O Doente Cirúrgico No Período Pré-Operatório: Da Informação Recebida Às Necessidades Expressas
O Doente Cirúrgico No Período Pré-Operatório: Da Informação Recebida Às Necessidades Expressas
O Doente Cirúrgico No Período Pré-Operatório: Da Informação Recebida Às Necessidades Expressas
Orientadora
Professora Doutora DINORA MARIA GUEDES GIL DA COSTA CABRAL
Categoria
Professora Adjunta
Afiliação
Instituto de Ciências da Saúde – Universidade católica – Pólo Asprela
Março 2009
As informações são arquivadas na memória
as experiências são cravadas no coração
Aos Enfermeiros das Unidades de Cirurgia Geral do Hospital Central do Funchal, pela
forma calorosa como nos acolheram nos serviços e pela sua ajuda.
A minha irmã, Antónia, ao meu amigo, Emanuel pelos seus preciosos contributos nas
traduções e verificação do Português.
Aos utentes que participaram nesta investigação, cuja disponibilidade tornou viável a
sua realização.
Aos meus pais e sogros pelo carinho, compreensão e palavras encorajadoras que sempre
manifestaram, durante o desenvolvimento deste estudo.
Aos meus filhos, Tiago e Catarina, para quem não estive tão disponível e ao meu
marido, Duarte, pela paciência e compreensão que tornaram mais fácil a difícil tarefa de
chegar ao fim desta etapa da minha vida.
As an human activity, the nursing is very complex and plays an important role in
satisfying the patients needs, peculiarly the needs for information, when they are
confronted with the possibility to be submitted to a surgical intervention. It is
undisputed the gain provided by the patient knowledge for providing excellence cares.
Thus, this study had as object the theme: The Surgical Patient in the Pre-
Operative Period: From the Received Information the Expressed Needs and
intended specifically: to describe which information received, the knowledge and the
expressed needs of information expressed by the surgical patient about a pre-operative
preparation, during the internment, in the general surgery units of Hospital Central do
Funchal.
The methodological procedure used was the quantitative approach, whereas the
study had an exploratory and descriptive nature. The technique used for the harvest of
data was the questionnaire with interview. The participants of the inquiry were 96
patients, being our sample an accidental probabilistic one.
As main conclusions, it is to point out that relatively to the variable Information
received by the surgical patient about the pre-operative preparation the inquiries
revelled to possess reasonable information in the dimension of the surgical procedure,
and, in insufficient one in the sensorial and behavioural dimension. As far as variable
Surgical patient knowledge about the pre-operation preparation, patients have
reveled to possess an enough level of knowledge about the surgical procedure and about
the aspects of the sensorial domain, and a reduced one on the compartmental. As far as
the variable Information needs expressed by the surgical patients for pre-operative
preparation, the need for information was high in the three dimensions: surgical,
sensorial and behavioural.
In global terms, we evidenced that patients have received little information about
pre- operative preparation, showed modest knowledge about these issues and that the
majority needs more information.
Furthermore, we evidenced that the older patients tended to refer little
information received; the patients with a higher social-economical status tended to show
more knowledge; that the previous surgical intervention experience did not significantly
influence the received information, the knowledge or the need for information; the
inquiries that have received pre-operative visits tended to refer the higher quantity of
received information.
We present some suggestions/proposals to the nursery practice, learning and
investigation, among which: carrying out learning while in duty and promoting
meetings to meditate upon this theme; the implementation of a pre-operative nursing
appointment, as well as a structured information programme; providing nursing students
moments to reflect, in their classrooms and in clinical practice on this matter,
accomplishing of other studies about the same theme, but of qualitative nature and also,
the development of a resembling work undertaken to patients under emergency surgery.
INTRODUÇÃO .............................................................................................................21
6- CONCLUSÕES....................................................................................................... 155
x - Média aritmética
% - Frequência relativa
E.V – Endovenosa
Md – Mediana
Mo – Moda
n – Frequência absoluta
p – Significância
rs – Correlação de Spearman
s - Desvio padrão
α - Alpha de Cronbach
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos os enfermeiros têm dedicado muito do seu tempo e atenção à
investigação em enfermagem, historicamente remonta à segunda metade do século XIX
com os ideais de Florence Nightingale. A investigação é essencial à ciência de
enfermagem, assim como a todas as áreas profissionais, para o desenvolvimento de um
suporte científico que sirva de orientação para a prática e para a sua creditação. Fortin
(2003) afirma que nenhuma profissão terá um desenvolvimento contínuo sem o
contributo da investigação (p.18). Esta autora ressalta que é parte integrante das funções
dos enfermeiros, independentemente do seu nível de formação, a sua actualização
permanente e participação no desenvolvimento das concepções da profissão.
A ciência de enfermagem, ao longo dos tempos foi influenciada por diversos
factores, desenvolvendo-se ao ritmo das grandes correntes do pensamento, que foram
fundamentais para a evolução dos conhecimentos. De acordo com Barros, Barreto,
Braga e Veloso (1997), a forma particular como a enfermagem relaciona os conceitos,
cuidado, pessoa, saúde e meio ambiente circunscreve o domínio da responsabilidade
dos enfermeiros e clarifica o seu campo de actuação (p.9).
O enfermeiro no exercício da sua actividade profissional, munido de um corpo de
conhecimentos científicos, tem o dever de desenvolver competências que lhe permitem
assistir e cuidar do doente de forma holística e personalizada, quando este é ameaçado
na sua integridade nomeadamente na experiência cirúrgica. Este acontecimento, na vida
do homem, traduz uma alteração do seu curso normal, sendo fundamental que o
enfermeiro coloque em prática os seus saberes com o objectivo de assegurar a satisfação
das necessidades das pessoas.
Segundo Barros et al (1997), com o aproximar do terceiro milénio o cuidar só
pode ser entendido como um cuidar científico, onde não haja espaço para a rotina
irresponsável, o fazer por fazer, a irreflexão, o domínio da técnica sobre outras
dimensões da pessoa doente (p.8). O cuidar de hoje, segundo o mesmo autor, implica
inexoravelmente, a percepção da globalidade, há que reinventar os cuidados que
promovam a vida, (…) que restituam um sentido à vida tanto daqueles que os recebem
como daqueles que os prestam (p.8).
A pessoa ao passar da condição de saudável para a posição de doente, em que
necessita de ser submetido a intervenção cirúrgica, desenvolve segundo Leitão (1992)
um processo carregado de forte componente emocional. Ao abandono do seu papel na
sociedade e família junta-se a dificuldade de encarar o seu novo papel e a própria
situação (p.10). De acordo com este autor o medo do desconhecido, os sentimentos de
insegurança, a dependência, entre outros, são causa de ansiedade para o doente, sendo
essencial o enfermeiro estabelecer uma relação de proximidade, tentando colmatar as
necessidades de cuidados que o doente expresse, nomeadamente as de informação. É
elementar que a abordagem ao doente cirúrgico não passe apenas pelo acto operatório
em si, mas por uma preparação mais abrangente, contemplando os aspectos físicos,
psicológicos, espirituais e sociais, que são essenciais para o êxito de todas as fases que
compõem o processo cirúrgico.
Alguns estudiosos têm-se debruçado sobre a temática do doente cirúrgico durante
o período perioperatório. Durante a nossa pesquisa encontrámos alguns trabalhos
desenvolvidos nesta área nomeadamente sobre: a preparação do doente para a cirurgia, a
admissão em centro cirúrgico, humanização da assistência de enfermagem, vivências do
doente cirúrgico da cirurgia programada, práticas cuidativas numa unidade de cirurgia,
entre outros. Contudo, não tivemos acesso a nenhum trabalho que aprofundasse a
problemática das necessidades de informação do doente cirúrgico no período pré-
operatório.
Consideramos, que ao identificarmos as informações que são transmitidas ao
doente sobre a preparação pré-operatória, o seu conhecimento e as suas necessidades de
informação sobre este assunto, permitirá reflectirmos sobre as nossas práticas diárias,
contribuindo para compreendermos melhor os cuidados de enfermagem numa
perspectiva holística respeitando a individualidade de cada pessoa.
Com base nestes pressupostos, da revisão bibliográfica desenvolvida e da nossa
experiência profissional de contacto com o doente cirúrgico, emergiu um conjunto de
inquietações que se traduzem nas questões orientadoras da nossa pesquisa: Qual a
informação recebida pelos doentes cirúrgicos sobre a preparação pré-operatória? Qual o
conhecimento dos doentes cirúrgicos sobre a preparação pré-operatória? Quais as
necessidades de informação expressas pelo doente cirúrgico sobre a preparação pré-
operatória?
controlo” 21.42. Com base nos resultados obtidos, a autora do estudo concluiu que a
intervenção estruturada surtiu efeito na recuperação do doente.
Por seu lado Silva (2002) desenvolveu um estudo sobre Vivências do Doente
Cirúrgico no Perioperatório da Cirurgia Programada para aquisição do grau de Mestre
em Ciências de Enfermagem, sendo o objectivo do trabalho compreender as vivências
do doente cirúrgico no perioperatório da cirurgia programada, partindo da questão Qual
a Estrutura do Fenómeno do Perioperatório da Cirurgia Programada? A metodologia
utilizada foi qualitativa com abordagem fenomenológica. Através dos resultados desta
investigação verificou-se existir uma disparidade significativa relativamente ao tipo de
emoções e sentimentos vividos pelo doente nas três fases que compõem o
perioperatório, ou seja, no pré e intra-operatório sobressaíram as vivências relacionadas
com a componente emocional, enquanto que no pós-operatório foi mais evidente as
vivências relacionadas com a componente fisiológica.
Silva (2002) salienta que alguns participantes foram críticos relativamente a
alguns aspectos que falharam e aos quais, os enfermeiros devem dar o máximo de
atenção, nomeadamente informação, presença e apoio psicológico no pré-operatório
(p.7). Através deste trabalho a investigadora constatou que o doente precisa de mais
apoio, mais informação, mais disponibilidade para expor as suas dúvidas e
compreender as informações transmitidas (p.7).
Kiyohara et al (2004) efectuaram um trabalho intitulado Surgery information
Reduces Anxiety In The Pre-operative Period. Este estudo teve como objectivo
comparar o grau de ansiedade, no dia anterior à cirurgia, entre pacientes que receberam
informação sobre o seu diagnóstico, cirurgia e anestesia.
Para medir a ansiedade foi utilizado o inventário de Spielberg, State-Trait Anxiety
Inventory (STAI). Para uma melhor compreensão dos resultados, importa definir os
termos ansiedade-estado e ansiedade-traço. Spielberg citado por Kiyohara et al (2004)
alude que a ansiedade estado refere-se a uma reacção emocional transitória
desencadeada por factores / episódios pontuais que desaparecem após a resolução da
situação que a desencadeou; na ansiedade traço, as reacções que a pessoa apresenta
estão relacionadas com a sua própria personalidade / características intrínsecas,
persistindo independentemente das situações.
Como principais resultados, os autores salientam que ansiedade-estado foi
semelhante para homens e mulheres, enquanto que a ansiedade-traço foi maior entre
mulheres. O nível de educação não influenciou a ansiedade-estado mas mostrou-se
inversamente relacionada à ansiedade-traço. No que se refere ao diagnóstico 91,7% dos
O desenvolvimento das ciências humanas e sociais por volta dos anos 50-60
influenciou, entre outras disciplinas, a Enfermagem. O Homem começou a ser
compreendido como um ser global, como um todo e não apenas a soma das partes que o
compõem. Assim, surgem novas formas de abordagem dos cuidados de Enfermagem,
baseados em modelos que percepcionam o Homem como um ser holístico, em
equilíbrio com o meio externo e que se encontra inserido numa família, grupo e sociedade.
Melo (2005), citando Stoudemire, salienta que a maioria das doenças,
independentemente de serem físicas ou psiquiátricas, são influenciadas e determinadas
por variáveis biológicas, psicológicas e sociais, variáveis que, por sua vez, influenciam
a predisposição, o aparecimento, o curso e o prognóstico da maioria das doenças
(p.40).
O enfermeiro surge aqui como alguém que possui competências para ajudar a
pessoa a desenvolver as suas aptidões, de forma a conseguir enfrentar a doença e
promover o restabelecimento do equilíbrio.
Santos (1995) considera que:
Cuidar requer uma relação interpessoal, que engloba
comportamentos e sentimentos, tais com o assistir, o ajudar, o
estar ao serviço de, desenvolvendo acções de enfermagem e
mostrando capacidade de empatia em relação às experiências
do utente. (p. 9)
Nesta óptica, Caseiro e Pinto (2001) referem que a partilha de sentimentos, medos
e alegrias podem tornar cada pessoa única para nós e nos tornam únicos na vida daquela
pessoa, isto é, cuidar do outro e também de nós!
Segundo Batalha (2001), ao enfermeiro compete-lhe cuidar do ser humano, isto é,
ser uma pessoa que acompanha outra que dele necessita. O mesmo autor, refere que o
cuidar e a prática dos cuidados deve situar-se para além do modelo biomédico e o
Homem deve ser entendido como um ser global inserido num meio singular.
Nesta perspectiva, Cerqueira (1999) salienta que a enfermagem tem a
possibilidade de cuidar do Homem na sua individualidade. Se, por um lado o cuidar é a
característica globalizante da humanidade por outro lado, é a forma de o concretizar que
nos distingue uns dos outros. Este autor refere ainda que o Homem cuida porque é a sua
natureza cuidar, a mãe cuida do seu filho.
O “cuidar” que muitos autores consideram ser a “essência da enfermagem” é,
como salienta Watson (1985), o foco central da enfermagem.
A enfermagem está preocupada em promover a saúde,
prevenir a doença, cuidar o doente e restaurar a saúde. A
enfermagem tradicional tem integrado o conhecimento bio-
fisiológico, como conhecimento do comportamento humano,
para promover o bem-estar e cuidar do doente. No presente
(como no passado), a ênfase está na promoção da saúde, mais
do que na especialização do tratamento da doença. (p.7)
MODELO DE PREPARAÇÃO
DO DOENTE NO PERÍODO
PRÉ-OPERATÓRIO
Aspectos do
Procedimento Aspectos de
Aspectos de Carácter
Cirúrgico
Carácter Comportamental
Sensorial
Fonte: Criação da autora, tendo como referencia Phipps et al (2003) e Melo (2005)
tem consciência e que desconhece. Pode também ser considerado um objecto na medida
em que o homem precisa dele para sobreviver, como se de oxigénio se tratasse.
Por seu lado, Martinez (1979) considera o conceito necessidade do ponto de
vista puramente técnico, correspondendo a um estado psicológico de insatisfação
acompanhado do conhecimento da existência e da acessibilidade de um meio adequado
a fazer cessar aquele estado e do desejo de possuir esse meio (p.1777). Para este autor,
as necessidades podem ser classificadas de varias formas, atendendo a diferentes
critérios, sendo fundamental termos sempre em mente que as necessidades variam de
individuo para individuo, segundo as condições de civilização, o estado social, o
ambiente (…), a condição profissional, a idade, o sexo, etc. (p.1778).
Compartilhando o pensamento do autor atrás citado, Birou (1977) sustenta que
as necessidades do ser humano são difíceis de definir, dado que estas variam de acordo
com as condições de existência de cada individuo, os níveis de cultura, as características
individuais e as aspirações infinitas do Homem.
Parafraseando Lachelier, citado por Gauquelin (1978), a necessidade é o estado
de um ser a respeito do que lhe falta para atingir os seus próprios fins (p.355). Segundo
este autor as necessidades podem ser primárias ou secundárias: as primárias
correspondem às necessidades orgânicas que têm um carácter imperioso, como a fome
a sede e o sono; as secundárias referem-se às necessidades de protecção, valorização e
afecto.
Para Rey (1999) as necessidades vitais são definidas como sendo básicas e não
aprendidas, (…) cujo desempenho normal leva á satisfação física, a saber respirar,
comer, beber, urinar, defecar, copular, repousar e dormir. (…) Elas são indispensáveis
à manutenção da vida do indivíduo ou à continuidade da espécie (reprodução) (p.531).
Para que o enfermeiro possa prestar cuidados de excelência atendendo ao todo da
pessoa que irá ser submetida a cirurgia, é elementar identificar e compreender as suas
necessidades. É da responsabilidade do enfermeiro elaborar um plano de cuidados com
o objectivo de contribuir para a satisfação das necessidades expressas pelo doente. Após
a identificação das necessidades específicas dos clientes, o enfermeiro geralmente
estabelece as prioridades para ajudá-los a atender a estas necessidades (Potter &
Perry, 1999, p.442). Também Irving (1979) é da opinião que o enfermeiro deve
determinar as necessidades do paciente, sua capacidade de atendê-las por si mesmo, e
o que deve ser fornecido como ajuda da sua parte (p.17).
De acordo com Atkinson e Murray (1989), em regra, as pessoas apresentam
maior capacidade e habilidade para alcançar os seus ideais e desenvolver os seus
Noélia Pimenta Gomes 53
QUADRO DE REFERÊNCIAS
Autoactua-
lização Necessidades de
Autoactua- ordem superior
Estética saber e lização (Intrapessoal)
compreender
Estima
Filiação Necessidades de
Realização ordem superior
Amor-Pertença (Psicossocial)
Necessidades de
Sexualidade
ordem inferior
Segurança Actividade (Psicofísicas)
Ventilação
Fisiológicas Eliminação Necessidades de
ordem inferior
Alimento e bebida
(Biofísicas)
Hierarquia das necessidades Hierarquia das necessidades
humanas de Maslow importantes humanas de Watson importantes para
para a teoria da motivação. a enfermeira, como ciência do
cuidar.
Fonte: Watson, Jean (1985). Nursing:The Philosophy and Science of Curing. Colorado:
associated University Press, p.110
Furukawa e Howe (2000) referem que Virgínia Henderson baseou as suas ideias
relativas ao cuidado de enfermagem nas necessidades humanas básicas e nos aspectos
físicos e emocionais do indivíduo. Os autores supracitados aludem que no exercício da
enfermagem, o profissional tem o papel de ajudar os pacientes na realização das suas
actividades, assim como dar-lhes os conhecimentos necessários para que possam
realizar estas acções sem ajuda, se assim for possível. A enfermeira serve como
substituta para tudo o que faltar ao paciente de forma a torná-lo “completo”, “total”
ou “independente”, considerando a sua disponibilidade de força física, o seu desejo ou
o seu conhecimento para a obtenção de boa saúde (Furukawa & Howe, 2000, p.63)
Henderson (1994) propõe 14 necessidades básicas que abrangem todos os
componentes do cuidar e que contribuem para engrandecer a sua perspectiva sobre a
profissão. A definição de enfermagem e os 14 componentes, resumem as funções que a
enfermeira pode iniciar e controlar (Furukawa & Howe, 2000, p.63)
Estas necessidades têm em conta os aspectos biológicos, sociológicos, físicos,
psicológicos e espirituais da pessoa.
1. Respirar normalmente
2. Comer e beber adequadamente
3. Eliminar os resíduos corporais
4. Mover-se e manter posturas adequadas
5- Dormir e descansar
6. Escolher roupas adequadas: vestir-se e despir-se
7. Manter a temperatura corporal dentro do limites normais, adequando a roupa
e modificando o ambiente
8. Manter a higiene do corpo e a integridade da pele
9. Evitar os perigos ambientais e evitar lesionar as outras pessoas
10. Comunicar-se com os outros expressando emoções, necessidades, medos ou
opiniões
11. Viver segundo suas próprias crenças
12. Trabalhar de tal forma que seu trabalho tenha um sentido de realização
pessoal
13. Participar em actividades recreativas
14. Aprender, descobrir ou satisfazer a curiosidade que leva ao desenvolvimento
normal e a utilização dos serviços sanitários existentes (Henderson, 1994, p.23)
os enfermeiros do perioperatório, uma vez que ninguém tem o direito legal de impor a
sua vontade a outra pessoa, por mais bem-intencionada que esteja. Neste princípio, está
subjacente às preocupações com o consentimento informado para intervenções
cirúrgicas, médicas e de enfermagem. Esta autora realça ainda que qualquer intervenção
cirúrgica ou acto de enfermagem só é possível porque o doente consentiu.
O Código Deontológico do Enfermeiro, no seu artigo 84º refere-se ao dever de
informar, ou seja, no respeito pelo direito à autodeterminação, o enfermeiro assume o
dever de:
a) Informar o indivíduo e a família no que respeita aos cuidados de
enfermagem;
b) Respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento
informado;
c) Atender com responsabilidade e cuidado todo o pedido de informação ou
explicação feito pelo indivíduo, em matéria de cuidados de enfermagem;
d) Informar sobre os recursos a que a pessoa pode ter acesso, bem como sobre
a maneira de os obter. (Ordem dos enfermeiros, 2003, p.71)
2.4.1- A informação
alterações verificadas no papel do médico e do doente. Antes dos anos 70, o médico era
visto como um protector, defensor/pai e o doente era considerado um agente passivo,
sujeito as decisões médicas. Nos anos 70, o direito a autonomia da pessoa doente foi
defendido, passando o médico a ser considerado um profissional de saúde tecnicamente
habilitado e o doente, uma pessoa livre e autónoma. Segundo este filósofo, a obtenção
do consentimento é um diálogo racional entre duas pessoas autónomas que decidem
livremente e não um acto de sujeição da vontade de um em conflito com a vontade do
outro (p.80).
Scott et al (2003) e Chaves (2007) comungam das ideias dos autores anteriores,
quando salientam que o consentimento informado traduz a decisão autónoma do doente
quando este é devidamente esclarecido e informado, de forma a poder reflectir e decidir
o que é melhor para si, baseando-se nos seus ideais, crenças, e valores. Estes autores
alertam para as responsabilidades dos profissionais de saúde, nesta área, pois se o
doente não for devidamente esclarecido, não poderá decidir livremente e em consciência
plena do que está a acontecer. Assim, e de acordo com Martins (2004), o consentimento
informado é resultado de reflexão e deliberação profundas (p.19).
Também a Ordem dos Enfermeiros (2003) aprecia esta temática e revela que o
consentimento informado é o “ultimo “ passo depois da informação e validação da
mensagem para que o utente possua a informação e se sinta livre para decidir (p.73).
Na perspectiva de Scott et al (2003), o consentimento informado é de extrema
importância em qualquer contexto, no entanto, advoga que é particularmente relevante
na prestação de cuidados ao doente cirúrgico. Este autor citando Dunn alerta para o
facto de considerar que o doente cirúrgico concedeu o seu consentimento informado
quando a informação relevante foi totalmente revelada e os doentes compreendem bem
os benefícios e os riscos do procedimento (p.10).
O doente só pode ser submetido a intervenção cirúrgica se o cirurgião obtiver o
consentimento, geralmente por escrito, deliberado e ciente do que irá acontecer. A
autorização por escrito protege o doente e também o médico, na medida que o primeiro,
não pode ser submetido a operação sem dar permissão e o cirurgião fica salvaguardado
de possíveis reivindicações de uma cirurgia não aprovada (Brunner & Suddarth, 1993;
Potter & Perry, 1999).
Contudo Scott et al (2003), citando McKee, referem que o consentimento por
escrito (…) prova que o doente concordou efectuar um dado procedimento, mas se se
puder comprovar-se que não o fez de forma informada, o consentimento será
considerado inválido (p.12).
Segundo Lavareda e Soveral (2007), uma das maiores interrogações dos doentes
prende-se com o seu diagnóstico. Como é do nosso conhecimento, este dado deverá ser
fornecido ao doente pelo seu médico, pois o enfermeiro tem essencialmente o dever de
informar o indivíduo e família no que respeita aos cuidados de enfermagem (p.10). No
entanto, diariamente, o enfermeiro confronta-se com esta questão pois o doente sente-se
mais à vontade para questionar o enfermeiro e não o médico.
Segundo Martins (2004), existem várias causas para que esta situação aconteça,
nomeadamente: a relação de maior proximidade, atendendo que é este profissional que
passa mais tempo com o doente; o estatuto social; o conhecimento que este apresenta,
transmitindo confiança e segurança, e o facto de o enfermeiro muitas vezes entrar na
intimidade do doente, pois é este que colabora nas actividades que não é capaz de fazer
sozinho. Independentemente de quem é o responsável por transmitir determinado
conhecimento o direito à informação é, sem dúvida, um direito adquirido de cada e
todo o doente, inerente à prestação de cuidados (Lavareda & Soveral, 2007, p.10).
Nesta linha de pensamento e atendendo ao doente cirúrgico, antes da realização
da intervenção, é necessário obter o consentimento para a cirurgia sendo este um dever
do médico. Contudo, é da responsabilidade do enfermeiro assegurar que o
consentimento é obtido de forma voluntária e após o doente ter sido informado e
esclarecido dos possíveis riscos, complicações, benefícios, resultados esperados,
incapacidades, bem como o que esperar no pós-operatório (Brunner & Suddarth, 1993;
Potter & Perry, 1999; Dawson, 2003). O papel do enfermeiro, neste processo, é o de
advogado do doente (Phipps et al, 2003, p.528).
Nenhum doente deve ser obrigado a assinar a autorização para actos cirúrgicos,
possuindo o direito de recusar os cuidados e a própria cirurgia. Também, Caso existam
dúvidas sobre alguns aspectos inerentes a experiência cirúrgica, deve ser dada
oportunidade aos doentes de serem esclarecidos, tendo o direito a uma segunda opinião
(Brunner & Suddarth, 1993).
Atendendo à explanação efectuada sobre o consentimento informado e de acordo
com Martins (2004) podemos referir que são conceitos centrais no consentimento a
competência e capacidade do doente para decidir, a voluntariedade na decisão, a
informação e o processo de autorização (p.19).
Em síntese, parafraseando Melo (2005), as conclusões da investigação,
efectuada nesta área, têm revelado que fornecer informação aos doentes e envolvê-los
na tomada de decisão satisfaz necessidades diferentes (p.57), como podemos constatar
na figura nº3.
Noélia Pimenta Gomes 69
QUADRO DE REFERÊNCIAS
Permite o
consentimento
informado
Facilita o
lidar com a Reduz a
doença ansiedade
Aumenta a Promove os
responsabilidade do Preserva a Conduz ao sentimentos de
cliente dignidade respeito segurança
Fonte: Salmon citado por Melo, M. (2005). Comunicação com o doente: certezas e
Incógnitas. Lisboa:Lusociência (p.58).
Bem-vindo à enfermaria. Esperamos que este panfleto responda a algumas das muitas
perguntas que possa ter no que toca à sua cirurgia.
1. Antes da sua operação fez vários testes. Pode ter tirado sangue, feito raio X e
outros testes que o médico lhe possa ter pedido.
2. Será mantido em dieta zero desde a meia-noite da noite anterior à sua
operação. Isto significa que não terá nada para comer ou beber a partir desse
momento. Isto serve para ajuda-lo a evitar qualquer náusea durante e depois da
operação.
3. Na manhã da sua operação, a sua/seu Enfermeira(o) ajudá-lo-á a se preparar.
Ser-lhe-á dado o necessário, como sabão, uma bata, toalhas, etc.
4. Provavelmente ser-lhe-á dado um comprimido ou uma injecção para ajudá-lo a
relaxar. Isto é conhecido como uma pré-medicação. Pode fazê-lo ficar
sonolento.
5. Auxiliares e uma/um Enfermeira (o) transportá-lo-ão para o bloco operatório
quando estiver quase na hora da sua operação.
6. Será levado para uma área de espera e conhecerá/encontrará uma/um
Enfermeira (o) do bloco operatório. Este far-lhe-á algumas perguntas e
consultará o seu processo clínico.
7. Poderá ter uma curta espera nesta área. Pode haver outros pacientes lá.
8. Poderá conhecer o seu anestesista nesta sala ou noutra sala chamada sala de
anestesia.
9. Uma vez transportado para a sala de anestesia, o seu anestesista dar-lhe-á uma
anestesia e você adormecerá em alguns segundos.
10. Após a sua operação você acordará e estará lá um Enfermeiro(a) perto da sua
cama. o/a Enfermeiro(a) verificará a sua pulsação e pressão arterial em
intervalos regulares e você poderá ter uma máscara de oxigénio na sua face.
11. Se tiver dor ou desconforto, a/o Enfermeira(o) dar-lhe-á medicação que o
médico terá prescrito.
12. Ficará na sala de recuperação até acordar e apresentar-se suficientemente bem
para voltar para a enfermaria. Isto normalmente acontece no espaço de uma
hora, mas dependendo da cirurgia que foi submetido, poderá voltar mais cedo,
ou até mais tarde.
Este panfleto tenciona dar-lhe uma visão geral muito breve de algumas das coisas que
experienciará durante a sua estadia no hospital, mas não cobre tudo. Se tiver qualquer
dúvida, por favor não hesite em perguntar à enfermeira ou ao médico.
Obrigado pelo seu tempo, lendo esta informação. Nós esperamos que tenha achado útil.
(Mitchell citado por Garretson, 2004, p.35)
Fortin (2003) refere que o tipo de estudo descreve a estrutura utilizada segundo a
questão de investigação vise descrever variáveis ou grupos de sujeitos, explorar ou
examinar relações entre variáveis ou ainda verificar hipóteses de causalidade (p.133).
De acordo com esta autora o nível de conhecimento sobre o fenómeno em estudo,
determina o tipo de investigação que deve ser efectuada. O estudo desenvolvido foi do
tipo descritivo e exploratório, uma vez que a temática em estudo encontra-se pouco
explorada e muitas vezes pouco valorizada pelas equipas de saúde.
Para Gil (1999) um estudo é descritivo, porque tem como objectivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenómeno ou
estabelecimento de relações entre variáveis (p. 44) e é exploratório porque, tem como
3.2- Variáveis
Variável: Género
- Masculino
- Feminino
Variável: Idade
Relativamente a esta variável construímos as classes etárias à posteriori de acordo
com as respostas obtidas. Foram as seguintes:
- <30
- [30-40[
- [40-50[
- [50-60[
- [60-70[
- ≥70
Variável: Religiosidade
- Sim
- Não
Grau Profissão Nível de Instrução Fontes de Rendimento familiar Conforto do alojamento Aspecto do bairro habitado
Directores de bancos, de Ensino universitário A fonte principal é a fortuna Casa ou andares luxuosos e muito grandes, Bairro residencial elegante,
empresa, licenciados, ou equivalente (+ herdada ou adquirida. oferecendo aos seus moradores o máximo onde o valor dos terrenos ou o
engenheiros, profissionais com 12 anos de estudo). de conforto. aluguer são elevados.
1º
títulos universitários ou de
escolas especiais e militares de
alta patente.
Chefes de secção, Ensino médio ou Os rendimentos consistem em Categoria intermédia, casas ou andares que Bairro residencial bom, de ruas
administrativas, ou de negócios Técnico superior lucros de empresas, altos sem serem luxuosos, são, não obstantes largas com casas confortáveis e
2º de grandes empresas, (10 a 11 anos de honorários, lugares bem espaçosas e confortáveis. bem conservadas.
subdirectores de bancos, peritos, estudo). remunerados.
técnicos e comerciantes.
Ajudantes técnicos, Ensino médio ou Os rendimentos correspondem a Casas ou andares modestos, bem Bairro em rua comercial ou
desenhadores, caixeiros, Técnico inferior (6 um vencimento mensal fixo, tipo construídos e em bom estado de estreitas e antigas, com casas
3ª contramestres, oficiais de a 9 anos de estudo). funcionário público. conservação, bem iluminadas e arejadas, de aspecto geral menos
primeira, encarregados, capatazes com cozinha e casa de banho. confortável.
e mestre-de-obras.
Ensino primário Os rendimentos resultam de Categoria intermédia entre 3 e 5. Bairro operário, populoso, mal
Motoristas, policiais, cozinheiros completo (6 anos de salários, ou seja remuneração por arejado ou bairro em que o
4ª (operários especializados) (com estudo). semana, por jornada, por horas ou valor do terreno está diminuído
ensino primário completo). à tarefa. como consequência da
proximidade de fábricas.
Jornaleiros, mandaretes, Ensino primário São sustentados pela beneficência Alojamento impróprio para uma vida Bairro de lata
ajudantes de cozinha, mulheres incompleto ou nulo. pública ou privada. Não se decente, choças, barracas ou andares
5ª de limpeza, trabalhadores incluem neste grupo as pensões de desprovidos de todo o conforto, ventilação,
manuais ou operários não desemprego ou de incapacidade iluminação ou também aqueles onde moram
especializados. para o trabalho. demasiadas pessoas em promiscuidade.
Para obter a classe social a que o individuo pertencia, numa primeira fase,
atribuímos a cada inquirido uma pontuação referente a cada um dos cinco critérios
enumerados e, numa segunda fase, obtivemos o escalão que a família do indivíduo
ocupava na sociedade com a soma dessas pontuações (Amaro, 1996).
Pontuações Classificação
5 a 9 pontos Classe I – Classe Social Alta
10 a 13 pontos Classe II – Classe Social Média Alta
14 a 17 pontos Classe III – Classe Social Média
18 a 21 pontos Classe IV – Classe Social Média Baixa
22 a 25 pontos Classe V – Classe Social Baixa
• Procedimento Cirúrgico
• Sensorial
• Comportamental
Este procedimento foi adoptado ao nível das três variáveis em estudo, para cada
uma das dimensões. Este mesmo processo foi utilizado para encontrar os globais das
respectivas variáveis.
A metodologia adoptada para avaliar as três dimensões das variáveis centrais do
nosso estudo foi no sentido de pontuações mais elevadas traduzirem mais Informação,
mais Conhecimento e mais Necessidade de Informação. Atendendo a este facto, e para
efeitos de análise dos resultados observados para estas variáveis, considerámos os
3.5- Amostra
Fooddy (1996) narra que construção dos questionários é orientada pela corrente
positivista, que pretende descrever os fenómenos de forma sistemática, rigorosa e
objectiva, para obter dados que sejam fiéis e reprodutíveis.
De acordo com Ghiglione e Matalon (1997) o questionário é um instrumento
rigorosamente estandardizado tanto no texto das questões como na sua ordem (p.110).
Parafraseando Gil (1999) o questionário é definido como
A técnica de investigação composta por um número mais ou
menos elevado de questões apresentadas por escrito às
pessoas, tendo como objectivo o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações
vivenciadas etc. (p.128)
formulários (p.128). Por seu lado, Quivy e Campenhoudt (2008) designam questionário
de “administração indirecta” quando o investigador o preenche a partir das respostas
dadas pelo o participante.
Definindo entrevista, Fortin, et al (2003) afirma ser um modo particular de
comunicação verbal, que se estabelece entre o investigador e os participantes com o
objectivo de colher dados relativos às questões de investigação formuladas (p. 245).
Por sua vez, Gil (1999) define entrevista como a técnica em que o investigador se
apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção
dos dados que interessam a investigação. (...) é uma forma de interacção social. (p.
117).
Como já foi anteriormente referenciado, na aplicação do questionário recorremos
à entrevista estruturada ou também designada por uniformizada, uma vez que as
questões formuladas e colocadas aos doentes foram previamente determinadas com a
ajuda de questões fechadas, a entrevista estruturada requer questões fechadas, isto é,
questões cujas respostas são determinadas antecipadamente (Fortin, et al 2003, p.246).
Assim, a autora supracitada alude que o investigador deve colocar as perguntas a todos
os participantes da mesma forma e assim permitir comparações entre os respondentes.
A construção do nosso questionário foi efectuada após consultarmos vários
autores, nomeadamente Foody (1996), Ghiglione e Matalon (1997), Fortin et al (2003),
Gil (1999), Hill e Hill (2005), Quivy e Campenhoudt (2008) de forma a obtermos dados
sobre a forma correcta de elaborar este instrumento de medida.
Assim, elaborámos o questionário seguindo as etapas, que Fortin, et al (2003)
preconiza para a construção do mesmo. As etapas que esta autora descreve são: a
delimitação da informação pertinente a recolher, a formulação das questões, o
estabelecimento da sequência das questões e do seu formato, a revisão do esboço do
questionário, pré-teste e a redacção da introdução e das directrizes (p.250).
3.6.2- Pré-teste
3.6.3 - Questionário
informações sobre o procedimento cirúrgico (Q1.1 até 12.3), grupo III na dimensão das
informações de carácter sensorial (Q1.1 até 4.3) e o grupo IV na dimensão das
informações de carácter comportamental (Q1.1 até 2.3).
É de salientar que a fim de agilizar a colheita de dados organizámos o
questionário pelos indicadores referentes a cada dimensão das três variáveis em estudo.
Assim, para cada indicador formulámos três questões sendo a primeira referente à
variável Informação recebida pelo doente cirúrgico sobre a preparação pré-
operatória, a segunda referente Conhecimento do doente cirúrgico sobre a
preparação pré-operatória e terceira questão referente as Necessidades de
informação expressas pelo doente cirúrgico sobre a preparação pré-operatória.
No que concerne à variável Informação recebida pelo doente cirúrgico sobre
a preparação pré-operatória elaborámos 18 questões recorrendo a uma escala
dicotómica (sim/não); sendo 12 relativas a dimensão informações sobre o procedimento
cirúrgico, quatro referentes a dimensão informações de carácter sensorial e duas
referentes a dimensão informações de carácter comportamental. Utilizámos o seguinte
enunciado para cada questão: “ Foi informado sobre …?”. É de salientar que esta
informação refere-se à fornecida pela equipa terapêutica, sendo este aspecto
referenciado aos doentes no momento da colheita de dados.
No que respeita à variável Conhecimento do doente cirúrgico sobre a
preparação pré-operatória construímos 16 questões de escolha múltipla com três
hipóteses de resposta (uma verdadeira, uma falsa e uma referente ao desconhecimento
do doente – não sabe), relativas às dimensões: Procedimento Cirúrgico e Sensorial
inerente a preparação pré-operatória. O facto de optarmos por apresentar apenas três
alternativas de resposta, vai de encontro aos ideais de Gil (1999) que refere não ser
conveniente oferecer um número muito grande de alternativas, pois isso poderá
prejudicar a escolha (p.130), no entanto, é crucial que exista, sempre, uma alternativa
em que o respondente se possa enquadrar, daí que oferece-mos a hipótese “não sabe.”
Também Hill e Hill (2005) aludem que quando se pretende obter o conhecimento
específico dos inquiridos é aconselhável incluir a resposta “não sei”. No questionário
alteramos o tempo verbal, uma vez que foi a investigadora a colocar as questões.
Relativamente à dimensão Comportamental, foi elaborada uma grelha de
observação, com o objectivo de avaliar o conhecimento do doente, no que se refere aos
exercícios da tosse, respiração profunda, inspirometria (grupo IV Q1.2) e exercícios dos
membros inferiores (grupo IV Q2.2).
Dawson (2003) menciona que o doente deve ser transportado para o bloco
operatório na sua cama e acordar na mesma cama. Refere ainda que o ideal é ser
acompanhado pelo enfermeiro do serviço, mantendo desta forma a continuidade dos
cuidados e a familiaridade. O maqueiro tem a função de transportar a cama até o bloco
operatório. A autora supracitada acrescenta que, de forma geral, os doentes são da
opinião que o acompanhamento realizado por um enfermeiro familiar transmite maior
segurança.
Potter e perry (1999) citam que na sala de espera cirúrgica o enfermeiro explica
ao doente as etapas a serem implementadas na preparação para a cirurgia. Ainda nesta
sala é inserido um cateter Endovenoso no braço do cliente a fim de estabelecer uma via
para reposição de líquido e medicamentos endovenosos (E.V) (p.1294). Na sala de
operações procede-se a anestesia e cirurgia.
Hoffer (1997) entre outros autores são da opinião que as náuseas e os vómitos
que procedem a cirurgia são causados pela a estimulação do centro do vómito (…)
decorrentes de drogas (p.165). Também, Potter e Perry (1999) salientam que a
medicação utilizada durante o acto anestésico, provoca náuseas, sonolência e alterações
da consciência, nomeadamente desorientação e confusão mental. Porém, à medida que o
efeito da anestesia termina, os reflexos do cliente retornam, a força muscular é
readquirida e o nível normal de orientação retorna (p.1299).
Brunner e Suddarth (1993) assim como Potter e Perry (1999) relatam algumas
reacções que podem suceder no primeiro levante do doente como sendo as tonturas e as
vertigens que, surgem devido a hipotensão postural. Estes autores acrescentam que
geralmente esta situação é passageira e que se resolve após o doente descansar com a
cabeceira da cama baixa e com uma leve elevação dos membros inferiores.
De acordo com Perry e potter (1999), Phipps et al (2003) entre outros autores, os
exercícios de respiração profunda e estimulação da tosse são uma componente essencial
da preparação pré-operatória. Segundo estes autores os exercícios devem ser realizados
com o doente sentado ou em semi-fowler. Inicialmente é importante orientar que inspire
pelo nariz e expire pela boca, depois ensinar o doente a colocar as mãos levemente
sobre o abdómen e após a cirurgia sobre a ferida cirúrgica. Inspirar profundamente pelo
nariz, suster a respiração durante 3 segundos e expirar completamente pela boca, no
caso do exercício da tosse deverá tossir profundamente, caso haja dificuldade incentivar
o doente a tossir tipo “sopro”.
Perry e Potter (1999), Phipps et al (2003) entre outros autores, defendem que os
exercícios com os membros inferiores ajudam a prevenir a congestão venosa, logo
torna-se fundamental que o enfermeiro ensine ao doente no pré-operatório, para que este
possa realizar no pós-operatório, o mais precocemente possível.
O doente deverá assumir a posição de supina no leito ou sentado, e alternar a
dorsiflexão com a flexão plantar de ambos os pés, movimentar os tornozelos em circulo
completo, alternar a flexão com a extensão dos joelhos e alternadamente elevar cada
perna em posição erecta e paralelamente à superfície da cama.
Também, o doente deve ser orientado para os exercícios com os glúteos e os
quadricípetes, respectivamente pôr em tensão os músculos nadegueiros, como que a
suster um movimento intestinal, mantendo estes músculos em tensão durante cinco
segundos e após relaxar; Pôr em tensão os músculos da coxa, de modo que a zona
poplítea seja pressionada de encontro à cama, mantendo estes músculos em tensão
durante cinco segundos e após relaxar.
Na maioria das variáveis centrais do estudo não se verifica uma das condições
exigidas para a aplicação de testes paramétricos, ou seja, não apresentam distribuição
normal, como evidenciam os resultados da aplicação do teste Kolmogorov-Smirnov (p
<0.05). Este facto levou-nos a optar pela aplicação de testes não paramétricos. Nos
testes fixámos o valor de 0.05, para o nível máximo de significância.
Variável – Dimensão z P
Informação
Procedimento cirúrgico 0.195 <0.001
Sensorial 0.354 <0.001
Comportamental 0.474 <0.001
Conhecimento
Procedimento cirúrgico 0.116 0.003
Sensorial 0.200 <0.001
Comportamental 0.391 <0.001
Necessidade
Procedimento cirúrgico 0.101 0.017
Sensorial 0.127 0.001
Comportamental 0.329 <0.001
GLOBAL
Informação 0.158 <0.001
Conhecimento 0.079 0.159
Necessidade de informação 0.073 0.200
Variável n %
Género
Feminino 43 44.8
Masculino 53 55.2
Grupo etário
<30 7 7.3
[30 – 40[ 20 20.8
[40 – 50[ 16 16.7
[50 – 60[ 21 21.9
[60 – 70[ 22 22.9
≥ 70 10 10.4
x = 50.83 Md = 52.50 s = 15.50 Min = 18.00 Máx = 82.00
Estado civil
Solteiro(a) 15 15.6
Casado(a) 59 61.5
Divorciado(a) 7 7.3
Viúvo(a) 13 13.5
União de facto 2 2.1
Religiosidade
Sim 93 96.9
Não 3 3.1
Nível socio-económico
Classe I 2 2.1
Classe II 10 10.4
Classe III 26 27.1
Classe IV 47 49.0
Classe V 11 11.5
Dependentes a cargo
Sim 36 37.5
Não 60 62.5
Número de dependentes a cargo
1 17 47.2
2 17 47.2
3 2 5.6
Quanto à visita pré-operatória, verifica-se que 46.9% não receberam esta visita.
Dos que receberam, 36.5% foram visitados pelo médico anestesista, 4.2% pelo
enfermeiro do bloco operatório e apenas 12.5% disseram ter sido visitados pelo médico
anestesista e pelo enfermeiro do Bloco Operatório.
Variável n %
Tempo de espera para a cirurgia (meses)
≤6 50 52.1
] 6-12] 13 13.5
] 12-18] 14 14.6
] 18-24] 6 6.3
> 24 13 13.5
Primeira intervenção cirúrgica
Sim 49 51.0
Não 47 49.0
Informação sobre a situação clínica
Sim 94 97.9
Não 2 2.1
Informação sobre a intervenção cirúrgica
Sim 87 90.6
Não 9 9.4
Quem fez a visita pré-operatória
Enfermeiro do BO 4 4.2
Médico anestesista 35 36.5
Ambos 12 12.5
Não recebeu 45 46.9
para ser submetido à cirurgia e 70.8% acharam muito necessária a informação sobre a
avaliação pré-operatória.
Questão
Indicador N %
Resposta
Foi informado sobre o consentimento informado
(cirurgia e anestesia)
Sim 92 95.8
Não 4 4.2
De acordo com o seu conhecimento, o
Consentimento informado
Questão
Indicador N %
Resposta
Foi informado sobre a preparação física,
nomeadamente: rapar dos pêlos, duche, vestuário
a utilizar no dia da cirurgia, retirada de jóias,
próteses dentária?
Sim 93 96.9
Não 3 3.1
De acordo com o seu conhecimento, a
Preparação física
revelaram conhecer que esta visita é necessária para avaliar as condições do doente para
ser submetido a anestesia, informá-lo e consultá-lo sobre a anestesia e medicação pré-
operatória e 58.3% consideraram muito necessário serem informados sobre a visita do
médico anestesista.
Verificamos também que 60.4% dos doentes não foram informados sobre quem
os acompanharia até ao bloco operatório, 55.2% não conhecia a utilidade deste
acompanhamento pelo enfermeiro e a maioria (77.1%) considerou necessário ou mesmo
muito necessário ser informado sobre o responsável por aquele acompanhamento.
Questão
Indicador N %
Resposta
Foi informado sobre a visita do médico anestesista?
Sim 59 61.5
Não 37 38.5
De acordo com o seu conhecimento a visita do médico anestesista é
necessária para:
Visita pré-anestésica
Não 58 60.4
De acordo com o conhecimento o acompanhamento do doente até o
bloco operatório, pelo enfermeiro permite:
Reduzir a ansiedade do doente e manter a continuidade dos
operatório
cuidados 37 38.5
Ao enfermeiro conhecer a equipa que prestará cuidados
durante a cirurgia 6 6.3
Não sabe 53 55.2
Relativamente ao responsável em acompanhá-lo(a) até ao bloco
operatório, como classifica a necessidade de ser informado:
Muito necessário 32 33.3
Necessário 42 43.8
Pouco necessário 19 19.8
Desnecessário 3 3.1
Noélia Pimenta Gomes 121
ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS/ RESULTADOS
Como podemos constatar, a maioria dos inquiridos (67.7%) afirmou que não foi
informado sobre o que aconteceria quando chegasse ao bloco operatório, 45.8% pensava
que primeiro, permaneceria numa sala de espera onde seriam efectuados alguns
procedimentos e só depois passaria para a sala operatória e 42.7% não sabia.
Verificamos também que 55.2% dos inquiridos consideraram que era necessário ser
informado sobre o que aconteceria quando chegasse ao bloco operatório.
Sobre a sala de cuidados pós-anestésicos 57.3% dos doentes disseram não ter
sido informados, 57.3% afirmaram que a sala de cuidados pós-anestésicos permite uma
maior vigilância do estado do doente, acompanhado por profissionais especializados e
com diversidade de equipamentos e 93.7% consideraram ser necessária ou mesmo
muito necessária a informação sobre a sala de cuidados pós-anestésicos.
Questão
Indicador N %
Resposta
Foi informado sobre o que aconteceria quando
Permanência no bloco operatório, antes da cirurgia
Como se verifica, através do quadro nº 10 a maioria dos doentes (83.3%) não foi
informado sobre quando poderia receber visitas no pós-operatório, 43.8% pensava que
poderia receber visitas após despertar da anestesia e assim que o enfermeiro responsável
considerasse que havia condições para tal e 51.0% consideraram ser necessário serem
informados sobre este assunto.
Quanto aos dispositivos, 67.7% dos inquiridos disseram não ter sido informados
sobre a possibilidade de colocação de dispositivos durante a cirurgia (sondas, drenos,
soros, pensos), 65.6% consideraram que esses dispositivos servem para permitir um
restabelecimento das funções fisiológicas e prevenção das complicações e 59.4%
referiram ser necessário serem informados sobre este tema.
Questão
Indicador N %
Resposta
Foi informado de quando poderia receber visitas
no pós-operatório?
Sim 16 16.7
Não 80 83.3
De acordo com o seu conhecimento poderia
Visitas no pós-operatório
receber visitas:
No dia seguinte à cirurgia, quando já
estivesse na enfermaria 20 20.8
Após despertar da anestesia e assim que
o enfermeiro responsável considere que
há condições para tal 42 43.8
Não sabe 34 35.4
Relativamente às visitas no pós-operatório, como
classifica a necessidade de ser informado:
Muito necessário 35 36.5
Necessário 49 51.0
Pouco necessário 10 10.4
Desnecessário 2 2.1
Foi informado sobre a possibilidade de
colocação de dispositivos durante a cirurgia
(sondas, drenos, soros, pensos)?
Sim 31 32.3
Não 65 67.7
De acordo com o seu conhecimento estes
dispositivos servem para:
Permitir um restabelecimento das
Dispositivos
A maioria dos inquiridos (72.9%) afirmou não ter sido informada sobre as
formas de controlar a dor no pós-operatório, 39.6% não sabiam quais as formas
existentes para controlo da dor e 33.3% disseram que este controlo poderia ser feito
através de medicação E.V. administrada de forma contínua ou em intervalos regulares, a
massagem, mudança de posição, etc. Verificamos ainda que 93.7 consideraram ser
necessário ou muito necessário obter informação sobre as formas de controlo da dor.
Quanto às condições necessárias para a alta, verificamos que 72.9% dos doentes
disseram que não foram informados, 91.7% referiram que para ter alta hospitalar era
necessário apresentar sinais de recuperação (retomar a alimentação, apresentar a ferida
cirúrgica sem infecção, apresentar um padrão de eliminação normal etc.) e 62.5%
referiram que era muito necessário obter informação sobre estes aspectos.
Questão
Indicador N %
Resposta
Foi informado sobre as formas de controlar a dor
no pós-operatório?
Sim 26 27.1
Não 70 72.9
Métodos de controlo da dor
Questão
Indicador n %
Resposta
Foi informado sobre os possíveis efeitos da
medicação anestésica?
Sim 32 33.3
Não 64 66.7
De acordo com os seus conhecimentos, os efeitos
Efeitos da medicação
No quadro nº 13, podemos verificar que 78.1% dos doentes afirmaram que não
foram informados sobre as primeiras sensações que poderiam ocorrer ao primeiro
levante, 76.0% consideravam que poderiam sentir tonturas, vertigens e náuseas e 91.7%
consideram ser necessário ou mesmo muito necessário obter informação acerca deste
assunto.
Verificamos também que 92.7% dos indivíduos não foram informados sobre as
sensações que poderiam ocorrer associadas aos dispositivos (drenos, sondas, soros,
cateteres), 81.3% não sabiam quais poderiam ser essas sensações e 65.6% disseram que
necessitavam ou necessitavam muito de informação acerca deste tema.
Questão
Indicador n %
Resposta
Foi informado das primeiras sensações que poderiam ocorrer ao
primeiro levante?
Sim 21 21.9
Sensações ao primeiro levante
Não 75 78.1
De acordo com o seu conhecimento, as possíveis sensações que
poderiam ocorrer ao primeiro levante seriam:
Tonturas, vertigens, náuseas 73 76.0
Sede, falta de apetite e dificuldade em falar 1 1.0
Não sabe 22 22.9
Relativamente às possíveis sensações que poderiam ocorrer ao
primeiro levante, como classifica a necessidade de ser
informado:
Muito necessário 41 42.7
Necessário 47 49.0
Pouco necessário 7 7.3
Desnecessário 1 1.0
Foi informado sobre as sensações que poderiam ocorrer
Sensações associadas aos dispositivos
doentes não foram informados sobre a forma de realização dos exercícios para a
prevenção dos problemas respiratórios (tosse, respiração profunda, uso do inspirómetro)
e em termos de conhecimentos constatámos que a maioria não sabe como fazer os
exercícios da tosse (80.2%), como realizar correctamente a respiração profunda (84.4%)
e como usar o inspirómetro (93.8%). Quase todos os doentes (99.0%) consideraram ser
necessária ou muito necessária a informação sobre esta temática.
Questão
Indicador n %
Resposta
Foi informado sobre a forma de realização dos exercícios para a
prevenção dos problemas respiratórios? (tosse, respiração profunda,
Principais exercícios para prevenção das complicações respiratórias no pós-
uso do inspirometro)
Sim 15 15.6
Não 81 84.4
De acordo com o seu conhecimento, demonstre:
Exercícios da tosse:
Doente na posição de semi-Fowler ou sentado 18 18.8
Colocar uma mão levemente sobre o abdómen 19 19.8
Inspirar lentamente pelo nariz 10 10.4
Suster a respiração durante 3 segundos 4 4.2
Tossir profundamente três vezes ou fazer repetidamente
tossidelas tipo “sopros” 12 12.5
Não sabe 77 80.2
Respiração profunda:
operatório
Questão
Indicador n %
Resposta
Foi informado sobre a forma de realização dos exercícios para a
prevenção dos problemas circulatórios (exercícios dos membros
inferiores)?
Sim 11 11.5
complicações circulatórias no pós-operatório
Principais exercícios para a prevenção das
Não 85 88.5
De acordo com o seu conhecimento demonstre:
Exercícios dos membros inferiores:
Doente em decúbito dorsal ou sentado 13 13.5
Alternar a dorsiflexão com a flexão plantar 10 10.4
Movimentar os tornozelos em círculos 8 8.3
Flexão e extensão dos joelhos 11 11.5
Elevar cada perna, alternando, mantendo em posição 3.1
recta 3
Pôr em tensão os músculos da coxa de modo que a 3.1
zona poplítea seja pressionada de encontro à cama 3
Pôr em tensão os músculos nadegueiros, como que a
suster um movimento intestinal 1 1.0
Não sabe 83 86.5
Relativamente à forma de realizar os exercícios dos membros
inferiores, como classifica a necessidade de ser informado:
Muito necessário 58 60.4
Necessário 36 36.5
Pouco necessário 2 2.1
Desnecessário 1 1.0
Variável N %
Fontes de informação
Enfermeiro do serviço 81 84.4
Cirurgião 30 31.3
Anestesista 24 25.0
Enfermeiro do BO 13 13.5
Familiares da área da saúde 2 2.1
Conhecimento adquirido através de
Profissionais de saúde 92 95.8
Familiares e amigos 22 22.9
Pesquisa própria 13 13.5
Diálogo com outros doentes 4 4.2
Experiências cirúrgicas anteriores 20 20.8
Programas de televisão 3 3.1
Professores 1 1.0
Conhecimento
Procedimento Cirúrgico 57.90 58.33 20.21 0.00 91.70
Sensorial 52.34 50.00 26.43 0.00 100.00
Comportamental 9.19 0.00 19.37 0.00 90.90
Necessidade
Procedimento Cirúrgico 78.47 79.17 10.76 47.20 97.20
Sensorial 64.93 66.67 15.67 25.00 100.00
Comportamental 85.24 100.00 16.91 33.30 100.00
GLOBAL
Informação 27.03 22.22 16.27 8.30 8.30
Conhecimento 39.81 39.02 14.76 5.60 80.30
Necessidade de informação 76.22 75.46 10.67 40.70 99.10
negativas permite-nos ainda afirmar que os doentes mais velhos tendem a receber
menos informação sobre a preparação pré-operatória.
Verificamos ainda que existe correlação estatisticamente significativa (p =
0.019) entre o conhecimento acerca do procedimento cirúrgico e a idade. Sendo também
negativa esta correlação concluímos que os doentes mais velhos evidenciam menor
conhecimento sobre o procedimento cirúrgico.
Os resultados observados permitem-nos concluir que os dados corroboram
parcialmente a hipótese formulada.
Idade
Variável – Dimensão
rs P
Informação
Procedimento cirúrgico -0.23 0.027
Sensorial -0.30 0.003
Comportamental +0.06 0.532
Conhecimento
Procedimento cirúrgico -0.24 0.019
Sensorial -0.06 0.582
Comportamental +0.07 0.472
Necessidade
Procedimento cirúrgico +0.11 0.284
Sensorial -0.10 0.328
Comportamental +0.07 0.522
GLOBAL
Informação -0.21 0.040
Conhecimento -0.14 0.167
Necessidade +0.02 0.855
Variável – Dimensão
n xp x Md χ2 p
Nível socio-económico
Informação – Procedimento cirúrgico
Classe I e II 12 58.38 55.56 50.00
Classe III 26 57.37 55.45 58.33 8.236 0.041
Classe IV 47 44.38 45.92 41.67
Classe V 11 34.36 40.15 33.33
Informação – Sensorial
Classe I e II 12 55.38 27.08 12.50
Classe III 26 60.40 29.81 25.00 11,374 0.010
Classe IV 47 41.17 11.17 0.00
Classe V 11 44.18 13.64 0.00
Informação – Comportamental
Classe I e II 12 50.58 16.67 0.00
Classe III 26 47.15 9.62 0.00 0.796 0.850
Classe IV 47 47.76 12.77 0.00
Classe V 11 52.59 22.73 0.00
Conhecimento – Procedimento cirúrgico
Classe I e II 12 77.46 77.78 79.17
Classe III 26 56.08 64.10 62.50 25.344 <0.001
Classe IV 47 42.38 53.90 58.33
Classe V 11 25.14 38.64 50.00
Conhecimento - Sensorial
Classe I e II 12 50.71 54.17 50.00
Classe III 26 52.98 56.73 50.00 1.703 0.636
Classe IV 47 44.96 48.94 50.00
Classe V 11 50.64 54.55 50.00
Conhecimento – Comportamental
Classe I e II 12 52.04 12.50 0.00
Classe III 26 46.79 6.47 0.00 0.466 0.926
Classe IV 47 48.69 9.58 0.00
Classe V 11 47.86 10.33 0.00
Necessidade – Procedimento cirúrgico
Classe I e II 12 38.58 73.38 75.00
Classe III 26 52.63 79.92 83.33 2.375 0.498
Classe IV 47 47.80 78.49 77.78
Classe V 11 52.55 80.56 80.56
Necessidade – Sensorial
Classe I e II 12 40.88 59.72 62.50
Classe III 26 57.62 70.19 66.67 4.279 0.233
Classe IV 47 45.87 63.48 66.67
Classe V 11 46.50 64.39 66.67
Necessidade – Comportamental
Classe I e II 12 48.42 84.72 100.00
Classe III 26 43.44 81.41 83.33 1.822 0.610
Classe IV 47 49.90 86.53 100.00
Classe V 11 54.55 89.39 100.00
GLOBAL – Informação
Classe I e II 12 59.29 33.10 30.56
Classe III 26 55.85 31.62 29.17 6.109 0.106
Classe IV 47 42.24 23.29 19.44
Classe V 11 46.09 25.51 19.44
GLOBAL – Conhecimento
Classe I e II 12 65.96 48.15 51.39
Classe III 26 54.69 42.43 41.67 9.078 0.028
Classe IV 47 42.31 37.47 33.33
Classe V 11 41.27 34.50 36.11
GLOBAL – Necessidade
Classe I e II 12 41.71 72.61 72.22
Classe III 26 51.98 77.17 78.70 1.531 0.675
Classe IV 47 47.21 76.16 74.07
Classe V 11 53.18 78.11 79.63
Variável – Dimensão
n xp x Md Z p
Primeira intervenção cirúrgica
Informação – Procedimento cirúrgico
Sim 49 51.77 50.17 50.00 -1.190 0.234
Não 47 45.10 47.87 41.67
Informação – Carácter sensorial
Sim 49 49.19 18.37 0.00 -0.280 0.779
Não 47 47.78 18.62 0.00
Informação – Comportamental
Sim 49 44.42 8.16 0.00 -2.072 0.038
Não 47 52.76 19.15 0.00
Conhecimento – Procedimento cirúrgico
Sim 49 51.76 60.37 66.67 -1.179 0.238
Não 47 45.11 55.32 58.33
Conhecimento – Sensorial
Sim 49 43.16 46.94 50.00 -1.994 0.046
Não 47 54.06 57.98 50.00
Conhecimento – Comportamental
Sim 49 44.43 6.31 0.00 -1.822 0.068
Não 47 52.74 12.19 0.00
Necessidade – Procedimento cirúrgico
Sim 49 46.79 77.61 77.78 -0.618 0.536
Não 47 50.29 79.37 80.56
Necessidade – Sensorial
Sim 49 49.04 64.80 66.67 -0.197 0.844
Não 47 47.94 65.07 66.67
Necessidade – Comportamental
Sim 49 46.44 83.67 83.33 -0.817 0.414
Não 47 50.65 86.88 100.00
GLOBAL – Informação
Sim 49 48.11 25.57 22.22 -0.140 0.889
Não 47 48.90 28.55 22.22
GLOBAL – Conhecimento
Sim 49 44.89 37.87 38.89 -1.299 0.194
Não 47 52.27 41.83 39.39
GLOBAL – Necessidade
Sim 49 46.33 75.36 75.00 -0.781 0.435
Não 47 50.77 77.11 76.85
Variável – Dimensão
N xp x Md z p
Visita pré-operatória
Informação – Procedimento cirúrgico
Não recebeu 45 34.08 40.56 41.67 -4.592 <0.001
Recebeu 51 60.59 56.54 50.00
Informação – Sensorial
Não recebeu 45 41.80 11.11 0.00 -2.489 0.013
Recebeu 51 54.41 25.00 25.00
Informação – Carácter comportamental
Não recebeu 45 49.94 14.44 0.00 -0.675 0.500
Recebeu 51 47.23 12.75 0.00
Conhecimento – Procedimento cirúrgico
Não recebeu 45 39.43 51.48 50.00 -3.022 0.003
Recebeu 51 56.50 63.56 66.67
Conhecimento – Sensorial
Não recebeu 45 45.51 49.44 50.00 -1.027 0.304
Recebeu 51 51.14 54.90 50.00
Conhecimento – Comportamental
Não recebeu 45 49.64 10.20 0.00 -0.471 0.638
Recebeu 51 47.49 8.29 0.00
Necessidade – Procedimento cirúrgico
Não recebeu 45 45.16 77.35 77.78 -1.110 0.267
Recebeu 51 51.45 79.47 80.56
Necessidade – Sensorial
Sim 45 44.09 63.15 66.67 -1.478 0.139
Não 51 52.39 66.50 66.67
Necessidade – Comportamental
Não recebeu 45 47.79 85.19 83.33 -0.259 0.795
Recebeu 51 49.13 85.29 100.00
GLOBAL – Informação
Não recebeu 45 39.82 22.04 16.67 -2.878 0.004
Recebeu 51 56.16 31.43 25.00
GLOBAL – Conhecimento
Não recebeu 45 42.78 37.04 36.11 -1.892 0.058
Recebeu 51 53.55 42.25 41.67
GLOBAL – Necessidade
Não recebeu 45 45.24 75.23 74.07 -1.076 0.282
Recebeu 51 51.37 77.09 77.78
Noélia Pimenta Gomes 139
ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS/ RESULTADOS
opõem-se aos resultados da investigação realizada por Melo (2005), em que ficou
demonstrado que a maioria dos doentes possuía um défice de informação factual sobre a
sua situação clínica: diagnóstico e cirurgia. Neste contexto Melo (2005) realça que os
doentes informados sobre a sua situação clínica tendem a aderir mais, ao tratamento
com repercussões positivas, não só a nível do doente, mas também a nível do próprio
funcionamento do serviço (p.14).
No que concerne à visita pré-operatória, só um número reduzido de inquiridos
recebeu visita do médico anestesista e do enfermeiro do bloco operatório, pois quase
metade da população estudada não recebeu qualquer visita pré-operatória. Estes dados
contrapõem-se aquilo que é advogado, sobre a visita pré-operatória, pela maioria dos
autores consultados. Particularmente, Lourenço (2004) afirma que indiscutivelmente a
visita pré-operatória é fundamental para que se possa cuidar no bloco operatório
(p.26). Nesta linha de pensamento, Dawson (2003) menciona que alguns doentes
consideram ser elementar encontrar o mesmo enfermeiro que realizou a visita pré-
operatória no bloco de cirurgia, pois sentem-se mais protegidos e acolhidos.
Tendo como alicerce os ideais advogados por Lourenço (2004), entre outros
aspectos existem alguns que limitam a concretização da visita pré-operatória, como
sendo a falta de recursos humanos, o excesso de trabalho, a falta de tempo e a ausência
de formação nesta área.
Depreendemos que existe uma grande lacuna a este nível, a qual pode ser
prejudicial à qualidade dos cuidados que são prestados no período perioperatório.
Atrevemo-nos a pensar que poderá estar em causa o direito do doente à excelência dos
cuidados individualizados e personalizados.
Relativamente à variável em estudo Informação recebida pelo doente
cirúrgico sobre a preparação pré-operatória, na dimensão do Procedimento
Cirúrgico é de realçar que os aspectos em que o doente recebeu mais informação
referem-se aos indicadores: avaliação pré-operatória; preparação física; consentimento
informado e visita pré-anestésica.
Os aspectos em que os inquiridos receberam menos informação referem-se aos
indicadores: visitas no pós-operatório; visita pré-operatória de enfermagem, métodos de
controlo da dor; condições para alta hospitalar; permanência no bloco operatório;
dispositivos; acompanhamento para o bloco operatório e sala de cuidados pós-
anestésicos. Podemos reconhecer que existem oito indicadores com percentagens
elevadas referentes à falta de informação, enquanto apenas quatro indicadores
Carvalho (1997) em que as autoras constataram que o item que os doentes revelaram
menor conhecimento foi o que abordava a forma de transporte do doente da sala de
cuidados pré-anestésicos para a sala cirúrgica. As autoras aludem que após efectuarem
ensino aos doentes sobre estes aspectos, verificou-se que foi neste que se verificou um
maior aumento da informação.
Na dimensão Sensorial, verificamos que apesar de um número significativo de
doentes referirem não terem sido informados sobre estes aspectos, revelaram terem
algum conhecimento sobre os mesmos. Constatámos que os doentes revelaram
conhecimentos sobre determinados assuntos os quais não tinham sido informados, o que
na leva a inferir que adquiriram estas informações através de outros meios que não
através dos profissionais de saúde pertencentes à equipa terapêutica. Esta nossa
inferência foi comprovada, uma vez que 22.9% dos inquiridos referiu que as principais
fontes de informação foram os familiares e amigos enquanto 20.8% indicaram as
experiências anteriores. O indicador onde é mais patente o défice conhecimento prende-
se com as sensações associadas aos dispositivos. Consideramos que estes dados podem
estar associados ao facto de ainda persistir, em alguns profissionais, uma cultura de que
um doente com conhecimento mais aprofundado sobre o processo cirúrgico, ficará mais
ansioso, o que poderá influenciar na recuperação pós-operatória. No entanto, a maioria
dos autores consultados defendem que um doente com conhecimento enfrentará o
período perioperatório de forma mais tranquila e pacífica.
Apuramos que a dimensão Comportamental evidencia-se pela elevada
percentagem de participantes que apresentaram défice de conhecimentos sobre estes
assunto, (superior a 80%) o que, uma vez mais, está em dissonância com o esperado,
pois de acordo com Perry e Potter (1999), Phipps et al (2003) entre outros autores, esta
dimensão constitui uma componente essencial da preparação pré-operatória.
No que concerne à variável Necessidades de informação expressas pelo
doente cirúrgico sobre a preparação pré-operatória, na dimensão do Procedimento
Cirúrgico, é de destacar que os doentes são da opinião que é necessário, ou muito
necessário, serem informados sobre todos os indicadores que fazem parte desta
dimensão. É de realçar que os indicadores onde os inquiridos revelaram menor
necessidade de informação (pouco necessário/ desnecessário) foram: visita pré-
operatória de enfermagem; acompanhamento para o bloco operatório e permanência no
bloco operatório.
Necessidades
Informação recebida Conhecimento
Expressas
Procedimento Cirúrgico
Razoável informação
Suficiente conhecimento
Elevada Necessidade
Sensorial
Reduzida informação
Suficiente conhecimento
Elevada Necessidade
Comportamental
Reduzida informação
Reduzido conhecimento
Elevada Necessidade
evidenciar mais conhecimentos, enquanto que os doentes de níveis mais baixos revelam
possuir menores conhecimentos.
Podemos pensar que esta situação está associada a vários factores, entre eles: o
facto de as pessoas com nível socioeconómico mais elevado terem maior acesso à
informação; a maioria possuir um grau de escolaridade mais elevado o que contribui
para terem mais conhecimento sobre estes assuntos; ou apresentarem uma maior
capacidade de compreender e assimilar a informação transmitida pelos técnicos de
saúde. Ao analisarmos de forma mais minuciosa os resultados obtidos, é nítido que os
inquiridos de nível socioeconómico mais elevado tenderam a receber mais informação
relativamente ao Procedimento Cirúrgico e à dimensão Sensorial. É, portanto,
compreensível que o conhecimento aumente na medida que aumenta o nível
socioeconómico. Em relação aos aspectos de carácter Comportamental, não há
diferença, estatisticamente significativa. Logo, podemos inferir que independentemente
do nível socioeconómico os doentes foram pouco esclarecidos sobre estas temáticas.
A terceira hipótese enunciada foi: A informação recebida, o conhecimento e a
necessidade de informação acerca da preparação pré-operatória é diferente
conforme as experiências anteriores. Em termos globais não observamos qualquer
diferença estatisticamente significativa, ou seja, a experiência anterior de intervenção
cirúrgica não influenciou significativamente a informação, o conhecimento ou a
necessidade de informação do doente cirúrgico. No entanto, não podemos deixar de
valorizar as experiências cirúrgicas vividas anteriormente como uma situação que pode
afectar positivamente ou negativamente o nível de ansiedade e consequentemente a
forma como o doente enfrenta este novo momento (Phipps et al, 2003).
É curioso averiguar que analisando de forma parcelar os resultados obtidos os
investigados que tinham experiências anteriores de cirurgia tendencialmente revelaram
maior conhecimento na dimensão Sensorial e receberam mais informação sobre os
temas de carácter Comportamental, do que os inquiridos que não tinham sido submetido
a cirurgias anteriormente.
Sugerimos que esta situação se deve ao facto das sensações sentidas e
vivenciadas em experiências anteriores ficarem marcas na memória das pessoas, o que
significa que estas se lembrem das sensações e não de outros aspectos que não foram
sentidos. Relativamente ao facto dos doentes, sem experiências anteriores, terem
recebido menos informação na dimensão Comportamental, não encontramos uma
justificação plausível para esta situação pois o que constatámos, como já foi
anteriormente citado é que esta dimensão de forma global foi a que os doentes
receberam menos informação. Contudo, atrevemos a deduzir que os doentes com
experiências anteriores de cirúrgica, estivessem mais despertos para as possíveis
complicações no pós-operatório, tendo este factor contribuído para uma maior
informação recebida inerente à dimensão Comportamental.
Considerando a quarta hipótese que formulamos: A informação recebida, o
conhecimento e a necessidade de informação acerca da preparação pré-operatória
é diferente conforme a visita pré-operatória (enfermeiro do B.O, médico
anestesista ou ambos), aferimos que, no global, a visita pré-operatória influencia
tendencialmente a informação que foi transmitida aos doentes, ou seja, aqueles que
receberam esta visita tenderam a referir mais informação recebida. Nas restantes
variáveis (conhecimento e necessidade de informação), as diferenças observadas não
são estatisticamente significativas.
Estes dados vão de encontro ao que é defendido pela maioria dos autores
consultados, em relação a esta temática, pois estes são unânimes em considerar as
vantagens da realização da visita pré-operatória. Pelos resultados obtidos, podemos
verificar que um dos objectivos da visita pré-operatória foi conseguido, ou seja,
informar o doente sobre os aspectos inerentes ao perioperatório, o que de acordo com
Paula e Carvalho (1997), constitui uma das principais finalidades da visita pré-
operatória, entre outras: diminuir a ansiedade que geralmente está presente; prestar
cuidados de qualidade e contribuir para a recuperação da saúde.
Neste sentido, segundo Silva (2002), os doentes que recebem a visita pré-
operatória sentem-se mais preparados para intervenção cirúrgica e conseguem
ultrapassar de forma mais segura os seus medos, receios e apreensões, pois a pessoa
informada e consciente da situação, consegue vivenciar de forma mais tranquila esta
nova etapa da sua vida.
Também Cabral (2004) partilha das opiniões dos autores atrás referidos,
concluindo num estudo por si realizado, que a visita pré-operatória tem repercussões
muito positivas a nível: da equipa de enfermagem, pela informação, estabilidade e
proporcionar cuidados mais humanizados; do utente e família, pela diminuição de
medos e angústias que assombram esta experiência única e pessoal que é a intervenção
cirúrgica (p.299). Neste estudo a autora verificou que a proporção de doentes com
medo, em relação ao prognóstico, anestesia, rejeição familiar, ao serviço e morte, antes
da visita pré-operatória, diminuiu após a visita pré-operatória.
Butler, A., Costa, C., Cardoso, C., & Leite, N. (2005). Risco cirúrgico: rotinas de
avaliação. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan
Cabral, D. M. (2004). Cuidados Especializados em Enfermagem Perioperatória:
contributos para a sua implementação. [Tese de Doutoramento]. Porto: Instituto de
Ciências Biomédicas de Abel Salazar-Universidade do Porto
Cabral, R. (1996). Princípios da autonomia, beneficência e não maleficência e justiça. In
L. Archer et al. Bioética. Lisboa: Verbo
Cândido, M. (Fevereiro 2001). Opinião dos familiares dos doentes internados num
serviço de medicina de um Hospital Central de Lisboa, Revista Investigação em
Enfermagem, 3, 40-47
Caseiro, H. & Pinto, I. (Set. 2001). Dor oncológica: que sentido. Nursing, 158, p. 15-21
Cerejo, M. (2000). Impacto de um Programa de Informação Estruturada na
Recuperação Pós-operatória. [Tese de Mestrado]. Coimbra: Universidade de
Coimbra -Faculdade de Medicina
Cerqueira, C. (Jan. 1999). Uma perspectiva filosófica do cuidar. Enfermagem
oncológica, 9, p. 41-45
Chaves, L. (Maio 2007). Consentimento informado: o direito legitimo a uma decisão
esclarecida, Sinais Vitais, 72, 51-52
Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem-CIPE (2005): versão 1.
Lisboa: Ordem dos Enfermeiros
Collier, M. (2003). Princípios de drenagem, cicatrização e controlo de feridas. In Kim
Manley e Loretta Bellman. Enfermagem Cirúrgica: Prática Avançada. Lisboa:
Lusociência
Colliére, Marie-Françoise (1989). Promover a vida. Lisboa: Sindicato dos Enfermeiros
Portugueses
Correia, R., Fausto, F., & Violante, A.(Jan. /Jun. 2004). Do dever de informar.
Informar, 32, 35-37
Comissão Nacional para Humanização e Qualidade dos Serviços de Saúde. (s.d).
Doentes: Direitos e deveres. Lisboa: D.G.S.
Cruz, E. & Varela, Z. (2002). Admissão em centro cirúrgico como espaço de cuidado.
[versão electrónica]. Revista Eletrônica de Enfermagem, 4 (1), 51-58. URL:
http://www.fen.ufg.br
Cury, A. (2006). Pais Brilhantes, Professores Fascinantes – Como formar jovens felizes
e inteligentes. Cascais: Editora Pergaminho
Dawson, S. (2003). Princípios da preparação pré-operatória. In Kim Manley e Loretta
Bellman. Enfermagem Cirúrgica: Prática Avançada. Lisboa: Lusociência
Deodato, S. (Janeiro 2006). Autonomia e Morte. Ordem dos Enfermeiros, 20, 6-13
Dias, C. (2003). Consentimento informado: como mediador razoável da relação
profissional de saúde-doente. Coimbra: Formasau
Dias, M. (Janeiro 1995). Informar os doentes oncológicos. Divulgação, 33, 1-8
Dicionário da Língua Portuguesa on-line. [consulta: 23 Agosto 2007].
URL:www.priberam.pt/dlfo
DuGas, B. W. (1984). Enfermagem Prática. Rio de Janeiro: Guanabara koogan
Fernandes, J. & Venâncio, D. (Jan. /Jun. 2004). Um olhar sobre o cuidar em contexto
cirúrgico. Informar, 32, p. 4-9
Foddy, W. (1996). Como perguntar: teoria e prática da construção de perguntas em
entrevistas e questionários. Oeiras: Celta Editora
Fonseca, S. & Videira, A. (Janeiro 2003). Informação em meio hospitalar. Sinais Vitais,
46, 40-44
Fortin, M.F. (2003). O processo de investigação: da concepção à realização. Loures:
Lusociência
Fortin, M.F., Grenier, R. & Nadeau, M. (2003). Método de colheita de dados. In Fortin,
M.F. (Ed.). O processo de investigação: da concepção à realização. (p.239-265).
Lisboa: Lusociência
Fortin, M.F.,Prud’homme-Brisson & Coutu-Wakulczyk, G. (2003). Noções de ética em
investigação. In Fortin, M.F. (Ed.). O processo de investigação: da concepção à
realização. (p. 114-130). Lisboa: Lusociência
Fortin, M.F.; Côté, J. & Vissandjée, B. (2003). A investigação cientifica. In Fortin, M.F.
(Ed.). O processo de investigação: da concepção à realização. (p. 15-24). Lisboa:
Lusociência
Fortin, M.F.; Côté, J. & Vissandjée, B. (2003). Escolher um problema de investigação.
In Fortin, M.F. (Ed.). O processo de investigação: da concepção à realização. (p.
48-60). Lisboa: Lusociência
Fox, V. (1997). Educação do paciente e planeamento da alta. In M. Meeker e Rothrock,
J. Alexander Cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico. (7ª ed.). Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan
Noélia Pimenta Gomes 167
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Freitas, G. & Oguisso, T. (Jan. /Mar. 2004). Direitos dos consumidores dos serviços de
enfermagem e princípios de bioética, Enfermagem, 33, 29-34
Furukawa, C. & Howe, J. (2000). Virginia Henderson. In J.George. Teorias de
Enfermagem: Os fundamentos à prática profissional. (4ª ed.). Porto Alegre: Artes
Médicas Sul
Garretson, S. (August, 2004). Benefits of pré-operative information programmes.
Nursing Stand. 18(47), 33-37
Gauquelin, M. et al (1978). Dicionário de psicologia. Lisboa: Verbo
Giglione, R. & Matalon, B. (1997). Inquérito: teoria e prática (3ª ed.). Oeiras: Celta
Editora
Gil, A. (1999). Métodos e técnicas da pesquisa social (5ª Ed.). São Paulo: Editora Atlas,
S. A.
Gonçalves, r. (Jan/Ago. 2003). Controlo do stress no acolhimento do doente cirúrgico
no bloco operatório, Informar, 30, 14-18
Graham, Deena (2003). O serviço de cirurgia hospitalar, o bloco operatório e a unidade
de cuidados pós-operatórios imediatos. In Kin Manley; Loretta Bellman et al (Eds).
Enfermagem Cirúrgica: Prática Avançada. (p. 275-295). Lisboa: Lusociência
Grande, Nuno (Professor). Apontamentos cedidos nas aulas de ética e deontologia.
Porto. 16/1/06
Henderson, V. (1994). La natureza de la enfermeria: una definición y sus repercusiones
en la práctica, la investigación y la educacón: reflexiones 25 años después.
Interamericana: mcGraw-Hill
Hesbeen, W. (2000). Cuidar no hospital: enquadrar os cuidados de enfermagem numa
perspectiva de cuidar. Lisboa: Lusociência
Hill, M. & Hill, M. (2005). Investigação por questionário. Lisboa: Edições Silabo, Lda
Hoffer, J. (1997). Anestesia. In M. Meeker e Rothrock, J. Alexander Cuidados de
enfermagem ao paciente cirúrgico. (7ª ed.). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A
Irving, S. (1979). Enfermagem Psquiátrica Básica (2ª ed.). Rio de Janeiro:
Interamericana
Kérouac, S., Pepin, J., Ducharme, F., Duquette, A. & Major, F. (1994). La pensée
infirmière: conceptions e stratégies. Québec: Éditions Études Vivantes
Kiyohara, Ly et al (2004). Surgery information reduces anxiety in the pré-operative
period. Rev. Hosp. Clin. Fac. Med. 59(2), [Consulta: Agosto 2007]. URL:
http://www.scielo.br/pdf/rhc/v59n2/a01v59n2.pdf
Paula, A. & Carvalho, E. (Julho 1997). Ensino sobre perioperatório a pacientes: estudo
comparativo de recursos audiovisual (vídeo) e oral. Rev. Latino-am. Enfermagem,
5 (3), 35-42. [Consulta:Agosto2007].
URL: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v5n3/v5n3a06.pdf
Phipps, Sands & Marek. (2003). Enfermagem Médico-Cirúrgica: conceitos e prática
clínica. (vol. 1). Lisboa: Lusodidacta
Pinheiro, M. (Fev. 1993). Bloco cirúrgico: que tendências. Nursing, 61, 6-10
Pinheiro, M. (Jul./Set. 1999). Medos do idoso face à cirurgia. Enfermagem, 15, 41-46
Pitrez, F. & Pioner, S. et al (1999). Pré e pós-operatório em cirurgia geral e
especializada. Porto Alegre: Editora Artes Médicas
Polit e Hungler (1995). Fundamentos de pesquisa em enfermagem (3ª ed.). Porto
Alegre: Artes Médicas
Portugal. Assembleia da República. Convenção para a protecção dos direitos do homem
e da dignidade do ser humano face às aplicações da Biologia e da Medicina. Diário
da República I Série – A. Nº 2 de 3 de Janeiro de 2001
Portugal. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 161/96 de 4 de Setembro
Portugal. Ministério da Saúde. Lei nº 48/90 de 24 de Agosto
Portugal. Ministério da saúde. Decreto-Lei nº 104/98 de 21 de Abril
Potter, P. & Perry, A. (1999). Fundamentos de enfermagem: conceitos, processo e
prática. (4ª ed.). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
Potter, P. & Perry, A. (2006). Fundamentos de Enfermagem: conceitos e
procedimentos. Loures: Lusociência
Queirós, A. (2001). Ética e enfermagem. Coimbra: Quarteto
Quivy, R. & Campenhoudt, L. (2008). Manual de investigação em ciências sociais.
Lisboa: Gradiva Publicações
Rey (1999). Dicionário e termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan
Santos, A. (Janeiro 1995). A dor e o cuidar. Nursing, 84, 7-10
Santos, N. (2003). Centro cirúrgico e os cuidados de enfermagem. São Paulo: Iátria
Scott, P. (Outubro 2003). Autonomia, privacidade e consentimento informado:
perspectiva cirúrgica. Nursing, 181, 9-19
Serrano, D. (2006). Teoria de Maslow: a hierarquia das necessidades. [Consulta: 26
Agosto 2006]. Url: http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/maslow.htm
---------------------------------------------------Nº DE ORDEM______
2 – Idade: __________
3 - Estado Civil:
Solteiro/a
Casado/a
Divorciado/a
Viúvo/a
União de facto
4 – Religiosidade
Sim
Não
5- Nível Socioeconómico
5.1- Profissão
7 – Quanto tempo esteve à espera para ser submetido a esta intervenção cirúrgica?
≤ 6 meses
>6 meses - ≤ 12 meses
> 12 meses - ≤ 18 meses
> 18 meses - ≤ 24 meses
> 24 meses
Outro _________________
a) Muito necessário
1.3 – Relativamente ao consentimento informado, como b) Necessário
classifica a necessidade de ser informado: c) Pouco necessário
d) Desnecessário
a) Muito necessário
2.3 – Relativamente à avaliação pré-operatória, como b) Necessário
classifica a necessidade de ser informado: c) Pouco necessário
d) Desnecessário
INDICADORES QUESTÕES DADOS A COLHER
3.1 – Foi informado sobre a preparação física
nomeadamente: rapar dos pêlos, duche, vestuário a utilizar a) Sim
b) Não
no dia cirurgia, retirada de jóias, próteses dentárias?
a) Sim
5.1 – Foi informado sobre a visita do médico anestesista?
b) Não
a) Dar a conhecer pormenores da cirurgia a qual o doente será
submetido, reduzindo a sua ansiedade própria da situação.
5.2 – De acordo com o seu conhecimento a visita do b) Avaliar as condições do doente para ser submetido a
médico anestesista é necessária para: anestesia, informá-lo e consultá-lo sobre a anestesia e medicação
5 – Visita pré-anestésica pré-operatória que irá fazer.
c) Não sabe
a) Muito necessário
5.3 – Relativamente à visita do médico anestesista, como b) Necessário
classifica a necessidade de ser informado: c) Pouco necessário
d) Desnecessário
6.1 – Foi informado sobre quem o acompanharia até o a) Sim
bloco operatório? b) Não
a) Muito necessário
2.3 - Relativamente ao ambiente da sala operatória, como classifica a b) Necessário
necessidade de ser informado: c) Pouco necessário
d) Desnecessário
INDICADORES QUESTÕES DADOS A COLHER
3.1 – Foi informado sobre as possíveis sensações que poderiam ocorrer a) Sim
ao primeiro levante? b) Não
3.2 – De acordo com o seu conhecimento, as possíveis sensações que a) Tonturas, vertigens, náuseas.
b) Sede, falta de apetite e dificuldade em falar.
3 – Sensações ao primeiro levante poderiam ocorrer ao primeiro levante seriam:
c) Não sabe
a) Muito necessário
3.3 – Relativamente às possíveis sensações que poderiam ocorrer ao b) Necessário
primeiro levante, como classifica a necessidade de ser informado: c) Pouco necessário
d) Desnecessário
Exercício da tosse:
Doente na posição de semi-Fowler ou sentado
Colocar uma mão levemente sobre o abdómen
Inspirar lentamente pelo nariz
Suster a respiração durante 3 segundos
Tossir profundamente três vezes ou fazer
repetidamente tossidelas tipo “sopros”
Não sabe
Respiração profunda:
Doente na posição de semi-Fowler ou sentado
Colocar uma mão levemente sobre o abdómen
1.2 – De acordo com o seu conhecimento, demonstre: Inspirar lentamente pelo nariz
Suster a respiração durante 3 segundos
Expirar lentamente pelos lábios semicerrados
Não sabe
Inspirometria:
Doente na posição de semi-fowler ou sentado
Colocar o bocal dentro da boca
Inspirar de forma lente e profunda, para fazer
subir a bola
Suster a respiração durante três a cinco segundos
Após expirar.
Não sabe
1.3 – Relativamente à forma de realizar os exercícios da tosse, a) Muito necessário
respiração profunda e inspirometria, como classifica a necessidade de b) Necessário
c) Pouco necessário
ser informado:
d) Desnecessário
2.1 – Foi informado sobre a forma de realização dos exercícios para a
a) Sim
prevenção dos problemas circulatórios (exercícios dos membros
b) Não
inferiores)?
Exercícios dos membros inferiores:
Doente em decúbito dorsal ou sentado;
Alternar a dorsiflexão com a flexão plantar;
Movimentar os tornozelos em círculo;
2 – Principais exercícios para a
Flexão e extensão dos joelhos;
prevenção das complicações Elevar cada perna, alternadamente, mantendo em
2.2 – De acordo com o seu conhecimento demonstre: posição recta;
circulatórias no pós-operatório
Pôr em tensão os músculos da coxa de modo que a
zona poplítea seja pressionada de encontro à cama;
Pôr em tensão os músculos nadegueiros, como que
a suster um movimento intestinal
Não sabe
2.3 – Relativamente à forma de realizar os exercícios dos membros a) Muito necessário
inferiores, como classifica a necessidade de ser informado: b) Necessário
c) Pouco necessário
d) Desnecessário
Grupo V – Variáveis de caracterização
Enfermeiro do serviço
Cirurgião
Anestesista
Enfermeiro do B.O.
Outros: _________________
Profissionais de saúde
Familiares e amigos
Pesquisa própria
Dialogo com outros doentes
Outros: ____________________
ANEXO II – PEDIDO OFICIAL AO SR. PRESIDENTE DO CONSELHO
DE ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL CENTRAL DO
FUNCHAL
(Assinatura do doente)
A sua participação é muito importante, uma vez que este estudo tem como finalidade
contribuir para a implementação de um programa de informação estruturado que
satisfaça as necessidades de informação do doente cirúrgico no período pré-operatório e
contribuir para adequar o ensino de enfermagem às reais necessidades de informação do
doente. Neste sentido, venho pedir a vossa colaboração e disponibilidade para participar
no estudo, que desde já agradeço.
Os participantes deste estudo são doentes que foram submetidos a cirurgia electiva, a
mais de 24 horas e que reúnem as condições necessárias para responder às questões. O
modo de participar será uma conversa em que colocarei algumas questões, que o Srº/
Sr.ª será livre de responder ou não, para tal será necessário cerca de 45 minutos.
De forma a garantir o anonimato dos participantes não será colocado o seu nome no
formulário e tratamentos dos dados; o facto de participar neste estudo não lhe trará
nenhum risco, inconveniente ou encargos, será apenas pedido algum do seu tempo para
responder às questões colocadas.