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NT - 01 - 2022 - Litigância Predatória-CIJ

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15/06/2022

01/2022

LITIGÂNCIA PREDATÓRIA

Palavras-chave: Litigância predatória | Litigiosidade artificial | Abuso de direito

OBJETIVO JUSTIFICATIVA
O acesso abusivo ao sistema de
Ratificar as notas técnicas emitidas por justiça, especialmente por meio de
Centros de Inteligência, setores e lides predatórias, é um dos mais
grupos especiais de diversos tribunais, graves problemas enfrentados pelo
com a compilação e unificação de Poder Judiciário, com sérios prejuízos
todos os dados e informações nela ao erário e grande impacto no tempo
contidos, bem como o acréscimo das médio de tramitação dos processos. A
informações e estratégias construídas ratificação das notas técnicas já
no âmbito do TJMG, inclusive no que produzidas a respeito reforça o valor e
se refere a boas práticas a eficácia dos documentos, e a
potencialmente eficazes para compilação das informações e
prevenção e enfrentamento do abuso estratégias promovem o
do direto de ação. compartilhamento de boas práticas e
conferem maior força ao enfretamento
CONCLUSÃO
da litigância predatória.

A litigância predatória é problema grave que demanda enfrentamento através de


estratégias múltiplas, intraprocessuais, extraprocessuais (gestão de processos de
trabalho) e institucionais, inclusive com soma de esforços de todos os tribunais,
particularmente por meio de seus Centros de Inteligência e mediante colaboração com
outros sujeitos e entidades que atuam no sistema de justiça, particularmente Ministério
Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Defensoria Pública.

Acesse a reportagem no portal R7

SAIBA MAIS
NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Belo Horizonte, 15 de junho de 2022.

NOTA TÉCNICA – LITIGÂNCIA PREDATÓRIA

Considerações iniciais

Em outubro de 2020, o Conselho Nacional de Justiça criou o Centro de


Inteligência do Poder Judiciário, por meio da Resolução nº 349, posteriormente
modificada pela Resolução 442/2021.

Entre as atribuições dos Centros de Inteligência (CIs), incluem-se as de:


prevenir o ajuizamento de demandas repetitivas ou de massa a partir da identificação
das causas geradoras do litígio em âmbito nacional, propor ao Conselho Nacional de
Justiça, relativamente às demandas repetitivas ou de massa, recomendações para
uniformização de procedimentos e rotinas cartorárias e notas técnicas para
aperfeiçoamento da legislação sobre a controvérsia.

Desde que foram instituídos, os Centros de Inteligência de diversos órgãos do


Judiciário brasileiro, particularmente ligados a tribunais estaduais, vêm editando notas
técnicas sobre tema de grande relevância e que merece tratamento firme e adequado
por meio de todo o sistema de justiça: a litigância predatória, isto é, principal forma hoje
verificada de abuso do direito de ação. Sobre a matéria, destacam-se as notas técnicas
do TJMS, do TJMT, do TJPE, do sistema dos Juizados Especiais do TJRN, do NUGEP
do TJTO e do TJDFT.

No Centro de Inteligência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,


especialmente na Comissão de Acesso Anômalo à Jurisdição, muito se discutiu sobre a
melhor conduta a ser adotada, em relação à elaboração de nota técnica sobre a
matéria. A conclusão a que se chegou foi que a estratégia mais adequada,

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1
NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

considerando o excelente conteúdo das notas técnicas já publicadas – em relação aos


dados levantados, aos indícios de abusividade compilados e às boas práticas
divulgadas e a necessidade de fortalecimento da atuação conjunta dos Centros de
Inteligência, que compõem uma verdadeira rede de inteligência nacional – consiste em
uma combinação de: ratificação das notas técnicas editadas, nos termos do art. 50, inc.
1
V da Resolução/TJMG n. 969, de 2021, e compilação do seu conteúdo mais prático.
Assim, reune-se, em um só documento, os indícios de litigância predatória e as boas
práticas para evitar e combater as práticas abusivas, com o acréscimo de contribuições
desenvolvidas no âmbito do próprio TJMG, ao longo dos anos de funcionamento do
NUMOPEDE e desde a fundação do CI local, além de sugestões de ações
institucionais e interinstitucionais que possam potencializar esse combate e torná-lo
muito mais eficaz.

Importante ressaltar que as práticas desenvolvidas no âmbito do TJMG foram


amplamente testadas por diversos magistrados, divulgadas e discutidas por meio de
cursos promovidos pela Escola Judicial Edésio Fernandes, relativos ao tema abuso do
direito de ação2, e foram objeto de monitoramento de aderência pela Corregedoria
Geral de Justiça de Minas Gerais / NUMOPEDE, o qual evidenciou sua eficácia.

Vale mencionar também que tramitou no Conselho Nacional de Justiça o


Procedimento de Controle Administrativo n. 000686279.2021.2.00.00003, no qual foi

1
Art. 50. São atribuições do CIJMG: [...] V - avaliar e, se for o caso, disseminar as medidas
consubstanciadas nas notas técnicas exaradas pelos demais Centros de Inteligência;
2
Cf. VIEIRA, Mônica Silveira. Abuso do Direito de Ação e seu enfrentamento no contexto do TJMG.
Belo Horizonte: EJEF, 2021. E-book. Disponível em: <URL:
https://bd.tjmg.jus.br/jspui/handle/tjmg/12430>. Acesso em: 15 mai. 2022.
3
O relatório da decisão proferida no PCA n. 000686279.2021.2.00.0000 ficou assim A “O requerente
informou a instituição, por intermédio da Portaria nº 5.029/CGJ/2017, do Núcleo de Monitoramento do
Perfil de Demandas (NUMOPEDE), no âmbito do TJMG, com atribuição de identificar demandas
fraudulentas e outros eventos atentatórios à dignidade da Justiça, inclusive por meio da centralização do
recebimento de notícias de condutas fraudulentas reiteradas. Afirmou que o NUMOPED editou, em
26/07/2018, o Comunicado nº 3/2018, o qual faz recomendações aos magistrados do TJMG nas ações
que versem sobre indenização por danos morais decorrentes de inscrição indevida em cadastros de
inadimplentes. Sustentou ilegalidades nos itens I, II, III, IV e VI do referido Comunicado, uma vez que: o
item I contraria o art. 105 do CPC e os arts. 107 e 654 do CC ao exigir a oitiva do autor para apurar
validade da assinatura constante na procuração; o item II contraria o art. 319 do CPC ao adicionar
requisitos à petição inicial; o item III contraria o art. 98 do CPC por apresentar novas exigências para a
concessão de assistência judiciária; o item IV inova sobre direito processual, tendo em vista a adição de
um requisito à petição inicial; e o item VI contraria também o art. 105 do CPC, porquanto o referido artigo

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2
NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

requerido o cancelamento/anulação/revogação dos itens I, II, III, IV e V do Comunicado


n. 03, de 2018, do NUMOPEDE do TJMG, pedidos esses que foram julgados
improcedentes, em decisão das quais se destaca, porque relevantes, a seguinte
passagem:

O TJMG, por intermédio do seu NUMOPEDE, editou o


Comunicado nº 3/2018 para enfrentamento de casos de abuso e
fraudes, no âmbito do Judiciário mineiro, relacionadas às ações
que discutem a inscrição no cadastro de inadimplentes.

De outro lado, o Conselho Nacional de Justiça editou - visando


coibir judicialização predatória que possa acarretar o cerceamento
de defesa, bem como a limitação da liberdade de expressão – a
Recomendação CNJ nº 127/22. Constou nos fundamentos do voto
condutor do ato normativo deste Conselho, que a finalidade da
citada Recomendação era evitar “o uso desvirtuado de
instrumentos próprios do Estado, entre os quais as ações judiciais,
para, indiretamente, restringir o exercício de direitos fundamentais.
Por conseguinte, é imperioso que o Poder Judiciário adote
cautelas para mitigar os danos decorrentes da judicialização
predatória até a definição questão seja definida ulteriormente pelo
Poder Legislativo”.

Com efeito, percebe-se que o Comunicado impugnado vai ao


encontro da Recomendação do CNJ, uma vez que o intuito do
NUMOPEDE mineiro foi justamente apresentar sugestões, sem
caráter cogente, aos magistrados do Tribunal no sentido de
auxiliá-los no enfrentamento da judicialização predatória.

permite ao advogado receber e dar quitação. Ao final requereu: “I) – o recebimento deste
PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO com a sua consequente tramitação perante este
Conselho Nacional de Justiça; II) – a concessão da liminar pretendida, suspendendo-se a aplicação do
item VI do comunicado n° 03 do NUMOPEDE do TJMG até o deslinde final deste procedimento,
procedendo-se com as comunicações de estilo; III) – após cumpridas as formalidades legais (art. 92 e 94
do RICNJ), que esse Egrégio Conselho acolha o presente Procedimento de Controle Administrativo, a
fim de cancelar/anular/revogar, em definitivo, os itens I, II, III, IV e VI do COMUNICADO N° 3 –
NUMOPED 2018, expedido pelo E. TJMG;”

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Nesse sentido, vê-se que o Comunicado expedido pelo TJMG não


afeta a independência nem a autonomia dos seus juízes e
desembargadores, mas apenas alerta os magistrados sobre as
demandas predatórias nos casos em que se discute a inscrição de
autores no cadastro de inadimplentes.

Assim, considerando a autonomia administrativa do Tribunal, não


se verifica, sob qualquer perspectiva, ilegalidades nos atos
administrativos impugnados que permitam a intervenção do
Conselho Nacional de Justiça.

Na sequência, em supervisão de aderência às medidas adotadas pelo


NUMOPEDE4, a Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
expediu o Ofício n. 5191/2021, demonstrando a eficácia de suas ações de combate às
demandas predatórias, em especial aquelas indicadas no supramencionado
Comunicado n. 03, de 2018, do qual se destaca:

Após quatro anos da implementação do NUMOPEDE e


disseminação das "boas práticas" pelos magistrados mineiros,
apresentamos a V. Exa. alguns dos resultados positivos que a
Justiça Mineira vem colhendo, demonstrados a partir de gráficos
que apontam visível redução na propositura de ações por alguns
dos advogados "ofensores" acompanhados no NUMOPEDE [...].

1 . Monitoramento de um causídico cuja atuação se pauta,


reconhecidamente, em uso de documentos falsos, distribuição
sem consentimento da parte, apropriação indevida de valores,
4
“Assim, como forma de avaliar e fazer gestão sobre a disseminação do conteúdo da nota técnica, criou-
se o procedimento de supervisão de aderência, uma ferramenta muito simples de acompanhamento de
cada tema apreciado pelos centros judiciais de inteligência. Se a finalidade dos centros é convencer por
meio do diálogo e irradiar conhecimento voltado à efetivação de uma governança judicial, esse
acompanhamento é fundamental para avaliação do trabalho desenvolvido, assim como para definição
das estratégias de comunicação a serem desenvolvidas ou eventualmente renovadas. Para isso, foi
necessário conceber um expediente de verificação de adesão à rede pelos atores envolvidos. Não há
uma forma específica para supervisão de aderência ou mesmo uma cronologia determinada.”
(CLEMENTINO, Marco Bruno Miranda. Supervisão de aderência nos centros de inteligência. – Brasília:
Conselho da Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 2019. p. 58. Disponível em:
<https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-
1/serie-cej-cnijf-1/serie-cej-cnijf-2/@@download/arquivo>. Acesso em: 01/06/2022.)

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4
NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

indicação de endereço incorreto da parte e outros. Após o


monitoramento, identificação de referidas fraudes pela 1a
instância e atuação severa dos magistrados das Comarcas mais
afetadas, o volume absurdo de processos distribuídos reduziu de
forma significativa.

[...]

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

2. Causídico com atuação em distribuição de demandas


temerárias e práticas abusivas para obtenção de ganhos
mediante condenações em dano moral. Iniciou sua atuação de
forma concentrada nas Comarcas de Varginha e Três Corações
e, após atuação severa dos magistrados daquelas Comarcas,
iniciou sua migração para a região metropolitana de Belo
Horizonte onde também teve suas práticas imediatamente
identificadas e afastadas.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

3. Causídico com suspeita de falsificação de comprovantes


de endereço para distribuição de demandas. Após
orientação sobre ferramentas para conferência de
veracidade do CEPNET e indicação de sistemas
conveniados para consulta, sua distribuição praticamente
parou.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

4. Outro causídico com distribuição de demandas mediante uso


de comprovantes de endereço adulterados cuja redução de
atuação foi detectada:

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

5 . Causídico com distribuição massiva nos Juizados Especiais,


fatiamento de demandas, indicação incorreta de endereços para a parte
autora e suspeita de adulteração de comprovantes de endereços:

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

6 . Causídico que faz uso de indicação incorreta de endereço dos


bancos demandados para simulação de revelia, fatiamento de
demandas para distribuição massiva, suspeitas de falsificação de
acordo extrajudicial apresentou redução de sua distribuição:

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

7. Causídico com distribuição massiva e abusiva concentrada na


Comarca de Novo Cruzeiro. A atuação identificada na Turma Recursal
do JESP da Comarca de Teófilo Otoni e comunicada ao NUMOPEDE. A
atuação abusiva foi severamente reduzida mediante atuação do juízo da
Comarca.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Além da relevância de valorizar e aproveitar o excelente trabalho já


desenvolvido por outros CIs e de fortalecer a rede nacional de inteligência 5, outras
razões de grande importância que conduziram à opção indicada foram: o fato de a
Resolução CNJ 349/2020 apontar para a necessidade de atuação dos CIs em rede e
de que trabalhem de forma colaborativa; a constatação de que as práticas de abuso do
sistema de justiça se repetem e são reproduzidas, muitas vezes pelos mesmos
(poucos) profissionais ou por profissionais entre si associados, em diversos Estados da
federação; a verificação de que boas práticas de prevenção e combate a focos de
abuso do direito de ação, aplicadas em diferentes regiões do país, têm se mostrado
igualmente eficazes, apesar das diferenças socioculturais e geográficas existentes.

Optou-se ainda por não se tratar, nesta nota técnica, da conceituação das
práticas de abuso do sistema de justiça e da terminologia a ser utilizada para designá-
la (litigiosidade artificial, litigância predatória, litigância agressora, fragmentação de
demandas, pulverização de ações etc.), pois, além de haver fartas e muito acertadas
considerações a respeito nas notas técnicas que ora se ratificam, ainda há
necessidade de padronização de tal nomenclatura, o que, em respeito à Resolução
349/2020 do CNJ e ao princípio democrático, sugere-se seja efetuado por meio de
ação conjunta dos diversos Centros de Inteligência dos tribunais brasileiros.

Efeitos deletérios do acesso abusivo ao Poder Judiciário

Ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.995/DF, o Relator,


Ministro Luís Roberto Barroso, ressaltou que a “possibilidade de provocar a prestação
jurisdicional precisa ser exercida (...) com equilíbrio, de modo a não inviabilizar a
prestação da justiça com qualidade”. O magistrado salientou vários dos efeitos
intensamente negativos do exercício abusivo do direito de ação:

5
Nos termos do art. 50, inc. V, da Resolução/TJMG n. 969/2021: [...] V - avaliar e, se for o caso,
disseminar as medidas consubstanciadas nas notas técnicas exaradas pelos demais Centros de
Inteligência;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

O exercício abusivo do direito de deflagrar a jurisdição, a


litigiosidade excessiva, a utilização do Judiciário como
instrumento para a obtenção de acordos indevidos ou,
ainda, para a procrastinação do cumprimento de
obrigações implica o uso ilegítimo do Judiciário e a
sensação difusa de que a Justiça não funciona. O volume
desproporcional de processos compromete a celeridade, a
coerência e a qualidade da prestação jurisdicional e importa
em ônus desmedidos para a sociedade, à qual incumbe arcar com
o custeio da máquina judiciária.

Como é notório o fato de que inexistem meios materiais que viabilizem elevar
indefinidamente o dispêndio de recursos com a prestação jurisdicional, o ministro
Barroso salienta que o “aumento do volume de casos tende a gerar uma piora do
serviço, quer em virtude do congestionamento das diversas instâncias, quer por perda
da qualidade na prestação jurisdicional”. Aduz que a redução de qualidade
frequentemente se traduz em aumento de índice de erros, “enseja a produção de
decisões contraditórias e gera a inobservância de precedentes, provocando o que
alguns autores têm denominado jurisprudência lotérica”.

De tal decisão se conclui que é admissível e mesmo desejável que as normas


processuais e as decisões judiciais estabeleçam “estruturas de incentivos ou de
desincentivos para a litigância” que possam gerar efeitos importantes “sobre a carga de
trabalho enfrentada pelo Judiciário”, pois “excesso de acesso à justiça gera a
denegação de acesso à justiça”.

No Relatório Justiça em Números de 20216, relativo ao ano-base 2020, o


Conselho Nacional de Justiça registrou que os dois assuntos mais demandados da
área cível, na Justiça Estadual Comum, foram:

1. Direito Civil – Obrigações/Espécies de Contratos - 2.665.873


processos (5,08% do total)
2. Direito do Consumidor – Responsabilidade do
Fornecedor/Indenização por Dano Moral - 1.655.989 processos
(3,15% do total)
6
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2021. Brasília: 2021.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

É razoável supor que o número de processos anualmente distribuídos que


realmente envolvem esses temas deve ter sido muito maior, por dois motivos
principais: a tabela de assuntos do CNJ contém vários assuntos passíveis de
cadastramento para esse tema, e verifica-se com frequência o cadastramento indevido
de assunto, seja por erro ou desconhecimento, seja com a finalidade de dificultar a
identificação de focos de abusos e a elaboração de estatísticas confiáveis.

Consta ainda do referido relatório produzido pelo CNJ que, nos Juizados
Especiais Estaduais, o primeiro e quinto assuntos mais demandados foram:

1. Direito do Consumidor – Responsabilidade do


Fornecedor/Indenização por Dano Moral - 635.296 processos
(8,87% do total)

5. Direito Civil - Obrigações/Espécies de Contratos- 209.966


processos (2,93% do total)

Os números aqui registrados indicam apenas a distribuição de processos, em


2020, cadastrados nesses assuntos, na Justiça Estadual. Esses assuntos foram eleitos
para evidenciar os consideráveis prejuízos decorrentes do abuso de acesso ao sistema
de justiça porque duas das espécies de demandas em relação às quais tem sido maior
a incidência de litigância predatória, em todo o Brasil, como consta inclusive das notas
técnicas que ora se ratificam, são as ações declaratórias de inexistência de débito, com
pedido de exclusão de negativação, frequentemente acompanhado de pleito de
indenização por danos morais, e as ações revisionais de contratos bancários,
demandas usualmente cadastradas sob os assuntos acima indicados7.

Ademais, os dados e informações colhidos e analisados pelos Centros de


Inteligência e pelos NUMOPEDEs (Núcleos de Monitoramento do Perfil de Demandas)
de diversos tribunais, nos últimos anos, indicam que, em todos os tribunais estaduais
7
VIEIRA, op. cit.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

do país, em relação a essas duas matérias, pelo menos 30% da distribuição média
mensal consiste em manifestação de litigância predatória artificialmente criada, isto é,
sem base na realidade dos fatos. O percentual medido a cada ano, a partir do
cuidadoso monitoramento realizado, tem sido até maior, mas, como 30% é um mínimo
mensal usualmente constatado por todo o país, usar tal parâmetro permite indicar uma
estimativa mínima bastante segura do prejuízo anual causado ao erário.

Para estimar o prejuízo com um mínimo de segurança, utiliza-se um dado


jurimétrico validado pelo Conselho Nacional de Justiça, que, em março de 2011,
divulgou que, a seu pedido, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
calculou que o custo unitário médio do processo de execução fiscal, na Justiça Federal
de primeiro grau de jurisdição, era de aproximadamente R$4.300,00, em números
aproximados8. Tal valor, corrigido monetariamente segundo os índices divulgados pela
Corregedoria de Justiça de Minas Gerais até março de 2022, atingiu R$8.270,13.

Esse valor pode ser utilizado como base para estimar o custo médio de um
processo que tramite nas duas instâncias da Justiça Estadual, pois, embora os custos
da Justiça Federal por processo sejam, em princípio, mais elevados, a referida quantia
diz respeito a execução fiscal, tipo de procedimento de tramitação bastante simples, e
foi determinada apenas para seu processamento em primeira instância.

Tomando-se o mencionado valor como base, e considerando que, em relação


aos assuntos processuais indicados, os dados colhidos criação de litigiosidade artificial
no patamar mínimo 30%, constata-se que, em 2020, houve ingresso, na Justiça
Estadual brasileira, de, no mínimo, 1.296.558 demandas não baseadas em litígios
reais, fabricadas em busca de ganhos ilícitos, considerando-se apenas nos dois
assuntos referidos, ao custo mínimo de R$10.726.592.886,54 (mais de dez bilhões e
setecentos e vinte e seis milhões de reais), em primeira e segunda instâncias, valor
que foi praticamente todo absorvido pelo Estado brasileiro, pois quase 100% dessas
ações é movida sob justiça gratuita.

8
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. A execução fiscal no Brasil e o impacto no Judiciário. Brasília:
julho de 2011.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Em relação ao Juizado Especial, considerados os dois assuntos apontados, o


custo seria de R$2.097.123.025,14 (mais de dois bilhões e noventa e sete milhões de
reais), para processamento de 253.578 feitos.

Além dos prejuízos diretamente econômicos, não se pode perder de vista a


grande quantidade de tempo despendida por magistrados e servidores para apreciar,
zelar da tramitação e monitorar as lides predatórias, tempo que deveria ser dedicado à
apreciação, processamento e julgamento de litígios legítimos, fundados em lides
materiais. Caso isso pudesse ocorrer, o tempo médio de tramitação dos processos
judiciais se reduziria intensamente, com grande aumento da eficácia e eficiência da
prestação jurisdicional se elevaria e consequente elevação da credibilidade do sistema
de justiça9.

Ratificação das notas técnicas precedentes sobre litigância predatória

Em virtude das considerações acima feitas e do relevante conteúdo das


notas técnicas já publicadas por outros Centros de Inteligência de tribunais estaduais,
que confirmam os dados e informações colhidos pelo NUMOPEDE e pelo CI do TJMG,
e tendo em vista os resultados das intensas discussões desenvolvidas neste Centro de
Inteligência, particularmente no âmbito de sua Comissão de Acesso Anômalo à
Jurisdição, ratificam-se as notas técnicas emitidas pelo: Centro de Inteligência dos
Juizados Especiais do TJRN – Nota Técnica nº 01/2020; Centro de Inteligência da
Justiça do Distrito Federal (CIJDF) – Nota Técnica nº 02/2021; Centro de Inteligência
da Justiça Estadual do Estado de Pernambuco (CIJUSPE) – Nota Técnica nº 02/2021;
Centro de Inteligência do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul – Nota Técnica nº
01/2022; Centro de Inteligência do Núcleo de Gerenciamento de Precedentes
(CINUGEP) do TJTO – Notas Técnicas números 02/2021 e 03/2021; Grupo de
Trabalho instituído pela Portaria nº 026/2021 CGJ/TJMT – Nota Técnica de abril de
2021.

9
VIEIRA, op. cit.

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Consolidação e compilação dos dados e informações sobre indícios


de litigância predatória

Considerando o conteúdo das notas técnicas ora ratificadas os dados


colhidos pelo NUMOPEDE do TJMG e pela Comissão de Acesso Anômalo à Jurisdição
deste Centro de Inteligência, e compilando as informações produzidas, listam-se as
seguintes condutas indicativas de possível litigância predatória:

1. Em relação à petição inicial

Petições iniciais dotadas de causa de pedir vaga e genérica, com conteúdos


muito semelhantes entre si, frequentemente distribuídas em grandes quantidades;

Petições iniciais que, embora veiculem lide que demandaria


discussão de questões fáticas, não contêm narração fática
assertiva (alegações como a de que: o autor não lembra se
contratou com o réu; foi cliente do réu, mas não contratou o débito
que levou à negativação, mas sem especificar as obrigações que
teria contratado; assinou proposta de cartão de crédito, mas não o
utilizou; foi titular de cartão de crédito, mas não reconhece o
débito que lhe é imputado, sem, no entanto, discutir concreta e
especificamente os lançamentos contidos nas faturas contra si
emitidas; causa de pedir com alegações sucessivas hipotéticas, e,
ao final, pedidos sucessivos fundados em hipóteses);

Petições iniciais que veiculam pretensão de exibição de


documentos, sem detalhamento de razões específicas e
concretas que evidenciem verdadeira necessidade da
documentação (uso de procedimentos diversos, como produção
antecipada de provas, tutela de urgência cautelar, procedimento

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

comum), frequentemente com valor da causa elevado e


desarrazoado;

Petições iniciais de ações revisionais de diversas espécies de


contratos desacompanhadas do contrato a ser revisto;

Petições iniciais de ações revisionais de diversas espécies de


contratos, com causa de pedir composta de alegações genéricas,
não referentes a cláusulas contratuais específicas, muitas vezes
contrárias à jurisprudência dominante e mesmo a precedentes
qualificados;

Petições iniciais de ações revisionais de contratos com valor da


causa desproporcional ao conteúdo econômico das pretensões
deduzidas;

Petições iniciais de ações que discutem empréstimos


consignados com causa de pedir vaga, que não indica se houve
ou não contratação, e, em casos em que se admite o recebimento
do valor do crédito, desacompanhadas de comprovante de sua
devolução ou de depósito judicial da quantia creditada;

Petições iniciais que discutem inscrição em cadastros para fim de


definição de nota de crédito (como cadastros internos de
instituições financeiras e Serasa Limpa Nome) como se se
tratasse de cadastros de devedores inadimplentes;

Petições iniciais desacompanhadas de documentos


comprobatórios das alegações ou com documentos relativos a
fatos alheios à demanda, frequentemente com pedidos de
exibição de documentos (prática comum em ações revisionais,

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

consignatórias, condenatórias em obrigação de dar e


declaratórias de inexigibilidade de débito);

Petições iniciais de ação declaratória de inexistência de débito


com pedido de tutela de urgência consistente em retirada de
negativação propostas por autores que se revelam “devedores
contumazes”, com inúmeras inscrições em diversos cadastros de
proteção ao crédito;

Requerimentos de justiça gratuita desacompanhados de


documentos comprobatórios do preenchimento dos requisitos
necessários à concessão do benefício

Petições iniciais, particularmente em matéria referente a relação


de consumo, com manifestação de ausência de interesse em
conciliar.

2. Em relação aos documentos que instruem a petição inicial

Procuração, declaração de pobreza e outros documentos com


assinatura digital não lançada por meio de certificação digital
adequada, isto é, certificado relacionado a sistema de chaves
públicas e privadas em conformidade com as normas do ICP-
Brasil;

Procuração e declaração de pobreza com assinatura “montada”


(colagem, sobreposição, escaneamento);

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Procuração e declaração de pobreza com assinatura visivelmente


diferente da constante nos documentos de identificação
apresentados;

Procuração genérica e/ou com campos em branco;

Procuração com aposição de impressão digital ou de assinatura “a


rogo”;

Procuração com assinatura provavelmente lançada por pessoa


analfabeta, que apenas “desenha o nome”;

Procuração com data de outorga muito anterior ao ajuizamento da


ação;

Uso da mesma procuração para ajuizamento de diversas ações;

Documentos de identificação xerocopiados ou escaneados de


forma pouco legível;

Comprovantes de negativação não expedidos pela própria


entidade mantenedora do cadastro de inadimplentes e/ou sem data
e horário de emissão, indicação da fonte dos dados e número de
protocolo;

Comprovantes de negativação incompletos, que não contêm todas


as inscrições existentes em determinada data;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Comprovantes de negativação emitidos por meio de ferramentas


que permitem selecionar apenas uma ou algumas das restrições
existentes (ex: ferramenta Zoom da Serasa);

Comprovante de endereço consistente em documento “montado”


(colagem ou sobreposição);

Comprovante de endereço em nome de terceiro estranho à relação


processual;

Documentos apresentados para comprovação do preenchimentos


dos requisitos necessários à concessão da gratuidade judiciária
inadequados ou incompletos (como cópia incompleta da carteira de
trabalho ou documentos supostamente indicativos de que o autor
não declara imposto de renda).

3. Em relação à atuação profissional

Distribuição de muitas ações (na mesma comarca, em comarcas


diversas ou até em diferentes Estados da federação) sobre uma
mesma matéria, iniciadas por petições iniciais dotadas de causa
de pedir vaga e genérica;

Ausência de comparecimento pessoal às audiências;

Frequente apresentação de comprovantes de negativação


emitidos em determinadas cidades, sem relação com o domicílio
dos autores;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Indicação de endereço propositalmente errado do réu, a fim de


induzir revelia indevidamente;

Ajuizamento de ação em comarca que não tem relação com o


litígio (ex: em comarca em que o réu tenha filial, mas na qual não
tenha sido praticado qualquer ato relativo à lide);

Fragmentação de pretensões relativas à mesma relação jurídica,


com a finalidade de tentar multiplicar ganhos (indenização,
honorários);

Atribuição de valor excessivo à causa;

Ajuizamento concomitante da mesma ação, em diversas


comarcas ou em diferentes unidades jurisdicionais da mesma
comarca, com posterior manifestação de desistência nos autos
daquelas demandas distribuídas a juízo com entendimento judicial
menos favorável ou em que houver oferecimento de defesa mais
consistente;

Ações ajuizadas em grandes quantidades em comarcas diversas


daquelas em que os autores residem, apesar de se tratar de
relação de consumo;

Apresentação, após o depósito do valor previsto na condenação,


de procuração com poderes para receber valores (poderes
ausentes na primeira procuração juntada aos autos), com
assinatura divergente da que constou no primeiro instrumento de
mandato juntado aos autos;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Ajuizamento de ação ou prosseguimento de seu processamento


como suposto representante da parte após o falecimento do
outorgante do mandato, inclusive com tentativa de levantamento
de valores;

Distribuição de ações diversas discutindo diferentes negativações


lançadas pelo mesmo réu;

Fragmentação de pretensões com o propósito de burlar o teto de


valor legalmente estabelecido para definição da competência do
Juizado Especial;

Fracionamento de pretensões, inclusive de exibição de


documentos, para obter a fixação de várias verbas honorárias;

Adulteração e manipulação do conteúdo de comprovantes de


negativação (como, por exemplo, supostos comprovantes de
negativação, juntados a processos diferentes, com mesmos data
e horário de emissão e número de protocolo, mas conteúdos
diversos);

Manifestação frequente de renúncia ao direito invocado na petição


inicial, em ações declaratórias de inexistência de relação jurídica,
após o réu, com a defesa, comprovar que a relação existiu;

Frequente atuação em outros Estados de forma repetida,


direcionada para um mesmo tipo de causa, em grande número de
demandas, frequentemente sem indicação da inscrição
suplementar na OAB local e por vezes com uso de
representações diversas contra magistrados como forma de tentar

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

intimidá-los e evitar o uso de estratégias de enfrentamento de


litigância predatória;

Patrocínio de número exorbitante de ações, comparativamente à


média dos profissionais da área, e com número desproporcional
de manifestações de desistência e/ou renúncia após a
contestação e de ausência de comparecimento a audiências no
Juizado Especial e a audiências de instrução designadas, na
Justiça Comum, para coleta de depoimento pessoal;

Atribuição indevida de segredo de justiça ao distribuir a ação, para


evitar a identificação de litispendência, de coisa julgada e de
conexão e a construção de estatísticas confiáveis;

Distribuição de novas ações idênticas a outras já extintas, ou de


ações referentes à mesma relação jurídica já discutida
judicialmente, sem informar a existência de ação anterior;

Uso abusivo da plataforma consumidor.gov, inclusive por meio de


fornecimento de dados de contato do advogado, e não do
consumidor, o que faz com que instituições financeiras muitas
vezes se neguem a fornecer informações, tendo em vista o direito
fundamental ao sigilo de informações financeiras.

Boas práticas de gestão de processos judiciais e de processos de trabalho para


o enfrentamento (prevenção e combate) da litigância predatória

Monitorar com elevada frequência a distribuição de ações para a


unidade jurisdicional em que se atua, a fim de identificar padrões
anômalos de distribuição de demandas, novos profissionais que

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

possivelmente estejam adotando práticas abusivas e novas


estratégias potencialmente configuradoras de litigância predatória,
e de criar e manter banco de dados a respeito, inclusive para
compartilhamento com outros magistrados e com os setores e
órgãos de inteligência;

Usar as etiquetas do sistema PJe para identificação de processos


a serem monitorados e de dados processuais relevantes, que
demandem atenção especial;

Acrescentar à certidão de triagem informações relevantes, como,


por exemplo, referentes a irregularidades em documentação,
atribuição de sigilo indevida, existência de outros processos do
mesmo autor em tramitação ou já extintos;

Treinar a equipe da unidade jurisdicional para auxiliar no


monitoramento da litigância predatória;

Analisar com cautela os requerimentos de justiça gratuita: fixar


prazo para comprovar o preenchimento dos requisitos, pesquisar
dados relevantes em sistemas informatizados, como Infojud e
Renajud, exigir cópias legíveis e integrais de documentos como
carteira de trabalho;

Verificar a idoneidade do instrumento de mandato, sua higidez


formal, se é genérico, se foi outorgado recentemente, comparar a
assinatura com a constante dos documentos de identificação
apresentados, se a assinatura digital foi aposta por meio de
certificado digitar emitido em conformidade com as exigências do
ICP-Brasil, e, em caso de irregularidade, intimar o autor para
juntar nova procuração, sob pena de extinção;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Caso o autor seja analfabeto, determinar a juntada de procuração


outorgada por instrumento público, sob pena de extinção;

Determinar a juntada de documentos de identificação totalmente


legíveis e completos;

Intimar o autor para juntada de comprovante de endereço


atualizado e em seu nome, e, caso se aceite justificativa para a
apresentação de comprovante de endereço em nome de terceiro,
determinar comprovação da relação existente entre a parte autora
e o terceiro;

Caso remanesça dúvida sobre os documentos pessoais que


instruíram a inicial e/ou a outorga de mandato, determinar a
intimação do autor para que compareça à secretaria do juízo,
munido de seus documentos de identificação pessoal, a fim de
que sejam devidamente conferidos e digitalizados e de que o
autor ratifique o conteúdo do instrumento de mandato e da
declaração de pobreza;

Em caso de repetição de demanda anteriormente extinta, com


condenação ao pagamento de custas, exigir a comprovação do
pagamento das custas devidas em relação à ação anterior;

Se houver suspeita de abuso do sistema de justiça, realizar


buscas pelo CPF da parte autora no sistema PJe e nos demais
sistemas disponíveis, para identificação de condutas semelhantes
que hajam sido adotadas pelo advogado e/ou pela parte autora;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Análise rigorosa da possível configuração de prevenção, conexão


ou continência, com verificação da possibilidade e relevância da
reunião de todos os processos relativos às mesmas partes e até
mesmo de processos de um mesmo autor, ainda que com
diferentes réus, inclusive nos casos em que houver possibilidade
de aplicação da Súmula nº 385 do STJ e em razão da possível
influência recíproca da decisão de cada caso na definição do valor
da indenização por danos morais;

Adoção de especial cautela na análise de documentos que


instruem processos eletrônicos, especialmente em busca de
sinais de eventual adulteração; na hipótese de suspeita de
irregularidade, buscar certificar-se da legitimidade dos dados e
documentos apresentados, inclusive mediante ordem de
apresentação de documentação original, para conferência;

Analisar cuidadosamente documentos como boletins de


ocorrência, requerimentos administrativos, comprovantes de
negativação e laudos periciais;

Verificar, inclusive por meio da consulta de autos de outras


demandas do mesmo autor ou patrocinados pelo mesmo
advogado, a possível utilização de um único documento,
indevidamente, para instrução de demandas diversas;

Conferir a autenticidade do número de protocolo de documentos;

Analisar cuidadosamente o valor atribuído à causa e realizar, de


ofício, os ajustes necessários, especialmente tendo em vista o
frequente manejo de lides predatórias com o distorcido objetivo
direto e imediato de obtenção de honorários sucumbenciais e a

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

possibilidade de que seja aplicável ao feito a norma que prevê a


fixação da verba honorária em percentual sobre o valor da causa;

Nas ações desprovidas de conteúdo econômico imediato,


especialmente nas que veiculam exclusivamente pretensão de
fornecimento/exibição de documentos, reduzir o valor da causa
desproporcionalmente atribuído para valor equivalente a um
salário mínimo nacional vigente na data da distribuição;

Nas ações revisionais de contratos, especialmente de contratos


bancários, avaliar o valor da causa e adequá-lo ao conteúdo
econômico das pretensões, de ofício, ou, se tal providência não
for possível, determinar a emenda da petição inicial, para que tal
adequação seja providenciada, inclusive com apresentação de
planilha que evidencie o proveito econômico perseguido;

Analisar cuidadosamente o conteúdo da petição inicial e


determinar a emenda, para esclarecimento da causa de pedir, em
caso de ausência de informações assertivas sobre ocorrência ou
não da contratação questionada, existência ou não do débito ou
qualquer outro fato relevante para o litígio;

Em caso de comprovante de negativação incompleto, emitido por


meio de ferramenta que viabilize a seleção de apenas alguma(s)
das restrições existentes ou obtido por meio de plataforma que
não seja mantida por cadastro de inadimplentes e/ou desprovido
de informação sobre fonte dos dados, data e horário de emissão e
número de protocolo, determinar a juntada de documento idôneo
para comprovar o lançamento da restrição e que contenha todas
as restrições existentes;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Designar audiência de conciliação sempre que houver indício de


litigância predatória, com aplicação da multa legalmente prevista
para o caso de ausência de comparecimento;

Não deixar de impor todos os ônus processuais legalmente


previstos àqueles que possivelmente abusam do sistema de
justiça, pois o contrário implica em reduzir os custos para que
litiguem, com o consequente estímulo à litigância predatória;

Conferir atentamente os documentos de todos os que


comparecerem às audiências para delas participarem;

Sempre que ainda pender dúvidas sobre a relação material


subjacente, após a apresentação de contestação, designar
audiência de instrução para coleta do depoimento pessoal do
autor;

Em caso de configuração de revelia de pessoas jurídicas,


especialmente daquelas de grande porte, conferir se o endereço
informado na petição inicial, em que houve a citação, realmente
corresponde a sede ou filial da parte ré;

Consultar, sempre que relevante, o histórico de negativações do


autor, relativo a período pretérito considerável, inclusive para fim
de correta aplicação da Súmula n. 385 do STJ e de determinação
de valor adequado de indenização, em caso de existência de
negativações posteriores à que se discute nos autos;

Nas ações declaratórias de inexistência de relação jurídica com


pedido de tutela de urgência para retirada de negativação em que
haja indícios de litigância predatória, adiar a apreciação do

Acesse resumo da NT

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

requerimento de tutela de urgência para momento imediatamente


posterior à apresentação da defesa ou ao esgotamento do prazo
legalmente previsto para seu oferecimento;

Antes de homologar acordos, em processos com indícios de


litigância predatória, conferir com cautela os poderes outorgados
e as assinaturas lançadas, avaliar o conteúdo do acordo, e, em
relação a acordo celebrado após a prolação de sentença, conferir
se a parte que assumiu obrigações no acordo foi realmente
condenada a pagar valor ou a fazer algo;

Se houver dúvida sobre a ciência do autor em relação à


celebração do acordo ou no tocante à regularidade da sua
representação processual, determinar sua intimação pessoal, por
mandado, para se manifestar nos autos, ou designar audiência
para sua oitiva, na qual se apreciará o pleito de homologação da
transação;

Aplicar penalidade por litigância de má-fé sempre que cabível,


inclusive em caso de desistência ou renúncia, em ação
declaratória de inexistência de relação jurídica, quando a
desistência ou renúncia houver sido manifestada somente após a
apresentação de contestação acompanhada de prova adequada
da existência da relação inicialmente negada;

Se existirem indícios de litigância predatória e/ou denúncia


anterior de ausência de repasse de honorários a cliente, ao se
expedir alvará também em nome do advogado, determinar a
intimação pessoal do autor a respeito da realização de pagamento
em seu favor e da expedição do alvará;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Apreciar com cautela requerimento de inversão do ônus da prova


ou verificar se realmente está configurada hipótese de pretensão
fundada em fato negativo que não deixa vestígio, em que o ônus
probatório deve ser atribuído ao réu (por exemplo, se o autor
afirma na inicial que é ex-cliente do réu, mas que não reconhece o
débito objeto da negativação, é ônus do autor especificar qual a
relação jurídica que manteve com o réu, durante qual período tal
relação esteve vigente, quais foram as obrigações contraídas, e
provar que as adimpliu);

Nas ações em que se nega a contratação de empréstimo,


especialmente na modalidade de crédito consignado, expedir
ofício ao banco para informar sobre a titularidade da conta em que
houve o crédito do valor emprestado, determinar a apresentação
de extratos de contas bancárias e a realização de perícia
grafotécnica;

Nas ações em que se nega a contratação de empréstimo


consignado, mas houve o crédito do valor emprestado em favor
do autor, condicionar a concessão da tutela de urgência ou a
eficácia de decisão concessiva da tutela de urgência à
comprovação de que o valor já foi devolvido ou ao depósito
judicial do valor creditado;

Especialmente na sentença, ao se identificarem indícios


suficientes de abuso do direito de ação, expedir ofício ao
NUMOPEDE, com remessa de cópia dos autos e/ou dos
documentos relevantes e dos dados e informações necessários
para monitoramento de ações abusivas, remeter ofício à OAB,

Acesse resumo da NT

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

requisitar providências à Polícia Civil, expedir ofício ao Ministério


Público.

Sugestão de providências institucionais e interinstitucionais relevantes

Para reforçar e aperfeiçoar as ações de prevenção e combate à litigância


predatória no contexto de cada tribunal e por meio de ações coordenadas entre os
diversos tribunais, mostram-se relevantes as seguintes estratégias:

Fortalecimento dos Centros de Inteligência locais e das redes que


os congregam;

Aprimorar as estratégias de compartilhamento de dados, de


informações e de boas práticas entre os magistrados, e
particularmente entre magistrados de primeira e segunda
instância, com participação inclusive da Presidência, Vice-
Presidências, da Escola Judicial e do NUMOPEDE inclusive com
realização de cursos, eventos e encontros periódicos, além de
desenvolvimento de ferramentas adequadas de comunicação
permanente;

Criar ou aperfeiçoar certidão de triagem para a segunda instância


ou documento semelhante, ação combinada ao aperfeiçoamento
da certidão de triagem em primeira instância, de modo a se
viabilizar a constatação indícios de litigância predatória e inclusive
eventual atuação abusiva massiva de determinados profissionais;

Aperfeiçoar as ferramentas de jurimetria, especialmente para


determinação mais apurada dos custos financeiros gerados pelas
práticas predatórias e do seu impacto no tempo médio de
tramitação dos processos;

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NOTA TÉCNICA CIJMG Nº 01/2022

Estabelecer estratégias conjuntas de enfrentamento da litigância


predatória que envolvam outros atores do sistema de justiça
(OAB, Ministério Público, Defensoria Pública etc.) e entidades da
sociedade civil organizada;

Criar e aperfeiçoar ferramentas de Inteligência Artificial para


identificação de focos de abuso do direito de ação e para auxiliar
no enfrentamento da litigância predatória.

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