Direito Fiscal
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Aula 13/09/2022
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Quer os impostos reais como os pessoais, têm um objeto e um sujeito.
Como objeto (incidem sobre) pode ser um bem, o consumo ou o rendimento
e temos sempre um sujeito passivo, em que o termo mais comum real é o do
contribuinte. Isto significa que a diferença entre impostos reais e pessoais
não está relacionada com a presença ou ausência de um destes elementos; a
diferença assenta na configuração do imposto e quais os elementos nessa
configuração mais relevantes. Ex. IVA- imposto à partida real, que o objetivo
é haver uma neutralidade do imposto- não haver distinções entre o objeto de
tributação. Se o IVA fosse um imposto real em sentido strito haveria uma
única taxa e seria um imposto neutro pois não haveria distinções relacionadas
com eventuais capacidades contributivas dos sujeitos passivos/ contribuinte.
Vão sempre introduzidas especificidades que acabam por distorcer o que
seria o ideal- atividade legislativa. Quanto mais se cumprir os princípios sem
diferenciações, mais coerente o sistema- se não estamos a introduzir
distorções- tentar que haja legislação coerente de acordo com os princípios
estudados para o imposto.
Impostos pessoais: no sec. XX e ainda no séc. XXI incidem sobre o
rendimento e incidem sobre o rendimento global em termos de princípios e
tal como configurados no início do séc. XX. Ou seja, para serem coerentes,
os impostos pessoais não deveriam distinguir entre diferentes categorias de
rendimentos. Ou seja, por exemplo, o imposto que recai sobre rendimentos
de trabalho dependente deveria ser calculado da mesma forma que o imposto
que recai sobre os rendimentos de capitais- não deveria haver uma distinção
entre categorias. O IRS temos várias categorias- ex. trabalho dependente,
trabalho independente. Quando falamos de rendimento, o que conta é o
acréscimo patrimonial- faz-se atualmente- é uma ficção legal e corresponde
ao ano legal do OE. Global- independentemente do Estado que os
rendimentos são gerado, ou seja, independentemente do estado da fonte. Isto
faz-se através da residência, que nos indica o grau de conexão mais fiável no
séc. XX.
A troca de utilidades é o que justifica a existência do imposto- o imposto
serve para fazer face a despesas públicas. Logo, há uma troca de utilidades,
mesmo que não consignadas.
Impostos pessoais: direito fiscal é uma das áreas da tipificação, isto é, não
podemos dizer (lei, fisco, tribunais) caso a caso as pequenas distinções entre
contribuintes. O princípio da igualdade é dado pela capacidade contributiva,
pelo acréscimo patrimonial. Elementos pessoalizantes entram depois de
apurar a coleta- a aplicação da alipta do imposto à matéria tributável.
Abatimentos- elementos pessoalizantes que vão introduzir diferenças de
acordo com uma lógica de Estado social. Abatimentos relacionados com
despesas de saúde, educação etc- há um máximo até ao qual o sujeito pode
deduzir essas despesas.
Imposto pessoal: sempre sobre a pessoal singular, pessoa física.
Crise do imposto social: com a mobilidade dos sujeitos passivos, quer a
nível global quer a nível da UE, e com a mobilidade dos rendimentos de
capitais, passou a ser muito difícil englobar todo o rendimento. Isto é, os
rendimentos com maior mobilidade, como os juros, dividendos, mais-valias,
etc, facilmente são deslocados para países de baixa tributação. Como os
impostos assentam na soberania estadual- cada estado aprova os seus
impostos de acordo com a reserva de lei- isso significa que o desenho dos
impostos também é nacional. Isto coloca em crise o princípio da tributação
global: embora seja mais justo não distinguir entre categorias de
rendimentos, os rendimentos de capitais são tributados de forma muito mais
favorável do que os rendimentos de trabalho, e conseguem escapar à
tributação.
Taxas progressivas: elemento relacionado com a pessoalidade. Até agora
3 tipos de elementos: tributação de rendimento global e universal (não
distinção entre categorias), abatimentos pessoalizantes (juros, despesas de
saúde) e progressividade- legislada através de escalões.
Se houvesse uma taxa proporcional, isso já assegura a capacidade
contributiva- quem tem mais, paga mais. O que justifica a progressividade é
o princípio redistributivo- quem ganha mais, paga mais em termos relativos
e absolutos.
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1.Espécies de Tributos
Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de
prédios lisboetas, que segundo o presidente da CML desarmonizavam a
estética da cidade e afastavam os turistas, o executivo camarário de
Lisboa apresentou à respetiva Assembleia Municipal uma proposta de
criação de uma Taxa Especial a incidir sobre todo e qualquer objeto e
estrutura publicitária colocado na cobertura ou telhado dos imóveis
sitos nos bairros históricos do Castelo, Mouraria, Príncipe Real e
Chiado. Ainda de acordo com a proposta, o tributo deveria assentar
sobre (i) o valor tributário dos prédios e, sempre que este valor se revele
manifestamente desatualizado, (ii) sobre uma ponderação da média dos
rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos proprietários desses
imóveis. A referida proposta propunha também a criação de isenções
específicas para (i) os imóveis cujo valor patrimonial não excedesse os €
2.500 e para (ii) as sedes dos partidos políticos.
Quid iuris?
A taxa no nosso ordenamento jurídico-constitucional é caracterizada como
sendo um tributo sinalagmático ou bilateral, deve poder prosseguir
finalidades fiscais ou extra-fiscais, tal como os impostos, e compreende três
tipos de situações como está consagrado no art. 4º/1 LGT: 1. A contrapartida
pela utilização de serviços públicos; 2. A contrapartida pela utilização de um
bem público ou semipúblico ou de um bem do domínio público; 3. A
contrapartida pela remoção de um obstáculo jurídico ao exercício de uma
atividade por parte dos particulares.
No caso é uma taxa de publicidade: qual é o problema da publicidade?
Alguém tem de regular o que é aceitável em termos de publicidade, e à
medida que alguém paga, cobre-se os custos de regulação, mas pode
penalizar quem faz publicidade e anúncios luminosos. Lógica de poluidor-
pagador.
Não sabemos quem paga: falta a incidência subjetiva (artigo 103.º/2 CRP);
não se consegue pôr este tributo em prática, nem fazer equivalência sem esta
característica da incidência subjetiva, pois não se sabe quem paga.
valor tributário dos prédios: princípio da capacidade contributiva; mas não
faz sentido que seja o proprietário a custear um anúncio que é um terceiro a
colocar no prédio. –
ponderação média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos
proprietários desses imóveis: absurdo- isenções: critério do valor patrimonial
cujo valor patrimonial não excedesse os € 2500;
isenções para as sedes dos partidos políticos: artigo 13.º CRP; princípio da
igualdade no sentido mas formal. Inconstitucionalidade.
Elementos que nos levam a concluir que é uma taxa: bilateridade (remoção
de um obstáculo jurídico)
Elementos que nos levam a concluir que é um imposto: assenta na
capacidade contributiva e no critério ad valorem (mede a riqueza). É um
imposto que está em causa.
Reserva relativa da AR – regime geral das taxas e contribuições financeiras.
Controlo constitucional das taxas, não encontramos para a generalidade das
taxas – fraco. Princípio da cultura de custos – referência para o sinalagma
jurídica, não se sabe o quanto está associado a um serviço ou remoção do
obstáculo jurídico (não tem critérios para determinar o sinalagma
económico). Tribunais usam o critério da manifesta desproporcionalidade,
mas a sua quantificação não é determinada. Critério de choque.
Benefícios fiscais. Art. 2º EBF. Medidas extrafiscais. Desagravamentos e
isenções. Tem conteúdo e tempo limitado. Sujeito a reserva de lei. Excepção
das Autarquias Locais – poder originado, poder de prossecução da política
fiscal definida por lei, podem criar sempre e somente que os benefícios
fiscais relacionados com imposto cuja receita lhe é atribuída.
Com relação aos imóveis com valor patrimonial até 2500 – imóveis deste
tipo são quase inexistentes. Não faz sentido, não tem aplicação prática.
Com relação aos partidos políticos – o benefício faz sentido, pois estes
contribuem para a democracia – princípio do ganho e do mérito.
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4.Princípio da legalidade
Após a outorga, por parte da Assembleia da República, de uma lei de
autorização legislativa, onde se permitia ao Governo «tributar em IRS
todos os rendimentos pessoais que decorram de uma relação de trabalho
dependente», é aprovado um decreto-lei que prevê:
«1 – As prestações a que o trabalhador tenha direito por efeito da lei ou do
contrato de trabalho, assim como as despesas cujo encargo a entidade
patronal assuma no predominante interesse daquele, serão tributadas em
IRS.
2 – O valor tributável das prestações e despesas a que se refere o número
anterior será o seu valor nominal ou, na falta deste, o valor mais próximo
das condições normais de mercado.
3 – As despesas do n.º 1 não serão dedutíveis para efeitos do apuramento
do lucro tributável em IRC e, acaso se mostrem excessivas, serão
tributadas autonomamente à taxa de 42%.
4 – Será fixada, por Portaria, a lista das prestações a que referem os n. os
1, 2 e 3, bem como os critérios concretos para apuramento do seu valor.
5 – São isentados do pagamento do imposto os trabalhadores da
construção naval.»
O Governo aprovou finalmente o decreto-lei que procede à alteração do
imposto sobre a venda de imóveis, pondo termo à imensa fraude que se
tinha instalado no sector da construção civil.
O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de
cada imóvel, um valor a fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua
“localização”, “equipamentos” e “antiguidade”, bem como a “outros
fatores relevantes” que a lei em si mesma não especifica. Por portaria
do Ministro das Finanças haver-se-ia de precisar melhor estes elementos
e o peso relativo de cada um no cálculo do valor tributável.
Ao valor assim determinado aplicar-se-ia uma taxa única de 2% nas
grandes cidades, podendo, fora delas, oscilar a taxa entre os 0,8% e 1%,
consoante deliberação das assembleias municipais, uma solução que a
Federação dos Municípios Portugueses sustenta ser inconstitucional por
comprimir em demasia a autonomia financeira local.
A proposta da Federação era antes a de que na generalidade dos
municípios a taxa pudesse oscilar entre os 0,5% e os 5% e que por
deliberação das assembleias municipais se pudessem isentar de imposto
todos os imóveis situados em “zonas degradadas”, tal como os próprios
municípios as definissem
Quid iuris?
O art.º 165/2 CRP refere a necessidade de a autorização legislativa definir o
objeto, a extensão, a duração e o sentido da mesma, ou seja, as leis de
autorização legislativa devem ter uma determinação mínima.
Quanto a estas exigências relativamente à autorização legislativa, é
pertinente dar nota do acórdão do TC n.º 358/92, que considerou
inconstitucional a autorização legislativa dada ao Governo para este aprovar
o Código das Avaliações da Contribuição Autárquica. O TC considerou que,
dado que a matéria que ia ser regulada era especialmente sensível aos
particulares, justificava-se plenamente que a lei de autorização legislativa
fosse mais rigorosa e precisa na determinação do seu sentido. De outra
forma, estaríamos perante uma autorização legislativa em branco,
esvaziando-se a função habilitante que à AR cabe assumir num processo
legislativo especial como é o das autorizações legislativas (art.º 169 CRP).
Tripla vertente (conteúdo material bastante, matriz orientadora e
informações genéricas sobre a matéria introduzida ou alterada).
Falta densificar, objeto vago, ausência de duração da autorização, falta de
orientação. Violação do princípio da legalidade. Necessário os elementos
essenciais dos impostos.
Relação de trabalho dependente – normalmente vai resultar de um contrato
de trabalho. Despesas a cargo do empregador – existem gastos que vão além
da relação com o trabalhador.
Conceito indeterminado não garante previsibilidade.
O valor tributável é um elemento essencial do imposto.
Fora do âmbito da lei da autorização legislativa, pois só tributa pessoas
singulares. Tributação autônoma.
Critérios tem de ser definidos por lei formal da AR ou pelo GOV autorizado.
Inconstitucionalidade.
Fora da autorização. Benefícios fiscais sujeitos a reserva de lei. Fazer o juízo
do princípio da igualdade. Há interesse público superior? Não se justifica a
isenção a todos os rendimentos. Viola princípio da proporcionalidade.