Aula 26
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MÓDULO 2 - AULA 26
Objetivo
Conhecer as integrais impróprias.
Introdução
Exemplo 26.1
Considere as seguintes “integrais”:
Z ∞ Z 8
1 1
(a) dx (b) √ dx.
1 (1 + x)2 0
3
x
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Integrais impróprias – Primeira parte
y y
1 1
f (x) = (1+x)2
g(x) = √
3x
1
1
2
4
[ ( ]
1 x 8 x
y
y
g
f
1 1
4 2
1 t x r 8 x
1
Agora, quando t cresce indefinidamente, − 1+t aproxima-se de 0, e
3 2/3
quando r se aproxima de zero, pela direita, − 2 r também fica próximo
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Integrais impróprias – Primeira parte
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de zero. Formalmente,
1 1 1 3 2/3
lim − + = e lim+ 6 − r = 6.
t→+∞ 1+t 2 2 r→0 2
Podemos, então, dizer que
Z ∞
1 1
dx =
1 (1 + x)2 2
e Z 8
1
√ dx = 6.
0
3
x
Vamos formalizar esses conceitos.
Integrais impróprias
Seja f : [a, +∞) −→ R uma função contı́nua. Considere F : [a, +∞) −→
R a função definida por Z t
F (t) = f (x) dx.
a
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Integrais impróprias – Primeira parte
Exemplo 26.2
Z ∞
Analise a convergência da integral imprópria e−x cos x dx.
0
Z
Vamos, primeiro, calcular a integral indefinida e−x cos x dx. Para
isso, usamos a técnica de integração por partes, e obtemos
Z
e−x
e−x cos x dx = (sen x − cos x) + C.
2
impõe sobre a função f uma condição muito especial. Este fato pode ser
útil, uma vez que, se uma dada função g não satisfaz tal condição, então
podemos concluir que a integral imprópria
Z ∞
g(x) dx
a
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Z ∞
Exatamente! Para a integral imprópria f (x) dx convergir é ne-
a
cessário que a parte positiva do eixo Ox seja uma assı́ntota horizontal da
função f . Veja alguns exemplos de funções que satisfazem esta condição:
1 1 1
f (x) = ; g(x) = ; h(x) = .
x 1 + x2 1 + x ln x
Demonstração do teorema
Usando a linguagem do Teorema Fundamental do Cálculo, podemos
definir F : [a, ∞) −→ lR colocando
Z t
F (t) := f (x) dx, ∀t ∈ [a, ∞).
a
lim f (x) = 0.
x→∞
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Exemplo 26.3
Z ∞
x2
Determine se a integral dx é convergente.
1 1 + x ln(x)
Solução:
x2 2x 2
lim = lim = lim =∞
x→∞ 1 + x ln(x) x→∞ 1 + ln(x) x→∞ 1/x
Dizer que f é uma função limitada em [a, +∞) significa dizer que existe
uma constante M > 0, tal que ∀t ∈ [a, +∞), |f (t)| < M .
e−t
Isso ocorre no exemplo mencionado, uma vez que lim = 0 e
t→+∞ 2
∀t ∈ R, | sen t − cos t| < 2. Aqui está o gráfico de f (t) = sen t − cos t.
f (t)
2
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Exemplo 26.4
Z 1
1
Analise a convergência da integral imprópria dx.
0 1−x
y
1
Nesse caso, a função g(x) = 1−x não está definida no extremo direito
do intervalo. Assim, devemos adaptar a definição de integral imprópria a
essa situação.
Devemos, então, estudar o limite t 1 x
Z t t
1 g(x) == 1
dx = lim− [− ln |1 − x| ] =
1−x
lim−
t→1 0 1−x t→1 0
1
= lim− ln .
t→1 1−t
Mas, quando t → 1− , 1 − t tende a zero, com sinal positivo. Ou seja,
1
1−t
−→ +∞. Como lim ln x = +∞ , temos:
x→+∞
Z 1 Z t
1 1
dx = lim− dx =
0 1−x t→1 0 1−x
1
= lim− ln = +∞.
t→1 1−t
Z 1
1
Portanto, a integral imprópria dx diverge.
0 1−x
Exemplo 26.5
Z +∞
1
Analise a convergência da integral imprópria 2
dx.
−∞ 4 + x
Note que, nesse exemplo, devemos dividir a integral em dois casos:
Z +∞ Z 0 Z +∞
1 1 1
2
dx = 2
dx + dx.
−∞ 4 + x −∞ 4 + x 0 4 + x2
Note que a escolha do número 0 para dividir o intervalo de integração
foi conveniente mas puramente casual. Na verdade, poderı́amos ter escolhido
qualquer outro número.
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Z
1 1 x
Lembre-se de que 2
dx = arctg + C.
4+x 2 2
Z 0
1
Vamos, então, considerar 2
dx. Para isso, devemos fazer:
−∞ 4 + x
Z 0
1 1 t π
lim dx = lim − arctg = .
t→−∞ t 4 + x2 t→−∞ 2 2 4
Z 0
1 π
Assim, 2
dx = .
−∞ 4 + x 4
Z +∞
1
Agora, vamos considerar dx. Nesse caso, fazemos:
0 4 + x2
Z t
1 1 t π
lim dx = lim arctg = .
t→+∞ 0 4 + x2 t→+∞ 2 2 4
Z +∞
1 π
Novamente, 2
dx = .
0 4+x 4
Z +∞
1
Podemos concluir que a integral imprópria dx converge e
−∞ 4 + x2
Z +∞
1 π π π
dx = + = .
−∞ 4 + x2 4 4 2
1
Note que, devido à simetria da função f (x) = 4+x 2 , em relação à origem,
Z 0 Z +∞
1 1
o resultado 2
dx = dx não chega a surpreender. No
−∞ 4 + x 0 4 + x2
entanto, especialmente nos casos de simetria, é preciso cuidado.
Exemplo 26.6
Z +∞
1
Analise a convergência da integral imprópria √ ln x dx.
0 x
1
Como o domı́nio de f (x) = √x ln x é a semi-reta aberta (0, +∞), a
integral apresenta problemas nos dois extremos do domı́nio de integração.
Devemos, portanto, dividi-la em dois casos:
Z +∞ Z 1 Z +∞
1 1 1
√ ln x dx = √ ln x dx + √ ln x dx.
0 x 0 x 1 x
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Z
1
Para calcular √ ln x dx usamos a integração por partes, fazendo
x
1
u = ln x e dv = x dx. Assim,
√
Z
1 √ √
√ ln x dx = 2 x ln x − 4 x + C.
x
Exemplo 26.7
Z ∞ Z ∞
−x2 1√ 2
Sabendo que e dx = π , calcule x2 e−x dx.
0 2 0
Para resolver o problema devemos estabelecer uma relação entre as
duas integrais. Dessa forma, usaremos a integração por partes na integral
Z
2 2 2
e−x dx, colocando u = e−x e dv = dx. Assim, du = −2x e−x dx e v = x.
Portanto,
Z Z
−x2 −x2 2
e dx = x e +2 x2 e−x dx.
Assim,
Z t Z t
−x2 −t2 2
e dx = t e +2 x2 e−x dx.
0 0
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Integrais impróprias – Primeira parte
Z t Z t
−x2 −t2 2
lim e dx = lim t e + 2 lim x2 e−x dx.
t→∞ 0 t→∞ t→∞ 0
Como o limite
2 t
lim t e−t = lim 2 = 0,
t→∞ t→∞ et
segue que
Z t Z t
2 −x2 1 2
lim xe dx = + lim e−x dx.
t→∞ 0 2 t→∞ 0
Z ∞ Z t
2 −x2 2
xe dx = lim x2 e−x dx =
0 t→∞ 0
Z t
1 2
= + lim e−x dx =
2 t→∞ 0
Z ∞ √
1 −x2 π
= e dx = .
2 0 4
Resumo
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Integrais impróprias – Primeira parte
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Exercı́cios
Analise as seguintes integrais impróprias, indicando quando elas diver-
gem e calculando-as, caso contrário:
Z ∞ Z ∞
1 1
1. dx. 2. dx.
1 x2 2 x2 −1
Z +∞ Z 2
1 1
3. dx. 4. dx.
−∞ 9 + x2 1 1−x
Z 4 Z ∞
1 1
5. dx. 6. √ dx.
1 (x − 2)2/3 1 x
Z ∞ Z 1
1
7. dx. 8. ln x dx.
1 x3 + 4x 0
Z 1 Z ∞
1 1
9. √ dx. 10. √ dx.
0 1 − x2 0 x(x + 4)
Z ∞ Z ∞
1 e1/x
11. 2
dx. 12. dx.
1 x + 2x + 2 1 x2
Z ∞ Z ∞
−ax
13. e dx, a > 0. 14. x e−ax dx, a > 0.
0 0
Z 0 Z 2
x 1 x
15. e sen 2x dx. 16. √ ln dx.
−∞ 0 x 2
Z 1 2 Z
1 1
17. dx. √ 18. 2
dx.
0 1−x 0 (x − 1)
Z ∞ √ Z ∞
2 2π sen x
19. Sabendo que sen x dx = , calcule √ dx.
0 4 0 x
Z ∞ 3 −x
x +e
20. Determine se a integral dx é convergente. (Sugestão:
1 x + x2 + 1
3
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