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Revisão Sistemátoca

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EDUR • Educação em Revista. 2023; 39:e39705


DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0102-469839705
Preprint DOI: https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/4045

https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

ARTIGO

GESTOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA


DE LITERATURA
SAVANA DOS ANJOS FREITAS1
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5122-8027
<savanafreitas@rede.ulbra.br>
AGOSTINHO SERRANO DE ANDRADE NETO2
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7868-1526
<agostinho.serrano@ulbra.br>

1
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Canoas, RS, Brasil.
2
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Canoas, RS, Brasil.

RESUMO: Os gestos que realizamos podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem? O presente
artigo sintetiza o estado da arte sobre o assunto no campo da educação, com um olhar específico para a
comunicação gestual. A pesquisa foi encontrada em praticamente todos os níveis de ensino sobre o uso
de gestos como uma forma de ajudar os alunos a aprender uma segunda língua, educação inclusiva e
educação de ciências e matemática. Em geral, existem evidências sólidas de que a comunicação gestual
auxilia na avaliação e introdução de uma nova palavra no ensino de uma segunda língua; como recurso
adicional para professores e alunos com deficiência e como ferramenta para contribuir para o ensino de
conceitos considerados abstratos e complexos na área do ensino de ciências e matemática. Interessante é
a forte evidência de que o gesto constitui um canal oculto, mas poderoso, para trocar informações,
aprender e até mesmo como uma ferramenta para ajudar a raciocinar.

Palavras-chave: gestos, comunicação não-verbal, ensino, revisão de literatura, aprendizagem.

GESTURES IN THE TEACHING AND LEARNING PROCESS: A SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW

ABSTRACT: Can the gestures we perform aid the teaching and learning process? The present paper
summarizes the state of the art on the subject within the field of education, with a specific eye on gestural
communication. Research has been found at virtually all levels of education regarding the use of gestures
as a way to assist students in learning a second language, inclusive education, and science and math
education. In general, there is solid evidence supporting that gestural communication helps in the
evaluation and introduction of a new word in the teaching of a second language; as an additional resource
for teachers and students with disabilities and as a tool to contribute to the teaching of concepts
considered abstract and complex in the field of science and mathematics teaching. Of interest is the
strong evidence that gesture constitutes a hidden yet powerful channel to exchange information, learn,
and even as a tool to help reason.

Keywords: gestures, non-verbal communication, teaching, literature review, learning.

Educação em Revista|Belo Horizonte|v.39|e39705|2023


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GESTOS EN EL PROCESO DE ENSEÑANZA Y APRENDIZAJE: UNA REVISIÓN DE LITERATURA


SISTEMÁTICA

RESÚMEN: ¿Pueden los gestos que realizamos para ayudar en el proceso de enseñanza y aprendizaje?
El presente trabajo resume el estado del arte sobre el tema dentro del campo de la educación, con una
mirada específica en la comunicación gestual. Se han encontrado investigaciones en prácticamente todos
los niveles educativos sobre el uso de gestos como una forma de ayudar a los estudiantes a aprender un
segundo idioma, educación inclusiva y educación científica y matemática. En general, existe evidencia
sólida que respalda que la comunicación gestual ayuda en la evaluación e introducción de una nueva
palabra en la enseñanza de una segunda lengua; como recurso adicional para docentes y estudiantes con
discapacidad y como herramienta para contribuir a la enseñanza de conceptos considerados abstractos y
complejos en el campo de la enseñanza de las ciencias y las matemáticas. Es de interés la fuerte evidencia
de que el gesto constituye un canal oculto pero poderoso para intercambiar información, aprender e
incluso como una herramienta para ayudar a la razón.

Palabras clave: gestos, comunicación no verbal, enseñanza, revisión de literatura, aprendizaje.

INTRODUÇÃO

Quando as pessoas falam, elas gesticulam naturalmente, e os gestos muitas vezes revelam
informações que não podem ser facilmente encontradas na fala. Os alunos não são exceção. Os gestos
de um aluno podem indicar momentos de instabilidade conceitual e os professores podem usá-los para
obter acesso ao pensamento de um aluno. Os alunos também podem descobrir novas ideias a partir dos
gestos que fazem durante uma aula ou dos gestos que veem seus professores fazerem. O gesto, portanto,
tem o poder não apenas de refletir a compreensão do aluno sobre um problema, mas também de mudar
sua compreensão (NOVACK; GOLDIN-MEADOW, 2015).
Segundo Walkington, Chelule, Woods e Nathan (2019), os gestos desempenham um papel
fundamental no raciocínio matemático, sendo um indicador de que a compreensão matemática está
incorporada - inerentemente ligada à ação, à percepção e ao corpo físico. À medida que os alunos
colaboram e se envolvem em discussões matemáticas, eles usam práticas discursivas como explicar,
refutar e desenvolver o raciocínio uns dos outros, muitas vezes misturando fala e gesto ao falar.
O desenvolvimento de pesquisas baseadas na análise de gestos é promissor, uma vez que o
uso de gestos na educação ainda é pouco pesquisado e é um tema relativamente novo (FLOOD et al.,
2014). Também pode-se inferir o quanto o gesto pode ajudar e contribuir no processo de aprendizagem,
já que está naturalmente presente em nosso cotidiano, constituindo - entre outras formas - um canal de
comunicação entre o tutor mais capaz e o aprendiz, um canal que não é adequadamente discutido pela
maioria das teorias de aprendizagem.
No entanto, o que acontece no papel dos gestos entre um professor e seus alunos quando se
trata de ensinar e aprender? O que constitui um importante canal de comunicação para o ensino e
aprendizagem em sala de aula? Como os gestos podem ajudar no ensino? Há pesquisas em educação na
área de análise e ensino do gesto? Imbuído dessas questões, foi realizada uma revisão de literatura
trazendo os aspectos mais relevantes e as pesquisas relacionadas à educação sobre esse tema. Com base
nestas questões, a presente revisão de literatura procura responder à seguinte questão, que de uma forma
geral sintetiza os nossos objetivos: Qual é a contribuição dos gestos (comunicação não verbal) para
o processo de ensino e aprendizagem?
Os gestos que serão abordados na presente pesquisa serão os gestos que são executados de
forma natural e espontânea pelos alunos a partir do momento que os gestos são utilizados para explicar
os conceitos e palavras. O objetivo deste artigo é levantar evidências, tanto na literatura educacional
brasileira quanto internacional, da contribuição dos gestos para os processos de ensino e aprendizagem,
bem como a evolução desse campo específico de pesquisa.

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MÉTODO

Esta pesquisa tem como objetivo identificar, por meio da revisão de literatura, pesquisas que
tragam contribuições de como os gestos podem ser uma forma de auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos. Portanto, para realizar esta pesquisa, definimos quatro etapas diferentes – ou
grampos – que precisavam ser feitas para uma conclusão satisfatória (Zawacki-Richter et al. 2020) (Figura
1).
As bases de dados utilizadas foram: Eric, Scopus e Google School. Nestas três bases de
dados, foram utilizados os seguintes termos de busca: “gestos” + “aprendizagem” e, em três plataformas
de busca, foi selecionado o período de busca entre 2000 e 2019. A escolha dessas bases de dados se deu
pelo fato de que todas as três permitem a análise de métricas de citação por autor, como a definição da
data de publicação dos artigos. Esses são os nossos critérios para escolher Eric, Scopus e Google Scholar.
A Figura 1 mostra os procedimentos de busca utilizados. O primeiro passo foi, após definir
o problema de busca (discutido acima), definir quais bases de dados, os termos de busca (palavras-chave)
e o período de busca.
Após delimitarmos nossa pesquisa, a segunda parte consistiu na busca propriamente dita de
pesquisas relacionadas ao nosso tema central. Assim, utilizamos os termos "gestos" + "aprendizagem"
nas três bases de dados.
A terceira parte foi o momento em que selecionamos os artigos por meio dos critérios de
exclusão e inclusão, que serão descritos na Tabela 1. Por fim, a última etapa da pesquisa foi a leitura na
íntegra dos artigos para construção desta revisão sistemática da literatura.

Figura 1 - Procedimentos da pesquisa

SEGUNDA
QUARTA PARTE
• Identificar o PARTE • Seleção de
problema de artigos por • Leitura dos
pesquisa e definir • Pesquisa de critérios de
bases de dados artigos e
bases de dados e exclusão e resposta ao
intervalo de datas. com "gestos" + inclusão.
"aprendizagem". problema de
PRIMERA TERCEIRA pesquisa.
PARTE PARTE

Fonte: Dados de pesquisa.

Assim como Pereira et. al. (2019), optamos por realizar duas fases para inclusão ou exclusão
dos artigos selecionados durante a revisão da literatura.
A primeira parte consistiu em identificar qual seria o objetivo de nossa pesquisa, em seguida
definir nosso problema de pesquisa - que nos guiaria durante todo o processo de pesquisa - e
posteriormente definir quais seriam as bases de dados e período que pesquisaríamos para atingir o
objetivo.
A segunda parte consistiu na busca nas bases de dados previamente selecionadas - Eric,
Scopus e Google Acadêmico - utilizando os seguintes termos: "gestos" + "aprendizagem", pois esses dois
termos nos levariam a encontrar as buscas relacionadas ao nosso objetivo. Isso resultou em um total de
69 artigos.
A terceira parte foi o momento de selecionar os artigos por meio dos critérios de exclusão e
inclusão que foram definidos pelos autores desta pesquisa. Esses critérios são apresentados na Tabela 1
deste artigo. Portanto, todos os 69 artigos foram lidos na íntegra e julgados de acordo com os critérios
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acima mencionados. Especialmente o segundo critério de exclusão de julgar se o artigo trouxe ou não
uma contribuição significativa para responder à nossa pergunta de pesquisa – O artigo contribuiu para a
investigação do uso espontâneo de gestos no processo de ensino e aprendizagem? Muitos desses 69
artigos, embora analisassem a produção de gestos, não necessariamente abordavam gestos espontâneos
feitos quando conceitos ou relações espaciais estavam sendo explicados1
A última parte foi fazer uma discussão aprofundada dos 19 artigos – aqueles que de fato
contribuem para responder à nossa questão de pesquisa. Além de indicar meios, desafios e novas
propostas didáticas sobre o uso dos gestos no processo de ensino-aprendizagem.
Abaixo segue uma tabela que foi criada para nos orientar na seleção dos artigos (Quadro 1).
Esses critérios foram elaborados pelos autores do presente artigo com um olhar direcionado que
contribuiria para nos aproximar de uma resposta referente ao problema de pesquisa que norteia esta
revisão de literatura.

Quadro 1 - Critérios de inclusão e exclusão

CRITÉRIO DE INCLUSÃO CRITÉRIO DE EXCLUSÃO

Ser escrito em português, inglês Artigos não revisados por pares


ou espanhol
Conter evidências do uso de Pesquisas que não trouxeram
gestos no processo de ensino e contribuições para a investigação do
CRITÉRIOS aprendizagem no resumo uso espontâneo de gestos no
processo de ensino e aprendizagem
Preferência por pesquisas que Não continham as palavras “gestos”
tenham sido aplicadas em sala ou “aprender” ou “ensinar” nas
de aula palavras-chave
Fonte: Dados da pesquisa.

After selecting the 69 articles, following the established criteria, we first opted to separate
educational Portanto, após a seleção dos 69 artigos de acordo com os critérios estabelecidos, optou-se
por separar os níveis de ensino em um primeiro momento, (Educação Infantil, Ensino Fundamental,
Ensino Médio e Graduação) para que fosse possível identificar em qual etapa da trajetória acadêmica há
maior presença de pesquisas sobre gestos no processo de ensino e aprendizagem.
As categorias emergiram naturalmente após a leitura da amostra final de 19 artigos. Por
exemplo, “construção de conhecimentos/conceitos” agrupa os trabalhos que discutem o papel dos gestos
na construção de conhecimentos ou conceitos pelos alunos. “Análise da comunicação não verbal dos
alunos”, o foco desses trabalhos foi a análise de gestos, e não a construção de conceitos. Por fim, as duas
últimas categorias tratam da educação inclusiva, devido às especificidades dos alunos com necessidades
especiais e do ensino de línguas, já que os demais trabalhos tratam da educação matemática ou científica,
mas esses trabalhos são interessantes porque gestos representativos são usados ao aprender uma segunda
língua para se comunicar usando o gesto o significado das palavras cujo significado são relações espaciais.
Também fizemos uma sequência histórica dos artigos por data de publicação, para que
pudéssemos detectar se há aumento ou não de publicação em gestos, indicando um aumento no interesse
da pesquisa. O agrupamento final dos artigos encontrados na fase 1 foi feito após a leitura do conteúdo
de cada artigo, sendo que as categorias emergiram da leitura com naturalidade.

1É importante esclarecer aqui que há um tipo específico de gesto que esta contribuição aborda. Para o ensino, os gestos
cruciais ao explicar conceitos ou relações espaciais são o que Stephens e Clement (2010) chamaram de gestos descritivos – e
não indicativos, gestos estáticos e gestos dinâmicos. A produção de gestos descritivos já está documentada para ser produzida
durante processos de visualização interna que são cruciais para a conceituação, especialmente nos campos da ciência e da
matemática.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados indicam que os estudos na área do gesto como forma de ensinar ou aprender
vêm crescendo continuamente desde 2009 (Gráfico 1). A importância que observamos ao realizar esta
análise sobre o aumento dos estudos sobre gestos no processo de ensino-aprendizagem deveu-se ao fato
de que isso indica que esta área de pesquisa está crescendo ao longo dos anos, então esses dados nos
mostram que é relevante esta área de pesquisa no ensino.
.
Gráfico 1 - Artigos publicados a partir do ano de 2002

Fonte: Dados da pesquisa.

Quanto à distribuição dos trabalhos segundo as categorias que emergiram durante a revisão,
a maioria (71%) está relacionada a atividades aplicadas em sala de aula; 21% referem-se a pesquisas que
abordam o ensino de uma segunda língua por meio do gesto e da educação inclusiva, mas não em sala de
aula e, finalmente, 8% com artigos que categorizamos como reflexão teórica.
Dos estudos realizados em sala de aula, o Ensino Fundamental e o Ensino Superior são os
níveis de ensino mais pesquisados, enquanto a pós-graduação tem sido menos explorada por pesquisas
anteriores que abordam o tema dos gestos na educação (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Divisão da pesquisa por nível de ensino

Kindergarten Elementary School High school


College Postgraduate studies

Fonte: Dados da pesquisa.

Feitas as categorias de análise iniciais pré-definidas (categorizadas por ano, nível de


escolaridade, etc.), procedeu-se a uma segunda categorização. Para entender a contribuição dos gestos
para o processo de ensino e aprendizagem, buscamos agrupar os artigos encontrados na revisão da
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literatura em categorias que fossem significativas para responder à nossa questão de pesquisa. Essas
categorias emergiram naturalmente após a leitura dos artigos e considerando suas semelhanças e suas
contribuições para o processo de ensino e aprendizagem. A figura abaixo (Figura 2) mostra apenas os
dezenove artigos que compõem esta revisão sistemática da literatura. Esses dezenove artigos foram
selecionados com base nos critérios já estabelecidos e que colaborariam com a pesquisa e que foram
melhor explicados na seção de metodologia reescrita.
As categorias são a construção de conhecimentos/conceitos, análise da comunicação não
verbal dos alunos, análise da comunicação não verbal dos professores, análise das imagens mentais dos
professores, ensino para a educação inclusiva e, por fim, o ensino de línguas (Figura 2).

Figura 2 - Layout das categorias

Fonte: Dados da pesquisa.

A quarta categoria nos apresenta dois artigos (citados na figura 2) que articulam e trazem
técnicas sobre como os gestos podem proporcionar a compreensão das imagens mentais dos alunos. As
imagens mentais dos alunos podem ser reveladas através da gesticulação. Os gestos ajudaram, de acordo
com esses artigos mencionados na figura 2 e que serão expostos ao longo deste artigo, entender o que se
passava na cabeça dos alunos quando conversavam entre seus colegas, professores e tentavam explicar e
justificar suas respostas sobre conceitos da Física.
A penúltima categoria, educação inclusiva, aborda pesquisas sobre como os gestos foram
relevantes para o ensino de alunos com deficiência, ou com dificuldades de aprendizagem e, em especial,
alunos autistas. A última categoria inclui artigos que corroboram o ensino de uma segunda língua ou da
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própria língua materna por meio de gestos. Portanto, para uma melhor compreensão das categorias, o
diagrama a seguir mostra a questão de pesquisa, as categorias e os autores que corroboram as diferentes
categorias.

Construção de conhecimentos/conceitos

Os gestos ajudam os alunos a aprender, mas não apenas direcionando sua atenção visual?
Com base nessa concepção, Wakefield et al. (2019) usaram rastreamento ocular para explorar um
mecanismo frequentemente proposto - a capacidade do gesto de direcionar a atenção visual. Com base
em estudos anteriores de Singer e Goldin-Meadow (2005), os autores afirmam como é possível ensinar
um novo conceito por meio de gestos, nos quais os movimentos das mãos acompanham a fala. A pesquisa
permitiu verificar que, por meio de medidas de rastreamento ocular, as crianças que assistem a uma aula
de matemática com gestos alocam sua atenção visual de forma diferente das crianças que assistem a uma
aula de matemática sem gestos - analisam mais o problema que está sendo explicado, olham menos para
o instrutor, e eram mais propensos a sincronizar sua atenção visual com as informações apresentadas no
discurso do instrutor.
Em 2012, Garcia e Infante publicaram um artigo em que abordavam o impacto que os gestos
podem ter no ambiente matemático em workshops ministrados no ensino superior. Após as oficinas, os
pesquisadores perceberam que havia uma correlação entre a diagramação e os gestos (dinâmicos e
estáticos). Esses dois tipos de gestos faziam parte do pensamento construtivo dos alunos, relacionando-
os com o problema ou a construção de seus diagramas. Quanto mais desafiadores os problemas, mais os
alunos gesticulam. Algumas questões foram influenciadas por gestos de seus colegas e com o tempo
foram adotadas e adaptadas.
Na busca de entender como os gestos podem auxiliar no ensino em STEM - Science,
Technology, Engineering and Mathematics - Stieff, Lira e Scopelitis (2016), de Chicago (EUA),
descrevem dois estudos que verificaram o impacto no ensino quando os alunos utilizaram gestos para
apoiar seu pensamento no espaço no conteúdo STEM. No primeiro estudo, a eficácia de assistir e
reproduzir gestos foi comparada a apenas ler um texto. No segundo estudo, a eficácia do gesto foi
comparada com uma abordagem instrucional que envolvia o manuseio de modelos concretos, mas sem
gestos. Os resultados indicaram que os gestos podem ser uma estratégia eficaz para apoiar o pensamento
espacial dos alunos em disciplinas STEM porque, com o uso de gestos, os alunos tiveram um
desempenho significativamente melhor do que sem gestos.
Portanto, esses quatro estudos mostram como os gestos podem ajudar na construção do
conhecimento. Os gestos acompanham a fala e quanto mais difícil e necessária uma explicação profunda,
a presença dos gestos torna-se cada vez mais importante, tornando-se suporte para o pensamento e
raciocínio dos alunos no processo de ensino e aprendizagem.

Análise da comunicação não verbal dos alunos

Quando os alunos compartilham sobre assuntos que foram discutidos durante a aula com
outras pessoas, você notou que muitas vezes eles acabam usando gestos para explorar e explicar suas
ideias e conceitos? De acordo com a pesquisa de Flood et al. (2014), este seria como um meio de
expressão espaço-dinâmico publicamente visível, no qual os gestos e o corpo fornecem recursos
produtivos para imaginar juntos os fenômenos submicroscópicos, tridimensionais e dinâmicos da
química.
Laburú, Silva e Zômpero (2015) pesquisaram com alunos do ensino médio conceitos de
eletrostática por meio de atividades experimentais, com a intenção de compreender os conceitos
científicos dos alunos. Ao avaliar os alunos por meio da atividade experimental, constatou-se que os
conceitos não podem ser “visualizados” e seu domínio incorreto, ou a falta dele, pode demonstrar
indevidamente ininteligibilidade conceitual, uma vez que os conceitos de eletrostática (cargas elétricas e
elétrons, por exemplo) são conceitos abstratos que não podem ser vistos a olho nu, apenas com o auxílio
de simulação e imagens ilustrativas para explicar o comportamento de cargas elétricas em repouso.

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A dificuldade do aprendiz pode ser localizada nesses elementos e não na dimensão conceitual
propriamente dita. Portanto, os gestos contribuem, segundo esses pesquisadores, como um instrumento
para o professor compreender o que os alunos estão aprendendo sobre o conhecimento científico e, além
disso, acaba sendo fundamental para a construção do pensamento desse conhecimento.
Em 2015, nos EUA, Weinberg, Fukawa-Connelly e Wiesner (2015) buscaram compreender
como os gestos podem auxiliar no pensamento e na comunicação na disciplina de Matemática. A pesquisa
ocorreu em uma universidade pública em uma disciplina introdutória de álgebra abstrata. Os resultados
indicaram que, quando os significados matemáticos - específicos e gerais - são expressos em gestos, as
linguagens gestuais e faladas combinadas destacam a natureza integrada dos elementos do pacote
semiótico.
Por meio da análise de seus alunos a partir da pesquisa apresentada nesta categoria, observou-
se que os gestos acabam se tornando um instrumento para os professores compreenderem seus alunos,
suas dificuldades ao se expressarem por meio das palavras e que, por meio da análise gestual, existe uma
forma de capturar o que se passa na mente dos alunos, especialmente ao retratar conceitos abstratos.

Análise da comunicação não verbal dos professores

Em 2017, Aizawa, Giordan e Silva publicaram suas pesquisas com alunos de pós-graduação
em seus estágios obrigatórios de graduação. Utilizando a técnica da Recordação Estimulada por Vídeo,
os alunos foram filmados quando ministravam suas aulas e, posteriormente, analisaram seus gestos por
meio das categorias de Kendon (2004). Os resultados desta pesquisa apontam que os graduandos
“desenvolveram uma percepção gestual e multimodal, ou seja, tomaram consciência do que foi dito, do
posicionamento do corpo e das mãos para que futuramente possam modificar suas ações com o objetivo
principal de produzir significados.” (Aizawa, Giordan, & Silva, 2017)
Both Brazilian researchers were able to find in their research how the gestural analysis of
teachers can find new paths for teaching, in addition to assisting teachers during their classes. These
researches show how relevant it is for teachers to be aware of their gestures when teaching their classes.
Through gestures, they can facilitate students' understanding, as well as pass on distorted or erroneous
concepts.
Ambos os pesquisadores brasileiros puderam constatar em suas pesquisas como a análise
gestual dos professores pode encontrar novos caminhos para o ensino, além de auxiliar os professores
durante suas aulas. Essas pesquisas mostram o quanto é relevante que os professores estejam atentos aos
seus gestos ao ministrar suas aulas. Por meio de gestos, podem facilitar a compreensão dos alunos, bem
como transmitir conceitos distorcidos ou errôneos.

Análise de imagens mentais de alunos

Scherr (2008) vai além dos demais pesquisadores citados até aqui sobre os gestos no ensino
superior. Sua pesquisa busca evidências de que a gesticulação dos alunos pode não apenas preencher
lacunas nas expressões verbais dos alunos, mas oferecer informações valiosas sobre o que se passa na
mente dos alunos, ou seja, entender melhor o que o aluno está pensando sobre Física naquele
determinado momento. “A educação da física é um campo rico para explorar ainda mais essas questões,
e os pesquisadores em educação da física podem se beneficiar e contribuir com as investigações em
andamento sobre a importância do gesto no pensamento e na aprendizagem” (Scherr, 2008).
Assim como a pesquisa realizada por Garcia e Infante (2012), Ramos e Serrano (2013)
também realizaram sua investigação por meio de uma oficina (curso de extensão) para graduandos com
o objetivo de compreender o papel de diferentes mediações - interação social, psicofísica, cultural ou
hipercultural - no ensino de química.
Os pesquisadores entrevistaram estudantes de graduação em química após a realização de
atividades com software de modelagem molecular. De forma análoga às considerações de Scherr (2008),
os pesquisadores nas entrevistas buscaram saber o que se passava na cabeça dos alunos ao responder às
questões, ou seja, foi possível identificar uma ligação com os gestos e o que eles imaginavam naquele
momento para responder às perguntas.
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Essa categoria nos dá indícios de que os gestos podem revelar o que se passa na cabeça dos
alunos ao explicar a alguém sobre determinado conteúdo ou ao explicar suas respostas. A análise gestual
por meio de técnicas, como o Pensar alto, permite compreender a articulação entre os gestos dos alunos
e as imagens mentais.

Educação inclusiva

Marchena et al. (2019) realizaram uma pesquisa na qual observaram adultos e como eles
usavam gestos. Vinte e um adultos autistas verbalmente fluentes e outros vinte e um com
desenvolvimento típico foram envolvidos em uma tarefa de conversação controlada. Adultos autistas
eram mais propensos a gesticular unilateralmente do que bilateralmente, uma característica motora do
gesto individual associada a sintomas de autismo. De acordo com os pesquisadores, os gestos de co-fala
podem fornecer uma ligação entre os sintomas de comunicação não-verbal e as diferenças conhecidas no
desempenho motor no autismo.
Özçalışkan, Adamson, Dimitrova e Baumann (2018) mostraram em suas pesquisas que
crianças e pais produzem tipos semelhantes de gestos e combinações gesto-fala. Ou seja, ao pesquisar
crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) ou síndrome de Down (SD), observaram
diferenças específicas no diagnóstico de crianças com desenvolvimento típico (DT) na produção de
gestos. No entanto, apenas as crianças - mas não os pais - apresentaram variabilidade específica do
diagnóstico na frequência com que produziram cada tipo de gesto e combinação gesto-fala.
A compreensão gestual ainda é pouco estudada, segundo Dimitrova, Özçalışkan e Adamson
(2017), da Suécia, principalmente com crianças com espectro autista e que apresentam dificuldade em
produzir gestos. Seguindo os estudos de McNeill (2005), esses grupos de pesquisadores examinaram
crianças de 2 a 4 anos, para entender os tipos de gestos e as combinações entre gesto e fala. Os resultados
obtidos sugerem que as crianças compreendem gestos dêiticos e gestos de reforço - melhores
combinações de fala do que gestos icônicos/convencionais e combinações suplementares - um padrão
que se mantém robusto em diferentes idades em crianças com espectro autista.
O estudo de Wray et al. (2017) procurou determinar se crianças com distúrbios de linguagem
usam gestos para compensar suas dificuldades de linguagem. A partir da pesquisa, foi possível detectar
que o gesto e a linguagem formam um sistema de comunicação intimamente ligados, em que os déficits
de gestos são vistos ao lado de dificuldades com a comunicação falada.

Ensino de línguas

As crianças entendem gestos icônicos sobre eventos tão cedo quanto gestos icônicos sobre
entidades? A partir dessa questão, Glasser et al. (2018) pretendem perceber se as crianças compreendem
os gestos icónicos que caracterizam os acontecimentos o mais cedo possível e, se sim, se a sua
compreensão é influenciada por padrões de produção de gestos na sua língua nativa. A pesquisa constatou
que os padrões nativos de produção de gestos influenciaram na compreensão dos gestos das crianças que
caracterizam esses eventos, havendo uma melhor compreensão dos gestos que seguem padrões
específicos de linguagem em relação aos que não seguem esses padrões, principalmente na forma de
movimentação de gestos.
Recentemente, em 2019, Huang, Kim e Christianson, da Universidade de Illinois em Urbana-
Champaign, apresentaram que os gestos são úteis se não forem confundidos com outras palavras a serem
aprendidas e se o número de palavras apresentadas for limitado. Esta pesquisa mostrou que introduzir
novas palavras em uma segunda língua e apresentar a palavra com gestos simultâneos pode facilitar a
recordação de novas palavras pelos alunos. Os pesquisadores abordam a teoria da codificação dupla, na
qual ela prevê que os alunos podem aprender melhor por terem a articulação entre gestos e novas palavras
(Huang, Kim & Christianson, 2019).
Em 2017, na Universidade da Pensilvânia, os pesquisadores Matsumoto e Dobs realizaram
um estudo no qual investigaram as funções do gesto no ensino e aprendizagem da gramática no contexto
das interações em sala de aula em uma segunda língua, assim como fizeram Huang, Kin e Christianson
(2019), mas agora no ensino superior. A pesquisa consistiu na análise dos gestos utilizados pelos
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professores para explicar conceitos temporais da língua inglesa e pelos alunos quando respondiam. A
análise chegou às considerações de que professores e alunos utilizaram repetidamente gestos líticos
abstratos e metafóricos em sala de aula, que podem se tornar recursos importantes para o ensino e
avaliação da aprendizagem dos alunos.
Oitenta e nove alunos da Universidade de Estudos Internacionais de Xi'an, na China,
participaram de uma pesquisa que visava entender se os gestos de afinação podem melhorar o
aprendizado da prosódia (parte da gramática tradicional que se dedica às características da emissão dos
sons da fala, como sotaque e entonação). Os autores Yuan, González-Fuente, Baills e Prieto (2019)
realizaram sua pesquisa na qual dividiram os alunos em dois grupos idênticos. O primeiro grupo (grupo
controle) recebeu treinamento de entonação sem o uso de gestos de afinação. O segundo grupo,
experimental, recebeu o mesmo treinamento, porém com mais gestos de afinação, representando
contornos de entonação nuclear. Os resultados da pesquisa fornecem evidências de que o grupo
experimental melhorou significativamente e que, embora os indivíduos com habilidades mais fortes
tenham obtido um melhor resultado, aqueles com habilidades musicais mais fracas se beneficiaram ainda
mais ao observar os gestos.
Vogt e Kauschke (2017), da Alemanha, observaram como gestos icônicos podem ajudar
crianças em desenvolvimento a aprender novas palavras. Segundo os pesquisadores, os gestos icônicos
promovem uma codificação mais rica e levam a um aprendizado de palavras mais eficiente em crianças
que estão no início do desenvolvimento da fala ou com problemas de linguagem.

Significado dos gestos para o processo de ensino e aprendizagem.

O gesto pode ser bem utilizado em ambientes educacionais e, segundo Goldin-Meadow


(2017), pode existir de pelo menos três formas. A primeira seria que os professores examinassem seus
gestos para garantir que não estão transmitindo ideias que possam enganar os alunos. Os professores
podem até pensar em como as ideias que desejam ensinar podem ser exibidas em suas mãos e, em seguida,
produzir conscientemente esses gestos durante as aulas.
O principal objetivo dos gestos é auxiliar na comunicação. Mas, além de serem importantes
para a comunicação, os gestos também têm consequências importantes para o pensamento e para a
aprendizagem, para a compreensão da linguagem. Mais do que apenas esclarecer ou melhorar a mensagem
de uma aula, pode levar os alunos a compreender e promover o desenvolvimento conceitual, que é o
foco principal desta pesquisa (Chu & Kita, 2016).
Na sala de aula, quando um aluno balança o braço violentamente quando o professor faz
uma pergunta; ou outro tenta não fazer contato visual com o professor, ambos estão usando seus corpos
para dizer ao professor que querem responder à pergunta. Esses movimentos corporais constituem o que
normalmente é chamado de comunicação não verbal (Goldin-Meadow, 2017).
De acordo com Goldin-Meadow (2018), o gesto tem o potencial de impulsionar a
aprendizagem em todas as crianças e talvez reduzir as desigualdades no desempenho em linguagem e
matemática. Além disso, pode ser uma ferramenta que auxilia os professores a entender o que se passa
na cabeça dos alunos, bem como entender o quanto eles aprenderam com o conteúdo por meio de suas
falas articuladas com seus gestos.
Os alunos podem ser encorajados a gesticular quando explicam um problema. Os gestos que
os alunos produzirão provavelmente demonstrarão sua compreensão da evolução do problema, o que
ainda não é evidente em sua fala. Esses gestos podem servir como um diagnóstico que os professores
podem usar para descobrir o que seus alunos sabem e o que estão prontos para aprender (Goldin-
Meadow, 2017).
Por fim, ser encorajado a gesticular sobre um problema pode ajudar os alunos a ativar
quaisquer ideias implícitas que tenham sobre esse problema. Essa ativação, por sua vez, pode torná-los
mais abertos a novas instruções (Goldin-Meadow, 2017). Portanto, os gestos não apenas refletem o
pensamento, mas também têm o potencial de mudar o pensamento de ouvintes e falantes. O gesto é uma
ferramenta que alunos, professores e pesquisadores podem usar para fazer descobertas sobre a mente.
Segundo Chu e Kita (2016), há evidências de que os gestos de co-julgamento e co-discurso
compartilham várias propriedades, sugerindo que são gerados por um mecanismo comum. Segundo os
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pesquisadores, as pessoas produzem mais gestos de coprodução quando a produção da fala é mais difícil
do que quando é menos difícil. Eles produzem mais gestos de julgamento quando uma tarefa silenciosa
de resolução de problemas é mais difícil do que quando é menos difícil.
Finalmente, um gesto não apenas reflete nossos pensamentos, mas também nosso papel na
mudança desses pensamentos. Conhecemos gestos que podem transmitir informações substantivas, de
modo que não é difícil imaginar, que poderíamos aprender vendo os gestos que outras pessoas fazem.
Mas, para ter certeza, precisamos manipular o gesto e explorar o impacto dessa manipulação na
aprendizagem (Goldin-Meadow, 2017).

CONCLUSÃO

A evolução das pesquisas publicadas sobre o uso de gestos em sala de aula mostra claramente
como esse tema vem crescendo ao longo dos anos, como no gráfico 1 e no gráfico 2 do artigo e
prontamente se tornando cada vez mais fascinante. Desde 2009, houve um aumento na publicação de
artigos sobre comunicação não-verbal em periódicos, com aplicações em sala de aula ou ainda discussões
mais teóricas, permitindo que os leitores se questionem sobre a importância deste - antigo e ao mesmo
tempo novo - canal de comunicação com resultados relatando como os gestos podem auxiliar no ensino
de uma segunda língua, na área da educação inclusiva e principalmente no ensino de ciências e
matemática, que muitos alunos acham difícil.
Os gestos no ensino de uma segunda língua podem contribuir na forma como uma nova
palavra é apresentada, na forma como é realizada uma avaliação e até proporcionar maior articulação
entre os gestos e as novas palavras. Na educação inclusiva, o uso de gestos pode fornecer novos caminhos
para pesquisas nessa área, talvez um novo recurso que contribua e auxilie professores e alunos com
deficiências ou transtornos. E no ensino de ciências e matemática, os gestos surgem como ferramenta
para contribuir com o ensino de conceitos considerados abstratos e complexos.
Durante a fala normal, quando detalhamos nosso pensamento ou tentamos explicar um
conceito ou especialmente um modelo científico a um professor ou colega de classe, acabamos usando
gestos para nos expressar. Esses gestos são extremamente importantes, pois através deles é possível
descobrir as imagens mentais do aluno e muitas vezes há uma oportunidade de entender lacunas na fala
do aluno. Portanto, também concluímos nossa revisão de literatura avaliando o importante papel que os
gestos podem desempenhar no processo de ensino-aprendizagem, trazendo novas perspectivas e
caminhos para a educação, bem como novos recursos que visam contribuir para a formação acadêmica
dos alunos.
É importante notar que o gesto pode ser visto como um “dispositivo externo” que ajuda os
humanos a raciocinar sobre diferentes assuntos, inclusive auxiliando no pensamento visuoespacial. Os
gestos são usados para expressar ideias entre sujeitos (função externa) e muito provavelmente também
internalizados como imagens (função interna), assim como Vygotsky (1986) descreve a relação entre
pensamento e linguagem, uma conclusão que os autores gostariam de oferecer com esta revisão.
Para concluir, retomando a questão de investigação deste trabalho, "Qual é o contributo dos
gestos (comunicação não-verbal) no processo de ensino e aprendizagem?" podemos afirmar
definitivamente que os gestos se apresentam como um fator muito importante que contribui para o
processo de ensino e aprendizagem, que não podem ser negligenciados, devendo a sua análise ser
integrada no currículo de formação de professores. Portanto, não apenas o campo da pesquisa em
Educação, mas também a prática da educação tanto em espaços formais quanto não formais, deve
considerar a comunicação não-verbal, e principalmente os gestos – que tentam retratar um determinado
pensamento na mente dos professores ou aprendizes – tão importantes e relevantes quanto a fala e novas
pesquisas devem ser feitas para definir os limites e as possibilidades de abordagem desse importante canal
de comunicação entre os humanos. (Flood et al., 2014; Goldin-Meadow, 2017; Goldin-Meadow, 2018).
A partir da revisão realizada e, em particular, dos dezenove artigos apresentados e discutidos
no artigo apresentado, os autores sugerem novas pesquisas sobre o papel da produção do gesto pelos
professores e sua influência (enquanto pacote semiótico) no pensamento do aluno, especialmente o que
poderíamos nomear como uma espécie de “herança gestual” entre o professor e o aluno.
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Submetido: 11/05/2022
Aprovado: 10/11/2022

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES


Autor 1 – Participação ativa na coleta e análise dos dados, como a redação do artigo.
Autor 2 – Análise dos dados e redação e revisão do artigo.

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES


Os autores declaram não haver conflito de interesse com este artigo.

Editora-Chefe: Suzana dos Santos Gomes

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