Texto Literário e Seu Uso Como Fonte Histórica (Aula 13)
Texto Literário e Seu Uso Como Fonte Histórica (Aula 13)
Texto Literário e Seu Uso Como Fonte Histórica (Aula 13)
Texto literário
e seu uso como
fonte histórica
História e Documento
Metas da aula
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
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Aula 13 – Texto literário e seu uso como fonte histórica Módulo 1
INTRODUÇÃO
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Atende ao Objetivo 1
Estudos sobre influências musicais e literárias, assim como sobre sua origem, devem
trazer retrato mais detalhado do autor.
Debate sobre o fato de o surgimento do autor ser ou não um "milagre" é um dos que
devem estar na pauta das discussões.
[...] A partir do mês que vem, a efeméride dos cem anos da morte de Machado de
Assis (1839-1908) vai encher as prateleiras das livrarias de reedições, coletâneas,
novos — e não tão novos — estudos e documentos sobre a obra do mais importante
autor brasileiro.
Duas das atrações chamam a atenção por se referirem nem tanto à sua produção, mas
ao modo como modelou seu estilo e criou seu universo. "O Que Machado Leu" e "O
Que Machado Ouviu" prometem oferecer ingredientes para que sejam investigadas
as raízes das influências do autor de Dom Casmurro.
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A primeira será um módulo dentro da exposição "Machado Vive", que será aberta no dia
20 de junho [2008]. Oferecerá um recorte crítico a partir da biblioteca de 800 volumes
do autor. Depois, vai virar livro, em co-edição com a Biblioteca Nacional. A segunda se
dará por meio de uma série de concertos eruditos que evocarão as preferências do escritor
e as reuniões do "Clube Beethoven", espaço criado por ele, no qual se ouvia música e se
jogava xadrez.
Leituras O poeta e crítico Ivan Junqueira, um dos coordenadores da homenagem, diz que
a preocupação é distinguir o que Machado leu do que realmente o influenciou. "Importantes
mesmo foram Laurence Sterne, Diderot, Schopenhauer, Xavier de Maistre, Shakespeare,
Cervantes e Dante." Machado lia, a princípio, em francês. Depois passou ao inglês.
No final da vida, aprendeu alemão e um pouco de grego, mas nunca chegou a ser
fluente nessas línguas. "Ele lia brasileiros e gostava de José de Alencar e Joaquim Manuel
de Macedo, mas não se pode dizer que foram leituras que o influenciaram", diz.
Releitura Mas para que servem as efemérides senão para abrir portas a releituras?
O pesquisador e ensaísta Ubiratan Machado, autor de A vida literária no Brasil durante
o Romantismo e que lança nos próximos meses um dicionário de mais de 2.000 verbetes
sobre Machado, acha que se deve deixar de pensar que o surgimento de sua literatura
tem algo de milagroso.
"Ele não era um pobrezinho. Primeiro porque ser mulato não era depreciativo, então.
Alguns dos homens mais importantes do Império eram mulatos. O fato de seu pai ser um
agregado, também não, pois isso era bastante comum. Ter nascido no morro tampouco
era um drama. Na época, rico também vivia em morro. E, depois, quando tornou-se
funcionário público, Machado passou a ganhar muito bem."
Ainda, para ele, o tão celebrado autodidatismo também não é algo único no caso de
Machado, pois muita gente formava-se assim naquela época. "Enfim, milhares de pessoas
enfrentam o que Machado enfrentou na vida. Não é isso que confere valor à sua literatura,
e sim suas qualidades próprias." O estudioso também ressalta que a imagem soturna de
Machado, que se solidificou com o tempo, foi a que predominou apenas nos últimos
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anos de sua vida, principalmente após a morte da mulher, Carolina, em 1904. "Até
então, ele havia sido um homem muito alegre e muito espirituoso", conclui (Folha de
S. Paulo, "Seção Ilustrada" , p. 4, 8 mar. 2008).
Agora, avalie como hoje pode ser caracterizada a relação entre literatura e sociedade.
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Resposta Comentada
O objetivo desta atividade é desenvolver uma avaliação de como a nossa época se relaciona
com a literatura. No caso específico da matéria jornalística, alguns aspectos merecem ser
ressaltados. Do ponto de vista da memória nacional, a data da sua morte é motivo para
que se valorize, através da figura de Machado de Assis, as obras da literatura nacional e
seus destacados autores. Assim, as instituições de memória, como é o caso da Academia
Brasileira de Letras, se organizam num esforço comemorativo "multimídia". Quando a ABL presta
homenagem a um escritor brasileiro, também está homenageando a nação brasileira. Dentro
dessa perspectiva, a literatura fornece material para a construção da identidade nacional.
Por outro lado, a crítica especializada levanta o debate sobre a relação entre o autor, sua
obra e a própria sociedade na qual viveu e produziu suas obras – o Rio de Janeiro do século
XIX. O debate em torno da especialidade do gênio artístico revela tensões próprias às análises
literárias de cunho histórico e sociológico que se especializaram a partir do século XX, quando
a própria literatura tornou-se objeto de estudo das Ciências Humanas.
Dessa forma, a matéria jornalística aponta para a historicidade com a qual são tratadas hoje
a atividade literária e a literatura como campo de ação social.
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Atende ao Objetivo 2
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Nesse sentido enquanto a historiografia procura o ser das estruturas sociais, a literatura
fornece uma expectativa do seu vir-a-ser. [...] Ocupa-se portanto o historiador da realidade,
enquanto o escritor é atraído pela possibilidade. Eis aí, uma diferença crucial, a ser
devidamente considerada pelo historiador que se serve do material literário. [...] A literatura
fala ao historiador sobre a história que não ocorreu, sobre as possibilidades que não
vingaram, sobre os planos que não se concretizaram. Ela é o testemunho triste, porém
sublime, dos homens que foram vencidos pelos fatos. Mas será que toda a realidade da
história se resume aos fatos e seu sucesso? [...]
O caso em estudo é típico. As duas primeiras décadas deste século [século XX]
experimentaram a vigência de nítidas intenções sociais. [...] O dilema entre o impulso
de colaborar para a composição de um acervo literário universal e o anseio de interferir
na ordenação da sua comunidade de origem assinalou a crise de consciência maior
desses intelectuais.
A leitura de seus textos literários nos levou a perscrutar o seu cotidiano, familiarizando-nos
com o meio social em que conviviam: a cidade do Rio de Janeiro no limiar do século
XX. As posturas, as ênfases, as críticas presentes nas obras nos serviram como guias
de referência para compreendermos e analisarmos as suas tendências mais marcantes,
seus níveis de enquadramentos sociais e sua escala de valores. O material compulsado:
imprensa periódica – jornais e magazines –, crônicas, biografia e opúsculos. Ato contínuo,
esse material vultuoso nos forneceu indicações preciosas, que urgiram a releitura e
reinterpretação das obras literárias. [...]
Uma pesquisa abrangente dos meios intelectuais, com uma amostragem geral da sua
produção no tocante aos temas, critérios, objetivos e disposições, permitiu-nos avaliar as
peculiaridades dessa pequena comunidade e a sua ânsia de enraizar-se no substrato social
mais amplo. Demonstrou-nos igualmente o quanto a sua produção se vincava conforme
o ritmo e sentido das transformações históricas, que agitaram a sociedade carioca nesse
período. Orientaram-nos nesse momento da pesquisa, não só a leitura de obras expressivas,
mas também uma sondagem mais completa das práticas de edição, das expectativas do
público, da atmosfera cultural criada na cidade, dos pontos de encontro, as associações
de interesse e rivalidades que distinguiam a comunidade de homens das letras.
Do interior desse panorama mais complexo que entrecruza os níveis social e cultural,
sobressaem-se com grande destaque as obras de Euclides da Cunha e Lima Barreto.
Nenhuma outra apresentava tantos e tão significativos elementos para a elucidação,
quer das tensões históricas cruciais do período, quer dos seus dilemas culturais. [...]
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O estudo mais detido de cada um desses conjuntos de textos deixaria entrever com
clareza que o seu antagonismo essencial repousava sobre as sólidas clivagens existentes
no universo social da Primeira República, com que suas obras se solidarizavam. Seus
livros distinguem-se ainda por isso, pela transparência com que resumem nas propostas
e respostas estéticas os conflitos mais agônicos que marcaram a sociedade brasileira
nessa fase (SEVCENKO, 1985, p. 20-23).
Resposta Comentada
A extensão do texto a ser analisado justifica-se por estarem citados nessa "Introdução" os
principais elementos para a análise dos materiais literários como documentos históricos.
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A interpretação de suas obras como textos literários foi realizada mediante a utilização de
um vasto material publicado, apontando para a impossibilidade de se realizar um estudo
histórico com base em um único tipo de fonte. Dessa forma, os livros foram lidos à luz de um
conjunto de outros textos cuja natureza literária era diversa da sua.
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Atende ao Objetivo 3
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tornando-a mais adorável, mais cativante, esta noite mesmo! De alvíssima pureza e
em linda embalagem cor de rosa, vem sempre com sua espuma rápida e econômica.
Não hesite: não há sabonete mais fino, luxuoso e perfumado do que o novo Lever.
Agora em dois tamanhos.
Resposta Comentada
Os princípios de análise de uma história da leitura deve levar em conta os três pólos do processo
comunicativo: o próprio texto, o objeto que comunica o texto e o ato que o apreende. Busca-se
assim por meio das formas de apropriação do registro textual, a comunidade de leitores e seus
protocolos de leitura.
Nesse sentido, o exercício de análise proposto deve levar em consideração que o texto está
sendo veiculado numa revista de grande circulação, objeto de consumo de uma comunidade
de leitores que compram produtos industriais, associam limpeza a beleza e freqüentam cinema.
O leitor ideal para o qual a publicidade está endereçada é do gênero feminino, mas indiretamente
associa-se ao gênero masculino, pois esse se torna o objeto da ação feminina: usar sabonete,
ficar bonita e agradar ao parceiro.
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O texto escrito é autônomo em relação à imagem que indica o padrão de beleza a ser seguido.
O texto escrito é uma peça publicitária cujo objetivo primeiro é vender sabonete, mas de acordo
com a lógica da sociedade de consumo de massa, vende antes o desejo de ser bonita e se
assemelhar a estrela do filme que também consome nas telas; consumo derivado de outro
consumo, numa rede de conexão de significados textuais e intertextuais (filme e publicidade).
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Atividade Final
Vamos aproveitar a oportunidade que a Atividade Final da aula nos oferece para aprendermos
um pouco mais. Na seqüência, seguem algumas sugestões para a elaboração de uma
resenha crítica de um texto historiográfico de livre escolha. O objetivo desta atividade é
desenvolver sua capacidade de análise e compreensão textos para seus estudos futuros,
ou ainda futuras publicações. Caso você escolha um livro, o limite de páginas é de cinco,
espaço 1,5 e letra Arial 12. Caso você escolha um texto, o número de páginas pode ser
reduzido para duas. Bom trabalho!
• Cabeçalho: identificação do autor, obra, editora, ano, tradutor (em caso de livro
estrangeiro), ano de publicação e número de páginas.
• Título: recomenda-se que se coloque um título na resenha para dar um caráter autoral
ao trabalho, este pode vir mesmo antes do cabeçalho, com a identificação da obra
resenhada.
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Dicas gerais
• Outro aspecto importante: não se fazem citações extensas numa resenha; trabalha-se
muito mais por paráfrase. Quando a citação é inevitável, esta deve ser bem curta.
• Não há necessidade do texto vir dividido em partes. As que foram indicadas acima,
é um roteiro para facilitar a construção da resenha.
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Comentário
Esta é uma atividade voltada à complementação do seu aprendizado. Tem como
principal objetivo ajudá-lo a ler e a interpretar textos que são o seu material de trabalho,
ao mesmo tempo em que propõe um conjunto de estratégias para te orientá-lo na
produção de textos críticos que o auxiliem no estudo e incentive seus dotes literários.
Aproveite a oportunidade para avaliar o seu manejo de textos e sua capacidade de
aproveitamento das leituras.
RESUMO
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