Lúpus Eritematoso Sistêmico
Lúpus Eritematoso Sistêmico
Lúpus Eritematoso Sistêmico
Eritematoso
Sistêmico
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................4
2. Epidemiologia......................................................................................................4
3. Etiologia .............................................................................................................4
4. Fisiopatologia......................................................................................................6
5. Manifestações clínicas........................................................................................7
Pele e anexos................................................................................................................. 7
Musculoesqueléticas.................................................................................................. 10
Cardiorrespiratórias..................................................................................................... 12
Renais e hematológicas.............................................................................................. 13
Gastrointestinais......................................................................................................... 13
Neuropsiquiátricas...................................................................................................... 14
6. Diagnóstico.......................................................................................................16
7. Tratamento........................................................................................................20
Tratamento medicamentoso...................................................................................... 21
Tratamentos específicos............................................................................................ 22
8. Gestação e anticoncepção.................................................................................25
9. Vacinação..........................................................................................................26
Referências ........................................................................................................................35
1. INTRODUÇÃO
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica, au-
toimune, de etiologia pouco conhecida, decorrente de um desequilíbrio do sistema
imunológico e de produção de autoanticorpos dirigidos contra proteínas do próprio
organismo. Isso gera a formação de imunocomplexos que, ao se depositarem em
vasos de pequeno calibre, resultam em vasculite e disfunção do local acometido. O
LES compromete órgãos e tecidos nas mais diversas combinações e em graus va-
riados de gravidade. Clinicamente, a doença apresenta períodos de exacerbação de
atividade inflamatória, intercalados com remissão parcial ou completa dos sintomas.
Em alguns pacientes, há a manutenção da atividade inflamatória crônica.
2. EPIDEMIOLOGIA
O LES é muito mais prevalente em mulheres na idade reprodutiva, sendo que os
primeiros sinais e sintomas se iniciam entre a segunda e a terceira décadas de vi-
da, o que demonstra um potencial efeito no estrógeno na fisiopatologia da doença.
Nessa faixa etária, há um predomínio do sexo feminino, na proporção de 10:1. Nas
crianças, em que o efeito do estrógeno é mínimo, a relação entre os sexos feminino e
masculino é de 3:1 e, nos idosos, de 8:1.
No Brasil, estima-se uma incidência aproximada de 4,8 a 8,7 casos por 100.000
habitantes/ano. O LES é uma doença universal encontrada em todas as etnias e nas
mais diversas áreas geográficas, mas parece ser mais prevalente em afrodescenden-
tes. As características da doença e sua gravidade bem como sua prevalência podem
diferir em variados grupos étnicos.
3. ETIOLOGIA
Apesar de ainda não totalmente esclarecida, a etiologia de LES é multifatorial,
sendo composta por fatores genéticos, epigenéticos, hormonais, ambientais e
imunológicos.
À luz da genética, já é bem documentada uma alta prevalência da doença entre
gêmeos monozigóticos e nos parentes de primeiro grau. A chance de desenvolvi-
mento de LES é 29 vezes maior para gêmeos monozigóticos e 17 vezes maior para
parentes de primeiro grau de pessoas acometidas quando comparados a dados
da população geral. Outro fator importante é a deficiência de algumas proteínas do
sistema complemento, especialmente C1q e C4. Também já foram identificados
ETIOLOGIA
MULTIFATORIA
4. FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia é marcada por vários defeitos no sistema imune que levam a uma
perda de autotolerância. Nesse sentido, há uma produção anormal de autoanticor-
pos, prévia ao início dos sintomas, por parte dos linfócitos B, que são estimulados e
mantém sua sobrevida por ação das moléculas de BLyS/BAFF. Antígenos próprios
(DNA/proteína nucleossômais, RNA/proteína em SM, Ro e La, além de fosfolipídeos)
estão disponíveis para o reconhecimento por pare do sistema imune nas vesículas
apoptóticas. Assim, antígenos, autoanticorpos e complexos imunes persistem por
períodos prolongados, tornando possível a inflamação e a própria doença. Outro fa-
tor que contribui para o LES é a produção insuficiente de IL-2 e TGF, pelas células T
e natural killer (NK), para a sustentação das células T CD8+ e CD4+ reguladoras, que
inviabilizariam a evolução fisiopatológica.
O resultado de todo esse processo é a manutenção e produção de autoanticorpos
e, subsequente, imunocomplexos, que se depositam em órgãos-alvo. As células-alvo
lesadas (glomérulos, células endoteliais, plaquetas e outras) liberam mais antígenos,
que perpetuam o processo.
Imunocomplexos
5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Sintomas gerais como anorexia e perda de peso podem ser observadas como
quadro inicial da doença e preceder o aparecimento de outras manifestações em
meses. Diminuição do apetite, febre, poliadenopatias, mialgia e artralgia também
podem fazer parte do quadro. O lúpus é causa de febre de origem indeterminada em
menos de 5% dos pacientes, mas pode ser o primeiro sinal da doença. Cerca de 42%
dos pacientes podem ter febre como manifestação do lúpus ativo, principalmente
observada em crianças e adolescentes. Linfadenopatia generalizada ou localizada,
com predomínio das cadeias cervical e axilar, pode ser observada em mais de um
terço dos casos, assim como a presença de hepato e/ou esplenomegalia.
Pele e Anexos
As manifestações cutâneas são extremamente importantes para o diagnóstico.
Ocorrem em 70% dos pacientes no início da doença e em até 80 a 90% durante sua
evolução. As principais lesões compreendem o lúpus cutâneo agudo, subagudo e
discoide (crônico).
A principal lesão cutânea aguda é o rash malar ou eritema em “asa de borbole-
ta”, identificada em 30 a 60% dos casos, sendo altamente fotossensível. Também
chamado de rash em vespertílio, essa lesão se apresenta como eritema na região
malar e no dorso do nariz, dando o aspecto de “asa de borboleta”, transitório ou mais
persistente. Geralmente poupa o sulco nasolabial e seu aparecimento acompanha
os períodos de atividade da doença. Pode ainda apresenta-se como erupção maculo-
papular discreta e descamativa, e cura sem deixar cicatriz. Sua forma generalizada é
conhecida como rash maculopapular ou dermatite lúpica fotossensível e se apresen-
ta como erupção exantematosa ou morbiliforme generalizada.
Outros tipos de lesões agudas são máculas, pápulas ou placas eritematosas, al-
gumas com tonalidade violácea, que podem apresentar leve descamação. As lesões
não são pruriginosas e primariamente ocorrem em áreas expostas ao sol, como face,
tórax, ombros, face extensora dos braços e dorso das mãos, regredindo sem deixar
Musculoesqueléticas
A presença de artralgia e/ou artrite pode ser identificada no início da doença em
75 a 85% dos casos e na maioria dos pacientes durante a evolução. Embora não
possua um padrão específico de acometimento, na maioria das vezes observa-se um
poliartrite simétrica aditiva, na qual pode ocorrer rigidez matinal, semelhante à da
artrite reumatoide. Outro achado importante é a artropatia de Jaccoud, identificada
em 8 a 10% dos casos, que é caracterizada por desvio ulnar dos dedos, subluxação
das articulações matacarpofalangianas, deformidades reversíveis do tipo “pescoço
de cisne” e polegar em “Z” decorrentes do acometimento inflamatório de tendões e
ligamentos. Essas estruturas sofrem frouxidão na vigência do processo inflamatório.
Também podem ser encontrados hálux valgo, dedos em martelo e subluxação das
Renais e Hematológicas
O envolvimento renal é um dos principais determinantes da morbimortaliade nos
pacientes com LES. Manifesta-se clinicamente em 50 a 70% dos pacientes, mas
praticamente 100% deles têm doença renal à microscopia eletrônica. Em geral, as
manifestações renais surgem nos primeiros 2 a 5 anos da doença e, quando se apre-
sentam como a manifestação inicial do LES, pioram o prognóstico desses pacientes.
As manifestações clínicas subestimam a verdadeira frequência do comprometimen-
to renal, pois alguns pacientes com LES podem ter alterações histopatológicas signi-
ficativas na biópsia renal sem qualquer sinal clínico de envolvimento renal.
Além das síndromes nefrítica e nefrótica que ocorrem em quadros de nefrite lúpi-
ca, alterações do sedimento urinário também são comuns durante as repercussões
renais. A presença de hematúria, leucocitúria e cilindros celulares são os parâme-
tros mais importantes para a caracterização de glomerulonefrite em atividade. A
proteinúria também pode indicar a atividade inflamatória nos rins. Redução filtração
glomerular, proteinúria nefrótica e presença de hipertensão sugerem maior gravidade
e pior prognóstico.
Em relação às manifestações hematológicas, a leucopenia e linfopenia são
encontradas com alta frequência no LES. A plaquetopenia pode ser a primeira ma-
nifestação da doença. Clinicamente observam-se petéquias ou equimoses, prin-
cipalmente de membros inferiores, além de fenômenos hemorrágicos. A anemia
hemolítica Coombs positivo também pode ocorrer de forma isolada no início da do-
ença, porém, o achado mais frequente é a anemia de doença crônica.
A pancitopenia nos pacientes lúpicos pode ser relacionada com efeito colateral
dos imunossupressores, com complicação de infecções ou com manifestações da
síndrome hemofagocítica.
Gastrointestinais
Ocorrem em 25 a 40% dos pacientes, sendo que grande parte são queixas ines-
pecíficas, como dor abdominal, náuseas e vômitos, que podem traduzir desde uma
peritonite estéril até efeitos colaterais dos medicamentos. A queixa de boca seca
pode aparecer secundária como parte da síndrome de Sjögren secundária. Disfagia
Neuropsiquiátricas
O lúpus neuropsiquiátrico compreende diversas síndromes neurológicas, envol-
vendo o sistema nervoso central, periférico e autonômico, além de síndromes psi-
quiátricas e psico funcionais. As manifestações neuropsiquiátricas podem preceder,
ocorrer simultaneamente ou algum tempo após o início da doença durante os perío-
dos de atividade ou quando o LES se encontra inativo. Podem ser primárias, ou seja,
decorrentes do dano imunológico ou de tromboembolismo, ou podem ser secun-
dárias a diversas situações clínicas a que está sujeito o paciente com uma doença
sistêmica. Infecções, distúrbios metabólicos, diabetes, uso de alguns medicamentos,
hipertensão podem levar a síndromes neuropsiquiátricas não imunomediadas.
Psicose Plexopatia
Doença cerebrovascular
Mielopatia
Desordens do movimento
Síndromes desmielinizantes
Convulsões
Meningite asséptica
Úlceras orais
+ Comum:
Renal Hepatite
cutâneo-articular
Isquemia intestinal
Pancreatite
Sintomas constitucionais Sanguínea
Urina muito espumosa
Nefrite lúpica
Manifestação clínica
Lúpus cutâneo agudo, incluindo: eritema malar (não discoide), lúpus bolhoso, necrólise epidérmica tóxi-
ca – variante lúpus, eritema maculopapular, eritema fotossensível do lúpus ou lúpus cutâneo subagudo
(psoriasiforme/anular)
Lúpus cutâneo crônico: lúpus discoide, lúpus hipertrófico/verrucoso, lúpus profundus (paniculite), lúpus túmi-
do, lúpus mucoso, sobreposição líquen plano/lúpus discoide
Úlcera mucosa: palato, cavidade oral, língua ou úlcera nasal (na ausência de outras causas)
Artrite/Artralgia
- Sinovite (edema/derrame articular) ≥ 2 articulações
- Artralgia (dor) em 2 ou + articulações com rigidez matinal ≥ 30 min
Serosite
- Pleurite (dor ≥ 1 dia/derrame pleural/atrito pleural)
- Pericardite (dor ≥ 1 dia/derrame/atrito/alterações ECG)
Nefrite: proteinúria 24h > 500 mgou relação prot/creat > 500 mcg/mg (mg/g), cilindro eritrocitário
Neurológica: convulsão, psicose, mononeurite múltipla, mielite, neuropatia periférica/craniana, estado confu-
sional agudo (na ausência de outras causas)
Anemia hemolítica
Leucopenia (<4.000/mm3, em pelo menos uma ocasião) ou linfopenia (<1000/mm3, em pelo menos uma
ocasião)
Alteração imunológica
Anti-DNA positivo
Anti-Sm positivo
Anticorpo antifosfolípide positivo: anticoagulante lúpico positivo, anticardiolipina positivo (título moderado/
alto – IgA/IgM/IgG), VDRL falso positiva, anti-α2 glicoproteína 1 positivo
O paciente deverá preencher pelo menos 4 critérios (incluindo 1 clínico e 1 imunológico) OU ter nefrite lúpica
comprovada por biópsia renal com presença de FAN positivo ou anti-DNAn posito.
ANTI-dsDNA
MANIFESTAÇÕES
CRITÉRIO DE CLÍNICAS
CLASSIFICAÇÃO ANTI-RO
(SLICC) MARCADORES
IMUNOLÓGICOS
ANTI-P
DIAGNÓSTICO ANTI-HISTONA
HEMOGRAMA
COMPLEMENTO
SUMÁRIO DE URINA (C3, C4)
EXAMES QUE PODEM
REVELAR DISFUNÇÃO
ORGÂNICA
BIÓPSIA RENAL
ENZIMAS HEPÁTICAS/
MUSCULARES
VHS/PCR
I) Educação: informar, ao paciente e aos familiares, o que é a doença, sua evolução, riscos e os recursos dispo-
níveis para diagnóstico e tratamento. Recomenda-se a necessidade de cumprimento das medidas estabeleci-
das pelo médico.
II) Apoio psicológico: transmitir otimismo e motivação para o tratamento, além de estimular os projetos de
vida. O paciente deve ser capaz de levar sua vida social, profissional e afetiva de forma normal.
III) Atividade física: repouso nos períodos de atividade sistêmica da doença e medidas visando melhora do
condicionamento físico (estimular a atividade física regular).
IV) Dieta: recomenda-se a adoção de uma dieta balanceada, evitando-se excessos de sal, carboidratos e
lipídeos.
V) Proteção: contra luz solar e outras forma de irradiação ultravioleta (protetores solares, roupas, chapéus,
sombrinhas).
VI) Evitar: tabagismo, pois está implicado na patogenia da doença cardiovascular e exacerbação das lesões
discoides.
Tratamentos específicos
Manifestação cutânea
O tratamento vai depender do tipo e da extensão das lesões de pele e da gra-
vidade das manifestações extracutâneas. Considerando a radiação UV como
principal causadora de fotossensibilidade e desencadeante das lesões de pele,
protetores solares com fator de proteção solar (FPS) de 15 até 30 devem ser uti-
lizados em quantidade generosa pela manhã e reaplicados mais uma vez ao dia,
em geral, no horário do almoço. Os pacientes também devem ser orientados quan-
to ao uso de roupas, chapéus e sombrinhas devido a não haver nenhum creme
protetor solar que bloqueia toda a radiação UV.
Nas lesões localizadas, está indicada terapia tópica com corticoide de baixa
ou média potência na face e áreas de flexão. Em lesões mais hipertróficas, está
indicado corticoide alta potência associado ao ácido salicílico para obtenção de
efeito ceratolítico. As lesões agudas geralmente respondem ao tratamento indica-
do para outras manifestações do LES, como corticoide e imunossupressores. O
uso de antimaláricos isolados ou em combinação com prednisona é eficaz para
tratar a lesão do lúpus cutâneo subagudo. Nos casos refratários, o uso de talido-
mida na dose de 100-200 mg/dia mostrou-se eficaz em 75% dos pacientes, mas
deve ser indicada somente para indivíduos do sexo masculino ou para mulheres
sem qualquer risco de gravidez, na pós menopausa ou com anticoncepção defini-
tiva, pois tem efeito teratogênico.
Manifestação hematológica
O tratamento de escolha da anemia hemolítica autoimune é feito com pred-
nisona em dose alta (1 mg/kg/dia), por 4 a 6 semanas com posterior redução.
Também pode ser utilizada a pulsoterapia venosa com uso de metilprednisolona
por 3 dias seguidos. Cerca de 65% dos casos respondem a esta terapêutica de
maneira satisfatória. A pulsoterapia com metilprednisolona deve ser indicada
para casos graves, em que se requer resposta mais rápida, e a manutenção é
feita com prednisona por via oral em dose baixa. Nos casos refratários à corti-
coterapia, ou se forem necessárias altas dose de manutenção, pode-se associar
imunossupressores, com azatioprina, micofenolato de mofetil, ciclosfamida ou
danazol.
Para a leucopenia, o tratamento com prednisona deve ser instituído quando a
contagem de leucócitos for < 2.000/mL. Em situação de grave neutropenia, pode
Manifestação articular
As artrites agudas, quando não acompanhadas de comprometimento sistêmi-
co, podem ser tratadas com anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), desde
que não sejam contraindicados. Caso não haja melhora, pode-se substituir ou
associar prednisona em dose baixa. Nas artrites com evolução crônica ou com
recidivas frequentes está indicado o uso de antimalárico. Nos casos não res-
ponsivos ou em que os antimaláricos sejam contraindicados, pode-se associar
metotrexato.
MANIFESTAÇÃO
HEMATOLÓGICA
MANIFESTAÇÃO
ARTICULAR
DIFOSFATO DE
CLOROQUINA
DEMAIS MANIFESTAÇÕES ANTIMALÁRICOS
SULFATO DE HIDRO-
XICLOROQUINA
TRAMENTOS
ESPECÍFICOS A
DEPENDER DO PREDNISONA
ACOMETIMENTO
CORTICOIDES
METILPREDNI-
SOLONA
IMUNOSSU-
MICOFENOLATO
PRESSORES
CICLOFOSFAMIDA
MEDIDAS GERAIS
BELIMUMABE
IMUNOBIOLÓGICOS
PROTEÇÃO (LES REFRATÁRIO)
RITUXIMABE
CESSAR TABAGISMO
DIETA
ATIVIDADE FÍSICA
APOIO PSICOLÓGICO
EDUCAÇÃO
LÚPUS NEONATAL
REPERCUSÕES DO LES
RETARDO DO CRESCIMENTO
INTRAUTERINO
PROGESTERONA
HIPERTENSÃO
CONTRACEPÇÃO
MÉTODOS DE BARREIRA
9. VACINAÇÃO
Portadores de LES possuem o risco aumentado de infecção quando comparados
com indivíduos normais. Esse risco mais elevado está relacionado com condições
próprias da doença de base e também com a terapêutica imunossupressora em-
pregada no tratamento. Além disso, podem ocorrer suscetibilidades específicas,
como asplenia funcional observada em alguns pacientes que resulta em maior risco
de infecções por bactérias encapsuladas, como pneumococos, meningococos e
Haemophilus influenzae tipo B. A vacina contra o pneumococo, influenza e HPV são
seguras e têm eficácia quase semelhante à da população geral. No entanto, não de-
vem ser administradas nos períodos de atividade da doença. A imunização contra a
hepatite B está indicada apenas nos pacientes expostos ao risco de infecção.
Anti-DNA e complemento
Perfil osteometabólico
Albumina
VHS e o PCR
Relação proteína/creatinina
Classificação
A nefropatia lúpica pode ser classificada de acordo com elementos primariamente
acometidos, ou seja, os glomérulos, os túbulos e/ou interstício e os vasos sanguí-
neos. Na realidade, o envolvimento de um desses componentes acaba por lesar os
demais. A classificação é feita mediante a biópsia renal que é indicada quando:
I Mesangial mínima
II Mesangial proliferativa
IV Nefrite difusa
V Membranosa
VI Esclerótica avançada
H & E:
PAS:
Glomérulos mostran-
Glomérulos mostran-
do proliferação focal
do aumento da matriz
e adesão de tufos
mesangial
glomerulares
Imunofluorescência: Imunofluorescência:
Depósito mesangial Depósitos granulares de
de imunocomplexos imunocomplexos nas
imunofluorescência paredes dos capilares
H & E:
Glomérulos apresentan- PAS:
do modificações prolife- Espessamento difuso da
rativas, necrose e corpos membrana basal
de hematoxilina (seta)
Imunofluorescência:
Imunofluorescência:
Depósito granular e
Depósitos maciços de
homogêneo difuso nas
imunocomplexos
paredes capilares
Diagrama:
Diagrama:
Depósito suben-
Depósitos subendote-
dotelial maciço de
liais difusos
imunocomplexos
Tratamento
O tratamento da nefrite lúpica é divido em fases de indução e manutenção. Ele é
direcionado a pacientes que apresentem lesão renal classe III, IV ou V. Para indivídu-
os que tenham lesão renal classe I ou II a conduta é expectante na maioria das ve-
zes, salvo se houver proteinúria persistente ≥ 1 g/24. Nessa condição, considera-se
indução e manutenção com uso de azatioprina ou micofenolato de mofetila. A lesão
renal classe VI é sequelar e não benefício de terapêutica medicamentosa.
A fase de indução do tratamento tem duração variável, sendo habitual 3 meses
a 1 ano, mas em média apresenta duração de cerca de 6 meses. Em pacientes com
doença renal ativa grave envoluindo com insuficiência renal aguda e manifestações
extrarrenais importantes, está indicado o tratamento inicial com pulsoterapia de
metilprednisolona 0,5 a 1 g por 3 dias para induzir um rápida melhora. Em pacientes
com função renal normal, recomenda-se o tratamento com prednisona 0,5 a 1 mg/
kg/dia por um período de 6 a 8 semanas, seguindo-se sua redução progressiva até
0,25 mg/kg/dia. As diretrizes americana e europeia ainda recomendam a associação
dos corticosteroides com a ciclofosfamida ou micofenolato mofetil durante o trata-
mento de indução.
PULSOTERAPIA PULSOTERAPIA
Metilprednisolona Ciclofosfamida
EV - 1 grama ao dia por 3 dias EV - 500 a 1 g/m² por mês
Após: Prednisona Ou
VO - 0,5 a 1 mg/kg/dia Micofenolato mofetil 3 g/dia
MANUTENÇÃO
(3 a 5 anos)
Azatioprina
2 a 3 mg/kg/dia
Micofenolato motefil
2 g/dia
Dose de prednisona:
10 mg em desmame
Anti-P
Sanar
Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770