Dissertação Hipácia
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Dissertação Hipácia
CDU: 576
Chegar até aqui não foi fácil, mas tenho certeza que o caminho percorrido foi mais leve e
prazeroso graças às maravilhosas pessoas que Deus colocou na minha vida.
Agradeço à minha querida orientadora, Cleida Oliveira, pelo constante incentivo. Sou grata
por ter aberto as portas do laboratório com tanto carinho, e por ter guiado minha trajetória
desde então. Você me ensinou a olhar o mundo microscopicamente, e eu me encantei por ele!
Você me ensinou que um trabalho bem feito exige paciência, dedicação, e sobretudo muito
amor. E essa semente do amor pela ciência, que você plantou em mim durante a nossa
primeira conversa, e regou ao longo desses anos, floresceu, e originou esse trabalho lindo,
feito por NÓS. Muito obrigada!
Agradeço ao Professor Germán A.B. Mahecha, pela disponibilidade em ajudar sempre que
preciso e por compartilhar sua sabedoria.
Agradeço aos queridos amigos do LABRE, pela convivência e paciência ao longo desses
anos. Agradeço ao Gabriel, que não por acaso tem nome de anjo, por ter me apresentado ao
laboratório e ter sido desde então minha dupla de experimentos e ideias. Sua disponibilidade e
paciência foram fundamentais no meu aprendizado. Agradeço à Bruna, minha companheira de
eventos (científicos ou não), pela companhia diária, por estar do meu lado tomando bons
drinks para comemorar as conquistas ou chorar as frustações e dúvidas. Agradeço à Clara,
nossa “severina”, pelo apoio e pela doce ajuda, especialmente nesses últimos meses.
Agradeço a todos que estão e já estiveram no laboratório, e que tive o prazer de conviver:
Elisângela, Jonas, Wiviane, Felipe, Monalise. Esse trabalho tem um pedacinho de cada um de
vocês!
Agradeço à Mônica, por ter me acolhido como filha científica durante seu doutorado. Meus
primeiros passos profissionais foram inspirados em você! Obrigada por me ensinar a ser
pesquisadora e por sempre estar disposta a responder às minhas dúvidas.
Agradeço ao querido professor José Carlos Nogueira, pela contagiante alegria em aprender e
ensinar. Ver sua empolgação em trabalhar e colaborar com a pesquisa é motivador.
Agradeço ao Lucas, meu marido, por acreditar na minha capacidade acima de tudo. Agradeço
todo o carinho e dedicação com que você vem cuidando de nós. Obrigada por ser meu suporte
em todos os momentos em que duvidei de mim mesma, e por toda a ajuda direta e indireta na
realização desse trabalho. E como se não bastasse as dificuldades e desafios enfrentados por
dois mestrandos, você embarcou comigo na aventura de uma vida a dois, que vem sendo
desafiadora e maravilhosa. Obrigada por tanto!
Agradeço aos meus pais pelo amor incondicional. O trabalho que desenvolvi é reflexo da
dedicação que vocês empenharam na minha educação e formação. Vocês me ensinaram a não
desistir diante das dificuldades, sempre me incentivando a ser o melhor que eu pudesse ser.
Agradeço à minha grande família, por sempre permanecer unida. Em especial, agradeço às
minhas avós, por dividirem comigo a sabedoria adquirida ao longo dos anos, sempre com
muito carinho. À minha prima Nathália, agradeço pela amizade que construímos desde a
infância, e por estar presente em todos os momentos. À minha afilhada Alice, por me
apresentar um amor que eu ainda não conhecia, o amor de madrinha, e por alegrar a minha
vida com pequenos gestos. Amo vocês!
Agradeço aos amigos antigos e aqueles que conheci durante o Mestrado, pelas conversas e
momentos de descontração que atenuaram as dificuldades. Em especial, à Maria Alice e à
Karen, por terem me ajudado na elaboração dos vídeos que estão nesse trabalho. À Kiany, por
me socorrer sempre que o Western Blotting não funcionava. À Flávia, pela parceria e
colaboração.
Agradeço à UFMG, que foi minha segunda casa durante esses anos e me proporcionou
grandes experiências e aprendizados.
O compartimento basal do epitélio prostático é composto por células basais que, além de
estarem associadas à manutenção da homeostase tecidual, podem estar relacionadas à
iniciação e progressão do câncer de próstata. As células basais prostáticas constituem uma
população heterogênea, onde se encontram diversas subpopulações com diferentes
contribuições estruturais e funcionais para a próstata. Porém, pouco se sabe sobre a regulação
do número, da morfologia e da função das diferentes subpopulações de células basais, bem
como a influência dessas células nas modificações que acontecem no epitélio durante o
processo carcinogênico. Complicando ainda mais a compreensão sobre o compartimento basal
do epitélio, esse pode abrigar macrófagos, que por muitos anos foram confundidos com as
células basais. O que vem chamando atenção é a participação dos macrófagos no
desenvolvimento e progressão do câncer de próstata, porém os relatos em relação a presença
dessas células imunes no epitélio no contexto tumoral são escassos e superficiais. Portanto, o
objetivo do presente estudo foi investigar possíveis alterações na morfologia e no fenótipo de
células basais e de macrófagos no epitélio prostático de ratos Wistar em diferentes
microambientes hormonais. Para isso, foram utilizados três modelos experimentais: (1)
envelhecimento, (2) indução de lesões prostáticas através do tratamento prolongado com
testosterona e estradiol e (3) castração. Ensaios de imuno-histoquímica e imunofluorescência
mostraram que as células basais estão amplamente distribuídas na próstata,
independentemente da idade dos animais, e apresentam morfologia variada. A população de
células basais CK5-positivas aumentou no epitélio prostático ao longo do envelhecimento,
enquanto as células basais p63-positivas reduziram. Macrófagos com fenótipo e morfologia
variados foram observados no epitélio prostático após castração cirúrgica e em lesões pré-
malignas e malignas, tanto observadas naturalmente ao longo do envelhecimento quanto após
tratamento com testosterona e estradiol. Além disso, delgadas projeções citoplasmáticas das
células basais foram observadas se estendendo ao redor dos macrófagos intraepiteliais nas
lesões prostáticas, mostrando uma íntima interação entre essas células. Considerando o
conjunto de resultados, conclui-se que os macrófagos e as células basais são células
extremamente plásticas, capazes de adaptar a morfologia e o fenótipo dependendo do
microambiente local, além de desempenharem um papel importante no desenvolvimento e
progressão das lesões prostáticas.
Palavras-chave: Próstata. Células basais. Macrófagos. Câncer.
ABSTRACT
The basal compartment of the prostatic epithelium is composed of basal cells that, in addition
to being associated with the maintenance of tissue homeostasis, may be related to the
initiation and progression of prostate cancer. Basal cells of the prostate constitute a
heterogeneous population, presenting several subpopulations with different structural and
functional contributions to the prostate. However, little is known about the regulation of the
number, morphology and function of basal cell subpopulations, as well as the influence of
these cells on the changes that occur in the epithelium during the carcinogenic process.
Complicating even more the understanding of the basal compartment of the prostatic
epithelium, it may contain macrophages, which for many years have been confused with basal
cells. The participation of macrophages in the development and progression of prostate cancer
has been drawing attention, but reports regarding the presence of these immune cells in the
epithelium in the tumoral context are scarce and superficial. Therefore, the aim of the present
study was to investigate possible changes in the morphology and phenotype of basal cells and
macrophages in the prostatic epithelium of Wistar rats in different hormonal
microenvironments. For this, three experimental models were used: (1) aging, (2) induction of
prostatic lesions through prolonged treatment with testosterone and estradiol and (3)
castration. Immunohistochemistry and immunofluorescence assays have shown that basal
cells are widely distributed in the prostate, regardless of the age of the animals, and they have
varying morphology. The population of CK5-positive basal cells increased in the prostatic
epithelium during aging, while the p63-positive basal cells decreased. Macrophages with
varied phenotype and morphology were observed in the prostatic epithelium after surgical
castration, as well as in pre-malignant and malignant lesions, either observed naturally during
aging or after treatment with testosterone and estradiol. In addition, thin cytoplasmic
projections of the basal cells have been observed to extend around the intraepithelial
macrophages in prostatic lesions, highlighting an intimate interaction between these cells.
Taken together, our results show that macrophages and basal cells are extremely plastic cells,
capable of adapting their morphology and phenotype depending on the local
microenvironment, playing an important role in the development and progression of prostatic
lesions.
Keywords: Prostate. Basal cells. Macrophages. Cancer.
LISTA DE FIGURAS
I. REVISÃO DE LITERATURA
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I. REVISÃO DE LITERATURA
1. A PRÓSTATA
essas células. Já em roedores as células basais são mais esporádicas e estão dispersas entre as
células luminais, em uma proporção de células basais:luminais de cerca de 1:10 em ratos e 1:4
em camundongos (Figura 1) (El-Alfy et al. 2000).
As células basais podem ser identificadas através da expressão de citoqueratina 5
(CK5), CK14 e p63 (Risbridger e Taylor 2006). A população de células basais é muito
heterogênea, sendo identificados até o momento, na próstata de camundongos adultos, sete
subpopulações que expressam diferentes combinações desses marcadores (Lee et al. 2014).
Tais subpopulações são encontradas em diferentes proporções e estágios de diferenciação no
epitélio prostático (Lee et al. 2014). Nesse sentido, algumas células basais apresentam-se mais
indiferenciadas e são consideradas as células tronco que podem gerar os demais tipos de
células epiteliais prostáticas e contribuir para a manutenção da homeostase tecidual (De
Marzo et al. 1998; Lee et al. 2014; Huang et al. 2015). Outras apresentam fenótipo mais
diferenciado , participando da regulação hormonal do epitélio prostático através da expressão
enzimas esteroidogênicas, tais como 3β-HSD (3β-hidroxiesteroide desidrogenase), 5α-
redutase tipo 2 e aromatase (El-Alfy et al. 2000; Pelletier et al. 2001; Morais-Santos et al.
2018), estando ativamente envolvidas na produção local de andrógenos e estrógenos.
Os avanços das técnicas de imagem na última década resultaram em um progresso
significativo sobre a compreensão da complexa rede de células basais encontrada nos epitélios
pseudoestratificados, especialmente no epidídimo. Inicialmente, foi observado que as células
basais não estavam restritas ao compartimento basal do epitélio, como se pensava
anteriormente, mas que essas podem apresentar projeções citoplasmáticas estreitas, que se
insinuam entre as demais células epiteliais, podendo alcançar o lúmen (Shum et al. 2008).
Posteriormente, reiterando a quebra na concepção de que as células epiteliais são estáticas e
restritas à base do epitélio, Roy e colaboradores (2016) elegantemente mostraram que as
projeções das células basais se entendem e retraem periodicamente em direção ao lúmen,
seguindo um padrão oscilatório. Dessa forma, foi então proposto que essa plasticidade de
movimento das células basais representava um mecanismo único pelo qual essas células
enviam sensores para monitorar o ambiente luminal, modular suas próprias funções e
subsequentemente influenciar o comportamento das células vizinhas (Shum et al. 2008; Roy
et al. 2016; Breton et al. 2019). Esses achados foram explorados no epitélio do epidídimo,
enquanto na próstata a plasticidade estrutural das células basais permanece pouco
caracterizada. O que se sabe é que as células basais prostáticas apresentam múltiplas
projeções, que partem tanto da região basal quanto da região apical da célula, e se
19
interconectam, formando uma rede na base do epitélio (Soeffing et al. 1995; Hayward et al.
1996b).
No epidídimo, sabe-se que os prolongamentos das células basais criam junções
comunicantes com as células epiteliais adjacentes, estabelecendo uma interação dinâmica e
temporária, preservando a integridade epitelial (Roy et al. 2016). Na próstata, a presença de
junções comunicantes entre as células basais e as secretoras também já foi reportada,
indicando importante papel na comunicação célula-célula (El-Alfy et al. 2000; Habermann et
al. 2001). Assim, as células basais conseguem detectar tanto os estímulos apicais quanto os
basolaterais, evidenciando sua função sensorial e regulatória (El-Alfy et al. 2000; Shum et al.
2008; Roy et al. 2016).
Durante o desenvolvimento prostático, as células basais comportam-se como células-
tronco, multipotentes e auto renováveis, podendo se diferenciar e originar todas as demais
linhagens celulares epiteliais: basais, luminais e neuroendócrinas (Ousset et al. 2012; Lee et
al. 2014; Huang et al. 2015). Na próstata adulta, o tipo celular a qual as células-tronco
epiteliais pertencem é controverso. Embora estudos apontam a existência de células-tronco
dentre as subpopulações de células basais (Verhagen et al. 1992; De Marzo et al. 1998; Lee et
al. 2014), sabe-se que essa propriedade não está restrita ao compartimento basal, uma vez que
as células basais e luminais podem ser mantidas por progenitores celulares independentes
(Kurita et al. 2004; Wang et al. 2009; Choi et al. 2012; Liu e Goldstein 2014; Huang et al.
2015; Crowell et al. 2019). A contribuição de cada progenitor celular na fisiologia e/ou na
patogenia da próstata ainda não está muito bem elucidada, mas sabe-se que as células basais
são necessárias para a regeneração tecidual que ocorre após privação androgênica (McPherson
et al. 2010; Hussaim et al. 2012; Lu et al. 2013), podendo gerar novas células luminais para
manter a homeostase tecidual (Van Leenders et al. 2000; Lee et al. 2014; Toivanen et al.
2016).
Células basais são também alvo de grande interesse no processo de carcinogênese
prostática, desde que esse envolve a perturbação da estrutura do epitélio glandular,
evidenciada pela perda de células com fenótipo basal, o que gera um tumor com fenótipo
luminal (Choi et al. 2012; Wang Z et al. 2014). Apesar dessa característica, não há um
consenso quanto ao tipo celular de origem do câncer de próstata (CaP), mas sabe-se que tanto
as células luminais quanto as células basais podem originar o tumor, influenciando assim nas
suas propriedades biológicas (Goldstein et al. 2010; Choi et al. 2012; Taylor et al. 2012;
Goldstein e Witte 2013; Lu et al. 2013; Wang Z et al. 2014). Devido ao fato de as células
basais sofrerem divisões celulares assimétricas, originando uma célula-filha basal e outra
20
luminal, as células basais que sofrem transformação maligna produzem tumores com
características luminais (Figura 2) (Lu et al. 2013; Wang J et al. 2014). Essa diferenciação de
células basais em luminais é um processo natural (Wang et al. 2009; Choi et al. 2012), que
pode ser potencializado em condições inflamatórias, como ocorre no CaP (Kwon et al. 2014).
Dessa forma, o acúmulo de células inflamatórias aumenta as chances de as células basais
serem as iniciadoras do câncer (Goldstein e Witte 2013). Os tumores de origem basal
apresentam crescimento mais lento, possivelmente devido ao número inicial de células em
transformação e/ou ao atraso intrínseco na proliferação devido à diferenciação (Wang et al.
2013; Wang J et al. 2014).
Pelo exposto, fica evidente que as células basais do epitélio prostático constituem uma
população heterogênea, onde se encontram diversas subpopulações com diferentes
contribuições estruturais e funcionais para a próstata, tanto no contexto fisiológico quanto
patológico (De Marzo et al. 1998, Goldstein et al. 2010; Taylor et al. 2012; Lee et al. 2014).
21
Em 1941, Huggins e Hodges fizeram uma observação histórica de que a retirada dos
testículos, conhecida como castração cirúrgica, causava regressão do CaP, e demonstraram
pela primeira vez a dependência dos andrógenos circulantes para a sobrevivência e progressão
do câncer (Huggins e Hodges 1941). Por suas descobertas em relação ao tratamento hormonal
do CaP, Charles Huggins foi lauredo com o Prêmio Nobel de Medicina em 1966. Atualmente,
mais de 75 anos após essas descobertas, a privação androgênica permanece sendo o
tratamento de escolha para CaP avançados, porém a maioria dos casos progridem para um
estágio resistente à castração, que invariavelmente é fatal (Risbridger e Taylor 2013). Dessa
forma, as contribuições das possíveis rotas de síntese e fontes de andrógenos permanecem em
debate.
Os hormônios esteroides são derivados do colesterol, e a etapa inicial de sua síntese,
que consiste na clivagem de colesterol em pregnenolona, ocorre em quantidades relevantes
apenas no córtex da adrenal e nas células de Leydig dos testículos em homens, sendo esses os
órgãos-chave no controle hormonal reprodutivo masculino (Sharifi e Auchus 2012).
Entretanto, a próstata dispõe de maquinaria enzimática própria para produção dos esteroides
sexuais, permitindo assim uma regulação autônoma, ajustando o metabolismo dos hormônios
sexuais de acordo com as suas necessidades locais (El-Alfy et al. 1999; Labrie et al. 2000).
Sendo assim, a próstata é influenciada por hormônios esteroides provenientes da circulação
sanguínea e/ou produzidos localmente, utilizando precursores originados dos testículos e do
córtex da glândula adrenal (Figura 3) (Labrie et al. 2000; Pelletier 2008).
22
Figura 3. Representação esquemática das etapas de síntese dos principais hormônios esteroides
sexuais que ocorre nas adrenais, nos testículos e na próstata. Os hormônios esteroides são
derivados do colesterol, e a etapa inicial de sua síntese ocorre em quantidades relevantes apenas nas
adrenais e nos testículos em homens. A próstata dispõe de maquinaria enzimática própria para
produção dos esteroides sexuais, utilizando para isso precursores e/ou hormônios originados dos
testículos e das glândulas adrenais. CYP19A1: aromatase; DHEA: dehidroepiandrosterona; DHEA-S:
sulfato de dehidroepiandrosterona; DHT: diidrotestosterona. Adaptado de Zang et al. (2017).
1.2.1. Andrógenos
quantidade que persiste é adequada para ativar maquinarias moleculares que direcionam o
crescimento do câncer (Zang et al. 2017; Mostaghel et al. 2019). Nas últimas décadas, as
opções de tratamento para o CaP metastático e resistente a castração vem aumentando com a
introdução terapêutica da abiraterona (inibidor de CYP17A) por exemplo. Apesar dos
avanços, o aumento da sobrevida é de apenas alguns meses, e eventualmente a maioria dos
pacientes vão a óbito (Becker et al. 2019).
Além da explicação relacionada aos hormônios, a recorrência do CaP pode ocorrer
devido à existência de algumas subpopulações de células basais prostáticas que são resistentes
ou se adaptam à privação androgênica (English et al. 1987; Risbridger e Taylor 2013), e que
podem reiniciar o câncer (Taylor et al. 2012; Goldstein e Witte 2013; Lu et al. 2013).
1.2.2. Estrógenos
contribuir para o desenvolvimento de lesões prostáticas na vida adulta (Prins e Korach 2008;
Prins et al. 2007). O segundo momento em que os níveis hormonais se modificam é durante o
envelhecimento, em que os níveis de testosterona sérica e sintetizada no testículo diminuem,
principalmente devido ao declínio da responsividade das células de Leydig ao estímulo do LH
(Beattie et al. 2015). Em contraste, os níveis de estradiol permanecem constantes ou
aumentam ligeiramente, alterando a razão entre andrógenos e estrógenos, favorecendo a ação
dos estrógenos (Ellem e Risbridger 2010). Essas alterações no microambiente hormonal
relacionadas à idade, aliadas às alterações na expressão dos receptores de esteroides, podem
contribuir para a evolução das lesões prostáticas que acometem os indivíduos idosos (Ellem e
Risbridger 2010; Morais-Santos et al. 2015, 2018).
Diversos estudos têm demonstrado a participação dos estrógenos no desenvolvimento
de lesões prostáticas, que incluem inflamação, proliferação aberrante e metástase (Prins e
Korach 2008; Ellem e Risbridger 2009). Altos níveis de estrógenos prostáticos alteram a
diferenciação e proliferação das células epiteliais e estromais, gerando danos irreversíveis ao
tecido. Nas células epiteliais, ocorre perturbação na diferenciação durante o desenvolvimento,
a qual é evidenciada pela formação de várias camadas de células basais, caracterizando
metaplasia escamosa (Bianco et al. 2002; Ellem et al. 2009). Também ocorre perda da
expressão de proteínas das junções comunicantes, comprometendo a adesividade e a
comunicação celular (Prins et al. 2007). Outras consequências incluem espessamento da
camada de fibroblastos abaixo da membrana basal, aumento relativo dos elementos do
estroma e infiltrado de células inflamatórias (Prins et al. 2001; Bianco et al. 2002; Risbridger
et al. 2007; Ellem et al. 2009).
Os estrógenos geram seus efeitos localmente, a nível celular, através da ligação e
ativação dos receptores de estrógeno, sendo eles ERα (ESR1) e ERβ (ESR2), os quais são
codificados por genes distintos (Matthews e Gustafsson 2003). Os ERα estão relacionados
com papéis proliferativos e inflamatórios na próstata (Prins et al. 2001; Risbridger et al. 2001;
Ellem et al. 2009; Takizawa et al. 2015; Ryl et al. 2015). De forma contrária, os ERβ estão
envolvidos em ações anti-proliferativas, pró-apoptóticas e pró-diferenciação celular (Prins et
al. 2001; Weihua et al. 2001; Risbridger et al. 2001). Diversos relatos apontam que o
silenciamento de ERβ, associado à expressão de ERα, está associado às desordens na
sinalização estrogênica e ao aparecimento de múltiplos e precoces focos de alterações
prostática (Risbridger et al. 2001; Ellem e Risbridger 2010; Takizawa et al. 2015)
Dados recentes do nosso grupo de pesquisa mostraram redução de ERβ e aumento de
ERα em lesões pré-malignas na próstata de ratos idosos (Morais-Santos et al. 2015, 2018).
26
2. INFLAMAÇÃO
amiláceos e concreções prostáticas (Sfanos et al. 2009), (3) injúria celular decorrente do
refluxo urinário (Bernoulli et al. 2008) e (4) envelhecimento (Begley et al. 2008).
Naturalmente ao longo do envelhecimento, o número de células imunes que se
infiltram na próstata aumenta (Bostwick et al. 2003; Begley et al. 2008; Bianchi-Frias et al.
2010). Uma das explicações para esse aumento se baseia no efeito dos estrógenos, que além
de serem conhecidos por suas ações pró-inflamatórias (Harris et al. 2000; Cutolo et al. 2005;
Ellem et al. 2009), contribuem para as alterações na morfologia e na composição celular da
próstata ao longo do envelhecimento (Ellem et al. 2009; Bianchi-Frias et al. 2010; Crowell et
al. 2019). Devido a essas alterações durante o envelhecimento, as células do estroma
prostático começam a secretar fatores quimiotáticos associados à inflamação aguda,
produzindo um gradiente quimiotático neutrofílico discreto, mas persistente, para a próstata
(Begley et al. 2008). Os neutrófilos são o principal tipo de leucócito envolvido nas respostas
inflamatórias agudas, que são as respostas iniciais do organismo a estímulos prejudiciais. Na
próstata, os neutrófilos ativados podem liberar quimiocinas e citocinas quimiotáticas para
macrófagos (Begley et al. 2008). Essas células imunes, por sua vez, desencadeiam eventos
bioquímicos, como a secreção de fatores quimiotáticos para linfócitos, responsáveis pela
mudança da resposta inflamatória de aguda para crônica (Begley et al. 2008; Sfanos et al.
2014). A inflamação crônica é caracterizada pela presença de grande quantidade de linfócitos
e macrófagos, e promove principalmente a alteração do estroma prostático normal para um
estroma reativo, responsável por suportar e promover o crescimento tumoral (Begley et al.
2008; Bianchi-Frias et al. 2010; Barron e Rowley 2012).
células epiteliais da PIA apresentam sinais moleculares de estresse, como altos níveis de
glutationa S-transferase A1, cicloxygenase-2 e BCL-2 (Nelson et al. 2003). A inflamação
associada à PIA pode desencadear efeitos genotóxicos ou citotóxicos, contribuindo para a
progressão dessa lesão para o câncer (De Marzo et al. 1999; Sfanos et al. 2014). Transição
morfológica entre PIA, neoplasia intraepitelial prostática (PIN) e câncer já foi observada
(Figura 4) (Putzi e De Marzo 2000), bem como similaridades genéticas entre essas lesões,
incluindo perda de genes supressores de tumor (Bethel et al. 2006). O fato da PIA ser
precursora das lesões malignas sugere que o microambiente inflamatório pode estar associado
à iniciação da carcinogênese prostática (De Marzo et al. 1999).
As células imunes inicialmente agem para remover os agentes infecciosos e/ou reparar
os tecidos, através da secreção de citocinas ou espécies reativas de oxigênio (ROS),
principalmente pelos neutrófilos. Entretanto, durante a inflamação crônica, ocorre uma
exposição prolongada a esses sinais, que passam a ser danosos. Por exemplo, ROS podem
causar dano oxidativo ao DNA e mutações em oncogenes e genes supressores de tumor
(Mantovani et al. 2004; Khandrika et al. 2009). Esses papéis complexos e dicotômicos da
inflamação também estão presentes no contexto tumoral, em que inicialmente as células
imunes são recrutadas para prevenir o estabelecimento e a proliferação das células epiteliais
malignas e, posteriormente, são recrutadas para sustentar a sobrevivência das células tumorais
e a progressão do câncer, através da manutenção de um estado inflamatório crônico (Thapa et
al. 2015).
2.2. Macrófagos
uma via alternativa para a esteroidogênese, que elimina a etapa tradicional de limitação da
biossíntese dos hormônios esteroides (Nes et al. 2000). Estudos revelaram que esse
mecanismo não é apenas alternativo, mas fisiologicamente relevante, uma vez que a depleção
experimental de macrófagos testiculares causou redução da quantidade de testosterona
produzida pelas células de Leydig (Bergh et al. 1993; Hutson 2006). Além disso, em
situações que causam danos às células de Leydig, como após exposição crônica ao
desregulador endócrino atrazina, essa função dos macrófagos se torna ainda mais importante,
uma vez que o número dessas células no testículo aumenta na tentativa de reestimular a
esteroidogênese (Martins-Santos et al. 2017).
1
Escore de Gleason se refere à classificação dada a um tecido prostático, baseado em sua
aparência microscópica, que revela a agressividade do tumor. A classificação varia de 6 a 10, em que
10 representa os tumores mais agressivos.
38
II. JUSTIFICATIVA
39
II. JUSTIFICATIVA
Além de seu papel na fisiologia reprodutiva, a próstata tem relevância clínica por ser
alvo de desordens benignas e malignas, como a hiperplasia prostática benigna e o câncer, que
afetam a fertilidade e a qualidade de vida dos homens. Entre a população masculina mundial,
o CaP é o segundo câncer mais frequente e a quinta principal causa de morte diretamente
relacionada ao câncer (Bray et al. 2018). Em relação ao Brasil, de acordo com dados do
Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o biênio de 2020 e 2021, o CaP é o tipo de câncer
mais incidente entre os homens em todas as regiões do país (INCA 2019).
No contexto do câncer, as células basais prostáticas vêm ganhando destaque uma vez
que elas podem estar envolvidas tanto na iniciação quanto na recidiva do CaP (Choi et al.
2012; Taylor et al. 2012; Wang et al. 2014b). Sabe-se que as células basais do epitélio
prostático constituem uma população heterogênea, onde se encontram diversas subpopulações
com diferentes contribuições estruturais e funcionais para a próstata, tanto no contexto
fisiológico quanto patológico (Goldstein et al. 2010; Taylor et al. 2012; Lee et al. 2014).
Porém, pouco se sabe sobre a regulação do número, da morfologia e da função das diferentes
subpopulações de células basais do epitélio prostático, bem como a influência dessas células
nas modificações que acontecem no epitélio durante o processo carcinogênico.
Complicando ainda mais a compreensão sobre o compartimento basal do epitélio
pseudoestratificado, esse pode abrigar macrófagos (Shum et al. 2014; Silva et al. 2018).
Similaridades morfológicas e ultraestruturais entre células basais e macrófagos, assim como
sua íntima relação espacial, já foram observadas, por exemplo no epitélio epididimário
(Yeung et al. 1994; Seiller et al. 1999; Holschbach e Cooper 2002). Essa íntima relação levou
alguns estudos mais antigos a descreveram marcadores e funções clássicas de macrófagos,
como por exemplo habilidade fagocítica, em células basais do epidídimo (Yeung et al. 1994;
Seiller et al. 1999). Mais recentemente demonstrou-se que as células basais são morfológica e
fenotipicamente diferentes dos macrófagos, e apesar de coexistirem em alguns tecidos,
desempenham funções distintas (Shum et al. 2014).
O que vem chamando atenção é a participação dos macrófagos no desenvolvimento e
progressão do CaP. Diversos estudos mostram que à medida que as lesões prostáticas
progridem, a quantidade de macrófagos encontrados no tecido aumenta (Hu et al. 2015; Fan
et al. 2017; Bianchi-Frias 2019; Zarif et al. 2019). Esses macrófagos são encontrados no
estroma próximo às lesões, principalmente em regiões perivasculares (Klotz et al. 1998;
Narayanan et al. 2009; Bianchi-Frias et al. 2010; Copeland et al. 2019). Entretanto, as células
40
imunes parecem interagir com células epiteliais de maneira complexa, uma vez que os
macrófagos em contato com as células tumorais desencadeiam efeitos parácrinos mais
pronunciados que os macrófagos situados mais distante, como por exemplo induzindo a
proliferação celular das células ao redor (Lissbrant et al. 2000). Na próstata, os relatos em
relação a presença dessas células imunes no epitélio no contexto tumoral são escassos e
superficiais. Por exemplo, apesar de alguns estudos não mencionarem a localização dos
macrófagos, é possível observar a presença dessas células imunes no epitélio prostático de
camundongos após a deleção do gene NKX3.1 (um gene supressor de tumor cuja perda ou
redução representa um evento chave na iniciação do CaP) (Le Magnen et al. 2018), ou após
tratamento com diferentes carcinógenos (Nakai et al. 2007; Prins et al. 2017). Por outro lado,
quando a localização dos macrófagos no epitélio é reportada, nenhuma referência é feita em
relação à função desempenhada por eles ou à sua interação com as células epiteliais (Bianchi-
Frias et al. 2010; Lu et al. 2012; Zarif et al. 2019).
Pelo exposto, fica evidente a necessidade de estudos que contribuam para a
compreensão acerca da presença e das funções dos macrófagos epiteliais, bem como da
contribuição das subpopulações de células basais e interação dessas células no compartimento
basal do epitélio prostático, em diferentes microambientes, especialmente no contexto das
patologias associadas à próstata.
41
III. OBJETIVOS
42
III. OBJETIVOS
IV. RESULTADOS
44
IV. RESULTADOS
Targeting Wistar rat as a model for studying benign, premalignant and malignant
lesions of the prostate
Life Sciences, 2020
DOI: 10.1016/j.lfs.2019.117149
CAPÍTULO I
Targeting Wistar rat as a model for studying benign, premalignant and malignant lesions of
the prostate
64
CAPÍTULO II
Tumor-Associated Macrophages (TAM) are recruited to the aging prostate epithelial lesions
and become intermingled with basal cells
65
66
61802-6199
* Corresponding author:
Phone: +55.31.3409-2795
E.mail: cleida@icb.ufmg.br
67
Abstract
Background: Prostate cancer remains one of the most common cancers in men. Macrophages
are thought to be important regulators in cancers and their potential involvement in prostate
cancer should not be overlooked. Therefore, the association between macrophages and the
pre-tumorous changes in prostate epithelium during aging deserves further investigation.
Objectives: We sought to investigate whether macrophages would be recruited into the
prostate epithelium that display pathological lesions commonly found during aging.
Materials and methods: Prostates of aging rats, with and without treatment with a
combination of testosterone and estradiol, were examined for premalignant and malignant
epithelial lesions. For comparison, prostates of castrated rats were also investigated. Induced
and naturally formed lesions were observed. Results: Intraepithelial macrophages were found
restricted to areas of premalignant and malignant lesions. An unprecedented interaction
between macrophages and basal cells was observed in the aging pathological lesions. The
intraepithelial macrophages were associated with autophagy, in contrast to those found after
castration. In prostate lesions, the intraepithelial macrophages had TAM phenotype
(CD68+/iNOS+/ CD206+/ARG+), denoting a possible involvement in cancer progression.
However, M2 macrophages (CD68+/CD163+) were recruited into the epithelium after
castration, possibly to phagocytize cells undergoing apoptosis. Discussion and Conclusion:
In conclusion, macrophages were recruited into the prostate epithelium and presented diverse
phenotypes and morphology, consistent with changes reflected in the hormonal environment.
Macrophages with the TAM phenotype were found restricted to areas of premalignant and
malignant lesions in aging prostates, denoting a possible involvement in cancer progression.
In contrast, M2 macrophages were found in the regressed epithelium after castration.
68
Introduction
The prostate has clinical relevance as a prominent target for benign and malign
disorders that affect the quality of men’s life. In particular, prostate cancer (PCa) is the most
frequently diagnosed cancer among men worldwide, with an estimated 1,276,000 cases and
359,000 deaths annually (Bray et al. 2018). The risk of PCa in men remains high in the aging
population (Wang et al. 2018). Therefore, understanding the numerous cellular interactions
associated with the onset of tumorigenesis is a major goal of prostate research. The reciprocal
interaction between the epithelium and surrounding stroma is essential for normal prostate
function, and disruption of this interface appears to induce uncontrolled growth and
development of a malignant transformation (Taylor & Risbridger 2008; Goldstein & Witte
2013). Immune cells are one of the key components of the prostate stroma, having
pronounced paracrine effects on epithelial cells (Lissbrant et al. 2000; Huang et al. 2018).
Among the inflammatory cells of the prostate, macrophages have gained attention, due to the
intrinsic association between stromal macrophage density and progression of prostatic lesions,
including cancer (Lissbrant et al. 2000; Narayanan et al. 2009; Lindholm et al 2010;
Nonomura et al. 2011; Hu et al. 2015; Bergstrom et al. 2016; Fan et al. 2017; Melis et al.
2017; Jones et al. 2019; Erlandsson et al. 2019). Macrophages associated with pro-
tumorigenic lesions, also called tumor-associated macrophages (TAM), have been recognized
as a polarized M2 population (Mantovani et al. 2004; Sica et al. 2008). TAM participate in
the promotion of angiogenesis, remodeling of the extracellular matrix, and in the release of
growth factors that contribute to cell proliferation, thus playing a role in the support of tumor
growth and metastasis (Sica et al. 2008; Hu et al. 2015; Dang & Liou 2018).
Macrophages have also been shown to interact with epithelial cells in a rather complex
manner (Lissbrant et al. 2000), secreting factors that promote mutagenic events, cellular
proliferation and motility (Mantovani et al. 2004; Sica et al. 2008; Dang & Liou 2018). In the
prostate, aside from the presence of stromal and perivascular macrophages, these cells have
long been reported within the epithelium after androgen withdraw induced by castration
(Evans & Chandler 1987; Franck-Lissbrant et al. 1998; Desai et al. 2004; Silva et al. 2018;
Barbosa et al. 2019). These intraepithelial macrophages appear to phagocytize apoptotic
epithelial cells (efferocytosis) and contribute to the remodeling of the regressing prostate
(Evans & Chandler 1987; Silva et al. 2018). Nevertheless, the presence of macrophages
within the prostate epithelium has often been overlooked with regards to the pathological
69
Experimental approach
Prostates of adult male Wistar rats were obtained from multiple litters that were
housed in the animal facilities at the Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). All the
experimental procedures were approved by the Ethical Committee for Animal
Experimentation of the UFMG (CEUA, process 30/2016 and 344/2018).
For investigations on aging prostates, male Wistar rats at 3, 6, 12, 18 and 24 months of
age (n = 8) were used. To drive prostatic malignant lesions (Bosland et al. 1995), 12-month
old male Wistar rats (n = 8) were treated surgically by subcutaneous implantation into the
flank region with hormone-containing Silastic tubes (#508-009; 1.98 mm i.d. X 3.18 mm o.d;
Dow-Corning Corporation, Midland, USA). Under anesthesia, the animals received two 2.0
cm Silastic capsules filled with testosterone propionate (#T-1875, Sigma, St. Louis, USA) and
one 1.0 cm Silastic capsule filled with 17-β-estradiol-3-benzoate (#E-8515, Sigma, St. Louis,
USA). The rats were hormonally treated for 24 weeks. Freshly prepared tubes with the same
dimensions were replaced after 12 weeks, to ensure consistent steroid levels over time.
Control animals received empty Silastic tubes (n = 5).
For the castration experiment, 90-days-old male Wistar rats underwent bilateral
castration (n = 4), performed by the scrotal incision under anesthesia. Sham-operations were
performed as surgery controls. Starting on the same day of the bilateral castration, the rats
70
were subjected to hormone replacement for six days, with a daily subcutaneous injection of 5
mg of 5α-dihydrotestosterone (DHT) (#A-8380, Sigma, St. Louis, USA), dissolved in 0.1 mL
of corn oil as vehicle. The replacement control group received only vehicle. The treatment
period and dosage used were chosen based on previous studies (Oliveira et al. 2007).
After reaching the ages of interest and after the treatments, the rats were anesthetized
and the ventral (VP) and lateral (LP) prostates were dissected and embedded in paraffin
(Histosec Pastilles, Merck, Darmstadt, Germany). Tissue sections (4.0 m) were stained with
hematoxylin and eosin (HE) and periodic acid-Schiff (PAS) for histopathological analysis.
Alternatively, the freshly dissected lobes were immediately frozen in liquid nitrogen and
stored at -80 ºC. VP and LP were chosen, respectively, for being the most involuted after
castration (Evans & Chandler 1987; Banerjee et al. 2000; Desai et al. 2004) and the most
affected by prostatitis (Prins et al. 2017; Morais-Santos et al. 2018; Campolina-Silva et al.
2018, 2019).
using 16.0µm-thick prostate sections. Multiple optical sections taken along the Z axis were
acquired using a motorized Nikon Eclipse Ti microscope with NIS-Elements (Nikon
Instruments, Tokyo, Japan) to produce 3D reconstructions.
All antibodies used herein were tested with appropriate negative (muscle) and positive
(spleen and skin) control tissues. Serial dilutions were also performed to determine the
optimal concentration before being used in the described assays. Antibodies used are specified
in Table 1.
Western blotting
Western blotting assays were performed, as previously described (Campolina-Silva et
al. 2018), in LP of control and T+E2-treated animals to detect possible changes in the LC3
protein levels through assessment of the nonlipidated cytosolic LC3-I and the lipidated
membrane-bound LC3-II levels (Klionsky et al. 2016). The assay was performed in duplicate
to confirm the results.
more groups, respectively. Otherwise, nonparametric data were analyzed using the Mann-
Whitney test or Kruskal-Wallis plus Dunn’s post-hoc test, to compare two or more groups,
respectively. Correlations were also calculated using Spearman’s correlation coefficient. As a
categorical data, the incidence of prostatic lesions containing intraepithelial macrophages was
presented as frequency and analyzed by Fisher’s exact test. The results were expressed
graphically as the mean + standard error of the mean and the significance level used for all
tests was p < 0.05.
Results
Basal cells projections were observed intermingled with the intraepithelial TAM
phenotype macrophages
The intraepithelial CD68+ macrophages present in naturally occurring or hormone-
induced prostatic lesions were typically round or globular in shape, but with considerable
variation in size, sometimes forming large clusters of cells (Fig. 2A). The nuclei were
vesicular and generally peripheral in location. The cytoplasm was characterized by intense
PAS-positive and eosinophilic staining. Serial sections of the same area stained with HE and
CD68 marker indicated that these eosinophilic cells were CD68+ macrophages. The presence
of macrophages within the epithelium was further confirmed by their presence above the
basement membrane, as seen with PAS staining (Fig. 2A).
Electron microscopy also confirmed the intraepithelial position of macrophages in
prostate lesions, including a common observation of these cells located above basal cells (Fig.
2B and 3). Often, multiple macrophages were juxtaposed, forming large clusters and
resembling multinucleated cells, but in fact these were individual cells, recognized by their
nuclei and delimiting plasma membranes (Fig. 2B). Extensive cytoplasmic interdigitations
were observed between macrophages in the base of the epithelium, as well as above the basal
cells. No junctional structures were detected between the intraepithelial macrophages nor
between macrophages and the surrounding epithelial cells.
To characterize the intraepithelial macrophages, immunofluorescence was used to
distinguish M1 (iNOS) and M2 (CD163, CD206 and arginase) populations. Colocalization
revealed that intraepithelial CD68+ macrophages, recruited after T+E2 treatment, expressed
iNOS, CD206 and arginase (Fig. 2C), but they did not express CD163 (data not shown).
These macrophages also expressed nuclear RXR (Fig. 2C).
Colocalization of CD68 and CK5 further confirmed that macrophages were localized
within the basal epithelium, highlighting an intricate relationship between CD68+ cells and
basal cells (Fig. 3). Using 3D confocal microscopy, it was possible to observe a dense and
sometimes continuous network of basal cells located at the base of the epithelial lesions
(Movie S1). Besides emitting cytoplasmic projections towards the lumen, some basal cells
also extended projections that partially or completely intermingled with the intraepithelial
macrophages (Fig. 3B and Movie S1). Basal cells were also seen interacting with other basal
cells, in order to involve the intraepithelial macrophages or even their clusters (Fig. 3B).
74
confuse with basal cells of the prostate epithelium (Fig. 5A). Therefore, immunofluorescence
for dual staining of CD68 and CK5 (basal cell marker) was performed, confirming that,
although morphologically similar, macrophages and basal cells were distinct cells populating
the basal epithelial compartment (Fig. 5B).
Intraepithelial CD68+ macrophages were commonly observed engulfing apoptotic
cells (Fig. 5C). This finding was confirmed by staining of cells with the apoptosis marker
cleaved caspase-3. A strong positive correlation between the number of intraepithelial CD68+
macrophages and cleaved caspase-3 positive epithelial cells was observed (r = 0.8155; p <
0.0001). Ultrastructurally, it was possible to identify long and slender macrophage
projections, sometimes parallel to the basement membrane and also extending apically
between luminal cells. Some pseudopodia-like projections were also seen. Confirming the
light microscopy findings, macrophages were shown to be engulfing apoptotic cells (Fig. 5C).
To further characterize intraepithelial macrophage phenotypes, immunofluorescence
was performed to distinguish M1 (iNOS) and M2 (CD163, CD206 and arginase) populations.
Colocalization revealed that intraepithelial CD68+ macrophages recruited after castration
expressed CD163, but did not express iNOS, CD206 and arginase (Fig. 5D). Macrophages
found in the epithelium after castration were also immunopositive for the retinoid receptor
RXR (data not shown).
Discussion
This study revealed significant recruitment of CD68+ macrophages into the prostatic
epithelium, but only into areas restricted to the premalignant and malignant lesions, either
found naturally during aging or induced by T+E2. The intraepithelial macrophages associated
with premalignant and malignant changes were morphologically and phenotypically distinct
from those found in the epithelium of prostates undergoing regression after castration.
Macrophages in the epithelial lesions were heavily involved in autophagy, while those found
in the regressed epithelium were observed engulfing apoptotic cells. The study also revealed
an unprecedented interaction between macrophages and basal cells in the aging pathological
lesions, suggesting a potential crosstalk between the cells.
Intraepithelial macrophages were not detected in the normal prostate under
physiological conditions, whereas the infiltration of macrophages into the epithelium was
observed after castration and in the epithelial lesions. It was noteworthy that the number of
intraepithelial macrophages varied according to the severity of the lesion, as cancer and
HGPIN, a well-recognized pre-cancerous lesion, presented greater numbers of macrophages
76
than LGPIN and atrophy. Although other studies have also associated macrophage density to
prostatic lesion severity (Lissbrant et al. 2000; Narayanan et al. 2009; Lindholm et al 2010;
Hu et al. 2015; Bergstrom et al. 2016; Fan et al. 2017; Melis et al. 2017; Jones et al. 2019),
this association was not specifically characterized for intraepithelial macrophages. It is likely
that macrophages with the closest contact with epithelial cells will have more pronounced
paracrine effects on the epithelium than macrophages situated in the stroma (Lissbrant et al.
2000). Such paracrine interactions may play a role in increasing the proliferation of prostatic
epithelial cells, thereby accelerating tumor progression (Lissbrant et al. 2000; Dang & Liou
2018; Jones et al. 2019). In support of this hypothesis, proliferating MCM7-positive epithelial
cells showed a significant positive correlation with the presence of intraepithelial
macrophages.
It is noteworthy that an intricate relationship was observed between CD68+
macrophages and the basal cells located in prostatic lesions. Long, thin arms of basal cell
cytoplasm were seen extended around the intraepithelial macrophages. To our knowledge, this
is the first report to show such intimate interaction between basal cells and macrophages
within the prostate epithelium. Similar intricate association between basal cells and
mononuclear phagocytes was previously found in the epididymis under physiological
conditions (Da Silva et al. 2011; Shum et al. 2014). Herein the coexistence of macrophages
and basal cells was restricted to altered areas in the prostate epithelium, and the cell-cell
associations appeared even more intimate, as basal cells were seen surrounding the
macrophages. It has been shown that prostate basal cells may function as a barrier to protect
the luminal cells from insults, such as cytokines secreted by immune cells (Choi et al. 2012;
Goldstein & Witte 2013). Therefore, it is possible that this reorganization of the basal cells
may protect the luminal epithelial cells from potential harmful actions of immune cells, by
isolating the macrophages.
Of particular interest was the differences observed in intraepithelial macrophage
phenotypes, depending on the hormonal microenvironment. In the prostate from castrated
rats, intraepithelial macrophages were CD68+/iNOS-/ CD163+/CD206-/ARGINASE-,
whereas those in the prostatic lesions of aging males were CD68+/iNOS+/ CD163-
/CD206+/ARGINASE+. These features are consistent with the M2 and TAM phenotypes,
respectively. Corroborating our findings, CD68+/iNOS- macrophages were also found in the
rat VP on day 5 after castration, although without being positive for CD163 (Silva et al. 2018;
Barbosa et al. 2019). The M2 phenotype observed in the present study is compatible with the
morphology showing frequent engulfment of apoptotic cells by intraepithelial macrophages,
77
which would indicate an active scavenging function involved in the clearance of apoptotic
cells, an essential role for preventing the buildup of dangerous inflammation signals (Nagata
et al. 2010). Indeed, data presented here show a strong positive correlation between the
number of intraepithelial CD68+ macrophages and cleaved caspase-3 positive epithelial cells.
It is known that M2 macrophages have greater capacity for clearance of apoptotic cells, a
process also known as efferocytosis, which is important for the maintenance of tissue
homeostasis (Werfel & Cook 2018; Jones et al. 2019; Myers et al. 2019).
Macrophages positive for CD206, a biomarker for the M2/TAM macrophage
phenotype (Fan et al. 2017; Zarif et al. 2019), were observed in rat prostates showing early
proliferative lesions, even before malignancy was established. Similar findings have been
reported previously in breast tissue (Linde et al. 2018) and the prostate (Fan et al. 2017). In
human PCa, a positive correlation has been reported between CD206+ cell density and the
tumor grade, metastasis and castration resistance (Fan et al. 2017; Zarif et al. 2019).
However, the determination of a functional role for macrophages having the
CD68+/iNOS+/CD163-/CD206+/ARGINASE+ phenotype is more complicated. Although
M2/TAM are considered poor nitric oxide (NO) producers (Mantovani et al. 2004),
macrophages may score positive for iNOS in PCa (Klotz et al. 1998; Narayanan et al. 2009),
as found in prostatic lesions of the present study. It has been proposed that contrasting with
the high levels of NO produced by M1 macrophages, which is the mediator in tumor-cell
killing, attenuated iNOS but increased arginase in M2 cells leads to low concentrations of NO
associated with arginase-derived polyamines, thus contributing to vascularization and tumor
cell proliferation and survival (Mantovani et al. 2004; Fukumura et al. 2006). The
simultaneous expression of iNOS and arginase, considered M1 and M2 markers respectively,
in the intraepithelial macrophages found in prostatic lesions further corroborate that the
macrophage heterogeneity may not always fit well in the oversimplified dichotomy of the
macrophage functional states of M1 and M2 (Jablonski et al. 2015; Lin et al. 2016).
Macrophages with diverse morphological features were recruited to the epithelium
under different conditions, reinforcing the plasticity of these immune cells, depending on the
hormonal environment. As such, frequent cytoplasmic projections from the intraepithelial
macrophages were seen associated with apoptotic cells after androgen deprivation. In contrast,
intraepithelial macrophages located in prostatic lesions were mostly enlarged, rounded cells,
containing numerous and large autophagic vacuoles. It has been shown that engulfment of
multiple targets induces molecular and morphological changes in macrophages, making them
rounder in shape with less membrane extension, thus reducing their capacity to engulf new
78
targets (Zent & Elliott 2017). Such macrophage features corroborate our present findings. One
possible mechanism for enhancing the degradation of excess cytoplasmic cargo by
macrophages is the involvement of autophagic pathways, which would lead to the LC3-
associated phagocytosis (Zent & Elliott 2017). Consistent with these events, the engorged
macrophages were usually found in clusters within the prostate lesions and were proven
positive for the autophagic-specific marker LC3. Autophagic activity in these cells was also
confirmed by transmission electron microscopy, a well-recognized approach to study
autophagy (Klionsky et al. 2016).
It should be pointed out that the clearance of apoptotic cells by macrophages, as
observed in the regressed prostate after androgen withdrawn, may have physiological
significance in the maintenance of homeostasis and an immune-silent environment (Silva et
al. 2018; Werfel & Cook 2018; Myers et al. 2019). In the context of prostatic lesions,
characterized by dysregulation in cell proliferation and death (Gonzaga et al. 2017), the
immunosuppression created by efferocytosis may have deleterious consequences, favoring
cancer progression (Werfel & Cook 2018; Jones et al. 2019; Myers et al. 2019). The
degradation of cellular debris by macrophages induces the production of cholesterol-
derivatives responsible for activating the nuclear receptor family of transcriptional factors,
specifically retinoid X receptors (RXR), liver X receptor (LXR) and peroxisome proliferator-
activated receptor (PPAR) (Werfel & Cook 2018; Myers et al. 2019). These nuclear receptors
have been shown to be associated with the transcription of genes related to M2 polarization,
as well as the activation of genes encoding anti-inflammatory cytokines and proteins involved
in efferocytosis (Werfel & Cook 2018; Jones et al. 2019; Myers et al. 2019). In the present
study, macrophages found in the epithelium after castration, as well as in the prostatic lesions,
expressed RXR, thus corroborating the M2 phenotype observed and their possible functional
role in efferocytosis.
In conclusion, morphologically and phenotypically distinct macrophages were found in aging
prostatic epithelial lesions and in the castration-induced regressed epithelium. This highlights the
plasticity of these inflammatory cells depending on the microenvironment. Intraepithelial
macrophages with the TAM phenotype were found restricted to areas of premalignant and malignant
lesions, in both the naturally formed lesions observed during aging and those induced by T+E2
treatment. These data support the hypothesis that TAMs may be part of the inflammatory pathway
involved in prostate cancer progression (Nonomura et al. 2011).
79
Acknowledgements
We are grateful to Dra. Vanessa Pinho for the donation of the anti-iNOS and anti-arginase
antibodies. We are grateful to Dr. Gustavo Menezes and Maria Alice Lopes for the donation
of the anti-CD206 antibody and for providing the equipment and technical support to produce
3D reconstructions. The authors would like to acknowledge the Center of Microscopy at the
Universidade Federal de Minas Gerais for providing the equipment and technical support for
experiments involving electron microscopy and fluorescence. Fluorescent pictures shown in
this work were also obtained using the microscopes and equipment in the Centro de Aquisição
e Processamento de Imagens (CAPI- ICB/UFMG).
Financial support
This study was supported by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico - CNPq/Brazil (Grant and research fellowship to C.A.O., fellowship to H.W.G.);
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES/Brazil (fellowships
to G.H.C.S. and B.T.M.); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais -
FAPEMIG/Brazil (Grant to C.A.O.) and Pró-Reitoria de Pesquisa – Universidade Federal de
Minas Gerais (PRPq/UFMG).
Supplementary information
Movie S1. 3D reconstructions from a z-series of confocal images, evidencing basal cells
projections (green) involving intraepithelial macrophages (orange).
80
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84
Fig. 1. Identification of macrophages in the rat prostate during aging and after T+E2
treatment. (A) HE staining shows intraepithelial macrophages (arrow) at PIA lesion,
highlighting isolated (a) and clustered (b) macrophages. Graphical representation of the
variation in stromal CD68+ macrophages at aging ventral and lateral lobes. Mean values with
different letters represent statistically significant differences (p < 0.05). (B) Graphical
representation of the variation in stromal and intraepithelial CD68+ macrophages in ventral
and lateral lobes after T+E2 treatment. Mean values with different letters or * represent
statistically significant differences (p < 0.05). HE, CD68 and MCM7 staining reveal stromal
(arrowhead) and intraepithelial (arrow) macrophages in areas of normal epithelium, atrophy,
HGPIN and cancer. Ne: normal epithelium. Lu: lumen. S: stroma. bv: blood vessel. sc:
sloughed cells into the lumen. #: thickening of the periacinar stroma. Scale bars = 50 µm.
85
Manufacturer, Catalogue
Antibody Type Dilution RRID
number
Santa Cruz Biotechnology, 1:600 (IHC)
CD68 Mouse monoclonal AB_1120614
sc-59103 1:100 (IF)
Thermo Scientific, MS-
MCM7 Mouse monoclonal 1:800 (IHC) AB_145298
862-P0
cleaved Cell Signaling
Rabbit polyclonal 1:400 (IHC) AB_2341188
caspase-3 Technology, 9661
Santa Cruz Biotechnology,
RXR Mouse monoclonal 1:300 (IHC) AB_2184877
sc-46659
Natural lesions at
12,5% 0 12,5% 0 18,7% 12,5%
aging (18 and 24 M)
Induced lesions
85,7% 85% 100% 57,1% 100% 71,4%
(T+E2 treatment)
M = months; PIA = proliferative inflammatory atrophy; LGPIN = low or high grade prostatic
CAPÍTULO III
Resultados adicionais não publicados
92
Enquanto essas células representaram cerca de 40% das células basais encontradas no epitélio
de ratos Wistar aos 3 meses de idade, elas representaram 20% aos 18 meses e 14% aos 24
meses, uma redução de mais de 50%.
Figura 10. Variação quantitativa das células basais CK5-positivas presentes no epitélio
prostático de ratos Wistar após castração e reposição hormonal. Letras (a, b) indicam diferença
estatística entre os grupos (p < 0,05; n = 5).
94
6
a
a
a
% c é lu la s p 6 3 +
b
2
0
3M 6M 12M 18M 24M
Figura 11. Variação quantitativa das células basais p63-positivas encontradas no epitélio
prostático de ratos Wistar ao longo do envelhecimento. Letras (a, b) indicam diferença estatística
entre os grupos (p < 0,05; n = 5).
Figura 12. Variação quantitativa das células basais intensamente coradas para aromatase
presentes no epitélio prostático de ratos Wistar após castração e reposição hormonal. Letras (a,
b, c) indicam diferença estatística entre os grupos (p < 0,05; n = 5).
96
Nossos resultados fornecem evidências de que ratos Wistar podem ser um modelo pré-
clínico adequado para os estudos referentes às desordens prostáticas relacionadas ao
envelhecimento, como o CaP. Tal conclusão é baseada na observação do surgimento de lesões
benignas, pré-malignas e malignas em ratos idosos, além de uma incidência de CaP de 36%
que aumentou para 100% após a exposição à testosterona e estradiol. Dessa forma, assim
como observado em humanos, o desenvolvimento de CaP em ratos Wistar parece resultar de
um processo lento e de várias etapas envolvendo o desenvolvimento e a progressão de lesões
pré-malignas.
O tratamento de ratos Wistar com testosterona e estradiol causou um maciço infiltrado
de células imunes mononucleares para a próstata. Essas células foram observadas no estroma
circundando os ácinos, no lúmen e até mesmo no epitélio, onde estavam intimamente
associadas às lesões pré-malignas como PIA e PIN. Considerando que a identificação dos
tipos de leucócitos envolvidos na progressão das lesões pode ser valiosa para entender melhor
a relação entre inflamação e câncer, observamos que macrófagos estão presentes no epitélio
prostático em áreas restritas às lesões pré-malignas e malignas, tanto observadas naturalmente
ao longo do envelhecimento quanto após tratamento com testosterona e estradiol. Esses
macrófagos apresentaram fenótipo TAM e foram encontrados associados às células epiteliais
em proliferação, corroborando a hipótese de que as TAM podem fazer parte da via
inflamatória envolvida na progressão do CaP (Nonomura et al. 2011).
De forma pioneira, mostramos uma íntima interação entre os macrófagos e as células
basais em lesões prostáticas, onde delgadas projeções citoplasmáticas das células basais foram
observadas se estendendo ao redor dos macrófagos intraepiteliais. Considerando que as
células basais da próstata podem funcionar como uma barreira para proteger as células
luminais de insultos vindos do estroma adjacente (Choi et al. 2012; Goldstein e Witte 2013), é
possível que essa reorganização das células basais, de forma a isolar os macrófagos
intraepiteliais, possa proteger as demais células epiteliais das possíveis ações nocivas dessas
células imunes.
Assim como descrito no epidídimo (Shum et al. 2008; Roy et al. 2016), observamos
também que algumas células basais prostáticas apresentaram projeções citoplasmáticas
apicais que por vezes atingiam o lúmen prostático. Sabe-se que as projeções citoplasmáticas
apicais encontradas nas células basais se entendem e retraem periodicamente em direção ao
lúmen, podendo até ultrapassá-lo para monitorar o ambiente luminal, modulando sua função
98
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