Danças Circulares 2
Danças Circulares 2
Danças Circulares 2
GANDARA
No Brasil as danças circulares que correm pelas manifestações populares se destacam pelo
ambiente familiar que se desenvolvem. As coreografias, formações, musicalidade e
instrumentos utilizados são repassados de pai para filho com o objetivo de perpetuação da
prática cultural. Entre as mais estudadas de destacam:
Quadrilha. A quadrilha junina, matuta ou caipira é uma dança típica das festas juninas,
dançada, principalmente, na região Nordeste do Brasil. É originária de velhas danças populares
de áreas rurais da França (Normandia) e da Inglaterra. Os passos e a movimentação dos pares
da quadrilha são realizados em subgrupo, rodas e filas conforme figura 6. A música da
orquestra normalmente é composta conforme figura 7, por zabumba ou bumbo, sanfona e
triângulo. Os ritmos mais tocados são: forró, xote, coco, baião, xaxado e vaneirão.
Figura 6. Quadrilha
Samba de Roda. O samba de roda recebeu a influência portuguesa e no Brasil teve a
introdução da viola e do pandeiro. Acompanhado por atabaques, ganzá, reco-reco, viola e
violão conforme figuram 9, o solista entoa cantigas, seguido em coro pelo grupo a dançar.
Ligado ao culto de orixás e caboclos, à capoeira, o samba de roda é misto de música, dança,
poesia e festa que se revela em duas formas características: o samba chula e o samba corrido.
A chula, uma forma de poesia, é declamada pelo solista, enquanto o grupo escuta atento e
se rendendo aos encantos da dança. Após o término do pronunciamento, quando um
participante por vez adentra o meio da roda ao som da batucada regida por palmas. Já no
corrido, o samba toma conta da roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral se
alternam no canto. Também conhecida como Umbigada – porque cada participante, ao sair da
roda, convida um novo para a dança dando-lhe um “encontrão de barriga” (Figura 8).
Figura 8. Umbigada
Figura 10. Pau-de-Fita
Carimbo. Seu nome, em língua tupi, refere-se ao tambor com o qual se marca o ritmo,
o curimbó (Figura 11). Costumam estarem presentes também os maracás. Surgida em torno
de Belém na zona do Salgado (Marapanim, Curuçá, Algodoal) e na Ilha de Marajó, passou de
uma dança tradicional para um ritmo moderno, influenciando a lambada e o zouk.
A dança é apresentada em pares. Começa com duas fileiras de homens e mulheres com a
frente voltada para o centro. Quando a música inicia os homens vão em direção às mulheres,
diante das quais batem palmas como uma espécie de convite para a dança. Imediatamente os
pares se formam, girando continuamente em torno de si mesmo, ao mesmo tempo formando
um grande círculo que gira em sentido contrário ao ponteiro do relógio. Nesta parte
observa-se a influência indígena, quando os dançarinos fazem alguns movimentos com o corpo
curvado para frente, sempre puxando com um pé na frente, marcando acentuadamente o ritmo
vibrante.
A música que acompanha a dança carimbó é a preferida pelos pescadores marajoaras.
Nos anos 60 e 70, adicionaram-se ao carimbó instrumentos elétricos (como guitarras) e
influências do merengue e da cúmbia. A formação instrumental original do carimbó era
composta por dois curimbós: um alto e outro baixo, em referência aos timbres (agudo e grave)
dos instrumentos; uma flauta de madeira (geralmente de ébano ou acapú, aparentadas
ao pife do nordeste), maracás e uma viola cabocla de quatro cordas, posteriormente substituída
pelo banjo artesanal, feito com madeira, cordas de náilon e couro de veado. Hoje o
instrumental incorpora outros instrumentos de sopro, como flautas, clarinetes e saxofones
conforme ilustra figura 12.
Figura 12. Instrumentos Musicais: clarinete, saxofone, guitarra, flauta de madeira, curimbó e viola cabocla
É interessante observar que as danças estáticas rodam em sentido anti-horário, esta direção
é tomada em quase todas as danças sagradas do mundo, talvez porque abre a brecha entre
sagrado e profano, simbolizando a volta à origem. As danças começam em um grande e lento
círculo que vai diminuindo ao longo do ritual com voltas sobre si, durante as incorporações, a
simbolizar uma direção para o interno. Como o círculo, a espiral é um símbolo antiquíssimo. A
espiral aparece nas rotações que as filhas-de-santo fazem sobre si mesmas. Os instrumentos
mais utilizados na dança do candomblé são os atabaques, berimbau, xequerê e agogô (Figura
14).
Figura 14. Instrumentos musicais: berimbau, agogô e xequerê e os atabaques rum, rumpi e lê
Dança da Capoeira. A Capoeira é uma luta disfarçada em dança, criada pelos escravos
trazidos da África nos navios negreiros para o Brasil. Dentro das Senzalas após a mistura das
culturas das diversas tribos africanas que aqui se encontraram foi documentada como o
resultando na primeira forma de defesa dos escravos contra as maldades que sofriam o qual
começaram a ocorrer as primeiras fugas dos negros e a fundação dos Quilombos.
Na época da escravidão toda cultura negra era reprimida, principalmente se tivesse uma
conotação de luta, então para poder ser disfarçada a sua prática entre os negros, foi adicionado
os instrumentos musicais que deram uma imagem de dança a Capoeira (Figura 15), com
músicas que falam de Deuses africanos, Reis das tribos a qual vieram, fatos acontecidos
na roda de Capoeira, acontecimentos e sofrimentos do dia-a-dia dos escravos e etc...! Como
ninguém tinha interesse sobre a cultura negra, ninguém notava que aquela simples dança,
brincadeira e ritual era na verdade a luta marcial dos escravos, que se camuflava para poder
permanecer ativa. A orquestra dos grupos de capoeira é geralmente configurada com três
berimbaus sendo: um berimbau berra-boi ou gunga com uma cabaça maior e que reproduz o
som grave, do lado direito um berimbau gunga ou médio feito com uma cabaça média e de
som intermediário, do lado esquerdo um berimbau viola com uma cabaça menor que reproduz
um som agudo (Figura 16). Ao lado do gunga vão por ordem o atabaque, um pandeiro (Figura
9) e um agogô (Figura 14), já ao lado do viola vão: outro pandeiro e um reco-reco (Figura 9).
Figura 15. Dança da Capoeira
Danças indígenas. As danças indígenas tem um grande significado para os seus
praticantes, são expressões culturais em forma de um ritual de agradecimento às divindades
espirituais indígenas pela farta colheita de suas plantações, pela fartura da caça e da pesca
(Figura 17), tal qual a dança tradicional Parichara de Roraima da comunidade indígena
Canauanin Kabixaku Kanau'wau. As danças indígenas também podem ser formas de expressões
sociais de paz, de guerra e me amadurecimento para o casamento tais quais as danças da tribo
dos Xavantes.
Figura 17. Dança Tradicional Parichara
Como forma de comportamento expressivo, o da-nho’re é masculino por excelência, ainda
que as mulheres também o executem em certas ocasiões. Constitui a mais importante das
atividades públicas específicas em que os pré-iniciados moradores da casa dos solteiros,
conhecidos como wapté e os rapazes recém-iniciados chamados de ‘ritai’wa se envolvem
enquanto membros de classes de idade. Performances da-nho’re engendram laços emocionais
extraordinariamente fortes entre os que delas participam ilustrando de forma concreta a força
da dança circular entre os praticantes.
Figura 18. Dança Xavante Da-nho’re
Figura 19. Instrumentos musicais indígenas: apito, flauta e pau de chuva Guarani, maracá Xavante, zunidor Mehinaku e
chocalho Kayapó
Dança Circular Sagrada. As Danças Circulares sempre estiveram presentes na história da
humanidade, nascimento, casamento, plantio, colheita, chegada das chuvas, primavera, morte
e refletiam a necessidade de comunhão, celebração e união entre as pessoas. De 1976 em
diante centenas de Danças foram incorporadas ao repertório inicial e o movimento passou a se
chamar "Danças Circulares Sagradas". E desde então este movimento se espalhou pelo mundo.
A Dança Circular se chama e se torna Sagrada pelo fato de permitir que os participantes
entrem em contato com sua essência, com seu EU Superior, com a Centelha Divina que
existe dentro de cada um de nós. No momento deste contato, temos a união do corpo
(matéria) com o espírito (energia). A dança quando praticada em academia (Figura 20),
geralmente é realizada de mãos dadas e acredita-se que ao dar as mãos em círculo cria-se um
fluxo de energia que vai sustentar o campo que se forma com a presença das pessoas e com
todos os elementos da natureza presentes no ambiente.
Danças dos Povos. É a dança dos povos do mundo inteiro, muitas com origem no folclore
de cada país, outras tradicionais de comemorações, colheitas retratadas em manifestações
populares e inicialmente em âmbito familiar (Figura 21).
Figura 21. Jongo da fazenda Machadinha – Quissamã - RJ