Penetração Mercatil Europeia
Penetração Mercatil Europeia
Penetração Mercatil Europeia
Trabalho de História
Tema:
Penetração Árabe Persa
Penetração mercantil Europeia
Turma: CCS
Discentes:
Isaac Manuel Tomás
Delfina Domingos
Minora Horácio
Osvaldo Genito
Docente: Creva
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Penetração mercantil estrangeira: penetração árabe-persa (séc. IX-XVI)
Desde sempre, Moçambique foi um país rico em diversidade cultural e recursos naturais, por
essa razão, foi palco de intercâmbio entre povos oriundos de várias partes do mundo. Assim,
penetração mercantil estrangeira é o período em que as relações entre as comunidades
moçambicanas e outros povos se traduziram em trocas comerciais a partir das quais se verificou
uma penetração estrangeira gradual em todas as esferas da vida daqueles, no período que se
estendeu desde os anos 800 até 1886 (séc. IX-XIX). Estas relações conheceram duas etapas: a de
Penetração mercantil afro-asiática e a de Penetração mercantil Europeia e a Indiana.
É preciso destacar 3 fases ou ciclos de penetração mercantil, de acordo com os produtos mais
traficados, a saber:
– A partir de então, entrou em vigor o Comércio de Oleaginosas, que se iniciou em 1860, onde
amendoim e o gergelim eram vendidos a partir de casas comerciais e feitorias da Ilha de
Moçambique, Quelimane, Inhambane, Lourenço Marques e Ibo.
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Zanga até Kambala (Congo) e Sufalh”. A principal mercadoria era o ouro e o marfim. No século
X (ano de 930), instalaram-se na costa africana, refugiados árabes criando as cidades mercantis
de Bravo e Mogaxo (Somália).
Locais de Fixação
Os árabes foram os primeiros povos estrangeiros que chegaram a Moçambique no séc. IX,
provenientes da Pérsia (península arábica), ou seja, do Golfo Pérsico e fixaram se
primeiramente na região costeira, concretamente na Ilha de Moçambique e Quelimane, e mais
tarde, a partir do século XIII maior número de asiáticos fixaram-se em entrepostos comerciais na
costa oriental africana no vale do Zambeze e no planalto do Zimbabwe.
Inicialmente essas populações estabeleceram-se nas Ilhas de Zanzibar e Pemba. No século XIII
os árabes fixaram-se em entrepostos comerciais por eles fundados ao longo da costa, tais como
Quíloa, Mombaça, Sofala e Mogadíscio. Estabeleceram-se na costa para poder controlar o
comércio com o hinterland e se defenderem das tribos continentais.
Numa segunda fase os árabes penetraram no interior de Moçambique, após terem sofrido um
bloqueio económico em Sofala levado à cabo por mercadores portugueses. Angoche passou a
servir de feitoria para trocas comerciais com o rio Zambeze como rota mercantil pela qual se
escoavam os produtos do hinterland para a costa donde partiam para Arábia Saudita. Assim,
surgiu o comércio à longa distância.
Comércio
Geógrafos referem que no séc. X (943 n.e) desenvolveu-se um comércio activo nas terras de
Sofala (Zanj).Al–Massudi por exemplo viajante e geógrafo que descreveu sobre o comércio de
Sofala.
Portanto, a actividade mercantil asiática na conta norte de Moçambique teve início por volta o
séc.IX.
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O ouro era usado para o pagamento das especiarias na Índia com as quais a burguesia local
conseguia entrar no mercado europeu de produtos exóticos. Moçambique passou a constituir a
principal reserva de meios de pagamento de especiarias (pimenta, canela, etc.).
NB: No séc. XII, indonésios juntaram-se aos árabes comerciando com os povos do litoral,
trocando produtos orientais por ouro, marfim, pele de leopardo, carcaça de tartaruga, âmbar
cinzento e alguns escravos. Indianos e chineses também frequentaram a costa oriental
africana. Portanto, a actividade mercantil asiática na costa norte de Moçambique teve início por
volta do século IX. Relatos de viajantes e comerciantes árabes apontam Sofala como tendo sido o
limite extremo ao sul, visitado por mercadores proveniente do Golfo Pérsico e da Península
Arábica, muito antes da chegada dos portugueses nos finais do século XV.
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Os árabes usufruíram-se de vários factores de ordem técnica, geográfica, económica e
ideológica, uma das suas grandes motivações para proclamar e espalhar a sua fé, a fé no islão.
a) A desertificação das terras no país de origem e o superpovoamento - tornaram a vida das
populações difícil, obrigando-as à migração e exercício de comércio internacional.
Fatores Económicos
Os árabes tanto em ouros tempos, como na actualidade, foram sempre bons comerciantes.
Moçambique no século VIII, apresentou-se como um bom mercado tanto para a venda de
produtos asiáticos como para a compra de produtos africanos.
Factores Ideológicos
Um dos pressupostos da expansão árabe para alguns consiste na expansão do islamismo a fim
de cativar e converter mais fiéis. Este fenómeno expansionista conheceu a sua fase forte de
expansão logo após a ascensão de Maomé. Neste sentido, os árabes expandiram-se para
Moçambique também com a motivação de difundirem o Islão.
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Os contactos ao longo da costa e suas repercussões
Desde o século IX, marcas da presença árabe na costa oriental moçambicana são evidentes. Esta
presença foi movida essencialmente pela vontade de fazer comércio. Populações oriundas do
Golfo Pérsico estabeleceram-se principalmente na Ilha de Moçambique e em Quelimane.
A nível político
Emergiram e desenvolveram-se unidades políticas nas costas de Cabo Delgado e de Nampula
com sistemas políticos árabes. Tais unidades políticas foram os Sultanatos de Angoxe e
os Xeicados de Sangage, Quitangonha e Sancul.
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Importa realçar também a Dança Tufo, praticada e executada com mestria na província de
Nampula, sobretudo nas regiões costeiras como Morna, Angoxe, Ilha de Moçambique, Mossuril,
Nacala Porto entre outros locais. Outras evidências de penetração árabe encontram-se nos nomes
das pessoas, particularmente na zona costeira moçambicana onde existem nomes como Atumane,
Mussa, Saide, Ornar, Gulamo, Cassamo, Patel, entre outros.
Este período da presença árabe (Primeiro) em Moçambique foi interrompido pela chegada dos
portugueses, nos finais do século XV. Dois séculos mais tarde viu-se um renascimento da
presença árabe, precisamente em fins do século XVII e princípios do século XVIII. Neste
período, foram tomadas as cidades que se encontravam sob o domínio português, como por
exemplo, Mombaça.
Nos finais do século XV, após cerca de cinco séculos de presença árabe em Moçambique, iniciou
uma nova vaga de mercadores estrangeiros – os mercadores europeus, em particular,
portugueses. Ao longo de quase quatro séculos os portugueses estiveram envolvidos no comércio
de ouro com os shona do estado dos Mwenemutapa, de marfim com os Marave e de escravos
com as formações políticas do Vale do Zambeze e os reinos afro-islâmicos da Costa. Será, pois,
em torno deste processo que iremos nos debruçar ao longo desta lição.
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acção premeditada que levou os portugueses a Moçambique, pois foi na busca do caminho
marítimo para Índia que pararam casualmente no nosso país.
No início do século XVI, o interesse dos portugueses pelo comércio levou-os a iniciar o processo
da sua fixação no território. Pelo que em 1505 fixam -se em Sofala e em 1507 na Ilha de
Moçambique.
A fixação dos portugueses em Sofala e Ilha de Moçambique tinha por finalidade assegurar o
controlo das rotas comerciais.
Esta fixação provocou tensão entre os árabes e os próprios portugueses pelo controlo do
comércio, mas até finais do século XVI os árabes detêm a supremacia no comércio com os
shona.
A reacção dos árabes à fixação portuguesa em Sofala e Ilha de Moçambique foi a abertura de
uma nova rota comercial dos Mwenemutapa para Angoche, o que levou, em 1511, a um ataque
português, mal sucedido, que não foi capaz de pôr termo às actividades árabes no sultanato,
continuando a fazer comércio com os Mwenemutapa.
Até 1530 os mercadores portugueses tentaram, sem êxito, lutar, não só contra o bloqueio que
lhes foi movido pelos árabes que transformaram Angoche num novo centro de escoamento de
ouro, mas também contra o bloqueio de certas dinastias shona à passagem das mercadorias da
costa para o interior. Só a partir desta data é que os portugueses decidiram penetrar no vale do
Zambeze a fim de ir ao encontro das fontes de produção, construindo feitorias em Tete e Sena
(1530) e Quelimane em 1544. Tratava-se, agora, não da tentativa de controlo das vias de
escoamento de ouro, mas do acesso as zonas produtoras.
Neste período, inicial, a penetração portuguesa no interior tinha em vista montar um sistema de
alianças com as classes dominantes locais, de forma a criar condições favoráveis da actuação do
capital mercantil.
Numa primeira fase a aliança visava eliminar a concorrência dos mercadores árabes e conseguir
o reconhecimento do capital mercantil português como único parceiro no comércio.
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Mesmo após a resistência árabe ter sido neutralizada, a aliança com a aristocracia shona, se bem
que tenha sido num contexto diferente, permaneceu uma necessidade estratégica.
Neste processo a ajuda militar concedida pelos portugueses ao Mwenemutapa parece ter
desempenhado um papel de relevo face à insurreição interna liderada por Matuzianhe, que se fez
cabeça de todos os levantamentos, intitulando-se rei de Makaranga.
A cedência de Gatsi Lucere iniciou uma fase de aliança entre os shona e os portugueses.
Entretanto nem todos os integrantes da corte eram favoráveis às concessões feitas aos
portugueses. Assim quando Caprazine, da facção que se opunha aos interesses portugueses,
subiu ao trono em 1627, tentou retirar os privilégios destes.
A posição do novo rei em relação aos portugueses levou a que este fosse, por estes, deposto e
substituído por uma pessoa mais disposta a preservar os interesses dos portugueses – Mavura.
Em 1629 Mavura foi baptizado com o nome de Dom Filipe e declarou-se vassalo de Portugal.
Assinou um tratado que garantia aos portugueses a livre circulação de homens e mercadorias,
que se achavam isentas de qualquer tributo; a obrigatoriedade de Mwenemutapa consultar o
capitão português de Massapa antes de tomar qualquer decisão; a permissão para os mercadores
entrarem na corte de Mwenemutapa sem respeitar o protocolo e a autorização para a construção
de igrejas.
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Mais ainda nos finais do século XVII uma guarnição de 50 soldados portugueses passou a residir
no Zimbabwe do Mwenemutapa. Estavam deste modo estabelecidas formalmente as relações de
dependência do Mwunemutapa para com os portugueses.
O Processo de Mineração
O trabalho de mineração era geralmente organizado no quadro das relações de parentesco e da
divisão das tarefas no decorrer do processo produtivo fazia-se de acordo com esse quadro. Eram
sobretudo mulheres e crianças que trabalhavam nas minas ou, pelo menos, cabiam-lhes as tarefas
mais duras e perigosas, nomeadamente a de penetrar nas escuras galerias à procura de ouro. O
trabalho nas minas provocou a fuga de comunidades inteiras, particularmente nas áreas mineiras.
Entretanto, o capital mercantil, apesar dos aluimentos e das fugas de comunidades, submetia
cada vez mais a produção ao valor de troca, numa sociedade em que antes predominara a
produção de valores de uso.
Portanto as pessoas passaram a ser obrigadas a dedicar mais tempo a mineração em prejuízo das
actividades viradas para a subsistência.
Outra consequência do comércio do ouro é que ele despoletou lutas clânicas pelo controle do
comércio com os portugueses, visto tratar-se de uma fonte de obtenção de bens de prestígio. As
distensões internas que culminaram com a aliança dos Mwenemutapa aos portugueses, iniciando
a desintegração do estado tinham como principal motivação o controle do comércio do ouro.
A penetração mercantil portuguesa levou também ao surgimento de novas unidades políticas cuja
classe dominante era formada por mercadores portugueses estabelecidos como proprietários de
terras, que haviam sido doadas, compradas ou conquistadas (PRAZOS).
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A Rebelião de Changamire Dombo em 1693
Em 1693, como resultado do descontentamento que se instalou no estado perante o novo quadro
criado pelo acordo de 1629, Changamire Dombo, a convite do mwenemutapa Nhacunimbite
encabeçou um levante armado que levou a derrota dos portugueses e sua expulsão do estado.
Com estes acontecimentos terminava a fase do ou territorialmente ro e iniciava a do marfim.
Paralelamente, a dinastia dos Changamire impôs o seu poder alargando, o estado e substituindo a
velha dinastia dos Mwenemutapa. O novo Mambo colocado no poder ficou proibido de reatar as
relações comerciais com os portugueses. Marcando-se desta forma o fim do ciclo do ouro.
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Conclusão
Com este trabalho conclui-se que a penetração mercantil árabe e portuguesa em Moçambique
colocou em contacto as comunidades de Moçambique e os árabes. Como é natural, desse
contacto resultaram influências mútuas nas formas de vida económica política e sócio-cultural. O
comércio entre os árabe-persas e os povos africanos, envolvia sobretudo o ouro adquirido em
terras africanas em troca de bens de prestígios (panos de seda, objectos de vidro, missangas,
cobres, bebidas alcoólicas e outras bugigangas) e especiarias.
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Referências bibliográficas
MINEDH. Módulo 6 de História: Os estados em Moçambique e a Penetração Mercantil
Estrangeira. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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Maputo, 2000.
KI- ZERBO, Joseph. História de África Negra. Mira Sintra, Publicações Europa – América; Vol.
I, 3ª ed. 1999.
NEWITTI, Malyn. História de Moçambique. Edição, Publicações Europa – América, 1997
SOUTO, Amélia de Neves. Guia Bibliográfico para Estudante de História de
Moçambique. (200/300-1930), Maputo, 1996.
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