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Civil II 012007

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DIREITO CIVIL II

Prof. Márcia

Bibliografia:
Direito Civil Vol. I; Silvio Venosa
Direito Civil Vol. I; Carlos Roberto Gonçalves
Instituições do Direito Civil; Caio Mario da Silva Pereira (livro que serve de referência
para os outros autores)
Direito Civil Brasileiro Vol. I; Maria Helena Diniz
Direito Civil Vol. I; Washington de Barros Monteiro
Direito Civil Vol. I; Orlando Gomes

07/02
Código Civil Lei 10.406/02
Parte Geral
Parte Especial

Bens de Família
Arts. 1711/1722 CC
Lei 8.009/90

A lei nova não prejudicará o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o


direito adquirido.

Com a introdução do novo CC, o prazo máximo para prescrição caiu de


20 para 10 anos. Um dispositivo de transição estabeleceu que, no momento da
entrada em vigor do novo CC, se já tivesse se passado mais da metade do prazo, se
aplicaria o prazo anterior (20 anos), caso contrário o prazo seria de 10 anos.

O código civil divide-se em 2 partes: Parte Geral e Parte Especial. As


partes são divididas em livros, que são divididos em títulos, que são divididos em
capítulos, que são divididos em seções, que são divididas em artigos, etc.

BENS DE FAMÍLIA

São inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis.


O CC novo transferiu o bem de família da Parte Geral para a Parte
Especial (Direito de Família).
O bem de família tem origem no direito norte-americano. Ele visa proteger
a moradia contra dívidas que venham a surgir após a instituição desse bem como
bem de família.
12/02
A finalidade do Bem de Família é garantir uma residência.
A lei 8.009/90 criou mecanismo de proteção à moradia. Se fosse utilizada
essa lei, o código civil não poderia ser usado e vice-versa. A lei 8.009/90 só poderá
ser aplicada na hipótese de não aplicar o código civil.
O CC2002 ampliou a idéia de família para a entidade familiar (união), e
não apenas a entre cônjuges pelo casamento. A instituição do bem de família exige
manifestação da vontade expressa (por escritura pública), não é automática.
Um terceiro pode, através de testamento ou doação, instituir bem de
família. É necessário, nesse caso, aceitação dos beneficiados. Ex: avô institui bem
de família para seus netos por testamento.
Podem instituir bem de família:
• cônjuge/entidade familiar : por escritura pública ou testamento
• terceiros : por doação ou testamento
Para instituir o bem de família pe necessário verificar se o instituidor é
solvente. Ou seja, mesmo que ele tenha uma dívida, desde que ele tenha condições
de quitá-la ele pode instituir bem de família.
Pode-se instituir o bem de família até 1/3 do patrimônio líquido. Poderá
ser composto de imóvel residencial rural ou urbano com o que estiver nele incluído,
somado a valores mobiliários destinados a conservá-lo.

14/02
A instituição de um bem de família não gera de modo absoluto uma
inalienabilidade (alienação é todo e qualquer modo de disposição). Para que haja a
alienação é necessária uma autorização judicial (com consentimento dos
interessados e seus representantes legais, ouvido o ministério público).
O bem de família é isento de dívidas posteriores à sua instituição, exceto
se a dívida for de tributos relativos ao prédio ou despesas de condomínio.

LEI 8.009/90
Somente incidirá nas hipóteses em que não houver a proteção do código
civil. Ela dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família. Essa
impenhorabilidade da lei 8.009/90 atingiu as dívidas já contraídas. Ela dificultou a
obtenção de crédito, pois o banco não tinha garantia que a dívida seria paga.
Para se valer do benefício instituído pelo código civil é necessária a
manifestação do interessado. Já a lei 8.009/90 não requer nada para que obtenha
seus benefícios, eles são automáticos.
O código civil é mais abrangente. Nele pode-se escolher o bem a se
proteger. Nele há 2 exceções de dívidas, já na lei 8.009/90 há 7 exceções (7
incisos).
Se a família tiver mais de um imóvel como residência, a proteção
instituída pela lei 8.009/90 recairá sobre o de menor valor (desde que ela não tenha
registrado outro como bem de família conforme o código civil).
26/02
FATO, ATO, NEGÓCIO JURÍDICO

Não existe unanimidade entre os autores quanto à divisão acima.


Fato, no sentido leigo, corresponde a qualquer acontecimento que ocorra
na vida. O fato que interessa ao Direito é o fato jurídico, um fato que gera efeitos,
repercute no mundo jurídico.
Os fatos da natureza ocorrem sem intervenção do homem. Uma chuva
forte que causa danos é um fato jurídico decorrente da natureza. Um nascimento
com vida também é um fato jurídico natural. A morte também é.
Ao lado do Fato Jurídico Natural temos o Ato Jurídico (ou jurígeno, ou
humano, ou voluntário). Trata-se de um fato que gera efeitos no mundo jurídico e
decorre do comportamento do homem.
O fato jurídico é gênero do qual ato jurídico é espécie. Todo ato jurídico é
fato jurídico, mas nem todo fato jurídico é ato jurídico.
Ato Jurídico Lícito é aquele que foi realizado em conformidade com a lei.
Ato Jurídico Ilícito, pelo contrário, é o que foi realizado sem estar em conformidade
com a lei.
Quando trabalhamos com o ilícito no Direito Privado nossa preocupação
se deve com a indenização (o prejuízo que o ilícito causa gera indenizações).
Obs: Apesar de um dos termos usados para ato jurídico ser ato voluntário,
ele pode ser culposo (não há exigência de dolo).

Um Ato Jurídico Lícito pode ser Meramente Lícito ou Negócio Jurídico. O


meramente lícito entra numa categoria que não depende da vontade, não é previsto
pelo sujeito, não depende da intenção do sujeito. O reconhecimento de paternidade
voluntariamente implica em uma série de conseqüências, como relacionamento com
a família, pensão alimentícia, direito sucessório, etc. Esse ato meramente lícito
corresponde a um ato jurídico cujos efeitos não dependem da vontade dele, não são
queridos por ele.
O que separa o ato meramente lícito do negócio jurídico é a existência da
vontade. No negócio jurídico a pessoa realiza o ato para atender a sua vontade. A
venda de um carro é um exemplo de negócio jurídico. Existe vontade de vender o
carro (existe um objetivo específico), ele vai definir a forma de pagamento, o local de
entrega, etc.
ATO JURÍDICO ILÍCITO Art. 186 CC
Quem celebra um contrato de compra e venda como comprador tem a
obrigação de fazer o pagamento. Já o vendedor tem a obrigação da entrega. Caso
algum deles não cumpra sua parte, estará sujeito a responsabilidade (chamada
Responsabilidade Civil Contratual).
É possível surgir a responsabilidade sem que haja um contrato. É a
Responsabilidade Extracontratual, a responsabilidade por um ato jurídico ilícito. Ex:
atropelamento por culpa.
A responsabilidade civil independe da penal. Entretanto, é possível que
um comportamento repercuta nas 3 esferas (Civil, Penal e Processual Penal).
O ilícito civil é diferente do ilícito penal. O ilícito penal segue as condutas
típicas, deve estar previsto. No Direito Civil a noção de ilícito é diferente, não precisa
estar previsto. O ilícito civil se verifica na existência de prejuízo.

28/02
Ato Ilícito
• Responsabilidade Civil Objetiva
• Responsabilidade Civil Subjetiva

Para que seja possível responsabilizar alguém civilmente há a


necessidade da adoção de uma teoria. Há 2 teorias adotadas no mundo:
Responsabilidade Civil Objetiva e Responsabilidade Civil Subjetiva.

Teoria da Responsabilidade Civil Objetiva


Para que haja reparação de um dano causado pela responsabilidade civil
objetiva, devemos observar os seguintes requisitos:
• Comportamento ativo ou omissivo (ação ou omissão)
• Resultado (lesão)
• Nexo de causalidade entre esse comportamento e o resultado
(ligação entre o comportamento e o resultado)
• Prejuízo

Teoria da Responsabilidade Civil Subjetiva


Para ser responsabilizado, há necessidade de demonstrar os mesmos
requisitos que teoria da responsabilidade civil objetiva (comportamento ativo ou
omissivo; resultado; nexo de causalidade entre esse comportamento e o resultado;
prejuízo) mais a culpa. É a culpa em sentido amplo (lato sensu), que engloba a culpa
em sentido stricto sensu (negligência, imprudência e imperícia), e também o dolo (a
vontade, a intenção).
CC Art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito”
Pelo artigo acima, percebe-se que o Brasil adota a teoria da
responsabilidade civil subjetiva.

Muitas vezes é difícil comprovar a culpa. Por isso, muitas vezes o


legislador adota a possibilidade da responsabilidade civil objetiva (ex; quando prevê
a culpa presumida).
Se a pessoa deixa o carro num estacionamento e, ao retornar, o veículo
está danificado, neste caso presume-se a culpa do estacionamento, não precisando
provar que o manobrista do estacionamento teve culpa. É a culpa presumida. A
relação consumidor-estacionamento é objetiva, a relação estacionamento-manobrista
é subjetiva.
A lei vai dizer quais os casos em que ocorre a exceção. Senão será
aplicada a responsabilidade civil subjetiva.
Se um funcionário público causa prejuízo a alguém no exercício de suas
funções, há a responsabilidade civil objetiva do Estado em relação a essa pessoa
(outra exceção).

05/03
Ato Ilícito (Cont.)
• Excludentes
• Concorrência de Culpa

Na indenização por danos materiais é possível verificar qual foi o prejuízo


causado (o que perdeu e o que deixou de ganhar). Já no dano moral é difícil
quantificar qual o valor da indenização. Não há parâmetro, não há tabela, o valor
será estimado segundo uma série de critérios.

No Direito penal vamos encontrar algumas situações que excluem o


próprio crime. Ex: legítima defesa. No Direito Civil, a legítima defesa é uma
excludente do ilícito. Não cabe indenização. O mesmo ocorre para o exercício
regular do Direito. Este último está numa linha tênue pois, se ele comete um
exercício irregular, passa a caracterizar o ilícito.
Outra excludente é se a vítima é a culpada pelo ocorrido. Ex: o sujeito
pula do viaduto e cai em cima de um carro. Apesar do sujeito ter sido ferido pelo
carro, ele é quem foi culpado pelo ocorrido.

No Direito Penal não se verifica a possibilidade de concorrência de culpa.


Já no cível admite-se que tanto a vítima quanto o causador tenham agido com culpa.
Ex: motorista embriagado dirigindo em alta velocidade atropela pedestre
atravessando a rua fora da faixa e com o farol de pedestres fechado. Ambos tiverem
culpa. Ocorrendo a concorrência de culpa verifica-se a proporção da culpa de cada
um para se determinar a indenização.

07/03
Negócio Jurídico
Classificação
• Unilateral:
o Receptício
o Não Receptício
• Bilateral
• Benéfico ou Gratuito
• Oneroso:
o Comutativo
o Aleatório
• Solene (Formal)
o Exclusivo
o Não Exclusivo
• Não solene (Não formal)

Negócio Jurídico corresponde a todo ato jurídico lícito que visa a criar,
modificar, resguardar ou restringir direito.
É possível classifica-lo de diversas maneiras.
A primeira classificação corresponde à quantidade de interessados. Pode
ser unilateral ou bilateral (preocupa-se com a formação).
Unilateral Receptício precisa ser conhecido pela pessoa que ele se
refere,a pessoa a que ele se dirige deve ter conhecimento da sua ocorrência. Ex:
demissão, revogação do mandato (contrato).
Negócio Jurídico Unilateral Não Receptício é o que basta a vontade e se
exauri, se aperfeiçoa em si mesmo.
O Negócio Jurídico Bilateral por excelência é o contrato. Existe nele duas
vontades convergentes. É possível a existência do negócio concreto em que as
vontades estão voltadas no mesmo sentido. Ex: sociedade.

Todo contrato é negócio jurídico bilateral. Entretanto, podemos encontrar


na classificação de contratos (e não de negócio jurídico) o contrato unilateral tem
fonte de obrigação unilateral. Compra e venda é um contrato bilateral, já o contrato
de doação é um contrato unilateral quando analisada a obrigação dele decorrente
(verifica-se a obrigação para o doador, mas nenhuma obrigação para o donatário).

Outra classificação se preocupa com a existência de vantagem.


No Negócio Jurídico Benéfico ou Gratuito verifica-se a existência de
vantagem apenas para uma parte. A doação é um contrato benéfico, existe
vantagem apenas para o donatário. O testamento também é um negócio jurídico
benéfico. Negócio Jurídico Benéfico não gera benefícios para todos.
Contrapondo-se ao negócio jurídico benéfico gratuito temos o Oneroso,
onde se verifica vantagem para quem o realiza. No contrato de compra e venda se
verifica vantagem para ambos.
No Negócio Jurídico Oneroso Comutativo existe equilíbrio entre as
vantagens. Na compra e venda do carro, o comprador faz jus ao recebimento do
carro e a concessionária faz jus ao recebimento do preço.
No Negócio Jurídico Aleatório temos a ocorrência do acaso. Ex: jogar na
loteria (para receber o prêmio depende do sorteio dos números que ele jogou). Outro
exemplo é o contrato de seguros (pagou 1 ano de seguro sem nada sofrer com o
carro, não tem direito a receber nada).

12/03
Forma corresponde a um dos elementos essenciais gerais de validade do
negócio jurídico.
Prevalece a informalidade no negócio jurídico (por padrão, não tem
formalidade). Entretanto, a lei pode estabelecer a formalidade de determinado
negócio jurídico. Um excesso de formalidade geraria uma dificuldade para realizar o
negócio jurídico, por isso prevalece a informalidade. Mas sempre que a lei
estabelecer sua formalidade, será obrigatória.
Alguns doutrinadores utilizam a expressão “solene” como sinônimo da
expressão “formal”. Outros consideram expressões distintas.
Para aqueles que consideram formal e solene sinônimos, atos solenes ou
formais são aqueles que a lei estabelece forma.
Para aqueles que consideram formal e solene diferentes, atos solenes
são aqueles os quais a lei exige, como forma específica, instrumento público. E atos
formais são aqueles que a lei exige uma forma que não seja instrumento público.
Um contrato de registro de imóveis se dá por escritura pública. A lei exige
a formalidade deste ato.
O casamento é um ato formal. O reconhecimento voluntário de filho
também é, seja pelo registro na certidão de nascimento ou por testamento.

A lei estabelece para o negócio jurídico solene exclusivo uma única via.
Já o não exclusivo pode ter mais de uma maneira de se realizar.

Para os que diferenciam solene e formal, o ato não solene é aquele cuja
forma não seja de instrumento público. O ato não formal é aquele que a lei não exige
forma.
Para os que não diferenciam solene e formal, ato não formal ou não
solene é aquele que a lei não exige forma.

Negócio Jurídico
Aquisição:
• Originária
o Nunca existiu
o Direito anterior não importa
• Derivada

• Direito Atual

• Direito Futuro
o Deferido
o A termo
o Condicional
o Eventual

Aquisição é estabelecer um vínculo. Vai acontecer de modo geral em


duas maneiras: via originária (ou primária, ou inaugural) ou via derivada (ou
secundária).

Aquisição Originária: não se funda numa relação jurídica anterior. Ela se


dá originalmente. Corresponde à hipótese da chamada “res nullius”, coisa de
ninguém. Ex: a pesca. Ao pescar o peixe, o pescador passa a ter direito sobre o
peixe. Outro exemplo é pegar uma conchinha na praia.
Também pode ocorrer a aquisição originária na hipótese da coisa
abandonada (“res derelicta”). O direito anterior não tem mais importância nesta
hipótese. Ex: fogão abandonado na caçamba significa que não quero mais o fogão.
Se alguém quiser pode pegar o fogão, criando um novo direito sobre o fogão. Esse
direito é originário, pois o anterior foi cortado.
Não podemos confundir a “res derelicta” com a “res desperdita”, que é a
coisa perdida. Não se caracteriza direito sobre coisa achada, coisa perdida não pode
ser adquirida pela via originária.

Aquisição Derivada: Uma decorre da outra. Se vou vender um bem, só


posso fazer porque ele é meu. O direito do comprador é adquirido com base em um
direito anterior (no caso, o meu). Não posso transferir algo que não tenho.

Dentro desta relação de direito iremos trabalhar com direito atual e com
direito futuro. Direito atual é o que já foi adquirido. Se ele já foi adquirido, pode ser
exercido plenamente. Direito futuro se distancia do direito atual porque falta a
ocorrência de alguma coisa que venha completá-lo, venha integralizá-lo.

14/03
Direito futuro deferido é aquele cuja complementação decorre unicamente
do comportamento do titular do próprio direito. Ex: o que muda com a titularidade no
contrato de compra e venda é a entrega, o contrato apenas não muda a titularidade.
O contrato de compra e venda de imóvel se dá por instrumento público. No momento
em que ele levar a escritura no cartório de registro de imóveis se dá a mudança de
titularidade.

Direito futuro a termo. Termo é um evento futuro certo. Seus requisitos


são futuridade e certeza. Ex: celebro contrato de locação de imóvel e estabeleço que
a vigência do contrato se dá com a chegada do inverno. Não posso exigir o direito
hoje, mas somente em 21 de junho, com a chegada do inverno. A partir de 21 de
junho meu direito não será mais um direito futuro, e sim um direito atual.

Direito futuro condicional. A condição também é um elemento geral


acidental do negócio jurídico. Ela se caracteriza pela futuridade e incerteza. Esta
incerteza não fica subordinada à vontade da pessoa, ela acontece por elemento
externo. Ex: contrato de doação para uma pessoa que ainda não nasceu. O
nascimento da pessoa é a condição para se completar o direito. Caso não ocorra o
nascimento com vida, o direito futuro não se tornará direito atual. Portanto, é
possível que um direito futuro condicional não se torne um direito atual. A condição
deve estar desvinculada da vontade.

Direito futuro eventual. A diferença entre o direito futuro eventual e o


condicional é muito tênue. No direito futuro eventual o evento que deve ocorrer diz
respeito ao próprio negócio (no condicional é fora do negócio). Ex: Maria vende para
João um carro e se compromete a entregá-lo em 10 dias. Ela ainda não tem o carro.
Ela sabe que Carlos tem esse carro que João quer. Maria compra o carro de Carlos
e entrega para João na data prevista.
A lei brasileira não diferencia o direito futuro eventual do direito futuro
condicional.

Negócio Jurídico
Modificar
• Subjetivo
• Objetivo

• Qualitativo
• Quantitativo

Defender

Modificar
Para ocorrer uma sublocação é necessária autorização prévia e expressa
do locador. Ele deixa de ser locatário, agora é o cedente. Houve, portanto, uma
mudança no negócio jurídico.
É possível que haja mudança no negócio jurídico tanto no aspecto
subjetivo quanto no aspecto objetivo. O aspecto subjetivo diz respeito ao sujeito
(mudou o sujeito).
A modificação pode se dar também quanto ao objeto. É a mudança
objetiva. Ex: dívida de 100 mil a ser paga em 01/10/08 em moeda corrente. O
devedor, entretanto, resolve antecipar a quitação e faz acordo para pagar 85 mil em
obras de arte já. Houve modificação quantitativa (de valor) e qualitativa (de espécie).
A mudança só ocorre mediante vontade de ambas as partes. Pode haver
mudança subjetiva e objetiva simultaneamente.

19/03
Negócio Jurídico
Defesa

21/03
Extinção
• Alienação
• Renúncia
• Abandono
o Inércia
• Morte
• Confusão

Representação
• Legal
• Convencional
• Judicial

Núncio

Extinção
Parte da doutrina diferencia as expressões perda e extinção. Para o curso
não faremos distinção entre ambas.

A primeira maneira de se verificar a extinção de um direito é através da


alienação (ato de disposição, geralmente voluntário mas que pode ser imposto). Um
exemplo é a compra e venda.

A segunda maneira é a renúncia. Quem renuncia abdica daquele direito.


A renúncia há de ser sempre explícita, expressa.
Além da renúncia propriamente dita, encontramos a chamada renúncia
translativa, que de renúncia só tem o nome. Existe a renúncia de um deles em
benefício do outro. Ex: 3 irmãos receberão uma herança. Um deles renuncia sua
parte em favor de um dos outros irmãos. Ele transfere seu direito para este irmão,
que receberá 2/3 da herança ao invés de 1/3.
O abandono caracteriza o não interesse, a pessoa que abandona abre
mão de um direito. A renúncia é expressa, implícita, enquanto o abandono é
implícito.

A inércia não é causa de extinção. Inércia é inação, é aquele que não


exerce seu direito. Ela por si só não leva à extinção, mas se ela durar muito pode
levar à prescrição. Ex: usucapião.

A morte não é causa da perda, os direitos são transferíveis para os


herdeiros. A morte pode funcionar como causa extintiva nas chamadas obrigações
personalíssimas. As obrigações personalíssimas se verificam numa peculiaridade da
própria pessoa. Ex: encomendou um vestido com um estilista famoso. O estilista
morre. Os herdeiros dele não têm obrigação de fazer o vestido. Neste caso o óbito
foi uma causa extintiva. A morte só será causa extintiva do negócio jurídico se for
uma obrigação personalíssima ou se for por convenção (as partes expressamente
concordarem que em caso de morte se extingue o negócio jurídico).

A confusão se estabelece quando não existe mais a possibilidade de


identificação das partes no negócio jurídico. Ex: 2 pessoas jurídicas A e B possuem
uma relação de credor e devedor (A deve 100 mil para B). A e B se fundem numa
pessoa jurídica C. Não é possível verificar quem ocupa a posição de credor e quem
ocupa a de devedor.

Representação
Normalmente os negócios jurídicos são realizados pelo próprio titular do
direito. No entanto, nem sempre isso vai acontecer. Ele pode ser realizado através
da representação.
O representante fala em nome do representado. O ato é praticado pelo
representante em nome do representado. O direito é do representado.
Algumas situações não admitem representação, como o testamento.
São 3 possibilidades: legal (lei), convencional (vontade) e judicial (ato do
juiz). Os 3 modos ocorrem indiretamente da lei e diretamente da respectiva
possibilidade.
Será legal quando decorrer diretamente da lei. Ex: o absolutamente
incapaz será representado. Se for absolutamente incapaz por causa da idade, os
representantes serão os pais. Os limites da representação legal estão impostos pela
própria lei. O representante não poderá executar certos atos porque a lei proíbe. Ex:
o menor pode participar de um ato de doação como donatário, mas não como
doador.
Na representação convencional a representação ocorre diretamente da
vontade. Ex: contratos em virtude da vontade, as partes estabelecem um
instrumento de contrato. O representado suporta as conseqüências dentro dos
limites, e o representante suporta as conseqüências fora do limite.
A representação judicial é uma situação excepcional. Ocorre através da
vontade do juiz.

Alguns autores fazem referência, quanto à pessoa jurídica, à figura do


presentante. Não se trata de uma representação, mas da própria presentação.
Núncio
Núncio á aquele que leva o recado, é o porta-voz, não se verifica o
fenômeno da representação. A própria pessoa está realizando o ato através de um
mensageiro.

26/03
Negócio Jurídico

Existência

Validade

Eficácia

Existência
Vontade
O estudo do negócio jurídico passa por 3 etapas. É necessário estudar
sua existência, validade e eficácia.
O que distingue um negócio jurídico dos demais atos lícitos é a vontade.
Esta vontade deve ser uma vontade séria. Pode ser uma vontade expressa (escrita,
verbal ou gestual). Também é possível reconhecer essa vontade do silêncio (art. 111
CC), desde que a lei não exija vontade expressa e as circunstâncias ou os usos o
autorizem.
A vontade se verifica em 2 momentos. O primeiro é quando a pessoa
pensa, e o segundo é quando ela manifesta sua vontade.
Para estudar a vontade temos 2 teorias:
a) Teoria Subjetiva: a vontade se verifica a partir da intenção.
b) Teoria Objetiva (concreta): reconhece a vontade como aquela
externada, manifestada.
De acordo com o art. 112 CC, nosso código estabelece que se adotam as
duas teorias.

Validade
Elementos Essenciais de Validade do Negócio Jurídico
• Capacidade
• Objeto Lícito
• Forma
Não basta que o negócio jurídico exista. É necessário que seja válido.
Encontramos duas categorias de elementos. Os elementos essenciais devem estar
presentes em todos os negócios jurídicos. A inobservação de elementos essenciais
corresponde a um vício e implica em nulidade do negócio jurídico (não significa que
não exista o negócio jurídico). Os elementos essenciais gerais (devem estar
presentes em qualquer negócio jurídico) são a capacidade do agente, a licitude do
objeto e a forma.

Capacidade
Foi instituída para garantir os direitos da pessoa. A pessoa deve ser
capaz. O legislador reconheceu que, dentre os que não são capazes, existe um
grupo que possui capacidade relativa, os relativamente incapazes. Eles podem
exercer atos da vida civil (desde que sejam assistidos). Já os absolutamente
incapazes podem exercer atos da vida civil representados. Nosso legislador se vale
dos dois critérios (objetivo e subjetivo) para definir a capacidade. Objetivamente
quem tem 18 anos é capaz (idade como critério objetivo). Quanto ao aspecto
subjetivo, uma pessoa pode ser declarada incapaz (ex: pessoa idosa com mal de
Alzheimer). Tirando a idade, todas as hipóteses de capacidade serão subjetivas. Um
pródigo pode ser considerado incapaz para os atos patrimoniais, mas capaz para os
atos pessoais. Emancipar é tornar capaz o relativamente incapaz (por defeito de
idade).

Falta de Legitimidade
A falta de capacidade diz respeito à capacidade da pessoa, é pessoal. A
falta de legitimação diz respeito à circunstância em que se encontra a pessoa, é
circunstancial. Ex: para ser tutor é necessário que a pessoa seja capaz (pessoal). O
tutor não pode adquirir bens do tutelado (circunstancial). Falta ao tutor legitimação
para a realização daquele ato devido à circunstância de ser tutor. Outro exemplo é o
casamento com comunhão de bens, em que um cônjuge não pode vender um bem
do casal sem a outorga do outro cônjuge, falta a legitimidade apesar de ter a
capacidade.

28/03
Elementos Essenciais de Validade (cont.)
• Agente Capaz
• Objeto
• Forma

Se o negócio jurídico for realizado por um absolutamente incapaz sem


representante, ocorre vício e o negócio jurídico é nulo. Se o negócio jurídico for
realizado por um relativamente incapaz sem ser assistido, ocorre vício (menos grave
que no caso do absolutamente incapaz) e o negócio jurídico é anulável (o
prejudicado pode requerer a anulação ou não). (anulável: anulabilidade, nulidade
relativa)

Objeto
O objeto do negócio jurídico deve atender às expectativas de quem o
realiza. No entanto, deve observar algumas limitações:
1. Licitude. Ex: contratar uma pessoa para matar alguém
2. Possibilidade
a. Possibilidade Física. Ex: contratar uma viagem para Marte
b. Possibilidade Jurídica: se o meio escolhido é compatível
com o objeto pretendido. EX: contrato de comodato para
empréstimo em dinheiro (o correto é utilizar contrato de
mútuo, pois dinheiro é um bem fungível).
3. Interesse Público e Bons Costumes. Ex: abrir mão da licença
paternidade ao efetuar o contrato de trabalho (contraria o interesse
geral); prostituta que na hora H se recusa a fazer o programa
(prostituição contraria os bons costumes).

O negócio jurídico que não observar qualquer das limitações acima é


nulo.

Forma
Nossa lei adota a forma livre, os negócios jurídicos podem ser realizados
de qualquer forma, desde que seja uma forma lícita. Entretanto, alguns negócios
prevêem forma obrigatória. Nestes casos, não sendo observada a forma prevista em
lei implica em nulidade.
Se o negócio jurídico é de forma livre, qualquer meio de prova serve.
Entretanto, o art. 227 CC estabelece que, salvo os casos expressos, a prova
exclusivamente testemunhal só será aceita se o valor do negócio jurídico não
ultrapassar 10 vezes o valor do salário mínimo na época da celebração do negócio.

09/04
Elementos Acidentais Gerais
Condição
• Voluntariedade
• Futuridade
• Incerteza

• Ilícitas
• Impossíveis
• Incompreensíveis/Contraditórias

Potestativas
• Puramente
• Simplesmente

• Suspensiva
• Resolutiva
Os elementos acidentais são facultativos. A lei não obriga o seu uso,
apenas possibilita. É opção daquele que irá realizar o negócio jurídico. No entanto,
se houver a opção para aquela situação concreta, se torna obrigatória.
A regra é que o direito de cunho patrimonial admite a inserção de
elemento acidental. Não é possível a utilização de elemento acidental em direito de
personalidade ou direito de família.
A parte geral do código elenca 3 elementos acidentais: condição, termo e
encargo (também chamado ônus ou modo).

Condição (art. 121 CC em diante)


Do artigo 121 CC se extrai que as condições não decorrem da lei, elas
decorrem da vontade, da futuridade e da incerteza. A condição depende da vontade
das partes, de um evento futuro e incerto.
A condição deve ser lícita. Além de lícita, deve ser possível (física e
juridicamente).
O art. 123 CC diz que se a condição for impossível, incompreensível ou
contraditória, causa a nulidade do negócio jurídico.

Condição potestativa é a que decorre do arbítrio, decorre da vontade.


Condição puramente potestativa é a que decorre unicamente do arbítrio, e é proibida
pelo art. 122CC. Entretanto, se essa vontade sofrer influência de elemento externo,
não será só decorrente da vontade e faz com que seja admissível. Neste caso, será
simplesmente potestativa (aliada à vontade há a influência do elemento externo).

Condição suspensiva e condição resolutiva


Sejam as condições regulares. Na condição suspensiva, o evento é futuro
e incerto e o efeito fica suspenso enquanto o evento não ocorrer. O direito não é
apenas atual, ele passa a ser atual quando ocorrer este evento. Já a condição
resolutiva é o oposto. O direito desaparece quando sobrevem (ou não) o evento
futuro e incerto. Ex: doação para nascituro. Se ele não nascer com vida, a doação é
extinta (resolvida).

11/04
Elementos Acidentais (cont.)

Condição

Termo -> Prazo


• “A Quo”
• “Ad Quem”

Encargo
A condição suspensiva, quando é fisicamente impossível, é causa de
nulidade do negócio.
A condição resolutiva, quando é fisicamente impossível, torna inexistente
a condição, mas o negócio jurídico permanece. Deixa de ser condicional e se torna
um direito atual.

Termo
Tem em comum com a condição que ambos exigem a futuridade. É
cabível nos negócios relacionados a direito patrimonial. O que difere o termo da
condição é que ele é um evento futuro certo. A imprecisão é apenas quanto à data
de seu acontecimento.
O prazo não se confunde com o termo. O prazo corresponde ao lapso
temporal entre a declaração da vontade e o evento futuro certo.
É possível fixar o termo como termo inicial (“a quo” = começo, início).
Também pode ser fixado como termo final (“ad quem”).
Art. 132CC. O prazo sempre terá início e fim em dias úteis. Caso o
primeiro dia não seja útil, considera-se como início o primeiro dia útil seguinte. O
mesmo vale para o último dia. O início da contagem se dá a partir do dia seguinte ao
da celebração (ex: celebro o negócio hoje, a contagem se dá a partir de amanhã).
Meado do mês corresponde ao dia 15. Para os prazos contados em meses, o prazo
finda no dia correspondente. Para os prazos contados em horas, conta-se minuto
por minuto.

Encargo
Só é compatível com os negócios benéficos (gratuitos). Não caracteriza
contraprestação. Corresponde unicamente a uma limitação, uma restrição ao direito.
No encargo, o direito se verifica desde logo. Exemplo de encargo é a doação de
terreno com a condição de construir uma escola no local.
O encargo pode ser meramente honorífico. Ex: dôo terreno para a
construção de uma praça e exijo que coloquem meu nome nela.
O encargo pode alcançar o aspecto material do benefício. Ex: doação de
casa de baixo valor exigindo que se alimente 50 famílias durante 10 anos.

23/04
Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico
Consentimento
• Erro
• Dolo
• Coação
• Lesão (CC/2002)
• Estado de Perigo (CC/2002)

Social
• Fraude contra Credores
• Simulação (CC/2002 -> invalida)

Na nulidade absoluta o interesse protegido é o interesse público. Quem


pode questionar são: o interessado (particular), o representante do ministério público
e o juiz (esta, de ofício).
A nulidade absoluta é muito mais grave que a anulabilidade.

Nos vícios ou defeitos do negócio jurídico, o interesse protegido é do


particular e pode ocorrer a anulabilidade. Pode levar à anulação. Somente o
prejudicado pode pedir a anulação.
O CC/2002 instituiu que a simulação invalida o negócio jurídico.

Vícios de Consentimento
Coação: Se o negócio é realizado em virtude da coação, significa dizer
que o negócio não teria ocorrido se não tivesse havido a coação. A pessoa
consentiu em virtude da coação. Quem tem legitimidade para propôr a ação
anulatória é o coagido.

Nos vícios de consentimento existe uma identidade entre o prejudicado e


aquele que realizou o negócio viciado.
Com relação ao chamado vício social, a única possibilidade de anulação
do negócio jurídico é a fraude contra credores. Se o devedor insolvente celebra
contrato de doação de seus bens para seu filho, o negócio viciado é o próprio
contrato de doação, enquanto que o prejudicado é um estranho ao próprio negócio,
o credor. Quem tem legitimidade para propôr a ação pauliana é o credor, visando
descontinuar essa doação do pai para o filho.

Erro (art. 138 ->)


• Escusável
• Espontâneo
• Substancial
• Principal

O erro corresponde da má apreciação da realidade.


Esse erro tem de ser escusável, eu tenho de ter agido de modo cauteloso,
de boa fé. Ex: comprei um anel achando que era de ouro em uma loja idônea, mas
não era de ouro.
O erro tem de ser espontâneo. Quem erra, erra sozinho. Não pode ter
interferência de alguém que conheça a realidade para cometer o erro. Ex: não pode
o vendedor ter tentado enganar dizendo que era ouro.
O erro é substancial porque, no exemplo, era da substância, da exigência
do negócio que o material fosse ouro.
O erro foi principal porque ele definiu meu comportamento neste caso.
25/04
Erro (Cont.)
• Escusável
• Espontâneo
• Essencial ou Substancial

Recai:
• Natureza do Negócio
• Objeto
• Elemento Essencial do Objeto
• Elemento Essencial da Pessoa

- Erro de Direito

- Falso Motivo

O erro deve ser esculpável (desculpável).


O erro deve ser espontâneo (deve ser levada ao erro sem interferência de
outra pessoa).
O erro deve ser substancial, deve ser o responsável pelo comportamento,
pela responsabilidade do negócio jurídico.
No exemplo do anel, a pessoa deve ter comprado o anel achando que era
de ouro. Se ela não tivesse comprado ou se ela soubesse que não era ouro, não
teria ocorrido erro. Ocorrendo o erro, o negócio é anulável, pode-se anular o negócio
viciado. Vai repercutir para quem cometeu o erro (o comprador) e para o outro (o
vendedor). A lei não prevê nenhuma medida específica para proteger o vendedor.
Entretanto, a jurisprudência vem entendendo que, havendo prejuízo para o
vendedor, caberia a ele entrar com uma ação de indenização.

Com relação ao erro, de acordo com o CC art. 139, ele pode recair em
algumas situações:
• Natureza do negócio. Ex: era um empréstimo e achou que era uma
doação.
• Objeto principal da declaração. Ex: comprou um quadro achando
que se tratava de outro. O objeto em questão não pode estar com
defeito, senão o vício é outro, não seria vício de consentimento
• Qualidade essencial do objeto. Ex: a compra do anel de latão
achando que era de ouro.
• Qualidade essencial da pessoa. Ex: sujeito se casa com a noiva e
descobre que ela é homem.
02/05
Erro de direito
O erro de direito é causa de anulação. É previsto expressamente em lei. A
LICC diz que a ignorância não pode servir para o descumprimento da lei. O erro de
direito difere dessa situação.
Ex: comprou mercadoria no exterior. Ao chegar o produto no país, uma lei
havia determinado que aquele produto era ilegal.

Falso motivo
Como regra, não é causa de anulação. Ele vicia numa hipótese
específica. Só permite a anulação quando está expresso no negócio jurídico.
Ex: alugo um imóvel para abrir uma lanchonete, pois no prédio ao lado
vão construir um hospital. Não constroem o hospital. Não posso anular o negócio.
Entretanto, se no contrato de locação tiver colocado expressamente que estou
locando o imóvel para abrir uma lanchonete devido ao hospital que vai ser
construído ao lado, aí posso pedir a anulação.

Dolo (art. 145 a 150 CC)


• Dolo – Artifício, Ardil
• Dolo principal
• Dolo por omissão
• Dolo de terceiro
• Dolo bilateral

Dolo é vício de consentimento. Corresponde ao erro provocado por outra


pessoa. É má apreciação da realidade induzida por outra pessoa. É situação mais
grave que o erro. O dolo vai absorver a figura do erro.
A causa que caracteriza o vício de consentimento e autoriza a anulação
do negócio é o “dolus malus”.
Doutrinariamente encontramos o “dolus bonus”, que não é causa de
anulação do negócio jurídico. Corresponde a mera gabança, enaltecimento
exagerado de alguma característica do objeto. Ex: anúncio de “venda de carro 83
com características de carro 0km”.
Para caracterizar o “dolus malus” ele deve ser um dolo principal, deve ser
fundamental, determinante para que se realize o negócio jurídico. Sendo dolo
principal, autoriza propositura de ação anulatória. Se não fosse principal não seria
causa de anulação do negócio, e sim de indenização.

Dolo por omissão.


A regra é que essa artimanha ocorre de um agir, de um comportamento
comissivo. No entanto, é possível que esse artifício decorra da omissão. Ex: vai na
loja comprar um anel de ouro e escolhe um anel que é de latão. Você fala para o
vendedor que quer comprar um anel de ouro, mas ele, sabendo que aquele anel não
era de ouro, se cala e não diz que era de latão.

Dolo de terceiro
O terceiro é alguém estranho ao negócio viciado. Ex:vou comprar um anel
de ouro e na loja tem um cliente especialista em minérios. Conversando com ele eu
conto que quero comprar um anel de ouro e ele, sabendo que o anel escolhido não
era de ouro, incentiva a levar aquele anel. Neste caso, o negócio permanece e cabe
uma indenização a ser exigida contra aquele que agiu com dolo (o terceiro).

Dolo bilateral
Ele parte de ambas as pessoas envolvidas no negócio jurídico, os dois
têm vontade de enganar. A lei não vai reconhecer o direito de ninguém, não cabe
ação anulatória e nem tampouco ação indenizatória. Os dois agiram de má fé.

07/05
Coação (art. 151 a 155 CC)
“Estado de espírito em que o agente, perdendo a energia moral e a
espontaneidade do querer, realiza ato que lhe é exigido”
• “Vis Absoluta”
• “Vis Relativa”

Requisitos
• Essencialidade
• Intencionalidade
• Gravidade do mal
• Injustiça
• Dano atual ou iminente
• Recaia sobre a pessoa, bens, familiares ou não?

Coação de Terceiro

Simples Temor Reverencial

Na coação, o coagido tem consciência do que está fazendo. O que ele


não tem é liberdade, a vontade é viciada pela coerção exercida pelo coator.
Coação absoluta (“vis absoluta”): irresistível, existe uma supressão da
vontade do coagido, verifica-se somente a vontade do coator. O negócio jurídico
exige a vontade e, nesse caso, como não houve a vontade de quem realizou o
negócio, estamos diante da hipótese de invalidade do negócio jurídico.
Na coação relativa (“vis relativa”), a vontade existe, mas não é livre, ela é
viciada. O coagido teria a possibilidade de resistir à coação, mas ele cede diante do
temor das exigências da chantagem. A coação relativa é causa de anulação do
negócio jurídico através de ação anulatória com base no vício da vontade.

O primeiro requisito para a anulação do negócio jurídico realizado


mediante coação é a essencialidade. Deve ter sido essencial ao comportamento do
coagido.
O segundo requisito é a intencionalidade. O coator agiu de determinada
maneira com o objetivo de atingir determinado fim.
O terceiro requisito é a gravidade do mal. O que seria grave pra um
deveria ser grave pra todos (gravidade para o homem médio). A gravidade deve ser
concreta.
Outro requisito é a injustiça.
O quinto requisito se refere ao dano, que deve ser atual ou iminente.
O último requisito é que a coação recaia sobre a pessoa, seus bens ou
seus familiares. No código atual, admite-se também coação que recaia sobre pessoa
que não seja da família, mas que tenha laço afetivo muito próximo.

O prazo para propositura da ação anulatória é de 04 (quatro) anos.

O simples temor reverencial não é coação. É caracterizado pelo respeito


que se verifica nas relações familiares, nas relações profissionais, nas relações
acadêmicas. Não se caracteriza vício. Ex: mulher que se casa com o noivo escolhido
pelo pai.

Coação de terceiro: C exige de B um depósito em dinheiro na conta de A.


C não participa do negócio viciado, é o terceiro. Se A sabia da coação, cabe ação
anulatória. Se ele não sabe da coação, não cabe ação anulatória, mas sim ação
indenizatória de B em face de C.

14/05
Estado de Perigo (art. 156 CC)
• Necessidade de salvar-se...
• Obrigação excessivamente onerosa

É uma situação próxima do estado de necessidade do Direito Penal. Por


necessidade de salvar-se entende-se um perigo iminente.
Ex: ofereço todos os meus bens para uma pessoa me salvar.
O sujeito não tem a liberdade de escolha. Ele age premido da
necessidade de salvar-se.
Pode anular-se o pagamento realizado no estado de perigo. A doutrina
tem entendido que a pessoa que sabia que o outro se encontrava em estado de
perigo agiu de má fé. Existe uma tendência a que este entre com uma ação para
propor o pagamento do serviço prestado.
Quem tem legitimidade para propor a ação anulatória é aquele que
assumiu a obrigação excessiva.

Lesão (art. 157 CC)


• Necessidade negocial
• Desproporcionalidade
• Qualquer das partes

Requisitos
• Objetivo – desproporcionalidade
• Subjetivo – dolo de aproveitamento

• Aproveitamento do negócio

A lesão se caracteriza pela desproporcionalidade das obrigações


assumidas.
A necessidade da lesão é a necessidade negocial, a pessoa necessita
realizar o negócio jurídico, e é isso que a leva a assumir prestações
desproporcionais.
Ex: devo saldar uma dívida com urgência e vendo por 15 um bem que
vale 50. Verifica-se uma desproporcionalidade das prestações. Essa
desproporcionalidade é um requisito de ordem objetiva.
É necessário também um requisito de ordem subjetiva, que é o dolo de
aproveitamento. No exemplo acima, a pessoa que pagou 15 deve estar
aproveitando.
Quem tem legitimidade de propor a ação é o que foi prejudicado. É
possível evitar a anulação fazendo desaparecer a desproporcionalidade (reduzindo o
proveito ou aumentando o pagamento).

Fraude contra credores


Fraude é gênero do qual fraude contra credores é espécie. A fraude
contra credores só irá acontecer se o devedor estiver insolvente ou em vias de se
tornar insolvente. A lei visa proteger o credor. Mas não é qualquer credor que é
protegido, mas somente o credor quirografário (credor que não tem pré-estabelecido
uma garantia para a quitação do crédito).
A ação pauliana tem cunho revocatório e pode ser proposta pelo credor
quirografário.

16/05

Fraude contra credores corresponde a ato de disposição de seus bens,


por parte de devedor insolvente ou em vias de tornar-se insolvente, visando
prejudicar credor quirografário.

São necessários 2 requisitos para caracterizar a fraude contra credores:


um objetivo e um subjetivo.
O requisito de ordem objetiva corresponde ao “eventus domini”, que é o
ato de disposição.
O requisito subjetivo é o “concilium fraudis”, que é a intenção de fraudar.

Contrato de doação corresponde a ato de disposição a título gratuito. O


devedor insolvente que pratica ato benéfico, supõe-se que agiu de má fé.

O perdão de dívidas dos quais o devedor insolvente é credor também é


considerado fraude contra credores.

Mesmo nos negócios realizados a título oneroso pode ser caracterizada a


fraude contra credores. O devedor insolvente pode realizar um ato de disposição
oneroso (ex: venda) e esconder o dinheiro.

O pagamento antecipado de dívidas em detrimento do pagamento aos


credores quirografários pode ser caracterizada como fraude contra credores.

Constituição posterior de garantia também pode ser fraude contra


credores. Ex: A deve para B, C e D. Os três são credores quirografários. Aí A
resolve criar uma garantia para B. Isso irá repercutir negativamente em C e D.

Existe uma maneira para evitar que a fraude aconteça. É a fraude não
ultimada. A fraude não aconteceu. Não tem vício. Só tem uma situação em que é
possível evitá-la: nos negócios realizados a título oneroso.
O adquirente deverá realizar um pagamento conveniente. Ao invés de
efetuar o pagamento diretamente ao devedor insolvente, ele deposita esse valor em
juízo para que esse dinheiro seja disponibilizado aos credores. O adquirente evitou,
com seu comportamento, que o vício ocorresse.

A ação cabível na fraude contra credores é a ação pauliana. Ela tem


caráter revogatório. O credor quirografário tem legitimidade para propor a ação
pauliana.

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