TESE AncestralidadeGenéticaMarcadores
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Ouro Preto, MG
Abril de 2019
ALINE PRISCILA BATISTA
Ouro Preto, MG
Abril de 2019
B333a Batista, Aline Priscila .
Ancestralidade genética e marcadores de risco para doença cardiovascular
em distritos do município de Ouro Preto, Minas Gerais [manuscrito] / Aline
Priscila Batista. - 2019.
206f.: il.: color; grafs; tabs.
CDU: 616.12(815.1)
Catalogação: www.sisbin.ufop.br
Batista, A.P. Dedicatória
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Salete e Marcos, minha fonte de inspiração, sempre me dando força para seguir
em frente. Nunca mediram esforços para que eu pudesse concretizar este trabalho. Exemplos
de vida, de amor e de honestidade que sempre vou levar comigo.
Às minhas lindas irmãs, Cris e Karine, mesmo com a minha ausência constante sempre torceram
muito por mim e me deram muito apoio. Acima de tudo por ser um exemplo de amizade entre
irmãs.
Às minha doces Ana Júlia e Giovana, que tornam a vida mais suave.
Ao meu precioso avô Vitor, sempre tão carinhoso e amável. Um grande homem!
Ao meu orientador e amigo, professor George, por ter acreditado em mim em mais esta etapa e
por ter me dado o privilégio da convivência por mais 4 anos no doutorado. Muito obrigada
pelos ensinamentos, pela paciência, pelas palavras de incentivo nos momentos difíceis, pelos
momentos de risadas e acima de tudo pelo exemplo de força e humanidade. Sempre será fonte
de inspiração em minha vida.
Ao LEPI pelos bons momentos de aprendizado e descontração. E pelas grandes amizades que
vou levar comigo, em especial Ana Maria, Maria Beatriz e Keila. Deus coloca anjos em forma
de amigos em nossa vida!
A professora Carolina Marinho, sempre muito prestativa, fez um ótimo trabalho no atendimento
aos participantes do estudo no ambulatório da UFOP.
A Profª Maria Terezinha Bahia pelo grande apoio nas análises de biologia molecular e pela
parceria com o Laboratório de Epidemiologia, permitindo a continuidade e a qualidades das
pesquisas.
Ao Prof. Ronei e toda equipe do LAPAC pelo apoio com parte das dosagens bioquímicas.
Ao Cássio, pelo apoio na parte bioquímica, nos trabalhos de campo e ajuda constante no
laboratório e acima de tudo pela grande amizade que levarei com carinho para a vida.
À população de Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto que participaram deste estudo
com boa aceitação e colaboração na coleta de dados. Sempre vou me lembrar com carinho
destas localidades.
Aos apoiadores na divulgação deste trabalho, Antônio Carlos através da Rádio Itatiaia de Ouro
Preto, Padres e Pastores locais que nos ajudaram a chegar em todos da comunidade.
Ao enfermeiro Jacó, na Unidade de Saúde de Santo Antônio do Salto, foi essencial para a coleta
de dados e aproximação da comunidade. Agradeço também à Heloísa pela amizade e ser nosso
ponto de apoio nos trabalhos.
À Secretaria de Saúde de Ouro Preto (2013/2016), em especial Dr. Núncio Sol, e aos agentes
de saúde, pelo apoio nas coletas de dados na infraestrutura das Unidades de Saúde locais.
Batista, A.P. Agradecimentos
Ao Ralph, meu amor, pelo companheirismo, compreensão e por todo carinho. Sem amor nada
somos!
Aos meus Pretinho e Amora, fiéis amigos nos momentos bons e ruins.
À amiga Silvia, minha conselheira que sempre me ajudou a tomar decisões difíceis.
Enfim, a todos que participaram desta etapa de minha vida, meu muito obrigada!
Batista, A.P. Epígrafe
RESUMO
e pode interagir com as variantes NOS3 rs1799983 e APOB rs693 promovendo a DCV, e um
mecanismo provável pode ser a disfunção no endotélio vascular. Por último, a influência do
SNPs RARRES2 rs4721 na adiposidade visceral pode ser um importante predisponente ao risco
cardiovascular, e a interação de seu alelo T com outros fenótipos de risco pode ser um fator
genético modificador do efeito de fatores de risco clássicos para a HAS.
ABSTRACT
This study intends to determine the association between genetic ancestry information markers
(AIMs), genetic markers and classical cardiovascular risk factors (CVRF) in the districts of
Lavras Novas, Chapada and Santo Antônio do Salto, in Ouro Preto/MG. A cross-sectional study
was performed with 515 participants. CVRF was defined by clinical, biochemical and
anthropometric variables, as follows: systemic arterial hypertension (SAH), type 2 diabetes
mellitus, dyslipidemia, obesity and overweight. Adipokine chemerin was evaluated as emergent
CVRF. Estimates of proportions of individual and general ancestry were performed considering
3 parental populations: European, African and Amerindian. A panel of 12 SNP-like
polymorphisms were determined on allele and genotype frequency and tested for Hardy-
Weinberg Equilibrium The prevalence of hypertension (43%), diabetes (10%), dyslipidemia
(63.3%), obesity (22.1%) and overweight (33%) was high. The highest proportion of all risk
factors was observedin women. The mean concentration of chemerin was 203.8 ± 119.4 ng/mL,
with a significant difference between men and women. The analysis of proportion of AIMs
showed 48% European, 41% African, and 11% of Amerindian ancestry. According to the
predominance of a parental group or presence of miscegenation, we observed a mainly mixed
population, with 313 (86.5%) individuals in this group. Important to notice, the higher mean
values of the biochemical variables total cholesterol, triglycerides and HDL-c and non-HDL-c
fractions, were observed in the predominantly African group. The concomitant presence of the
AA and GT + TT genotypes of SNPs APOB rs693 and NOS3 rs1799983, respectively, showed
higher odds of presenting high levels of chemerin when compared to the reference genotype
(GG). The presence of the RARRES2 rs4721 SNP T allele was dose dependent with behavioral,
biochemical, age and diabetes variables to determine the odds of having SAH, which increased
in homozygotes relative to heterozygotes. Therefore, there was a high prevalence of CVRF,
particularly in women. The study population presents the pattern of ancestry expected for the
Southeast region, formed by the miscegenation of Europeans and Africans mainly. However, a
significant African influence was observed compared to the urban area of Ouro Preto and other
regions in the Southeast of Brazil. The self-classification of skin color was inconsistent with
genetic ancestry. Elevated concentrations of chemerin may be an important predictor of
cardiovascular risk and may interact with variants NOS3 rs1799983 and APOB rs693 promoting
CVD, and a likely mechanism may be endothelial dysfunction. Finally, the influence of the
RARRES2 rs4721 polymorphism on visceral adiposity may predispose to cardiovascular risk.
Batista, A.P. Abstract
The interaction of its T allele with other risk phenotypes may be a genetic factor modifying the
effect of classic risk factors for SAH.
Figura 1: Estimativa da prevalência da doença cardiovascular padronizada por idade para cada
país em 2015. 31
Figura 2: Representação dos tipos de lipoproteínas e sua constituição. 36
Figura 3: Metabolismo das partículas de LDL-c e processo de formação da aterosclerose. 38
Figura 4: Efeitos da quemerina na adiposidade. 42
Figura 5: Regulação molecular da transcrição da família PPAR e o papel dos RXR. A
heterodimerização com RXR é primordial para o recrutamento de coativadores, necessários
para iniciar o processo de transcrição ou correpressores que inibem o processo. 48
Figura 6:Ilustração das funções metabólicas do PAPARγ. 49
Figura 7: Funcionalidade do polimorfismo NOS3 rs1799983 (Glu298Asp). 52
Figura 8: Sistema renina angiotensina aldosterona clássico. 56
Figura 9:Captação e síntese de colesterol nos hepatócitos. 59
Figura 10: Captação, síntese e efluxo de colesterol nas células periféricas. 60
Figura 11: Imagem do Cruzeiro à frente da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres em Lavras
Novas. 67
Figura 12: Imagem da Capela de Santa Ana na localidade de Chapada pertencente ao distrito
de Lavras Novas. 69
Figura 13: Imagens da Igreja de Santo Antônio e vista geral no distrito de Santo Antônio do
Salto. 70
Figura 14: Divisão do município de Ouro Preto, Minas Gerais. 75
Figura 15: Processo amostral e etapas de análise do presente estudo. 77
Figura 16: Exemplo de um eletroferograma segundo a cor azul emitida pelo fluoróforo
marcado em parte do painel de MIAs. 90
Figura 17: Exemplo de discriminação alélica do rs17173608 para heterozigose (GT). 94
Figura 18: Exemplo de discriminação alélica do rs17173608 para homozigose marcada por
FAM (TT). 95
Figura 19: Exemplo de discriminação alélica do rs17173608 para homozigose marcada por
VIC (GG). 95
Figura 20: Prevalência de obesidade, sobrepeso, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2 (DMT2)
e hipertensão arterial nos distritos de Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto,
população total e por sexo (2015/2016). 103
Batista, A.P. Lista de figuras e quadro
Figura 21: Proporção de ancestralidade genética nos distritos de Lavras Novas, Chapada, Santo
Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016). 121
Figura 22: Distribuição da população de Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto
segundo a proporção de ancestralidade, apresentada em forma de “clusters” (2015/2016). 122
Figura 23: Proporção de origem ancestral para Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do
Salto a partir das amostras referência HGDP-CEPH de africanos (AFR), europeus (EUR) e
ameríndios (AMR) (2015/2016). 123
Quadro 1 Estimativa de ancestralidade genética na população nos distritos de Lavras Novas,
Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, em comparação com outros estudos no Brasil
(2015/2016) 124
Batista, A.P. Lista de tabelas
LISTA DE TABELAS
Tabela 15: Frequência alélica e genotípica dos polimorfismos AGT rs699, NOS3 rs1799983 e
GNB3 rs5443 avaliados em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto,
Minas Gerais na totalidade e por sexo (2015/2016) 107
Tabela 16: Valores médios de variáveis antropométricas, clínicas e bioquímicas significativas
para os grupos de genótipos dos SNPs rs699, rs1799983, rs5443 e haplótipo rs429358 + rs7412,
em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
109
Tabela 17: Valores médios de variáveis antropométricas, clínicas e bioquímicas significativas
para os grupos de genótipos dos SNPs rs4721, rs17173608, rs693, rs5925, rs5128 e rs4520 em
Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 110
Tabela 18: Proporção MIAs por cor de pele autorreferida em Lavras Novas/Chapada e Santo
Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 125
Tabela 19: Características antropométricas, bioquímicas e clínicas dos grupos
predominantemente africano (PAFR), predominantemente europeu (PEUR) e
predominantemente miscigenado (PMIX) em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto,
Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 126
Tabela 20: Fatores de risco cardiovascular clássicos por grupos predominantemente africano
(PAFR), predominantemente europeu (PEUR) e predominantemente miscigenado (PMIX) em
Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 127
Tabela 21: Características sociodemográficas e comportamentais estratificadas pela mediana
da concentração plasmática de quemerina em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto,
Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 133
Tabela 22: Características antropométricas, clínicas e bioquímicas estratificadas pela mediana
da concentração plasmática de quemerina em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto,
Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 134
Tabela 23: Frequência genotípica de um painel de 7 polimorfismos do tipo SNP e frequência
alélica do haplótipo APOE (rs429358 + rs7412) estratificadas pela mediana da concentração
plasmática de quemerina em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto,
Minas Gerais (2015/2016) 136
Tabela 24: Modelo final com fatores de risco associados a concentração plasmática elevada de
quemerina que permaneceram significativos após ajuste nos distritos de em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 137
Batista, A.P. Lista de tabelas
Tabela 25: Associação bivariada de risco para os genótipos dos polimorfismos APOB rs693 e
NOS3 rs1799983 estratificados pela mediana da concentração plasmática de quemerina em
Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 138
Tabela 26: Características sociodemográficas e comportamentais por grupos de hipertensos e
normotensos em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais
(2015/2016) 148
Tabela 27: Características antropométricas e bioquímicas por grupos de hipertensos e
normotensos em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais
(2015/2016) 149
Tabela 28: Frequência genotípica de um painel de 7 polimorfismos do tipo SNP e frequência
alélica do haplótipo APOE (rs429358 + rs7412) por grupos de hipertensos e normotensos em
Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 151
Tabela 29: Modelo final com fatores de risco bioquímicos, comportamentais, clínicos e
genéticos associados a hipertensão arterial que permaneceram significativos após ajuste nos
distritos de em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais
(2015/2016) 152
Tabela 30: Associação bivariada de risco para os genótipos do polimorfismo RARRES rs4721,
faixa etária, consumo de álcool e tabagismo com o desfecho hipertensão em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 153
Tabela 31: Associação bivariada de risco para os genótipos do polimorfismo rs4721, variáveis
bioquímicas, diabetes e resistência à insulina com o desfecho hipertensão em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016) 154
Batista, A.P. Lista de siglas e abreviaturas
FWD – Foward
GC – Gordura corporal
GJ – Glicemia de jejum
GMPc – Guanosina monofosfato cíclica
GNB3 – Guanine nucleotide-binding protein G subunit beta 3
GWAS – Genome Wide Association Studies
HapMap – Haplotype Map
HAS – Hipertensão arterial sistêmica
HDL-c – High density lipoprotein
HMG-CoA – Microssomal 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A
HOMA IR – Homeostatic Model Assessment of insulin resistance
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDF – International Diabetes Federation
IDL – Intermediate density lipoprotein
IJ – Insulinemia de jejum
IMC – Índice de massa corporal
Indel – Inserção ou deleção
LCAT – Lecitina-colesterol aciltransferase
LDL-c – Low density lipoprotein
LDLR – Receptor de LDL-c
LN – Lavras Novas
LPL – Lipase lipoproteica
MIAs – Marcadores informativos de ancestralidade
MID – Marshfield Diallelic Insertion/Deletion Polymorphisms database
MS – Ministério da Saúde
NCBI – Centro Nacional de Informação Biotecnológica
NOS3 – Nitric oxide synthase 3
OMS – Organização Mundial de Saúde
ON – Óxido nítrico
OR – Odds ratio
Batista, A.P. Lista de siglas e abreviaturas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 27
2 REVISÃO DA LITERATURA 30
2.7 Ouro Preto e a formação de Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto 67
3 JUSTIFICATIVA 72
4 OBJETIVOS 73
Batista, A.P. Sumário
5 MATERIAIS E MÉTODOS 74
12 CONCLUSÕES 165
13 PERSPECTIVAS 167
15 APÊNDICES 192
16 ANEXOS 196
Batista, A. P. Introdução
1 INTRODUÇÃO
No contexto das DCNT temos a doença cardiovascular (DCV), que ao longo das últimas
décadas vem sendo reconhecida como uma das principais causas de morte e incapacidades
prematuras no mundo, com expressiva carga em países de baixa e média renda (WHO, 2014;
MATHERS & LONCAR, 2006). A extensão da DCV pode ser compreendida em termos de
seus fatores de risco clássicos, os quais podem ser retratados como fatores modificáveis ou não
modificáveis. Alguns fatores de risco modificáveis merecem destaque devido ao aumento da
sua ocorrência nas populações: hipertensão arterial sistêmica (HAS) ou pressão arterial elevada,
obesidade e dislipidemias; e entre os não modificáveis o diabetes mellitus tipo 2 (DMT2).
Além dos fatores de risco cardiovascular (FRCV) clássicos, novos biomarcadores têm
sido alvo de estudos, dentre eles a quemerina, pertencente à família das adipocinas. Ela também
vem sendo apontada como um marcador de risco cardiovascular através da observação da sua
associação com vários componentes da síndrome metabólica (SM), incluindo o sobrepeso e a
obesidade, hiperglicemia, hipertrigliceridemia, HAS e resistência à insulina (BOZAOGLU et
al., 2007; BOZAOGLU et al., 2010; ROMAN et al., 2012; OSMAN et al., 2012; İNCI et al.,
2016; LEIHERER et al., 2016), inclusive em crianças e adolescentes brasileiros (FONTES et
al., 2017).
Voltando a atenção para os FRCV clássicos, existem vários contextos que podem
predispor as populações ao maior risco. Por exemplo, alguns estudos já apontaram que a
prevalência destes, segundo os grupos étnicos, não é homogênea, pois observa-se que
populações africanas, bem como afro-americanas, estão predispostas ao maior risco
cardiovascular (YUSUF et al., 2001a; BAMSHAD, 2005; REINER et al., 2007, WASSEL et
al., 2009; HALDER et al., 2012). Essa questão, principalmente em países miscigenados como
o Brasil, ainda é um campo em exploração. Os estudos se baseiam no autorrelato de cor de pele
ou na ancestralidade genética para categorizar os indivíduos e de maneira geral é visto que os
27
Batista, A. P. Introdução
A população urbana de Ouro Preto vem sendo estudada desde 2001, no trabalho
“Corações de Ouro Preto”, onde já foi apontada uma elevada prevalência de fatores de risco
cardiovascular clássicos, como HAS, dislipidemia, obesidade, obesidade abdominal e
hiperglicemia em adultos (FERREIRA, 2004; FREITAS et al., 2007a), bem como sobrepeso,
obesidade e dislipidemias nas população infanto-juvenil (CÂNDIDO et al., 2009).
Além disso, a auto declaração de cor de pele preta e parda em Ouro Preto supera o
observado para o estado de Minas Gerais e a influência africana na população já foi previamente
28
Batista, A. P. Introdução
avaliada através da ancestralidade genética, o que revelou uma contribuição africana de 33,3%
para a população infantil da sede (QUEIROZ et al., 2013), proporção superior à descrita para a
região sudeste do Brasil (LINS et al., 2010).
29
Batista, A. P. Revisão da literatura
2 REVISÃO DA LITERATURA
No Brasil, em 2013, ocorreram 1.138.670 óbitos, 339.672 dos quais (29,8%) decorrentes
de DCV, considerada a principal causa de morte no país (MALACHIAS et al., 2016). Segundo
dados mais recentes obtidos através da ferramenta de busca criada pela Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC), chamada Cardiômetro, em 2017 estimou-se 383.961 óbitos por DCV no
Brasil (SBC, 2019).
30
Batista, A. P. Revisão da literatura
Figura 1: Estimativa da prevalência da doença cardiovascular padronizada por idade para cada país
em 2015.
1957; KEYS et al., 1963; POOLING PROJECT RESEARCH GROUP, 1978). Entre estes
estudos estava o “Framingham Heart Study”, um estudo de coorte iniciado pelo Serviço de
Saúde Pública dos Estados Unidos (DAWBER et al., 1951; DAWBER et al., 1957). Quatro
anos após o início do estudo de Framingham, pesquisadores já identificavam a concentração
plasmática elevada de colesterol total (CT) e a HAS como fatores importantes no
desenvolvimento de DCV e nos anos subsequentes, juntamente com evidências de outros
estudos epidemiológicos, ajudaram a identificar outros fatores de risco que atualmente são
aceitos como clássicos. Foi o ponto de partida no entendimento de que os FRCV tinham uma
interação potencial e que a carga das DCVs poderia ser projetada em termos de tais fatores, os
quais podem ser retratados como fatores modificáveis ou não modificáveis. Entre os
modificáveis temos a HAS, tabagismo, concentração plasmática elevada de CT, dieta pouco
saudável, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, status socioeconômico, bem como o consumo
abusivo de álcool (WHO, 2014). Os fatores de risco identificados como não modificáveis
também tem importante parcela de contribuição e são o histórico familiar de DCV, DMT2,
idade, gênero, etnia (WHO, 2014). Alguns fatores de risco merecem destaque devido a sua
elevada frequência nas populações contemporâneas: HAS, obesidade, dislipidemias e DMT2.
A HAS também é considerada um fator de risco para a DCV, sendo caracterizada por
uma condição clínica multifatorial de caráter patológico onde ocorre um aumento sustentado
da pressão arterial sistólica (PAS) superior ou igual a 140 mmHg e/ou da pressão arterial
diastólica (PAD) superior ou igual a 90 mmHg (JAMES et al., 2014; MALACHIAS et al.,
2016). Essa condição impacta negativamente a saúde vascular, sendo, portanto, um importante
preditor de morbi-mortalidade cardiovascular. Com relação à sua etiologia, a HAS pode ser
denominada como primária ou essencial, a qual é caraterizada pela não associação com outra
doença precedente, ou secundária, quando ela se manifesta em conjunto com outras doenças
(THIBONNIER & SCHORK, 1995; CHOBANIAN et al., 2003).
Estima-se que em 2010 a HAS tenha causado 9,4 milhões de mortes prematuras no
mundo contribuindo com uma carga global de 7% de DAYLY (WHO, 2014; JAMES et al.,
2018). Se não for controlada, a HAS causa acidente vascular encefálico (AVE), infarto do
miocárdio, insuficiência cardíaca, demência, insuficiência renal e cegueira (CHOBANIAN et
32
Batista, A. P. Revisão da literatura
al., 2003). Entre todas as regiões do mundo, a prevalência de HAS é maior na África e nas
Américas, chegando a 46% e 35%, respectivamente (WHO, 2011). O número de adultos com
HAS aumentou de 594 milhões em 1975 para 1,3 trilhão em 2015, sendo esse aumento ocorrido,
em grande parte, em países de baixa e média renda. As regiões do mundo em que se observou
o aumento na prevalência de HAS foram a Europa Central e Oriental, a África Subsaariana e o
sul da Ásia. (ZHOU et al., 2017). Dados mais recentes mostram que a prevalência de HAS, no
período de 1985 a 2016, de uma maneira geral está caindo nos países de renda alta da Europa,
Ásia/Pacífico e Ocidente e se mantido elevada nas regiões ao norte da África, sul e ao centro
da Ásia e no Oriente Médio (LEHTIMÄKI et al., 2018). No Brasil, a HAS atinge 32,5% (36
milhões) de adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50%
das mortes por DCV (MALACHIAS et al., 2016).
Os mecanismos fisiológicos que regulam a pressão arterial são variados e detém certa
complexidade, e caso estejam em desequilíbrio, podem ocasionar a HAS. De maneira geral
podemos citar o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), o sistema endotelial, o
sistema dopaminérgico, a transdução de sinais intracelulares, o controle neurogênico, o
equilíbrio de sódio e eletrólitos, os peptídeos natriuréticos atriais, os eicosanoídes e o sistema
calicreína-cinina (FOËX & SEAR, 2004). Também é importante destacar que a HAS é
influenciada pela idade, sexo, etnia, excesso de peso, sedentarismo, ingestão excessiva de sal e
álcool e fatores socioeconômicos (MALACHIAS et al., 2016). Como será apresentado adiante,
o fator genético também é responsável pela regulação da pressão arterial e predisposição a HAS
e tem sido um promissor campo de investigação.
O DMT2 é mais comumente visto em adultos mais velhos, mas é cada vez mais
frequente em crianças, adolescentes e adultos jovens devido a fatores predisponentes como a
obesidade e comportamentos como a inatividade física e má alimentação (IDF, 2017). O
diabetes, de uma forma geral, é uma importante causa de cegueira, insuficiência renal,
amputação de membros inferiores dentre outras consequências como dobrar o risco de óbito
por causa cardiovascular em comparação a população geral (SELVIN et al., 2004; SIQUEIRA
et al., 2007), o que já foi apontado desde a década de 1970 pelo Estudo de Framingham, onde
se afirmou que o DMT2 dobra o risco de DCV em homens e triplica em mulheres (KANNEL
et al., 1979).
Para explicar essa relação da DCV com o DMT2 discute-se as complicações micro e
macrovasculares desencadeadas por este último e o papel da hiperglicemia como estimulante
do processo aterosclerótico através da glicação de lipoproteínas, o que pode prolongar a meia-
vida da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), facilitando sua oxidação e aumentando sua
capacidade de acometimento do endotélio, bem como a formação de outros produtos finais de
glicação, que facilitam a disfunção endotelial generalizada (LAAKSO, 1999; LEON &
MADDOX, 2015; ABDUL-GHANI et al., 2017).
34
Batista, A. P. Revisão da literatura
35
Batista, A. P. Revisão da literatura
2.2.4 Dislipidemias
Segundo sua etiologia, as dislipidemias podem ser divididas em primárias, quando estão
associadas a fatores genéticos ou não tem uma causa aparente, e secundárias, quando ligadas a
outras doenças, ao uso de medicamentos ou ao estilo de vida (FALUDI et al., 2017). As
36
Batista, A. P. Revisão da literatura
37
Batista, A. P. Revisão da literatura
Legenda: CETP: Esterified cholesterol transfer protein ou proteína de transferência de colesterol esterificado;
FFA: Free fatty acids ou ácidos graxos livres; HDL: High density lipoprotein ou lipoproteína de alta densidade;
IDL: Intermediate density lipoprotein ou lipoproteína de densidade intermediária; LDL: Low density lipoprotein
ou lipoproteína de baixa densidade; LDLR: receptor de LDL; LIPC: Hepatic lipase ou lipase hepática; LPL:
Lipoprotein lipase ou lipase lipoproteíca
Fonte: Adaptado de HELKIN et al., 2016
38
Batista, A. P. Revisão da literatura
2.3.1 Metabolismo
do sistema imune inato, a quemerina está envolvida na patogênese da psoríase, a qual foi a
primeira doença inflamatória associada a quemerina (ERNST & SINAL, 2010). A concentração
plasmática de quemerina passou a ser alvo de estudos que a correlacionaram positivamente com
marcadores inflamatórios como o TNF-α, interleucina 6 (IL-6) e proteína C reativa (PCR)
(ERNST & SINAL, 2010; BONDUE et al., 2011; ALI & HADID, 2013). Entretanto de acordo
com o tipo de doença estudada, a quemerina pode também apresentar atividades anti-
inflamatórias (BONDUE et al., 2011), o pode ser atribuído à peptídeos derivados da molécula
bioativa da quemerina (CASH et al., 2008).
metabolismo sistêmico dos lipídios e da glicose (LANDGRAF et al., 2012; ERNST & SINAL,
2010; FATIMA et al., 2014, FERLAND et al., 2015).
São propostos três pontos chave que explicam a relação da quemerina com a obesidade
(Figura. 4) (LI et al., 2014; HELFER & WU, 2018). Primeiro pela capacidade da quemerina
em promover a diferenciação dos adipócitos e a adipogênese. A expressão e secreção de
quemerina está aumentada de forma significativa durante a adipogênese exercendo um papel
na maturação de adipócitos. Estudos já mostraram que a perda de expressão de quemerina ou
de seu receptor ChemR23 em pré-adipócitos prejudica severamente a diferenciação em
adipócitos maduros (GORALSKI et al. 2007; ERNST & SINAL, 2010). Adicionalmente ocorre
a inibição da decomposição de moléculas de TAG, promovendo a hipertrofia dos adipócitos e
se opondo à ação lipolítica das catecolaminas através da redução do volume intracelular da
concentração de monofosfato cíclico de adenosina (cAMP) (HELFER & WU, 2018).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
Além disso, a deleção do gene do receptor ChemR23 mostrou efeito protetor contra a
obesidade, mas diminuiu a secreção de insulina e reduziu a captação de glicose no músculo
esquelético e no tecido adiposo (ERNST et al., 2012). A administração de quemerina exógena
foi capaz de diminuir a captação de glicose no tecido e reduzir a concentração plasmática de
insulina nos modelos murinos diabéticos e obesos, ao passo que os modelos eutróficos e
normoglicêmicos não sofreram alterações (ERNST et al., 2010).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
Lotufo e cols. (2016) observaram que a cor de pele preta foi associada a alta concentração
plasmática de LDL-c. Outro estudo apontou que a hipercolesteromia familiar atingiu em ordem
decrescente pardos, pretos e brancos (HARADA et al., 2018). A HAS tem se mostrado mais
prevalente entre indivíduos de cor de pele preta (LOTUFO et al., 2015), bem como a taxa de
mortalidade por DCV (LOTUFO, 2015). A DMT2 por outro lado, teve maior ocorrência nos
brasileiros autodeclarados de cor de pele branca (SCHMIDT et al., 2014).
De maneira geral existem dois tipos de estudo que tem como alvo fatores genéticos e
doenças multifatoriais. O primeiro, chamado de estudo de associação, consiste em verificar a
existência de diferenças significativas nas frequências alélicas e genotípicas de um marcador
polimórfico, geralmente um SNP, em locos candidatos em indivíduos com e sem o fenótipo de
interesse (BURTON et al., 2005). O segundo é o estudo de ligação em famílias, o qual avalia
indivíduos aparentados e busca regiões polimórficas raras em cromossomos que possam
segregar os fenótipos e dessa forma mapear as regiões ou genes candidatos que possam estar
envolvidos com algum fenótipo frequente naquela família (TEARE et al., 2005).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
Existem três isoformas do gene PPARG que são geradas através de splicing alternativo:
PPARG1, PPARG2 e PPARG3 (https://www.genenames.org/data/gene-symbol-
report/#!/hgnc_id/HGNC:9236, acesso em fevereiro de 2019). O PPARG1 é expresso em vários
tecidos, o PPARG2 é expresso predominantemente no tecido adiposo e o PPARG3 é restrito
aos macrófagos e intestino (BARISH et al., 2006).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
Legenda: Asp: Aspartato; Cav: Caveolina; Ca2+: Cálcio; CaM: Calmodulina; G: Guanina; Glu: Glutamato;
NOS3 Nitric oxide synthase 3 ou óxido nítrico sintase 3; ON: Óxido nítrico; T: Timina
Estudos sugerem que este polimorfismo está associado com o desenvolvimento da HAS
e doenças coronarianas, além das frações alteradas de LDL-c e HDL-c (PEREIRA et al., 2006;
CHANG et al., 2010; KINGAH et al., 2010). Li e cols. (2004) mostraram que um alelo raro no
íntron 4 do gene NOS3, o qual é frequentemente encontrado em afro-americanos, associado a
presença do alelo ancestral G do polimorfismo NOS3 rs1799983, poderia constituir um
marcador de variação na pressão arterial em afrodescendentes. Vários estudos em grupos
étnicos específicos, inclusive em populações miscigenadas como a brasileira, corroboram com
a evidência da relação entre este polimorfismo com a HAS e as dislipidemias. (TANUS-
SANTOS et al., 2002; MARRONI et al., 2005; PEREIRA et al., 2006; LUIZON et al., 2009,
CHANG et al., 2010; KIMURA et al., 2012).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
Grove e cols. (2007) mostraram que um grupo de indivíduos afro americanos portadores
do alelo 825T apresentaram uma maior prevalência de obesidade no grupo sedentário,
apontando uma interação entre a obesidade e prática de atividade física na predição da HAS
neste grupo étnico. Este estudo mostrou ainda que homozigotos para o alelo 825T, tanto obesos
quanto com baixo nível de atividade física, tiveram 2,7 vezes mais chances de serem
hipertensos, comparados com homozigotos 825C ativos não obesos. É consenso entre estudos
com várias populações, inclusive caucasianos e asiáticos, que a presença do alelo 825T pode
predispor à HAS (ROSSKOPF et al., 2000; LEE et al., 2009; ZHENG et al., 2013). No Brasil,
Kimura e cols. (2012) avaliaram populações quilombolas e não encontraram associação
individual do polimorfismo C825T com os níveis isolados de pressão arterial sistólica e
diastólica ou a HAS. Na análise combinada encontraram associação de duas variantes do gene
GNB3 (C825T e G-350A) com a pressão arterial diastólica nesta população quilombola.
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Batista, A. P. Revisão da literatura
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Batista, A. P. Revisão da literatura
risco de HAS (SETHI et al., 2003). Já em indivíduos asiáticos, o alelo T foi associado a um
risco aumentado de HAS (30% a 60%), mas não ao angiotensinogênio plasmático, e em negros
não foi encontrada associação alguma. Em indivíduos de ascendência negra, é apontada a maior
frequência do alelo T em relação a brancos e cerca de 3 vezes mais ocorrência de eventos
coronarianos associados ao genótipo TT (GOLDENBERG et al., 2006). É importante observar
que frequência do alelo variante T apontada pelo HapMap é 58% em europeus e 8% em
africanos sub-saarianos, o que pode sugerir, de acordo com os dados vistos, que o os europeus
seriam um grupo mais predisposto ao risco de HAS (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/rs699,
acesso em fevereiro de 2019).
57
Batista, A. P. Revisão da literatura
A frequência do proposto alelo de risco, 7673T, se equipara ao alelo C7673 (49 vs 51%)
em populações europeias, segundo o Consórcio HapMap e fica em torno de 20% em populações
africanas (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/rs693, acesso em fevereiro de 2019).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
proteína clatrina, presente nas membranas, facilita a formação do endossoma, que ao ser
totalmente internalizado se funde a lisossomas que irão liberar enzimas catalíticas que
degradarão a LDL-c e então o colesterol fica disponível para a ação da enzima colesterol
acetiltransferase (ACAT) promovendo a sua esterificação. Nos hepatócitos o éster de colesterol
é direcionado para síntese de ácidos biliares ou para formar lipoproteínas que irão compor as
partículas VLDL-c recém liberadas na circulação, e nas células periféricas pode ser estocado
ou seguir a via metabólica para a formação das partículas HDL-c através da atividade dos
transportadores ABCA1 ou ABCG1. Além da internalização das LDL-c para obter colesterol,
as células também sintetizam colesterol no retículo endoplasmático pela ação da enzima
microssomal 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (HMG CoA) redutase e promovem o efluxo
de colesterol da membrana plasmática para o transportador ABCA1 (ZIPES et al., 2017)
(Figuras 9 e 10).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
Uma variação em especial no gene LDLR, identificada como rs5925, onde ocorre a troca
de uma citosina (C) por uma timina (T) no éxon 13 do gene pode estar associada à uma
disfunção do LDLR (KIM et al., 2015). Na maioria dos estudos, este polimorfismo vem sendo
estudado em combinação com outras variantes genéticas possivelmente relacionados às
dislipidemias e os resultados apontam que as variações no gene LDLR se relacionam a altas
concentrações da LDL-c, inclusive em várias etnias (SALAZAR et al., 2002; BAUERFEIND
et al., 2006; RÍOS-GONZÁLEZ et al., 2014; VAN ZYL et al., 2014; KIM et al., 2015). O alelo
ancestral C tem menor frequência em populações parentais (europeus e africanos) e o genótipo
CC tem sido associado a altos valores de LDL-c (VAN ZYL et al., 2014). A frequência do alelo
variante T é maior tanto em europeus quanto em africanos (57% vs 89%)
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/rs5925, acesso em fevereiro de 2015).
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Batista, A. P. Revisão da literatura
A concentração plasmática elevada de TAG é identificada por vários estudos como uma
forte preditora de risco cardiovascular (ZILVERSMIT, 1979; NORDESTGAARD et al., 2007;
LANGSTED et al., 2011). Apesar de haver controvérsias se a normalização da concentração
plasmática de TAG por via medicamentosa possa trazer efeitos benéficos (ORIGIN TRIAL
INVESTIGATORS, 2012), as estudos investigam a hipótese de que a APOC3 possa ser um
instrumento para medir os efeitos prejudiciais relacionados aos alta concentração plasmática de
TAG (VON BALLMOOS et al., 2015; NORATA et al., 2015; PECHLANE et al., 2017). Nesse
61
Batista, A. P. Revisão da literatura
contexto, variações no gene da APOC3 vêm sendo avaliadas no intuito de entender a sua
predição ao risco cardiovascular (DALLONGEVILLE et al., 2001; DORFMEISTER et al.,
2007; JIN et al., 2016).
O SNP APOC3 rs5128 é caracterizado pela substituição de uma citosina (C) por uma
guanina (G) na região 3’ não traduzida no éxon 4 do gene e tem sido extensivamente estudado
por ter associação com elevações das concentrações plasmáticas de APOC3, TAG, CT e quedas
na de HDL-c em populações asiáticas e caucasianas (SONG et al., 2015), porém o mecanismo
que explica essa relação é pouco entendido e necessita de mais estudos. Também houve
associação do genótipo CG deste SNP com a SM (HU et al., 2016). A associação com
dislipidemia também é observada na combinação com outras variantes dentro de genes
APOA1/C3/A4 (RAI et al., 2016) ou APOA1/C3/A5 (YIN et al., 2011). Com relação ao AVE
isquêmico, Au e cols. (2017), em sua meta-análise, não observaram associação com este SNP,
o que não concorda com Wang e cols. (2017), onde foi observado um risco de AVE 3 vezes
maior em mulheres portadoras do genótipo CC+CG.
Um estudo no Brasil observou que nos meninos da região nordeste a presença do alelo
G do SNP APOC3 rs5128 foi associada a altas concentrações plasmáticas de CT e LDL-c
(FRANÇA et al., 2005). Em brasileiros de descendência europeia houve interação dos
polimorfismos nos genes APOE (rs2854117 e rs2854116) e APOC3 (rs5128) com alta
concentração plasmática de TAG e baixa de HDL-c sendo que os portadores do alelo G
apresentaram concentrações de TAG 29% mais altas que os homozigotos CC (FIEGENBAUM
et al., 2007).
rs5128 na relação com a hipertrigliceridemia (YIN et al., 2011; RAI et al., 2016) e recentemente
vem sendo associado ao AVE em chinesas (WANG et al., 2016). No Brasil poucos estudos
avaliaram este polimorfismo. Ota e cols. (2011) observaram, na análise bruta, que os idosos
portadores do alelo T tinham efeito protetor caracterizado pela concentração plasmática mais
baixa de TAG e VLDL-c. É importante destacar que a magnitude das associações observadas
pode ser modulada por fatores ambientais e biológicos, o que torna importante a avaliação
desses fatores em conjunto para maior entendimento das variantes genéticas que influenciam
as dislipidemias.
As variantes ε2, ε3, e ε4 são comuns e caracterizadas por diferentes haplótipos do gene
APOE, geradas pela combinação dos alelos de dois SNPs, rs429358 e rs7412, no lócus da APOE
(SERIPA et al, 2007; SERIPA el al. 2011). A combinação dos alelos APOE rs429358 (C3937T)
e rs7412 (C4075T) é quem vai identificar as isoformas: ε2 ou APOE*2 (T3937T4075), ε3 ou
APOE*3 (T3937C4075), ε4 ou APOE*4 (C3937C4075). Um quarto haplótipo, C3937T4075, identifica
uma variante rara chamada ε3r, sendo identificada somente em duas populações caucasianas da
Itália e na Nigéria (PERSICO et al., 2004; SERIPA et al., 2007). O alelo mais comum é o
APOE*3, que é presente em uma frequência próxima a 80% em populações caucasianas,
asiáticas e ameríndias (CHANPRASERTYOTHIN et al., 2000; GAMBOA et al., 2000;
THELMA et al., 2001; SERIPA et al., 2007; BURMAN et al., 2009; CHAUDHARY et al.,
2012; LAGOS et al., 2015). Em países industrializados, os indivíduos portadores do alelo *4,
o qual tem frequência em torno de 10 a 17% nas populações em geral, têm elevadas
concentrações plasmáticas de CT e LDL-c, enquanto indivíduos portadores do alelo *3 têm
concentrações intermediárias e aqueles portadores do alelo *2, com frequências mais baixas (2
a 7%), têm as concentrações mais baixas (BURMAN et al., 2009; CHAUDHARY et al., 2012;
PHILLIPS et al., 2014). No Brasil, estudos com as populações urbanas de Ouro Preto e Vitória
apontaram que a variante APOE*4 implica em risco aumentado de dislipidemia (MENDES-
LANA et al., 2007; ALVIM et al., 2010). Já a APOE*2 é apontada como um fator de proteção
(MENDES-LANA et al., 2007) inclusive em crianças da região Nordeste (FRANÇA et al.,
2004).
No final dos anos 1400, o período colonial europeu se estabeleceu no Novo Mundo e
reuniu populações até então isoladas geograficamente como europeus, africanos ocidentais e
nativos americanos. Inicialmente o predomínio de povos ameríndios foi se diluindo devido à
introdução de armas brancas e de fogo, de doenças e pelo grande contingente de africanos, que
durante os séculos XVI a XIX foi intenso no Brasil, em torno de 4 milhões, para servir de mão
de obra escrava, sendo a grande maioria deles originários da costa Atlântica (África central e
ocidental) (PENA & BORTOLINI, 2004; PENA et al., 2009). Os portugueses foram os
64
Batista, A. P. Revisão da literatura
As bases genéticas do processo de formação das populações são estudadas pelo campo
da Genética Populacional, o qual tem desenvolvido cada vez mais ferramentas para o
entendimento de como o fluxo gênico ao longo do processo de miscigenação alterou a
distribuição de segmentos cromossômicos característicos de diferentes populações ancestrais
(HALDER et al., 2012). Para isso, a genética populacional toma como base o estudo das
variações genéticas nos indivíduos e nas populações e compreende os processos genético-
demográficos subjacentes, tais como seleção, deriva gênica, migração e mutação. Como fonte
de variação genética, as mutações podem ocorrer espontaneamente ao longo do genoma.
Fenômenos de seleção, deriva gênica e migração vão contribuir para moldar a variabilidade
genética nas populações e sua distribuição mundial. Como consequência de tais processos, as
populações humanas apresentam diferentes padrões de diversidade, refletindo diferentes
relações de ancestralidade ao nível individual e populacional (BAMSHAD et al., 2004).
Neste contexto, conhecer a ancestralidade genética também é uma ferramenta útil para
garantir que os resultados encontrados em estudos de associação não sejam espúrios devido a
um grande problema desse tipo de estudo em populações miscigenadas, a estratificação
65
Batista, A. P. Revisão da literatura
Marcadores de inserção/deleção (Indel) estão sendo cada vez mais utilizados nos
estudos genéticos, pois produzem amplicons de tamanho reduzido (50-150 pb), o que facilita a
análise, principalmente, de amostras degradadas (ROMANINI et al., 2012), e possibilitam a
análise de marcadores com tipos de herança especial, como os ligados ao cromossomo X
(EDELMANN et al., 2009; FREITAS et al., 2010; PEREIRA et al., 2012b). Além disso, já
foram estabelecidos sistemas de amplificação simultânea de dezenas de loci Indels de forma
simples e rápida (PEREIRA et al., 2009; PEREIRA et al., 2012a).
66
Batista, A. P. Revisão da literatura
2.7 Ouro Preto e a formação de Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto
Figura 11: Imagem do Cruzeiro à frente da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres em Lavras Novas.
67
Batista, A. P. Revisão da literatura
Lavras Novas também é conhecida como antigo Quilombo, fato este que não tem
comprovação documental, entretanto, houve uma evidência no século XVII, onde duas cartas
foram enviadas à Câmara da Comarca de Vila Rica solicitando a prisão de negros aquilombados
e fugitivos em áreas bem próximas a atual Lavras Novas: estradas da Serra do Itacolomy e
Itatiaia. No decorrer do século XVIII, essa rota de fuga de escravos se tornou mais frequente
devido ao contrabando de ouro. Outro fato que corrobora com a influência de escravos em sua
formação é que no século XIX, após o esgotamento das lavras, houve o abandono da região
pela população branca sobrando então a população negra residente no distrito que ali
permaneceu e passou a viver da agricultura de subsistência e artesanato. Durante grande parte
do século XX, a região permaneceu isolada conservando somente descendentes de negros ou
mestiços. Só a partir da década de 1980 a região teve um povoamento mais intenso de pessoas
de outras regiões e foi elevada a distrito em 2005 (SECRETARIA MUNICIPAL DE
CULTURA E PATRIMÔNIO DE OURO PRETO, 2007). Atualmente Lavras Novas é um
famoso ponto de turismo ecológico com uma intensa procura o ano todo.
A Chapada é uma localidade do distrito de Lavras Novas e teve seus primeiros registros
no século XIX. Apesar da ausência de documentação antes do século XIX sobre esse arraial,
acredita-se que ele também teve a ocupação característica de Lavras Novas e há a tradição que
afirma que tenha sido mais movimentado que esta, mantendo atrativos naturais de maior
importância, bem como a detenção de 28 nascentes (SECRETARIA MUNICIPAL DE
CULTURA E PATRIMÔNIO DE OURO PRETO, 2007) (Figura 12). Atualmente a pequena
população desta localidade se mantém através do turismo e da agricultura.
68
Batista, A. P. Revisão da literatura
Figura 12: Imagem da Capela de Santa Ana na localidade de Chapada pertencente ao distrito de
Lavras Novas.
Santo Antônio do Salto, assim como Lavras Novas, foi formado em torno da atividade
aurífera e, portanto, acredita-se que sua população também tenha raízes no contingente de
escravos que foram atraídos pela mineração. O distrito se desenvolveu no século XVII ao pé da
Serra de Lavras Novas, até então seu único ponto de entrada, entre as margens do Rio Maynarte
e de seu afluente Ribeirão dos Prazeres porém, sem registros de fundação oficial. Até hoje é
um local de difícil acesso devido as montanhas que cercam todos seus limites. A origem do
nome deste distrito remete à altura de sua principal cachoeira, que contém um grande salto e a
cultura popular diz que nessa cachoeira foi encontrada uma imagem de Santo Antônio (Figura
13). Além disso, em um ponto específico da estrada é possível visualizar uma pedra no alto da
montanha que faz alusão à imagem de Santo Antônio, o que reforça o nome do local.
A construção de uma usina hidroelétrica no local não supriu a demanda por empregos
no distrito e houve êxodo populacional e atualmente a população que vive no distrito se mantém
através da agricultura de subsistência e dos pouco serviços que a usina proporciona e, ao
contrário de Lavras Novas, não teve significativa entrada de pessoas de outras regiões
(SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E PATRIMÔNIO DE OURO PRETO, 2008).
69
Batista, A. P. Revisão da literatura
Figura 13: Imagens da Igreja de Santo Antônio e vista geral no distrito de Santo Antônio do Salto.
70
Batista, A. P. Revisão da literatura
71
Batista, A. P. Justificativa
3 JUSTIFICATIVA
De acordo com estudos realizados com a população adulta urbana de Ouro Preto, sabe-
se que esta apresenta elevada prevalência de fatores de risco cardiovascular, entretanto, o
conhecimento da prevalência deles nas populações distritais de Lavras Novas, Chapada e Santo
Antônio do Salto ainda é desconhecido. Além disso, já foi observado do ponto de vista da
ancestralidade genética, que a população urbana é marcadamente afrodescendente, de acordo
com estudos prévios realizados na população infantil.
Esses dados mostram que as ações de saúde poderiam ser direcionadas a partir da
determinação da importância da ancestralidade dessas populações, da ocorrência das doenças,
e do prognóstico e tratamento. A mesma metodologia poderia ser aplicada nos demais distritos
e localidades do município e a identificação da real demanda de atenção a condições crônicas,
apontando para a criação de serviço de atenção secundária no município.
72
Batista, A. P. Objetivos
4 OBJETIVOS
Específicos:
• Capítulo 1:
a. Estimar a prevalência de hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias e diabetes
mellitus tipo 2.
b. Apresentar as frequências alélica e genotípica de um painel de 12 polimorfismos
em genes candidatos relacionados com o risco cardiovascular.
c. Investigar a associação dos 12 polimorfismos com as variáveis clínicas,
antropométricas e bioquímicas.
• Capítulo 2: Descrever a ancestralidade genética e investigar sua associação com
hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2 e cor de pele
autorreferida.
• Capítulo 3: Investigar a associação da adipocina quemerina com os fatores de risco
cardiovascular clássicos e genéticos.
• Capítulo 4: Investigar a associação da hipertensão arterial com os outros fatores de
risco cardiovascular clássicos e genéticos.
73
Batista, A. P. Materiais e métodos
5 MATERIAIS E MÉTODOS
Esse estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em pesquisa com humanos da
Universidade Federal de Ouro Preto sob nº 125017/2015 e CAAE 51666115.5.0000.5150.
Todos os dados obtidos com a aplicação do questionário e a coleta de amostra biológica foram
utilizadas no estudo de forma não identificada e houve um pedido de permissão ao participante
através de um termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice). O estudo também obteve
aprovação de recursos na FAPEMIG sob Processo nº APQ-02643-15.
O presente estudo abrangeu as sedes dos distritos de Lavras Novas e seu subdistrito
Chapada e de Santo Antônio do Salto, pertencentes ao município de Ouro Preto, Minas Gerais,
Sudeste do Brasil. Considerando que a Chapada é um subdistrito de Lavras Novas com um
número pequeno de pessoas, estes foram agrupados na análise dos dados. São regiões próximas
entre si localizadas ao sul da sede do município de Ouro Preto, onde o acesso é feito
principalmente por estradas vicinais construídas em um relevo muito acidentado (Figura 14).
Esses distritos apresentam afinidades históricas e contemporâneas, sendo as suas origens
históricas ligadas às atividades de mineração e a formação populacional predominantemente
descendente de escravos libertos. Atualmente os moradores destas regiões vivem
principalmente do turismo, artesanato e agricultura de subsistência.
A população deste estudo foi composta de adultos (> 18 anos) de ambos os sexos
residentes nas áreas em questão.
74
Batista, A. P. Materiais e métodos
Foi conduzido um estudo transversal de base populacional nas sedes dos distritos Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto entre maio de 2015 e dezembro de 2016. A amostra
referente aos distritos alvo foi definida a partir das seguintes premissas, utilizando a ferramenta
Statc Calc: sample size and power (Epi Info 7.2.2.2TM): Universo populacional de 1509
indivíduos (divididos em 534 famílias), nível de confiança de 95%, frequência esperada de HAS
na população de 38% (FERREIRA, 2004), margem de erro aceitável de 3%, chegando em uma
amostra de 603 indivíduos, mais 10% de perdas, totalizando 663 indivíduos. O levantamento
da população adulta (> 18 anos) das áreas em questão foi feito no início de 2015, a partir dos
dados informados pela coordenação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), vinculada ao
Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB – da Secretaria Municipal de Saúde de Ouro
Preto. A tabela 1 traz a composição da população adulta de Lavras Novas, Chapada e Santo
Antônio do Salto por sexo e faixa etária nos anos de 2015/2016. A tabela 2 traz a previsão do
75
Batista, A. P. Materiais e métodos
número mínimo necessário de participantes por sexo e faixa etária de acordo com a amostra
calculada que serviu de base para o presente estudo.
Tabela 1: Composição da população adulta de Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto
(2015/2016)
Tabela 2: Previsão do número de indivíduos distribuídos por sexo e faixa etária de acordo com a amostra
calculada no estudo (n=663) (2015/2016)
76
Batista, A. P. Materiais e métodos
de equilibrar a amostra por sexo e faixa etária. Para tanto, a amostra alcançada (n= 515) foi
dividida em famílias e dentro de cada uma foi feita uma amostragem aleatória estratificada for
sexo e faixa etária e sorteados até 2 indivíduos/família chegando a uma sub-amostra de 380
indivíduos. A figura 15 sumariza o processo amostral alcançado, tipos de dados e as etapas de
análise do presente estudo.
Universo (2015/2016): População adulta (> 18 anos) de Lavras Novas (LN), Chapada
(CH) e Santo Antônio do Salto (SAS) (n= 1509) (534 famílias)
TIPO DE PERDA
TIPO DE PERDA
TIPO DE PERDA
Os critérios para inclusão no estudo foram: ser morador das localidades, ter 18 anos ou mais, e
fornecer consentimento escrito após esclarecimento.
O trabalho de campo foi realizado com uma frequência mínima de três dias por semana.
Todos os domicílios (534 famílias) foram visitados e os moradores elegíveis que aceitaram
entrar no estudo responderam aos questionários e tiveram as medidas antropométricas e clínicas
aferidas. A coleta de sangue era agendada para acontecer no posto de saúde da localidade
seguindo um tempo máximo de até 15 dias após a visita. Os participantes seguiram as seguintes
orientações:
78
Batista, A. P. Materiais e métodos
Idade: A idade foi calculada por um membro da equipe de pesquisa após solicitar documento
com foto do participante contendo data de nascimento.
Cor de pele: A cor de pele foi caracterizada pela autodeclaração segundo os cinco grupos
considerados pelo IBGE: preta, parda, branca, amarela e indígena (IBGE, 2010). O participante
podia optar por não responder.
79
Batista, A. P. Materiais e métodos
Estado civil: As categorias de estado civil foram: casado/união estável, solteiro, separado,
divorciado e viúvo. Na análise, foram criados três grupos: casados/união estável, solteiros e
foram agrupados os separados, divorciados e viúvos para compor o grupo “outros”.
• Nunca fumantes: aqueles que não fumaram ou fumaram menos de 100 cigarros durante
toda a vida);
• Ex-fumantes: aqueles que já fumaram pelo menos 100 cigarros durante a vida, mas
haviam parado de fumar há mais de 6 meses;
• Fumantes atuais: aqueles que já fumaram 100 ou mais cigarros durante a vida e
continuavam fumando.
(MS/INCA, 2001)
Dependência de consumo de álcool: O consumo de álcool foi medido pelo questionário CAGE
(MAYFIELD et al., 1974), acrônimo referente às suas quatro perguntas: Cut down, Annoyed
by criticism, Guilty e Eye-opener, é composto por quatro perguntas de fácil memorização,
podendo ser uma alternativa fácil, rápida e pouco intimidativa na detecção dos problemas
relacionados ao uso de álcool.
80
Batista, A. P. Materiais e métodos
2. Você já ficou incomodado ou irritado ("Annoyed") com outros por que criticaram seu jeito
de beber?
4. Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca ("Eye-
opener")?
81
Batista, A. P. Materiais e métodos
Estatura: A estatura foi mensurada em centímetros pelo Estadiômetro portátil (Charder), onde
a pessoa permanecia de costas para o marcador, com os pés descalços e unidos e com os braços
estendidos ao longo do corpo, cabeça ereta, olhos fixos para frente e a cabeça tocando a haste
vertical do estadiômetro (WHO, 1995).
Índice de massa corporal (IMC): O IMC foi calculado através da fórmula Peso(kg)/estatura2(m)
e classificado como “normal” (IMC < 25 kg/m2), “sobrepeso” (IMC de 25-29,9 kg/m2) e
“obesidade” (IMC ≥ 30 kg/m2), segundo a OMS (WHO, 2000).
Perímetro da cintura (PC) e do quadril (PQ): O PC foi aferido posicionando a fita métrica
no ponto médio entre a crista ilíaca e o último arco costal (WHO, 2008; OLIVEIRA et al.,
2017). Para o PQ, a fita métrica foi posicionada no maior perímetro do quadril, levando em
consideração a maior proporção da região glútea (WHO, 2008; OLIVEIRA et al., 2017). Para
ambas as medidas os participantes ficavam em posição ereta, abdômen relaxado, braços
estendidos lateralmente ao longo do corpo, pés um pouco afastados e peso igualmente
distribuído entre os dois membros inferiores (WHO, 2008). A fita métrica utilizada era do tipo
simples e inelástica com precisão de 1 mm. Para a classificação do PC foram utilizados pontos
de corte estabelecidos pela OMS, a saber, 94 cm para homens e 80 cm para mulheres, os quais
indicam risco de complicações metabólicas quando ultrapassados (WHO, 2008).
Adicionalmente, adotou-se um ponto de corte alternativo estabelecido para adultos brasileiros
tomando como desfecho o risco cardiovascular, onde para as mulheres foi de 87 cm e para os
homens foi de 95 cm (VIANNA et al., 2014).
Relação cintura/quadril (RCQ): A RCQ foi calculada pela razão PC(cm)/CQ(cm) (WHO, 2008).
Perímetro do pescoço (PP): O PP foi obtido com fita métrica simples e inelástica posicionada
ao nível da cartilagem cricortireoidea, logo acima da proeminência laríngea. O participante era
orientado a permanecer em posição ortostática, com a coluna ereta e a cabeça no plano de
Frankfurt (LAAKSO et al., 2002).
Relação cintura/estatura (RCE): A RCQ foi calculada pela razão PC(cm)/estatura(cm) (WHO,
2008).
A RCQ, RCE e PP não foram analisados de forma categorizada, por isso não seguiram nenhuma
classificação.
82
Batista, A. P. Materiais e métodos
A coleta de sangue venoso foi obtida por venopunção na região da fossa antecubital no
antebraço com o paciente sentado e com o braço apoiado em um suporte adequado. A coleta de
sangue foi realizada da seguinte forma: um tubo S-Monovette® (Sarstedt) de 2,7 mL contendo
o anticoagulante ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), para obtenção de sangue total, um
tubo de coleta S-Monovette® (Sarstedt) de 2,7 mL contendo fluoreto de sódio/EDTA, para
obtenção de plasma para dosagem da glicemia e um tubo de coleta S-Monovette® (Sarstedt)
de 7,5 mL sem anticoagulante para obtenção de soro para as demais análises bioquímicas. Após
a coleta de sangue, as amostras eram trazidas para o laboratório de Epidemiologia da Escola de
Medicina da UFOP para processamento e armazenagem. O tubo com sangue total foi
armazenado em freezer -20 ºC até o momento da extração do DNA genômico. Os tubos de soro
e fluoreto eram centrifugados por 15 minutos a 2500 rpm. Em seguida, o soro e o plasma obtidos
dos respectivos tubos eram distribuídos em alíquotas de 500 µl e armazenadas em freezer -80ºC
até o momento da dosagem.
As frações LDL-c e de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL-c) foram estimadas por
cálculo matemático pela fórmula de Friedwald, (1972), sendo LDL-c (mg/dL) = CT - HDL-c -
83
Batista, A. P. Materiais e métodos
84
Batista, A. P. Materiais e métodos
Immunosorbent Assay) de captura para seres humanos (Abcam). O teste baseou-se em reações
antígeno-anticorpo, detectáveis através de reações enzimáticas e seguiu o protocolo indicado
pelo fabricante. A concentração plasmática de quemerina foram divididos na mediana (160
ng/mL), a qual foi tomada como ponto de corte para as análises agrupadas.
Desfecho: No presente estudo, foram escolhidos os seguintes eventos para serem avaliados
como desfecho:
86
Batista, A. P. Materiais e métodos
87
Batista, A. P. Materiais e métodos
continuação
MID rs CR Posição pb Alelo descrito no dbSNP
MID-3854 rs60612424 6 84017514 -/TCTA
MID-2275 rs3033053 14 42554496 -/TCAGCAG
MID-94 rs16384 22 42045009 -/AAC
MID-3072 rs34611875 18 67623917 -/GCCCCCA
MID-772 rs1610859 5 128317275 -/TAG
MID-2313 rs3045215 1 234740917 -/ATTATAACT
MID-397 rs25621 6 139858158 -/TTCT
MID-1636 rs2307832 1 55590789 -/AA
MID-51 rs16343 4 17635560 -/TTTAT
MID-2431 rs3031979 8 73501951 -/ATTG
MID-2264 rs34122827 13 63778778 -/AAGT
MID-2256 rs133052 22 41042364 -/CAT
MID-128 rs6490 12 108127168 -/ATT
MID-15 rs4181 2 42577803 -/AAATACACAC
MID-2241 rs3030826 6 67176774 -/GTCCAATA
MID-419 rs140708 6 170720016 -/AATGGCA
MID-943 rs1611026 5 82545545 -/TGAT
MID-159 rs16438 20 25278470 -/CCCCA
MID-2005 rs2308161 10 69800909 -/AACAAT
MID-250 rs16687 7 83887882 -/CA
MID-1802 rs2307998 5 7814345 -/GGA
MID-1607 rs2307803 3 108981031 -/TG
MID-1734 rs2307930 6 84476378 -/CCAT
MID-406 rs25630 6 14734341 -/AG
MID-1386 rs2307582 1 247768775 -
/AAACTATTCATTTTTCACC
CT
MID-1726 rs2307922 1 39896964 -
/CAAGAACTATAAT/CACTA
TCTATTAT
MID-3626 rs11267926 15 45526069 -
/AATATAATTTCTCCA
MID-360 rs25584 12 112145217 -/AA
MID-1603 rs2307799 5 70828427 -/TTGT
MID-2719 rs34541393 20 30701405 -/AACT
CR: cromossomo MID: Marshfield Diallelic Insertion/Deletion Polymorphisms database pb: pares de bases
Fonte: Pereira et al., 2012ª CR: cromossomo
Preparo do Primer Mix: Todos os primers (46 pares) estavam a uma concentração de
1 µM no mix de primers. Neste caso, foi preparada uma solução mix de primers a partir dos
estoques a 100 µM, adicionando 10 µl de cada primer dos 46 pares – foward e reverse - (920ul)
em 80 µl de água. Volumes de reagentes/amostra de DNA:
88
Batista, A. P. Materiais e métodos
Volume final – 10 µl
1X
QIAGEN Multiplex PCR Kit, Master Mix 2x 5 µl
10x Primer Mix 1 µl
Reforço (1µM) * 0 – 1 µl
Água 2 – 3 µl
Total 9 µl mix +
1 µl DNA (±05-5 ng/μl)
*Volumes variáveis de acordo com os resultados e tempo de uso após o preparo do mix de primers
Preparo das amostras para eletroforese capilar: Previamente foi preparado um mix
contendo formamida (Hi-Di Formamide, Applied Biosystems) e um padrão interno de tamanho
de fragmentos de DNA conhecido, LIZ500® (Applied Biosystems), na proporção de 880 µl para
20 µl, respectivamente. Essa mistura foi colocada diretamente em placa de 96 poços e em
seguida as amostras foram aplicadas pela ordem determinada no protocolo, obedecendo a
seguinte proporção: 9 µl do mix (Formamida Hi-Di + LIZ500) para 1 µl de cada amostra.
vedada uniformemente com as tampas específicas (septa e plate retainer). Em seguida, foi
criada a corrida na programação do aparelho ABI PRISM® 3500 seguindo procedimentos
padronizados e trabalhando com a função “Fragment” e depois do preenchimento de todas as
informações sobre as amostras a corrida foi iniciada.
Figura 16: Exemplo de um eletroferograma segundo a cor azul emitida pelo fluoróforo marcado em
parte do painel de MIAs.
Para as análises de proporção por grupos os indivíduos foram categorizados nos grupos
predominantemente africano (PAFR) e predominantemente europeu (PEUR), utilizando a
proporção de ancestralidade > 0,650 (QUEIROZ et al., 2016) como ponto de corte para cada
90
Batista, A. P. Materiais e métodos
grupo ancestral respectivo. O grupo ameríndio não foi considerado nesta categorização por se
apresentar em frequência muito baixa na população de estudo. Um terceiro grupo foi
classificado em predominantemente miscigenado (PMIX) quando não atendeu os critérios
citados anteriormente. O ponto de corte adotado foi escolhido porque é maior do que o valor
médio dos MIAs europeus descritos para a população de Ouro Preto (50,3-53,9%), e cuja média
é observada para a população do sudeste brasileiro (55,2-79,9%). As características
antropométricas, clínicas, bioquímicas e demográficas foram analisadas entre os três grupos.
91
Batista, A. P. Materiais e métodos
Alelo -
FN rs CR Gene Referência
dbSNP
Pereira et al. 2003; Kimura et al.,
rs699 1 AGT G/A (FWD) 2012; Wollinger et al., 2015;
Bonfim-Silva et al., 2016
Hipertensão
92
Batista, A. P. Materiais e métodos
Para a análise deste painel, foi utilizada a técnica de discriminação alélica pelo sistema
TaqMan (Applied Biosystems) com sondas TaqMan® MGB (minor groove binder) através da
PCR em tempo real (qPCR) utilizando um conjunto de iniciadores e sondas específicas para
cada SNP. Todas as análises de genotipagem foram feitas no equipamento 7500 fast Real-Time
PCR Systems (Applied Biosystems) no Setor de Biologia Molecular do Laboratório de
Epidemiologia da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto.
Volume final – 10 µl
1X
TaqMan™ Universal PCR Master Mix 5 µl
20x Primer Mix 1 µl
Água 4,5 µl
Total 10 µl mix + 1 µl DNA (±1-20 ng/ µl)
A técnica de discriminação alélica foi realizada segundo orientações do fabricante e pode ser
vista em maiores detalhes em: https://www.thermofisher.com/br/en/home/life-science/pcr/real-
time-pcr/real-time-pcr-learning-center/real-time-pcr-basics/how-taqman-assays-work.html,
acesso em 19 de maio de 2018. Ela consiste na utilização de um conjunto combinado de duas
sondas TaqMan® alelo-específicas, marcadas com diferentes fluoróforos (FAMTM e VICTM),
uma complementar para cada um dos alelos (selvagem e mutante) e um par de iniciadores. Um
terceiro fluoróforo, chamado de ROXTM, é um padrão interno importante para mostrar a linha
de base, ou seja, o limite onde se discrimina à amplificação da interferência. A sonda se liga ao
seu alelo específico e a fluorescência é lida para o alelo presente na amostra. Se os dois alelos
estiverem presentes, são lidos os dois tipos de fluorescência. A figura 17 ilustra a discriminação
alélica de um indivíduo heterozigoto para o marcador rs17173608. O eixo y apresenta a
fluorescência do fluoróforo e o eixo x o número de ciclos. A curva verde é o aumento da
fluorescência VIC, o qual está ligado a uma sonda que anela ao alelo 1 (G) e a azul é o aumento
93
Batista, A. P. Materiais e métodos
de fluorescência FAM que está ligado a uma sonda complementar ao alelo 2 (T). A cada corrida
foi adicionado um controle negativo e um controle positivo, de padrão de discriminação alélica
conhecido para o SNP analisado.
94
Batista, A. P. Materiais e métodos
Figura 18: Exemplo de discriminação alélica do rs17173608 para homozigose marcada por FAM (TT).
Figura 19: Exemplo de discriminação alélica do rs17173608 para homozigose marcada por VIC
(GG).
95
Batista, A. P. Materiais e métodos
O banco de dados foi construído e analisado no software SPSS versão 22.0. A análise
estatística seguiu as seguintes etapas:
1. A prevalência foi calculada pela proporção de casos, referentes a cada fator de risco
cardiovascular, em relação ao total de indivíduos da amostra.
2. As variáveis contínuas foram testadas quanto à normalidade de sua distribuição pelo
teste de Shapiro-Wilk e posteriormente foram escolhidos os testes estatísticos
adequados.
3. Foi realizada a análise de variância de um fator (ONE-WAY/ANOVA) quando as
variáveis eram contínuas e o teste do qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher
quando eram categóricas. Esses testes foram utilizados para testar diferenças na média
ou distribuição das categorias das variáveis entre os desfechos, assumindo como
diferença significativa quando p ≤ 0,05.
4. As estimativas das proporções de ancestralidade individual e geral foram realizadas
utilizando-se o software STRUCTURE v2.3.4 (PRITCHARD et al., 2000) e
considerando 3 populações parentais (EUR, AFR e AMR), conforme Manta e
colaboradores (2013a).
5. Os SNPs tiveram suas frequências alélicas obtidas por contagem gênica e testadas
quanto ao EHW (com exceção dos SNPs rs429358 e rs7412 gene APOE ). Aqueles que
apresentaram inconsistências com o equilíbrio (p ≤ 0,05) foram excluídos das análises
posteriores onde foi possível avaliar um painel de 9 polimorfismos sendo que dois deles
foram analisados em haplótipos.
6. A distribuição dos genótipos do painel de 9 SNPs entre os desfechos foi testada pelo
Qui-quadrado de Pearson. Em seguida, a análise multivariada foi feita pelo teste de
Regressão Logística Binária onde todas as variáveis sociodemográficas,
comportamentais, clínicas, bioquímicas e antropométricas significativas na análise
bivariada (com um critério de significância estatística flexível de até 20%) foram
analisadas utilizando o método de seleção para frente (foward selection). Neste método,
a modelagem é feita com a entrada das variáveis por ordem crescente de significância
estatística, levando em conta que, sempre que a introdução de uma nova variável no
modelo não mostrasse significância estatística, era então considerado que seu efeito no
desfecho estava sendo confundido, e então ela era retirada do modelo. A razão de
96
Batista, A. P. Materiais e métodos
chances (OR) para cada variável que permaneceu no modelo final foi analisada a fim de
identificar os marcadores genéticos associados de forma significativa e independente
com os desfechos selecionados.
7. Para as variáveis que permaneceram significativas no modelo final da regressão
logística binária, foi realizada análise bivariada de risco também pela regressão binária
logística, para o cálculo da OR ajustada. Duas variáveis indicadoras (“dummies”) foram
criadas para avaliar o gradiente dose-resposta ao risco, após ajuste pelas outras variáveis
significativas no modelo final. Assumiu-se também como significativa as associações
com valores de p ≤ 0,05.
97
As sessões resultados e discussão do presente trabalho foram agrupadas e são
apresentadas em 4 capítulos de acordo com os objetivos específicos:
• Capítulo 1:
a. Estimar a prevalência de hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias e diabetes
mellitus tipo 2.
b. Apresentar as frequências alélica e genotípica de um painel de 12 polimorfismos
em genes candidatos relacionados com o risco cardiovascular.
c. Investigar a associação dos 12 polimorfismos com variáveis clínicas,
antropométricas e bioquímicas.
• Capítulo 2: Descrever a ancestralidade genética e investigar sua associação com
hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2 e cor de pele
autorreferida
• Capítulo 3: Investigar a associação da adipocina quemerina com os fatores de risco
cardiovascular clássicos e genéticos
• Capítulo 4: Investigar a associação da hipertensão arterial com outros fatores de risco
cardiovascular clássicos e genéticos
98
Batista, A. P. Resultados e discussão
O presente estudo avaliou 515 indivíduos residentes nos distritos de Lavras Novas,
Chapada e Santo Antônio do Salto, pertencentes ao município de Ouro Preto, Minas Gerais,
Brasil. A amostra foi composta de 329 (63,9%) mulheres e 186 (36,1%) homens com média de
idade de 49,2 (±17,3) e 49,8 (±16,4) anos, respectivamente. A idade variou de 18 a 91 anos com
média geral de 49,4 (±17,0) anos. A distribuição da amostra entre as localidades foi de 20
indivíduos na Chapada (3,9%), 189 (36,7%) em Lavras Novas e 306 (59,4%) em Santo Antônio
do Salto. A tabela 6 apresenta a distribuição da amostra alcançada no presente estudo distribuída
por sexo e faixa etária. Com exceção dos homens jovens (18-39 anos), foi possível equilibrar a
amostra de acordo com o observado para a população.
Tabela 7: Número de famílias alcançadas no presente estudo apresentada de acordo com número de
indivíduos participantes (2015/2016)
99
Batista, A. P. Resultados e discussão
100
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 9: Valores médios de variáveis antropométricas, clínicas e bioquímicas por sexo em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
101
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 10: Frequência das categorias das variáveis antropométricas, clínicas, bioquímicas por sexo em
Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
102
Batista, A. P. Resultados e discussão
Figura 20: Prevalência de obesidade, sobrepeso, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2 (DMT2) e
hipertensão arterial nos distritos de Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto, população total e
por sexo (2015/2016).
a
IMC entre 25-29,9 kg/m2 (p < 0,0001) b IMC ≥ 30 kg/m2 (p < 0,0001) c critérios Sociedade Brasileira de
Cardiologia (FALUDI et al., 2017) e/ou concentração plasmática de colesterol total ≥ 190 mg/dL ou uso de
hipolipemiantes (p = 0,294) d uso de medicação hipoglicemiante ou insulina e/ou glicemia ≥ 126 mg/dL (p = 0,391)
e
uso de medicação anti-hipertensiva e/ou medida casual de pressão arterial ≥ 140:90 mmHg (MALACHIAS et
al., 2016) (p = 0,730) valor de p para o teste do qui-quadrado de Pearson ≤ 0,05 foi considerado significativo
A influência da idade entre os indivíduos com um dos fatores de risco clássico isolados
ou com mais de um deles é mostrada na tabela 11. Só a HAS foi influenciada pela idade nas
mulheres.
103
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 11: Influência da idade entre os indivíduos hipertensos, com excesso de peso, dislipidêmicos,
diabéticos e/ou com a presença de pelo menos um fator de risco em Lavras Novas, Chapada e Santo
Antônio do Salto (2015/2016)
Tabela 12: Distribuição de hipertensos e normotensos e níveis médios de pressão arterial sistólica e
diastólica por sexo e faixa etária em Lavras Novas, Chapada e Santo Antônio do Salto (2015/2016)
104
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 13: Frequência alélica e genotípica dos polimorfismos RARRES2 rs4721, RARRES2
rs17173608 e PPARG rs1801282 avaliados em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro
Preto, Minas Gerais na totalidade e por sexo (2015/2016)
105
Batista, A. P. Resultados e discussão
diferenças entre os sexos e estão de acordo com o EHW. O alelo G foi predominante para os
SNPs AGT rs699 e NOS3 rs1799983 e o alelo T para o SNP GNB3 rs5443.
Tabela 14: Frequência alélica e genotípica dos polimorfismos APOB rs693, APOE rs7412, APOE
rs429358, LDLR rs5925, APOC3 rs5128 e APOC3 rs4520 avaliados em Lavras Novas/Chapada e Santo
Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais na totalidade e por sexo (2015/2016)
106
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 15: Frequência alélica e genotípica dos polimorfismos AGT rs699, NOS3 rs1799983 e GNB3
rs5443 avaliados em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais na
totalidade e por sexo (2015/2016)
107
Batista, A. P. Resultados e discussão
O SNP AGT rs699 só apresentou diferença quanto ao IMC, onde observou-se que os
portadores do alelo variante A apresentaram os valores médios na faixa considerada de
sobrepeso.
Por último, o SNP GNB3 rs5443 teve associação com a razão cintura quadril, colesterol
total, LDL-c e não-HDL-c, onde os portadores do alelo ancestral C apresentaram os maiores
valores dessas variáveis.
108
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 16: Valores médios de variáveis antropométricas, clínicas e bioquímicas significativas para os
grupos de genótipos dos SNPs rs699, rs1799983, rs5443 e haplótipo rs429358 + rs7412, em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
109
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 17: Valores médios de variáveis antropométricas, clínicas e bioquímicas significativas para os
grupos de genótipos dos SNPs rs4721, rs17173608, rs693, rs5925, rs5128 e rs4520 em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
110
Batista, A. P. Resultados e discussão
Como esperado, e com base em dados mundiais, ocorrem variações nas prevalências
dos FRCV clássicos entre homens e mulheres pois existem vários fatores como a etnia, genética,
fatores psicoemocionais, contexto social, variáveis bioquímicas, estilos de vida, presença de
outras desordens (NCD-RISK, 2015; ZHOU et al., 2016; ZHOU et al., 2017, ARMENI &
LAMBRINOUDAKI, 2017; O’NEIL et al., 2018). Além disso, as mulheres têm a predisposição
a desenvolver a DCV mais tarde, acima de 65 anos, devido à chegada do climatério (CARR,
2003; ROSS & POLOTSKY, 2012). No Brasil, estudos vem apontando maiores prevalências
de DMT2 e obesidade entre as mulheres (VEDANA et al., 2008, IBGE, 2014; SCHMIDT et
al., 2014; FLOR et al., 2017), ao passo que a HAS e as dislipidemias são mais prevalentes em
homens (CHOR et al., 2015, LOTUFO et al., 2015; SANTOS et al., 2016).
Um dado que chama a atenção no presente estudo é que a média de idade entre as
mulheres com pelo menos um FRCV foi semelhante aos homens na mesma condição (51,7 vs
52,3, p=0,701) que indica que o desenvolvimento dos FRCV não pode ser explicado por um
possível viés de sobrevida. Outra possibilidade seria um possível viés de seleção em função da
maior participação das mulheres no estudo. No entanto, ao compararmos os níveis pressóricos
de participantes e não participantes, as diferenças não foram significativas. Esses dados
sugerem que a população feminina das localidades é mais atingida pela DCV que a masculina
e necessita de cuidados e atenção nesse sentido.
111
Batista, A. P. Resultados e discussão
A localização das áreas distritais, principalmente Santo Antônio do Salto, também pode
ter favorecido as maiores prevalências de obesidade, pois apesar do acompanhamento da
população pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), o acesso a serviços de saúde ainda é
dificultado nessas áreas. Hábitos alimentares incorretos e a escassez de atividade física podem
também estar predispondo estas áreas. O presente estudo não teve como alvo a avaliação de
fatores nutricionais e padrões de prática de atividade, e, portanto, é pertinente propor que as
populações distritais de Ouro Preto sejam avaliadas nesses quesitos em futuros estudos.
Com relação a prevalência de HAS no Brasil, nas últimas três décadas houve uma
tendência de queda de 36,1 para 31,0% segundo uma meta-análise (PICON et al., 2012).
Recentemente, Chor e cols. (2015), numa coorte prospectiva (ELSA-Brasil), acompanharam
112
Batista, A. P. Resultados e discussão
servidores públicos de seis capitais brasileiras observando uma prevalência de HAS de 35,8%,
com predomínio entre homens (40,1% vs 32,2%). A prevalência geral de HAS, segundo a PNS
(2013), foi 22,3%, com predomínio entre os homens (25,3% vs 19,5%), variando de 26,7% no
Rio de Janeiro a 13,2% no Amazonas e com predomínio na área urbana em relação à rural
(21,7% vs 19,8%) (IBGE, 2014). A prevalência geral de HAS observada no presente estudo
supera dados nacionais e de cidades do Sudeste, porém ao contrário destes estudos, as mulheres
apresentaram as maiores prevalências e a área distrital se equiparou com a área urbana de Ouro
Preto. Com isso propomos que ações de incentivo a comportamentos que ajudem no controle
da pressão arterial devem ser tomadas no intuito de melhorar esses indicadores nessa população,
com atenção especial às mulheres.
113
Batista, A. P. Resultados e discussão
alterada (100,0 a 125,0 mg/dL), sendo 47,4% das mulheres e 58,8% dos homens. Já a PNS em
2013 estimou que 6,2% da população brasileira com 18 anos de idade ou mais referiu
diagnóstico médico de diabetes, sendo de 7% nas mulheres e de 5,4% nos homens, com maior
taxa de diabetes (9,6%) nos indivíduos sem instrução ou com ensino fundamental incompleto
(IBGE, 2014). A prevalência de DMT2 observada no presente estudo está próxima dos dados
nacionais e abaixo do observado no estudo ELSA. O estado pré-diabético foi observado em
44,9% dos indivíduos do estudo (29,1% das mulheres e 15,7% dos homens), o que fica também
abaixo do observado para os dados do estudo ELSA. É importante considerar que o ELSA trata
de populações de capitais com características diferentes da população do estudo, o que limita
amplas comparações. Porém, mesmo com as prevalências no presente estudo terem se
apresentado mais baixas ou dentro do esperado para o Brasil, ainda há a necessidade de
acompanhamento dos indivíduos, em especial as mulheres, para futuramente não se tornem
diabéticas.
A classificação da dislipidemia varia entre os estudos o que torna limitada uma avaliação
da intensidade com que esse FRCV atinge as populações. A prevalência da dislipidemia na
população do estudo apresentou-se aumentada com relação à população urbana de Ouro Preto
(63,3% vs 24,9%) (FERREIRA, 2004), do Rio de Janeiro (63,3% vs 24,2%) (SOUZA et al.,
114
Batista, A. P. Resultados e discussão
2003) e São Paulo (63,3 vs 59,7%) (GARCEZ et al., 2014). Tais diferenças podem ser
explicadas pelo tipo de classificação adotada, pois o presente estudo considerou a concentração
plasmática de CT para medir a prevalência e outros estudos não. Porém, é importante salientar
que a dislipidemia é um relevante FRCV que precede um desfecho cardiovascular e que o
presente estudo tem mais de 50% dos indivíduos apresentando esse distúrbio, o que leva a
reafirmar que estudos futuros devem ser conduzidos para uma avaliação de padrões
nutricionais, comportamentais e biológicos que possam estar influenciando o desenvolvimento
da dislipidemia nas populações distratais de Ouro Preto.
115
Batista, A. P. Resultados e discussão
africanas (≅ 80%). Já o PPARG rs1801282 teve a maior frequência do alelo ancestral C, o que
está de acordo com o esperado para europeus e africanos e afrodescendentes (> 90%) e não
houve a presença do homozigotos para o alelo G nesta população.
acordo com outros estudos com populações da região Sudeste do Brasil (SANDRIM et al.,
2006a; SANDRIM et al., 2006b).
117
Batista, A. P. Resultados e discussão
Grande do Sul (> 52%) (PEREIRA et al., 2003; FREITAS et al., 2007b; WOLLINGER et al.,
2015; BOMFIM-SILVA et al., 2016), porém ficou próximo da frequência observada por
Kimura e cols. (2012) (27%) em quilombolas do Vale do Ribeira/SP. Mais estudos são
necessários para entender melhor a distribuição do alelo de risco do SNP AGT rs699 em
populações de Minas Gerais.
A frequência do alelo variante 7673T do SNP APOB rs693 (24%) foi inferior à
observada para populações europeias (49%) e próxima a de populações africanas (20%)
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/rs693, acesso em fevereiro de 2019). Também observamos
que em outras populações brasileiras a frequência do alelo 7673T foi superior ao encontrado no
presente estudo (SALAZAR et al., 2000; NAKAZONE et al., 2009; LAZZARETTI et al.,
2013; MENDES, 2015). Mais estudos são necessários para entender melhor a distribuição do
alelo de risco do SNP APOB rs693 em populações de Minas Gerais.
118
Batista, A. P. Resultados e discussão
A frequência do alelo variante T do SNP LDLR rs5925 no presente estudo foi alta (80%)
comparada à observada para europeus (57%) e mais próxima a de africanos (89%)
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/rs5925, acesso em fevereiro de 2019). O alelo ancestral C,
o qual tem sido avaliado como predisponente ao risco de hipercolesterolemia (LDL-c elevado)
(VAN ZYL et al., 2014), apresenta-se em menor frequência em várias populações (SALAZAR
et al., 2002; BAUERFEIND et al., 2006; RÍOS-GONZÁLEZ et al., 2014; VAN ZYL et al.,
2014; KIM et al., 2015), o que está de acordo com os nossos achados.
119
Batista, A. P. Resultados e discussão
120
Batista, A. P. Resultados e discussão
Figura 21: Proporção de ancestralidade genética nos distritos de Lavras Novas, Chapada, Santo
Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016).
4 8 .0 0 % EUR
4 0 .6 0 % AFR
1 1 .4 0 % AMR
121
Batista, A. P. Resultados e discussão
Figura 22: Distribuição da população de Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto segundo a
proporção de ancestralidade, apresentada em forma de “clusters” (2015/2016).
Verde =África, Vermelho= Europa; Azul =Ameríndia Amarelo =Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto
MIAs Indels. Podemos observar que existe uma distribuição quase homogênea das duas
ancestralidades principais (Europa e África) ao longo da representação da amostra 4 (Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto).
Figura 23: Proporção de origem ancestral para Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto a partir
das amostras referência HGDP-CEPH de africanos (AFR), europeus (EUR) e ameríndios (AMR)
(2015/2016).
Os números no eixo do X codificam os grupos das populações ancestrais usadas como referência, onde 1 = África,
2 = Europa, 3 = Ameríndio e 4 = população dos distritos de Ouro Preto
123
Batista, A. P. Resultados e discussão
Quadro 1 Estimativa de ancestralidade genética na população nos distritos de Lavras Novas, Chapada
e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, em comparação com outros estudos no Brasil (2015/2016)
A análise da proporção média dos MIAs por categorias de cor de pele autorreferida
mostrou algumas inconsistências entre o auto relato e a característica genética do indivíduo
(Tabela 18). A categoria de cor de pele branca apresentou a maior proporção de contribuição
africana. Por outro lado, a categoria de cor de pele preta apresentou maior proporção de
124
Batista, A. P. Resultados e discussão
contribuição europeia. Ao contrário do que foi observado para a amostra total, a categoria de
cor de pele parda apresentou a maior proporção de contribuição africana, seguida da europeia.
Tabela 18: Proporção MIAs por cor de pele autorreferida em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio
do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
As variáveis que chamaram a atenção foram o CT, TAG e as frações HDL-c e não-
HDL-c sendo que para todas foram observados maiores valores médios no grupo com
predominância africana. A tabela 19 sumariza os resultados:
125
Batista, A. P. Resultados e discussão
126
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 20: Fatores de risco cardiovascular clássicos por grupos predominantemente africano (PAFR),
predominantemente europeu (PEUR) e predominantemente miscigenado (PMIX) em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
127
Batista, A. P. Resultados e discussão
Os MIAs africanos do presente estudo superaram a proporção vista na Bahia por Pena
e cols. (2011), 40,6% vs 30,3%, o que é inesperado. Entretanto pode ser explicado, em parte,
pelo fato de que o estudo na Bahia foi feito com uma população urbana localizada na região
costeira do oceano Atlântico, que se caracteriza por ser mais impactada pela imigração europeia
128
Batista, A. P. Resultados e discussão
ao longo do século XX, o que pode ter “diluído” a proporção de contribuição genética africana.
Também é importante considerar que a população do presente estudo tem características de
uma população com raízes afrodescendentes que ainda mantém casamentos endogâmicos, o
que é uma indicação que pode ocorrer um baixo fluxo gênico dentro da população
(PETRUCCELLI, 2001) e dessa forma sofrer menor influência da miscigenação europeia.
Inclusive a presença da endogamia em Santo Antônio do Salto predispõe a ocorrência de
doenças de cunho hereditário, tais como “fogo selvagem” e mucopolissacaridose, de acordo
com a comunicação pessoal da médica da Unidade Básica de Saúde com a equipe do presente
trabalho, o que tem despertado o interesse em conduzir futuros estudos voltados a essa questão
na localidade.
Como esperado, a análise da proporção média dos MIAs por categorias de cor de pele
autorreferida apontou inconsistências. Com relação as duas supostas categorias de cor de pele,
a saber branca e preta, que estariam associadas com os MIAs europeus e africanos,
respectivamente, o presente estudo observou associações opostas. Os estudos já vêm mostrando
129
Batista, A. P. Resultados e discussão
No Brasil, é apontado que os grupos de cor de pele preta e parda, os quais supostamente
tem maior influência africana, tem maior vulnerabilidade às piores condições de saúde em geral,
não só pela genética, mas pelo status socioeconômico (OLIVEIRA et al., 2008; LIMA-COSTA
et al., 2015a). Com relação à HAS, um estudo indicou que a posição socioeconômica foi a
determinante do adoecimento em idosos e não a ancestralidade genética africana em si (LIMA-
130
Batista, A. P. Resultados e discussão
COSTA et al., 2016). Entretanto Queiroz e cols. (2013) observaram que a mesma na população
infantil ouro-pretana teve associação com HAS e hiperglicemia. Em comunidades quilombolas,
grupos brasileiros com raízes africanas e caracterizados por um desfavorecimento econômico,
Bezerra e cols. (2017) observaram alta prevalência de pré-hipertensão e apontaram a
necessidade de ampliação ao acesso a serviços de saúde e ações específicas voltadas à
orientação, prevenção e promoção da saúde nessa população, o que confirma a carga desse fator
de risco sendo influenciada por questões sociais também.
Com relação aos componentes do perfil lipídico alterados em grupos PAFR observados
no presente estudo, outro estudo brasileiro multicêntrico utilizou as categorias de cor de pele, e
observou maiores prevalências de dislipidemia em homens negros com baixo nível educacional,
o que indica que a combinação entre etnia e nível socioeconômico também está associada ao
perfil lipídico (LOTUFO et al., 2016). Adicionalmente, Harada e cols. (2018) observaram que
a hipercolesterolemia familiar atingiu mais pardos e negros em relação aos brancos. Entretanto,
outros estudos no Brasil encontraram resultados opostos, apontando concentrações lipídicas
menores em negros com relação a brancos (SANTOS et al., 2016; AL RIFAI et al., 2018) e os
indivíduos pardos apresentaram concentrações lipídicas mais próximas dos brancos (SANTOS
et al., 2016).
131
Batista, A. P. Resultados e discussão
132
Batista, A. P. Resultados e discussão
Quemerina (ng/mL)
VR Categoria ≤ 160 > 160 Total
n (%) OR (IC 95%) p*
18 - 34 anos 84 (32,9) 67 (26,5) 151 (29,7) 1,0 -
FE 35-59 anos 113 (44,3) 104 (41,1) 217 (42,7) 1,15 (0,76 -1,75) 0,501
≥ 60 anos 58 (22,7) 82 (32,4) 140 (27,6) 1,77 (1,11 - 2,82) 0,015
Masculino 111 (43,5) 68 (26,9) 329 (64,8) 1,0
S
Feminino 144 (56,5) 185 (73,1) 179 (35,2) 2,09 (1,44 - 3,04) < 0,0001
Alfabetizado 241 (94,5) 224 (88,9) 465 (91,7) 1,0
ES Não
14 (5,5) 28 (11,1) 42 (8,3) 2,15 (1,10 - 4,19) 0,022
alfabetizado
Solteiro 84 (33,1) 51 (20,2) 135 (26,7) 1,0
EC Casado/UE 145 (57,1) 163 (64,7) 308 (60,9) 1,85 (1,22 - 2,8) 0,003
Outrosa 25 (9,8) 38 (15,1) 63 (12,5) 2,5 (1,35 - 4,62) 0,002
≥ 4 SM 27 (11,1) 40 (16,6) 67 (13,8) 1,0
R 2 a 3 SM 147 (60,5) 122 (50,6) 269 (55,6) 0,56 (0,32 – 0,96) 0,035
≤ Salário
69 (28,4) 79 (32,8) 148 (30,6) 0,77 (0,42 – 1,38) 0,387
mínimo
Branca +
31 (12,4) 31 (12,3) 62 (12,3) 1,0
CPA amarela
Preta + parda 220 (87,6) 221 (87,7) 441 (87,7) 1,0 (0,59 – 1,71) 0,987
Não 158 (62,7) 162 (64,8) 320 (67,7) 1,0
Fb
Sim 94 (37,3) 88 (35,2) 182 (36,3) 0,91 (0,63 – 1,31) 0,642
Não
consome ou 227 (89,7) 226 (93,4) 453 (91,5) 1,0
CAc
não depende
Dependência 26 (10,3) 16 (6,6) 42 (8,5) 0,61 (0,32 – 1,18) 0,144
VR: variável FE: faixa etária S: sexo ES: escolaridade EC: estado civil R: renda CPA: cor de pele autorreferida F:
fumante CA: consumo de álcool IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances UE: união estável
SM: salário mínimo a Separado/divorciado ou viúvo bautorrelato de uso do cigarro durante a vida e/ou uso atual
c
CAGE - detecção dos problemas relacionados ao uso de álcool *valor de p para o teste do qui-quadrado de Pearson
≤ 0,05 foi considerado significativo
133
Batista, A. P. Resultados e discussão
Quemerina (ng/mL)
Variável Cat. ≤ 160 > 160 Total OR (IC 95%) p*
n (%)
< 25 123 (48,6) 101 (40,1) 224 (44,4) 1,0 0,054
IMC (kg/m2)
≥ 25 130 (51,4) 151 (59,9) 281 (55,6) 1,45 (0,99 – 2,01)
Normal 157 (62,3) 120 (48,2) 277 (55,3) 1,0 0,001
PCa (cm)
RC 95 (37,7) 129 (51,8) 224 (44,7) 1,77 (1,24 – 2,53)
Normal 128 (50,8) 90 (36,1) 218 (43,5) 1,0 0,001
PCb (cm)
RC 124 (49,2) 159 (63,9) 283 (56,5) 1,82 (1,27 – 2,60)
< 150 208 (81,6) 171 (67,6) 379 (74,6) 1,0 < 0,0001
TAG (mg/dL)
≥ 150 47 (18,4) 82 (32,4) 129 (25,4) 2,12 (1,40 – 3,2)
< 190 141 (55,3) 120 (47,4) 261 (51,4) 1,0 0,076
CT (mg/dL)
≥ 190 114 (44,7) 133 (52,6) 247 (48,6) 1,37 (0,96 – 1,94)
< 130 207 (81,2) 201 (79,4) 408 (80,3) 1,0 0,624
LDL-c (mg/dL)
≥ 130 48 (18,8) 52 (20,6) 100 (19,7) 1,11 (0,72 – 1,72)
≥ 40 (M)
231 (90,6) 225 (88,9) 456 (89,8) 1,0 0,538
≥ 50 (F)
HDL-c (mg/dL)
< 40 (M)
24 (9,4) 28 (11,1) 52 (10,2) 1,19 (0,67 – 2,12)
< 50 (F)
< 160 211 (82,7) 199 (78,7) 410 (80,7) 1,0 0,243
nHDL-c (mg/dL)
≥ 160 44 (17,3) 54 (21,3) 98 (19,3) 1,30 (0,83 – 2,02)
Não 107 (42,0) 80 (31,6) 187 (36,8) 1,0 0,016
DL
Sim 148 (58,0) 173 (68,4) 321 (63,2) 1,56 (1,08 – 2,24)
< 100 136 (53,3) 102 (40,3) 238 (46,9) 1,0
GJ (mg/dL) 100 - 125 107 (42,0) 123 (48,6) 230 (45,3) 1,53 (1,06 – 2,20) 0,021
> 125 12 (4,7) 28 (11,1) 40 (7,9) 3,11 (1,50 – 6,41) 0,001
< p75 207 (81,2) 174 (68,8) 381 (75,0) 1,0 0,001
IJ (uLU/mL)
≥ p75 48 (18,8) 79 (31,2) 127 (25,0) 1,95 (1,29 – 2,95)
< 2,71 231 (90,6) 203 (80,2) 434 (85,4) 1,0 0,001
HOMA-IR
≥ 2,71 24 (9,4) 50 (19,8) 74 (14,6) 2,37 (1,40 – 3,95)
Não 239 (93,7) 218 (86,2) 457 (90,0) 1,0 0,005
DMT2
Sim 16 (6,3) 35 (13,8) 51 (10,0) 2,39 (1,29 – 4,45)
Não 151 (59,2) 140 (55,3) 291 (57,3) 1,0 0,377
HAS
Sim 104 (40,8) 113 (44,7) 217 (42,7) 1,17 (0,82 – 1,66)
Normal/
165 (64,7) 164 (64,8) 329 (64,8) 1,0 0,978
PAS (mmHg) limítrofe
Alta 90 (35,3) 89 (35,2) 179 (35,2) 0,99 (0,69 – 1,43)
Normal/
206 (80,8) 204 (80,6) 410 (80,7) 1,0 0,965
PAD (mmHg) limítrofe
Alta 49 (19,2) 49 (19,4) 98 (19,3) 1,01 (0,65 – 1,56)
Cat: categorias IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances IMC: índice de massa corpórea PC:
Perímetro da cintura RC: risco cardiovascular TAG: triglicerídeos CT: colesterol total LDL-c: lipoproteína de
baixa densidade HDL-c: lipoproteína de alta densidade DL: dislipidemia GJ: glicemia de jejum IJ: insulinemia de
jejum HOMA-IR: modelo homeostático de avaliação da resistência à insulina DMT2: diabetes tipo 2 HAS:
hipertensão arterial sistêmica PAS: pressão arterial sistólica PAD: pressão arterial diastólica F: feminino M:
masculino a: segundo Vianna et al., 2014 b: segundo WHO, 2008 *valor de p para o teste do qui-quadrado de
Pearson ≤ 0,05 foi considerado significativo
134
Batista, A. P. Resultados e discussão
135
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 23: Frequência genotípica de um painel de 7 polimorfismos do tipo SNP e frequência alélica do
haplótipo APOE (rs429358 + rs7412) estratificadas pela mediana da concentração plasmática de
quemerina em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
Quemerina (ng/mL)
Gene/
GN* ≤ 160 > 160 Total
rs
n (%) OR (IC 95%) p**
CC 248 (97,3) 247 (97,6) 495 (97,4) 1,0
PPARG/
CG 7 (2,7) 6 (2,4) 13 (2,6) 0,86 (0,28 – 2,59) 0,790
rs1801282
GG - - - -
GG 61 (23,9) 49 (19,4) 110 (21,7) 1,0
RARRES2/
GT 116 (45,5) 134 (53,0) 250 (49,2) 1,43 (0,91 – 2,25) 0,113
rs4721
TT 78 (30,6) 70 (27,7) 148 (29,1) 1,11 (0,68 – 1,83) 0,661
TT 181 (71,0) 183 (72,3) 364 (71,7) 1,0
RARRES2/
GT 62 (24,3) 63 (24,9) 125 (24,6) 1,00 (0,66 – 1,50) 0,980
rs17173608
GG 12 (4,7) 7 (2,8) 19 (3,7) 0,57 (0,22 – 1,49) 0,253
GG 144 (56,5) 120 (47,4) 264 (52,0) 1,0
NOS3/
GT 89 (34,9) 119 (47,0) 208 (40,9) 1,60 (1,11 – 2,31) 0,011
rs1799983
TT 22 (61,1) 14 (5,5) 36 (7,1) 0,76 (0,37 – 1,55) 0,457
CC 27 (10,6) 34 (13,4) 61 (12,0) 1,0
GNB3/ CT 128 (50,2) 124 (49,0) 252 (49,6) 0,76 (0,43 – 1,35) 0,359
rs5443
TT 100 (51,3) 95 (48,7) 195 (38,4) 0,75 (0,42 – 1,34) 0,338
GG 142 (55,7) 161 (63,6) 303 (59,6) 1,0
APOB/
AG 89 (34,9) 79 (31,2) 168 (33,1) 1,27 (0,87 – 1,86) 0,203
rs693
AA 24 (9,4) 13 (5,1) 37 (7,3) 2,09 (1,02 – 4,26) 0,038
Alelos - APOE/ ε2 1 (0,4) 3 (1,2) 4 (0,8) 1,0
rs429358 + ε3 207 (81,2) 180 (71,1) 387 (76,2) 0,29 (0,01 – 2,75) 0,256
rs7412 ε4 47 (18,4) 70 (27,7) 117 (23,0) 0,49 (0,02 –4,82) 0,541
E2/2 1 (0,4) 3 (1,2) 4 (0,8) 1,0
E2/3 23 (9,0) 14 (5,5) 37 (7,3) 0,20 (0,01 – 2,14) 0,151
GN - APOE/
E2/4 184 (72,2) 166 (65,6) 350 (68,9) 0,30 (0,03 – 2,91) 0,273
rs429358 +
E3/3 5 (2,0) 5 (2,0) 10 (2,0) 0,33 (0,02 – 4,40) 0,393
rs7412
E3/4 40 (15,7) 59 (23,3) 99 (19,5) 0,49 (0,04 – 4,89) 0,537
E4/4 2 (0,8) 6 (2,4) 8 (1,6) 1,0 (0,06 – 15,9) 0,999
GG 113 (44,3) 113 (44,7) 226 (44,5) 1,0
AGT/
AG 110 (43,1) 119 (47,0) 229 (45,1) 0,92 (0,64 – 1,33) 0,675
rs699
AA 32 (12,5) 21 (8,3) 53 (10,4) 1,52 (0,82 – 2,80) 0,173
GN: genótipo IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances * Foi tomada a presença do alelo
ancestral em homozigose como grupo de referência com exceção do haplótipo APOE rs429358 e rs7412 onde a
referência foi a alelo ε2 **valor de p para o teste do qui-quadrado de Pearson ≤ 0,05 foi considerado significativo
136
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 24: Modelo final com fatores de risco associados a concentração plasmática elevada de
quemerina que permaneceram significativos após ajuste nos distritos de em Lavras Novas/Chapada e
Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
8.1.4 Associação bivariada de risco para os genótipos dos SNPs APOB rs693 e NOS3
rs1799983 com a concentração plasmática de quemerina acima da mediana
A tabela 26 mostra a análise de modificação de risco, ajustada por sexo, idade, HOMA-
IR, TAG e HDL-c para os grupos ≤ 160 e > 160 ng/mL em relação aos genótipos dos SNPs
APOB rs693 e NOS3 rs1799983. Os genótipos de risco isolados não mostraram associação com
a concentração plasmática de quemerina acima de 160 ng/mL, porém a presença concomitante
dos genótipos de risco AA e GT+TT dos SNPs APOB rs693 e NOS3 rs1799983,
respectivamente, mostrou uma chance 2,21 vezes maior de apresentar concentrações
plasmáticas de quemerina acima de 160 ng/mL (95% CI: 1,25 – 3,88) quando comparado ao
genótipo de referência (GG).
137
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 25: Associação bivariada de risco para os genótipos dos polimorfismos APOB rs693 e NOS3
rs1799983 estratificados pela mediana da concentração plasmática de quemerina em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
1,39 1,49
GG +GA GT +TT 57 (51,4) 54 (21,3) 0,238 0,172
(0,80 – 2,43) (0,84 – 2,67)
1,37 1,53
AA GG 88 (51,8) 82 (48,1) 0,222 0,120
(0,82 – 2,28) (0,89 – 2,61)
2,15 2,21
AA GT +TT 54 (40,6) 79 (59,4) 0,005 0,006
(1,25 – 3,69) (1,25 – 3,88)
IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances *Genótipo de referência: rs693 - GG+GA;
rs1799983 – GG; Genótipo de Risco: rs693 – AA rs1799983 – GT+TT **ajuste por sexo, idade, HOMA-IR,
Triacilgliceróis e HDL-c por Regressão Logística Binária onde o valor de p ≤ 0,05 para OR foi considerado
significativo
138
Batista, A. P. Resultados e discussão
O presente estudo avaliou a adipocina quemerina como desfecho e sua associação com
fatores de risco cardiovascular clássicos e SNPs em populações de áreas distritais de Ouro
Preto, Minas Gerais, no Sudeste do Brasil. Os resultados mostram grupos de risco para a
concentração plasmática elevada de quemerina, como os idosos, mulheres, indivíduos não
alfabetizados, com renda média e casados/separados ou viúvos. Houve associação significativa
entre FRCV clássicos com a concentração plasmática elevada de quemerina, sendo a alta
concentração plasmática de TAG e resistência à insulina significativos após o ajuste por
confundidores.
139
Batista, A. P. Resultados e discussão
140
Batista, A. P. Resultados e discussão
São propostos três pontos chave que explicam a relação da quemerina com a obesidade
(LI ET AL., 2014; HELFER & WU, 2018). Primeiro pela capacidade da quemerina em
promover a diferenciação dos adipócitos e a adipogênese. A expressão e secreção de quemerina
está aumentada de forma significativa durante a adipogênese exercendo um papel na maturação
de adipócitos. Estudos já mostraram que a perda de expressão de quemerina ou de seu receptor
CMKLR1 em pré-adipócitos prejudica severamente a diferenciação em adipócitos maduros
(GORALSKI et al. 2007; ERNST & SINAL, 2010). Segundo, pela inibição da decomposição
de moléculas de TAG, provendo a hipertrofia dos adipócitos se opondo à ação lipolítica das
catecolaminas através da redução do volume intracelular da concentração de monofosfato
cíclico de adenosina (cAMP) (HELFER & WU, 2018). E terceiro pelo papel quimioatraente da
quemerina no recrutamento de vários tipos de células do sistema imune ao tecido adiposo o que
culmina com a inflamação característica do microambiente do tecido adiposo de um indivíduo
obeso (GORALSKI et al. 2007).
141
Batista, A. P. Resultados e discussão
Apesar das evidências, o presente estudo, bem como os de outros autores, não encontrou
associação direta do polimorfismo rs17999983 e HA (KATO et al., 1999; LI et al., 2004;
SANDRIM et al., 2006b; KINGAH et al., 2010; GAMIL et al., 2017). Tais divergências podem
estar relacionadas à análise de polimorfismos individualmente ao invés da análise da
143
Batista, A. P. Resultados e discussão
O presente estudo não observou uma associação direta entre o polimorfismo rs693 do
gene APOB e alterações nos componentes do perfil lipídico, assim como Sandhu (2008) e Deo
(2009), embora outros estudos venham extensivamente mostrando uma associação positiva
entre este polimorfismo e os TAG, colesterol total, apolipoproteína B e LDL-c e negativa com
HDL-c (SAXENA et al., 2007; POVEL et al., 2012; LAZZARETTI et al., 2013; RODRIGUES
et al., 2013; NIU et al., 2017). Uma recente metanálise mostrou que os portadores do alelo “A”
tinham alta concentração plasmática de apolipoproteína B, TAG, colesterol total, LDL-c e baixa
de HDL-c comparadas aos não portadores deste alelo (NIU et al., 2017). É relevante considerar
que as diferenças étnicas são influenciadoras das diferenças observadas entre os estudos. Niu e
cols. (2017) fizeram uma análise estratificada por etnias e observaram que as diferenças das
concentrações plasmáticas dos componentes lipídicos entre os genótipos estavam
principalmente em populações asiáticas, onde se observou as maiores médias quando
comparado a populações caucasianas. Um estudo com uma população majoritariamente
europeia, mostrou altas concentração plasmática de LDL-c em portadores do genótipo ‘AA’
comparados a heterozigotos e homozigotos ‘GG’ (KATHIRESAN et al., 2008).
144
Batista, A. P. Resultados e discussão
a essas doenças (JIA et al., 2013; BRESSLER et al., 2013; OLIVEIRA-PAULA et al., 2017).
Curiosamente, entre jovens africanos e euro-americanos, os portadores do alelo ‘T’ no mesmo
polimorfismo apresentaram maiores índices de massa corporal e valores de perímetro
abdominal (PODOLSKY et al., 2007). Outro estudo também apontou que, além do alelo “T”
(OR: 1,72, p=0.001), a presença do genótipo “TT”, em africanos da região norte, mostrou um
risco quase três vezes maior de apresentar obesidade (OR= 2.93; p=0.03) (NASR et al., 2016),
o que sugere que esse polimorfismo pode influenciar a suscetibilidade genética à obesidade.
A dislipidemia, que também pode ser estimulada pela alta concentração plasmática de
quemerina, pode associar-se a disfunções no endotélio, sendo um importante fator de risco para
o desenvolvimento do processo aterosclerótico. As partículas de LDL oxidadas (LDL-ox) são
formadas pela peroxidação de ácidos graxos poli-insaturados constituintes das LDL nativas
(LDL-c), resultando em um grande aumento na sua susceptibilidade à fagocitose e à degradação
por macrófagos (XAVIER et al., 2004). O ON e a LDL-ox são importante mediadores que
promovem efeitos protetores e patogênicos nos vasos, respectivamente, ocorrendo de forma
simultânea (SITIA et al., 2010; ZHAO et al., 2015; GRADINARU et al., 2015). Ao reduzir a
síntese e a biodisponibilidade do ON, a LDL-ox quebra o equilíbrio da parede do vaso e resulta
em uma vasodilatação dependente de endotélio defeituosa. Ao longo dos anos, já se estabeleceu
alguns papéis chave das partículas da LDL-ox: 1. Vasocontritora; 2. Estimulante da proliferação
de células da musculatura lisa; 3. Pró apoptótica 4. Pró trombótica; 5. Pró inflamatória e 6. Pró-
oxidante (GRADINARU et al., 2015). Portanto, pode se deduzir que a quemerina pode ser um
importante preditor de risco aterosclerótico, seja pela disfunção direta no endotélio ou
indiretamente por promover a dislipidemia.
146
Batista, A. P. Resultados e discussão
147
Batista, A. P. Resultados e discussão
Hipertensão arterial
VR Categorias Não Sim Total
n (%) OR (IC 95%) p*
18 - 34 anos 133 (45,2) 19 (8,6) 152 (29,5) 1,0 -
35-59 anos 124 (42,2) 99 (44,8) 223 (43,3) 5,58 (3,22 -9,67) < 0,0001
FE
19,49 (10,6 -
≥ 60 anos 37 (12,6) 103 (46,6) 140 (27,2) < 0,0001
35,7)
Feminino 186 (63,3) 143 (64,7) 329 (63,9) 1,0
S
Masculino 108 (36,7) 78 (35,3) 179 (36,1) 0,93 (0,65 - 1,35) 0,736
Alfabetizado 280 (95,6) 192 (86,9) 472 (91,8) 1,0
ES Não
13 (4,4) 29 (13,1) 42 (8,2) 3,25 (1,64 - 6,41) < 0,0001
alfabetizado
Solteiro 96 (32,8) 40 (18,1) 136 (26,5) 1,0
EC Casado/UE 177 (60,4) 137 (62,0) 314 (61,1) 1,85 (1,21 - 2,85) 0,0045
Outrosa 20 (6,8) 44 (19,9) 64 (12,5) 5,28 (2,77 - 10,1) < 0,0001
≥ 4 SM 31 (11,1) 36 (17,1) 67 (13,6) 1,0
R 2 a 3 SM 166 (59,3) 108 (51,2) 274 (55,8) 0,56 (0,32 – 0,96) 0,033
≤ Salário
83 (29,6) 67 (31,8) 150 (30,5) 0,69 (0,38 – 1,23) 0,217
mínimo
Branca +
36 (12,3) 26 (11,9) 62 (12,2) 1,0
CPA amarela
Preta + parda 256 (87,7) 292 (88,1) 448 (87,8) 1,03 (0,60 – 1,77) 0,891
Não 207 (71,1) 118 (54,1) 325 (63,9) 1,0
Fb
Sim 84 (28,9) 100 (45,9) 184 (36,1) 2,08 (1,44 – 3,02) < 0,0001
Não consome
268 (93,4) 190 (88,4) 458 (91,2) 1,0
CAc ou não depende
Dependência 19 (6,6) 25 (11,6) 44 (8,8) 1,85 (0,99 – 3,46) 0,050
VR: variável FE: faixa etária S: sexo ES: escolaridade EC: estado civil R: renda CPA: cor de pele autorreferida F:
fumante CA: consumo de álcool IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances UE: união estável
SM: salário a Separado/divorciado ou viúvo bautorrelato de uso do cigarro durante a vida e/ou uso atual cCAGE -
detecção dos problemas relacionados ao uso de álcool mínimo *valor de p para o teste do qui-quadrado de Pearson
≤ 0,05 foi considerado significativo
148
Batista, A. P. Resultados e discussão
Hipertensão arterial
Variável Cat. Não Sim Total
n (%) OR (IC 95%) p*
< 25 145 (49,5) 82 (37,4) 227 (44,3) 1,0 0,007
IMC (kg/m2)
≥ 25 148 (50,5) 137 (62,6) 285 (55,7) 1,63 (1,14 – 2,34)
Normal 179 (61,5) 104 (47,9) 283 (55,7) 1,0 0,002
PCa (cm)
RC 112 (38,5) 113 (52,1) 225 (44,3) 1,74 (1,22 – 2,50)
Normal 146 (50,2) 77 (35,5) 223 (43,9) 1,0 0,001
PCb (cm)
RC 145 (49,8) 140 (64,5) 285 (56,1) 1,83 (1,27 – 2,62)
< 150 243 (82,7) 141 (63,8) 384 (74,6) 1,0 < 0,0001
TAG (mg/dL)
≥ 150 51 (17,3) 80 (36,2) 131 (25,4) 2,70 (1,80 – 4,10)
< 190 161 (54,8) 104 (47,1) 265 (51,5) 1,0 0,083
CT (mg/dL)
≥ 190 133 (45,2) 117 (52,9) 250 (48,5) 1,36 (0,96 – 1,93)
< 130 243 (82,7) 171 (77,4) 414 (80,4) 1,0 0,135
LDL-c (mg/dL)
≥ 130 51 (17,3) 50 (22,6) 101 (19,6) 1,39 (0,90 – 2,15)
≥ 40 (M)
277 (94,2) 186 (84,2) 463 (89,9) 1,0 < 0,0001
≥ 50 (F)
HDL-c (mg/dL)
< 40 (M)
17 (5,8) 35 (15,8) 52 (10,1) 3,06 (1,66 – 5,63)
< 50 (F)
< 160 249 (84,7) 168 (76,0) 417 (81,0) 1,0 0,013
nHDL-c(mg/dL)
≥ 160 45 (15,3) 53 (24,0) 98 (19,0) 1,74 (1,12 – 2,71)
Não 137 (46,6) 52 (23,5) 189 (36,7) 1,0 < 0,0001
DL
Sim 157 (53,4) 169 (76,5) 326 (63,3) 2,83 (1,92 – 4,17)
< 100 164 (55,8) 80 (36,2) 244 (47,4) 1,0
GJ (mg/dL) 100 - 125 121 (41,2) 110 (49,8) 231 (44,9) 1,86 (1,28 – 2,70) 0,0009
> 125 9 (3,1) 31 (14,0) 40 (7,8) 7,06 (3,20 – 15,5) < 0,0001
< p75 237 (80,6) 150 (67,9) 387 (75,1) 1,0 0,001
IJ (uLU/mL)
≥ p75 57 (19,4) 71 (32,1) 128 (24,9) 1,96 (1,31 – 2,95)
< 2,71 269 (91,5) 171 (77,4) 440 (85,4) 1,0 < 0,0001
HOMA-IR
≥ 2,71 25 (8,5) 50 (22,6) 75 (14,6) 3,14 (1,87 – 5,27)
Não 284 (96,6) 180 (81,4) 464 (90,1) 1,0 < 0,0001
DMT2
Sim 10 (3,4) 41 (18,6) 51 (9,9) 6,46 (3,16 – 13,2)
≤ 160 151 (52,0) 104 (47,9) 255 (50,2) 1,0 0,377
QM (ng/mL)
> 160 140 (48,0) 113 (52,1) 253 (49,8) 1,17 (0,82 – 1,66)
IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances IMC: índice de massa corpórea PC: Perímetro da
cintura RC: Risco cardiovascular TAG: Triglicerídeos CT: Colesterol total LDL-c: Lipoproteína de baixa
densidade HDL-c: DL: dislipidemia Lipoproteína de alta densidade GJ: Glicemia de jejum IJ: insulinemia de jejum
HOMA-IR: Modelo homeostático de avaliação da resistência à insulina DMT2: diabetes tipo2 QM: quemerina F:
feminino M: masculino a: segundo Vianna et al., 2014 b: segundo WHO, 2008 *valor de p para o teste do qui-
quadrado de Pearson ≤ 0,05 foi considerado significativo
149
Batista, A. P. Resultados e discussão
150
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 28: Frequência genotípica de um painel de 7 polimorfismos do tipo SNP e frequência alélica do
haplótipo APOE (rs429358 + rs7412) por grupos de hipertensos e normotensos em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
Hipertensão arterial
Gene/
GN* Não Sim Total
rs
n (%) OR (IC 95%) p**
PPARG/ CC 289 (98,3) 213 (96,4) 502 (97,5) 1,0
rs1801282 CG 5 (1,7) 8 (3,6) 13 (2,5) 2,17 (0,70 – 6,72) 0,169
GG - - - -
GG 71 (24,1) 40 (18,1) 111 (21,6) 1,0
RARRES2/
GT 151 (51,4) 103 (46,6) 254 (49,3) 1,21 (0,76 – 1,92) 0,416
rs4721
TT 72 (24,5) 78 (35,3) 150 (29,1) 1,92 (1,20 – 3,20) 0,010
TT 208 (70,7) 161 (72,9) 369 (71,7) 1,0
RARRES2/
GT 75 (25,5) 52 (23,5) 127 (24,7) 0,89 (0,59 – 1,34) 0,597
rs17173608
GG 11 (3,7) 8 (3,6) 19 (3,7) 0,93 (0,36 – 2,39) 0,895
GG 157 (53,4) 110 (49,8) 267 (51,8) 1,0
NOS3/
GT 114 (38,8) 97 (43,9) 211 (41,0) 1,21 (0,84 – 1,74) 0,297
rs1799983
TT 23 (7,8) 14 (6,3) 37 (7,2) 0,86 (0,42 – 1,76) 0,696
CC 35 (11,9) 28 (12,7) 63 (12,2) 1,0
GNB3/ CT 137 (46,6) 1,07 (0,61 – 1,87)
118 (53,4) 255 (49,5) 0,794
rs5443
TT 122 (41,5) 75 (33,9) 197 (38,3) 0,76 (0,43 – 1,36) 0,368
GG 170 (57,8) 136 (61,5) 306 (59,4) 1,0
APOB/
AG 97 (33,0) 75 (33,9) 172 (33,4) 0,96 (0,66 – 1,40) 0,859
rs693
AA 27 (9,2) 10 (4,5) 37 (7,2) 0,46 (0,21 – 0,98) 0,042
Alelos - APOE/ ε2 3 (1,0) 1 (0,5) 4 (0,8) 1,0
rs429358 + ε3 226 (76,9) 166 (75,1) 392 (76,1) 1,07 (0,58 – 1,96) 0,813
rs7412 ε4 65 (22,1) 54 (24,4) 119 (23,1) 0,44 (0,04 – 4,29) 0,471
E2/2 3 (1,0) 1 (0,5) 4 (0,8) 1,0
E2/3 17 (5,8) 20 (9,0) 37 (7,2) 3,52 (0,33 – 37,14) 0,270
GN - APOE/
E2/4 209 (71,1) 146 (66,1) 355 (68,9) 2,09 (0,21 – 20,34) 0,514
rs429358 +
E3/3 9 (3,1) 1 (0,5) 10 (1,9) 0,33 (0,01 – 7,13) 0,468
rs7412
E3/4 51 (17,3) 50 (22,6) 101 (19,6) 2,94 (0,29 – 29,2) 0,336
E4/4 5 (1,7) 3 (1,4) 8 (1,6) 1,8 (0,12 – 26,19) 0,665
GG 128 (43,5) 104 (47,1) 232 (45,0) 1,0
AGT/
AG 139 (47,3) 91 (41,2) 230 (44,7) 0,80 (0,55 – 1,16) 0,253
rs699
AA 27 (9,2) 26 (11,8) 53 (10,3) 1,18 (0,65 – 2,15) 0,577
GN: genótipo IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances * Foi tomada a presença do alelo
ancestral em homozigose como grupo de referência com exceção do haplótipo APOE rs429358 e rs7412 onde a
referência foi a alelo ε2 ** valor de p para o teste do qui-quadrado de Pearson ≤ 0,05 foi considerado significativo
151
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 29: Modelo final com fatores de risco bioquímicos, comportamentais, clínicos e genéticos
associados a hipertensão arterial que permaneceram significativos após ajuste nos distritos de em Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
OR bruto OR ajustado*
Variável p p
(IC 95%) (IC 95%)
Faixa etária
≥ 60 anos 6,06 (3,92 – 9,36) < 0,0001 6,74 (4,06 – 11,20) < 0,0001
Consumo de álcool
Dependente 1,85 (0,99 – 3,46) 0,050 3,84 (1,86 – 7,92) < 0,0001
Tabagismo
Fumante 2,08 (1,44 – 3,02) < 0,0001 1,74 (1,11 – 2,72) 0,014
IMC
≥ 25 kg/m2 1,63 (1,14 – 2,34) 0,007 1,74 (1,10 – 2,75) 0,017
HDL-c
< 40 mg/dL (M)
5,65 (1,86 – 17,2) 0,001 6,22 (1,54 – 25,2) 0,010
< 50 mg/dL (F)
TAG
≥150 mg/dL 2,70 (1,80 – 4,10) < 0,0001 1,98 (1,21 – 3,26) 0,007
Diabetes
Sim 6,46 (3,16 – 13,2) < 0,0001 3,68 (1,63 – 8,30) 0,002
HOMA-IR
≥ 2,71 3,14 (1,87 – 5,27) < 0,0001 2,40 (1,24 – 4,65) 0,009
rs4721**
GT 1,21 (0,76 – 1,92) 0,416 1,20 (0,70 – 2,00) 0,531
TT 1,92 (1,20 – 3,20) 0,010 2,0 (1,11 – 3,70) 0,022
IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances F: feminino M: masculino * ajuste por sexo, idade,
HOMA-IR, Triacilgliceróis e HDL-c por Regressão Logística Binária onde o valor de p ≤ 0,05 para OR foi
considerado significativo ** genótipo homozigoto para o alelo ancestral (GG) foi considerado grupo de referência
152
Batista, A. P. Resultados e discussão
para a hipertensão, sendo que as maiores chances de ter HAS foram apresentados pela presença
concomitante do genótipo homozigoto TT e a variável alterada.
Com relação à interação entre a idade e os genótipos do SNP RARRES rs4721, observa-
se que o indivíduo acima de 60 anos portador do genótipo de referência tem 4 vezes mais chance
de ter a HAS, entretanto, a presença de pelo menos um alelo T aumentou essa chance para mais
de 9 vezes. O consumo dependente de álcool só foi significativo no aumento da chance de HAS
em interação com os genótipos GT e TT. Já o indivíduo não tabagista portador do genótipo TT
teve chance duas vezes maior de HAS e essa chance dobrou quando o mesmo genótipo estava
na presença do tabagismo (Tabela 30).
Tabela 30: Associação bivariada de risco para os genótipos do polimorfismo RARRES rs4721, faixa
etária, consumo de álcool e tabagismo com o desfecho hipertensão em Lavras Novas/Chapada e Santo
Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
OR OR OR
GN FEa p* CAb p* TAc p*
(IC 95%) (IC 95%) (IC 95%)
GG - 1,0 - 1,0 - 1,0
0,97 1,01 1,43
GT - 0,931 - 0,969 - 0,330
(0,51-1,82) (0,57-1,79) (0,69-2,92)
1,91 1,77 2,32
TT - 0,062 - 0,076 - 0,032
(0,96-3,78) (0,94-3,32) (1,07-5,0)
4,97 1,82 2,67
GG + 0,002 + 0,412 + 0,037
(1,82-13,6) (0,43-7,73) (1,06-6,74)
9,21 5,84 2,30
GT + <0,0001 + 0,002 + 0,034
(4,08-20,7) (1,90-17,9) (1,06-4,98)
9,96 7,42 4,12
TT + <0,0001 + 0,008 + 0,003
(3,83-25,9) (0,93-15,8) (1,63-10,4)
GN: Genótipo IC: Intervalo de confiança OR: Odds ratio ou razão de chances a FE: faixa etária grupo referência
(-) < 60 anos; grupo de risco (+) ≥ 60 anos, modelo ajustado por consumo de álcool, tabagismo, IMC, HDL-c,
triaclglicerol, diabetes e HOMA-IR b CA: consumo de álcool grupo referência (-) não consome/ não dependente;
grupo de risco (+) consumo dependente, modelo ajustado por faixa etária, tabagismo, IMC, HDL-c, triacilglicerol,
diabetes e HOMA-IR c TA: tabagismo grupo referência (-) não tabagista; grupo de risco (+) tabagista, modelo
ajustado por faixa etária, consumo de álcool, IMC, HDL-c, triacilglicerol, diabetes e HOMA-IR *valor de p ≤ 0,05
para a OR usando teste de Regressão Logística Binária foi considerado significativo
153
Batista, A. P. Resultados e discussão
Tabela 31: Associação bivariada de risco para os genótipos do polimorfismo rs4721, variáveis bioquímicas, diabetes e resistência à insulina com o desfecho
hipertensão em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais (2015/2016)
154
Batista, A. P. Resultados e discussão
O presente estudo avaliou a associação entre o desfecho HAS e tomou como exposição
as variáveis sociodemográficas, presença de fatores de risco cardiovascular clássicos e SNPs
em populações de áreas distritais de Ouro Preto, Minas Gerais, no Sudeste do Brasil. Após
ajuste, houve significativa associação entre os fatores de risco clássicos como a idade acima de
60 anos, consumo dependente de álcool, tabagismo, excesso de peso, alta concentração
plasmática de TAG e baixa de HDL-c, diabetes e resistência à insulina com HAS, o que já era
esperado de acordo com a literatura (LEWINGTON et al., 2002; SARAFIDIS & BAKRIS,
2008; BASTIEN et al., 2014; LEGGIO et al., 2017; ZHOU et al., 2017).
Dado que o polimorfismo RARRES2 rs4721 apresenta uma frequência alélica que varia
entre as populações, observa-se que o alelo variante T (62%) deste polimorfismo tem sido mais
frequente que o alelo ancestral G em europeus, o que está de acordo com um estudo na
Alemanha (63%) (MÜSSIG et al., 2009). Contudo, para populações africanas, a frequência do
alelo variante T apresenta-se um pouco maior com 76%
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/rs4721, acesso em fevereiro de 2009). No presente estudo,
a frequência do alelo T foi maior (53,8), ficando inferior a populações europeias e africanas
descritas no HapMap. Entre os hipertensos do presente estudo, o genótipo GT (46,6%) e TT
(35,3%) apresentaram juntos alta frequência, o que está de acordo com dados de outro estudo
no sudeste brasileiro, onde os mesmos genótipos (GT - 56,3% e TT - 23,0%) também
155
Batista, A. P. Resultados e discussão
Com relação à HAS, são escassos os relatos que encontraram relação desta com o SNP
RARRES2 rs4721, entretanto ele já foi associado com a PAS em uma população no Brasil
(FONSECA, 2014), e, quando a amostra foi estratificada pelo IMC, apenas os obesos
continuaram apresentando esta relação, na qual os portadores do alelo T apresentaram os
maiores níveis pressóricos. Müssing e cols. (2009) não observaram associação com pressão
arterial sistólica e diastólica mesmo depois de um adequado ajustamento, seja no modelo aditivo
ou no modelo dominante.
Entretanto, o presente estudo sugere que um caminho indireto que pode explicar a
relação do SNP RARRES2 rs4721 com HAS seja através da alteração da concentração da
adipocina quemerina, embora as poucas evidências não apontem essa variante diretamente
como moduladora da concentração plasmática desta adipocina (TÖNJES et al., 2014). Como
discutido no Capítulo 3, nos últimos anos vários estudos apontaram a quemerina como um
promissor marcador de risco cardiovascular através da observação da sua associação com
obesidade e sobrepeso, hiperglicemia, hipertrigliceridemia, HAS e resistência à insulina
(BOZAOGLU et al., 2007; BOZAOGLU et al., 2010; ROMAN et al., 2012; OSMAN et al.,
2012; İNCI et al., 2016; LEIHERER et al., 2016), inclusive em crianças e adolescentes
156
Batista, A. P. Resultados e discussão
brasileiros (FONTES et al., 2017). Lembrando que essa relação com o risco cardiovascular
pode ser explicada pela capacidade da quemerina afetar o metabolismo dos adipócitos e as
respostas inflamatórias no tecido adiposo, além de ter um papel importante no metabolismo
sistêmico dos lipídios e da glicose (LANDGRAF et al., 2012; ERNST & SINAL, 2010;
FATIMA et al., 2014, FERLAND et al., 2015).
Chamando a atenção para o efeito da quemerina na pressão arterial pode-se destacar que
sua alta expressão nos rins pode influenciar a regulação da pressão sanguínea característica
deste órgão (BOZAOGLU et al., 2007; YANG et al., 2010, SHIN et al., 2012). Além disso, já
são discutidas as prováveis mudanças vasculares proporcionadas pela quemerina no estado
inflamatório da obesidade, tendo em vista que o seu receptor, ChemR23, é expresso no
endotélio vascular (KAUR et al., 2010). Dessa forma, a quemerina tem efeitos diretos na
vasculatura, elevando a resposta de constritores como a fenilefrina e endotelina-1, o que
culmina em ações no endotélio e na musculatura lisa vascular (LOBATO et al., 2012).
Contudo, é relevante sugerir um caminho direto que une o SNP RARRES2 rs4721 com
a HAS, levando em conta a associação supracitada deste SNP com o desenvolvimento da
gordura visceral em indivíduos não obesos (MÜSSING et al., 2009). A relação do tecido
adiposo visceral aumentado com HAS foi bem documentada desde o estudo de Framingham
(GARRISON et al., 1987), e apoiada por dados que mostraram que a simples redução de 10%
do peso corporal, sem outros tipos de intervenção, pode reduzir ou mesmo normalizar a pressão
arterial de obesos (HALL et al., 2015). Em recente revisão, Leggio e cols. (2017) trazem os
principais mecanismos aceitos ao longo dos anos que explicam a relação do tecido adiposo com
a HAS: 1) ativação do sistema nervoso simpático, 2) hiperinsulinemia 3) secreções alteradas de
adipocinas, marcadores inflamatórios e endocanabinóides, 4) alterações na função renal,
excreção de sódio, pressão relacionada a natriurese e sensibilidade ao sal e 5) superestímulo do
SRAA.
157
Batista, A. P. Resultados e discussão
Com relação ao sistema renal, a obesidade predispõe a reabsorção de sódio pelo sistema
neural (sistema nervoso simpático), hormonal (aldosterona e insulina) e por um mecanismo
renovascular (angiotensina II) o que requer uma maior pressão arterial para excretar a ingestão
diária de sal e manter o equilíbrio de sódio e a homeostase (AHMED et al., 2005). Por último,
é importante destacar que o tecido adiposo está associado à alterações e/ou ativação no SRAA
via Sistema Nervoso Central (SNC), onde estudos mostram que a renina plasmática, o
angiotensinogênio, a angiotensina II e aldosterona estão elevados na obesidade, o que favorece
a vasoconstrição e expansão de volume sanguíneo (SCHÜTTEN et al., 2017). Além disso, os
próprios adipócitos intra-abdominais são importantes fontes dos componentes do SRAA,
aumentando a quantidade disponível para conversão ao longo da cascata de elevação de pressão,
e a presença de receptores do sistema renina-angiotensina-aldosterona também já é bem
estabelecidos nos adipócitos (SARZANI et al., 2008; BOMBACK et al., 2009). O acúmulo de
158
Batista, A. P. Resultados e discussão
tecido adiposo visceral resulta em compressão física dos rins, a qual afeta os sistemas vascular
e tubular e aumenta a ativação do SRAA e a reabsorção de sódio (HALL et al., 2015).
159
Batista, A. P. Forças e limitações
10 FORÇAS E LIMITAÇÕES
Este estudo traz como ponto forte ter avaliado fatores de risco cardiovascular clássicos
e emergentes em uma população pouco estudada na região Sudeste do Brasil. A amostra foi
representativa o que possibilitou estimar a prevalência dos fatores de risco estudados. Além
disso, pela primeira vez foi avaliada a ancestralidade genética em uma população formada
durante e após o Ciclo do Ouro em Minas Gerais com um painel de 46 MIAs, o que a tornou
mais precisa, e a escolha de um painel de 12 SNPs em genes candidatos ao risco cardiovascular
que não haviam sido avaliados de forma simultânea na mesma população.
No entanto, algumas limitações devem ser consideradas neste estudo, tais como, o
delineamento transversal adotado, que não pode estabelecer uma relação de causa entre as
exposições e os desfechos analisados. O tamanho da amostra pode ter limitado alguns resultados
com relação aos SNPs, para as associações com tendência não significativa, sendo necessário
mais estudos com amostras maiores para confirmar possíveis associações. A menor aderência
ao estudo da população masculina de adultos jovens, 18 a 39 anos, pode limitar a validade
externa (capacidade de inferência) para esse grupo específico.
160
Batista, A. P. Considerações finais
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
• As frequências alélicas e genotípicas para cada SNP estavam dentro do esperado para
as populações ancestrais europeias e africanas segundo dados do Consórcio HapMap.
• O teste de Equilíbrio de Hardy-Weinberg apontou que três SNPS estavam fora de
equilíbrio: APOC3 rs5128 e rs4520 e LDLR 5925.
• Estes resultados são importantes, porque além de ter sido demonstrado que alguns SNPs
conferem maior ou menor chance de apresentarem alteração em pelo menos um dos
161
Batista, A. P. Considerações finais
fenótipos de risco cardiovascular, este foi o primeiro estudo a utilizar estes 12 SNPs de
forma simultânea na população brasileira.
162
Batista, A. P. Considerações finais
• Houve associação significativa entre os fatores de risco clássicos como a idade acima
de 60 anos, consumo dependente de álcool, tabagismo, excesso de peso, alta
concentração plasmática de triglicérideos, baixas concentrações plasmáticas de HDL-c,
diabetes e resistência à insulina com HAS, como esperado.
• Interessantemente, observou-se associação significativa entre o SNP RARRES rs4721 e
HAS, sendo que a presença do alelo T em homozigose foi um importante modificador
de risco.
• Com relação à interação entre a idade e os genótipos do SNP RARRES rs4721, observa-
se que o indivíduo acima de 60 anos portador do genótipo de referência tem 4 vezes
mais chance de ter a HAS, entretanto, a presença de pelo menos um alelo T aumentou
essa chance para mais de 9 vezes. O consumo dependente de álcool só foi significativo
no aumento da chance de HAS em interação com os genótipos GT e TT. Já o indivíduo
não tabagista portador do genótipo TT teve chance duas vezes maior de HAS e essa
chance dobrou quando o mesmo genótipo estava na presença do tabagismo.
163
Batista, A. P. Considerações finais
• O maior gradiente de risco para a hipertensão foi apontado pela presença concomitante
de DMT2 e o genótipo TT, onde indivíduos com essa característica tiveram 9,7 vezes
mais chance em relação aos não diabéticos com genótipo GG.
• Outros dois altos gradientes de risco que chamaram a atenção foram apresentados pelos
indivíduos homozigotos TT com TAG e HDL-c alterados, onde o risco de hipertensão
foi 8,2 e 6,2 vezes maior que o grupo referência, respectivamente.
164
Batista, A. P. Conclusões
12 CONCLUSÕES
Capítulo 1:
Capítulo 2:
Capítulo 3:
165
Batista, A. P. Conclusões
Capítulo 4:
166
Batista, A. P. Perspectivas
13 PERSPECTIVAS
Tomando esta tese e os artigos que serão publicados como ponto de partida, o grupo
de pesquisa do Laboratório de Epidemiologia propõe a continuidade de novos estudos para
tentar buscar mais entendimento com relação a estes fatores genéticos discutidos nos
capítulos 2, 3 e 4.
O próximo passo é a condução de um novo trabalho de campo em novas regiões em
Ouro Preto e/ou na microrregião dos Inconfidentes com influência africana mais marcante
em sua formação e a fim de ampliar o tamanho da amostra, aumentando o poder do estudo.
Adicionalmente, a detecção de crianças e jovens com um perfil genético TT do SNP
RARRES2 rs4721 pode vir a ser um importante instrumento para detecção de grupos
suscetíveis a HAS e que requerem mais cuidados da Atenção Primária.
167
Batista, A. P. Referências bibliográficas
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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189
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190
Batista, A. P. Referências bibliográficas
191
Batista, A. P. Apêndices
15 APÊNDICES
Assinatura:___________________________________________________________________________
Testemunha:__________________________________________________________________________
Contatos:
193
Batista, A. P. Apêndices
194
Batista, A. P. Apêndices
195
Batista, A. P. Anexos
16 ANEXOS
Tabela suplementar 1: Características antropométricas, clínicas, bioquímicas e de ancestralidade
genética para os genótipos do SNP RARRES2 rs4721 em Lavras Novas/Chapada e Santo Antônio do
Salto, Ouro Preto, Minas Gerais
Genótipos*
GG GT TT
(n=111) (n=254) (n=150)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,2 (5,9) 26,7 (5,6) 26,7 (6,0) 512 0,692
GC (%) 29,3 (11,0) 31,1 (9,8) 30,7 (9,9) 506 0,328
PC (cm) 85,4 (13,1) 89,3 (13,8) 89,4 (13,1) 508 0,027
RCQ 0,88 (0,15) 0,89 (0,09) 0,90 (0,09) 506 0,325
PAS (mmHg) 127,6 (24,5) 130 (21,1) 134,5 (23,6) 515 0,043
PAD (mmHg) 77,2 (13,8) 79,4 (14,1) 82,0 (15,7) 515 0,030
CT (mg/dL) 187,9 (41,9) 190,4 (37,3) 188,1 (45,3) 515 0,794
LDL-c (mg/dL) 97,7 (38,8) 99,9 (36,5) 97,3 (41,3) 515 0,757
TAG (mg/dL) 111,8 (54,9) 118,1 (60,3) 134,3 (101,5) 515 0,031
HDL-c (mg/dL) 67,5 (17,1) 66,3 (16,0) 64,9 (17,7) 515 0,470
não-HDL-c 120,4 (42,0) 124,1 (39,0) 123,1 (44,5) 515 0,731
GJ (mg/dL) 105,5 (21,6) 104,8 (22,4) 104,4 (16,3) 515 0,915
IJ (uLU/mL) 6,2 (6,8) 6,2 (4,6) 6,9 (6,4) 515 0,439
HOMA-IR 1,7 (2,8) 1,6 (1,3) 1,8 (1,5) 515 0,714
QM (ng/mL) 192,6 (104,5) 217,0 (129,0) 190,2 (111,1) 508 0,051
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém houve variação nesse número conforme a variável
analisada
Tabela suplementar 2: Características antropométricas, clínicas, bioquímicas e de ancestralidade
genética para os grupos de genótipos do SNP RARRES2 rs4721 em Lavras Novas/Chapada e Santo
Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais
Genótipos*
GG GT+ TT**
(n=111) (n=404)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,2 (5,9) 26,7 (5,7) 512 0,394
GC (%) 29,3 (11,0) 30,9 (9,9) 506 0,150
PC (cm) 85,4 (13,1) 89,3 (13,5) 508 0,007
RCQ 0,88 (0,15) 0,89 (0,09) 506 0,263
PAS (mmHg) 127,6 (24,5) 131,7 (22,2) 515 0,094
PAD (mmHg) 77,2 (13,8) 80,4 (14,7) 515 0,047
CT (mg/dL) 187,9 (41,9) 189,6 (40,6) 515 0,706
LDL-c (mg/dL) 97,7 (38,8) 99,0 (38,3) 515 0,756
TAG (mg/dL) 111,8 (54,9) 124,1 (78,4) 515 0,122
HDL-c (mg/dL) 67,5 (17,1) 65,8 (16,6) 515 0,347
não-HDL-c 120,4 (42,0) 123,8 (41,1) 515 0,450
GJ (mg/dL) 105,5 (21,6) 104,7 (20,3) 515 0,704
IJ (uLU/mL) 6,2 (6,8) 6,5 (5,4) 515 0,601
HOMA-IR 1,7 (2,8) 1,7 (1,4) 515 0,840
QM (ng/mL) 192,6 (104,5) 207,0 (123,2) 508 0,263
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém houve variação nesse número conforme a variável
analisada **foi agrupado o heterozigoto e o homozigoto portador do alelo variante T para formar o grupo de risco
e manteve-se a presença do alelo ancestral como grupo de referência
196
Batista, A. P. Anexos
Genótipos*
**
GG + GT (n=144) TT (n=364)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,5 (5,7) 26,9 (5,9) 512 0,429
GC (%) 30,5 (10,0) 30,6 (10,4) 506 0,962
PC (cm) 88,3 (13,6) 88,9 (13,4) 508 0,633
RCQ 0,89 (0,12) 0,89 (0,08) 506 0,627
PAS (mmHg) 131,4 (22,7) 129,3 (22,8) 515 0,340
PAD (mmHg) 80,5 (14,9) 77,6 (13,5) 515 0,046
CT (mg/dL) 188,9 (41,8) 189,8 (38,6) 515 0,828
LDL-c (mg/dL) 97,3 (38,8) 102,4 (37,1) 515 0,172
TAG (mg/dL) 124,2 (78,8) 114,6 (60,2) 515 0,187
HDL-c (mg/dL) 67,0 (17,1) 64,0 (15,7) 515 0,072
não-HDL-c 121,9 (42,1) 125,8 (39,0) 515 0,344
GJ (mg/dL) 105,7 (21,4) 102,8 (18,2) 515 0,153
IJ (uLU/mL) 6,0 (4,4) 7,4 (8,1) 515 0,016
HOMA-IR 1,6 (1,3) 1,9 (2,6) 515 0,076
QM (ng/mL) 202,9 (119,6) 206,4 (119,3) 508 0,766
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada **foi utilizado o modelo genético dominante, onde os homozigotos para o alelo menos frequentes e os
heterozigotos foram agrupados
Genótipos*
CC (n=502) CG (n=13)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,6 (5,8) 26,4 (6,1) 512 0,937
GC (%) 30,5 (10,1) 31,7 (9,3) 506 0,699
PC (cm) 88,5 (13,5) 87,9 (14,7) 508 0,887
RCQ 0,89 (0,11) 0,93 (0,16) 506 0,243
PAS (mmHg) 130,6 (22,7) 138,9 (22,8) 515 0,195
PAD (mmHg) 79,7 (14,6) 78,1 (14,6) 515 0,701
CT (mg/dL) 189,0 (40,4) 197,5 (56,8) 515 0,461
LDL-c (mg/dL) 98,4 (37,9) 108,8 (53,8) 515 0,337
TAG (mg/dL) 121,7 (74,7) 112,0 (45,4) 515 0,639
HDL-c (mg/dL) 66,2 (16,8) 65,3 (13,7) 515 0,856
não-HDL-c 122,8 (40,9) 132,1 (53,8) 515 0,421
GJ (mg/dL) 105,0 (20,7) 99,2 (10,5) 515 0,315
IJ (uLU/mL) 6,5 (5,7) 5,1 (2,8) 515 0,387
HOMA-IR 1,7 (1,8) 1,2 (0,7) 515 0,335
QM (ng/mL) 204,7 (120,3) 167,8 (75,9) 508 0,270
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada
197
Batista, A. P. Anexos
Genótipos*
GG (n=306) GA + AA** (n=209)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,4 (5,7) 26,8 (5,8) 512 0,364
GC (%) 30,2 (10,3) 31,2 (9,9) 506 0,259
PC (cm) 87,9 (14,0) 89,3 (12,8) 508 0,280
RCQ 0,89 (0,09) 0,90 (0,13) 506 0,211
PAS (mmHg) 132,5 (22,8) 128,5 (22,5) 515 0,050
PAD (mmHg) 80,5 (14,3) 78,5 (15,0) 515 0,133
CT (mg/dL) 189,1 (38,7) 189,4 (43,9) 515 0,943
LDL-c (mg/dL) 100,2 (37,4) 96,6 (39,7) 515 0,302
TAG (mg/dL) 122,5 (74,7) 120,0 (67,1) 515 0,712
HDL-c (mg/dL) 64,5 (16,3) 68,5 (17,1) 515 0,008
não-HDL-c 124,5 (39,2) 120,8 (44,1) 515 0,313
GJ (mg/dL) 103,5 (18,2) 106,8 (23,6) 515 0,068
IJ (uLU/mL) 6,8 (6,5) 5,8 (4,1) 515 0,052
HOMA-IR 1,8 (2,1) 1,6 (1,2) 515 0,119
QM (ng/mL) 204,1 (116,4) 203,7 (124,0) 508 0,970
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada **foi utilizado o modelo genético dominante, onde os homozigotos para o alelo menos frequentes e os
heterozigotos foram agrupados
Alelos
ε2 (n=4) ε3 (n=392) ε4(n=119)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 23,2 (2,2) 26,5 (5,9) 26,9 (5,5) 512 0,425
GC (%) 26,2 (11,9) 30,4 (10,1) 31,2 (10,2) 506 0,526
PC (cm) 84,4 (8,2) 88,3 (13,3) 89,2 (14,4) 508 0,678
RCQ 0,88 (0,09) 0,89 (0,09) 0,90 (0,16) 506 0,623
PAS (mmHg) 146,2 (35,4) 130,9 (22,6) 130,2 (22,9) 515 0,379
PAD (mmHg) 83,2 (11,1) 79,4 (14,8) 80,4 (13,9) 515 0,722
CT (mg/dL) 155,5 (56,4) 187,8 (39,3) 195,0 (44,8) 515 0,060
LDL-c (mg/dL) 65,6 (41,8) 97,6 (37,3) 103,5 (41,0) 515 0,075
TAG (mg/dL) 127,6 (120,8) 117,1 (70,0) 135,6 (84,0) 515 0,059
HDL-c (mg/dL) 64,3 (17,1) 66,6 (16,8) 64,8 (16,6) 515 0,562
não-HDL-c 91,2 (65,4) 121,2 (39,8) 130,3 (44,3) 515 0,032
GJ (mg/dL) 117,3 (30,4) 104,2 (21,7) 106,6 (15,8) 515 0,271
IJ (uLU/mL) 5,0 (2,8) 6,3 (5,9) 7,0 (4,9) 515 0,413
HOMA-IR 1,4 (0,6) 1,7 (1,9) 1,9 (1,4) 515 0,539
QM (ng/mL) 218,1 (65,3) 196,9 (118,7) 226,6 (121,0) 508 0,061
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada
198
Batista, A. P. Anexos
Genótipos*
GG+CG** (n=175) CC (n=340)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 27,0 (5,7) 26,5 (5,8) 512 0,420
GC (%) 31,1 (10,1) 30,5 (10,1) 506 0,578
PC (cm) 89,2 (15,7) 88,3 (13,0) 508 0,541
RCQ 0,90 (0,17) 0,89 (0,09) 506 0,322
PAS (mmHg) 133,2 (24,6) 130,3 (22,3) 515 0,260
PAD (mmHg) 80,2 (15,9) 79,6 (14,3) 515 0,696
CT (mg/dL) 195,6 (37,9) 187,7 (41,5) 515 0,086
LDL-c (mg/dL) 107,8 (36,5) 96,6 (38,5) 515 0,010
TAG (mg/dL) 117,6 (88,2) 122,4 (70,6) 515 0,565
HDL-c (mg/dL) 64,9 (16,1) 66,4 (16,9) 515 0,417
não-HDL-c 130,7 (39,5) 121,3 (41,5) 515 0,042
GJ (mg/dL) 104,6 (20,7) 104,9 (20,6) 515 0,885
IJ (uLU/mL) 6,7 (5,2) 6,4 (5,8) 515 0,655
HOMA-IR 1,8 (1,5) 1,7 (1,8) 515 0,752
QM (ng/mL) 190,2 (102,7) 207,1 (122,9) 508 0,211
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada **foi utilizado o modelo genético dominante, onde os homozigotos para o alelo menos frequentes e os
heterozigotos foram agrupados
199
Batista, A. P. Anexos
Genótipos*
CC (n=265) CT+TT** (n=250)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,6 (5,9) 26,6 (5,7) 512 0,994
GC (%) 31,1 (10,0) 30,0 (10,3) 506 0,249
PC (cm) 88,9 (13,9) 88,1 (13,2) 508 0,510
RCQ 0,89 (0,09) 0,89 (0,13) 506 0,872
PAS (mmHg) 131,6 (22,5) 130,0 (23,0) 515 0,415
PAD (mmHg) 81,1 (14,9) 78,1 (14,1) 515 0,020
CT (mg/dL) 187,3 (43,2) 191,2 (38,3) 515 0,286
LDL-c (mg/dL) 98,5 (39,1) 98,9 (37,6) 515 0,877
TAG (mg/dL) 121,7 (65,2) 121,2 (82,6) 515 0,937
HDL-c (mg/dL) 64,4 (16,8) 68,0 (16,5) 515 0,015
não-HDL-c 122,9 (42,5) 123,2 (40,0) 515 0,947
GJ (mg/dL) 105,0 (22,0) 104,7 (18,9) 515 0,891
IJ (uLU/mL) 6,2 (4,3) 6,6 (6,9) 515 0,436
HOMA-IR 1,7 (1,3) 1,8 (2,1) 515 0,492
QM (ng/mL) 202,9 (120,7) 205,0 (118,3) 508 0,845
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada **foi utilizado o modelo genético dominante, onde os homozigotos para o alelo menos frequentes e os
heterozigotos foram agrupados
200
Batista, A. P. Anexos
Genótipos*
GG (n=267) GT+TT**(n=248)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 27,2 (6,1) 25,8 (5,3) 512 0,015
GC (%) 31,1 (10,6) 30,0 (9,5) 506 0,218
PC (cm) 89,1 (13,6) 87,8 (13,5) 508 0,263
RCQ 0,89 (0,12) 0,89 (0,09) 506 0,937
PAS (mmHg) 131,2 (23,3) 130,5 (22,2) 515 0,716
PAD (mmHg) 80,1 (14,7) 79,2 (14,4) 515 0,511
CT (mg/dL) 190,3 (39,9) 187,9 (42,0) 515 0,518
LDL-c (mg/dL) 100,9 (37,6) 96,4 (39,1) 515 0,179
TAG (mg/dL) 119,2 (64,4) 123,9 (83,4) 515 0,474
HDL-c (mg/dL) 65,6 (16,2) 66,8 (17,3) 515 0,413
não-HDL-c 124,7 (40,0) 121,2 (42,5) 515 0,331
GJ (mg/dL) 106,2 (24,4) 103,5 (15,3) 515 0,132
IJ (uLU/mL) 7,0 (6,8) 5,8 (4,1) 515 0,024
HOMA-IR 1,9 (2,2) 1,5 (1,1) 515 0,020
QM (ng/mL) 193,5 (113,9) 215,2 (124,4) 508 0,040
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada **foi utilizado o modelo genético dominante, onde os homozigotos para o alelo menos frequentes e os
heterozigotos foram agrupados
Genótipos*
**
CC+CT (n=318) TT (n=197)
Variável Média ± DP n p
IMC (kg/m2) 26,5 (5,5) 26,6 (6,2) 512 0,810
GC (%) 31,0 (9,8) 30,0 (10,7) 506 0,282
PC (cm) 88,6 (13,0) 88,2 (14,4) 508 0,705
RCQ 0,90 (0,12) 0,88 (0,09) 506 0,046
PAS (mmHg) 131,8 (22,4) 129,4 (23,2) 515 0,244
PAD (mmHg) 80,2 (14,8) 78,8 (14,3) 515 0,299
CT (mg/dL) 192,9 (43,0) 183,3 (36,6) 515 0,009
LDL-c (mg/dL) 101,9 (39,3) 93,6 (36,4) 515 0,016
TAG (mg/dL) 125,5 (81,3) 114,9 (60,4) 515 0,115
HDL-c (mg/dL) 66,1 (16,5) 66,3 (17,2) 515 0,857
não-HDL-c 126,8 (42,5) 116,9 (38,4) 515 0,008
GJ (mg/dL) 104,7 (18,1) 105,1 (24,1) 515 0,859
IJ (uLU/mL) 6,3 (5,3) 6,7 (6,2) 515 0,401
HOMA-IR 1,6 (1,4) 1,8 (2,3) 515 0,295
QM (ng/mL) 201,2 (114,5) 208,2 (127,0) 508 0,522
*
número de genotipagens feitas com sucesso foram 515 porém haverá variação nesse número conforme a variável
analisada **foi utilizado o modelo genético dominante, onde os homozigotos para o alelo menos frequentes e os
heterozigotos foram agrupados
201
Batista, A. P. Anexos
Tabela suplementar 13: Frequência alélica para os 46 marcadores indels na população de Lavras
Novas/Chapada e Santo Antônio do Salto
202
Batista, A. P. Anexos
Tabela suplementar 14: Distância genética entre populações de todas as regiões do Brasil e a população do presente estudo
SI MN PE AL MS TR MG ES RJ SP PR SC RS OP
SI * <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06
MN 0.06627 * <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 0.009+-0.009 <5.E-06
PE 0.15415 0.03074 * 0.289+-0.029 0.910+-0.021 <5.E-06 0.649+-0.042 <5.E-06 0.631+-0.030 0.397+-0.043 0.009+-0.009 <5.E-06 0.018+-0.012 <5.E-06
AL 0.14318 0.02818 0.00100 * 0.478+-0.056 <5.E-06 0.045+-0.020 <5.E-06 0.018+-0.012 0.090+-0.023 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06
MS 0.15667 0.03140 0.00229 0.00007 * <5.E-06 0.550+-0.037 <5.E-06 0.162+-0.029 0.009+-0.009 0.009+-0.009 <5.E-06 0.171+-0.031 <5.E-06
TR 0.02720 0.08562 0.16288 0.15232 0.16367 * <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06 <5.E-06
MG 0.17842 0.04214 0.00070 0.00360 0.00032 0.18941 * <5.E-06 0.487+-0.049 0.450+-0.040 0.009+-0.009 <5.E-06 0.090+-0.036 <5.E-06
ES 0.16300 0.03521 0.01385 0.02011 0.01590 0.18004 0.01575 * <5.E-06 <5.E-06 0.351+-0.039 0.081+-0.021 0.820+-0.039 <5.E-06
RJ 0.16237 0.03570 0.00039 0.00299 0.00137 0.17266 0.00007 0.02008 * 0.189+-0.041 0.018+-0.012 <5.E-06 0.027+-0.013 <5.E-06
SP 0.17331 0.03847 0.00020 0.00402 0.00572 0.18737 0.00009 0.00929 0.00182 * 0.171+-0.029 <5.E-06 0.288+-0.029 <5.E-06
PR 0.16878 0.02818 0.01028 0.01822 0.01416 0.18821 0.01459 0.00300 0.01297 0.00716 * 0.288+-0.032 0.793+-0.042 <5.E-06
SC 0.18701 0.05013 0.03833 0.04849 0.03958 0.22464 0.03460 0.00912 0.04393 0.02779 0.00570 * 0.594+-0.045 <5.E-06
RS 0.15593 0.01898 0.00746 0.01300 0.00444 0.17538 0.00467 0.00429 0.01022 0.00225 0.00554 0.00148 * <5.E-06
OP 0.19121 0.06311 0.01785 0.02368 0.02357 0.20607 0.01714 0.05112 0.01595 0.02040 0.04167 0.07260 0.03948 *
Comparação entre populações do Brasil (Manta et al., 2013) e Ouro Preto (SI: Santa Isabel; MN: Manaus; PE: Pernambuco; AL: Alagoas; MS: Mato Grosso do Sul; TR: Terenas;
MG: Minas Gerais; ES: Espírito Santo; RJ: Rio de Janeiro; SP: São Paulo; PR: Paraná; SC: Santa Catarina; RS: Rio Grande do Sul; OP: Ouro Preto); diagonal inferior são os
valores de análise da distância genética = Fst; os valores da diagonal superior são os valores de p
203
Tabela suplementar 15: Características dos primers utilizados no painel da análise de ancestralidade
VIC- gACCCAGCCTATCTGACTTTG
2275 3033053
CTACCTGACTACCACCTATG continua
204
continuação
MID rs Labeled primer Unlabeled primer*
VIC-
94 16384 gtttACAGGGTCTCGCTATGATGC
TGGTGGCTCATGCACTTTTG
VIC-
3072 34611875 gttTGGATGTGTCTGAGCTCAAC
AGCTTTTTCCGGCAACTCTC
VIC-
772 1610859 gtttcttATCCTTCTGCTCACTCTACC
GTCTCRTTTTCCTGCAGTAG
VIC-
2313 3045215 GTTGTAACATCTGTGAGGTC
GCACACATGCAGAAATGCAG
VIC-
397 25621 gCCACATTCAGGCGTTTTGTC
TGGGCTTCTTCTGGGAAAAC
VIC-
1636 2307832 gCCTCCTTTGAAGACACACAG
TTAGGAAGAGGTGCTATGGG
VIC-
51 16343 gCGTCCTCCACCTTCTTTTTC
AAGATTGGAGGGAAAAGTGC
VIC-
2431 3031979 GCAGTGTTGCAACTGATACG
AGGAGGAGCTGATAGACTTC
VIC-
2264 34122827 GTAGGAGACCACTCACATTC
CTTTGGCTATCCTGTCTCAC
NED-
2256 133052 GCAAGAAAAGGAATCCAGGC
ATCGAACCGTTCCTAAGGAC
NED-
128 6490 gTCCAGCCATTCAGACAAAGG
ATCAGGAGACAATCCAGCAG
NED-
15 4181 gtttctAGGTATTCTCTGTTCCCACG
GGGTTATTTGCCTCATCTCC
NED-
2241 3030826 gttACTGTCGACTGATCCAATAG
ACATACACGTGGAAGACTGC
NED-
419 140708 GTCCATGTTTTCTTTGAGCATC
CAGGAAAGTATGGCCCATTC
NED-
943 1611026 GACAAGATCACTAGCTTGAC
TCTTCCTACCCCTGTTAGTG
NED-
159 16438 gCAAGGYAGTAACAATGAGGG
ACCAGAGCACTACAGCCTTT
NED-
2005 2308161 GAAAGTTGTGGCTTAACTGG
TGTAGCGGCAATATAGGCAG
NED-
250 16687 GTCACTTTGGTTTTTGCAGG
ATGGAGCAGTAAAGCAGCAC
continua
205
continuação
MID rs Labeled primer Unlabeled primer*
NED-
1802 2307998 gCCAGTTGAGAATCACTGCAC
ACGGTCAACTTTGTAGCTCC
NED-
1607 2307803 GATAAGCACCTAACTCCCAG
TGTTGCAGAAGAACTCAACC
PET-
1734 2307930 GTGCATCCCATACAACTGAC
TTCGTGTTCTCACACTGTCC
PET-
406 25630 gACAAATGGACAACGGCCAAG
TGGCTGCTGTAGATTGTAGG
PET-
1386 2307582 gtttATGTTCCAAGTCAGCAGCAC
AGAGGATCATGGAGACCAAC
PET-
1726 2307922 GCTCTGCTATTTTGGTTTGC
GGTCCAAATGCACCACAATC
PET-
3626 11267926 GGTGACCCCTTCTTTATCTC
TGTTGGTTCTCTCCTTTTCC
PET-
360 25584 gCTCAAGTGACCAACCCACCT
AGATCAACTGCCAATCTGGG
PET-
1603 2307799 GGAGCTGTTAGTCTGAGTAG
TTACAATTTCAAGCCTCCGC
PET-
2719 34541393 GGGTGATGAAATGTTCCGAA
GTCAGGAGTCTAGAAACTTC
MID: Marshfield Diallelic Insertion/Deletion Polymorphisms database rs:Ref Seq
206