GT 29 - Educação E Etnicidade Afrobrasileira E Africana A Cultura Afrobrasileira E A Escola
GT 29 - Educação E Etnicidade Afrobrasileira E Africana A Cultura Afrobrasileira E A Escola
GT 29 - Educação E Etnicidade Afrobrasileira E Africana A Cultura Afrobrasileira E A Escola
Resumo
Este artigo discute sobre a temática afro-brasileira na escola, a partir da proposta da lei
10.639/2003, nele procuramos abordar como no contexto da escola alunos/as elaboram
representações sociais e culturais sobre negros/as e suas práticas culturais e como estes
percebem no cotidiano escolar e de suas vidas fora dos contextos da escola estes segmentos
sociais étnico-culturais, bem como elaboram nas relações escolares as representações em torno
da cultura do povo negro. Nosso objetivo é problematizar sobre a cultura afro-brasileira na
escola, tendo como referência a lei e os estudos acerca do tema em discussão e as possibilidades
educativas que esta cultura apresenta no contexto do cotidiano escolar. Este trabalho é oriundo
de um projeto de pesquisa do PROPESQ /UEPB, que está em andamento, desenvolvido na
cidade de Campina Grande-PB, em que fizemos inicialmente uma pesquisa na escola com
alunos/as de uma escola pública do ensino fundamental e médio, e tomamos como sujeitos das
pesquisas alunos e alunas do ensino fundamental II, objetivando verificar a partir destes como
representam a cultura afro-brasileira e os seus valores na escola. A metodologia utilizada nesta
pesquisa está baseada numa pesquisa bibliográfica e em questionários aplicados com os sujeitos
escolares acima referenciados, no intuito de compreender como eles percebem a cultura,
representada pela matriz afro-brasileira. Discutir, sobre a cultura afro-brasileira e suas
representações escolares é importante no sentido, de poder compreender como os estudantes
elaboram suas visões sobre as práticas culturais de negros/as e partir do ambiente escolar.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
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discriminações raciais sofridas pela população negra no Brasil. O trabalho desenvolvido
é uma amostra do questionário realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Sólon de Lucena na cidade de Campina Grande-PB, na qual alunos do nono e do
sexto ano responderam um questionário acerca do que eles entendem sobre a cultura
afro-brasileira.
O trabalho em pauta teve como aparato teórico Roger Chatier (1987), J. Gimeno
Sacristán (2002) e Luis Fernando Cerri (2007). Assim a aspiração deste trabalho é
analisar através do conhecimento destes teóricos a abordagem histórica do papel do
negro e a sua representatividade por meio de suas manifestações, e buscar discutir sobre
as questões relativas á cultura afro-brasileira na escola.
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O ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas do ensino médio e
fundamental é uma medida afirmativa que procura romper com o silenciamento sobre a
realidade africana e afro-brasileira nos currículos e práticas escolares e afirmar a
história, a memória e a identidade de crianças, adolescentes, jovens e adultos negros na
educação básica.
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conquistas e como era a vida destes povos, quando em liberdade na África. A criança
negra só tem acesso á história de seus antepassados como um povo escravo, humilhado
e inferior nesta lógica é compreensível que queiram esconder sua origem e sua cor.
Uma das questões escolhidas para analisar e sobre a qual são apresentados os
resultados foi a cerca das representações sociais e culturais sobre negros/as. Os alunos
que foram questionados puderam expor o sentido que eles atribuem ás representações
do povo negro.
Os educandos ao apresentarem sua visão dos negros como pessoas que sofreram
muitos castigos e que são indivíduos de caráter duvidoso, são também representados
pela questão da cor. Atribuindo-lhe assim características negativas. Esses estereótipos e
preconceitos são expostos através de representações coletivas são matrizes das práticas
construtoras do próprio mundo social. É afinal, segundo Roger Chartier representações
dizem respeito ao modo como em diferentes lugares e tempos a realidade social é
construída por meio de classificações, divisões e delimitações. As representações são
determinadas pelos interesses de grupos que os forjam.
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As representações negativas podem gerar discriminações que é um ato induzido
pela internalização de algo representado através de estereótipos. Os alunos percebem e
se apropriam da imagem do negro construindo representações simplórias a cerca da
situação deles, as representações geram quase uma hierarquia imaginária onde
observamos o lugar pertencente a estes povos, nesse sentido, as populações negras
continuam sendo vistas como algo distante como o outro, o estrangeiro, que tem pouca
atuação nos fatos históricos que me recém ser exumados.
Muito antes da entrada e permanência dos alunos nas escolas eles são
submetidos a um mundo cultural de lutas pela imposição de uma identidade de um
grupo por outro grupo nesse contexto as representações tendem a ser uma maquina de
produzir lutas de poder e submissão. Assim as visões pejorativas dos alunos do ensino
fundamental II são atribuídas a uma trajetória histórica desfavorável para o povo negro.
A ausência de alteridade, de respeito faz com que os negros sofram vários tipos
de preconceitos a exemplo o preconceito com a religião especificamente ás religiões
africanas que no nosso país são representadas como algo demoníaco. Essas
representações são resultados de uma tradição excludente. O peso desta tradição
excludente foi sentido nas respostas dadas pelos alunos do fundamental II.
É claro que através das lutas pela afirmação da cultura afro-brasileira é visto
certas micro-rupturas com uma tradição que privilegia a apropriação de representações
excludentes e reducionistas relativas aos negros isso esta sendo possível graças á luta do
povo negro e alguns membros da nossa sociedade.
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O racismo e rejeições as diferenças são construções sociais, culturais e políticas.
As expectativas é que a lei 10.639/2003 faça com que essas construções sociais deixem
de imperar sobre a visão de mundo de crianças e adultos, com a obrigação do ensino de
história e cultua afro-brasileiras nas escolas haverá maior probabilidade do
desenvolvimento de uma educação mais inclusiva, equânime e que trabalhe na
perspectiva da diversidade cultural com valorização e reconhecimento dos saberes
africanos/as. Neste contexto haverá maior esclarecimento dos alunos não só das escolas
de Campina Grande-PB mais de todas as instituições de ensino do Brasil.
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as contribuições dos africanos para o desenvolvimento humano e por fim valorizar todas
as manifestações culturais dos africanos e afro-brasileiros.
Os alunos percebem a cultura negra como uma herança africana. A escola pode
trabalhar para aproximar os alunos destas manifestações culturais, desta forma os
professores podem trazer para dentro das salas de aulas atividades como poesia,
capoeira, coreografia atividades teatrais e interpretações que impulsionem a formação
da identidade do povo negro. Podemos também valorizar a cultura afro-brasileira a
partir de músicas e da pintura como forma de identificação e resgate da auto-estima dos
alunos afro-descendentes. Através das atividades artísticas busca-se desenvolver ações
transformadoras, projetando o respeito como prática fundamental e essencial para
mudar as pessoas e a sociedade.
Ainda é muito presente nas escolas o preconceito com o povo negro. O aluno
negro é conduzido a negar a identidade de seu povo de origem, em favor da identidade
do "outro" - o branco – apresentado como superior. A maioria das situações escolares
reforça uma atitude de não aceitação e de distanciamento dos valores das
ancestralidades africanas por parte de seus descendentes. O ideal branco é reforçado e a
sociedade, de forma geral, está sempre tentando embranquecer, enfatizando a história
dos brancos e os heróis brancos, programas de televisão ridicularizam o negro, fazem
com que a criança negra se sinta desvalorizada, ambivalente, angustiada e
envergonhada.
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As escolas são pouco eficazes não adaptadas às dificuldades especificas de seus
alunos, seus professores são, na maioria, inabilitados para lidar com a diversidade sócio-
cultural dos alunos, o que em longo prazo, proporcionará menores oportunidades de
promoção social contribuindo, assim, para a marginalidade e exclusão social desses
cidadãos.
Apesar de todos os indícios que mostram as dificuldades que as escolas estão tendo
na elaboração de práticas pedagógicas que possam dar prioridade ao multiculturalismo e
inclusão dos afro-descendentes, mesmo assim é preciso acreditar nas possibilidades das
escolas, enquanto organização capaz de superar os imensos limites que a cerca e
oprimem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da temática cultura afro-brasileira na escola, foi possível trazer para a sala de
aula levantamentos que tornam possível perceber a existência de certos preconceitos a
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cerca da história do povo negro, é preciso salientar a importância de luta para que haja
um processo de desconstrução de todo e qualquer tipo de preconceito, só assim haverá
uma educação que não privilegie apenas a história do negro vinculado ao sofrimento no
“tronco”, ou seja, o negro como um eterno escravo do homem branco, essa educação
deixa de lado todo legado africano que constitui a formação da nacionalidade e da
sociedade brasileira.
Em nossa sociedade é preciso que haja espaço para uma nova trajetória do povo
afro-descendente em busca de afirmação social. A história ao longo dos tempos foi
generosa com quem sempre esteve no poder, deixando ás margens da sociedade as
classes ditas como inferiores a exemplo o povo negro, a luta dos negros consiste
principalmente em acabar com essa visão medíocre. A conscientização da importância
do afro descendente na sociedade brasileira é inquestionável, sua contribuição na
cultura, artes, culinária e enfim na construção da nação é algo que salta aos olhos, resta
então a essa nação deixar de ser madastra e ser mãe gentil com seus filhos negros.
Nossa cultura nos levou a cultuar os heróis brancos esses homens ao longo dos
tempos tiveram a serviço dos interesses das elites, assim os heróis negros vindo de
longe foram sendo silenciados e suas contribuições não foram elevadas a títulos de
grandes fatos sociais. A lei 10.639 possibilitará a correção dessas injustiças sociais ela
trabalha na perspectiva da diversidade cultural, com valorização e reconhecimento dos
saberes de africano/as vindos na diáspora na condição de escravizados, e do povo negro
no Brasil e suas múltiplas facetas culturais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CHARTIER, Roger. A história Cultural entre Práticas e Representações. Paris:
minuit, 1987.
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