5 21,00 6,00 2,37 88,60 28,60 13,20
12 T6 32,00 8,50 3,30 97,00 26,60 16,60
12 T7 52,00 18,20 7,74 67,20 35,00 14,20
13 T0 38,00 11,30 4,74 77,00 31,10 12,20

98
13 T1
13 T2 36,00 10,80 4,59 76,00 31,00 12,20
13 T3 39,00 11,60 5,33 73,50 29,70 12,30
13 T4 36,00 10,70 4,42 81,50 29,70 12,00
13 T5 33,00 10,00 4,18 78,00 30,50 12,00
13 T6 37,00 10,90 4,58 80,80 29,50 13,00
13 T7 46,00 15,50 6,55 76,00 31,00 12,80
14 T0 29,00 8,90 3,75 77,30 30,70 11,70
14 T1
14 T2 28,00 8,00 3,43 79,00 29,70 11,90
14 T3 26,00 7,90 3,38 80,00 29,20 11,90
14 T4 25,00 8,20 3,14 81,00 32,20 11,70
14 T5 30,00 10,00 4,50 66,60 33,30
14 T6 27,00 7,60 3,27 81,00 28,80 12,00
14 T7 35,00 11,00 4,29 81,59 31,43 12,50
15 T0 35,00 10,60 4,96 70,60 30,30 13,40
15 T1 26,00 8,00 3,91 69,00 29,60 12,90
15 T2 29,00 8,70 4,22 71,00 29,10 12,90
15 T3 24,00 7,50 3,42 70,00 31,30 13,40
15 T4 25,00 7,90 3,61 70,00 31,50 13,10
15 T5 25,00 8,30 3,70 67,50 33,20
15 T6 35,00 9,30 3,71 94,40 26,60 13,90
15 T7 50,00 16,30 6,48 77,00 32,50 12,40
16 T0 39,00 11,60 6,72 58,00 29,80 13,70
16 T1
16 T2 38,00 11,40 6,19 61,00 29,90 13,40
16 T3 43,00 12,40 6,97 61,00 29,10 13,40
16 T4 37,00 11,10 6,32 58,60 30,00 13,60
16 T5 41,00 11,10 6,18 66,40 27,10 13,40
16 T6 40,00 11,20 6,38 62,70 28,00 14,50
16 T7 50,00 16,80 8,39 59,60 33,60 13,70
17 T0 37,00 10,80 5,24 69,00 30,00 13,10
17 T1
17 T2 32,00 9,70 4,61 69,00 30,50 12,60
17 T3 26,00 8,20 3,81 69,00 31,30 12,90
17 T4 22,00 6,70 3,18 70,00 30,30 12,90
17 T5 25,00 7,80 3,52 70,00 31,40 12,60
17 T6 37,00 10,30 4,55 81,32 27,84 15,10
17 T7 47,00 15,80 6,81 69,10 33,60 13,50
18 T0 40,00 12,00 4,79 83,51 30,00 12,70
18 T1 38,00 11,20 4,74 80,17 29,48 12,70
18 T2 36,00 11,10 4,78 75,32 30,84 12,60
18 T3 33,00 9,60 4,21 79,00 28,80 12,30
18 T4 33,00 9,20 4,04 81,70 27,90 12,60
18 T5 27,00 8,40 3,49 77,00 31,20 13,10
18 T6 34,00 9,20 4,14 82,13 27,06 13,20
18 T7 50,00 16,50 7,13 70,10 33,00 13,70
19 T0 33,00 11,10 4,48 73,00 34,00 12,70
19 T1 27,00 8,90 3,66 73,00 33,40 12,50
19 T2 28,00 9,20 3,69 73,00 33,90 12,70

99
19 T3 30,00 10,20 4,01 73,00 34,80 12,70
19 T4 30,00 9,70 4,07 74,00 32,30 12,40
19 T5 32,00 10,10 4,07 75,00 33,10 12,50
19 T6 21,00 6,70 3,24 64,82 31,91 12,60
19 T7
20 T0 48,00 12,90 6,46 74,31 26,88 12,40
20 T1 40,00 11,10 5,37 74,49 27,75 12,50
20 T2 33,00 10,60 5,11 64,58 32,13 12,40
20 T3 38,00 10,60 5,13 74,10 27,90 12,40
20 T4 34,00 8,80 4,05 80,00 27,10 12,30
20 T5 33,00 8,60 4,30 76,00 26,20 12,30
20 T6 36,00 10,30 4,96 72,58 28,62 14,10
20 T7 46,00 15,40 6,36 72,30 33,50 12,40

100
Anexo 4: Valores individuais do leucograma e plaquetas das 20 cadelas com piometra, nos diferentes
tempos de avaliação.
N Tempo Leucócitos Segmentados Bastonetes Eosinófilos Linfócitos Monócitos Plaquetas
1 T0 21000,00 14700,00 840,00 840,00 2520,00 2100,00 300000,00
1 T1 26300,00 18673,00 789,00 526,00 2893,00 3419,00 144000,00
1 T2 23300,00 15180,00 2530,00 460,00 2530,00 2070,00 179000,00
1 T3 31700,00 25994,00 951,00 0,00 2536,00 2219,00 228000,00
1 T4 37900,00 28804,00 1516,00 0,00 4927,00 2653,00 218000,00
1 T5 35300,00 30358,00 353,00 706,00 706,00 3177,00 342000,00
1 T6 21500,00 18705,00 0,00 430,00 1075,00 1290,00 691000,00
1 T7 10700,00 7918,00 0,00 749,00 1498,00 535,00 314000,00
2 T0 95600,00 65964,00 9560,00 956,00 8604,00 10516,00 353000,00
2 T1 90600,00 56172,00 19932,00 0,00 4530,00 4530,00 227000,00
2 T2 69400,00 65262,00 10728,00 0,00 8046,00 2682,00 195000,00
2 T3 104000,00 90480,00 9360,00 0,00 4160,00 0,00 166000,00
2 T4 101000,00 74760,00 16160,00 0,00 4040,00 2020,00 221000,00
2 T5 66100,00 58168,00 3305,00 0,00 3966,00 661,00 281000,00
2 T6 18500,00 14985,00 185,00 0,00 2405,00 925,00 695000,00
2 T7 6620,00 5230,00 0,00 265,00 861,00 265,00 276000,00
3 T0 59400,00 29700,00 13068,00 594,00 8316,00 5940,00 176000,00
3 T1
3 T2 65300,00 43098,00 9142,00 653,00 7183,00 3918,00 172000,00
3 T3 88400,00 70720,00 5304,00 0,00 7072,00 5304,00 170000,00
3 T4 58400,00 47304,00 3504,00 1168,00 4088,00 1752,00 225000,00
3 T5 50500,00 33835,00 4545,00 1010,00 10100,00 505,00 137000,00
3 T6 8600,00 7052,00 0,00 86,00 1032,00 430,00 627000,00
3 T7 9260,00 7686,00 0,00 463,00 833,00 278,00 417000,00
4 T0 67300,00 44418,00 13460,00 0,00 2692,00 4711,00 240000,00
4 T1 54500,00 28340,00 17440,00 0,00 4360,00 2725,00 229000,00
4 T2 54600,00 28392,00 18018,00 0,00 1638,00 5460,00 206000,00
4 T3 89700,00 67275,00 13455,00 0,00 897,00 7176,00 201000,00
4 T4 101000,00 85850,00 11110,00 0,00 1010,00 2020,00 158000,00
4 T5 114000,00 91200,00 15960,00 0,00 3420,00 1140,00 191000,00
4 T6 12700,00 11430,00 0,00 0,00 381,00 889,00 880000,00
4 T7
5 T0 9500,00 5348,00 1337,00 0,00 2101,00 764,00 225000,00
5 T1 7300,00 3066,00 438,00 0,00 1825,00 1825,00 202000,00
5 T2 7160,00 3158,00 1436,00 144,00 1149,00 1149,00 217000,00
5 T3 25500,00 18360,00 1530,00 0,00 4080,00 1530,00 276000,00
5 T4 26000,00 22120,00 1120,00 0,00 3080,00 1680,00 261000,00
5 T5 17900,00 13246,00 537,00 0,00 2864,00 1074,00 375000,00
5 T6 6950,00 4934,00 0,00 278,00 1599,00 139,00 220000,00
5 T7
6 T0 66700,00 38686,00 7337,00 667,00 14007,00 5336,00 265000,00
6 T1 60100,00 34257,00 6611,00 0,00 12621,00 6010,00 263000,00
6 T2 60900,00 31059,00 9744,00 0,00 12789,00 7308,00 276000,00
6 T3 66100,00 48914,00 3305,00 0,00 11898,00 1983,00 266000,00
6 T4 74600,00 47744,00 11190,00 746,00 9698,00 4476,00 272000,00
6 T5 54900,00 30195,00 9333,00 0,00 12078,00 2196,00 346000,00
6 T6 13500,00 6075,00 0,00 405,00 5940,00 1080,00 692000,00

101
6 T7 20600,00 8858,00 0,00 412,00 10712,00 618,00 373000,00
7 T0 74600,00 43268,00 8206,00 0,00 4476,00 16412,00 526000,00
7 T1 61500,00 42435,00 11685,00 0,00 1230,00 4920,00 476000,00
7 T2 65100,00 52080,00 5208,00 0,00 651,00 6510,00 440000,00
7 T3 55800,00 41292,00 6696,00 0,00 2232,00 3906,00 361000,00
7 T4 52400,00 32488,00 9956,00 0,00 4716,00 3668,00 333000,00
7 T5 74700,00 44073,00 17928,00 0,00 4482,00 3735,00 327000,00
7 T6 13400,00 11792,00 134,00 268,00 804,00 402,00 263000,00
7 T7 12300,00 9840,00 0,00 1107,00 738,00 615,00 424000,00
8 T0 49100,00 34370,00 8347,00 491,00 2455,00 2455,00 165000,00
8 T1 6500,00 4810,00 1170,00 130,00 390,00 0,00 177000,00
8 T2 26600,00 19680,00 5054,00 0,00 798,00 532,00 195000,00
8 T3 62400,00 54288,00 4368,00 624,00 1872,00 1248,00 251000,00
8 T4 56700,00 43092,00 6237,00 1134,00 4536,00 1134,00 245000,00
8 T5 51900,00 38406,00 7266,00 1038,00 2595,00 1557,00 182000,00
8 T6 13400,00 10050,00 134,00 1206,00 1608,00 402,00 956000,00
8 T7 5140,00 4112,00 0,00 360,00 617,00 51,00 359000,00
9 T0 24000,00 12720,00 1200,00 2400,00 5280,00 4560,00 246000,00
9 T1 22700,00 12485,00 1589,00 454,00 5221,00 2951,00 250000,00
9 T2 22500,00 12150,00 2250,00 900,00 3150,00 4050,00 230000,00
9 T3 36600,00 28548,00 366,00 1098,00 2562,00 4026,00 254000,00
9 T4 35300,00 27534,00 706,00 1059,00 2471,00 3530,00 251000,00
9 T5 17300,00 14359,00 0,00 519,00 1557,00 865,00 124000,00
9 T6 6690,00 3947,00 0,00 535,00 2008,00 200,00 356000,00
9 T7 6470,00 3235,00 0,00 906,00 2070,00 259,00 219000,00
10 T0 28800,00 18144,00 5184,00 288,00 1440,00 1728,00 296000,00
10 T1 20100,00 11055,00 2010,00 0,00 4422,00 2412,00 177000,00
10 T2 21100,00 12660,00 3165,00 0,00 4009,00 1266,00 241000,00
10 T3 36800,00 27968,00 3680,00 0,00 1104,00 3680,00 116000,00
10 T4 50600,00 44528,00 3026,00 506,00 2024,00 506,00 126000,00
10 T5 42000,00 32760,00 3780,00 0,00 5040,00 420,00 151000,00
10 T6 21200,00 17384,00 212,00 636,00 2332,00 636,00 995000,00
10 T7 7870,00 5752,00 0,00 306,00 1456,00 156,00 127000,00
11 T0 26400,00 21912,00 0,00 1056,00 2904,00 528,00 231000,00
11 T1 26900,00 20982,00 0,00 1883,00 3497,00 538,00 200000,00
11 T2 24000,00 21360,00 0,00 1200,00 720,00 1720,00 219000,00
11 T3 35100,00 32994,00 351,00 351,00 351,00 1053,00 197000,00
11 T4 31800,00 28938,00 636,00 318,00 1590,00 318,00 240000,00
11 T5 41600,00 34528,00 1664,00 2496,00 1664,00 1248,00 233000,00
11 T6 9000,00 6390,00 90,00 630,00 1620,00 270,00 546000,00
11 T7 11000,00 9020,00 0,00 440,00 880,00 660,00 261000,00
12 T0 37500,00 26250,00 5250,00 750,00 2625,00 2250,00 127000,00
12 T1
12 T2 38700,00 30186,00 3483,00 387,00 1935,00 2709,00 169000,00
12 T3 75700,00 58289,00 6056,00 757,00 3028,00 6813,00 212000,00
12 T4 65700,00 52560,00 6570,00 657,00 1971,00 3285,00 167000,00
12 T5 26000,00 21000,00 1960,00 560,00 3360,00 1120,00 144000,00
12 T6 16300,00 10758,00 0,00 1630,00 3586,00 326,00 435000,00
12 T7 5320,00 4362,00 0,00 0,00 745,00 213,00 184000,00
13 T0 21500,00 12900,00 4300,00 0,00 2150,00 860,00 330000,00

102
13 T1
13 T2 19600,00 11368,00 3528,00 0,00 2548,00 1568,00 326000,00
13 T3 41300,00 32627,00 3717,00 0,00 2891,00 1239,00 354000,00
13 T4 43400,00 32984,00 4774,00 434,00 1302,00 2170,00 215000,00
13 T5 41400,00 32292,00 3726,00 828,00 2484,00 2070,00 350000,00
13 T6 15100,00 12684,00 0,00 453,00 1510,00 453,00 783000,00
13 T7 11200,00 8736,00 0,00 112,00 2016,00 336,00 332000,00
14 T0 57700,00 40967,00 8078,00 577,00 2285,00 4039,00 82000,00
14 T1
14 T2 54600,00 37675,00 8190,00 1638,00 2184,00 4368,00 63000,00
14 T3 76000,00 66120,00 3800,00 0,00 4560,00 1520,00 156000,00
14 T4 91600,00 74196,00 10076,00 916,00 916,00 4580,00 109000,00
14 T5 74000,00 53280,00 14060,00 740,00 2960,00 2220,00 376000,00
14 T6 16500,00 13200,00 0,00 990,00 1485,00 825,00 230000,00
14 T7 9410,00 7622,00 0,00 659,00 847,00 282,00 271000,00
15 T0 64400,00 41860,00 12236,00 0,00 2576,00 4508,00 325000,00
15 T1 44100,00 27783,00 2646,00 882,00 7938,00 4851,00 230000,00
15 T2 41900,00 20112,00 5447,00 1257,00 12989,00 1676,00 313000,00
15 T3 60000,00 43200,00 7200,00 0,00 4800,00 2400,00 331000,00
15 T4 133000,00 103740,00 14630,00 1330,00 6650,00 3990,00 260000,00
15 T5 122800,00 97012,00 13508,00 0,00 8596,00 2456,00 664000,00
15 T6 15500,00 10540,00 0,00 775,00 2325,00 1860,00 989000,00
15 T7 9800,00 7840,00 0,00 196,00 1274,00 490,00 483000,00
16 T0 23400,00 17784,00 468,00 0,00 3276,00 1872,00 62000,00
16 T1
16 T2 26100,00 21663,00 261,00 261,00 1827,00 2088,00 121000,00
16 T3 35200,00 30272,00 1056,00 0,00 1408,00 2464,00 166000,00
16 T4 33700,00 29993,00 337,00 0,00 2359,00 1011,00 145000,00
16 T5 25200,00 20664,00 756,00 504,00 2268,00 1008,00 153000,00
16 T6 15100,00 12231,00 0,00 302,00 2416,00 151,00 211000,00
16 T7 16500,00 9735,00 0,00 1650,00 4950,00 165,00 150000,00
17 T0 39600,00 33660,00 792,00 0,00 2376,00 2772,00 501000,00
17 T1
17 T2 41800,00 35112,00 418,00 0,00 1672,00 4598,00 490000,00
17 T3 56400,00 49632,00 1692,00 0,00 3384,00 1692,00 466000,00
17 T4 53200,00 43624,00 2128,00 532,00 2660,00 4256,00 406000,00
17 T5 55700,00 40661,00 3899,00 557,00 4456,00 5570,00 436000,00
17 T6 15400,00 11858,00 154,00 462,00 1694,00 1232,00 1076000,00
17 T7 10200,00 8364,00 0,00 408,00 1224,00 204,00 507000,00
18 T0 18900,00 17010,00 756,00 0,00 378,00 756,00 317000,00
18 T1 21000,00 20203,00 227,00 0,00 1362,00 208,00 361000,00
18 T2 22700,00 21111,00 0,00 227,00 454,00 908,00 222000,00
18 T3 30100,00 25284,00 3913,00 0,00 602,00 0,00 346000,00
18 T4 30900,00 28428,00 927,00 309,00 309,00 927,00 364000,00
18 T5 28880,00 24548,00 1155,00 0,00 2022,00 1155,00 266000,00
18 T6 16700,00 14529,00 167,00 501,00 1002,00 501,00 706000,00
18 T7 7150,00 5577,00 0,00 0,00 1001,00 572,00 303000,00
19 T0 200000,00 170000,00 16000,00 2000,00 4000,00 8000,00 124000,00
19 T1 189000,00 128520,00 26460,00 0,00 3780,00 22680,00 99000,00
19 T2 189600,00 132720,00 24648,00 3792,00 5688,00 18960,00 134000,00

103
19 T3 123000,00 86100,00 24600,00 0,00 2460,00 3690,00 164000,00
19 T4 184000,00 149040,00 14720,00 1840,00 9200,00 7360,00 77000,00
19 T5 180800,00 146448,00 14464,00 1808,00 1808,00 5424,00 173000,00
19 T6 20600,00 6561,00 206,00 1030,00 1854,00 1030,00 775000,00
19 T7
20 T0 17200,00 12384,00 3612,00 0,00 172,00 860,00 395000,00
20 T1 22300,00 16502,00 4237,00 0,00 892,00 446,00 395000,00
20 T2 23400,00 18954,00 3276,00 0,00 234,00 936,00 339000,00
20 T3 31700,00 26311,00 3487,00 0,00 951,00 951,00 412000,00
20 T4 30900,00 24411,00 1854,00 618,00 1545,00 2472,00 296000,00
20 T5 25700,00 21845,00 771,00 0,00 2056,00 1028,00 175000,00
20 T6 22600,00 18696,00 0,00 456,00 2508,00 1140,00 1274000,00
20 T7 7730,00 5797,00 0,00 77,00 1314,00 541,00 580000,00

104
Anexo 5: Valores individuais do perfil bioquímico das 20 cadelas com piometra, nos diferentes tempos
de avaliação.
N Tempo ALT AST Creatinina FA Proteínas Albumina Globulinas Ureia Lactato

1 T0 90,25 81,65 1,36 113,40 7,30 2,26 5,04 44,68 0,00


1 T1 129,07 64,73 1,03 95,20 5,90 1,81 4,09 30,76 0,00
1 T2 57,50 66,90 1,00 77,00 6,00 2,00 4,00 34,42 0,00
1 T3 48,60 120,45 1,33 116,20 6,00 1,94 4,06 29,30
1 T4 36,00 91,80 0,97 107,80 6,50 2,16 4,34 31,49
1 T5 36,24 59,50 1,14 106,40 7,00 2,35 4,65 54,28
1 T6 49,30 79,17 1,01 41,23 7,20 2,90 4,30 53,83
1 T7 33,45 64,27 1,41 25,44 6,70 2,88 3,82 32,24
2 T0 65,56 87,34 0,96 173,00 7,20 1,15 6,05 57,86
2 T1 43,82 68,30 0,92 160,80 6,60 1,07 5,53 35,16
2 T2 41,52 64,33 0,86 157,00 6,60 1,07 5,53 33,69
2 T3 70,20 77,48 0,84 165,00 6,80 1,08 5,72 22,70
2 T4 85,04 97,10 1,05 185,00 6,80 1,15 5,65 16,11
2 T5 132,30 87,20 1,38 197,00 7,30 1,45 5,85 32,96
2 T6 300,00 77,06 0,36 138,00 7,30 2,37 4,93 68,18 2,82
2 T7 42,62 78,42 0,89 22,26 7,20 3,20 4,00 29,52 1,32
3 T0 117,79 256,68 1,22 98,42 6,90 2,19 4,71 51,26
3 T1
3 T2 88,75 138,11 1,25 101,08 6,60 2,05 4,55 41,01
3 T3 109,59 193,68 1,43 107,71 6,60 2,05 4,55 16,95
3 T4 88,77 170,98 1,12 101,08 6,20 1,93 4,27 12,96
3 T5 86,79 118,60 1,39 99,96 6,30 1,90 4,40 19,15
3 T6 208,10 92,18 1,61 239,19 8,50 2,57 5,93 42,28
3 T7 155,99 39,13 1,62 76,13 7,19 2,99 4,20 28,94
4 T0 54,64 133,21 0,67 210,10 6,70 1,67 5,03 23,27 4,31
4 T1 41,08 121,06 0,60 176,90 5,80 1,42 4,38 17,95 3,03
4 T2 40,64 109,73 0,65 168,90 5,80 1,37 4,43 15,29 2,91
4 T3 39,09 111,23 0,65 163,60 5,20 1,29 3,91 12,30 1,33
4 T4 35,83 101,49 1,15 173,00 4,80 1,23 3,57 10,30 1,85
4 T5 47,16 81,18 0,72 169,00 5,00 1,12 3,88 26,07 2,11
4 T6 74,30 36,31 1,30 142,12 6,00 1,72 4,28 13,66 2,94
4 T7 0,00
5 T0 52,42 40,36 1,41 111,72 10,40 1,61 8,79 37,40 0,76
5 T1 38,90 30,71 1,48 103,70 9,10 1,46 7,64 30,25 0,73
5 T2 40,76 30,70 1,56 102,40 9,40 1,47 7,93 32,80 0,00
5 T3 47,21 50,73 1,51 109,00 9,50 1,51 7,99 28,71 0,80
5 T4 41,41 36,41 1,14 97,09 8,90 1,46 7,44 26,65 0,77
5 T5 57,20 36,00 1,50 89,25 9,50 1,41 8,09 41,49 0,16
5 T6 106,62 38,00 1,33 89,25 9,00 1,68 7,32 34,58 0,91
5 T7
6 T0 43,57 64,27 1,38 200,00 9,90 2,55 7,35 31,27 3,43
6 T1 28,64 39,29 0,98 138,00 7,40 1,93 5,47 18,95 2,56
6 T2 28,85 30,55 1,99 137,00 7,90 2,16 5,74 20,85 3,32
6 T3 51,67 74,22 0,64 144,00 6,60 1,78 4,82 19,68 0,26
6 T4 30,61 20,64 1,67 92,00 7,00 2,59 4,41 25,58 0,00
6 T5 73,61 65,79 0,83 123,70 6,70 1,64 5,06 31,39 2,35
6 T6 70,08 64,32 0,72 118,00 6,40 1,64 4,76 33,51 0,00

105
6 T7 48,88 101,43 1,13 81,62 7,60 3,10 4,50 37,66 1,33
7 T0 0,00 6,94
7 T1 0,00 1,61
7 T2 0,00 3,64
7 T3 104,15 127,00 2,74 150,00 5,10 1,64 3,46 97,35 0,13
7 T4 120,40 107,20 1,58 145,20 5,60 1,82 3,78 51,07 0,42
7 T5 150,60 92,70 1,22 234,40 6,20 2,09 4,11 34,58 1,08
7 T6 50,29 44,63 1,44 20,23 6,50 2,47 4,03 39,36 1,30
7 T7 92,93 64,60 1,46 38,71 6,65 3,23 3,42 42,14 2,66
8 T0 76,47 72,18 1,17 29,00 6,90 1,73 5,17 31,28 2,53
8 T1 84,36 78,43 1,17 7,00 5,90 1,48 4,42 21,14 2,74
8 T2 64,09 62,17 1,02 23,00 6,10 1,50 4,60 16,07 2,02
8 T3 63,30 73,99 1,10 37,00 6,50 1,38 5,12 26,35 2,42
8 T4 69,45 79,51 1,28 179,00 6,30 1,32 4,98 34,66 0,00
8 T5 80,93 82,40 1,05 113,00 6,10 1,26 4,84 29,13 2,95
8 T6 55,17 51,46 1,50 36,72 7,20 1,82 5,38 38,89 3,35
8 T7 84,39 103,28 1,98 45,55 6,76 2,75 4,01 71,08 2,30
9 T0 51,43 89,37 1,40 74,00 6,40 2,01 4,39 47,15 2,23
9 T1 42,96 72,05 1,30 65,00 5,70 1,61 4,09 56,16 1,16
9 T2 43,76 74,41 1,22 66,00 5,90 1,62 4,28 58,25 1,32
9 T3 42,98 65,34 1,20 94,00 5,70 1,60 4,10 29,12 0,80
9 T4 44,17 65,92 1,17 65,00 5,70 1,54 4,16 33,97 1,02
9 T5 47,57 57,44 1,41 69,12 6,00 2,05 3,95 21,98 1,15
9 T6 30,30 35,28 1,66 62,29 6,17 2,68 3,49 25,54 1,90
9 T7 52,72 50,84 2,27 39,81 6,49 2,85 3,64 40,01 1,48
10 T0 12,63 61,59 0,53 97,81 4,88 1,53 3,35 22,98 1,87
10 T1 30,16 52,03 1,03 104,76 5,30 1,63 3,67 33,82 2,33
10 T2 28,41 51,90 1,08 82,08 5,40 1,60 3,80 42,28 1,56
10 T3 26,01 76,87 1,22 109,08 4,80 1,31 3,49 24,52 1,25
10 T4 32,26 75,80 1,22 163,08 5,20 1,37 3,83 21,98 1,09
10 T5 34,01 49,09 0,97 140,40 5,10 1,37 3,73 16,91 1,61
10 T6 64,70 46,70 1,14 133,33 6,30 2,59 3,71 50,23 1,59
10 T7 44,96 34,62 1,53 38,87 5,71 2,55 3,16 37,80 1,57
11 T0 78,66 59,99 1,14 41,04 6,90 1,75 5,15 60,88 3,45
11 T1 69,79 66,78 0,94 39,96 6,70 1,75 4,95 50,73 3,10
11 T2 69,95 50,46 0,89 50,76 6,80 1,84 4,96 38,89 2,07
11 T3 58,41 45,83 1,05 52,92 6,10 1,77 4,33 21,98 1,07
11 T4 67,28 70,81 0,89 37,80 6,10 1,62 4,48 19,45 3,37
11 T5 68,89 51,79 0,69 44,28 6,10 2,58 3,52 66,80 2,57
11 T6 33,17 39,05 0,98 61,97 5,56 1,95 3,61 51,07 1,45
11 T7 64,50 41,10 1,00 13,60 7,60 2,70 4,90 29,30 1,74
12 T0 28,70 87,34 1,75 90,86 6,10 2,52 3,58 26,82 2,47
12 T1 0,00 0,00
12 T2 27,43 107,72 1,79 97,04 6,03 2,60 3,43 14,47 3,11
12 T3 29,22 106,28 1,43 109,20 5,63 2,30 3,33 9,70 1,45
12 T4 31,09 119,33 1,49 101,60 5,30 2,22 3,08 15,32 1,44
12 T5 37,85 101,59 1,56 91,27 5,27 2,19 3,08 11,07 1,15
12 T6 51,71 49,11 1,35 100,50 6,28 2,26 4,02 26,88 2,63
12 T7 125,49 46,36 0,88 237,74 6,49 3,10 3,39 49,37 2,41
13 T0 29,70 66,11 1,36 145,57 6,09 2,05 4,04 9,79 1,90

106
13 T1 0,00 0,00
13 T2 31,01 62,04 0,79 121,90 5,44 1,56 3,88 17,81 2,23
13 T3 27,98 64,68 0,98 125,80 5,62 1,47 4,15 21,37 1,91
13 T4 19,87 49,04 0,77 115,13 5,60 1,45 4,15 23,35 2,33
13 T5 21,12 41,39 0,89 111,10 5,45 1,45 4,00 20,93 0,90
13 T6 33,44 45,87 0,96 65,94 6,26 2,07 4,19 15,44 1,78
13 T7 0,00 1,47
14 T0 24,05 63,97 1,15 105,16 6,86 1,85 5,01 47,50 1,23
14 T1 0,00 0,00
14 T2 22,30 61,23 1,10 102,14 6,87 1,86 5,01 36,82 1,15
14 T3 20,22 55,99 0,68 153,80 5,87 1,60 4,27 22,16 0,00
14 T4 19,58 54,04 0,63 129,39 5,42 1,52 3,90 22,17 1,02
14 T5 61,92 60,78 0,82 131,50 6,46 1,98 4,48 55,42 1,12
14 T6 93,74 37,63 0,12 143,37 7,69 2,32 5,37 59,59 2,55
14 T7 71,83 120,92 0,68 68,72 6,69 2,55 4,14 50,22 1,36
15 T0 46,59 363,23 1,12 109,28 7,82 2,05 5,77 48,69 4,66
15 T1 28,23 224,57 1,07 98,51 6,11 1,61 4,50 24,54 1,46
15 T2 42,37 216,41 0,56 21,19 6,41 1,69 4,72 22,82 1,98
15 T3 28,52 124,85 0,45 25,90 5,40 1,51 3,89 17,81 0,00
15 T4 38,71 101,12 0,56 144,74 5,47 1,51 3,96 18,60 1,21
15 T5 41,05 63,52 0,63 135,17 5,20 1,59 3,61 20,19 1,95
15 T6 66,39 50,03 1,15 125,70 6,70 2,54 4,16 22,56 2,11
15 T7 83,50 92,93 1,16 37,91 6,74 3,20 3,54 40,86 5,38
16 T0 37,19 86,35 1,24 61,97 6,82 2,10 4,72 34,05 3,38
16 T1 0,00 0,00
16 T2 38,88 95,51 1,12 58,04 6,54 2,10 4,44 33,65 2,94
16 T3 23,32 62,82 1,22 65,43 6,35 1,95 4,40 16,63 2,13
16 T4 32,81 67,53 1,88 61,66 5,75 1,86 3,89 20,19 2,06
16 T5 30,13 87,18 1,35 60,16 5,95 1,84 4,11 18,60 3,20
16 T6 44,92 113,61 1,95 24,38 6,60 2,50 4,10 21,22 3,02
16 T7 35,40 49,30 1,80 6,80 6,10 2,80 3,30 31,70 1,76
17 T0 18,60 93,76 1,35 82,17 7,58 1,59 5,99 18,60 3,85
17 T1 0,00 0,00
17 T2 34,81 64,99 1,20 74,62 6,71 1,52 5,19 13,46 1,14
17 T3 32,96 125,25 1,10 78,39 5,65 1,27 4,38 15,44 1,55
17 T4 45,81 222,54 1,15 77,84 5,65 1,20 4,45 14,25 2,03
17 T5 47,59 149,15 0,72 81,62 5,97 1,17 4,80 9,15 1,98
17 T6 84,49 127,88 1,38 107,06 7,90 2,26 5,64 20,36 2,74
17 T7 91,27 93,33 0,78 57,15 6,10 2,54 3,56 20,00 2,20
18 T0 34,69 56,99 1,26 87,98 7,00 2,96 4,04 29,52 1,70
18 T1 35,30 64,36 1,09 79,50 6,20 2,84 3,36 21,04 1,40
18 T2 45,17 84,07 0,86 74,20 6,20 2,79 3,41 16,96 1,83
18 T3 38,49 113,36 1,11 166,42 5,90 2,61 3,29 14,93 1,16
18 T4 39,44 97,88 1,06 189,74 5,50 2,34 3,16 15,27 1,27
18 T5 47,63 95,12 1,09 148,40 5,60 2,06 3,54 22,06 2,11
18 T6 74,76 74,36 0,39 104,56 5,84 2,59 3,25 42,99 2,39
18 T7 0,00 3,15
19 T0 49,55 200,92 4,79 321,18 7,40 1,68 5,72 119,78 2,96
19 T1 21,55 133,31 4,57 259,70 5,60 1,36 4,24 113,67 1,50
19 T2 34,38 162,70 4,29 276,66 6,10 1,36 4,74 118,76 1,63

107
19 T3 26,75 113,24 2,56 383,72 6,00 1,39 4,61 105,19 1,30
19 T4 31,86 107,54 1,67 523,64 5,90 1,34 4,56 94,33 1,57
19 T5 34,91 92,08 1,38 761,08 5,90 1,25 4,65 51,24 1,74
19 T6 105,81 59,18 0,65 231,86 5,81 2,05 3,76 20,00 2,14
19 T7 0,00 0,00
20 T0 0,00 5,54
20 T1 24,34 24,92 2,05 136,70 6,59 2,13 4,46 38,73 1,13
20 T2 34,95 51,80 2,99 185,29 9,02 2,85 6,17 56,18 1,27
20 T3 42,96 77,89 2,78 239,38 6,72 1,92 4,80 40,01 1,23
20 T4 35,70 58,58 3,22 291,88 5,47 1,50 3,97 57,56 2,18
20 T5 1,66 461,65 7,69 2,07 5,62 46,39 1,26
20 T6 86,85 59,59 1,30 164,80 7,17 2,31 4,86 49,37 2,70
20 T7 51,33 60,50 1,40 42,19 6,58 2,47 4,11 39,50 4,39

108
Anexo 6: Valores individuais de hemogasometria das 20 cadelas com piometra, nos diferentes tempos de
avaliação.
N Tempo Na K Cl Glicose pH PCO2 HCO3 BE ecf Anion gap
1 T0 149,00 4,60 113 90 7,427 38,5 25,40 1,00 15,00
1 T1 146,00 4,90 113,00 87 7,362 39,90 22,60 -3,00 14,00
1 T2 147,00 4,20 113,00 88 7,398 35,30 21,80 -3,00 16,00
1 T3 146,00 4,00 112,00 88 7,358 42,70 24,00 -1,00 14,00
1 T4 148,00 4,20 114,00 93 7,394 41,80 25,60 1,00 13,00
1 T5 157,00 4,80 113,00 96 7,348 42,50 23,30 -2,00 26,00
1 T6 151,00 4,50 119,00 99 7,329 43,00 22,60 -3,00 14,00
1 T7 149,00 4,40 111,00 91 7,422 40,10 26,20 2,00 17,00
2 T0 152,00 3,10 119,00 90 7,436 28,90 19,50 -5,00 17,00
2 T1 151,00 3,20 116,00 108 7,422 30,40 19,80 -5,00 18,00
2 T2 152,00 3,30 118,00 96
2 T3 150,00 3,80 116,00 83 7,422 29,70 19,40 -5,00 18,00
2 T4 151,00 4,20 117,00 105 7,410 31,70 20,10 -5,00 18,00
2 T5 152,00 5,10 117,00 100 7,415 33,70 21,60 -3,00 18,00
2 T6 149,00 4,50 115,00 88 7,396 35,90 22,10 -3,00 16,00
2 T7 147,00 4,00 114,00 106 7,399 38,50 23,80 -1,00 14,00
3 T0 149,00 3,50 116,00 171 7,271 28,10 12,90 -14,00 24,00
3 T1
3 T2 150,00 3,50 114,00 172 7,352 37,60 20,80 -5,00 19,00
3 T3 151,00 3,40 117,00 139 7,397 28,40 17,50 -7,00 20,00
3 T4 151,00 4,10 117,00 125 7,367 35,20 20,20 -5,00 18,00
3 T5 150,00 3,60 115,00 100 7,396 32,60 20,00 -5,00 18,00
3 T6 149,00 4,40 118,00 118 7,288 39,30 18,80 -8,00 17,00
3 T7 148,00 4,40 115,00 98 7,327 40,50 21,20 -5,00 17,00
4 T0 143,00 4,00 110,00 7,428 28,90 19,10 -5,00 18,00
4 T1 145,00 4,10 110,00 89 7,432 33,50 22,40 -2,00 17,00
4 T2 146,00 4,00 110,00 87 7,433 33,50 22,40 -2,00 17,00
4 T3 150,00 3,50 113,00 60 7,413 36,70 23,50 -1,00 18,00
4 T4 150,00 3,50 115,00 59 7,375 36,00 21,00 -4,00 17,00
4 T5 146,00 4,30 113,00 76 7,392 35,10 21,30 -4,00 16,00
4 T6 143,00 5,10 110,00 77 7,390 39,00 23,60 -1,00 15,00
4 T7
5 T0 144,00 4,30 109,00 98 7,469 32,30 23,40 0,00 16,00
5 T1 146,00 3,90 110,00 92 7,432 36,50 24,30 0,00 15,00
5 T2 147,00 4,20 111,00 92 7,431 37,50 24,90 1,00 15,00
5 T3 147,00 3,90 113,00 80 7,439 32,90 22,30 -2,00 16,00
5 T4 150,00 4,50 111,00 83 7,399 38,40 23,70 -1,00 20,00
5 T5 148,00 4,70 113,00 79 7,409 38,40 24,30 0,00 15,00
5 T6 149,00 4,90 112,00 92 7,414 31,80 26,70 2,00 15,00
5 T7
6 T0 149,00 3,20 113,00 160 7,439 37,40 25,30 1,00 15,00
6 T1 151,00 3,50 111,00 141 7,393 46,70 28,50 4,00 14,00
6 T2 151,00 3,20 114,00 134 7,424 42,10 28,50 3,00 13,00
6 T3 150,00 3,40 113,00 116 7,442 41,00 28,00 4,00 12,00
6 T4 149,00 2,70 110,00 99 7,403 44,40 27,70 3,00 14,00
6 T5 151,00 4,50 114,00 100 7,428 40,30 26,50 2,00 15,00
6 T6 146,00 4,20 111,00 98 7,464 35,60 25,50 2,00 13,00

109
6 T7 148,00 3,30 114,00 112 7,387 33,70 20,30 -5,00 17,00
7 T0 131,00 2,50 175 7,601 61,60 60,60 >30
7 T1 133,00 2,90 76,00 79 7,586 58,10 55,20 >30
7 T2 132,00 2,70 79 7,583 56,00 52,80 >30
7 T3 136,00 2,60 88,00 85 7,538 58,00 59,40 27,00
7 T4 153,00 3,00 91,00 89 7,575 44,70 41,40 19,00 23,00
7 T5 149,00 4,10 114,00 102 7,461 38,20 27,20 3,00 12,00
7 T6 146,00 4,00 117,00 109 7,411 29,20 18,50 -6,00 14,00
7 T7 145,00 5,20 108,00 96 7,440 39,80 27,00 3,00 15,00
8 T0 146,00 4,00 115,00 74 7,560 21,30 19,00 -3,00 16,00
8 T1 151,00 4,00 119,00 52 7,443 26,80 18,30 -6,00 18,00
8 T2 153,00 3,50 121,00 50 7,522 24,80 20,30 -3,00 16,00
8 T3 152,00 3,90 120,00 54 7,424 26,90 17,60 -7,00 18,00
8 T4 152,00 4,20 119,00 94 7,419 31,80 20,60 -4,00 17,00
8 T5 149,00 4,10 113,00 112 7,385 36,80 22,00 -3,00 18,00
8 T6 145,00 4,60 113,00 104 7,445 29,80 20,50 -4,00 16,00
8 T7 145,00 4,70 112,00 94 7,475 34,30 25,30 2,00 12,00
9 T0 143,00 3,70 114,00 104 7,413 29,20 18,60 -6,00 14,00
9 T1 145,00 3,90 113,00 95 7,382 34,90 20,70 -4,00 15,00
9 T2 145,00 3,90 113,00 100 7,368 35,90 20,70 -5,00 15,00
9 T3 146,00 4,20 113,00 100 7,358 35,80 20,20 -5,00 17,00
9 T4 147,00 4,30 115,00 93 7,379 38,40 22,70 -2,00 14,00
9 T5 146,00 4,50 114,00 114 7,380 40,20 23,80 -1,00 12,00
9 T6 147,00 4,50 114,00 102 7,347 40,20 22,00 -4,00 16,00
9 T7 149,00 4,30 113,00 124 7,362 41,50 23,60 -2,00 16,00
10 T0 143,00 3,90 111,00 110 7,405 35,80 22,40 -2,00 13,00
10 T1 146,00 4,50 112,00 114 7,391 38,90 23,60 -1,00 15,00
10 T2 146,00 3,90 113,00 109 7,409 38,50 24,40 0,00 13,00
10 T3 146,00 3,60 115,00 60 7,348 35,10 19,30 -6,00 15,00
10 T4 141,00 4,00 13,00 75 7,301 38,20 18,80 -8,00 14,00
10 T5 144,00 4,20 112,00 102 7,348 41,20 22,60 -3,00 14,00
10 T6 148,00 4,60 114,00 100 7,370 46,10 26,70 1,00 12,00
10 T7 146,00 4,40 112,00 100 7,352 43,20 24,00 -2,00 14,00
11 T0 146,00 4,40 113,00 104 7,434 30,30 20,30 -4,00 17,00
11 T1 150,00 4,90 111,00 104 7,365 36,50 20,80 -5,00 23,00
11 T2 142,00 4,00 108,00 103 7,414 34,70 22,20 -2,00 16,00
11 T3 140,00 3,90 104,00 99 7,442 35,80 24,50 0,00 16,00
11 T4 145,00 4,30 108,00 110 7,401 37,00 22,90 -2,00 17,00
11 T5 144,00 4,20 110,00 112 7,456 34,20 24,10 0,00 15,00
11 T6 145,00 5,30 115,00 103 7,389 38,40 23,20 -2,00 12,00
11 T7 150,00 4,30 116,00 104 7,411 36,70 23,30 -1,00 15,00
12 T0 146,00 3,70 115,00 119 7,478 28,20 20,90 -3,00 14,00
12 T1
12 T2 145,00 3,40 115,00 115 7,440 29,90 20,30 -4,00 14,00
12 T3 148,00 4,20 118,00 120 7,409 35,50 22,50 -2,00 12,00
12 T4 148,00 4,40 118,00 104 7,425 34,80 22,80 -2,00 12,00
12 T5 148,00 4,00 116,00 89 7,414 36,20 23,10 -1,00 13,00
12 T6 149,00 4,70 117,00 110 7,308 41,30 20,70 -6,00 16,00
12 T7 148,00 4,10 117,00 117 7,398 36,00 22,20 -3,00 13,00
13 T0 148,00 3,60 117,00 112 7,429 27,10 17,90 -6,00 16,00

110
13 T1
13 T2 149,00 3,10 119,00 94 7,417 26,90 17,30 -7,00 16,00
13 T3 154,00 3,40 123,00 118 7,368 35,70 20,60 -5,00 14,00
13 T4 154,00 3,90 123,00 125 7,357 40,00 22,40 -3,00 12,00
13 T5 149,00 3,70 116,00 110 7,413 34,70 22,20 -2,00 14,00
13 T6 148,00 4,40 117,00 97 7,366 36,60 21,00 -4,00 15,00
13 T7 150,00 4,00 116,00 114 7,413 34,90 22,30 -2,00 15,00
14 T0 141,00 4,50 113,00 133 7,446 31,60 21,70 -2,00 11,00
14 T1
14 T2 143,00 4,20 112,00 140 7,420 34,40 22,30 -2,00 14,00
14 T3 149,00 3,40 115,00 134 7,390 39,40 23,90 -1,00 14,00
14 T4 150,00 3,40 116,00 111 7,383 41,00 24,40 -1,00 14,00
14 T5 150,00 4,00 117,00 86 7,375 39,20 22,90 -2,00 14,00
14 T6 151,00 3,70 115,00 120 7,350 43,40 24,00 -2,00 16,00
14 T7 147,00 4,20 115,00 105 7,386 43,30 26,00 1,00 10,00
15 T0 151,00 4,20 119,00 73 7,345 36,00 19,70 -6,00 16,00
15 T1 148,00 4,00 117,00 67 7,411 34,90 22,20 -2,00 13,00
15 T2 148,00 4,20 117,00 71 7,363 37,90 21,60 -4,00 15,00
15 T3 146,00 3,30 113,00 34 7,439 36,60 24,80 1,00 12,00
15 T4 148,00 3,80 117,00 59 7,399 36,60 22,60 -2,00 13,00
15 T5 148,00 3,90 116,00 87 7,368 39,50 22,70 -3,00 14,00
15 T6 146,00 4,50 114,00 86 7,396 37,70 23,20 -2,00 13,00
15 T7 148,00 3,90 114,00 98 7,352 41,10 22,70 -3,00 16,00
16 T0 148,00 4,20 113,00 112 7,377 33,80 19,90 -5,00 19,00
16 T1
16 T2 147,00 4,00 113,00 125 7,415 32,30 20,70 -4,00 17,00
16 T3 149,00 4,00 112,00 108 7,335 43,00 22,90 -3,00 18,00
16 T4 150,00 3,70 115,00 109 7,420 36,20 23,50 -1,00 16,00
16 T5 149,00 3,90 110,00 96 7,383 39,80 23,70 -1,00 20,00
16 T6 148,00 4,50 113,00 93 7,384 36,30 21,60 -3,00 18,00
16 T7 150,00 4,20 113,00 104 7,411 38,10 24,20 0,00 18,00
17 T0 152,00 5,30 119,00 128 7,345 37,50 20,50 -5,00 18,00
17 T1
17 T2 150,00 4,10 118,00 119 7,426 32,50 21,30 -3,00 16,00
17 T3 149,00 4,00 116,00 110 7,391 32,10 19,50 -5,00 17,00
17 T4 145,00 4,10 113,00 120 7,481 28,50 21,30 -2,00 15,00
17 T5 150,00 3,90 119,00 79 7,429 32,00 21,20 -3,00 14,00
17 T6 145,00 4,60 111,00 124 7,397 32,90 20,20 -5,00 18,00
17 T7 149,00 4,70 114,00 115 7,410 35,50 22,50 -2,00 16,00
18 T0 148,00 4,10 115,00 99 7,406 36,30 22,80 -2,00 14,00
18 T1 152,00 3,70 113,00 * 7,407 35,70 22,50 -2,00 20,00
18 T2 145,00 3,70 114,00 104 7,521 26,90 22,00 -1,00 12,00
18 T3 145,00 3,90 114,00 92 7,415 36,70 23,50 -1,00 12,00
18 T4 146,00 4,00 112,00 82 7,421 36,70 23,80 -1,00 14,00
18 T5 146,00 4,30 112,00 108 7,434 37,40 25,10 1,00 13,00
18 T6 148,00 3,70 115,00 100 7,404 33,80 21,10 -4,00 16,00
18 T7 151,00 4,00 122,00 109 7,483 25,90 19,40 -4,00 14,00
19 T0 128,00 5,70 100,00 93 7,377 38,70 22,80 -2,00 11,00
19 T1 131,00 4,80 101,00 72 7,369 40,50 23,40 -2,00 11,00
19 T2 132,00 4,90 100,00 65 7,398 36,90 22,80 -2,00 15,00

111
19 T3 141,00 4,70 110,00 76 7,346 44,10 24,10 -2,00 11,00
19 T4 148,00 4,90 115,00 81 7,316 49,00 25,00 -1,00 13,00
19 T5 147,00 4,00 115,00 83 7,373 42,20 24,60 -1,00 12,00
19 T6 145,00 4,90 113,00 84 7,398 38,20 23,50 -1,00 14,00
19 T7
20 T0 145,00 3,20 110,00 76 7,425 29,50 19,40 -5,00 19,00
20 T1 149,00 3,50 113,00 52 7,404 34,70 21,70 -3,00 18,00
20 T2 148,00 3,30 116,00 48 7,399 32,80 20,30 -5,00 15,00
20 T3 152,00 3,00 118,00 35 7,376 37,00 21,70 -4,00 16,00
20 T4 152,00 3,20 121,00 34 7,401 31,80 19,70 -5,00 15,00
20 T5 149,00 3,50 116,00 63 7,341 37,40 20,30 -5,00 16,00
20 T6 149,00 3,90 115,00 100 7,329 42,10 22,10 -4,00 16,00
20 T7 148,00 4,20 113,00 107 7,379 45,00 26,60 1,00 13,00

112
Universidade Federal de Minas Gerais
Comitê de Ética em Experimentação Animal - CETEA

Anexo 7

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Eu, ______________________________________________________, carteira de identidade


_________________, CPF ___________________proprietário (a) da cadela _______________, da raça
_____________, com a idade de ______________, pelagem __________________ diagnosticada com
piometra autorizo sua inclusão no Projeto de Pesquisa “Avaliação clínica, laboratorial e
hemogasométrica de cadelas com piometra”, no qual o animal será submetido ao tratamento
convencional com cirurgia, antibioticoterapia, medicamento analgésico e fluidoterapia. O paciente será
monitorado com avaliações clínicas e de laboratoriais periódicas, e estou ciente das possíveis
complicações relacionadas à própria doença e aos tratamentos estabelecidos.

___________________________
Local e data

______________________________
Assinatura do proprietário

113
Anexo 8

114
Anexo 9

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ESCOLA DE VETERINÁRIA


PROTOCOLO
IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL:

T0 – Momento do diagnóstico
Anamnese: -Poliúria - Polidipsia

- Vômitos - Diarreia
- Inapetência - Prostração
- Secreção vaginal - Início dos sinais clínicos

Exame Clínico (T0):


 FC
 FR
 TR
 PA
 % desidratação
 Distensão abdominal
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)
 Fluidoterapia de reposição (20 mL/kg/h) e 1 a 2 h de fluidoterapia de manutenção (60 mL/kg/dia).

T1 – Após a reposição hídrica


Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Distensão abdominal
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)
T2 – Antes da cirurgia
Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Distensão abdominal
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)

115
PROTOCOLO E ACOMPANHAMENTO ANESTÉSICO
Data: Início: Término:

MPA Indução Manutenção


Dose Volume Dose Volume Dose Volume
Droga Droga Droga
(mg/kg) (ml) (mg/kg) (ml) (mg/kg) (ml)
Tramadol 4 Propofol 5 Isofluorano

Tempos FC FR TR Oximetria Concentração


(min) (bmp) (mpm) (ºC) (%) PA Isoflurano (%)
0
início da
cirurgia
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60

T3 – 12 horas após a cirurgia


Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Observações:
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)
T4 – 24 horas após a cirurgia
Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Observações:
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, TFG, Hemogasometria (Data:_______________;
Hora: _____________)

116
T5 – 48 horas após a cirurgia
Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Distensão abdominal
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)
T6 – 10 dias após a cirurgia
Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Observações:
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)
T7 – 60 dias após a cirurgia
Exame Clínico:
 FC
 FR
 TR
 PA
 Observações:
 Hemograma, Perfil Bioquímico, Urina Rotina, Hemogasometria (Data:_______________; Hora:
_____________)

117

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