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Aulas (Processo Legislativo)

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO

Seção VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO
Subseção I
Disposição Geral

CONCEITOS:
JURÍDICO: conjunto de regras (de fases e atos preordenados) que visam a produção de
normas em nosso ordenamento.

Compreende o conjunto de atos realizados pelos órgãos competentes na produção das


espécies normativas.

A importância fundamental de estudarmos o processo legislativo de formação das


espécies normativas é sabermos o correto trâmite a ser observado, sob pena de ser
inconstitucional a futura espécie normativa.

O processo legislativo não é cláusula pétrea, podendo ser modificado por meio de
Emenda à Constituição.

ESPÉCIES NORMATIVAS:

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração
e consolidação das leis.

Importante notar a inexistência de hierarquia entre as espécies normativas, com exceção


das emendas constitucionais, que têm a capacidade de produzir normas de caráter
constitucional.
É que cada espécie normativa atuará dentro de sua parcela de competência: se houver
atuação de lei ordinária em campo reservado à lei complementar, estaremos diante de
invasão de competência, surgindo, então, um vício formal, caracterizador da
inconstitucionalidade.
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ESPÉCIES NORMATIVAS “PRIMÁRIAS”: são denominadas assim por serem


“constitutivas de direito novo”, ou seja, trazem algo de novo ao ordenamento.
Retiram sua validade diretamente da Constituição Federal.
São o primeiro nível de normas derivadas da Constituição.
São “constitutivas de direito novo”, ou seja, trazem algo de novo ao ordenamento.
Diferenciam-se das espécies normativas secundárias (como os decretos regulamentares
editados pelo Poder Executivo), que não são elaboradas em nosso processo legislativo.

TIPOS DE PROCESSO LEGISLATIVO:


QUANTO À ORGANIZAÇÃO POLÍTICA:

AUTOCRÁTICO: o povo não participa da elaboração das leis. As mesmas são


produzidas autocraticamente, sem legitimidade popular. Seja por um soberano, por um
líder ou mesmo por um grupo

DIRETO: o povo participa diretamente na produção das leis, não havendo


representantes para tal produção.

INDIRETO: as leis são produzidas por meio de representantes populares.


É a regra do ordenamento constitucional brasileiro.

SEMIDIRETO: as leis são produzidas por representantes populares e posteriormente


encaminhadas a referendo popular.
Esse tipo de processo não é a regra, mas pode ocorrer na ordem jurídica brasileira.

Obs: a democracia brasileira é classificada como semidireta de cunho participativo


porque se apresenta como uma democracia em regra indireta com alguns institutos de
democracia direta.
Entretanto, o processo legislativo brasileiro é classificado como indireto (ou
representativo), com algumas exceções.

QUANTO AO APECTO TÉCNICO JURÍDICO:

ORDINÁRIO: visa a produção de leis ordinárias

SUMÁRIO: é o processo legislativo padrão dotado de maior celeridade. Também


denominado de “regime de urgência constitucional”

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da


República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início
na Câmara dos Deputados.
§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de
projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
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manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e


cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva
Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se
ultime a votação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados
far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo
anterior.
§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso
Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

Depende, para ser deflagrado, de solicitação do Presidente em matérias de sua


iniciativa privativa ou concorrente.
Prazo: máximo de 45 dias em cada Casa e possíveis 10 dias de emendas (feitas pela
Casa revisora para serem apreciadas na Casa iniciadora). Se o prazo máximo for
ultrapassado, as matérias da Casa ficarão sobrestadas até que se ultime a votação do
processo legislativo sumário. A exceção são as matérias com prazos fixados pela
Constituição.

ESPECIAIS: visam a produção das demais espécies normativas que não as leis
ordinárias, ou seja, das emendas constitucionais, das leis complementares, das leis
delegadas, das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções.

FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO:

1ª FASE – INTRODUTÓRIA OU DE INICIATIVA: é a fase de deflagração do


processo legislativo.
A iniciativa é a faculdade atribuída a uma pessoa ou ente para deflagrar processo
legislativo.
São espécies de iniciativa:

PARLAMENTAR: a faculdade de iniciar o processo é dos deputados, senadores e das


comissões de deputados e/ou senadores.

EXTRAPARLAMENTAR: atribuída ao Presidente da República, ao STF, os


Tribunais Superiores, ao PGR e ao povo.

PRIVATIVA, EXCLUSIVA ou RESERVADA: é a atribuída a uma pessoa ou ente


com exclusão dos demais.
Ex: Presidente da República (art. 61, §1º), STF (art. 93, caput e art. 48, XV), Câmara
dos Deputados (art. 51) e Senado (art. 52).

CONCORRENTE: é atribuída a mais de um ente em concorrência. Ex: art. 61, caput.


Ex: iniciativa para leis complementares e ordinárias (membro ou Comissão
parlamentar, Presidente e cidadãos) e de Emendas Constitucionais
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CONJUNTA: é atribuída a mais de uma pessoa ou ente em comunhão.

VINCULADA: atribuída a um legitimado que é obrigado a dar início ao processo


legislativo, na forma e prazo estabelecido na Constituição.

Obs:O conflito entre o art. 61, §1º, II, d, (que diz ser de iniciativa privativa do
Presidente da República as leis quedisponham sobre “aorganização do Ministério
Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização
do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios”) e o art. 128, §5º (Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização,
as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros) foi resolvido pelo STF de maneira sistemática que entendeu que a iniciativa
referente a leis que disponham sobre a organização do MP é concorrente. As demais
matérias atinentes ao MP são de competência privativa do MP.

2ª FASE – CONSTITUTIVA: é a fase de tramitação na qual ocorrerão as discussões e


deliberações das proposições normativas.

É nessa fase que ocorre a discussão, a votação, a aprovação ou rejeição e/ou sanção ou
veto.

Nessa 2ª fase do processo legislativo, teremos a conjugação de vontades, tanto do


legislativo (deliberação parlamentar — discussão e votação) como do executivo
(deliberação executiva — sanção ou veto).

3ª FASE – COMPLEMENTAR OU DE INTEGRAÇÃO OU EFICÁCIA: onde


ocorre o atestado de existência da espécie normativa (proposição normativa primária) e
sua publicação para todo território nacional.

Onde ocorre a promulgação e a publicação.

A PROMULGAÇÃO nada mais é do que um atestado da existência válida da lei e de


sua executoriedade.
O ato de promulgação tem, assim, como conteúdo a presunção de que a lei promulgada
é válida, executória e potencialmente obrigatória (José Afonso da Silva).
Promulgada a lei, deverá ser publicada, ato pelo qual se levará ao conhecimento de
todos o conteúdo da inovação legislativa.
A PUBLICAÇÃO implementa-se pela inserção do texto da lei no Diário Oficial. Com
a publicação, tem-se o estabelecimento do momento em que o cumprimento da lei
deverá ser exigido.
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PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO:

É destinado à elaboração das leis ordinárias.

É o mais “complexo” de todos por ser integrado de todas as fases (introdutória,


constitutiva e complementar) e procedimentos que tem possibilidade de ser identificado
em qualquer dos tipos processo legislativo.

Portanto, serve de modelo para a compressão dos demais.

1ª FASE – INICIATIVA

Subseção III
Das Leis
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma
e nos casos previstos nesta Constituição.
(...)
A CF (art. 61, caput) atribui competência às seguintes pessoas:
1) Deputado Federal ou a Senador da República;
2) Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
nacional;
3) Presidente da República;
4) Supremo Tribunal Federal;
5) Tribunais Superiores;
6) Procurador-Geral da República;
7) Cidadãos.

OBS:
A iniciativa do parlamentar ou de comissão é exercida perante a Cada Legislativa
respectiva. Nessa hipótese, a outra Casa Legislativa será a revisora.

A iniciativa do Presidente da República, do STF, dos Tribunais Superiores, do PGR e


dos cidadãos será exercida perante a Câmara dos Deputados.

Se a iniciativa for de Comissão Mista do Congresso Nacional, o projeto deverá ser


apresentado alternadamente na Câmara de Deputados e Senado Federal (Regimento
Comum do CN).
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Assim, ressalvada a iniciativa de Senador, Comissão do Senado ou de Comissão Mista,


todas as demais iniciativas ocorrerão junto à Câmara dos Deputados.

Sempre haverá uma Casa iniciadora e uma Casa revisora no processo legislativo. Porém
os projetos de iniciativa do Presidente, do STF, dos Tribunais Superiores (art. 64, caput)
e de iniciativa popular (art. 61, §2º) iniciarão pela Câmara dos Deputados.
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da
República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início
na Câmara dos Deputados.

INICIATIVA RESERVADA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


Art. 61. (...)
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e
autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária,
serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 18, de 1998)
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como
normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública,
observado o disposto no art. 84, VI;  (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos,
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a
reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
(...)

O art. 61, §1º enumera as matérias cuja iniciativa de lei é privativa do Presidente da
República.

Esse dispositivo, segundo entendimento do STF, é de observância obrigatória para os


Estados, Distrito Federal e Municípios.

Assim, as hipóteses previstas na Constituição Federal de iniciativa reservada do


Presidente da República, pelos princípios da simetria e da separação de Poderes, devem
ser observadas em âmbito estadual, distrital e municipal, ou seja, referidas matérias
terão de ser iniciadas pelos Chefes do Executivo (Governadores dos Estados e do DF e
Prefeitos), sob pena de se configurar inconstitucionalidade formal subjetiva.

OBS:
O STF entende que os projetos de iniciativa reservada do Presidente podem ser objeto
de emendas parlamentares desde que:
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1) Os dispositivos introduzidos por emenda parlamentar não estejam destituídos de


pertinência temática com o projeto original;
2) Os dispositivos introduzidos por emenda parlamentar não acarretem aumento
de despesa ao projeto original

Excepcionalmente, contudo, nos projetos orçamentários de iniciativa exclusiva do


Presidente da República, admitem-se emendas parlamentares mesmo que impliquem
aumento de despesas (art. 63, I, c/c o art. 166, §§ 3.º e 4.º):

1) Ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem e desde


que:
a) sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias;
b) indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação
de despesa, excluídas as que incidam sobre dotações para pessoal e seus
encargos; serviço da dívida; transferências tributárias constitucionais para
Estados, Municípios e Distrito Federal;
c) sejam relacionadas com a correção de erros ou omissões ou com os dispositivos
do texto do projeto de lei;

2) Ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias, desde que as emendas


parlamentares que acarretem aumento sejam compatíveis com o plano
plurianual.

OBS:
A eventual sanção presidencial a um projeto de lei que deveria ser de iniciativa do
Poder Executivo não convalida eventual vício de iniciativa.

O conteúdo da Súmula 5 do STF (a sanção do projeto supre a falta de iniciativa no


Poder Executivo) está superado desde a EC nº 1/69 que fixou a impossibilidade
emendas parlamentares a projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República.

Ainda que sancionado o projeto, a lei padecerá de inconstitucionalidade formal.

INICIATIVA POPULAR
Art. 61 (...)
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três
décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Constitui um dos meios de participação direta do cidadão na vida do estado, nos atos de
governo.

O projeto de lei da iniciativa popular poderá versar sobre quaisquer matérias,


ressalvadas apenas aquelas abrangidas pela iniciativa reservada.

No âmbito dos estados-membros e do DF, a CF/88 deixou à lei a tarefa de dispor sobre
a iniciativa popular (CF, art. 27, §4º e art. 32,§3º)
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Art. 27 (...)§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo


estadual.
Art. 32 (...)§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o
disposto no art. 27.

Em relação ao processo legislativo municipal, a Constituição estabeleceu a


possibilidade de iniciativa popular de projeto de lei de interesse específico do
Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por
cento do eleitorado.

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...)
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da
cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do
eleitorado; (...)

A Lei nº 9.709/98 (regulamenta o art. 14, I, II e III da Constituição: o plebiscito,


referendo e iniciativa popular) dispõe:

Art. 13. A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara


dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por
cento dos eleitores de cada um deles.
§ 1o O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um só assunto.
§ 2o O projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por vício de
forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar
a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação.

Art. 14. A Câmara dos Deputados, verificando o cumprimento das exigências


estabelecidas no art. 13 e respectivos parágrafos, dará seguimento à iniciativa
popular, consoante as normas do Regimento Interno.

No mais, o projeto segue os trâmites normais do procedimento do processo legislativo


ordinário podendo, inclusive, ser objeto de emendas ou rejeitado.
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2ª FASE – CONSTITUTIVA

Nesta fase, há a deliberação legislativa e a deliberação executiva.

Na legislativa, o projeto é discutido e votado nas duas Casas Legislativas: a casa


iniciadora e a casa revisora.

A deliberação executiva é realizada após a aprovação do projeto nas duas Casas


Legislativas por meio da sanção ou do veto.

Se o projeto for vetado pelo Chefe do Executivo, ainda haverá nessa fase a apreciação
do veto pelo Congresso Nacional.

OBS:
Na ordem jurídica brasileira não há mais a figura do “decurso de prazo” que permitia a
aprovação de projetos pela simples expiração do prazo previsto para a sua análise, sem
que houvesse apreciação por parte do Congresso Nacional.
Assim, não há mais como o Legislativo aprovar tacitamente projetos de lei no Brasil.

A DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR: discussão e votação do projeto, conforme o


Regimento interno das Casas.

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da


República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início

na Câmara dos Deputados.


(...)
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados
far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo
anterior.
(...)

O art. 64, caput, é expresso ao delimitar que a discussão e votação dos projetos de lei de
iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

A este rol somam-se os projetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de


Comissões da Câmara, os de iniciativa do Procurador-Geral da República e,
naturalmente, os de iniciativa popular (art. 61, § 2.º), que também terão início na
Câmara dos Deputados, sendo esta, portanto, a casa iniciadora e o Senado Federal, em
todas essas hipóteses lembradas, a casa revisora.
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Perante o Senado Federal são propostos somente os projetos de lei de iniciativa dos
Senadores, de Comissões do Senado ou de Comissões Mistas, funcionando, nesses
casos, a Câmara dos Deputados como Casa revisora. 

O projeto de lei passa à apreciação pelas Comissões: em primeiro lugar, por uma
comissão temática, que analisará a matéria da proposição, e, em seguida, pela Comissão
de Constituição e Justiça, que analisará, dentre outros aspectos, a sua
constitucionalidade etc.

As comissões, nos termos do art. 58, §2º, em razão da matéria de sua competência,
poderão, além de discutir e emitir pareceres sobre o projeto de lei, aprová-los, desde
que, na forma do regimento interno da Casa, haja dispensa da competência do plenário
(delegação interna corporis) e inexista, também, interposição de recurso de 1/10 dos
membros da Casa, hipótese em que será inviável a votação do projeto de lei pela
comissão temática, sendo esta, necessariamente, transferida para o plenário da Casa.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e


temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação.
(...)
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da
Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos
inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa
contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
(...)

O art. 24, II, do RICD, deixa claro que não poderão ser objeto de aprovação nas
comissões temáticas (em razão da matéria), afetando-os ao Plenário, os projetos: de lei
complementar; de código; de iniciativa popular; de Comissão; relativos a matéria que
não possa ser objeto de delegação (art. 68, §1º); oriundos do Senado, ou por ele
emendados, que tenham sido aprovados pelo Plenário de qualquer das Casas; que
tenham recebido pareceres divergentes; em regime de urgência.

Pode-se acrescentar as propostas de emenda à Constituição (PEC), que exigem quorum


de 3/5 dos membros, em cada Casa e em 2 turnos (art. 60, § 2.º, CF/88).

Na hipótese de apreciação pelo Plenário, o parecer das Comissões Temáticas é


opinativo.

Contudo, o parecer da CCJ quanto à constitucionalidade ou juridicidade da matéria será


terminativo, assim como o da Comissão de Finanças e Tributação, quando de sua
manifestação sobre a adequação financeira ou orçamentária da proposição, salvo
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provimento de recurso a ser apreciado preliminarmente pelo Plenário, nos termos


regimentais.

Rejeitado o projeto na Casa Iniciadora, será arquivado.

Contudo, se aprovado (seja pelas Comissões Temáticas, nas hipóteses permitidas,


seja pelo plenário da Casa), ele seguirá para a Casa revisora, passando, também,
pelas Comissões, e, ao final, a Casa revisora poderá aprová-lo, rejeitá-lo ou
emendá-lo.

 Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só
turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa
revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora

Aprovado o projeto de lei pela Casa revisora, em um só turno de discussão e votação


(regra geral para leis ordinárias e complementares), ele será enviado para a sanção ou
veto do Chefe do Executivo.

Rejeitado o projeto de lei, ele será arquivado, só podendo ser reapresentado na mesma
sessão legislativa (anual), mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67), ou, sem essa formalidade, se a
reapresentação for na sessão legislativa seguinte;

Emendado, vale dizer, na hipótese de ter sido alterado o projeto inicial, a emenda,
e somente o que foi modificado, deverá ser apreciada pela Casa iniciadora (art. 65,
parágrafo único, CF/88), sendo vedada a apresentação de emenda à emenda
(subemenda).

Se a Casa iniciadora aceitar a emenda introduzida pela Casa revisora, assim seguirá o
projeto para a deliberação executiva.

Se a Casa iniciadora rejeitar a emenda, o projeto, em sua redação original, que havia
sido estabelecida pela Casa iniciadora, assim seguirá para a apreciação executiva. No
processo legislativo de elaboração de leis no sistema brasileiro, portanto, haverá
predominância da Casa iniciadora sobre a revisora.

OBS:
Se a casa iniciadora rejeitar as emendas da Casa revisora o projeto de lei aprovado na
Casa iniciadora (sem emendas) será enviado para sanção ou veto do Presidente da
República.

A DELIBERAÇÃO EXECUTIVA:

SANÇÃO é a aquiescência  do Chefe do Executivo  aos termos do projeto.


Prazo: 15 dias (do recebimento - art. 66, § 1º ).
 
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VETO – O veto é manifestação de discordância do Chefe do Executivo com o projeto


de lei aprovado pelo Legislativo.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao
Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

Ocorrerá a sanção expressa se o Presidente concordar com o texto aprovado pelo


Legislativo formalizando, por escrito, o ato de sanção (art. 66, caput).

Ocorrerá a sanção tácita se o Presidente deixar de transcorrer o prazo de 15 dias úteis,


contados do recebimento do projeto, sem emitir manifestação quanto a ele (art. 66, §3º).

§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte,


inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente,
no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará,
dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do
veto.

Se o Presidente considerar (no todo ou em parte) inconstitucional ou contrário ao


interesse público, deverá vetá-lo e comunicar ao Presidente do Senado, no prazo de 48
horas (art. 66, §1º)
Pode ser político (contrário o interesse público); jurídico (inconstitucional) ou
político-jurídico.

§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de


inciso ou de alínea.

O veto parcial só abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.


Não existe o veto de palavras, uma vez que poderia alterar o sentido do sentido do texto
aprovado pelo Legislativo (art. 66, § 2º ).
Na hipótese de veto parcial, haverá análise pelo CN apenas da parte vetada, o que
significa que a parte não vetada, que será promulgada e publicada, poderá entrar em
vigor em momento anterior à referida parte vetada, se o veto for derrubado.
Em qualquer caso, o projeto retorna ao Legislativo para nova apreciação em sessão
conjunta, oportunidade em que o veto será aceito ou rejeitado (art. 66, §§ 4º, 5º e 6º).

§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República


importará sanção.

§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de


seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos
Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de
2013)
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O veto será apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional, dentro de 30 dias, a


contar do recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos
Deputados e Senadores (art. 66, §4º).
Desde a Emenda nº 76/2013, o voto não é mais secreto.

§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao


Presidente da República.

Se o veto o Presidente da República for rejeitado pela maioria absoluta do Congresso


Nacional, a matéria será encaminhada para a promulgação do Presidente da República.

§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na


ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua
votação final. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Esgotado sem deliberação o prazo de 30 dias 4º, o veto será colocado na ordem do dia
da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (art. 66,
§6º)
OBS:
As proposições sobrestadas referidas no §6º são as proposições de tramitação conjunta
do Congresso Nacional. Portanto, as votações do Congresso (e não da Câmara e do
Senado) é que ficarão paralisadas até que se ultime a apreciação (votação) do veto
presidencial.

§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente
da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se
este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo,
caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (art. 66, §7º).

OBS:
Características do VETO:
1) expresso (na existe veto tácito),
2) motivado e formalizado (se o veto não for motivado e escrito, o veto é nulo e
ocorre a sanção tácita),
Se o Presidente da República simplesmente veta o projeto de lei, sem explicar os
motivos do seu ato, o veto será considerado inexistente. Não produzirá efeitos de
veto. Ao contrário, ocorrerá a sanção (tácita) do projeto de lei.
3) total ou parcial,
4) supressivo (é sempre para retirar algo do projeto, caso contrário o executivo
legislaria),
5) irretratável (impossível de ser alterado);
6) relativo (passível de superação, ou seja, pode ser rejeitado ou aprovado pelo
Legislativo).
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Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir
objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria
absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
É o chamado princípio da irrepetibilidade (relativa) da matéria rejeitada.

Não há qualquer vedação em relação à repetição da matéria rejeitada em novo projeto


de lei em sessão legislativa distinta daquele que se deu a rejeição.

Após a sanção presidencial ou a rejeição do veto pelo Congresso Nacional, mediante


maioria absoluta em votação aberta, já há uma lei na ordem jurídica, finalizando a
FASE CONSTITUTIVA e se iniciando , assim, a 3ª FASE – COMPLEMENTAR ou
DE INTEGRAÇÃO DE EFICÁCIA

3ª FASE – COMPLEMENTAR ou DE INTEGRAÇÃO DE EFICÁCIA:

É a fase final do processo legislativo.

Consiste na PROMULGAÇÃO (atestado de existência válida da lei e sua


executoriedade) e na PUBLICAÇÃO (levar ao conhecimento de todos o conteúdo da
inovação legislativa) da lei.

Em regra, a competência para promulgar a lei é do Chefe do Executivo, no caso de


sanção expressa, a sanção e a promulgação ocorrem ao mesmo tempo.

Em certos casos, a promulgação pode ser feita pelo Legislativo (art. 66, §7º e 3º, p.ex.)

Possui dois atos:


PROMULGAÇÃO: atestado de existência PUBLICAÇÃO: oficialização da lei para
da lei. todo o território nacional com sua devida
Tem natureza declaratória. publicidade.
É uma comunicação aos destinatários da É condição para a lei entrar em vigor e se
lei que a mesma foi criada com tornar eficaz.
determinado conteúdo. É condição de eficácia da lei.
Obs:
Nem sempre a promulgação e a publicação ocorrem conjuntamente.

PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO

Não apresenta diferenciação de procedimentos em relação ao processo legislativo


ordinário.
A distinção consiste na existência de prazos constitucionalmente fixados para que as
Casas do Congresso Nacional deliberem sobre o projeto apresentado.

Art. 64 (...)
15

§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de


projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do parágrafo anterior, a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal não se manifestarem, cada qual, sucessivamente, em até quarenta e cinco
dias, sobre a proposição, será esta incluída na ordem do dia, sobrestando-se a
deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime a votação.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e
cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva
Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se
ultime a votação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-
se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo
anterior.
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional,
nem se aplicam aos projetos de código.

São dois os requisitos para a instalação do processo legislativo sumário:


1) Projeto de lei apresentado pelo Chefe do Executivo;
2) Solicitação de urgência pelo Chefe do Executivo.

Considerando que a apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos
Deputados far-se-á no prazo de dez dias (§3º), no processo sumário, o procedimento
deverá findar no prazo máximo de 100 dias.

Os prazos do processo sumário não correm no período de recesso do Congresso e


também não se aplicam aos projetos de Códigos (§ 4º)

PROCESSOS LESGISLATIVOS ESPECIAIS:

LEIS COMPLEMENTARES (art. 59, II):

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

As Leis Complementares versam sobre matérias taxativamente previstas na


Constituição

A doutrina clássica distingue o procedimento legislativo das Leis Complementares em


dois campos: o material (matérias taxativamente expressas) e o formal (quórum).

Bernardo Gonçalves, enxergando outras diferenças, classifica as diferenças em comuns


e sofisticadas:

AS COMUNS:
DIFERENÇ Processo Legislativo Especial Processo Legislativo Ordinário
A

Diferença As LCs só versam sobre matérias Matérias que não sejam objeto de
Material taxativamente previstas na LC. Teria caráter subsidiário em
16

Constituição relação a qualquer outra espécie


normativa
Diferença
Formal Exige maioria absoluta para Exige apenas a maioria simples, nos
aprovação, nos termos do art. 69 termos do art. 47.

AS SOFISTICADAS:
DIFERENÇ Processo Legislativo Especial Processo Legislativo Ordinário
A
Regime de
tramitação Só possui o regime de tramitação Poder ter o regime de tramitação
tradicional, ou seja, tem que ir a tradicional ou conclusivo
plenário (terminativo)
Em regra, o projeto de LC terá O PLO terá apenas um turno de
Tramitação dois turnos de votação na Câmara votação na Câmara e no Senado.
e um turno no Senado.

Em caso de regime de urgência, o


turno extra da Câmara é
suprimido.

OBS:
Em relação a existência de hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar há duas
correntes: a que defende haver hierarquia (Manoel Gonçalves, Alexandre de Moraes,
doutrina trabalhista e o STJ, em algumas decisões sobre matéria tributária), por
exemplo) e que não defende haver hierarquia (Celso Basto, Michel Temer, STF etc).
A corrente que diz haver hierarquia utiliza dois argumentos: a) o topográfico e b) o
aspecto formal sobre o quórum de aprovação.
A corrente majoritária, que diz não haver hierarquia, defende que existem campos
materiais de competência diferenciados.

OBS:
Se uma Lei Ordinária regular matéria reservada à Lei Complementar é inconstitucional.

Se uma Lei Complementar regular matéria de Lei Ordinária, há uma relativização:


Entende-se que a Lei Complementar seria constitucional ao argumento de que quem
“pode mais, pode o menos”. Entretanto, a Lei Complementar seria, sob o aspecto
material, uma Lei Ordinária. Inclusive, se posteriormente surgir uma Lei Ordinária
regulando a mesma matéria, entende-se que a Lei Ordinária revogaria a Lei
Complementar.

LEIS DELEGADAS (art. 59, IV):

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia
de seus membros;
17

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;


III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do
Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional,
este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.

Elaborada pelo Presidente da República em virtude de autorização do Poder Legislativo


(delegação externa corporis) e nos limites postos pelo mesmo.

O processo legislativo dependerá da iniciativa do Presidente da República (iniciativa


solicitadora). A solicitação é encaminhada ao Congresso Nacional, delimitando o
assunto sobre o qual pretende legislar.

Determinadas matérias não podem ser objeto de delegação (princípio da


indelegabilidade (art. 68, §1º)

A solicitação é submetida à apreciação do Congresso Nacional que, no caso de


aprovação, culminará na elaboração de uma resolução (§2º)

Mediante Resolução, o Congresso especificará o conteúdo da delegação, os termos para


o ser exercício e fixará o prazo, não superior a 45 dias, para promulgação e publicação
da Lei ou remessa do projeto elaborado pelo Presidente, para a apreciação pelo
Congresso.

OBS:
O Congresso Nacional pode exercer controle político sobre a lei delegada nos termos do
art. 49, V (sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;).

A eventual sustação possui efeito ex nunc (não retroagindo, ou seja, para o futuro).

O efeito ex tunc (retroagindo) só poderá ser concedido pelo Poder Judiciário.

Por meio da resolução, que especificará o conteúdo e os termos de seu exercício, o


Congresso Nacional determinará se haverá ou não a apreciação do projeto de lei
delegada (elaborada pelo presidente da República) pelo Congresso Nacional. Havendo
apreciação, o Congresso Nacional a fará em votação única, sendo vedada qualquer
emenda (art. 68, § 3.º).

Delegação própria ou típica: O Poder Delegação imprópria ou atípica: o Poder


Legislativo autoriza o Presidente mediante
Legislativo autoriza o Presidente mediante
resolução a elaborar o projeto de lei e,
resolução a elaborar projeto de lei que,
posteriormente, promulgar e publicar a lei
posteriormente, será submetido ao
a lei delegada. Congresso Nacional para a apreciação em
sessão única vedada a apresentação de
Não existe apreciação posterior pelo emendas (§3º).
Congresso Nacional.
O Congresso poderá aprovar ou rejeitar a
18

proposta de Lei Delegada por maioria


simples.

Se aprovada, a lei é encaminhada para


promulgação e publicação pelo
Presidente.

OBS:
A delegação legislativa pelo CN ao Presidente da República não o obriga a efetivar a
elaboração da lei delegada (discricionaridade). De outro lado, o Congresso pode sustar
a resolução autorizativa a qualquer momento.

Além disso, o Poder Legislativo pode produzir uma lei sobre a mesma matéria, vez que
não perde sua função típica de legislar em virtude da delegação do Presidente da
República.

A lei delegada tem pouca utilização em razão da sua iniciativa (pouca agilidade) e da
previsão da medida provisória.

MEDIDAS PROVISÓRIAS (art. 59, V):

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá


adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito
eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia
de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer
outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
III – reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e
pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto
os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em
que foi editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia,
desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
19

prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso
Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória,
suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.(Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito
das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em
cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime
a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver
tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida
provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a
sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos
Deputados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas
provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que
tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de
prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão
por ela regidas.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida
provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

As MPs são adotadas pelo Presidente da República a partir de um ato monocrático,


unipessoal, sem a participação do Poder Legislativo, que é chamado a discuti-la
somente em momento posterior, quando a MP já foi adota.

São atos normativos elaborados e editados pelo Presidente da República com força de
lei, sob o fundamento de relevância e urgência.

Até a aprovação da EC n. 32/2001, ou seja, no período entre 05.10.1988 e 20.09.2001,


já havia sido editado e reeditado o assustador número de 6.130 medidas provisórias,
chegando algumas delas a levar quase sete anos sem aprovação.

Até o advento da EC n. 32/2001, constatava-se a total desvirtuação do instituto da


medida provisória, admitindo-se, com o consentimento do STF e do próprio Congresso
Nacional, a reedição das medidas provisórias, mantendo-se os efeitos de lei a partir da
20

primeira edição, desde que não houvesse expressa rejeição pelo Congresso Nacional e
fosse dentro do seu antigo prazo de eficácia de 30 dias.

Antes da EC nº 32/2001 (de 1988 à Depois da EC nº 32/01 (de 2001 em


2001) diante)
O prazo das MPs era de 30 dias O prazo é 60 dias prorrogáveis por mais
60 dias
O STF permitia a reedição de MPs, caso É vedada a reedição de MPs. Passado o
não fossem apreciadas em 30 dias. prazo, ocorre a rejeição tácita (art. 62,
§3º).
O prazo de tramitação da MP não era O prazo de tramitação é suspenso no
suspenso no recesso. Tanto que a recesso parlamentar.
Constituição trazia a hipótese de Assim, a MP pode vigorar por mais do
convocação extraordinária para a que os 120 dias definidos na Constituição.
apreciação das MPs. O prazo das MPs vota a correr quando
houver convocação extraordinária e serão
incluídas, automaticamente, na pauta.

Art. 57, § 8º Havendo medidas


provisórias em vigor na data de
convocação extraordinária do
Congresso Nacional, serão elas
automaticamente incluídas na pauta da
convocação.
Não existe regime de urgência Existe regime de urgência.
§ 6º Se a medida provisória não for
apreciada em até quarenta e cinco dias
contados de sua publicação, entrará em
regime de urgência, subseqüentemente,
em cada uma das Casas do Congresso
Nacional, ficando sobrestadas, até que
se ultime a votação, todas as demais
deliberações legislativas da Casa em
que estiver tramitando. 
Obs: Pode haver 75 dias de urgência de
uma MP (15 dias subseqüentes ao 45º dia
somados aos 60 dias da possível
prorrogação).
A deliberação era realizada pelo A deliberação é realizada primeiro na
Congresso Nacional em sessão conjunta Câmara e depois no Senado.
Art. 62§ 8º As medidas provisórias
terão sua votação iniciada na Câmara
dos Deputados.

Obs: A rejeição (tácita ou expressa) de uma MP possui efeito ex tunc .


§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia,
desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso
21

Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas


decorrentes.
(...)

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão
por ela regidas.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida
provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Em relação ao §11, há duas correntes:


Alguns entendem que há uma modificação Outros entendem que os efeitos da
dos efeitos da rejeição da MP que se rejeição continuariam retroagindo à edição
modificariam de ex tunc para ex nunc. do ato.

Nesse sentido, a MP irá continuar a reger Ocorre apenas que os atos desenvolvidos
todas as relações jurídicas havidas quando com base na MP conservar-se-ão por ela
de sua vigência. regidos.

Portanto, a MP continuará regendo apenas


as situações jurídicas que ocorreram com
base nela (e não todas) até que o
Congresso Nacional edite o decreto
legislativo regulando as mesmas.

Obs:
A inconstitucionalidade formal de uma MP diz respeito aos fundamentos da relevância e
urgência.
Entende o STF que a análise de relevância é urgência é um juízo discricionário do
Presidente da República.
Assim, para o STF que a eventual inconstitucionalidade formal de uma MP deverá ser
analisada apenas excepcionalmente.

Obs:
O Presidente não pode retirar de apreciação uma MP já editada e em vigor.
Entretanto, pode editar uma segunda MP ab-rogadora, com o objetivo de extirpar a MP
que está em vigor.
Editada a segunda MP, a primeira é suspensa. E a MP2 passa a apreciação.
Se a segunda MP for rejeitada pelo Congresso, a primeira MP volta a vigorar pelo
tempo restante que faltava para complementar seu prazo constitucional e será apreciada,
podendo ser aprovada pelo Congresso.

Obs: MP não revoga Lei.


Apenas suspende.
Se a MP é rejeitada, a Lei anterior volta a vigorar.
22

Obs: Havendo previsão na Constituição Estadual, existe a possibilidade de edição de


MP por um Governador de Estado.

Obs:
Decretos-Lei (regime militar) Medidas provisórias
Urgência ou interesse público relevante Relevância e urgência
Poderia ser aprovado por decurso de prazo Não sendo apreciada no prazo, ocorre a
(aprovação tácita) rejeição tácita.
A rejeição operava com efeitos ex nunc. A rejeição opera com efeitos ex tunc
Não havia possibilidade emendas Há possibilidade de emendas
Não havia limites materiais. Só havia Possui limites materiais inseridos no art.
proibição de edição de DL para aumentar 62, §1º e 2º, art. 25, §2º, art. 246 e art. 73
despesas do ADCT

Obs:
As MPs editadas em data anterior à da publicação da EC nº 32/01 continuam em vigor
até que uma MP ulterior revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do
Congresso Nacional.

DECRETOS LEGISLATIVOS (ART. 59, VI) e RESOLUÇÕES (ART. 59, VII).


São espécies normativas primárias com efeitos internos ou externos às Casas, que visam
a desenvolver, instrumentalizar ou formalizar os trabalhos das Casas, sem a necessidade
de passar pelo crivo do Presidente da República.

Por meio do Decreto Legislativo, as competências exclusivas do Congresso Nacional


são materializadas (art. 49, I a XVII).

Além das matérias do art. 49, o Congresso deverá regulamentar por Decreto Legislativo
os efeitos decorrentes da Medida Provisória que eventualmente não for convertida em
lei (art. 62, §3º).

As regras sobre seu procedimento vêm delineadas nos Regimentos Internos das Casas
Legislativas ou do Congresso. Em síntese, deflagrado o processo, ocorre a discussão no
âmbito do Congresso e, havendo aprovação (maioria simples, nos termos do art. 47),
passa-se à promulgação que é realizada pelo Presidente do Senado Federal, que
determinará a sua publicação.

Não existe manifestação (deliberação) do Executivo.

Obs:
O trâmite de integração da norma internacional no direito interno (art. 49, I) em quatro
fases distintas, a saber:
1) celebração do tratado internacional (negociação, conclusão e assinatura) pelo
Órgão do Poder Executivo (ou posterior adesão[terceira etapa], art. 84, VIII —
Presidente da República);
2) aprovação (referendo ou “ratificação” lato sensu), pelo Parlamento, do tratado,
acordo ou ato internacional, por intermédio de decreto legislativo, resolvendo-o
definitivamente (Congresso Nacional — art. 49, I);
23

3) troca ou depósito dos instrumentos de ratificação (ou adesão, caso não tenha tido
prévia celebração) pelo Órgão do Poder Executivo em âmbito internacional;
4) promulgação por decreto presidencial, seguida da publicação do texto em
português no diário oficial. Neste momento o tratado, acordo ou ato
internacional adquire executoriedade no plano do direito positivo interno,
guardando estrita relação de paridade normativa com as leis ordinárias (salvo
nas hipóteses em que o tratado ou convenção internacional versar sobre direitos
humanos e tiver sido incorporado(a) com a natureza supralegal ou constitucional
(cf. art. 5º, § 3.º).

O DECRETO LEGISLATIVO, em regra, é espécie normativa de efeitos externos


às Casas e que se destina a veicular matérias de competências exclusiva do
Congresso Nacional.
Fase de iniciativa: de competência dos deputados, das comissões de deputados, da Mesa
da Câmara, dos senadores, das comissões de senadores, da Mesa do senado, de
comissão do Congresso e da Mesa do Congresso.
Fase constitutiva: em regra, a tramitação é bicameral. Entretanto, a deliberação pode ser
do Congresso em sessão conjunta.
Fase complementar: promulgação e publicação pelo Presidente do Congresso Nacional.

Obs: não há sanção ou veto do Presidente, uma vez que o processo legislativo não prevê
o encaminhamento para o chefe do Executivo.

As RESOLUÇÕES são espécies normativas primárias de competência privativa do


Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, que se
destina a veicular matérias em regra com efeitos internos às Casas.

Por meio das Resoluções regulamentar-se-ão as matérias de competência privativa da


Câmara dos Deputados (art. 51), do Senado Federal (art. 52) e algumas de competência
do Congresso Nacional (art. 49), fixadas, além das poucas hipóteses constitucionais,
regimentalmente.

Os Regimentos Internos determinam as regras sobre o processo legislativo. Demo geral,


deflagrado o processo, a discussão dar-se-á nas respectivas Casas. Uma vez aprovado
(maioria simples), passa-se à promulgação, que será realizada pelo Presidente da Casa
que também determinará a publicação.

Além da previsão regimental de matérias a serem regulamentadas por resoluções, assim


como aquelas dos arts. 51 e 52 da CF/88, há outras hipóteses constitucionais:
a) art. 68, § 2.º: o Congresso Nacional delegará competência ao Presidente da
República para elaborar a lei delegada por meio de resolução;
b) art. 155, § 1.º, IV: o Senado Federal, por meio de resolução, fixará as alíquotas
máximas do imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens
ou direitos, a ser instituído pelos Estados e pelo DF;
c) art. 155, § 2.º, IV: o Senado Federal, por meio de resolução de iniciativa do
Presidente da República ou de 1/3 dos Senadores, aprovada pela maioria
absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e
prestações, interestaduais e de exportação;
24

d) art. 155, § 2.º, V, “a”: faculta-se ao Senado Federal estabelecer alíquotas


mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de 1/3 e
aprovada pela maioria absoluta de seus membros em relação ao imposto a ser
instituído pelos Estados e pelo DF sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação (ICMS), ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;
e) art. 155, § 2.º, V, “b”: faculta-se, também, ao Senado Federal fixar alíquotas
máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva
interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e
aprovada por 2/3 de seus membros.

Obs: não há sanção ou veto do Presidente, uma vez que o processo legislativo não prevê
o encaminhamento para o chefe do Executivo.

Enquanto as resoluções podem instrumentalizar matérias de competência da CD, do SF


ou do CN, os decretos legislativos só servirão para regulamentar as matérias de
competência exclusiva do CN, indicadas no art. 49, CF/88.

EMENDA CONSTITUCIONAL (art. 59, I):

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos
dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Espécie normativa primária produzida mediante procedimento e quórum especial e que


após aprovada agrega ao texto constitucional.
 
A fase de iniciativa se caracteriza pela proposta de uma PEC por um dos legitimados
mencionados no art. 60, I, II e III:
25

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado


Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros
Apresentada a PEC, a mesma irá para a Mesa da Casa.

As Emendas Constitucionais são fruto do Poder Constituinte Derivado Reformador


(Teoria do Poder Constituinte) que, ao contrário do Poder Constituinte Originário (que é
ilimitado), é juridicamente é condicionado, submetendo-se a algumas limitações,
expressamente previstas, ou decorrentes do sistema.

LIMITAÇÕES EXPRESSAS OU EXPLÍCITAS: formais ou procedimentais (art. 60, I,


II, II e §§2º, 3º e 5º), circunstanciais (art. 60, §1º) e materiais (art. 60, §4º).

LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS: Impossibilidade de se alterar o titular do PCO e do


PCDR.

Espécie normativa primária produzida mediante procedimento e quórum especial e que


após aprovada agrega ao texto constitucional.

LIMITAÇÕES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS (art. 60, I, II, II e §§2º, 3º e 5º)

A FASE DE INICIATIVA se caracteriza pela proposta de uma PEC por um dos


legitimados mencionados no art. 60, I, II e III.
Iniciativa PRIVATIVA E CONCORRENTE: somente as pessoas enumeradas nos
incisos I, II e III podem dar iniciativa à PEC, sob pena de inconstitucionalidade formal.
Apresentada a PEC, a mesma irá para a Mesa da Casa.

QUÓRUM DE APROVAÇÃO: será aprovada se obtiver 3/5 dos votos dos respectivos
membros nos dois turnos de votação em cada Casa (2º).

A fase constitutiva: a Mesa encaminha para a CCJ  a CCJ realiza o juízo de


admissibilidade (verifica se a proposta não fere aos limites materiais dispostos no §4º)
 admitida, a PEC segue para uma Comissão especial  a Comissão especial elabora
parecer  a PEC encaminha para o 1º turno de votação, sendo necessário para a sua
aprovação o quórum de 3/5 dos membros (308 deputados e 49 senadores)  aprovada
em 1º turno, a PEC irá para a votação do 2º turno  aprovada em 2º turno, segue para a
Casa Revisora, que também realizará o juízo de admissibilidade e elaborar parecer sobre
a PEC  após, será submetida à votação em 1º turno  se aprovada, segue para
votação em 2º turno.

A fase complementar: aprovada em dois turnos nas duas Casas legislativas, surge a
Emenda Constitucional que será PROMULGADA pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal (§3º)
26

Inexiste deliberação (sanção ou veto) executiva. Após a promulgação, o Congresso


publica a Emenda.

PEC REJEITADA OU PREJUDICADA: não pode ser objeto de nova apresentação na


mesma sessão legislativa (5º)

LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS (art. 60,§1º)

A Constituição não poderá ser emendada na vigência de:

Intervenção Federal;

Estado de defesa;

Estado de sítio.

LIMITAÇÕES MATERIAIS (art. 60,§4º)

Não será objeto de deliberação a PEC tendente a abolir:

A forma federativa de forma;

O voto direto, secreto, universal e periódico;

A separação dos Poderes;

Os direitos e garantias individuais.

LIMITAÇÕES TEMPORAIS

Só existiram na Constituição do Império que, no art. 174, permitia a reforma da


Constituição somente após 4 anos de sua vigência.

Não há na CF/88.

TRATADOS E CONVÊNCIOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS


HUMANOS E SUA EQUIVALÊNCIA COM AS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS (EC/2004).

Art. 5º § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que


forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)  (Atos
aprovados na forma deste parágrafo)

Esquematizando, podemos afirmar, então, conforme já exposto, que:

1) Tratados e Convenções internacionais sobre direitos humanos e desde que


aprovados por 3/5 dos votos de seus membros, em cada Casa do Congresso
Nacional e em 2 turnos de votação (cf. art. 60, § 2.º, e art. 5.º, § 3.º): equivalem a
27

emendas constitucionais, guardando, desde que observem os “limites do poder


de reforma”, estrita relação de paridade com as normas constitucionais;

2) tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados pela


regra anterior à Reforma efetuada pela EC nº 45/2004 e desde que não forem
confirmadas pelo quorum qualificado: seguindo o entendimento do STF,terão
natureza supralegal. O STF, por 5 x 4, em 03.12.2008, no julgamento do RE
466.343, decidiu que os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos, se não incorporados na forma do art. 5.º, § 3.º (quando teriam natureza
de norma constitucional), têm natureza de normas supralegais, paralisando,
assim, a eficácia de todo o ordenamento infraconstitucional em sentido
contrário.

3) tratados e convenções internacionais de outra natureza: têm força de lei


ordinária.
Dessa maneira, deverão surgir duas espécies do gênero tratados e convenções
internacionais:

a) aqueles sobre direitos humanos e que se dividem ainda em: a.1) tratados sobre
direitos humanos aprovados pelo quorum e observância de turnos das emendas
constitucionais, tendo a equivalência destas; e a.2) os que não seguiram essa
formalidade, sendo, segundo o STF, supralegais.

b) aqueloutros que não tratem sobre direitos humanos.

QUADRO RESUMO DAS ESPÉCIES NORMATIVAS

Emendas Art. 60
Constitucionais Quórum de 3/5 e dois turnos de Votação

Lei Complementar Art. 69


Quórum de maioria absoluta.
Hipóteses taxativamente previstas na CF (matéria
reservada)

Lei Ordinária Art. 47


Quórum de maioria simples, desde que presente a maioria
absoluta dos membros.

Lei Delegada Art. 68


Elaborada pelo Presidente da República, após delegação do
Congresso, por meio de Resolução.
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Art. 62
Elaborada pelo Presidente da República, tem força de lei.
Ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 (§ 11. Não editado o
decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias
após a rejeição ou perda de eficácia de medida
Medida Provisória provisória, as relações jurídicas constituídas e
decorrentes de atos praticados durante sua vigência
conservar-se-ão por ela regidas. e § 12. Aprovado
projeto de lei de conversão alterando o texto original da
medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.),
perdem a sua eficácia desde a sua edição se não forem
convertidas em lei no prazo de 120 dias (60 dias,
prorrogável por mais 60 etc.).

Art. 49
Decreto Legislativo Competência exclusiva do Congresso Nacional;
Art. 62, §3º disciplina os efeitos decorrentes da MP não
convertida em lei que perdeu a sua eficácia desde a edição.

Art. 51 – Competência privativa da Câmara


Art. 52 – Competência privativa do Senado
Resoluções Art. 68, §2º - Delegação do CN para o Presidente elaborar a
Lei Delegada
Previsões Regimentais: matérias a serem regulamentadas
por resoluções do SF, da CD e do CN.

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