Resumos Cidades 2021-22
Resumos Cidades 2021-22
Resumos Cidades 2021-22
2. Expansão urbana
2.1. Crescimento urbano (suburbanização e periurbanização)
2.2. Áreas metropolitanas
Atualmente, a delimitação do espaço urbano é cada vez mais difícil devido ao crescimento das cidades em extensão,
ocupando áreas rurais à volta com habitações e atividade económicas, em resultado do grande aumento da
população urbana e da evolução dos transportes. A distinção entre espaço rural e urbano tende a atenuar-se,
sobretudo nas áreas envolventes dos grandes aglomerados urbanos, devido:
Expansão urbana
Difusão espacial da indústria e dos serviços
Desenvolvimento do comércio e das atividades turísticas
Difusão do modo de vida urbano
Existem, no entanto, algumas características que permitem distinguir o espaço rural do espaço urbano. No quadro
seguinte encontram-se as principais diferenças entre o espaço rural e o espaço urbano.
Critério funcional
Tem em consideração as funções urbanas que servem a população e as áreas envolventes e os setores de
atividade que empregam a população, que devem ser maioritariamente dos setores secundário e terciário.
Muitas das cidades do interior e das Regiões Autónomas, apesar de terem um número de habitantes
relativamente reduzido, têm uma grande influência sobre as áreas envolventes ao oferecerem funções
urbanas importantes.
Critério jurídico-administrativo
Tem por base caraterísticas que justificam o estatuto da cidade, valorizando aspetos históricos, culturais e
outros de interesse nacional presentes no aglomerado populacional, mesmo sem cumprir critérios
demográficos ou funcionais.
Em Portugal são exemplos as capitais de distrito, as sedes de bispado e as cidades criadas por vontade régia,
como forma de incentivar o povoamento, de recompensar serviços prestados ou de garantir a defesa de
regiões de fronteira.
Cidade em Portugal
Atualmente, em Portugal são a Assembleia da República e as Assembleias Regionais dos Açores e da Madeira que
legislam sobre a categoria das povoações (cidade e vila), conjugando o critério demográfico com o funcional e o
jurídico-administrativo (Artigo 13º). A lei em vigor admite também uma ponderação diferente em casos que, por
razões de natureza histórica, cultural e arquitetónica, possam justificar a elevação de uma vila a cidade (Artigo 14º).
Artigo 13º
Demográfico
Uma vila só pode ser elevada à categoria de cidade quando conte
com um número de eleitores, em aglomerado populacional contínuo,
superior a 8000 e possua, pelo menos, metade dos seguintes
equipamentos coletivos:
Funcional
e) museu e biblioteca;
f) instalações de hotelaria;
g) estabelecimentos de ensino, até ao nível secundário;
h) estabelecimentos de ensino pré-primário e infantários;
i) transportes públicos urbanos e suburbanos;
j) parques ou jardins públicos.
administrativo
Artigo 14º
Jurídico-
As povoações que tiveram no passado funções prestigiantes (sedes de bispado, praças militares, funções
administrativas ou jurídicas) e que adquiriram então o título de vila ou de cidade não o perderam, existindo hoje
cidades e vilas com um reduzido nº de habitantes (Ex. Miranda do Douro com 2200 habitantes em 2011).
Em 2018, nas 159 cidades portuguesas
existentes a 31 de dezembro de 2018,
residiam cerca de 4,5 milhões de
indivíduos, o que correspondia a 43,3% do
total da população residente em Portugal.
O número de cidades aumentou significativamente nas últimas décadas, sobretudo nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto.
Figura 2 - As cidades oficiais em Portugal e as suas datas de elevação, NUTS III, 2012
Portugal mais urbano
O indicador vulgarmente utilizado para o estudo do fenómeno urbano é a taxa de urbanização, que indica a
percentagem de população que vive em áreas predominantemente urbana, relativamente à população total.
Apesar do crescimento significativo da taxa de urbanização, Portugal é, entre os países da União Europeia, um dos
que tem menor taxa de urbanização, devido a um processo de crescimento urbano mais tardio relacionado com um
desenvolvimento industrial mais recente e a manutenção da agricultura como principal atividade até à década de
60.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_cidades_em_Portugal
1.2. Organização morfológica do Espaço urbano (Tipos de Plantas)
Conceitos
Morfologia Urbana - Aspeto apresentado por um centro urbano no que diz respeito ao tipo de planta, à tipologia
dos edifícios, à arquitetura e às caraterísticas do lugar onde está edificado.
Planta Urbana - Mapa de grande escala de uma cidade ou parte dela que representa o traçado das ruas, avenidas
e a disposição dos edifícios.
Tipos de plantas
Embora cada cidade apresente uma morfologia própria, existem características comuns entre si relativamente à
forma e organização das ruas. De um modo geral, podem identificar-se três tipos de plantas: a irregular, a
radioconcêntrica e a ortogonal.
Planta irregular
As ruas são irregulares e estreitas, algumas sem saída, terminando em becos e pátios interiores, o que reflete um
crescimento desordenado e espontâneo sem obedecer a um planeamento urbanístico prévio.
As ruas estreitas e o traçado labiríntico dificultam um escoamento rápido do trânsito e muitas ruas dos centros
históricos das cidades tendem a ser fechadas ao trânsito, permitindo uma maior liberdade de circulação dos peões.
Planta radioconcêntrica
Este tipo de planta permite uma fácil circulação, ligando as diversas áreas da cidade sem passar pelo centro e,
simultaneamente, um acesso rápido ao centro.
Os inconvenientes prendem-se com o alongamento dos percursos nas vias circulares, pois as ruas são em arco, e
com a divisão dos terrenos em parcelas irregulares, que dificulta a organização dos espaços construídos e a
construir.
Planta ortogonal
Em muitas cidades é possível encontrar, simultaneamente, vários tipos de plantas. A planta irregular surge
frequentemente no centro antigo da cidade. À volta desse núcleo encontram-se, por vezes, áreas com a forma
radioconcêntrica correspondentes ao alargamento das muralhas nas sucessivas fases do crescimento urbano. Por
fim, nos bairros residenciais mais recentes aparece a planta ortogonal.
As cidades tiveram no seu passado um motivo principal (função) que determinou o seu surgimento e crescimento:
a existência de um rio navegável (função comercial); a presença de indústrias (função industrial); um santuário
(função religiosa); um castelo (função de defesa).
• Função político-administrativa
Muitas cidades constituem centros de decisão política e de gestão e organização dos seus territórios,
nomeadamente as capitais nacionais e regionais. A capital de um país, como é o caso de Lisboa, concentra os
poderes do Estado: o parlamento nacional, os ministérios e outros organismos públicos. No caso das capitais
regionais, a sua função político-administrativa faz-se ao nível da gestão regional, assegurando a ligação entre a
região e os centros de decisão. Algumas cidades foram mesmo criadas para exercer estas funções, como é o caso
de Madrid (Espanha) ou Brasília (Brasil).
• Função defensiva
Até ao século XVIII, devido à necessidade de defesa, foram construídos inúmeros castelos, rodeados por
muralhas, situados em pontos estratégicos, geralmente em sítios elevados, onde as populações se refugiavam
em caso de perigo.
A fixação de indústrias num determinado local (devido à maior facilidade de acesso a matérias primas, água e
energia) vai atrair de mão-de-obra, outras indústrias subsidiárias e serviços complementares (bancos, seguros,
comércio, transportes), favorecendo o crescimento urbano.
Muitas cidades surgiram ligadas a uma função industrial, como a Covilhã, o Barreiro, Marinha Grande ou Paços
de Ferreira.
Barreiro
• Função comercial
Lisboa
Esta função esteve na origem e expansão de muitas
cidades, geralmente situadas ao longo do litoral,
junto de portos naturais, nas margens dos rios
navegáveis ou no cruzamento de estradas e de
caminhos-de-ferro. A facilidade de acesso permitiu
as trocas comerciais e favoreceu o crescimento
urbano. Lisboa exerceu, desde sempre, um
importante papel comercial pela sua posição
estratégica junto ao mar e na parte final navegável
do rio Tejo.
• Função religiosa
• Função residencial
Amadora
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)
FICHA 2 – Plantas Urbanas e Funções Urbanas
A B C
2. As cidades portuguesas da atualidade são o resultado da evolução das várias funções urbanas.
2.1. Defina função urbana.
2.2. Apresente dois fatores que estiveram na origem de algumas cidades portuguesas, dando exemplos.
2.3. Identifique as três principais funções existentes nos perímetros urbanos.
2.4. Identifique uma cidade que se destaque em cada uma das funções apresentadas no seguinte quadro.
Função Cidade
a) Político-administrativa
b) Religiosa
c) Industrial
d) Residencial
e) Cultural
f) Turística
g) Comercial
h) Militar
1.4. Organização funcional do espaço urbano
A distribuição/organização das áreas funcionais é condicionada pelo valor do solo urbano, isto é, pela renda
locativa (custo do solo urbano num dado local) que é muito influenciado pela distância ao centro e pela
acessibilidade.
É, por isso, a área mais atrativa para a localização de atividades terciárias que dependem de uma vasta clientela.
Por ser muito procurada para a instalação comércio e serviços especializadas, que tendem a servir uma vasta
população e que podem pagar rendas mais elevadas, centro é a zona mais cara da cidade.
A forte competição pelo espaço conduz a elevados preços do solo urbano, pois a procura é maior que a oferta.
Frequentemente, ocorrem aqui processos de especulação fundiária (sobrevalorização do custo do solo) pelo
facto de o espaço disponível ser escasso e haver uma procura muito superior à oferta, aumentando ainda mais
a renda locativa.
Acessibilidade
A variação da renda locativa com a distância ao centro não é
uniforme. As áreas afastadas do centro com boa acessibilidade,
interfaces de transportes públicos (metro, comboio, autocarros) ou
junto dos principais eixos de acesso ao centro da cidade,
apresentam aptidão para funções terciárias e registam uma renda
locativa mais alta. Surgem aqui centros comerciais, hotéis, comércio
e serviços especializados.
Existem outros fatores para além da distância ao centro e da acessibilidade que influenciam o valor do solo urbano/
renda locativa:
Condições ambientais – exposição solar, relevo acidentado, a poluição sonora e atmosférica (proximidade
de indústrias), existência de espaços verdes;
Aspetos sociais/urbanísticos – as caraterísticas socioeconómicas da população residente e qualidade
arquitetónica dos edifícios habitacionais e do espaço urbano;
Áreas terciárias
O CENTRO DA CIDADE
A área central da cidade, também designada por CBD (Central Business District), Down Town e em Portugal por
Baixa, apresenta uma elevada terciarização das atividades económicas que aí se desenvolvem.
Independentemente da sua dimensão, as cidades têm um centro onde o comércio e os serviços são atividades
principais. Em muitas cidades este centro corresponde ao centro histórico.
3. Grande acessibilidade
Para o centro convergem os principais eixos de circulação da cidade, o que lhe confere grande acessibilidade e
centralidade. Verifica-se um intenso tráfego de veículos e peões durante o dia e nos dias úteis da semana, em
contraste com o reduzido número de pessoas durante a noite e aos fins-de-semana.
Zonamento horizontal
Sobretudo nas cidades de maior dimensão, como Lisboa e Porto, existem áreas especializadas em termos
de funções terciárias:
Centro administrativo/financeiro (bancos, seguradoras, bolsa de valores, sede de empresas…);
Áreas de comércio, com o comércio retalhista (venda de bens diretamente ao consumidor) nas ruas
mais centrais e o comércio grossista (transação de bens entre o produtor e o retalhista) geralmente
nas margens do centro;
Área de cultura e lazer (hotéis, restauração, teatros, bares…).
Exemplo de uma área especializada é a Avenida da Liberdade e Praça dos Restauradores em Lisboa, com
comércio de luxo (lojas de grandes marcas internacionais) e serviços de nível superior (escritórios de
advogados, instituições financeiras, empresas de consultadoria, hotéis de luxo…).
Comércio a retalho – venda de bens diretamente ao consumidor, em quantidades relativamente pequenas.
Comércio grossista – transação de bens, em grande quantidades, destinados a revenda pelos retalhistas.
A diminuição da acessibilidade nas áreas centrais favorece o aparecimento de novas e modernas áreas terciárias
que passam também a oferecer funções centrais e onde se fixam diversas atividades, como sedes de empresas,
serviços da administração pública, outros serviços e comércio especializado.
Na localização da função terciária passa-se de um modelo monocêntrico (no centro da cidade) para um modelo
policêntrico, com mais de uma centralidade no espaço urbano.
Novas centralidades – áreas de cidade com boa acessibilidade,
maior disponibilidade de espaço, infraestruturas modernas, oferta
de espaços residenciais e empresariais de qualidade, com boa
qualidade arquitetónica e urbanística e boa envolvente
paisagística e ambiental.
Serviços
O aumento e diversificação das atividades terciárias e as novas exigências de espaço e infraestruturas conduziram à
saída de muitos serviços do centro da cidade. Procuram novas localizações, com bons acessos e instalações
adequadas às suas funções, como parques de estacionamento e ligações às diferentes redes de fornecimento de
serviços (energia e telecomunicações).
Surgem, assim, novas áreas de serviços que dispõem também de funções de apoio às empresas, centros de
congressos, hotéis, espaços de restauração, galerias comerciais, etc.
Exemplos:
Parques de escritórios (Office Park) Ex. Lagoas Park e Quinta da Fonte (Oeiras)
Parques tecnológicos (direcionados para a investigação, ciência e tecnologia, com campus universitários,
incubadoras de empresas e serviços especializados de apoio a empresas - que associam empresas e
serviços de apoio a organismos de investigação e de ensino universitário). Ex. Taguspark (Oeiras)
Comércio
Nas últimas décadas verificou-se a expansão de novas formas de comércio, sobretudo estabelecimentos de grande
dimensão, como centros comerciais, hipermercados e grandes superfícies especializadas em produtos de desporto,
informática, telecomunicações, mobiliário, decoração, vestuário e calçado, materiais de construção e jardim, etc.
Estas formas de comércio associam-se, frequentemente, em zonas comerciais com hipermercados, que constituem
lojas “âncora”, restaurantes e outros serviços, como serviços pessoais ou cinemas.
O sucesso destas novas formas de comércio devem-se à acessibilidade, facilidade de estacionamento e maior
mobilidade ao nível das famílias (pelo uso do automóvel), contribuindo também para o aumento do emprego
jovem e feminino.
Medidas de revitalização
Gestão do trânsito, melhoria dos transportes públicos e de espaços de estacionamento.
Criação de áreas pedonais com o encerramento ao trânsito de ruas e praças, permitindo a circulação de peões
em segurança e o surgimento de esplanadas e animação lúdica e cultural de rua.
Programas de reabilitação de edifícios e requalificação de espaços envolventes.
Dinamização de eventos culturais e de projetos que potenciem a afluência de visitantes/turistas
Apoios à instalação de novas funções e atividades de comércio, restauração e lazer.
AS ÁREAS RESIDENCIAIS
A função residencial ocupa a maior parte do espaço urbano e distribui-se por toda a cidade, desde o centro à
periferia. Na distribuição e organização das áreas residenciais existem grandes contrastes que evidenciam as
caraterísticas socioecónomicas da população residente.
O preço do solo urbano, a qualidade ambiental/paisagística e a qualidade urbanística e dos edifícios refletem-se na
individualização de diferentes áreas residenciais ocupadas por grupos socioeconómicos diferentes. Existe uma
segregação espacial nas áreas residenciais, com áreas de grande homogeneidade interna e forte desigualdade
entre si.
1. Classes de maiores recursos
As áreas residenciais das classes mais favorecidas ocupam locais prestigiados em termos sociais, com boa
acessibilidade, boa envolvente ambiental e paisagística (boa exposição solar, vista panorâmica, afastados de
indústrias, com espaços verdes aprazíveis, baixos índices de poluição). Localizam-se em áreas históricas e tranquilas
da cidade ou nas novas centralidades. Os preços das habitações atingem valores elevados.
São constituídas por moradias e apartamentos, com boa qualidade de construção e arquitetura diferenciada, por
vezes em condomínios fechados (com jardim e piscina, que proporcionam segurança, conforto e estatuto social). As
atividades económicas apresentam-se pouco concentradas, correspondendo, quase sempre, a serviços de
proximidade e comércio sofisticado. Ex. Parque das Nações e Restelo.
Surgem também em lugares na periferia da cidade, em áreas de grande qualidade urbanística e paisagística em
termos de espaço envolvente, próximo do campo ou do mar, mas com ligações rápidas à cidade. Ex. Quinta da
Marinha (Cascais).
2. Classes médias
As áreas das classes médias ocupam grande parte do espaço urbano e encontram-se em áreas menos centrais da
cidade ou nas periferias (áreas suburbanas), onde o custo do solo urbano é menos elevado e há oferta de
transportes públicos ou boa acessibilidade rodoviária.
São constituídas sobretudo por prédios de apartamentos (habitação plurifamiliar) com alguma qualidade de
construção e uma arquitetura marcada pela uniformidade. São servidas por atividades terciárias e equipamentos
públicos sociais como escolas, centros de saúde, espaços desportivos, etc.
Áreas suburbanas
O desenvolvimento dos transportes e o uso regular do automóvel particular nas deslocações permitiu que na
periferia das cidades surgissem extensas áreas residenciais, de arquitetura geralmente uniforme, onde residem
as classes médias, sobretudo populações mais jovens. Encontram aqui apartamentos modernos, mais
espaçosos, melhor equipados e com custos inferiores aos da cidade. Há uma tendência generalizada para a
aquisição de casa própria devido ao fraco dinamismo do mercado de arrendamento. A dispersão da residência
acompanha também a dispersão do emprego e da oferta de bens e serviços.
Áreas periurbanas
Verifica-se também uma tendência para uma parte da classe média trocar os apartamentos, na cidade e nas
áreas suburbanas, por moradias nos arredores das áreas suburbanas e em localidades próximas
tradicionalmente rurais, com boas acessibilidades à cidade em resultado da construção de autoestradas e vias
rápidas. O uso generalizado do automóvel permite residir mais afastado do local de emprego, beneficiando de
uma habitação de melhor qualidade e um ambiente mais aprazível.
Bairros de habitação precária – habitualmente designados por “bairros de lata” surgem na periferia das grandes
cidades, com poucas condições de salubridade, sem acesso legal às redes públicas de água, energia e saneamento
básico, em solos ocupados ilegalmente. São habitados por uma população de escassos recursos, baixos níveis de
escolaridade, dificuldades no acesso ao mercado de trabalho, sobretudo imigrantes.
Localizam-se geralmente em solos expectantes (desocupados) das autarquias ou de particulares, muitas vezes sem
aptidão para construção (em leitos de cheia, encostas de grande declive e geologicamente instáveis).
Em Portugal, a habitação precária é residual, tendo sido praticamente erradicada através do realojamento em
bairros de habitação social.
Solos expectantes – espaços desocupados da cidade que podem ter um elevado potencial de
utilização ou transformação.
Bairros de habitação social – construídos pelo Estado e autarquias, destinam-se a realojar população de fracos
recursos, geralmente residente em bairros de habitação precária, ou desalojada por catástrofes naturais,
oferecendo-se um alojamento digno.
São constituídos por edifícios idênticos, de arquitetura simples, construção económica, com apartamentos de
pequena dimensão para albergar um grande número de famílias. Muitos bairros mais antigos e com fraca
qualidade de construção apresentam-se degradados, resultando daí uma perda de qualidade de vida da população
residente que potencia formas de exclusão e segregação social.
Para fomentar a integração e a promoção social da população são oferecidos serviços de assistência social, creches,
escolas, espaços desportivos e de convívio. Atualmente evita-se construir grandes bairros de habitação social,
optando-se pela sua dispersão espacial, em bairros de menor dimensão, e a sua integração em áreas residenciais
das classes médias, como é o caso da Alta de Lisboa.
Bairros de génese ilegal – localizados na periferia das grandes cidades, principalmente de Lisboa e Porto, surgiram a
partir da década de 60, sobretudo depois de 1974. Foram construídos ilegalmente em terrenos sem projeto de
urbanização e durante vários anos não tiveram qualquer tipo de infraestruturas. Atualmente, estes bairros já se
encontram, na sua maioria, legalizados e ligados a redes públicas de água, saneamento básico e fornecimento de
energia. Predomina a habitação unifamiliar própria (Ex. Casal de Cambra, Brandoa, Quinta do Conde, Fernão
Ferro…).
A localização destes bairros está relacionada com a disponibilidade de terrenos baldios, proximidade de áreas de
emprego, infraestruturas de transporte e limites concelhios (com menor fiscalização). Na área metropolitana de
Lisboa apresentam grande dimensão, sobretudo nos concelhos da margem sul do Tejo, onde surgiram extensos
loteamentos em terrenos florestais.
Numa primeira fase, as populações aqui residentes, com empregos precários e mal remunerados, não tinham
possibilidade de acesso a outro tipo de alojamento. Posteriormente, a construção clandestina passou a ser
encarada como uma opção no acesso a uma primeira ou segunda habitação própria, do tipo moradia, e está
relacionada com o aumento dos rendimentos familiares depois de 1974.
A delimitação de áreas residenciais com base nas caraterísticas socioeconómicas dos seus habitantes e a
segregação social do espaço urbano nem sempre é evidente e tem vindo a sofrer alterações:
Nos bairros do centro da cidade assiste-se à mistura de população relativamente jovem e de maiores recursos
(yuppies) com outra mais pobre e idosa. A reabilitação de edifícios degradados, mas de valor arquitetónico e
histórico, atraiu uma população mais jovem e de maior capacidade económica para áreas onde reside uma
população mais pobre e envelhecida, originando a nobilitação e a gentrificação dos centros históricos.
Nobilitação – Revalorização das áreas centrais decorrente da recuperação de imóveis com interesse
arquitetónico e da sua ocupação por população de rendimentos mais elevados.
Habitação de custos controlados - habitações que respeitam as normas de qualidade e segurança evitando-
se gastos supérfluos, facilitando a aquisição de habitação própria a famílias de menores recursos.
AS ÁREAS INDUSTRIAIS
Deslocalização de indústrias do centro para a periferia
A função industrial, que esteve inicialmente associada ao interior das cidades, tem vindo a perder importância e a
ser substituída pela função terciária. A atual dinâmica funcional e a evolução do tecido urbano levaram muitas
indústrias a deixar a cidade devido a fatores como:
A grande exigência de espaço, pela maioria das indústrias;
O elevado preço do solo urbano dentro da cidade e o aumento da pressão imobiliária;
O congestionamento do tráfego no interior da cidade (dificuldades no transporte de matérias primas e
produtos finais, geralmente em veículos pesados e mais poluentes) e dificuldade de estacionamento;
A elevada poluição atmosférica e sonora associada às indústrias, incompatível com a função residencial;
A segmentação do processo produtivo, que permite a separação da gestão e direção da produção, com
relocalização da unidade produtiva na periferia, mantendo-se as áreas de direção, gestão e escritórios na
cidade por serem dependentes de mão-de-obra mais ou menos qualificada;
O desenvolvimento das redes de transporte e comunicação que melhora a acessibilidade em áreas da
periferia.
Os antigos espaços industriais são regra geral, reconvertidos em espaços com novas funcionalidades ligadas à
residência, ao comércio, aos serviços, à cultura e lazer, como é o caso do Parque das Nações. Alguns edifícios
industriais passam a ter novos usos.
1.3. Justifique a existência de locais, mais afastados do centro, onde se regista um aumento da renda
locativa, assinalados na figura por 1.
1.5. Identifique a função urbana que apresenta valores mais elevados de renda locativa.
3.1. Explique a utilização do termo “Baixa” para designar o centro das cidades em Portugal.
3.2. Caraterize o centro da cidade do ponto de vista funcional.
3.4. Apresente outras características da área central ou Baixa das cidades portuguesas.
3.5. Refira os fatores responsáveis pelos elevados valores da renda locativa no centro da cidade.
4.1. Caraterize o zonamento vertical na área central de uma cidade tendo por base a figura apresentada.
5. Leia o seguinte
documento.
5.1. Identifique, de acordo com o documento, dois tipos de funções urbanas localizadas na Avenida da
Liberdade.
5.2. Apresente duas razões que justificam o elevado preço do solo por m2 em avenidas com caraterísticas
semelhantes à da Avenida da Liberdade.
5.3. Refira duas caraterísticas da função residencial nas áreas centrais das cidades, como a de Lisboa.
6. A figura seguinte mostra a localização e os eixos
de expansão do terciário, na cidade de Lisboa.
6.1. Refira as principais vantagens que as novas centralidades proporcionam para a expansão e
descentralização das atividades terciárias do centro da cidade, como o Parque das Nações, em Lisboa.
6.2. Identifique três fatores responsáveis pelo declínio de algumas áreas centrais de cidades portuguesas.
6.3. Enumere algumas medidas que podem ajudar à revitalização dessas áreas centrais em declínio.
6.4. Indique outro tipo de áreas que competem com o centro antigo das cidades.
6.5. Relacione a crescente utilização do automóvel com o aparecimento de centros terciários na periferia das
cidades.
7. As figuras seguintes, A e B, exemplificam dois tipos de áreas residenciais existentes nas cidades.
7.2. Apresente as principais caraterísticas das áreas residenciais como as representadas nas figuras A e B,
em termos de localização, nível socioeconómicos da população residente, qualidade arquitetónicas dos
edifícios e de materiais de construção das habitações.
7.5. Apresente algumas medidas que possam minorar esses problemas mencionados na questão anterior.
8. Leia o seguinte documento.
8.2. Justifique o crescimento da oferta de condomínios fechados no interior da cidade e na sua periferia.
8.3. Apresente três exemplos de condomínios fechados na periferia da cidade de lisboa e justifique essa
localização.
9.2. Apresente o perfil dos novos residentes das áreas centrais das cidades.
9.3. Avalie a importância da nobilitação e da gentrificação na revitalização das áreas centrais antigas.
11.1. Refira os fatores que têm levado à deslocalização da indústria do centro das cidades para a periferia.
11.2. Explique de que forma a criação de parques industriais podem dar resposta à necessidade de
relocalização da indústria nas áreas urbanas.
11.4. Reflita sobre a necessidade de resolver o problema da desocupação das antigas áreas industriais no
interior da cidade, apresentando exemplos de usos que podem ser dados aos antigos edifícios industriais.
EXPANSÃO URBANA
Expansão Urbana
O crescimento espacial das cidades está relacionado com o dinamismo demográfico, económico e a melhoria das
acessibilidades, o que leva à saída de parte da população e das atividades económicas para a periferia.
A expansão da mancha urbana em torno da cidade segue as principais vias de acesso à cidade, numa forte relação
entre o traçado dos eixos de circulação e a densidade da construção (expansão tentacular).
Os fatores que contribuem para a expansão urbana são: o desenvolvimento dos transportes e das vias de
comunicação; as elevadas rendas locativas na cidade; a oferta de habitação mais moderna e barata na periferia; a
oferta de emprego em áreas mais afastadas do centro.
Suburbanização
É o processo de expansão urbana para as áreas periféricas à volta de uma cidade, ocupando as áreas rurais
envolventes com outras funções (residencial, industrial e terciária). O crescimento da cidade para a sua periferia
resulta do(a):
Aumento populacional devido ao saldo natural e/ou migratório;
Elevadas rendas locativas no interior das cidades, o que leva à saída de residentes para a periferia, onde o
custo das habitações é menor;
Surgimento de atividades económicas grandes consumidoras de espaço na periferia das cidades, criando aí
emprego;
Desenvolvimento dos transportes públicos e de vias de comunicação na periferia, o que aumenta a
acessibilidade e diminui os tempos e os custos das deslocações e abre novas frentes de urbanização;
Procura de habitações fora dos aglomerados densos, em áreas com uma boa acessibilidade e que
beneficiem de determinadas caraterísticas ambientais;
Dinâmica da construção civil, quer no parque habitacional quer em espaços destinados às atividades
económicas;
Aumento da taxa de motorização das famílias, com a vulgarização do acesso ao transporte individual, o que
permite deslocações pendulares cada vez mais dispersas e a maiores distâncias.
Subúrbios – área periférica de uma cidade, mais ou menos urbanizada, dependendo funcionalmente da cidade em
termos de comércio, serviços e de emprego. Grande parte da população aqui residente trabalha na cidade,
verificando-se importantes movimentos pendulares entre o local de trabalho ou de estudo, na cidade, e a área de
residência, na periferia.
Em Portugal, o processo de suburbanização foi muito significativo a partir dos anos 50 do século XX, com a
intensificação do êxodo rural sobretudo a partir dos anos 70, responsável pelo aumento rápido da população
urbana nas áreas urbanas do litoral, particularmente em torno de Lisboa e do Porto, em resultado da
industrialização.
Numa fase inicial, os subúrbios cresceram de uma forma pouco planeada, baseada em função residencial
(bairros dormitório), com a construção de blocos de apartamentos em urbanizações de forte densidade de
construção, localizadas essencialmente ao longo das principais vias de comunicação. Núcleos populacionais
próximos, com maior acessibilidade e oferta de habitação a menor custo, foram incluídos nessa expansão
urbana.
Posteriormente, o aumento demográfico e o desenvolvimento das atividades económicas nos subúrbios
(criação de emprego e diversidade de funções) permitiram que muitas áreas suburbanas ganhassem vida
própria. As de maior dinamismo demográfico e funcional foram elevadas à categoria de cidade.
A construção de modernas vias de comunicação para ligar os vários centros urbanos da periferia e o
aumento das taxas de motorização fizeram aumentar as relações de complementaridade e interdependência
e levaram ao aparecimento de novas centralidades na periferia, principalmente no cruzamento das principais
vias de comunicação – processo de urbanização policêntrico.
Mais recentemente, a melhoria das condições de vida das famílias, a opção crescente por habitação própria
unifamiliar e a vulgarização da utilização do automóvel na mobilidade pendular individual originaram um
crescimento urbano extensivo, pouco denso e descontínuo. Assiste-se hoje ao aumento dos perímetros
urbanos, caraterizados pela diminuição da densidade populacional.
Periurbanização e rurbanização
A periurbanização é o processo de expansão urbana para além da cintura suburbana, em espaços rurais
relativamente próximos da cidade.
Nas áreas contiguas à cintura suburbana (áreas periurbanas), para lá da coroa suburbana, vão surgindo funções
urbanas como indústrias e serviços de armazenagem que induzem ao aparecimento de outras atividades e de
áreas residenciais, num padrão de localização descontínua e difusa, intercalado com áreas de ocupação rural.
As áreas periurbanas caraterizam-se pela:
Implantação dispersa/difusa de habitação urbana, unidades industriais e atividades comerciais;
Predomínio de baixas densidades de ocupação do espaço;
Alterações na estrutura fundiária e abandono progressivo da agricultura.
Espaço periurbano – espaço exterior à coroa suburbana, onde os usos e as estruturas urbanas se misturam
com as rurais, não havendo uma distinção nítida entre espaço rural e espaço urbano.
A rurbanização é a deslocação de pessoas e atividades económicas das grandes cidades para pequenas
povoações e/ou pequenas cidades e vilas situadas a maior distância e com caraterísticas marcadamente rurais.
Está ligado ao conceito de êxodo urbano e à procura de espaços com caraterísticas rurais associadas a uma
maior qualidade de vida (proximidade da natureza, tranquilidade, novos valores e tradições de comunidades
mais pequenas…)
Este processo levou ao surgimento das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, que constituem extensas áreas
urbanizadas, dinamizadas pela cidade principal que exerce um efeito polarizador sobre as aglomerações urbanas à
volta. As fortes relações de dependência das áreas suburbanas face à cidade principal evoluíram e transformaram-
se em relações de complementaridade entre as diversas áreas suburbanas, criando novas dinâmicas territoriais.
No interior das duas AM desenvolvem-se atualmente intensas relações de complementaridade. Passou-se de uma
estrutura funcional monocêntrica (centrada na grande cidade) e radiocêntrica (do ponto de vista da rede viária)
para uma estrutura policêntrica em que os diferentes centros urbanos se complementam e se encontram
interligados em termos de rede viária.
Dinamismo Demográfico
Nas últimas décadas, as duas AM aumentaram
a população residente e o dinamismo
demográfico nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto evidencia-se pela elevada
concentração populacional (AML – 25,2%;
AMP – 15,6% da população nacional em 2011).
Em conjunto concentram mais de 40% da
população residente em Portugal, o que
demonstra o seu caráter polarizador.
Evolução demográfica das Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto
Densidade populacional por concelho, nas Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, 2012
A grande concentração populacional resulta de um forte dinamismo económico, oferta de emprego, maior
quantidade e diversidade de serviços e boas vias de comunicação, que atraem a população para estas regiões.
A dinâmica demográfica recente apresenta algumas diferenças entre municípios.
Os concelhos da periferia registaram um maior crescimento demográfico. A melhoria das acessibilidades,
aliada à disponibilidade de espaço para construção e o menor custo da habitação favoreceram o
crescimento demográfico, intensificando os processos de suburbanização e periurbanização. Destacam-se
os casos de Sintra, Seixal e Mafra (AML) e Vila Nova de Gaia, Maia e Matosinhos (AMP).
Os municípios centrais registaram uma perda demográfica. O elevado preço das habitações e do solo
urbano favorecem o processo de terciarização e a saída de população para a periferia, sobretudo
população jovem, levando ao envelhecimento da população. É o caso dos concelhos de Lisboa, Amadora e
do Porto. A estagnação demográfica de alguns concelhos pode dever-se ao facto de já não poderem crescer
muito mais e/ou menor acessibilidade.
No nível etário e grau de instrução, as AM caraterizam-se por uma população mais jovem e, de um modo geral,
mais instruída e qualificada, sobretudo nos concelhos centrais. Este é um ponto forte que torna as AM mais
competitivas em domínios como a inovação cultural, tecnológica e económica.
Dinamismo Económico
As duas áreas metropolitanas apresentam vantagens do ponto de vista físico (localização litoral, com acessibilidade
natural, amenidade do clima, relevo pouco acidentado, sobretudo na AML), demográfico (uma população mais
jovem, instruída e qualificada) e das estruturas produtivas (maior número e diversidade de infraestruturas e
equipamentos, sistema produtivo diversificado, sedes de empresas e organismos internacionais…).
No conjunto concentram cerca de 44% do emprego e produzem quase 42% do PIB nacional. Apresentam um maior
PIB/capita, uma maior produtividade, capacidade para gerar valor acrescentado, maior investimento em Inovação e
Desenvolvimento (I&D) e uma qualificação mais elevada dos trabalhadores, sobretudo na AML.
Embora predomine o setor III, em termos de estrutura do emprego existem diferenças nas duas AM.
Na AML o setor III predomina em todos os concelhos, exceto em Palmela, onde domina o setor II;
Na AMP o setor II predomina em dez dos dezassete concelhos.
Em síntese: As áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto são aglomerações urbanas de grande dinamismo e
polarizadoras do desenvolvimento regional e nacional, constituindo os principais polos dinamizadores da economia
nacional.
A INDÚSTRIA NAS ÁREAS METROPOLITANAS DE LISBOA E PORTO
O dinamismo económico destas áreas deve-se, sobretudo, à atividade industrial que beneficia de algumas vantagens:
Complementaridade entre diferentes ramos industriais;
Existência de infraestruturas e serviços diversos;
Disponibilidade de mão-de-obra (qualificada e especializada)
Acessibilidade aos mercados nacional e internacional.
Tem-se assistido à deslocalização da indústria das cinturas industriais para áreas mais periféricas em resultado da
melhoria das redes de transporte, disponibilidade de espaços bem infraestruturados, proximidade de serviços e
centros de Investigação & Desenvolvimento, incentivado pelas políticas públicas para o ordenamento do território.
A atividade industrial tem vindo a perder emprego e importância relativa devido ao processo de terciarização da
economia, que é aqui mais rápido a acentuado do que no resto do país, mas também devido à reestruturação do
setor e a processos de deslocalização industrial.
Na comparação das duas AM existem algumas diferenças nas caraterísticas da atividade industrial. Na região Norte
predomina a indústria intensiva em mão de obra. Na região de Lisboa tem grande importância a indústria intensiva
em tecnologia.
Indústria na AML
Tecido industrial muito diverso (indústria química, petroquímica, siderúrgica, reparação e construção naval,
farmacêutica, automóvel, mas também indústrias alimentares, bebidas e tabaco);
Predomínio das indústrias de bens de equipamento e de bens intermédios, intensivas em capital;
Utilização de mão-de-obra muito qualificada e especializada;
Maior dimensão das empresas, que apresentam maior volume de negócios e de VAB e níveis de
produtividade mais elevados;
Localiza-se, principalmente, nos concelhos periféricos, num padrão disperso que segue os grandes eixos de
circulação rodoviária e ferroviária (maior disponibilidade de terrenos a preços mais acessíveis e boas vias
de comunicação que garantem numa boa acessibilidade);
Tendência para a associação da indústria aos serviços de armazenagem, distribuição e ao comércio por
grosso, sobretudo em parques empresariais.
A indústria na AMP
Predomínio da indústria de bens de consumo tradicionais e indústrias intensivas em mão de obra ligadas ao
têxtil, vestuário e calçado, madeira, cortiça, com alguma especialização e aposta na criação de marcas para
exportação, sobretudo pela inovação e qualidade do design e dos materiais;
Tendência recente para a diversificação de indústrias, mais baseadas na investigação e tecnologia, com a
aposta na inovação científica e tecnológica, apoiada em alguns parques científico-tecnológicos, como os da
Maia (TecMaia), Santa Maria da Feira (Europarque) e Porto (Parque de Ciência e Tecnologia);
Predomínio de pequenas e médias empresas;
Alguma concentração à volta do concelho do Porto e uma localização dispersa no restante território,
embora com tendência para localizações segundo os principais eixos viários.
1.1. Identifique as duas fases associadas à expansão urbana, transcrevendo as expressões do texto que
as exemplifiquem.
2. Comente a seguinte afirmação: “A dependência das áreas urbanas face à grande cidade diminui à
medida que crescem as relações de complementaridade.”
3. Observe a figura 1.
4.1. Indique, com base no documento, os fatores que conduziram à criação das áreas metropolitanas
de Lisboa e Porto.
4.2. Indique três das atribuições e competências das áreas metropolitanas, segundo a Lei nº 75/2013.
4.3. Justifique a seguinte afirmação: “As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto passaram, em
termos funcionais, de uma estrutura monocêntrica para um sistema urbano policêntrico.”
5. Observe a figura 2.
5.1. Identifique os concelhos que, em cada área metropolitana, de 1991 para 2011:
a) ganharam população
b) perderam população.
5.2. Justifique a evolução registada, em termos de perda ou ganho populacional nesses concelhos.
5.3. Caraterize a população das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto em termos de estrutura
etária e nível de instrução.
5.4. Indique as vantagens que as caraterísticas demográficas poderão representar para as áreas
metropolitanas.
5.5. Justifique a seguinte afirmação: As principais áreas metropolitanas de Lisboa e Porto são os
principais polos dinamizadores da economia nacional.
5.6. Caraterize a atividade industrial nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, apresentando as
principais diferenças.
5.7. Apresente os fatores que justificam a seguinte afirmação: Os municípios periféricos da AML são
os mais atrativos para a indústria.
3. QUALIDADE DE VIDA URBANA
Envelhecimento e solidão
Nas últimas décadas o centro das cidades tem sofrido um esvaziamento populacional contínuo. A saída das
gerações mais jovens em direção às periferias urbanas, onde encontram habitações de melhor qualidade e a preços
mais baixos, tem provocado o contínuo envelhecimento do centro das cidades. Ficam aqui os mais velhos, com
mobilidade reduzida e de fracos recursos económicos. O envelhecimento da população levanta problemas sociais
de abandono e solidão.
Nas áreas suburbanas são as crianças e adolescentes que sofrem outra solidão (a ausência dos pais) ficando todo o
dia ficam entregues a si próprios. Esta forma de abandono reflete-se na indisciplina, no insucesso escolar e no risco
de consumo e dependência de drogas e álcool, podendo gerar situações de delinquência.
A cidade é um espaço onde as pessoas se cruzam, mas raramente se encontram e se conhecem. Este anonimato é
um fator de independência e liberdade, mas também de solidão, acentuado pela ausência de relações de
vizinhança.
Nas sociedades muito urbanizadas, a pobreza e a exclusão social reforçam-se mutuamente: o desemprego gera
pobreza e esta impede o acesso a bens e serviços, contribuindo para a exclusão social.
Insegurança e criminalidade
Num contexto de crise económica, desemprego e degradação das condições socioeconómicas das populações
regista-se maior insegurança dos cidadãos e maiores índices de criminalidade nas grandes áreas urbanas.
As elevadas densidades de construção sobretudo em áreas onde se localizam alguns dos bairros sociais mais
problemáticos, com insuficiente oferta de equipamentos sociais para a integração dos jovens, muitas vezes com
altas taxas abandono escolar, geram situações de marginalidade e insegurança.
Dificuldades de integração de imigrantes e minorias étnicas potenciam problemas de exclusão social.
Ruído e poluição do ar - A poluição sonora e do ar constituem um problema de saúde pública que condiciona a
qualidade de vida das populações que vivem em áreas urbanas.
As principais fontes de ruído relacionam-se com o crescente tráfego rodoviário, com a atividade industrial e
algumas atividades comerciais e de lazer, especialmente no período noturno.
A poluição atmosférica atinge principalmente os grandes centros urbanos e industriais com tráfego intenso
de veículos. A degradação da qualidade do ar afeta a saúde das populações, principalmente a de grupos
sensíveis como as crianças e os idosos.
Impermeabilização dos solos - As construções urbanas levam à impermeabilização dos solos, diminuindo a
infiltração da água das chuvas e a recarga dos aquíferos e, consequentemente, o aumento do escoamento
superficial, potenciador do risco de inundação.
Ocupação de áreas sensíveis - A pressão urbanística e o fraco ordenamento do território levam à ocupação de
solos com elevada aptidão agrícola e de áreas sensíveis do ponto de vista ambiental (zonas ribeirinhas, leitos de
cheia, encostas com elevada inclinação).
Recolha e tratamento dos resíduos - A crescente produção de resíduos urbanos obriga à construção de
equipamentos de deposição e tratamento de lixos e águas residuais (aterros sanitários, incineradoras, ETAR), com
custos elevados.
Falta de espaços verdes e lazer - A forte pressão construtiva aliada ao elevado custo do solo nas áreas urbanas e à
especulação fundiária levaram a uma massificação de construções e à falta de zonas verdes que possibilitem o lazer
e o convívio. Estes espaços são muito importantes na qualidade de vida das cidades:
Utilização como espaços de recreio e lazer, incorporando, por exemplo, equipamentos desportivos e
culturais;
Proteção em relação às infraestruturas de transporte e instalações industriais, atenuando o ruído e retendo
gases, fumos e poeiras;
Melhoria da qualidade estética da cidade pela sua função de embelezamento de ruas, praças, avenidas,
dando-lhes um aspeto mais agradável;
Purificação do ar, absorvendo o dióxido de carbono e libertando oxigénio;
Regularização microclimática, particularmente no Verão, ao amenizar as temperaturas elevadas.
Para poderem desempenhar as suas funções, é necessário que os espaços verdes sejam planeados tendo em conta
a dimensão e as necessidades da população (a superfície verde deve ser proporcional ao número de habitantes,
no mínimo 40m2 por habitante) e distribuir-se de uma forma equilibrada no espaço urbano de modo que toda a
população da cidade tenha um acesso fácil a esses espaços, sobretudo aqueles que são concebidos para uma
utilização diária.
Falta de qualidade urbanística e estética e a degradação dos edifícios - A falta de estética no desenho dos espaços
urbanos construídos e dos edifícios, a degradação de edifícios históricos ou ainda a existência de aparelhos de ar
condicionado nas fachadas dos edifícios, marquises nas fachadas, etc. afetam a imagem da cidade.
3.2. A IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO E ORDENAMANTO DO TERRITÓRIO
O planeamento é um processo essencial na prevenção e
resolução dos problemas urbanos. Partindo do
conhecimento da realidade existente (física e humana),
procura gerir a utilização do espaço de forma
equilibrada, de modo a aproveitar as potencialidades e a
criar condições de vida adequadas.
Em Lisboa e no Porto, a reabilitação urbana tem sido impulsionada pelo investimento em alojamentos
turísticos e pela procura de habitação de luxo, gerando um processo de gentrificação (substituição de
residentes de menores recursos por outros de maior poder económico). Esta mudança poderá
descaraterizar, em termos sociais, os bairros antigos e típicos destas cidades, sendo necessária uma política
urbana que previna este problema.
Requalificação urbana – recuperação de edifícios e espaços urbanos com alteração das antigas funções,
procedendo ao ordenamento das áreas degradadas ou desocupadas, com a redistribuição da população e
das atividades económicas. Pretende-se a valorização do espaço urbano nos domínios urbanístico, social e
ambiental, melhorando a atratividade e competitividade das cidades.
Regeneração urbana - Conjunto de intervenções socio urbanísticas em áreas urbanas marcadas pela
degradação do edificado e do espaço público, pela insuficiência de equipamentos sociais elementares e por
processos crescentes de exclusão social. Foram aprovados vários projetos de regeneração urbana no
âmbito da Política de Cidades POLIS XXI
Para responder aos inúmeros problemas e desafios das áreas urbanas, Portugal tem implementado vários programas
e medidas de apoio, enquadradas por políticas da União Europeia.
Desde 2008, com a iniciativa JESSICA (Joint European Support for Sustainable in City Areas) são utilizadas
verbas dos fundos estruturais, como o FEDER, para apoiar projetos de reabilitação urbana e planos
integrados de desenvolvimento sustentável. Os resultados destes programas são visíveis na recuperação do
património edificado e na dinamização do tecido socioeconómico em diferentes áreas como
Alfama/Mouraria (em Lisboa) e Ribeira e Sé (no Porto).
No âmbito da requalificação
O Programa POLIS (Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades),
criado em 2000, teve como objetivos melhorar a qualidade de vida urbana e a atratividade e competitividade
das cidades, apoiando intervenções urbanísticas com uma forte componente ambiental e/ou patrimonial.
Estas intervenções foram desenvolvidas com base em parcerias entre as autarquias locais e a administração
central, aproveitando os fundos disponibilizados pela UE.
1. Leia a afirmação.
1.2. Explique a importância dos espaços verdes na qualidade de vida das cidades.
1.3. Explique a origem da ilha de calor no interior das grandes cidades.
1.4. Justifique o aumento de situações de pobreza e exclusão social nas grandes cidades.
1.5. Justifique a degradação de muitos edifícios habitacionais nos bairros antigos das cidades.
1.6. Explique a importância do planeamento na prevenção dos problemas urbanos.
5. Leia o seguinte
documento.
5.1. Refira duas possíveis causas do declínio da área central da cidade de Vila Real.
5.2. Apresente as medidas tomadas pela Câmara Municipal para inverter esse declínio.
5.3. Identifique o tipo de intervenção apresentada no documento.
5.4. Explique em que consiste este tipo de intervenção.
5.5. Justifique a implementação deste tipo de ações com vista ao repovoamento das áreas centrais.
Rede urbana ou sistema urbano – corresponde ao conjunto de cidades e suas periferias, integradas num dado
território (à escala regional, nacional ou internacional), que estabelecem relações de dependência e
complementaridade entre si, geralmente com uma certa ordem hierárquica.
Por exemplo, as cidades das AM de Lisboa e do Porto constituem redes urbanas regionais, integradas na rede
urbana nacional, que por sua vez, faz parte da rede de cidades europeias.
Nas regiões autónomas as cidades cresceram a partir de portos marítimos, localizando-se todas junto à costa.
Destacam-se Ponta Delgada (Açores) e Funchal (Madeira) com mais de 100 mil habitantes.
Rede urbana portuguesa segundo a dimensão das suas cidades, em número de habitantes (2011).
População residente nos centros urbanos com 2000 ou mais habitantes em Portugal, em 2011
O processo de urbanização recente conduziu a um sistema urbano caracterizado por quatro tendências:
A estabilização do peso das áreas metropolitanas no total da população residente;
O reforço das cidades médias, com destaque para os centros urbanos do litoral;
A afirmação do dinamismo de alguns centros do interior em contexto de despovoamento rural;
O reforço do policentrismo funcional e da suburbanizalºa0nno intervir das áreas metropolitanas.
Cada cidade apresenta uma área de influência, à qual corresponde uma distância máxima que um habitante está
disposto a percorrer para adquirir, nessa cidade, um determinado bem ou serviço. A área de influência depende
do tipo de produtos e do grau de desenvolvimento dos transportes.
Em termos de tipo de produtos, a área de influência de uma cidade será tanto maior quanto a raridade das
funções que oferece. Os bens de consumo mais raros só aparecem em cidades maiores, onde o número de
habitantes justifique a sua oferta.
Quanto ao desenvolvimento dos transportes e das vias de comunicação, de um modo geral, a área de
influência de uma cidade tende a aumentar com a melhoria da acessibilidade.
A centralidade de um lugar reflete a facilidade de acesso (acessibilidade) e o nível de funções que oferece. Quanto
maior a acessibilidade a um lugar e maior a quantidade e raridade dos bens e funções que oferece maior será a
dimensão da área de Influência e centralidade.
Classificação das funções:
Funções de nível superior – oferecem bens e serviços mais raros e especializados (ex. hospital central,
universidades, centro de investigação); estão presentes num menor número de centros urbanos, geralmente
com dimensão e maior área de influência.
Funções de nível inferior – bens e serviços mais frequentes que necessitam de estar próximo da população (ex.
farmácia, minimercado, padaria); estão presentes em grande número de lugares, com uma menor área de
influência.
Classificação dos produtos e serviços:
Bens centrais – só podem ser adquiridos em determinados locais (lugares centrais); as atividades que os
fornecem classificam-se de funções centrais.
Bens dispersos – que são distribuídos à população, como a água e a eletricidade.
Bens vulgares – de utilização frequente, presentes em muitos lugares, sem exigirem deslocações significativas.
Bens raros – de utilização pouco frequente, presentes apenas em certos lugares, o que exige, geralmente,
maiores deslocações.
Entre cidades estabelecem-se relações de interdependência. As cidades de maior dimensão possuem uma maior
variedade e nível de oferta de bens e serviços (funções) que as mais pequenas não apresentam. Como
consequência, a população residente em cidades menos populosas têm necessidade de recorrer às cidades mais
próximas de maior dimensão para a aquisição de bens e serviços mais raros e especializados, que a sua cidade não
oferece.
Estrutura de fluxos para acesso a funções pouco Estrutura de fluxos para acesso a funções muito
especializadas especializadas
Hierarquia funcional
As cidades enquanto lugares centrais podem ser hierarquizadas de acordo com o tipo de bens que oferecem e as
funções que desempenham. A posição hierárquica das cidades mede-se utilizando vários indicadores: dimensão
demográfica; capacidade para atrair população; importância das funções que contribuem para o seu dinamismo
(ex. função universitária); qualificação da mão-de-obra; relevância das atividades de investigação e
desenvolvimento.
A dimensão demográfica é uma das mais utilizadas. De um modo geral, quanto maior a dimensão de uma cidade
maior será a oferta de bens e serviços, maior a área de influência e maior a sua posição na hierarquia funcional de
uma rede urbana.
Hierarquia dos lugares centrais em Portugal
1º - AM de Lisboa e AM do Porto, com grande número e diversidade de funções e alto nível de
acessibilidade.
2º - Litoral do Norte, Centro e Algarve, com uma boa oferta funcional e acessibilidade média a alta,
destacando-se Coimbra.
3º - Interior Norte, Centro e Alentejo, com menor oferta funcional e acessibilidade média a baixa,
destacando-se Bragança, Viseu, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Évora e Beja.
4º - Regiões autónomas, com fraca oferta funcional, exceto Funchal e Ponta Delgada.
As atividades económicas dos setores secundário e terciário tendem a localizar-se nas aglomerações urbanas mais
desenvolvidas, onde dispõem de mão-de-obra abundante e qualificada e de números serviços, infraestruturas e
equipamentos. As aglomerações urbanas atraem as atividades económicas e estas, por sua vez, contribuem para a
expansão das áreas urbanas, pois criam emprego, atraem população e ajudam a diversificar e a aumentar os
serviços, equipamentos e infraestruturas disponíveis nessas aglomerações.
As grandes aglomerações urbanas permitem à população e às atividades económicas beneficiar do princípio das
economias de escala que consiste na redução do custo unitário de um bem à medida que aumenta a sua
utilização/consumo. No caso das aglomerações urbanas, a aplicação destes princípios designa-se por economias de
aglomeração. A concentração de população e atividades económicas que utilizam as mesmas redes de transporte,
comunicação, distribuição de água e energia, etc. permite minimizar o custo unitário de serviços e infraestruturas.
Deseconomias de aglomeração
As vantagens da aglomeração só se verificam até determinado limite de utilização (ótimo populacional), a partir do
qual a concentração passa a ser desvantajosa. O contínuo crescimento da população e do número de empresas
conduz à saturação dos espaços, equipamentos e infraestruturas que não conseguem responder de forma
adequada à procura de que são alvo.
Os problemas resultantes da excessiva aglomeração de população e atividades refletem-se no aumento dos custos
das atividades económicas e afetam a qualidade de vida da população. Por exemplo:
as filas de espera nos serviços da administração pública, médicos, hospitais, (…)
o congestionamento do trânsito, com grandes custos económicos, sociais e ambientais, afetando a
produtividade das empresas e a saúde às pessoas.
As soluções para estes problemas passam por novos investimentos para melhorar a oferta de infraestruturas,
equipamentos e serviços para responder às novas necessidades, o que implica frequentemente investimentos
demasiado elevados face aos benefícios que daí advêm.
Os efeitos da deseconomia de aglomeração verificam-se em muitos centros urbanos do litoral e podem ser
minimizados com o desenvolvimento de outras aglomerações urbanas não congestionadas. Medidas que possam
atrair habitantes, atividades económicas e criar emprego em áreas não congestionadas permite a redistribuição da
população no território e contribui para um maior equilíbrio da rede urbana nacional.
Os centros urbanos de média dimensão têm um papel fundamental na redução das assimetrias territoriais e na
redistribuição da população e atividades económicas, pois…
Atraem população, atividades económicas e de criam emprego.
Disponibilizam de bens e serviços qualificados em áreas como a saúde, educação, inovação e formação
profissional, essenciais para a qualidade de vida da população e para
o desempenho das empresas.
Beneficiam o espaço rural envolvente, estendendo os benefícios do
seu desenvolvimento às áreas rurais à volta, e dinamizam as
respetivas áreas de influência.
Assim, o crescimento das cidades médias é fundamental para o
desenvolvimento regional e para a coesão territorial.
Um maior equilíbrio territorial exige a reorganização e o desenvolvimento de uma rede urbana policêntrica e
equilibrada, com uma articulação e complementaridade funcional de proximidade entre centros urbanos de
diferentes dimensões.
Nas áreas do interior é necessário investir no aumento da oferta de funções dos centros urbanos ou de eixos
urbanos que possam servir de âncoras de desenvolvimento regional, de modo a afirmarem-se como patamares
intermédios entre as duas regiões metropolitanas e o grande número de centros de nível regional ou sub-regional.
Deve dar-se prioridade aos centros urbanos que, pelas suas estratégias de agregação interurbana e de
especialização económica, têm melhores condições para oferecerem essas funções, tornando-se fundamental
melhorar as acessibilidades dentro das regiões.
Áreas metropolitanas nos países europeus Localização das maiores cidades, em alguns países europeus
A rede urbana europeia carateriza-se por elevados níveis de urbanização, por um padrão de distribuição de cidades
denso e equilibrado, particularmente na região da Dorsal Europeia, e pela metropolização. As grandes cidades são
mais atrativas para o investimento e concentram grande parte da inovação tecnológica.
Em termos de política para as cidades, a orientação da UE vai no sentido da adoção de modelos policêntricos de
desenvolvimento territorial, como forma de aumentar a coesão económica e social da União Europeia.
Internacionalização das cidades portuguesas
Existem vários indicadores para avaliar o nível de internacionalização e a projeção externa das cidades:
A abertura económica ao exterior (expressa pelo valor das importações e exportações e pelo movimento dos
portos e aeroportos), que reflete o dinamismo económico da cidade e da sua região. Lisboa e Porto têm uma
posição modesta. A posição geográfica periférica dificulta a interação com outras cidades e regiões europeias.
A organização de eventos, feiras e exposições internacionais, que reflete o grau de visibilidade das cidades, a
sua capacidade organizativa e a sua capacidade ao nível de equipamentos e das infraestruturas. Lisboa tem
vindo a afirmar-se na organização de eventos de caráter internacional.
A capacidade de atrair sedes de empresas multinacionais, que é pouco significativa em Lisboa e no Porto.
Lisboa é ainda a única cidade portuguesa representada no ranking das melhores cidades para localização de
empresas, embora surgindo a meio da tabela nas melhores cidades europeias para negócios.
As cidades e as áreas rurais são consideradas como espaços complementares, estabelecendo entre si relações de
interdependência.
Tradicionalmente, as cidades necessitam, para o seu funcionamento, de alimentos, matérias-primas, energia, água e
mão-de-obra, fornecidos pelas áreas rurais à volta. Por sua vez, a cidade constitui um lugar central, concentrando e
fornecendo bens, serviços, emprego, informação e inovações às áreas rurais circundantes. Estabelecem-se, deste
modo, relações de troca, isto é, relações de interdependência entre a cidade e o campo, em vários domínios.
Nas últimas décadas surgiram novas interações urbano-rurais, as relações intensificaram-se e tornaram-se mais
complexas:
Mistura de funções urbanas e rurais, sobretudo nas áreas de periurbanização e rurbanização (fixação de
atividades industriais e terciárias);
Surgimento de residências urbanas em aldeias e vilas com caraterísticas rurais (habitação principal ou
secundária);
Serviços de recreio e lazer no espaço rural, destinados sobretudo para os citadinos;
Maior complexidade da mobilidade traduzida num aumento das bacias de emprego e na oferta de emprego
em resultado das empresas que se instalam nas áreas rurais;
As áreas rurais oferecem novos produtos de atividades tradicionais recuperadas e das novas atividades
instaladas.
Os processos de crescente urbanização traduzem-se também na modificação das práticas quotidianas e dos
consumos da população rural, cada vez mais próximos dos da população urbana e motivados por vários fatores:
• Difusão dos meios de informação e comunicação;
• Alargamento das redes de transporte e aumento da mobilidade individual;
• Proliferação das grandes superfícies comerciais nas periferias dos centros urbanos;
• Crescente interação entre a cidade e o espaço rural (aumento da deslocação diária da população rural para
estudar e trabalhar nos centros urbanos) levou à aquisição de referências culturais idênticas às da
sociedade urbana.
Esta nova realidade exige estratégias de desenvolvimento territorial assentes no fortalecimento das parcerias
urbano-rurais, nomeadamente nas dimensões da cooperação funcional e institucional, num novo quadro de
relações entre a cidade e o campo.
As parecerias urbano-rurais:
Envolvem autarquias, empresas, universidades e outras organizações da sociedade civil na definição de
objetivos e formas concertadas de ação comuns, desenvolvendo sinergias que potenciam o
desenvolvimento regional.
Visam alcançar objetivos de desenvolvimento económico e social de uma região, tendo em conta a
proteção dos recursos naturais e do ambiente através de uma gestão eficiente e sustentável dos recursos
naturais, humanos e materiais.
COMPLEMENTARIDADES FUNCIONAIS
O aumento das acessibilidades (com a construção e melhoria das infraestruturas de transporte) tem permitido o
alargamento das áreas de influência das cidades de regiões predominantemente rurais e o acentuar dos
movimentos pendulares, envolvendo os espaços rurais próximos dos centros urbanos.
O reforço das parcerias urbano/rurais pode melhorar a qualidade de vida e aumentar as oportunidades nas
pequenas cidades e áreas rurais, passando por:
• Desenvolver serviços de qualidade nos centros urbanos de pequena e média dimensão;
• Revitalizar, diversificar e valorizar as economias rurais;
• Proteger e valorizar o património natural e cultural;
• Promover a complementaridade de competências e especializações que aumentam a integração e a
competitividade, gerando coesão territorial.
COMPLEMENTARIDADES INSTITUCIONAIS
As relações de complementaridade e cooperação institucional rural/urbano são fundamentais para promover as
especificidades locais e encontrar soluções para problemas comuns.
Apoiadas por fundos comunitários no âmbito de programas regionais, as seguintes iniciativas são bons exemplos de
cooperação rural/urbano:
A iniciativa INTERREG, que envolve regiões fronteiriças afastadas dos principais eixos de desenvolvimento do
país, tem por objetivo promover a cooperação com os espaços vizinhos do lado espanhol através de projetos
comuns de desenvolvimento regional, rural e urbano.
A Iniciativa LEADER apoia o desenvolvimento rural através de Ações Integradas de Base Territorial (AIBT).
A cooperação entre diferentes entidades é fundamental para promover o desenvolvimento regional. A atribuição
de novas competências às regiões, comunidades intermunicipais e autarquias (descentralização das decisões dos
órgãos centrais relativas a um território) é uma forma de reforçar a intervenção e responsabilidade local e regional.
As novas realidades exigem planeamento e articulação entre agentes políticos, económicos e sociais na tomada de
decisões que promovam a coesão territorial.
Síntese:
As áreas rurais, devido ao aumento da acessibilidade, assumem cada vez mais novas funções
complementares das cidades.
A promoção do desenvolvimento equilibrado do território e a correção das assimetrias regionais deve
passar pelo fortalecimento da cooperação entre as áreas urbanas e as áreas rurais.
No planeamento e nas intervenções locais e regionais devem estar envolvidas diferentes entidades,
públicas e privadas, definindo objetivos e formas de ação comuns.
O reforço das parcerias urbano/rurais deve: criar condições de vida e de realização pessoal para a
população que opta por viver nos pequenos centros urbanos ou nas áreas rurais; promover o
desenvolvimento das atividades económicas que potenciem os recursos endógenos.
ESCOLA SECUNDÁRIA BRAAMCAMP FREIRE (2019/2020)
Geografia A 11º Ano (Prof. Ana Vicente)
1. A figura 1 representa a população em lugares com 2000 ou mais habitantes, por NUT III, em Portugal.
3.3. Distinga as cidades de “nível hierárquico superior” das de “nível hierárquico inferior” no que respeita ao tipo
de funções exercidas, aos bens que oferecem e à área de influência.
3.6. Explique de que forma o reforço da acessibilidade entre centros urbanos de uma região poderá promover a
complementaridade interurbana.
4.2. Defenda a ideia expressa no primeiro parágrafo do documento, referindo o papel das cidades médias no
desenvolvimento regional.
4.3. Explique a importância do desenvolvimento das cidades médias para o equilíbrio do território nacional.
4.6. Apresente as vantagens das cidades médias relativamente às cidades de grande dimensão.
4.8. Explique a importância que o PROSIURB teve na dinamização das cidades médias.
4.9. Indique outro programa importante para a dinamização das cidades médias.
5. Considere o documento seguinte.
5.2. Relacione a especialização de Lisboa em serviços financeiros de apoio à produção com a sua posição no
sistema urbano nacional.
5.4. Aponte duas medidas que permitam afirmar a posição internacional das maiores cidades portuguesas.
5.5. Apresente formas de promover no exterior as restantes cidades portuguesas e as respetivas regiões.
6.1. Explicite a primeira frase do documento, identificando os fatores que explicam “os novos tipos de relações”
de complementaridade entre as áreas rurais e as áreas urbanas.
6.2. Dê exemplos de novas funções complementares das cidades, desempenhadas mais recentemente pelas
áreas rurais.
6.3. Explique a importância do desenvolvimento dos transportes nas modificações da estrutura das relações
urbano-rurais.
6.4. Enuncie medidas que conduzam ao reforço das parcerias entre as cidades e o mundo rural.