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Aula - Processo Legislativo

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Aula de Direito Constitucional II

Curso: Direito
Tema: Processo Legislativo
Processo Legislativo
O processo legislativo compreende um procedimento comum ou ordinário e alguns procedimentos
especiais. O processo legislativo compreende um conjunto de formalidades que devem ser
estritamente observadas na elaboração das diversas espécies normativas. Esse conjunto de
formalidades garantem toda a coesão do ordenamento jurídico e são essenciais para a sua
construção. Os procedimentos das espécies normativas estão previstos na Constituição do Estado,
documento que serve de diretriz e dá estabilidade ao ordenamento jurídico.
O processo legislativo está disciplinado em nossa Constituição Federal entre os artigos 59 a 69.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I – emendas à Constituição;
II – leis complementares;
III – leis ordinárias;
IV – leis delegadas;
V – medidas provisórias;
VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
Emendas constitucionais

As emendas constitucionais possibilitam a inserção de acréscimos, supressões ou modificações


do texto constitucional. As emendas constitucionais não se sujeitam à sanção presidencial e têm a
mesma natureza e eficácia das normas constitucionais (MOTTA; 2007).
É um processo legislativo especial e bem diferente do processo legislativo ordinário, apresentado do
tópico anterior. A finalidade de uma emenda constitucional é a revisão da Constituição Federal, porém
sem que as novas normas se distanciem substancialmente do sistema originário adotado pelo
legislador constituinte.
O artigo 60 da Constituição Federal impões todos os limites que devem ser respeitados por um projeto
de emenda constitucional. Ditas limitações podem ser classificadas como expressas ou implícitas.
As limitações implícitas são limites tácitos, deduzidos do próprio texto constitucional. A finalidade dos
limites implícitos é assegurar a efetividade das cláusulas pétreas. Consideram-se como cláusulas
pétreas um núcleo de valores e princípios constitucionais intangíveis e intocáveis.
As limitações expressas são previstas expressamente pela Constituição Federal e sofrem uma
nova divisão, resultando a seguinte classificação: materiais, circunstanciais e
procedimentais/formais. As limitações materiais dizem respeito às cláusulas pétreas ou núcleo
intocável da Constituição, compreendendo a inalterabilidade da forma federativa de Estado; do
voto direto, secreto, universal e periódico; da separação dos Poderes; dos direitos e das
garantias individuais e coletivas. Já as limitações circunstanciais têm a finalidade de impedir a
modificação da Constituição Federal em certas ocasiões excepcionais e anormais do país, como
por exemplo, durante a vigência do Estado de Sítio, do Estado de Defesa ou de Intervenção
Federal. Já as limitações procedimentais dizem respeito ao procedimento adotado para a
realização de uma Emenda Constitucional.

O procedimento de uma emenda constitucional possui uma fase introdutória na qual, somente o
Presidente da República, um terço no mínimo dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal e mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,
podem propor a realização de uma Emenda Constitucional.
O procedimento de uma emenda constitucional também possui uma fase constitutiva na qual haverá
uma deliberação parlamentar e uma deliberação executiva. A deliberação parlamentar consiste num
ato de discussão e votação realizado em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, para a
aprovação de uma emenda constitucional. Ocorrerá a aprovação se, em ambas as Casas do
Congresso Nacional nos dois turnos realizados, o projeto de emenda constitucional receber três
quintos dos votos dos respectivos membros. Na deliberação executiva não há a participação do
Presidente da República, uma vez que o titular do poder constituinte reformador é o Poder
Legislativo. Por derradeiro, o procedimento de uma emenda constitucional também apresenta uma
fase complementar, devendo a emenda constitucional ser promulgada pelas Mesas do Senado
Federal e da Câmara dos Deputados. Já a competência para a publicação da emenda constitucional
é do Congresso Nacional.
Lei complementar e Lei Ordinária

As leis complementares têm sua matéria predeterminada constitucionalmente, ou seja, somente


poderão tratar das matérias que a Constituição Federal determinar serem próprias dessa espécie
normativa (MOTTA; 2007).
A lei complementar é uma espécie normativa prevista no artigo 59 da Constituição Federal que
apresenta um processo legislativo próprio e é utilizada somente em matéria reservada. Assim,
determinadas matérias exigem regulamento especial diferente do previsto constitucionalmente.
A lei complementar difere da lei ordinária materialmente e formalmente. Dessa forma, somente
poderá ser matéria de lei complementar a matéria taxativamente prevista na Constituição Federal. No
tocante à formalidade ressalta-se o processo legislativo, mais especificamente na sua fase de
votação, e o quórum de aprovação da lei complementar é de maioria absoluta (metade mais um do
número total de integrantes da Casa Legislativa). Logo, quase todo o processo legislativo da lei
complementar é idêntico ao ordinário, exceto o quórum de votação. A lei ordinária é aprovada pela
maioria simples (metade mais um dos presentes na sessão).
Medida provisória

Nos casos extraordinários de necessidade e urgência, o Governo poderá adotar, com única e
exclusiva responsabilidade, providências provisórias com força de lei, devendo apresentá-las
imediatamente à Câmara dos Deputados, para sua conversão em lei.
Todo o procedimento para aprovação da medida provisória está transcrito no
artigo 62 da Constituição Federal. A conversão da medida provisória em lei deverá ocorrer dentro de
um prazo de 60 (sessenta) dias. O prazo de conversão da medida provisória em lei terá início na data
da edição da medida provisória.

A votação da medida provisória será feita separadamente em cada uma das Casas e será submetida
ao Plenário das Casas do Congresso Nacional, iniciando-se pela Câmara dos Deputados (artigos 62,
§ 8º e 64, caput, da Constituição Federal).
Antes do exame de mérito da medida provisória, o Plenário de cada uma das Casas do Congresso
Nacional decidirá preliminarmente e por maioria simples, se a medida provisória atende aos
pressupostos constitucionais de relevância e urgência e sobre sua inadequação financeira ou
orçamentária da Medida Provisória (artigo 62, § 5º da Constituição Federal). Caso a Câmara dos
Deputados ou o Senado Federal decidam pelo não atendimento dos pressupostos constitucionais ou
pela inadequação financeira ou orçamentária da medida provisória, esta será arquivada.
Uma vez aprovada integralmente a medida provisória, será convertida em lei e será promulgada pelo
Presidente do Senado Federal remetendo ao Presidente da República que publicará a lei de
conversão.
Lei delegada

A lei delegada é um ato normativo elaborado e praticado pelo Presidente da República, em razão de
uma autorização dada pelo Poder Legislativo. Trata-se de uma delegação da função legislativa
modernamente aceita, desde que com limitações. É um mecanismo necessário para possibilitar a
eficiência do Estado e sua necessidade de maior agilidade e celeridade.
A lei delegada possui um processo legislativo especial. Dessa forma, as leis delegadas serão
elaboradas pelo Presidente da República que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

Uma vez encaminhada a solicitação ao Congresso Nacional, a mesma será submetida a votação
pelas Casas do Congresso Nacional, em sessão bicameral conjunta ou separada, e sendo aprovada
por maioria simples, terá a forma de uma resolução que especificará de forma obrigatória as regras
sobre seu conteúdo e os termos de seu exercício. Nessa etapa o Congresso Nacional poderá
estabelecer as restrições que entenda como sendo necessárias.
Com o retorno da resolução às mãos do Presidente da República, este irá elaborar o texto normativo,
promulgando-o e determinando sua publicação. Caso a ratificação parlamentar não seja uma
exigência, todo o processo legislativo se esgotará no interior do Poder Executivo. Porém, o
Congresso Nacional pode estabelecer na resolução que o projeto elaborado pelo Presidente da
República retorne ao Congresso Nacional para ser votado em sessão única, vedada a apresentação
de qualquer emenda.
Se o Congresso Nacional aprovar o projeto de lei em sua totalidade, o Presidente da República irá
promulgar e determinar a publicação, mas, se o Congresso Nacional rejeitar integralmente o projeto
de lei, este será arquivado, somente podendo ser reapresentado nos termos do
artigo 67 da Constituição Federal.
Decreto legislativo
O decreto legislativo é uma espécie normativa destinada a veicular as matérias de competência
exclusiva do Congresso Nacional, todas elas elencadas e previstas nos artigos 49 e 62 da Constituição
Federal.O processo legislativo de um decreto legislativo deverá ser realizado mediante instrução,
discussão e votação em ambas as Casas Legislativas. Se forem aprovados, serão promulgados pelo
Presidente do Senado Federal, na qualidade de Presidente do Congresso Nacional, que determinará a
sua publicação. O Presidente da República não participa do procedimento.

Resolução
A resolução é um ato praticado pelo Congresso Nacional destinado a regular matérias de competência
do Congresso Nacional, de competência privativa do Senado Federal ou de competência privativa da
Câmara dos Deputados. A resolução gera, em regra, efeitos internos, porém, há exceções nas quais os
efeitos gerados são externos. A resolução destina-se a regular matérias de administração interna, em
regra (MOTTA; 2007). Não chega a ser lei, nem chega a ser ato administrativo, é uma deliberação
político-administrativa que observa o processo legislativo, porém não está sujeita a sanção do Poder
Executivo.
Fonte:

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2014.


MOTTA FILHO, Sylvio Clemente da. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros editores, 2015.

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