Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Contrarrazoes

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 12

AO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL, FAZENDAS PÚBLICAS, REGISTROS PÚBLICOS

E AMBIENTAL DA COMARCA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS/GO.

PROCESSO N° 0456092-05.2011.8.09.0168

O MUNICÍPIO DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS/GO, devidamente


qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seus
procuradores, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, dentro do
prazo regulamentar, apresentar CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO, interposta pela
parte adversa, igualmente individualizada, nos termos de fato e de direito a seguir
aduzidos:

Nesses termos, pede deferimento.


Águas Lindas de Goiás/GO, 07 de março 2022.

Marianna de Moura Novais


Procuradora Geral do Município
Decreto nº 003/2021
OAB-GO 56.917

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
EXMO. SR. DES. PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE GOIÁS.

CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO

PROCESSO N°: 0456092-05.2011.8.09.0168

APELANTE: ZUCLEIDE ROGRIGUES NOGUEIRA


APELADO: MUNICÍPIO DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS/GO

EGRÉGIO TRIBUNAL,
INCLITOS JULGADORES,
ILUSTRE RELATOR,

SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de Ação de Resolução de Contrato combinada com Cobrança


proposta por Zucleide Rodrigues Nogueira e Ana Luiza Rodrigues de Oliveira em
face do Município de Águas Lindas de Goiás.

As requerentes são herdeiras de Renato Alves de Oliveira, o qual prestou


serviços na Prefeitura Municipal e, pedem a condenação do Município das verbas
rescisórias de Renato, após o encerramento do vínculo.

Ao apresentar sua peça defensiva, este ente fazendário argumentou que a


ação encontra-se prescrita, nas formas bienal e quinquenal. Desse modo, relatou

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
que as supostas verbas devem versar apenas ao ano de 2013, pois as demais já
haviam sido prescritas

Transcorrida a marcha processual, o Douto juízo a quo entendeu por


condenar o Município a pagar a segunda Requerente, Ana Luiza a quota parte do
direito de herança da menor, o compreendido entre o ano de 2009 ao ano de 2013.
Assim, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido.

Irresignado, a autora interpôs o presente recurso de apelação.

DA TEMPESTIVIDADE

De início, compete-nos assinalar que a intimação pessoal desta


municipalidade para responder a presente demanda se deu por meio eletrônico em
05/04/2021.

Vislumbra-se que a presente manifestação é tempestiva, devendo os


fundamentos de fato e de direito nela aduzidos serem levados em consideração por
esse insigne Tribunal.

DA FALTA DE PREQUESTIONAMENTO

A Apelante não ofereceu prequestionamento.

Pois bem Excelências,

No caso combatido, temos que a tese da apelante não merece prosperar,


devendo ser mantida a r. sentença quanto ao ponto do inconformismo da Apelante.

A Apelante alegou que demandou a resolução das verbas trabalhistas pela


via administrativa, porém, foi atendida com a resposta de que somente poderiam ser
pagas as dívidas trabalhistas à Apelante na certeza de que esta tinha vínculo

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
jurídico com o obreiro. No caso em tela, a união estável ainda não havia sido
reconhecida.

Logo, afirma que protocolou um requerimento administrativo, conforme


arquivo anexo à exordial datado de 26/10/2016. Assim, reclama pela suspensão do
prazo prescricional embasada no art. 4º do Decreto 20.910/32, que positiva:

Art. 4º Não corre a prescrição durante a demora que, no estudo, ao


reconhecimento ou no pagamento da dívida, considerada líquida,
tiverem as repartições ou funcionários encarregados de estudar e
apurá-la.
Parágrafo único. A suspensão da prescrição, neste caso,
verificar-se-á pela entrada do requerimento do titular do direito
ou do credor nos livros ou protocolos das repartições públicas, com
designação do dia, mês e ano.

Sustenta que o prazo deveria ter sido suspenso em dezembro de 2013,


ocasião em que ajuizou a ação de reconhecimento de união estável e tentou a
resolução pela via administrativa.

Portanto, apesar de afirmar que foi até as repartições públicas, a Apelante


não apresentou nenhum documento que corroborasse que tenha realmente
comparecido ao ente público, para que tivesse sido formalizado o ato de suspensão
da prescrição. À vista disso, o prazo prescricional não foi suspenso e se findou no
dia 14/07/2015, sem nenhuma entrada de requerimento formal, datado, protocolado
no órgão competente.

Assim, conforme a sentença do juiz a quo, afirmou que a prescrição do art. 7º,
XXIX da CF se coaduna com o art. 1º do Decreto 20.910/32 o que corrobora com a
prescrição antes da data do ajuizamento da ação.

Perda do direito da Apelante sem que houvesse nenhuma suspensão de


prazo, haja vista que o requerimento foi protocolado após a data limite da
prescrição.

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
Destarte, na época dos fatos, a Apelante não tinha nenhuma relação jurídica
com o falecido, que passou a ser reconhecida a união estável somente em
30/08/2016.
Entretanto, caso a Apelante realmente tenha comparecido nas repartições
públicas – não tendo se desincumbido do ônus da comprovação de sua alegação –
e, tenha sido negado o pagamento das verbas trabalhistas, justifica-se pelo fato de
que não havia como a Administração Pública ter ciência da relação (convivência) da
Apelante com o ex-servidor. O que tão somente foi corroborado com a sentença que
reconheceu a união estável entre ambos, publicada após o fim do prazo
prescricional.

Assim, após o falecimento do obreiro, o ente público não poderia, nem


deveria fazer qualquer pagamento a qualquer um que lhe aparecesse, sem saber ao
certo a quem lhe é devido.

DA PRESCRIÇÃO BIENAL

Compulsando os autos, verifica-se que a Apelante não faz jus ao


recebimento das verbas rescisórias conforme pleiteado em sua exordial, sendo que
tal entendimento foi adequadamente convalidado pelo Douto juízo a quo por meio da
sentença proferida (mov. 36).

Nessa toada, os argumentos utilizados pelo recorrente em seu apelo não


deverão ser considerados, tendo em vista que a legislação que rege a matéria não
se alterou. Tal como, não há novos embasamentos jurídicos capazes de
desconstituir o julgamento explanado pelo nobre juízo de primeiro grau.

A Carta Magna dispõe o prazo prescricional bienal a partir da data da rescisão


do contrato de trabalho, ou seja, neste caso, após a data do falecimento de Renato
no dia 15/07/2013. Assim, a data máxima para o ajuizamento da ação era
14/07/2015, contudo, a Apelante incorreu na prescrição descrita no artigo
constitucional que expressa, in verbis:

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho;

Aqui, a legislação se adéqua com a sentença do juiz de primeiro grau, o qual


negou provimento ao pedido da ora Apelante, a pagar as verbas trabalhistas a
primeira Requerente, senhora Zucleide.

A aplicação do prazo bienal também corrobora com o princípio da supremacia


do interesse público sobre o privado, haja vista que o prazo com 02 (dois) anos de
prescrição, é mais benéfico à administração pública do que o prazo quinquenal
previsto no Decreto 20.910/32.

Ainda, segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, o decreto


que regula a prescrição quinquenal é inconstitucional por contrariar Carta Magna na
sua forma bienal de prescrição. Logo, observa-se o dispositivo:

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até


que outra a modifique ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Contudo, nada disse a Apelante no tocante à prescrição bienal, mas, tão


somente alega na suspensão do prazo prescricional quinquenal, prevista no Decreto
20.910/32.

Assim, considerando o princípio da eventualidade, caso o douto Juízo


considere a forma de prescrição bienal, disposta na Constituição Federal, esta
municipalidade pugna pela improcedência da apelação combatida.

DA PRESCRIÇÃO TRIENAL

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
É evidente a antinomia entre as normas que regulam o prazo prescricional.
Assim, restou à doutrina e à jurisprudência definir qual o dispositivo a ser aplicado,
com a finalidade de resguardar a segurança jurídica.

Em observância ao princípio da supremacia do interesse público sobre o


privado, em caso de ação de particular contra a fazenda pública, considera-se a
aplicação do prazo de prescrição trienal, prevista no art. 206 §3º do Código Cívil.
Assim, rege o julgado do Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás:

Todavia, não obstante tais normativos continuem em vigor no


ordenamento jurídico, com o advento do Novo Código Civil, a
aplicação destes ficou restrita somente para as hipóteses em
que o prazo para os particulares for igual ou superiora este,
pois, do contrário e, em prol do princípio da supremacia do
direito público sobre o privado e do princípio da razoabilidade,
deve-se-á considerar, o prazo de prescrição trienal, previsto no
art. 206, §3º, II, do Novo Código Civil.1

Também é firme tal entendimento no Superior Tribunal de Justiça, da


aplicação do prazo prescricional em 03 (anos), pela regra do Código Civil ao
contrário do que dispõe o Decreto 20.910/32:

A esse respeito, frisa-se que, no âmbito desta Corte Superior, foi


pacificado o entendimento no sentido de que aplica-se o art.
206, 3º, inc. V, do Código Civil de 2002, em detrimento do art. 1º
do Decreto n. 20.910/32, em relação às pretensões de reparação
civil contra os entes públicos sempre que assim determinarem a
regra de transição e/ou a data de ocorrência do fato danos.2

Também nesse sentido, há o precedente do STJ:

Apesar do princípio da especialidade nos levar a aplicação da lei


especial em detrimento da geral, o próprio legislador no Decreto
n. 20.910/32, previu, expressamente, que, no caso de eventual
existência de prazo prescricional menor a incidir em
determinadas situações específicas, o prazo quinquenal seria
afastado nesse particular.
O Superior Tribunal de Justiça unificou, através das usas duas
Turmas de Direito Público, o entendimento de que o prazo
prescricional de três anos relativo à pretensão de reparação civil –

1
TJGO - 2 Câmara Cível 173776-47.2009.8.09.0051, Relator: Dr(a). Amaral Wilson de Oliveira. Apelaçã o
Cível. Acórdão.:10/08/2010. DJ 650 de 27/08/2010
2
STJ – Resp n. 1251993/PR, Relator Min. Mauro Campbell Marques. S1, DJe. 19/12/2012
Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO
Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
art. 206, 3º, V, do Código Civil de 2002 – prevalece sobre o
qüinqüênio legal previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32.3

Além disso, para assegurar a aplicação da prescrição trienal do Código Civil,


considera-se o princípio da continuidade da lei, em que a norma posterior, revoga a
anterior. Neste caso, houve uma revogação tácita do Decreto que disciplina a
prescrição quinquenal pelo Código Civil, lei ordinária e posterior ao decreto.

Ocorreu a derrogação do art.1º do Decreto 20.910/32, que contraria o prazo


do Código Civil, mas mantém as demais disposições específicas acerca da
prescrição em que a fazenda pública é devedora.

DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Segundo o art. 189 do Código Civil, inicia-se a contagem do prazo


prescricional a partir da data em que o direito foi violado. Assim, caso em questão, já
estariam prescritos todos os débitos da fazenda pública à Apelante que
supostamente não foram pagos antes de 05/10/2012, isto é, 05 (cinco) anos antes
da data de ajuizamento da ação, conforme o art. 1º do Decreto 20.910/32.

À vista disso, consoante o princípio da eventualidade, caso o douto juízo


considere a aplicação da prescrição quinquenal, observa-se que as supostas dívidas
de 2009 até 05/10/2012 foram prescritas em 05 (cinco) anos por força do Decreto
20.910/32. Logo, somente as verbas não após esta data poderiam ser reclamadas.

Desse modo, caso for, deveriam ser consideradas apenas as dívidas que, em
tese, não teriam sido pagas pelo ente municipal de 06/10/2012 até 15/07/2013, data
da rescisão com o obreiro.

Ao contrário do que a Apelante relata, conforme já demonstrado na análise de


mérito, esta não demonstrou nenhum documento que comprovasse o requerimento
nas repartições públicas, que poderiam suspender o prazo prescricional em tempo
hábil.
3
STJ – Resp: 1238260 PB 2011/0035525-6, Relator Min, Mauro Campbell Marques, Data de Julgamento:
26/04/2011, T2 – Segunda Turma, Data de Publicação> Dje 05/05/2011
Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO
Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
Todavia, após longo lapso temporal, a Apelante protocolou no dia 26/10/2016,
mais de 03 (três) anos da morte do obreiro. Para maior elucidação, observa-se o
seguinte quadro:

11/12/2013 – ajuizamento ação união estável


11/06/2016 – dívidas prescritas no prazo de dois anos e
meio
26/07/2016 – sentença que reconheceu a união estável
26/10/2016 – requerimento administrativo/suspensão da
prescrição
06/10/2017 – ajuizamento ação de resolução de
contrato/cobrança

Logo, não prospera o argumento de a Apelante tenha buscado recursos ao


ente público antes de pedir seu direito em juízo. Ocorre, pois, prescinde o
esgotamento da via administrativa para ajuizar a ação, como postula o art. 5, XXXV
da Constituição Federal.

Portanto, no momento em que a Apelante percebeu uma aparente lesão ou


ameaça ao seu direito, poderia ter ingressado com a ação na mesma época em que
pediu o reconhecimento de união estável. Deste modo, caso tivesse feito, sua
alegação pela suspensão do prazo prescricional teria validade jurídica, ao contrário
da suposta “busca” verbal que alegou na sua peça apelativa.

Assim, resta analisar a norma do Decreto 20.910/32 que interrompe a


prescrição apenas no caso do protocolo de requerimento administrativo pelo titular
do direito ou credor, marcado com o dia, mês e ano:

Art. 4º Não corre a prescrição durante a demora que, no estudo, ao


reconhecimento ou no pagamento da dívida, considerada líquida,
tiverem as repartições ou funcionários encarregados de estudar e
apurá-la.
Parágrafo único. A suspensão da prescrição, neste caso,
verificar-se-á pela entrada do requerimento do titular do direito
ou do credor nos livros ou protocolos das repartições públicas,
com designação do dia, mês e ano.
Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO
Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
Conforme a legislação apontada pela própria Apelante, não houve nenhum
documento formal que suspendesse o prazo de 05 (cinco) anos. Logo, segundo a
prescrição quinquenal, restam prescritas todas as dívidas do município do ano
de 2009 até 05/10/2012.

Além disso, o art. 3º do Decreto-Lei 4.597/42 afirma que a prescrição do prazo


apenas pode ser suspensa uma vez e, volta a correr da metade do prazo a partir da
data do ato que interrompeu, como nota-se:

Art. 3º A prescrição das dívidas, direitos e ações a que se refere o


decreto n. 20.910, de 6 de janeiro de 1932, somente pode ser
interrompida uma vez, e recomeça a correr, pela metade do
prazo, da data do ato que a interrompeu, ou do último do processo
para a interromper; consumar-se-á a prescrição no curso da lide
sempre que a partir do último ato ou termo da mesma, inclusive da
sentença nela proferida, embora passada em julgado, decorrer o
prazo de dois anos e meio.

No mesmo sentido, o Supremo Tribunal de Justiça publicou a Súmula 383,


que dispõe da interrupção do prazo prescricional das dívidas da fazenda pública:

Súmula 383 STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a


correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica
reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa
durante a primeira metade do prazo.

Sendo assim, mesmo que fosse válida a suspensão no momento em que


afirma a Apelante (dezembro de 2013), este voltaria a correr a partir da mesma data
em que protocolada, a contar pela metade, com o fim previsto da prescrição até
junho de 2016.

Neste prisma, Carlos Roberto Gonçalves classifica a interpretação das


normas a descobrir o seu sentido e alcance. Sendo este tema pouco debatido no
âmbito doutrinário e jurisprudencial, há de se interpretá-la para demonstrar o seu
alcance e aplicabilidade.4

4
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil, 1: esquematizado: parte geral: obrigações e contratos / Carlos
Roberto Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016.
Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO
Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
A teoria da interpretação objetiva da norma visa alcançar o sentido objetivo da
lei e, não a vontade do legislador. Ocorre, pois, sendo a norma antiga, a real
vontade do legislador pode ter sido superada.

Logo, conforme o art. 4º do Decreto Lei 4.597/42 a prescrição da dívida pode


ser alegada a qualquer momento. Tal como, no decorrer da ação, o direito da
Apelante já havia sido prescrito:

Art., 4º As disposições do artigo anterior aplicam-se desde logo a


todas as dívidas, direitos e ações a que se referem, ainda não
extintos por qualquer causa, ajuizados ou não, devendo
prescrição ser alegada e decretada em qualquer tempo e
instância, inclusive nas execuções de sentença.

Sendo assim, as supostas dívidas trabalhistas da fazenda pública para a


Apelante já estariam prescritas, independentemente do período analisado, por força
das prescrições bienal, trienal e quinquenal.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, pugna a municipalidade que o presente recurso de


apelação seja DESPROVIDO, por estarem todas as dívidas da fazenda pública
prescritas para a Apelante. Desse modo, pede-se que a sentença proferida pelo juiz
a quo seja mantida em seus exatos termos.

No mais, a par do princípio da eventualidade, caso o douto juízo faça a


aplicação do prazo prescricional quinquenal, considere que apenas poderão ser
reclamadas as dívidas contraídas após o dia 06/10/2012, pois, as demais já estão
prescritas em por ter decorrido 05 (cinco) anos, antes da propositura da ação.

Nesses termos, solicita-se deferimento.


Águas Lindas de Goiás-GO, 18 de maio de 2021.

Marianna de Moura Novais


Procuradora Geral do Município
Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO
Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007
Decreto nº 003/2021
OAB-GO 56.917

Prefeitura Municipal de Águas Lindas de Goiás - GO


Área Especial n°04, Avenida 02 – Jardim Querência
Águas Lindas de Goiás – GO / CEP 72910-733
CNPJ 01.616.520/0001-96 /Tel: (61) 3618-4007

Você também pode gostar