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Administracao Publica Comparada

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Sistema de Administração Publica Comparada

Comparative Public Administration System

Route Gonçalves Calisto

Correio eletrónico: routecalisto@yahoo.com.br

Resumo
A reforma administrativa e a implantação de um novo modelo de administração pública parece ser um tema
recorrente tanto para os governos quanto para os estudiosos da administração pública. Metodologia: O artigo
em causa ira observar busca de conteúdos em várias fontes com mais foco a pesquisa bibliográfica. Fontes
estas que abordam esta temática em sua totalidade e outros conteúdos bibliográficos eletrónicos em formato
pdf conforme citam (Gil, 2007), e o manual de normas de publicação de trabalhos que ajudaram a enriquecer o
conteúdo e estrutura do presente trabalho. O artigo inicia com os tipos de dominação, que são a base para o
desenvolvimento e consolidação de cada um dos modelos. Em seguida, são apresentadas as principais
características dos modelos de administração e seus impactos.

Palavras-chave: Administração Publica. Estado. Reforma Administrativa.

Abstract
Administrative reform and the implementation of a new model of public administration seems to be a
recurring theme for both governments and public administration scholars. Methodology: The article in
question will observe the search for content in various sources with more focus on bibliographic research.
These sources that address this topic in its entirety and other electronic bibliographic content in pdf format as
mentioned (Gil, 2007), and the manual of standards for publishing works that helped to enrich the content and
structure of this work. The article begins with the types of domination, which are the basis for the
development and consolidation of each of the models. Next, the main characteristics of the administration
models and their impacts are presented.
Keywords: Public Administration. State. Administrative Reform.

1. Introdução
A administração pública comparada pode ser entendida como a comparação dos funcionamentos de
uma estado e outo. O estudo nos permite identificar a importância da Administração Pública no
cotidiano do cidadão, para alem disso, nos mostra como a Administração pode prejudicar a
colectividade quando age de forma a beneficiar determinados grupos tendo a “pessoalidade” como
critério na tomada de decisões. Nos mostra os benefícios que uma Administração Pública consciente
e “actualizada” pode trazer para a população a qual administra.
A revisão conceitual de características marcantes dos modelos administrativos também nos permite
identificar o quão é importante termos uma Administração que evolua em suas acções sem perder, é
claro, sua característica principal que é ser pública.

2. Administração Publica
Freitas do Amaral (2006), define a Administração Pública em sentido orgânico como sendo
“um sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado bem como das demais pessoas
coletivas públicas, que asseguram em nome da coletividade a satisfação regular e continua
das necessidades coletivas de segurança, cultura e bem-estar”
Segundo o mesmo autor, Administração Pública é a atividade típica dos serviços públicos e
agentes administrativos no interesse geral da coletividade, com vista a satisfação regular e
continua das necessidades coletivas de segurança, cultura e bem-estar, obtendo para o
efeito os recursos mais adequados e utilizando as formas mais convenientes”.
Regra geral, a administração publica, e tida como o conjunto de órgãos, serviços e agentes do estado
que procuram satisfazer as necessidades da sociedade, tais como: educação, cultura segurança,
saúde, dentre outras áreas. Portanto a administração pública e a gestão dos interesses públicos por
meio da prestação de serviços públicos.
No entendimento do Governo de Moçambique e como definido no seu Plano Estratégico de
Desenvolvimento da Administração (PEDAP, também conhecido por ERDAP, 2011-2025 a
Administração Pública é “um conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes do Estado,
bem como das demais pessoas coletivas públicas que asseguram a prestação de serviços públicos
ao cidadão” (MAE, 2011).
Em Moçambique, a administração pública, através dos respetivos serviços públicos é o instrumento
através do qual o estado materializa a vontade dos cidadãos. Com efeito, os artigos 249 e 250 da
CRM, e respetivos números, estabelecem que a administração pública serve o interesse público e na
sua atuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Os seus órgãos obedecem à Constituição e à lei, e atuam com respeito pelos princípios da igualdade,
da imparcialidade, da ética e da justiça. Ainda, a administração pública estrutura-se com base no
princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos
seus serviços sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direção do Governo.
Segundo Nyakada (2008) a lógica da Administração Pública apresenta-se disposta da seguinte forma:
 No periodo colonial assistia-se a um sistema de administração com marcas iminentemente
patrimoniais,
 No período após independência e antes da assinatura do Acordo Geral da Paz, a
Administração Publica era marcadamente burocrática,
 Nos nossos dias, tem se visto o desencadear de uma série de reformas convindo tornar a
Administracao Pública menos onerosa e mais eficiente, reformas estas que são uma marca
da Nova Gestão Pública ou Administração Gerencial.

2.1 A Administração Pública Pós Independência Nacional

Com a proclamação da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, nasceu a República Popular


de Moçambique, e entrou em vigor a nova Constituição da República Popular de Moçambique
definindo como um Estado de Democracia Popular, onde o Poder passou a pertencer aos operários e
camponeses.
Para atingir novos objectivos, era necessário empreender uma profunda transformação dos métodos
de trabalho e de estruturação do aparelho do Estado, a fim de proporcionar a criação de novos
esquemas mentais e regras de funcionamento. A administração pública devia ser um instrumento
para a destruição de todos os vestígios do colonialismo e do imperialismo, para a eliminação do
sistema de “exploração do homem pelo homem”, tanto para a edificação da base política, material,
ideológica, cultural e social da nova sociedade”.

Para isso, foi aprovado o primeiro instrumento normativo para organizar a Administração Pública, o
Decreto nº. 1/75 de 27 de Julho, que definia as principais funções e tarefas do Aparelho de Estado
Central.
Com base no Centralismo Democrático, os Órgãos Centrais do Aparelho de Estado deveriam aplicar
os seguintes princípios:

 Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica e Administrativa;


 Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;
 Observância permanente da legalidade;
 Participação nas tarefas de defesa, segurança e vigilância popular; e
 Participação organizada das massas nas tarefas estatais.

Com a proclamação da Independência Nacional em Moçambique, a Administração Pública associou-


se ao modelo socialista, para suprir a necessidade da máquina administrativa, com a escassez de
mão-de-obra qualificada e neste contexto foram recrutados muitos moçambicanos para integrarem
o Aparelho do Estado, outros para gerirem empresas que haviam sido abandonadas pelos
respectivos proprietários.

Um movimento similar de transformações seguiu-se nos anos 80, que culminou com a realização do
IV Congresso da Frelimo, em Abril de 1983, dando um marco importante para a mudança do sistema
político de governação e a substituição do modelo de desenvolvimento com base na economia
planificada para a economia de mercado em Moçambique.
2.2 Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 90 e de 2004
A revisão da Constituição teve um marco importante, com a sua aprovação em 30 de Novembro de
1990 o que terá trazido várias modificações no seio da Administração Pública, porque foi nesse
período em que o sistema de economia centralmente planificado conheceu os seus últimos
momentos, marcando nova era do pluralismo político e da economia do mercado em Moçambique.
Após as primeiras eleições gerais e multipartidárias em 1994, o Governo saído vencedor (Frelimo)
deu iniciam ao processo de reconstrução nacional, face as consequências funestas trazidas pela
guerra civil que durou dezasseis anos, daí que as eleições multipartidárias trouxeram uma mudança
política significativa no contexto da democratização em Moçambique, dando uma efectiva
implantação de um Estado de Direito.
A Constituição da República de Moçambique de 2004, passou a ser constituído pelo Conselho de
Ministros, da qual o Presidente da República é quem preside, seguido do Primeiro-Ministro e outros
Ministros. No entanto podem ser convocados para participar em reuniões do Conselho de Ministros
os Vice-Ministros e os Secretários de Estado e que na sua actuação, o Conselho de Ministros observa
as decisões do Presidente da República e as deliberações da Assembleia da República.
Das tarefas encarregues ao conselho de Ministros destacam-se:
 Assegurar a Administração do País;
 Garantir a integridade territorial;
 Velar pela Ordem Pública, Segurança e estabilidade dos cidadãos;
 Promover o desenvolvimento económico e social;
 Desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país.
Em suma a Administração Pública a luz da Constituição de 2004, tem em primazia servir os
interesses públicos e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Igualmente os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei, baseando pelos
princípios de igualdade, imparcialidade, ética e justiça patente no art. 249 da Constituição da
Republica de Moçambique.

2.3 Administração Pública Comparada


A administração pública, por seu turno, “pode ser definida objectivamente como a actividade
concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses colectivos e
subjectivamente como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício
da função administrativa do Estado.”
A administração pública comparada deve ser entendida aqui como o domínio do saber que compara
padrões de administração pública entre diferentes Estados-nação. Nesse sentido, busca estudar as
semelhanças e diferenças entre várias unidades de análise, nos níveis da organização, da gestão e da
política, com o propósito de se criar uma base de conhecimento institucionalizado que possa auxiliar
a tomada de decisão Heredia e Schneider, (2003).
A alegação de Dahl (1947), a respeito disso tem servido para incutir a abordagem comparada como
uma dimensão requerida da Administração Pública, para resistir à prova da validade universal.
Ampliando os requisitos teóricos da disciplina além dos estudos de comparações culturais e
nacionais, o autor estava chamando a atenção para o fato de que cada país reflete em sua política e
em sua cultura institucional os impactos acumulados de seus episódios históricos, tradições, glórias
e desastres nacionais.
Observa-se que os teóricos da administração pública, no passado, se preocupavam em focar os seus
estudos nos fenómenos administrativos dentro do seu próprio país, no quadro do seu sistema
político-administrativo específico. Esse contexto foi profundamente alterado com a globalização,
que trouxe no seu bojo uma maior discussão dos problemas administrativos e das soluções
encontradas, bem como uma ampla difusão dos estudos sobre o tema, em especial, os relatórios e
trabalhos elaborados pela OCDE, FMI, BIRD, American Society for Public Administration e European
Group for Public Administration.
A globalização fomentou as mudanças na teoria e na prática da administração pública, abandonando
as tendências paroquiais que têm permeado a ciência da administração nos diferentes países
(Khator e Garcia-Zamor, 1994).

2.3.1 Natureza da administração comparada


Podemos iniciar a nossa definição da natureza da administração pública comparada pelo processo
de dissociação; isto é, separando a administração comparada de certos assuntos ou setores com os
quais, na interpretação popular, é ou pode ser relacionada. Cumpre, em primeiro lugar, salientar
que administração comparada não é idêntica a governo comparado.
Nem deve confundir-se, a administração comparada, de um lado, com a administração internacional
ou com relações internacionais, de outro. O estudo da administração e das relações internacionais
implica, sem dúvida, em muitos assuntos e problemas que são idênticos aos da administração
comparada; mas as duas vastas áreas de investigação não devem ser confundidas. Essa distinção
entre as duas matérias tornar-se-á ainda mais clara no decurso de nossa argumentação.
O estudo da administração comparada deve, pois, iniciar-se com a investigação cuidadosa e
completa de cada particular sistema administrativo que se deseja, afinal, compreender pelo
processo de confronto ou comparação. Deduz-se daí que a pesquisa ou investigação constitui o
ponto central dos estudos da administração comparada e, ainda, que a pesquisa elementar deve se
revestir de caráter monográfico e deve dedicar-se aos problemas fundamentais da administração
nacional.

2.4 Modelos de Sistema de Administração


2.4.1 Administração pública patrimonial
Para Weber (1999), no patrimonialismo não existe uma distinção entre a esfera privada e a oficial,
tal qual na burocracia. A administração é tratada como assunto pessoal do senhor e o exercício do
poder político é parte integrante de seu patrimônio pessoal.
De acordo com Costin (2010), na administração patrimonialista o patrimônio do rei se confundia
com o patrimônio público, já que o Estado era considerado propriedade do rei.
Nesse tipo de administração, os funcionários devem satisfação total ao rei, príncipe ou senhor. A
finalidade que se busca é a satisfação dos interesses do soberano e não o interesse público ou o bem
comum. Por isso encontramos esse modelo com mais frequência nos Estados absolutistas e com o
passar do tempo ele foi dando lugar a um modelo mais racional, em que o aparato administrativo
volta-se para os interesses do Estado e não para os interesses do soberano.
Nesse modelo, a ocupação dos cargos públicos ocorre por decisão do senhor, utilizando critérios de
parentesco, amizade e troca de favores. Os nomeados são pessoas de confiança, que podem ou não
possuir a qualificação necessária para o exercício da função pública. E por estarem a serviço do
soberano, os funcionários não se preocupam em prestar bons serviços à população.

2.4.2 Administração pública burocrática


A administração pública burocrática apresenta-se como reação ao nepotismo e ao subjetivismo,
característicos do patrimonialismo, e ganha importância em função da necessidade de maior
previsibilidade e precisão no tratamento das questões organizacionais (Aragão, 1997).
O desenvolvimento industrial e capitalista deu-se no seio de dois dos principais tipos de organização:
as empresas e o Estado. Nesse processo, verificou-se que a continuidade do crescimento dependia
da capacidade de organização da atividade humana e da estruturação das empresas e do próprio
Estado na forma de organizações burocráticas (Motta, 2004).
De acordo com Costin (2010), a administração burocrática tem como princípios básicos o
formalismo, a impessoalidade, a hierarquização e o controle rígido de meios. Entre os principais
aspectos da moderna burocracia destacam-se: hierarquia de cargos e sistema de carreiras, estrutura
impessoal de autoridade, competências dos cargos ordenadas por meio de regras e regulamentos,
separação clara entre o público e o privado, ocupação dos cargos baseada na qualificação técnica e
especialização, sistema remuneratório fixo e de acordo com a responsabilidade do cargo (Weber,
1999).
O sistema remuneratório é um grande diferencial entre os modelos patrimonialista e burocrático,
pois o funcionário deixa de receber favores e presentes do senhor e passa a ter direito a uma
remuneração baseada nas suas atribuições e responsabilidades (Weber, 1999).
Em suma, a sociedade também ganha com a mudança, pois os agentes do Estado são regularmente
remunerados por suas atividades e não necessitam mais cobrar propinas e presentes dos cidadãos
para realizar suas obrigações. Para Weber (1999), um dos pressupostos sociais e econômicos da
burocracia é o desenvolvimento da economia monetária, uma vez que os funcionários passam a
receber uma remuneração em espécie.

2.4.3 Administração pública gerencial


De acordo com Abrúcio (1997, p. 6):
“o Estado de Bem-Estar Social tinha como objetivo primordial a produção de
políticas públicas na área social (educação, saúde, previdência social,
habitação etc.) para garantir o suprimento das necessidades básicas da
população”.
As crescentes dificuldades econômicas obrigaram os países a repensarem o papel do Estado na
economia e a reduzirem os gastos públicos na área social (Abrúcio, 1997).
De acordo com Rua (1997), as crises econômica e fiscal foram controladas mediante a adoção dessas
iniciativas. Porém, a crise de governabilidade fez com que as mudanças se estendessem ao modelo
político-administrativo.
A tendência neoliberal que toma conta então das principais economias do planeta enfatiza a
necessidade da redução do tamanho do Estado e da alteração de suas estruturas organizacionais.
Fortalece-se a ideia de que o modelo burocrático do setor público é ineficiente e passa-se a falar em
um novo modelo, denominado pós-burocrático (Aragão, 1997).
De acordo com Torres (2004), a administração gerencial nasce nas experiências da Inglaterra, com a
ascensão de Margareth Thatcher em 1979 e, nos Estados Unidos, com Ronald Reagan, a partir de
1980, com a preocupação fundamental de redução dos custos e o aumento da eficiência da
administração pública.
Porém, a implantação do novo modelo não ocorre de forma homogênea, pelo contrário, cada país
tem uma experiência própria de reforma do aparelho estatal, de acordo com a sua história e cultura
administrativa.
O novo modelo não rompe totalmente com o modelo burocrático. Muitas das características da
burocracia são preservadas, tais como: estruturação de carreiras, mecanismos de proteção dos
servidores contra perseguições políticas, estruturas de controle interno e externo, procedimentos
estruturados para compras e contratação de serviços e elaboração e manutenção de documentos
oficiais (Costin, 2010).
Torres (2004), também salienta que o modelo gerencial torna a administração pública mais
compatível com técnicas inovadoras da administração de empresas. Nesse modelo, o controle é
baseado nos resultados e o foco é o cliente/cidadão. A melhoria da qualidade na prestação dos
serviços públicos, tendo como objetivo beneficiar o cidadão, é uma das grandes mudanças
promovidas pelo novo modelo.
De acordo com Rua (1997), o modelo gerencial puro foi importado diretamente do setor privado e,
por ser totalmente apolítico, mostrou-se inadequado para a administração pública. Esse modelo
caracteriza-se por ter uma concepção estritamente econômica baseada na eficiência operacional,
avaliação de custos e benefícios, busca pela maior produtividade e completa separação entre
política e administração.
A ênfase na eficiência pode ter como resultado direto a diminuição dos custos dos serviços, porém,
pode levar a uma indesejada redução da qualidade desses mesmos serviços. Por isso as variáveis
econômicas não devem ser os únicos meios para a avaliação dos serviços prestados pela
administração pública.

2.5 Apresentação, análise e discussão dos resultados


2.5.1 Impactos do modelo Patrimonial
Este tipo de administração aprenta uma característica, sendo ela a manutenção de um aparato
estatal em que não há preocupação com custos, eficiência ou com a prestação de serviços para a
população. O Estado existe para atender o soberano e uma elite de privilegiados que obtém seu
poder e renda a partir do patrimônio do próprio Estado.
O patrimonialismo resulta em uma privatização do aparelho do Estado, que deixa de servir ao
interesse coletivo para atender ao interesse de poucos. Enquanto isso, a população pobre e
trabalhadora paga impostos e não recebe em troca os benefícios advindos do desenvolvimento
econômico do país.
É praticamente impossível a existência de controle social nesse tipo de administração, uma vez que
não existem normas com essa finalidade e o cidadão não tem a quem recorrer para exigir bons
serviços. Os excluídos, que são a maior parte da população, praticamente não participam das
decisões públicas e recebem poucos serviços do Estado.

2.5.2 Impactos do modelo Burocrático


No que diz respeito ao presente modelo, constata-se que este possibilitou a descentralização
administrativa, que se materializou pela criação de órgãos e entidades com atribuições próprias e
equipes especializadas. O impacto social resultante foi o maior acesso da população aos serviços
públicos, advindos da racionalização dos métodos de trabalho, padronização de processos e
igualdade de tratamento.
A oferta de serviços públicos passa a ser maior, o acesso aos serviços é tratado como direito de
todos e não mais de uma elite privilegiada, como ocorria no modelo anterior. O Estado passa a
contratar pessoas com base na meritocracia e a fornecer serviços padronizados, voltados para o
atendimento das necessidades coletivas.
2.5.3 Impactos do modelo Gerêncial
Referente ao modelo gerencial, percebe-se que os impactos sociais resultantes da implantação deste
modelo, basearam-se na preocupação com a oferta de serviços públicos de boa qualidade e a busca
por maior eficiência. Os serviços passaram a ser periodicamente avaliados pelos usuários, que
também podem obter informações a respeito dos padrões de desempenho esperados e custos de
cada serviço.
Outro ponto, aponta para as parcerias, com entidades da iniciativa privada e com organizações não
governamentais, destinadas para o desenvolvimento de atividades não exclusivas do Estado
propiciou maior concorrência entre os fornecedores de serviços e a busca por qualidade e
efetividade. Além disso, o governo passou a se preocupar mais com a transparência e com o
controle social exercido pelos cidadãos.
2.5.4 Impactos dos modelos administrativos em Moçambique
Moçambique adotou nos últimos quarenta anos dois modelos de Estado antagónicos sendo, um de
caráter socialista e princípios centralizadores (1975 a 1987) e outro de natureza capitalista e
princípios liberais (1987 a atual). Dada a diferença nas concepções e orientações sociopolíticas e
econômicas desses dois modelos de Estado, consequentemente a dinâmica do funcionamento da
administração pública tem refletido na prática e muitas vezes de forma paradoxal as influências e
padrões desses modelos instituídos.
Era um modelo de Estado em que do ponto de vista político, era dirigido através de um regime de
governo de partido único a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) que dominava o
executivo e controlava todo o processo de produção de leis dentro do legislativo. Do ponto de vista
administrativo era um Estado caracterizado por uma administração pública altamente burocrática
que concentrava todo o poder decisório e autoridade administrativa nas estruturas centrais do
governo.
O Estado socialista estava essencialmente voltado para a criação dos alicerces para a criação do
Estado “novo” independente que, segundo argumentam Plank (1991) e Soiri (1999), seria
administrado a partir de programas e práticas de gestão centralmente definidas e planejadas.
O modelo de administração pública fundamentado nos ideais do socialismo tinha como um de seus
objetivos principais o resgate da identidade do povo moçambicano e o estabelecimento de uma
estrutura política e administrativa que estivesse ao serviço dos interesses da respetiva sociedade.
Desta feita, os modelos de Estado e da administração pública inaugurados no período pós-colonial,
propuseram-se a alterar a ordem política e social anterior e, introduziram, assim, uma reforma
burocrática sustentada nas concepções do sistema socialista cujo objetivo central era suplantar as
práticas de gestão parciais do regime anterior e promover a instauração de uma administração
pública que estivesse verdadeiramente ao serviço do interesse nacional.

3. Conclusão

As reformas ocorridas na administração pública em diversos países, inclusive Mocambique não


ocorreram por acaso. Elas revelaram a necessidade de mudanças no modelo de administração para
atender as necessidades dos cidadãos do Estado contemporâneo. Observou-se que para mudar, é
preciso conhecer as alternativas existentes, seus pontos fortes, pontos fracos e dificuldades
enfrentadas por quem já implantou a mudança. Ao analisar os diversos modelos, também é possível
avaliar a opção por uma mudança radical, que provoque uma ruptura com as práticas vigentes ou
pela adoção de reformas incrementais, que apresentem pequenos avanços cumulativos. Percebeu-
se que alguns autores afirmam que não se pode avaliar as reformas administrativas em termos
absolutos de sucesso ou insucesso. Excetuando-se as tentativas que não chegaram a produzir efeitos
legais, cada uma das reformas introduziu algum elemento novo que veio se agregar às práticas
vigentes. No que diz respeito a Moçambique, concluiu-se que as práticas de gestão dos últimos anos
têm contribuído para o fortalecimento das capacidades administrativas do setor público e superação
dos limites estruturais e organizacionais, ainda que de forma inicial, fato que permite que a
descentralização e modernização seja atualmente uma possibilidade real. Para o efeito torna-se
fundamental consolidar e fortalecer os diferentes mecanismos de gestão já institucionalizados e
voltados para a materialização das mudanças em curso, sobretudo no nível local onde os desafios da
gestão são ainda maiores. E para fazer face a esta situação o Governo aprovou uma estratégia de
longo prazo, a Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025
(ERDAP), com objectivo fundamental de continuar com as reformas, de forma mais integrada nas
actividades do sector público

Referências Bibliográficas
Abrucio, F, L. (1997). O impacto do modelo gerencial na administração pública: um breve estudo
sobre a experiência internacional recente. Brasília: Cadernos ENAP.
Araújo, V, C, de. (2002). A conceituação de governabilidade e governança, da sua relação entre si e
com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho. Brasília: ENAP.
Bandeira, P. (1999). Participação, Articulação de Atores Sociais e Desenvolvimento Regional. Brasília:
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Barbosa, R. T. O, de. (2012). As nuances da reestruturação produtiva na administração pública. VIII
Seminário do Trabalhador e VI Seminário “O trabalhador em debate”. UNESP – Franca, SP.
Dahl, R. (1947). A Ciência da Administração Pública. Oxford: Westview Press,.
Ministério da Função Pública. (2012). Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração
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Journal of Modern African Studies.

República de Moçambique. (2006). Programa da Reforma do Sector Público -II Fase (2006-2011).
Autoridade nacional da Função Pública. Maputo, Moçambique.

Soiri, L. (1999). Moçambique: Aprender a caminhar com uma bengala emprestada? Ligações
entre descentralização e alívio à pobreza. Maastricht: European Centre for Development
Policy Management.

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