A Técnica e o Processo Legislativos - Apostila
A Técnica e o Processo Legislativos - Apostila
A Técnica e o Processo Legislativos - Apostila
TÉCNICA E
PROCESSO
LEGISLATIVOS
CURSO MINISTRADO PELAS PROFESSORAS SUELI DE SOUZA E
MARICY VALLETTA NOS DIAS 22 E 29 DE OUTUBRO E 5 E 12
NOVEMBRO DE 2018.
PARTE I
A TÉCNICA LEGISLATIVA
I – INTRODUÇÃO
Determina a Constituição Federal que cada um dos entes que compõem nossa
Federação se organize conforme sua própria Carta, observados os princípios daquela. Nos
Estados, ela se chama Constituição do Estado; nos Municípios e no Distrito Federal, tem o
nome de Lei Orgânica.
O caráter geral da lei pode ser considerado sob dois aspectos: a) a origem,
uma vez que a lei é a expressão da vontade comum; b) o objeto, já que a lei é aplicada ao
conjunto dos cidadãos e não apenas a um caso ou a uma pessoa especificamente.
A Ciência Jurídica atribui os mais variados sentidos à palavra lei. Para fins
deste estudo, consideraremos lei, principalmente, no sentido de norma jurídica abstrata e geral,
proveniente da atividade-fim do Poder Legislativo. No entanto, consideraremos a palavra
também no sentido de ato legislativo, ou seja, aquela “declaração unilateral da vontade estatal
expressa e exteriorizada por escrito, que dispõe sobre a criação, modificação ou extinção de
normas jurídicas, abstratamente gerais” 1, oriunda de qualquer dos Poderes estatais, uma vez
que a técnica legislativa também é aplicada a atos normativos como decretos, portarias,
resoluções, deliberações, etc.
1
MEEHAN. Teoría y técnica legislativas, p. 32, citado por CARVALHO, Kildare Gonçalves, in Técnica
Legislativa – legística formal, p. 110.
3
II – AS ESPÉCIES NORMATIVAS
1. Emenda à Constituição
2
No Estado de São Paulo, a Constituição do Estado e as demais leis usam a palavra “artigo” escrita por
extenso e não abreviada, como exige a Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. A Lei
Complementar nº 863, de 29 de dezembro de 1999, que dispõe sobre a elaboração das leis no âmbito
do Estado, não traz a mesma exigência.
4
c) quórum qualificado para aprovação: 3/5 dos membros de cada uma das
Casas onde é votada;
e) temas que lhe são proibidos: a forma federativa de Estado; o voto direto,
secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais.
2. Lei complementar
A lei complementar tem duas peculiaridades: a) as matérias para as quais se
exige lei complementar estão especificadas na Constituição ou na Lei Orgânica; b) o projeto de
lei complementar necessita de quórum qualificado para sua aprovação (maioria absoluta da casa
legislativa). No mais, o projeto de lei complementar segue o procedimento legislativo padrão,
ou seja, o procedimento utilizado para a lei ordinária.
3. Lei ordinária
4. Lei delegada
5. Medida provisória
É de iniciativa exclusiva do Presidente da República. Tem força de lei desde
sua publicação. Em tese, deveria ser utilizada apenas em casos de relevância e urgência. Há
vedação para se utilizar a medida provisória com relação a determinadas matérias:
nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; direito penal,
processual penal e processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
carreira e a garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento
e créditos adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de crédito extraordinário para
atender despesas imprevisíveis e urgentes; detenção ou sequestro de bens, de poupança popular
ou qualquer outro ativo financeiro; matéria reservada à lei complementar ou já disciplinada por
projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente
da República.
O Congresso tem prazo certo para apreciá-la: 60 dias, a contar de sua
publicação, prorrogável por mais 60 dias. Após 45 dias de sua publicação, passará a tramitar
em regime de urgência, sobrestando todas as demais deliberações legislativas do Congresso. A
medida provisória rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo não poderá
ser editada na mesma sessão legislativa.
Se a medida provisória tratar de instituição ou majoração de impostos,
vigorará o princípio da anterioridade, ou seja, deve ser convertida em lei no exercício anterior
ao de sua vigência.
Chama-se “projeto de lei de conversão” a proposição que converte a medida
provisória em projeto de lei.
6
6. Resolução
7. Decreto legislativo
3
FREIRE, Natália de Miranda. A Técnica Legislativa como Objeto da Ciência do Direito. Belo Horizonte,
2001
4
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Técnica Legislativa (Legística Formal). 6ª ed. rev. atual. e ampl. – Belo
Horizonte: Del Rey, 2014.
5
FREIRE, Natália de Miranda. Op. Cit.
8
6
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Op. Cit., p. 179
9
1. A definição do problema
7
http://www.almg.gov.br/opencms/export/sites/default/consulte/publicacoes_assembleia/periodicas/c
adernos/arquivos/pdfs/12/delley.pdf
10
Como técnica para a escolha dos instrumentos, propõe o Prof. Delley que se
estabeleça uma lista a mais completa possível dos instrumentos disponíveis para a solução do
problema e que se faça a escolha com base em critérios de adequação aos objetivos visados
(eficácia), e de viabilidade jurídica, política e financeira.
4. A avaliação prospectiva
A avaliação prospectiva é aquela realizada ainda na fase de planejamento,
antes que a norma inicie seu trâmite legislativo. Objetiva apresentar os efeitos potenciais das
medidas pretendidas, com alto grau de precisão. Ao fazê-la, deve-se levar em conta os efeitos
desejados, o impacto previsível sobre os destinatários e o impacto sobre as demais políticas
públicas. Esta avaliação poderá ser conseguida através de métodos de análise (direito
comparado, obtenção de informações sobre experiências semelhantes em outros países, estados
ou municípios), ou métodos de teste, em que se tenta prever os resultados da intervenção
legislativa, como se já tivesse em vigor, através de métodos estatísticos, ou se lança mão de um
teste prático, com a participação de um grupo de destinatários cujo comportamento frente à
aplicação da norma é analisado.
Uma forma mais avançada de teste legislativo é a legislação experimental.
Edita-se uma lei com limitação temporal e com aplicação territorial restrita. Se não se
alcançarem os resultados esperados, durante o período estabelecido para o teste, a lei não terá
12
sua aplicação ampliada e deverá ser revista. Esse tipo de legislação deverá prever dispositivo
de avaliação de seus próprios efeitos e é indicada para os casos em que os demais métodos de
avaliação prospectiva não produzam resultados efetivos e para medidas claramente avaliáveis.
Definido de forma clara o problema a ser atacado e cuja solução passe pela
elaboração de uma nova norma legal, outras questões se propõem e devem ser respondidas: há
amparo jurídico? é constitucional? há competência legislativa? há poder de iniciativa? a espécie
normativa escolhida é a adequada? pesquisou-se de forma exaustiva a legislação existente sobre
o tema? a lei nova será autônoma ou modificará diploma legal já existente? será necessário
revogar alguma outra lei? haverá necessidade de decreto de regulamentação?
Redigido o esboço do texto legal, a que se dá o nome de anteprojeto,
recomenda-se sua discussão com especialistas das áreas afetas a seu objeto, para dirimir dúvidas
de natureza técnica e também para se avaliarem as possíveis consequências práticas da medida.
O anteprojeto poderá, então, enquadrar-se às normas técnicas pertinentes, chegando à sua
redação final, antes de ser apresentado ao Parlamento, momento em que passará a denominar-
se projeto de lei (ou projeto de lei complementar, ou proposta de emenda à Constituição, ou
projeto de lei delegada, ou medida provisória, ou projeto de decreto legislativo, ou projeto de
resolução, conforme seja seu conteúdo), deflagrando o devido processo legislativo.
No âmbito do Poder Executivo Federal, as questões a serem analisadas
quando da elaboração dos atos normativos constam do Anexo do Decreto nº 9.191, de 1º de
novembro de 2017, que estabelece as normas e as diretrizes para elaboração, redação, alteração,
consolidação e encaminhamento de propostas de atos normativos ao Presidente da República
pelos Ministros de Estado. Este decreto revogou e substituiu o de nº 4.176, de 28 de março de
2002. O referido anexo segue os ensinamentos teóricos da Legística Material e propõe os
seguintes itens a serem analisados, quando da elaboração dos atos normativos: diagnóstico,
alternativas, competência legislativa, necessidade da lei, reserva legal, norma temporária,
medida provisória, oportunidade do ato normativo, densidade do ato normativo, respeito aos
direitos fundamentais, norma penal, norma tributária, norma de regulação profissional,
compreensão do ato normativo, exequibilidade, análise de custos envolvidos, simplificação
administrativa, prazo de vigência e adaptação e avaliação dos resultados.
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1. Parte Preliminar
A parte preliminar serve, segundo Kildare Gonçalves Carvalho, para
identificar a lei na ordem legislativa, tanto no tempo como no espaço8. Na parte preliminar estão
compreendidas a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do objeto e o âmbito de
aplicação das disposições normativas.
Epígrafe é o nome técnico para o título da lei. Exige a L.C. 95, de 1998 que
seja grafada em caracteres maiúsculos e que seja formada pelo título designativo da espécie
normativa, pelo número respectivo e pelo ano de promulgação. O inciso XXVI do art. 15 do
Decreto 9.191, de 2017 acrescenta que a epígrafe deve ser centralizada e não deve ser negritada.
Exemplo:
8
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Op. cit. p. 152
14
9
Manual de redação parlamentar. 2. ed. – Belo Horizonte: Assembleia Legislativa do Estado de Minas
Gerais, 2007. p. 34
15
Quanto ao objeto da lei, é preciso lembrar que, regra geral, cada lei tratará de
um único objeto, exceto as codificações. As matérias contidas na lei deverão estar vinculadas
ao objeto por afinidade, pertinência ou conexão. A lei não poderá conter, portanto, matéria
estranha ao seu objeto. O mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei,
exceto quando a lei subsequente se destine a complementar a lei básica, vinculando-se a esta
por remissão expressa.
2. Parte Normativa
A parte normativa da lei contém as disposições de conteúdo substantivo
relacionadas à matéria legislada. Não é possível estabelecer modelos prévios, mas, embora o
legislador disponha de alguma margem de discricionariedade, a articulação e a divisão do texto
deverão ser feitas de acordo com a natureza, a extensão e a complexidade da matéria. Algumas
regras básicas podem, entretanto, ser estabelecidas, como propõe o Manual de Redação da
Presidência da República:
1. matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas em um
mesmo contexto;
2. procedimentos devem ser disciplinados segundo uma ordem cronológica;
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3. a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir que ela forneça
resposta à questão jurídica a ser disciplinada e não, a qualquer outra indagação;
4. deve-se guardar fidelidade ao sistema escolhido, evitando-se a mistura de
critérios;
5. institutos diversos devem ser tratados separadamente.
3. Parte Final
A parte final do texto legal conterá normas relativas a sua implementação,
normas de caráter geral e transitório, cláusula de vigência e cláusula de revogação.
Embora a L.C. 95, de 1998 não faça referência à cláusula financeira, esta é
exigida em algumas unidades da Federação, como é o caso do Estado de São Paulo onde, em
consequência da exigência contida no artigo 25 de sua Constituição, “nenhum projeto de lei
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que implique a criação ou o aumento de despesa pública será sancionado sem que dele conste
a indicação dos recursos disponíveis, próprios para atender aos novos encargos.”
A cláusula de vigência deve ser indicada de forma expressa, contemplando
um prazo razoável para que se tenha amplo conhecimento da lei. Recomenda a L. C. nº 95, de
1998 que se reserve a fórmula “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação” para leis de
pequena repercussão.
As leis que estabeleçam período de vacância devem usar a fórmula “Esta lei
entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial.”
Caso a lei não traga previsão sobre o termo inicial de sua vigência, segue-se
a regra contida no art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que determina
que “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.”
Deve-se, por oportuno, distinguir entre vigência e eficácia. Dizer que a lei
entra em vigor significa dizer que ela é incorporada ao ordenamento jurídico (vigência), mas
também que ela está apta a produzir efeitos jurídicos (eficácia). A cláusula de vigência tanto
pode fazer coincidir vigência e eficácia, quanto pode dissociar temporalmente os dois eventos.
Assim, a eficácia pode ser concomitante à vigência, como é o caso da fórmula
“Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.” A eficácia pode ser retroativa, ou seja,
anterior à publicação da lei, como na fórmula “Esta lei complementar entra em vigor na data de
sua publicação, retroagindo seus efeitos a 1º de outubro de 2007”, numa lei que foi publicada
em 28 de dezembro de 2007. A eficácia poderá ser diferida, ou seja, os efeitos jurídicos advirão
algum tempo após a publicação da lei, como na fórmula “Esta lei complementar entra em vigor
na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2008” numa lei
publicada em 27 de dezembro de 2007. A cláusula de vigência poderá prever, ainda, que apenas
alguns dispositivos da lei tenham eficácia diferida ou retroativa.
Nas leis que trazem período de vacância, tanto a vigência quanto a eficácia
são diferidas. É a chamada “vacatio legis” ou postergação da produção de efeitos. Determina o
Decreto 9.191, de 2017 o uso da “vacatio legis” em atos normativos de maior repercussão; que
demandem tempo para esclarecimentos ou exijam medidas de adaptação da população; que
exijam medidas administrativas prévias para a aplicação de modo ordenado; ou em que não
convenha a produção de efeitos antes da edição de ato normativo inferior ainda não publicado.
Para estabelecer o prazo da “vacatio legis” recomenda o referido decreto que
se considere: o prazo necessário para amplo conhecimento da norma pelos destinatários; o
tempo necessário à adaptação da administração pública e dos particulares aos novos
19
estabelecer que os itens de determinado anexo têm valor de inciso. Isso pode ocorrer, por
exemplo, na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual. Na Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, as emendas parlamentares apresentadas a esses projetos são
reunidas em anexo específico e referidas na lei como incisos de um artigo determinado. Após a
sanção, o Governador providenciará o enquadramento adequado no interior dos textos ou
anexos das referidas leis.
10
CARVALHO, Kildare Carvalho. Op. Cit. p. 173
21
iniciar com letra maiúscula e se encerrar com ponto final, ou dois pontos, se houver subdivisão
em incisos.
11
Morais, Carlos Blanco. Manual de Legística Critérios Científicos e Técnicos para Legislar Melhor.
Lisboa: Verbo, 2007, 690 p.
22
em que seja necessária a linguagem técnica; usar termos estrangeiros somente em casos
excepcionais (expressões latinas, p.e.), ou quando não houver expressão correspondente em
Português, como é o caso da nomenclatura ligada à inovação tecnológica; grafar o
estrangeirismo em itálico, ou “entre aspas” ou em negrito, opção escolhida pelo Decreto 9.191,
de 2017( art. 15, inciso XXV).
Para ter precisão, o texto legal deve ser coerente. A coerência deve se dar
entre os dispositivos da própria lei (coerência interna) e também entre os dispositivos do texto
legal e os preceitos contidos na Constituição, em outras leis e os princípios do Direito (coerência
externa).
seguinte”, e, quando for o caso, fazer menção exata ao termo ou expressão que é o núcleo da
remissão; explicitar, sempre que possível, o conteúdo do preceito objeto da remissão, de modo
a garantir a maior autonomia textual possível ao dispositivo em que se faz a remissão; evitar a
proliferação de remissões, prejudicial à legibilidade do texto.
O Decreto 9.191, de 2017 adota a seguinte redação para a lei que proponha a
substituição, supressão ou acréscimo de dispositivo a outra lei em vigor: o ato normativo a ser
alterado deverá ser mencionado pelo título designativo da espécie normativa e pela sua data de
promulgação, seguidos da expressão “passa a vigorar com as seguintes alterações”, sem a
especificação dos artigos ou subdivisões de artigo a serem acrescidos ou alterados. Será
utilizada a linha pontilhada para indicar os dispositivos que não terão seu texto alterado. A
utilização da linha pontilhada é obrigatória para indicar a manutenção de dispositivo em vigor.
Se usada para indicar a manutenção do texto do “caput”, deverá ser precedida da indicação do
artigo a que se refere; para indicar a manutenção do texto do “caput” e do dispositivo
subsequente, usam-se duas linhas pontilhadas. A inexistência da linha pontilhada não
dispensará a revogação expressa do dispositivo. Exemplificando:
....................................................................................
XIII - da Justiça;
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....................................................................................
(...)
São atos emanados pelo Chefe do Poder Executivo ou por seus órgãos, com
a finalidade de regulamentar disposições legais. Podem se originar de autoridades, de forma
singular, ou de órgãos colegiados. Ainda reina alguma confusão quanto à finalidade de alguns
desses atos e sua denominação. Principais denominações: decretos, atos, portarias, resoluções,
deliberações, instruções normativas, ordens de serviço.
2. Portarias
2.2 Estrutura
3. Deliberações e Resoluções
3.2 Estrutura
4. Instruções normativas
4.2 Estrutura:
6. Ordens de serviço
6.1 Definição: é o instrumento que encerra orientações detalhadas e
pontuais para a execução de serviços por órgãos subordinados da administração. Assemelha-se
à portaria, possuindo caráter mais específico e detalhista, pois objetiva a otimização e
racionalização dos serviços.
PARTE II
O PROCESSO LEGISLATIVO
I – INTRODUÇÃO
1. Fase de apresentação
2. Fase de instrução
3. Fase de deliberação
4. Fase de positivação
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1. Fase de apresentação
2. Fase de instrução
3. Fase de deliberação
Poder Executivo permanece em silêncio pelo prazo de 15 dias, decorridos os quais considera-
se que a proposição foi sancionada, cabendo ao Chefe do Poder Legislativo proceder à
promulgação da lei.
A sanção, ato opcional do Chefe Poder Executivo, incide sobre o projeto
de lei. É o ato que finaliza o processo de elaboração da lei.
A sanção não precisa ser justificada, mas o veto, sim, devendo ser
comunicado ao Parlamento dentro das 48 horas seguintes ao transcurso dos 15 dias concedidos
ao Chefe do Poder Executivo para se manifestar.
Veto é, pois, a negativa de sanção. O Chefe do Poder Executivo deve
comunicar ao Parlamento as razões pelas quais não sancionou a proposição que lhe foi
encaminhada. Essas razões podem ser de inconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse
público (inconveniência ou inoportunidade). Se o veto for parcial, a parte não vetada é
promulgada e a lei entra em vigor.
Por exigência constitucional, o veto parcial somente poderá abranger texto
integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Não poderão ser vetadas palavras ou
expressões avulsas porque, dessa forma, haveria o risco de o Poder Executivo se imiscuir na
atividade legislativa, deturpando a vontade do legislador e ferindo o princípio da separação dos
Poderes.
Recebidas as razões de veto, reinicia-se o processo legislativo.
Manifestam-se as Comissões Técnicas, não sendo possível, nesta fase, a apresentação de
emendas. Completada a fase de instrução, a proposição vetada é levada novamente à discussão
e votação. Se o veto for mantido, a proposição é arquivada. Se for rejeitado, a proposição será
encaminhada ao Chefe do Poder Executivo para a promulgação da lei. Se esse não a promulgar,
o Presidente da Casa Legislativa o fará e se também ele não o fizer, caberá a missão ao Vice-
Presidente do Parlamento.
4. Fase de positivação
CONCLUSÃO
(*) Graduada em Direito pela UNIFIEO, com especialização em Governo e Poder Legislativo pela UNESP, e em Política Pública Legislativa,
pela EACH-USP; Licenciada em Letras (Português/Espanhol) pela UFMG. Funcionária pública aposentada da Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo - ALESP, dedica-se a ministrar aulas sobre Processo e Técnica Legislativa em cursos de formação de servidores do Poder
Legislativo e demais interessados. Participa do grupo de colaboradores do ILP – Instituto do Legislativo Paulista da ALESP.
(**) Servidora Pública da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP desde 1997, é graduada pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo e tem formação e experiência em moderação, desenho e facilitação de processos em discussão grupal. Ministra
cursos e oficinas de elaboração legislativa para órgãos públicos dos diversos Poderes. Tem atuação na área do direito eleitoral; trabalhou com
monitoramento de projetos e informações estratégicos do Governo Federal; prestou assessoria jurídica e legislativa na Câmara Municipal de
São Paulo e em diversas Prefeituras do Estado de São Paulo. Participa do corpo de colaboradores do ILP- Instituto do Legislativo Paulista da
ALESP.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bohn, Cláudia F. Rivera. Elementos de técnica legislativa teoria e prática. Porto Alegre: Sérgio
Antonio Fabris,128 p.
Campos, José de Queiroz. Como elaborar a lei técnica de redação e linguagem. Rio de Janeiro:
Verbete, 1972, 263 p.
Carvalho, Kildare Gonçalves. Técnica legislativa – Legística Formal. 6ª ed. rev. atual. e ampl. --
Belo Horizonte: Del Rey, 2014, 363 p.
Damião, Regina Toledo. Técnica Legislativa – A Arte de Redigir Leis. São Paulo: Cultura
Jurídica, Cursos e Seminários, 1996
Freire, Natália de Miranda. A Técnica Legislativa como objeto da Ciência do Direito. Belo
Horizonte: Faculdade de Direito da UFMG, 2001, 187p.
Oliveira, Regis Fernandes de. Ato administrativo. 6. ed. ver. atual. e ampl.- São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2014.
São Paulo. Assembleia Legislativa do Estado. Manual de Redação Processo Legislativo. São
Paulo: ALESP/SGP, 1998, 56 p.
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