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Exmo. (A) Sr. (A) Dr. (A) Juiz (A) de Direito Da - Vara Do Juizado Especial Cível Da Comarca de Santa Quitéria, Estado Do Ceará

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EXMO.(A) SR.(A) DR.

(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA DO JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DE SANTA QUITÉRIA, ESTADO DO CEARÁ.

VINICIUS SILVA TORRES, brasileiro, casado, economiário, portador do RG n.


443616957 SSP/MA e inscrito no CPF n. 660.436.463-15, residente e domiciliado na Rua
Raimunda Rosa Andrade, nº 86, Wagner Andrade, Santa Quitéria – CE, CEP: 62.280-000,
tel.: (88) 9.9916-7178, vem, respeitosamente, por seu advogado infra assinado, à presença
de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E


PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de LEILOMASTER LEILOES, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ


37.724.106/0001-48, com filial no endereço Rua Neusa Freitas de Sá, S/N, Jabuti,
Eusébio/CE, CEP 61.760-000, endereço eletrônico: acerto-ce@leilomaster.com.br; tel.: (85)
3113-3800; AUCTION FORTALEZA PROMOTORA DE EVENTOS LTDA, pessoa jurídica de
direito privado, CNPJ: 13.449.920/0001-33, com endereço na Rua dos Moraes, 379, Quadra
1, Quadra 2, Lote Parque Canto Verde, Jabuti, Eusébio/CE, CEP: 61.760-000, endereço
eletrônico: financeiro2@pactoleiloes.com.br; CAIXA SEGURADORA S/A, pessoa jurídica de
direito privado, CNPJ: 34.020.354/0047-00, com endereço na Rua Elvira Ferraz, 68, Andar 6
Parte B, Vila Olimpia, SÃO PAULO/SP, CEP: 04.552-040, endereço eletrônico:
atendimentotributario@caixaseguros.com.br, tel.: (11) 2526-5026, pelos fatos e fundamentos
que passa a expor:

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1. DA COMPETÊNCIA DO FORO

Trata-se de relação de consumo, com base no artigo 3º da Lei 8.078 de 1990, sendo,
portanto, aplicável o artigo 101, inciso I, do CDC, que autoriza a propositura da presente ação
no foro do domicilio do Requerente.

2. DOS FATOS

O Autor no dia 22 de dezembro de 2020 arrematou um veículo, Chevrolet Cobalt LTZ,


Placa: PMW-3692, Ano 2018, em leilão realizado pelos Requeridos Leilomaster e Auction
Fortaleza, Lote 122, pelo valor de R$ 35.590,00 (trinta e cinco mil e quinhentos e noventa
reais).

Acontece, Excelência, que até a presente data, mais de 06 meses depois, os


Requeridos ainda não entregaram o documento do veículo (CRLV E CRV) ao Requerente.
Conforme comprovante de compra em anexo, o prazo dado pelos demandados para
fornecerem o documento fora de 90 dias, o que não foi cumprido até o presente momento.

O CTB informa, no art. 134, que o prazo para a comunicação da transferência de


veículo é de até 60 dias. O Autor vem desde dezembro de 2020 cobrando pelo referido
documento, fazendo ligações, enviando e-mails (em anexo), e os demandados sempre dando
a mesma resposta, pedindo para aguardar.

Tal documento é imprescindível para a transferência de propriedade do veículo junto


ao Departamento Estadual de Trânsito competente, o DETRAN/CE. Com isso, o Autor se
encontra totalmente prejudicado, visto que não pode gozar dos poderes inerentes a sua
propriedade. Sem contar com as multas que terá de arcar quando for pagar o IPVA, tendo em
vista o atraso da entrega do documento. Como V. Exa. perceberá, inúmeros infortúnios,
angustias, ansiedades e consternações advieram da irresponsabilidade dos demandados.

O veículo foi um produto de muito esforço do autor e de sua esposa, onde os mesmos
passaram anos fazendo economia para que pudesse adquirir esse carro. E agora, mesmo
possuindo-o, não pode de forma alguma utilizá-lo, estando o mesmo guardando na garagem
a mais de 06 meses, visto que pela ausência de documentos o mesmo não pode circular.
Pelo exposto, busca a tutela jurisdicional para tornar efetivo seu legitimo direito.

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3. DO DIREITO

3.1. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Antes de qualquer coisa é preciso deixar claro que o Código de Defesa do Consumidor
se aplica às operações comerciais. A Lei n° 8.078/90 é uma lei de ordem pública e de interesse
social, como se extrai do art. 1º do Instituto Consumerista.

O art. 7º, parágrafo único, CDC, por sua vez, estabelece que “tendo mais de um autor
a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas
de consumo.”

Neste sentido:

GRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. VEÍCULO ARREMATADO EM LEILÃO. DEMORA EXCESSIVA NA
ENTREGA DE DOCUMENTO NECESSÁRIO À TRANSFERÊNCIA JUNTO
AO DETRAN. DECISÃO SINGULAR QUE AFASTA DA LIDEPOR
ILEGITIMIDADE PASSIVA A EMPRESA LEILOEIRA. IMPOSSIBILIDADE.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DASAGRAVADAS (EMPRESAS
LEILOEIRA E SEGURADORA). RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. A
empresa leiloeira, contratada pelo banco proprietário do bem, integra a
cadeia de fornecimento do produto vendido ao consumidor como
destinatário final e, em tal condição, responde solidariamente perante
este pelos danos oriundos da compra e venda, devendo figurar no polo
passivo da demanda. (TJ-MT. AI 142467/2013, DES. ADILSON POLEGATO
DE FREITAS, PRIMEIRA CÂMARADE DIREITO PRIVADO, Julgado em
20/05/2014, Publicado no DJE26/05/2014) (grifo nosso)

Obrigação de fazer. Veículo adquirido em leilão. Atraso na entrega da


documentação necessária à transferência do bem. Ilegitimidade de parte
passiva do Réu afastada, pois era o proprietário do veículo leiloado,
sendo sua obrigação de entregados documentos do veículo ao
comprador, segundo regra constante do Código de Trânsito Brasileiro.
Multa fixada que se mostra adequada ao caso, de exigência apenas na
hipótese de descumprimento da obrigação imposta. Custas e despesas
administrativas que serão cobradas pelo agente de trânsito. Sentença
mantida. Recurso não provido. (TJSP; Apelação 0001473-
19.2015.8.26.0156; Relator (a):João Pazine Neto; Órgão Julgador:
37ªCâmara de Direito Privado; N/A-N/A; Data do Julgamento:26/04/2016;
Data de Registro: 26/04/2016) (grifo nosso)

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Nesse diapasão, rezam os artigos do Código de Defesa do Consumidor que tratam da
matéria em comento:
Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.”

Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (...)

§ 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

A configuração da relação de consumo repercute de várias maneiras no que tange a


responsabilidade do fornecedor e direitos do consumidor, conforme demonstraremos a seguir.

3.2. DO DANO MORAL

Ora, Excelência, está mais do que claro os inúmeros infortúnios, angustias,


ansiedades e consternações causadas ao Requerente em virtude da irresponsabilidade dos
demandados.

O Autor encontra-se até hoje sem poder desfrutar de seu veículo, que foi conquistado
através do suor de seu trabalho, tudo isso por causa da imensa irresponsabilidade e atraso
no fornecimento dos documentos por parte dos Requeridos, atraso esse que nunca teve
nenhuma justificativa.

Nesse seguimento, os artigos 186 e 927 do Código Civil, possuem relação com a
presente ação, reforçando o dever de indenizar, posto que os fatos apresentados demonstram
a prática de atos ilícitos, passíveis de reparação, verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Desta forma, diante dos fatos expostos, bem como a legislação pertinente, não deixam
dúvidas acerca do dever de indenizar.

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Não é necessário de longas, para comprovar o enorme prejuízo moral que as
Requeridas fizeram ao Autor, causando um grande abalo emocional e deixando-a
profundamente afetado com a situação. Diz o art. 5º, inciso X, da CF/88 que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;

Em se tratando de reparação por danos morais, o único critério razoável para avaliar
o quantum devido é o arbítrio judicial, devendo o magistrado atender à dupla finalidade da
indenização pretendida: PUNIR o ofensor, de modo a desestimular a repetição da prática
lesiva, bem como COMPENSAR a vítima pelo dano sofrido, eis que se trata de dano
extrapatrimonial, o qual não pode ser ressarcido.

Atente-se, por inteiramente oportuno, que as Requerida dispõem de condições


financeiras infinitamente superiores aos do Autor, de forma, que somente se sentirá
desestimulada a voltar a lesar a moral de outras pessoas se realmente tiver de desembolsar
quantia razoável, a título de indenização, que verdadeiramente lhe afete.

Ante o exposto, como base nas leis e legislações citadas e pôr as empresas
Promovidas terem causados danos, deve a mesmo ser condenada no pagamento de
indenização pelos danos morais causados, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

3. DA TUTELA DE URGÊNCIA
O CPC/15 em seu art. 300 estabelece que:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.

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A probabilidade do direito está perfeitamente configurada, a partir da análise do
comprovante de venda e dos e-mails anexados. Ou seja, existe uma razão muito consistente
para acreditar que os Requeridos descumpriram suas obrigações e, por consequência,
geraram uma série de transtornos ao Requerente.

O perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo funda-se no fato de que uma
das pretensões do Autor desta demanda é a condenação dos Requeridos na obrigação de
fazer/dar o documento do veículo adquirido no leilão. O automóvel já foi quitado, mas o
Demandante não pode gozar de todos os poderes inerentes à sua propriedade, uma vez que
não foi feito a transferência.

Portanto, requer a concessão da tutela de urgência, de forma liminar, para que


condene os Requeridos na obrigação de fazer/dar o documento de transferência ao
Demandante, para que ele obtenha um novo CRV, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena
de astreintes no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) por dia de descumprimento.

4. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto e de toda documentação acostada à exordial, requer


a Vossa Excelência:

1. Conceder, de forma liminar, a tutela de urgência, para condenar os


Requeridos na obrigação de fazer/dar o documento de
transferência ao Requerente no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena
de astreintes de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de descumprimento;

2. Citar e intimar os Requeridos para audiência de conciliação e/ou


apresentar a defesa que lhes couber;

3. No mérito, ratificar a tutela de urgência outrora concedida e condenar


os Requeridos a indenizar o Autor no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) a título de danos morais;

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4. A condenação das Rés em honorários advocatícios, sendo estes na
base de 20% (vinte por cento), bem como no ressarcimento das
custas e taxa judiciária;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


inclusive prova documental e oitiva das testemunhas, juntada ulterior de documentos e tudo
mais que se fizer necessário para a perfeita resolução da lide, o que fica, desde logo,
requerido.

Dá-se à causa, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Santa Quitéria/CE, 01 de julho de 2021.

LEONARDO TORRES MESQUITA


OAB/CE 40.549

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