Condutas em Pediatria: Manual de
Condutas em Pediatria: Manual de
Condutas em Pediatria: Manual de
MANUAL DE
CONDUTAS
EM PEDIATRIA
DA UFPE 3ª EDIÇÃO
MANUAL DE
CONDUTAS
EM PEDIATRIA
DA UFPE 3ª EDIÇÃO
ORGANIZAÇÃO
Elisabete Pereira Silva
Maria Márcia Nogueira Beltrão
Paula F. C. de Mascena Diniz Maia
MANUAL DE
CONDUTAS
EM PEDIATRIA
DA UFPE 3ª EDIÇÃO
RECIFE
2022
O Nestlé Nutrition Institute (NNI) é uma organização não
governamental sem fins lucrativos que possui sua sede em
Vevey, na Suíça. O NNI exporta educação para todo o mun-
do através de informações técnico-científicas baseadas na
ciência da nutrição com diversas formas de interação com
profissionais da área da saúde, cientistas e comunidades
de nutrição.
O Nestlé Nutrition Institute foi criado em 1981 com o
objetivo de promover a “Ciência para uma melhor Nutri
ção”, contribuindo com a melhora da qualidade de vida
das pessoas em todo o mundo, e já possui mais de 200 mil
membros cadastrados.
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Universidade Federal de Pernambuco
Reitor: Alfredo Macedo Gomes
Vice-Reitor: Moacyr Cunha de Araújo Filho
Editora UFPE
Diretor: Junot Cornélio Matos
Vice-Diretor: Diogo Cesar Fernandes
Editor: Artur Almeida de Ataíde
Editoração
Revisão de texto: Renata Dermenjian
Projeto gráfico: Adele Pereira
Imagem da capa: Jozef Karel De Meulemeester, Maria geeft het Christuskind
borstvoeding: La vierge d'Andrea Solari, [1781-1836]. Cedida gentilmente pelo
Rijksmuseum, Amsterdã
Catalogação na fonte:
Bibliotecária Kalina Ligia França da Silva, CRB4-1408
Vários autores.
Inclui referências.
ISBN 978-65-5962-152-1 (online)
A comissão organizadora
Sumário
Prefácio à 3ª edição12
Prefácio à 2ª edição14
Colaboradores16
SEÇÃO 1 Neonatologia
2 Reanimação neonatal 44
4 Infecções congênitas 62
5 Sífilis congênita 83
6 Icterícia neonatal 94
5 Rubéola 511
6 Sarampo 514
7 Varicela 519
2 Vômitos 668
Foi com prazer que recebi o convite para prefaciar a 3a edição (reno-
vada e atualizada) do Manual de Condutas em Pediatria da UFPE, ela-
borado pelo corpo docente da área de Pediatria do Centro de Ciências
Médicas, por professores substitutos atuais e passados, por médicos
pediatras que atuam no Serviço de Pediatria do Hospital das Clínicas
da Universidade Federal de Pernambuco, e que também contou com a
colaboração de renomados pediatras recifenses. A iniciativa é louvável.
Oferece aos graduandos dos cursos de Medicina, aos médicos genera-
listas e aos jovens pediatras um rico material, cobrindo temas relacio-
nados à promoção da saúde e a nosologia prevalente nas diferentes
especialidades pediátricas.
A Pediatria tem como objetivo principal a promoção e a prevenção
de agravos à saúde. Abrange a Puericultura, a Pediatria Social, a Clínica
Pediátrica Médica e as Especialidades Pediátricas. Tradicionalmente, o
foco da formação pediátrica é voltado para os aspectos clínicos da espe-
cialidade, tal qual acontece em relação a formação dos médicos que irão
atuar com a população adulta. O alinhamento ao paradigma patogênico
valoriza os conteúdos relacionados à clínica pediátrica, e prevenir e tra-
tar as doenças passa a ser o objetivo principal. Neste manual, de forma
objetiva e atualizada, são apresentados diversos temas relacionados à
clínica pediátrica médica. A escolha dos temas foi norteada pelos proble-
mas observados com maior frequência em nosso meio.
Avanços em relação ao atendimento da criança e do adolescente
foram observados com a introdução do paradigma biopsicossocial; a
adoção desse paradigma busca atender a complexidade associada à
13
abordagem do ser humano nos seus anos iniciais de vida. Nesta edição
do manual, temas relacionados à promoção da saúde foram adicionados,
e contribuem para ampliar o olhar em relação a novos desafios. No mun-
do atual a preocupação deve ir além da saúde física. Como exemplo, a
saúde mental precisa ser cuidada desde o início da vida.
É sabida a importância de se entender o processo de crescimento e
desenvolvimento do ser humano para melhor atendê-lo. O surgimento
da abordagem teórica intitulada Origem Desenvolvimentista da Saúde
e da Doença (DOHaD, na sigla em inglês) foi um grande avanço e permi-
tiu compreender como fatores em atuação desde os momentos iniciais
da vida intrauterina e nos primeiros anos de vida podem influenciar e
mudar o curso do processo de desenvolvimento e causar problemas à
saúde do indivíduo ao longo da vida. Um exemplo clássico é como a
restrição do crescimento intrauterino associada a uma adequada ofer-
ta de nutrientes pós-natal seria um fator de risco para doenças crô-
nicas não transmissíveis (o caso da obesidade e suas comorbidades)
no futuro (hipótese do fenótipo econômico). Atualmente, à luz dessa
abordagem teórica, diversas doenças, em diferentes sistemas orgâni-
cos, são mais bem compreendidas. Como o ambiente atuaria? Através
de mecanismos epigenéticos que modificariam a expressão dos genes,
levando a diferentes fenótipos. Estudos em modelos animais têm aju-
dado a entender esse fenômeno, e estudos epidemiológicos realizados
com humanos têm corroborado esses achados.
A genética não é destino. A saúde e a doença são explicadas, hoje,
como resultado de uma interação entre a natureza e o ambiente. Daí
ser essencial enfatizar a importância da formação de médicos e de pe-
diatras comprometidos com a promoção da saúde.
Desejo que a leitura deste manual seja prazerosa e útil. Os colabo-
radores doaram algo muito importante na sua elaboração... O tempo. E
que os ensinamentos aqui apreendidos beneficiem aqueles que são a
motivação para nos manter ativos e atualizados: as crianças e adoles-
centes brasileiros.
Dayanne Bruscky
Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFPE. Professora
Assistente de Pediatria do Centro de Ciências Médicas da UFPE. Coor
denadora do Ambulatório de Dermatoses Alérgicas do HC-UFPE. Coor
denadora do Centro de Referência e Excelência em Dermatite Atópica
(Adcare) do HC-UFPE. Preceptora de Alergia e Imunologia Clínica e
Alergia e Imunologia Pediátrica no HC-UFPE. Membro do Departamento
Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e
Imunopatologia (Asbai). Membro da Diretoria Regional da Asbai (PE).
Déborah Schor
Mestre em Ciências da Saúde pela UFPE.
Décio Medeiros
Pós-doutor pela Unifesp. Pediatra e Alergologista. Pro
fessor de Pe
diatria do Centro de Ciências Médicas da UFPE. Supervisor da Residên
cia Médica em Alergia Infantil. Membro do Comitê de Ética em Pes
quisa do HC-UFPE.
Flávio Melo
Especialista em Pediatria pelo Imip/SBP. Médico Pediatra do governo
do estado da Paraíba.
Gladys Queiroz
Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFPE. Especialista
em Alergia e Imunologia, pela Sociedade Brasileira de Alergia e Imu
nologia e Associação Médica Brasileira (AMB). Médica Alergologista e
Imunologista do Centro de Pesquisas em Alergia e Imunologia Clínica
da UFPE. Membro do Departamento Científico de Alergia a Drogas da
Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai).
Igor Bruscky
Neurologista. Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia.
Doutor em Ciências da Saúde pela UPE.
Izabel Cavalcanti
Residência Médica em Pediatria pelo Imip (PE). Médica Pediatra pela
Ebserh. Chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente
do HC-UFPE. Preceptora da enfermaria de Pediatria do Hospital Correia
Picanço e do Serviço de Pediatria do HC-UFPE.
Jacqueline Araújo
Doutora em Ciências Biológicas pela UFPE. Chefe do Serviço de Endo
crinologia Pediátrica do HC-UFPE. Preceptora de Residência Médica de
Endocrinologia Pediátrica do HC-UFPE.
Odimariles Dantas
Doutora em Medicina Tropical pela UFPE. Professora adjunta de Pedi
atria do Centro de Ciências Médicas da UFPE.
Neonatologia
Capítulo 1
Classificação e exame físico do recém-nascido
Capítulo 2
Reanimação neonatal
Capítulo 3
Distúrbios respiratórios do recém-nascido
Capítulo 4
Infecções congênitas
Capítulo 5
Sífilis congênita
Capítulo 6
Icterícia neonatal
Capítulo 7
Colestase neonatal: por que é importante
sempre investigar?
Capítulo 8
Infecções relacionadas à assistência à saúde
Capítulo 9
Seguimento ambulatorial do recém-nascido
de alto risco
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Pontos -1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Postura
Ângulo de
flexão do
punho
> 90º > 90º > 60º > 45º > 30º 0º
Retração do
braço
180º 140º-180º 110º-140º 90º-110º < 90º
Ângulo
poplíteo
180º 160º 140º 120º 100º 90º < 90º
Sinal do xale
Calcanhar
orelha
Classificação e exame físico do recém-nascido 35
Pontos -1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Praticamente
Lanugo Nenhum Esparso Abundante Lanugo fino Áreas sem pelos Avaliação da IG
ausente
-5 22
Aréola Aréola borda 0 24
Borda elevada
Glândula Pouco Aréola plana parcialmente elevada
Imperceptível Glândula
mamária perceptível Sem glândula elevada Glândula 5 26
5-10 mm
Glândula 1-2 mm 3-4 mm
10 28
15 30
Pavilhão Pavilhão 20 32
Pálpebras Pavilhão
Pálpebras completamente completamente
abertas parcialmente Cartilagem
Olhos fundidas encurvado, encurvado, 25 34
Pavilhão plano, encurvado, grossa, orelha
Orelhas frouxamente: -1 mole, com firme, com
permanece mole, com firme 30 36
fortemente: -2 recolhimento recolhimento
dobrado recolhimento lento
rápido instantâneo
35 38
Tabela 1. Curva de crescimento fetal com percentis de peso ao nascer (gramas) para cada idade
gestacional (semanas)
Idade Percentis
Gestacional
(semanas) P5 P10 P50 P90 P95
REFERÊNCIAS
ACOG Committee Opinion nº 579: definition New Ballard Score, expanded to include ex-
of term pregnancy. Obstet. Gynecol. v. 122, n. tremely premature infants. J. Pediatr., v. 119,
5, p. 1139-40, 2013. n. 3, p. 417-423, 1991.
ALEXANDER G. R.; HIMES, J. H.; KAUFMAN, BARROS, C. F.; RABELO, NETO D. L.; VILLAR,
R. B.; MOR, J.; KOGAN, M. A. United States
J.; KENNEDY, S. H.; SILVEIRA, M. A.; DIAZ-
National. Reference for fetal growth. Obstet.
ROSSELLO, J. L. et al. Caesarean sections and
Gynecol. v. 87, n. 2, p. 163-168, 1996.
the prevalence of preterm and early-term
BALLARD, J. L.; KHOURY, J. C.; WEDIG, K.; births in Brazil: secondary analyses of na-
WANG, L.; EILERS-WALSMAN, B. L.; LIPP, R. tional birth registration. BMJ Open. v. 8, n.
Classificação e exame físico do recém-nascido 43
Reanimação neonatal
José Henrique Moura
Quando indicada a MC, o RN deve ser O ritmo pode ser ditado pela regra práti-
intubado. ca ao ser falado “aperta-solta-solta-aper-
A avaliação da cor deve ser feita du- ta-solta...”. A VPP está indicada quando
rante a reanimação, e, sendo a verifica- o RN apresentar apneia, respiração
ção visual imprecisa, é necessário o uso irregular ou gasping, e, também, caso
de oximetria no membro superior direi- a FC < 100 bpm. Quando o RN estiver
to (pré-ductal). Devemos usá-la quando com a saturação abaixo dos níveis reco-
for necessária a VPP, no desconforto mendados, já com o O2 sendo ofertado
respiratório ou na cianose persistente. A em concentrações elevadas, poderá ser
Sociedade Brasileira de Pediatria reco- aplicada uma pressão expiratória positi-
menda que a saturação pré-ductal este- va com o balão ventilador manual com
ja entre 70% e 80%, até o quinto minuto peça em “T”.
de vida; entre 80% e 90%, entre o quinto Em RNs ≥ 34 semanas, a VPP pode ser
e o décimo minuto; e entre 85% e 95%, iniciada com ar ambiente e ser ajustada
acima do décimo minuto de vida. de acordo com a oximetria. Naqueles
A avaliação do padrão respiratório, < 34 semanas, uma opção é iniciar na
da FC e da cor deve ser realizada dina- concentração de até 30% e ajustar com a
micamente durante o processo da rea- oximetria.
nimação neonatal. O entrosamento da Pode ser realizada com o balão au-
equipe é importante, e a comunicação toinflável ou com o ventilador mecâ-
entre os membros deve ser clara. nico manual em “T”, que será descrito
As técnicas, assim como as medica- posteriormente.
ções utilizadas na ressuscitação, serão
descritas a seguir. Ventilador Mecânico Manual em “T”
O dispositivo pode ser usado em substi-
Técnica da Ventilação com Pressão tuição ao balão autoinflável. É um apa-
Positiva relho portátil, que gera uma pressão
A técnica da VPP com balão e máscara para insuflar o tórax e outra pressão no
deve ser feita na frequência entre 40 e final da respiração para que o pulmão
60 movimentos por minuto, e a pres- permaneça com uma boa capacidade
são aplicada deve ser individualizada a residual funcional. A frequência dos ci-
cada RN para que se observe uma leve clos é gerada pela oclusão da peça em
expansão do tórax. O ajuste entre face e “T” com o dedo do operador, tentando
máscara é crítico para o sucesso da VPP. manter entre 40 e 60 incursões por mi-
Geralmente, aplicam-se 20 cmH2O, po- nuto. A aplicação da pressão final posi-
dendo chegar, raramente, a 30-40 cmH2O. tiva sem gerar pressão inspiratória de
Reanimação neonatal 47
insuflação pode ser aplicada em RNs diferentes. Para RNs pesando abaixo de
mesmo com respiração espontânea e 1.000 g, entre 1.000-2.000 g, 2.000-3.000 g
FC > 100 bpm, porém com desconforto e acima de 3.000 g, temos, respectiva-
respiratório. A opção dessa prática deve mente, cânulas com diâmetros de 2,5;
ser decidida de acordo com o protocolo 3,0; 3,5; e de 3,5 a 4 cm. A confirmação da
dos serviços. intubação deve ser feita com detectores
de CO2, quando disponíveis, e o correto
Pressão positiva contínua de vias posicionamento, principalmente, pela
aéreas (CPAP) ausculta pulmonar. A verificação deve
Embora não seja recomendado para RNs ser feita também pela numeração mar-
≥ 34 semanas, indica-se o seu uso em cada em centímetros na cânula com o
RNs < 34 semanas com FC >100 bpm e ponto no lábio superior. A regra prática
respiração espontânea que apresentam é que o peso estimado do RN em quilos
desconforto respiratório e/ou SatO2 abai- acrescido da constante 6 seja a distância
xo da esperada para o tempo de vida, para a fixação no lábio superior. Caso o
após terem recebido os cuidados iniciais. RN tenha o peso de 2 kg, acrescentamos
No Brasil, a CPAP é realizada com VMM a constante 6, e então o ponto de refe-
em “T”, usando a máscara facial. rência a ser fixado no lábio superior será
na marca de 8 cm da cânula.
Máscara laríngea A intubação é feita com o laringos-
Recentemente, o uso da máscara larín- cópio conectado com a lâmina “0” para
gea foi iniciado no Brasil. O menor ta- RN pré-termo e “1” para os nascidos a
manho neonatal é o indicado para RNs termo. A lâmina “00” pode ser utilizada
≥ 34 semanas e/ou com peso ≥ 2.000 g. para menores de 1 kg. O laringoscópio é
Considerando seu uso, recomenda-se segurado com a mão esquerda. O tem-
iniciar a VPP com máscara facial em RNs po para a realização do procedimento é
≥ 34 semanas, sendo a máscara laríngea limitado em 30 segundos por tentativa.
utilizada antes da intubação traqueal, a A intubação deve ser considerada
depender da disponibilidade do mate- (1) quando a VPP estiver eficaz, mas se
rial no serviço e da capacitação do pe- prolongando muito; (2) quando a VPP
diatra nos seu manuseio. estiver ineficaz com o paciente deterio-
rando; (3) quando for necessária a MC
Técnica da Intubação Endotraqueal para facilitar a sincronização entre a MC
Existem vários tamanhos de cânula. e VPP; e (4) na suspeita de hérnia dia-
Dependendo do tamanho e da idade fragmática. Para a aspiração de mecô-
gestacional, temos diâmetros internos nio, a intubação pode ser realizada caso
SEÇÃO 1 48
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M.F.B.; GUINSBURG, R.; Coorde Resuscitation and Emergency Cardiovascu
nadores Estaduais e Grupo Executivo PRN- lar Care. Pediatrics, [s. l.], v. 147, n. 21, Suppl.
SBP; Conselho Científico Departamento Neo 1.Oct. 2020.
natologia SBP. Reanimação do recém-nascido
GUINSBURG, R.; ALMEIDA, M.F.B.; Coordena
≥ 34 semanas em sala de parto: diretrizes
dores Estaduais e Grupo Executivo PRN-SBP;
2022 da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Conselho Científico Departamento Neonato
Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pe
logia SBP. Reanimação do recém-nascido < 34
diatria; 2022.
semanas em sala de parto: diretrizes 2022
AZIZ, K.; LEE, H. C.; ESCOBEDO, M.B. et al. Part 5: da Sociedade Brasileira de Pediatria. Rio de
Neonatal Resuscitation 2020 American Heart Janeiro: Sociedade Brasileira de Pedia
tria;
Association Guidelines for Cardiopulmonary 2022.
C AAPÍTULO
PÍTULO x3
Distúrbios respiratórios
do recém-nascido
Audível com
Declínio inspiratório Pouco visível Pouco visível Discreta estetoscópio
Audível sem
Balancim Marcada Marcada Intensa estetoscópio
• Malformações pulmonares:
Alteração no - Malformação adenomatoide cística
desenvolvimento e no - Hipoplasia pulmonar
crescimento pulmonar - Hérnia diafragmática congênita
antenatal - Derrame pleural congênito
- Enfisema lobar congênito
Acidose, Hipoglicemia,
Metabólica
Hipotermia, Infecção
sem trabalho de parto, asfixia perinatal, de mecônio intrauterino pode ser devido
policitemia, diabetes mellitus e asma à hipoxemia, que desencadeia gasping
materna. intrauterino ou, na maioria das vezes,
durante os primeiros movimentos respi-
Como diagnosticar? ratórios. É mais frequente em recém-nas-
1. Manifestações clínicas cidos a termo e pós-termo. O sofrimento
• O desconforto respiratório inicia-se fetal e a compressão abdominal durante
nas primeiras horas após o nasci- o trabalho de parto são fatores predispo-
mento, com melhora a partir de 24 nentes. Apresenta-se com formas leves
a 48 horas. O sinal predominante é ou graves, como insuficiência respirató-
a taquipneia, que pode atingir de ria e hipertensão pulmonar persistente.
100-120 incursões respiratórias por A aspiração de mecônio desencadeia
minuto. fenômenos obstrutivos e inflamatórios,
2. Diagnóstico radiológico (Raio-X de descritos na Figura 3.
tórax)
• Hiperinsuflação pulmonar; Como diagnosticar?
• Infiltrado difuso do hilo para a peri- 1. Manifestações clínicas
feria (estrias peri-hilares); • Os sinais do desconforto respiratório
• Aumento leve a moderado da área surgem precocemente e podem ser
cardíaca; progressivos, evoluindo com ciano-
• Líquido nas fissuras interlobares se grave e depressão respiratória e
(“cisurite”); neurológica, devido ao insulto hipo-
• Inversão da cúpula diafragmáti- xicoisquêmico. Se não houver com-
ca; e plicações graves, o mecônio vai sen-
• Derrame pleural. do absorvido, há melhora do quadro
inflamatório em 5 a 7 dias;
Como tratar? • É frequente o aumento do diâmetro
• Suporte geral; e anteroposterior do tórax pela hipe-
• Oxigenoterapia (Halo ou CPAP na- rinsuflação pulmonar, gemência e
sal), quando necessário. retrações intercostais e estertores na
ausculta pulmonar;
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO • Os critérios diagnósticos para confir-
DO MECÔNIO mar o caso são: história de líquido
O que é? amniótico meconial, presença de
É um distúrbio respiratório, decorrente mecônio na traqueia do RN e altera-
da aspiração do mecônio. A eliminação ções radiológicas compatíveis.
Distúrbios respiratórios do recém-nascido 55
Compressão
Sofrimento RN a termo e
abdominal no
fetal e Hipóxia RN pós-termo
trabalho de parto
Fenômenos Fenômenos
inflamatórios obstrutivos
Alteração na Hiperinsuflação
ventilação/ e escape de ar
perfusão (pneumotórax)
Hipóxia
Hipercapnia
Acidose
RNPT < 32 semanas, com doença pulmonar parenquimatosa persistente, com confirmação radiológica,
que nas 36 semanas necessitou de suplementação de oxigênio por ≥ 3 dias consecutivos para manter
SatO2 entre 90-95%
III (A) Morte precoce (entre 14 dias de idade pós-natal e 36 semanas) por causa de doença
pulmonar parenquimatosa persistente e insuficiência respiratória que não pode ser
atribuída a outras morbidades neonatais (por exemplo, enterocolite necrosante, hemorragia
intraventricular, redirecionamento de cuidados, episódios de sepse etc.)
* Excluindo bebês ventilados por doenças primárias das vias aéreas ou condições de controle respiratório central.
CPAP = pressão positiva contínua nas vias aéreas; IPPV = ventilação com pressão positiva intermitente; N-CPAP =
pressão positiva contínua nasal nas vias aéreas; NIPPV = ventilação não invasiva com pressão positiva
Prematuridade extrema
Fatores pré-natais:
Insuficiência respiratória
Hipertensão pulmonar
Óbito precoce de
causa respiratória
Reparo/Regeneração
pulmonar
Resolução da doença
Displasia
*VM: Ventilação mecânica Broncopulmonar
**PCA: Persistência do Canal Arterial
Critério radiológico
1 (uma)* ou mais radiografias de tórax seriadas com um dos seguintes achados:
• Infiltrado novo, persistente ou progressivo
• Consolidação
• Cavitação
• Pneumatocele
* Nos RNs, com as seguintes doenças de base: síndrome de desconforto respiratório, displasia
broncopulmonar, edema pulmonar e aspiração de mecônio, deverão ser realizadas 2 (duas) radiografias
de tórax para verificar a presença de, ao menos, um dos achados citados
SEÇÃO 1 60
ATENÇÃO
1. Raio-X seriado: sugere-se como avaliação seriada do Raio-X a comparação de exames radiológicos
realizados até 03 dias antes do diagnóstico e até 03 dias após o diagnóstico
2. Mudança de aspecto da secreção traqueal em uma amostra isolada não deve ser considerada como
definitiva. Valorizar a persistência da observação por mais de 24 horas. Alguns autores consideram
como secreção purulenta quando no exame citológico há ≥ 25 leucócitos por campo e ≤ 10 células
epiteliais escamosas por campo
3. Taquipneia: frequência respiratória (FR) > 75 incursões por minuto em RN < 37 semanas de idade
gestacional (IG), e FR > 60 irpm em RN entre 37 e 40 semanas de IG corrigida.
4. RN com síndrome do desconforto respiratório: RN que recebeu surfactante terapêutico, com melhora
clínica/radiológica, deve-se rever o diagnóstico de pneumonia clínica. Assim como outras situações
com resolução rápida das alterações radiológicas (persistência do canal arterial, atelectasia)
5. A cultura de aspirado traqueal não é um elemento para definir critério diagnóstico epidemiológico
de pneumonia. Contudo, para fins de identificação de agente etiológico, considerar método
quantitativo com ponto de corte maior ou igual à Unidade Formadora de Colônia (UFC)
6. Para pneumonia associada à ventilação mecânica (VM), o RN deve estar em VM por um período > 2
dias de calendário (sendo D1 o dia de instalação da VM) e que na data da infecção, o RN estava em
uso do dispositivo ou este tenha sido removido no dia anterior
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANI HEDSTRON, A. B. et al. Performance of the Sil-
TÁRIA (BRASIL). Critérios Diagnósticos de verman Andersen Respiratory Severity Score
Infecção Associada à Assistência à Saúde: in predicting PCO2 and respiratory support in
Neonatologia. Brasília: ANVISA, 2017. 65 p. newborns: a prospective cohort study. Jour
Infecções congênitas
2º 25% Subclínicas
Fonte: Autoras.
Padrões clínicos
Fonte: Autoras.
2. Diagnóstico laboratorial
a) Exames específicos: ratorial utilizado, indica que a infec-
• Isolamento direto do parasito (não ção aguda ocorreu há mais de três
realizado de rotina); ou quatro meses;
• Teste de Aglutinação ISAGA (Im • Anticorpos IgM: são detectados com
munosorbent Agglutination Assay), duas semanas, têm pico com cerca
considerado exame padrão ouro; de um mês após a infecção e tornam-
• Anticorpos IgG: são detectados em -se indetectáveis em seis a nove me-
uma a duas semanas após a infecção, ses. O ELISA IgM por captura é mais
seu pico ocorre em um a dois meses e sensível que o IgM simples;
persistem por toda vida. A definição • Anticorpos IgA: detectados no iní-
se a presença de IgG se deve à trans- cio da infecção, caem rapidamente,
ferência transplacentária ou à pro- até em torno de sete meses. Podem
dução pelo feto, consequente à infec- ter maior sensibilidade para o RN
ção, é dada pela dosagem pareada, que o IgM;
mãe e RN, ao nascimento, e novas • Anticorpos IgE: se elevam e decres-
dosagens seriadas, juntamente aos cem rapidamente em menos de qua-
outros exames clínico-laboratoriais; tro meses.
• Teste de avidez IgG: índice de avi- • Imunofluorescência indireta (IFI);
dez elevado, em geral superior a • PCR (Reação em Cadeia de Polime-
60%, mas a depender do teste labo- rase);
Infecções congênitas 65
Fonte: Autoras.
de terapia profilática com antivirais de- indicada a partir da 28ª semana de ges-
verá ser definida na 28ª semana de ges- tação. Dentre os medicamentos testados,
tação, com indicação para aqueles com o recomendado para todos os casos é
HBV-DNA superior a 10 UI/ml. 6
Tenofovir.
Pacientes com perfil imunológico Tendo em vista que o principal risco
HBsAg e HBeAg reagentes não precisam de transmissão de mãe para filho ocorre
realizar a determinação de níveis séri- durante o parto, é importante estabele-
cos de HBV-DNA, pois entende-se que cer cuidados iniciais ao recém-nascido
essas gestantes já possuem cargas virais (RN) de mães com infecção pelo HBV
elevadas. Nesses casos, a terapia profi- logo na sala de parto. Recomenda-se ba-
lática com antivirais está formalmente nho em água corrente ainda na sala de
HBsAg
Negativo Positivo
Considerar iniciar a
profilaxia entre 28-32
HBsAg HbsAg
semanas de gestação,
REAGENTE NÃO REAGENTE
independentemente
ou desconhecido
da CV-HBV-DNA
Fonte: Autoras.
Infecções congênitas 79
Fonte: Autoras.
Se o neonato evoluir com sinais e/ou
sintomas e nos casos em que a pesquisa
de HSV-DNA for positiva, devem ser rea- Como prevenir?
lizadas as seguintes investigações: • Investigar toda gestante e partu-
• Investigação de órgãos-alvo: hemo riente quanto à história de doença
grama, função hepática e LCR. Quan- prévia por HSV tipos 1 e 2, além de
do ocorrer acometimento do SNC, realizar exame físico para detecção
realizar EEG e tomografia com
pu de lesões ativas;
tadorizada de crânio. • Realização de tratamento e profila-
• Investigação etiológica: pesquisa xia de infecções herpéticas naquelas
de HSV-DNA por reação em cadeia gestantes com indicação;
de polimerase em líquor e material • Suspeitar do diagnóstico nos casos
de lesões cutâneas, se estiverem de recém-nascidos com manifesta-
presentes. ções mucocutâneas, neurológicas e
quadros semelhantes à sepse;
Como tratar? • O aleitamento materno não está
O tratamento da infecção neonatal pe- contraindicado, devendo apenas se-
lo HSV deve ser feito com Aciclovir e o rem realizadas medidas preventivas
tempo de duração varia de acordo com como não amamentar no seio com a
as manifestações clínicas. presença de lesões ativas.
SEÇÃO 1 80
Imunoglobulina específica;
Realizar a imunoglobulina específica até 96
Profilaxia Aciclovir oral nos casos de
horas do contato
pacientes de risco
Gestante
Realizar por via endovenosa, se tiver doença
Tratamento Aciclovir
grave ou forma pulmonar
Tratamento Aciclovir
Fonte: Autoras.
Infecções congênitas 81
REFERÊNCIAS
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SEÇÃO 1 82
Sífilis congênita
Transfusão
Sexual de sangue ou Vertical
derivados
Recente Tardia
Atualmente Transplacentária Lesão ativa no
(< 2 anos de (> 2 anos de
rara (80%) canal do parto
duração) duração)
Fonte: Autora.
VDRL reagente
Sem tratamento ou
a) Pré-natal ou parto
tratamento inadequado
Teste treponêmico reagente
Critério 2. Criança < 13 anos de idade, com ao menos uma das seguintes evidências sorológicas:
b) Testes não treponêmicos reagentes após 6 meses de idade (exceto em situação de seguimento
terapêutico)
Critério 2. Criança < 13 anos de idade, com ao menos uma das seguintes evidências sorológicas:
e) Teste não treponêmico reagente com ao menos uma das alterações: clínica, liquórica ou radiológica
de sífilis congênita
VDRL reagente
Sem tratamento ou
Pré-natal, parto ou curetagem
tratamento inadequado
Teste treponêmico reagente
Gestacionais e perinatais
Cordão umbilical Funisite necrotizante é rara, mas patognomônica quando estiver presente
Sistêmicas
Linfadenomegalia
Pode ser de até 1 cm, flutuante e firme
generalizada
Mucocutâneas
Hematológicas
Leucopenia ou leucocitose
Sífilis congênita 87
Musculoesqueléticas
Neurológicas
Anormalidades no líquido
cefalorraquidiano VDRL reagente no líquor, aumento da celularidade e aumento da proteína
(líquor, LCR)
Outros
LCR sugestivo de
LCR normal no LCR normal no LCR sugestivo
Parâmetro sífilis nas crianças
RN pré-termo RN a termo de sífilis no RN
> 28 dias
9 + 8 céls/mm3 8 + 7 céls/mm3
Leucócitos > 25 céls/mm3 > 5 céls/mm3
(LVN: 0-29 céls/mm3) (LVN: 0-32 céls/mm3)
Características Manifestações
Como conduzir?
a) Testes para recém-nascido exposto à sífilis e com sífilis congênita.
Exames
No seguimento O que avaliar
complementares
Teste treponêmico NÃO é obrigatório Um teste treponêmico reagente após os 18 meses de idade
confirma o diagnóstico de sífilis congênita. Um resultado
Na maternidade Pode ser realizado não reagente, não exclui a sífilis congênita nos casos em
Não realizar a partir dos 18 que a criança foi tratada precocemente
meses de idade Crianças com teste treponêmico reagente após 18 meses
de idade e que não tenham histórico de tratamento prévio
deverão passar por uma avaliação completa, receberem
tratamento e serem notificadas como casos de sífilis
congênita
Exames
No seguimento O que avaliar
complementares
Teste não Realizar com 1, 3, Espera-se que os testes não treponêmicos declinem aos 3
treponêmico 6, 12 e 18 meses de meses de idade, devendo ser não reagentes aos 6 meses,
idade. Interromper caso a criança tenha sido adequadamente tratada.
Na maternidade o seguimento Idealmente, o exame deve ser feito pelo mesmo método e
Coletar amostra laboratorial após: no mesmo laboratório
de sangue Dois testes
periférico do RN e não reagentes
da mãe pareados consecutivos ou
para comparação queda do título em
duas diluições
Teste treponêmico NÃO é obrigatório Um teste treponêmico reagente após os 18 meses de idade
confirma o diagnóstico de sífilis congênita. Um resultado
Na maternidade Pode ser realizado não reagente, não exclui a sífilis congênita nos casos em
Não realizar a partir dos 18 que a criança foi tratada precocemente
meses de idade Criança com teste treponêmico reagente após 18 meses
de idade e que não tenha histórico de tratamento prévio
deverá passar por avaliação completa, receber tratamento
e ser notificada como caso de sífilis congênita
A. Para todos os RNs de mães com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada, independentemente
do resultado do teste não treponêmico (ex.: VDRL) do RN, realizar: hemograma, radiografia de ossos
longos e punção lombar, além de outros exames, quando houver indicação clínica. Na impossibilidade
de realização de punção lombar, tratar o caso como neurossífilis
Presença de Penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única diária, IM, durante 10 dias
alterações clínicas e/ OU
A.1 ou imunológicas e/ Penicilina cristalina, 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos
ou radiológicas e/ou primeiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante
hematológicas 10 dias
Ausência de alterações
clínicas, radiológicas,
hematológicas e
A.3 liquóricas, e teste Penicilina G benzatina(c), na dose única de 50.000 UI/kg, IM.
não treponêmico não
reagente no sangue
periférico
B. Para todos os RN de mães adequadamente tratadas, realizar o teste não treponêmico (ex.: VDRL) em
amostra de sangue periférico do RN. Se for reagente e com título maior em duas diluições quando
comparado ao título materno e/ou na presença de alterações clínicas, realizar hemograma, radiografia
de ossos longos e análise do LCR
Presença de Penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única diária, IM, durante 10 dias
alterações clínicas e/ OU
B.1 ou radiológicas e/ou Penicilina cristalina, 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12 horas (nos
hematológicas, sem primeiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante
alterações liquóricas 10 dias
C. Para RNs de mães adequadamente tratadas, realizar o teste não treponêmico em amostra de sangue
periférico do RN
Se o RN for
assintomático e o teste
não treponêmico for
C.1 reagente, com título Não é preciso tratar
igual ou menor que o
materno, acompanhar
clinicamente
Sífilis congênita 91
Crianças com quadro clínico e imunológico sugestivo devem ser cuidadosamente investigadas,
obedecendo-se o protocolo, com a notificação conforme a definição de casos
Quadro 7. Seguimento clínico para criança exposta a sífilis e com sífilis congênita
REFERÊNCIAS
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C APÍTULO
A PÍTULO 6
x
Icterícia neonatal
Irmão com icterícia neonatal tratada com fototerapia Macrossomia ou mãe diabética
Etnia asiática
Fonte: Adaptado de American Academy of Pediatrics Subcommittee on Hyperbilirubinemia (2004) e Sociedade Brasileira
de Pediatria (2021).
Icterícia neonatal 97
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 1 98
fatores que aumentam o risco de lesão Tabela 2. Valores de BT (mg/dl) para indicação
de fototerapia e exsanguineotransfusão em RN
neuronal: asfixia neonatal e estados de < 34 semanas de idade gestacional
hiperosmolaridade podem, por lesarem
Bilirrubina total (mg/dl)
a barreira hematoencefálica, predispor Peso
ao quadro (Tabelas 1 e 2). ao nascer Exsanguineo-
Fototerapia
transfusão
A eficácia da fototerapia depende
1.001-1.500 g 6a8 11 a 13
de três fatores: comprimento da onda
1.501-2.000 g 8 a 10 13 a 15
de luz (ideal na faixa azul entre 425 e
2.001-2.500 g 10 a 12 15 a 17
475 nanômetros), irradiância espectral
(intensidade da luz) e superfície cor- Considerar o valor inferior na presença de fatores de risco:
doença hemolítica, deficiência de G6PD, asfixia, letargia,
poral exposta (quanto maior, maior a instabilidade na temperatura, sepse, acidose, hipotermia
eficácia). A intensidade é considerada ou albumina < 3,0 g/dl.
Bilirrubina total
24 horas 8 10 15 18
48 horas 11 13 17 21
72 horas 13 15 18 22
96 horas 14 16 20 23
5 a 7 dias 15 17 21 24
Diminuir em 2 mg/dl o nível de indicação de fototerapia ou EST se houver doença hemolítica (Rh, ABO, outros antígenos),
deficiência de G6PD, asfixia, letargia, instabilidade na temperatura, sepse, acidose ou albuminemia < 3 g/dl.
Iniciar fototerapia de alta intensidade sempre que: BT > 17-19 mg/dl e colher BT após 4-6 horas; BT entre 20-25 mg/dl e
colher BT em 3-4 horas; BT > 25 mg/dl e colher BT em 2-3 horas, enquanto o material da EST estiver sendo preparado.
Se houver indicação de EST, enquanto ocorre o preparo, colocar o RN em fototerapia de alta intensidade, repetindo a BT
em 2 a 3 horas para reavaliar a indicação de EST.
A EST deve ser realizada imediatamente se houver sinais de encefalopatia bilirrubínica ou se a BT estiver 5 mg/dl acima
dos níveis referidos.
A fototerapia pode ser suspensa, em geral, quando BT < 8-10 mg/dl, sendo a BT reavaliada 12-24 horas após suspensão
para detectar rebote.
REFERÊNCIAS
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C APÍTULO 7
Fonte: Autoras.
Colestase neonatal: por que é importante sempre investigar? 107
média, que não dependem do metabo- Nos casos que cursem com hiperten-
lismo biliar para sua absorção. são portal e cirrose como complicações,
Como tratamento farmacológico, o tratamento é direcionado a cada uma
nas causas não obstrutivas, pode ser delas, inclusive podendo ser necessário
tentado o uso do ácido ursodesoxicólico o transplante hepático.
(20 mg/kg/dia), que promove colerese e Algumas das etiologias descritas
melhora a função excretora do fígado. têm tratamentos específicos, clínicos e/
Apesar de o fenobarbital (4-5 mg/kg/dia) ou cirúrgicos, conforme já citado.
ser útil nas situações de prurido inten-
so por melhorar a excreção urinária dos O QUE SIGNIFICA ALERTA AMARELO?
ácidos biliares e por seu efeito sedati- Como no Brasil o encaminhamento tar
vo, melhorando a qualidade do sono da dio dos pacientes com colestase conti-
criança, estudos recentes não sugerem nua sendo um problema, os hepatolo-
seu uso, dados os efeitos deletérios ao gistas pediátricos desenvolveram junto
neurodesenvolvimento com o uso pro- à Sociedade Brasileira de Pediatria e ao
longado dessa droga. Apenas pelo efei- Ministério da Saúde do Brasil, uma cam-
to sedativo, também podem ser admi- panha nacional de “Alerta amarelo”,
nistrados anti-histamínicos de primeira inclusive, incluindo na Caderneta de
geração. Em algumas situações espe- Saúde da Criança o sistema de gradua-
cíficas, o hepatologista pode também ção da cor das fezes (escala colorimétri-
considerar o uso da rifampicina, da ca), o qual permite a identificação pre-
colestiramina ou, até mesmo de opioi- coce da colestase neonatal pela família
des, para melhor controle da colestase e/ou pela Atenção Primária à Saúde, me-
e, especialmente, do prurido. lhorando o prognóstico dessas crianças.
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C APÍTULO 8
Infecções relacionadas
à assistência à saúde
Infecção Relacionada à
Infecção Congênita
Assistência à Saúde (IRAS)
Transplacentária
em Neonatologia
Fatores de risco para IRAS precoce Fatores de risco para IRAS tardia
Uso de bloqueador H2
distermias e dis
túrbios respiratórios, • Má perfusão periférica: tempo de
hidroeletrolíticos e digestivos, comuns en
chimento capilar maior que 2
em prematuros e RNs criticamente segundos;
doentes. Desta forma, avaliar sempre a • Pulsos periféricos fracos;
existência de fatores de risco para infec- • Reticulado cutâneo, palidez ou
ção e a presença de outras causas para cianose.
a sintomatologia apresentada.
Inicialmente os sintomas podem ser EXAMES DIAGNÓSTICOS
discretos e, com a evolução do quadro, Exames laboratoriais
se tornarem mais exuberantes. A pre-
Culturas
sença de mais de um sintoma é mais
Têm como objetivo isolar no sangue ou
indicativa de sepse do que sintomatolo-
em outros fluidos corporais o microrga-
gia única. Os mais comuns são: hipoa-
nismo causador da infecção. A sensibili-
tividade/letargia, instabilidade térmica
dade varia muito de serviço para serviço
(temperatura < 36,5º C ou > 37,5º C),
e depende do volume e do número de
apneia, piora do desconforto respirató-
amostras coletadas (fatores limitantes
rio (taquipneia, bradipneia, retrações
no RN: não é possível coletar grandes
subcostais e batimentos de asa do nariz),
volumes e múltiplas amostras de san-
gemência, cianose, bradicardia, intole-
gue), momento da coleta (antes do iní-
rância alimentar, intolerância à glicose
cio dos antimicrobianos), automatização
(hipo ou hiperglicemia) e instabilidade
da leitura, quantidade e composição do
hemodinâmica (hipotensão até choque).
meio de cultura e interpretação dos re-
Pode-se ter ainda irritabilidade, palidez,
sultados. Pode haver falsos positivos por
sangramentos, icterícia, hepatoespleno-
contaminação do material (desconfiar
megalia, hipotonia, hiporreflexia, con-
quando o crescimento se iniciar após 48
vulsões e irritabilidade.
horas do semeio). São habitualmente co-
Os sinais clínicos do choque séptico
lhidos: hemocultura e cultura de líquor,
são:
podendo ser colhidas culturas de urina,
• Taquicardia: frequência cardíaca
líquido pleural, peritoneal (em cirurgias
mantida acima de 160 bpm;
abdominais) etc.
• Dificuldade respiratória: frequência
respiratória acima de 60 irpm; Nota: culturas de vigilância são culturas co-
• Redução do débito urinário: diurese lhidas por swabs periodicamente, em pacien-
inferior a 1 ml/kg/hora; tes internados em UTI, para identificar os
colonizados por microrganismos multidroga
• Hipotensão arterial sistêmica: pressão
resistentes (MDR).
arterial média inferior a 30 mmHg;
SEÇÃO 1 118
Nascimento < 500 < 1.800 > 6.300 > 5.400 > 1.100 > 0.16
12 horas < 1.800 < 7.800 > 12.400 > 14.500 > 1.500 > 0.16
24 horas < 2.200 < 7.000 > 14.000 > 12.600 > 1.280 > 0.16
36 horas < 1.800 < 5.400 > 11.600 > 10.600 > 1.100 > 0.15
48 horas < 1.100 < 3.600 > 9.000 > 8.500 > 850 > 0.13
60 horas < 1.100 < 3.000 > 6.000 > 7.200 > 500 > 0.13
72 horas < 1.100 < 1.800 > 6.000 > 7.000 > 550 > 0.13
120 horas < 1.100 < 1.800 > 6.000 > 5.400 > 500 > 0.12
4o ao 28o dia < 1.100 < 1.800 > 6.000 > 5.400 > 500 > 0.12
consenso universal para o início de an- sua experiência. Desta forma, utilizare-
tibioticoterapia empírica. Alguns servi- mos neste capítulo as recomendações
ços iniciam, frente aos fatores de risco da Sociedade Brasileira de Pediatria,
mais importantes para a infecção, como baseadas no Centro Americano de
gestante com fatores de risco para EGB, Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
sem AIP ou com corioamnionite, princi- e faremos as observações pertinentes da
palmente, se o RN for prematuro. Outros Organização Pan-Americana de Saúde
apenas observam o RN por 48-72 horas, (OPAS), 2016, e do Royal Australasian
com coleta de hemocultura em alguns College of Physicians.
casos, descartando a infecção se o RN
for assintomático e a HMC for negativa. Importante: se o RN estiver com desconfor-
to respiratório leve ao nascer, sem necessida-
É importante que cada serviço tenha o
de de O2, não considerar logo sepse; avaliar
seu próprio protocolo, baseado em um
após 2 horas e vigiar a evolução.
consenso entre a literatura vigente e a
Figura 2. Condução do RN com fatores de risco para IRAS precoce por EGB e corioamnionite materna
Sim
Sinais de sepse?
HMG + PCR + HMC +RxTórax (s/n).
Iniciar ATBs. Se sepse definida (clínica,
Não presumida ou confirmada), colher LCR.
Sim Se sepse afastada, suspender ATBs*
Corioamnionite materna?
Não
Não
AIP indicada para mãe? Rotina
Sim
Sim
Mãe recebeu ≥ 4 hs de Penicilina, Cefazolina ou Ampicilina EV? Observação por ≥ 48 hs
Não
Sim
IG ≥ 37 sem; TBR < 18 hs? Observação por ≥ 48 hs
Não
Sim
IG < 37 sem; TBR ≥ 18 hs? HMG + PCR + HMC + Observação por ≥ 48 hs**
* Em RNs a termo, assintomáticos, de mãe com corioamnionite, alguns serviços não realizam HMG e PCR e nem iniciam
ATBs. Colhem apenas HMC e observam o RN por ≥ 48 horas. Se o RN for assintomático e a HMC for negativa, o RN recebe
alta. Se a HMC for positiva e/ou houver sinais de sepse, iniciam ATB e completam a investigação.
**O Royal Australasian College of Physicians considera que RNs de mães com EGB, mesmo com profilaxia incompleta, só
devem iniciar ATBs e colher triagem infecciosa, se forem sintomáticos (CLIFFORD, 2012). Considerando o aumento de
eventos adversos do uso de ATBs nos primeiros dias de vida + o aumento de enterocolite + o aumento de resistência
bacteriana, o manual da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2016) também encoraja esta prática.
agente etiológico isolado (se gram (+), HMCs positivas ocorrem por contamina-
14 dias; se gram (-), 21 dias). Não fazer ção durante a coleta (desconfiar quando
mais de 10 dias de GENTAMICINA pe- o crescimento só se iniciar após 48 horas
lo alto risco de lesão auditiva. do semeio) e muitos dos RNs com sepse
por estafilococo resistente à meticilina
IRA precoce com má evolução clíni- respondem clinicamente à Oxacilina.
ca e/ou dúvida se IRAS é de origem ma- O tempo de tratamento vai depen-
terna ou hospitalar (mãe com tempo de der da gravidade, da localização do foco
bolsa rota e internamento prolongados, e do agente etiológico isolado. Manter
RN com muitos procedimentos invasi- tratamento por 3 a 5 dias após melho-
vos etc.): faz CEFEPIMA. ra clínica, se a HMC estiver negativa.
IRAS precoce com perfuração in- No geral, 7 a 10 dias (sem MGE), 14 dias
testinal, cobrir anaeróbio: PENICILINA (com MGE por gram (+)) e 21 dias (com
ou AMPICILINA + GENTAMICINA + ME MGE por gram (-)).
TRONIDAZOL ou CEFEPIMA + METRONI Pacientes tratados com antibiótico
DAZOL (Cefepima cobre anaeróbios, por mais de 14 dias apresentam maior
exceto bacteroides, daí associar Metro colonização por Pseudomonas aerugino-
nidazol). Colher cultura intraoperatória sa e enterobactérias resistentes, aumen-
(desescalonar de acordo com HMC/cul- tando o risco de superinfecção.
tura intraoperatória). Sempre que possível, dizer NÃO às
cefalosporinas de terceira e quarta ge-
IRAS tardia rações (como Cefepima, Cefotaxima,
Cobrir os microrganismos mais frequen- Ceftazidima, Ceftriaxona), carbapenê-
tes da unidade neonatal em que o RN es- micos (Imipenen, Meropenen) e glico-
tá internado, de acordo com o perfil de peptídeos (Vancomicina). O uso amplo
sensibilidade destes e com a presença destes antibióticos tem sido associado à
de suporte invasivo, foco infeccioso, re- emergência de bactérias MDR.
sultados de culturas de vigilância e anti- A seguir, seguem sugestões de es-
bioticoterapia prévia do RN. Geralmente, quemas para IRAS tardia:
cobre-se gram (-) e (+), e a depender da Primeiro esquema: OXACILINA (gram
situação, anaeróbios e fungos. (+) sensíveis à meticilina) + AMI
Os gram (+) coagulase negativo são CACINA (gram (-)). Vigiar resultado
os microrganismos mais frequentes de da HMC e a evolução do RN. Se tiver
infecção tardia, na maioria das unida- HMC positiva para estafilococos re-
des neonatais. Geralmente, são resis- sistente à meticilina e boa evolução
tentes à Meticilina, mas muitas dessas do RN, manter oxacilina.
Infecções relacionadas à assistência à saúde 125
RN com acesso periférico por 48 horas, dagem cirúrgica, se não houver reso-
antes de instalar o novo AVC, a fim de lução do quadro com ATB.
evitar a colonização do novo cateter. Trombose séptica: não há consenso pa-
ra tempo de ATB. Avaliar de acordo
Manejo de pacientes com IRAS com a evolução clínica + laborato-
recorrentes
rial (HMG, PCR e culturas).
Se o paciente tiver cultura de vigilância
pré
via positiva (colonizado), fazer te- SUGESTÕES DE ESQUEMAS DE
rapia empírica dirigida pelo resultado ANTIBIÓTICOS DE ACORDO COM O
desta. Desescalonar, após o resultado de ANTIBIOGRAMA NAS IRAS TARDIAS
hemocultura. • Listeria monocytogenes: Ampicilina
Intensificar as medidas para preven- e aminoglicosídeo para promover
ção de IRAS, em especial higienização
sinergismo.
das mãos e no manuseio dos dispositi-
• Neisseria gonorrhoeae: Ceftriaxona.
vos; remoção dos dispositivos invasivos;
• Pseudomonas aeruginosa: Amica
realização de exames complementares
cina, Pipetazo, Ceftazidima, Mero
para identificação de foco infeccioso.
penem. Se tiver MDR: Polimixina +
Meropenem ou Amicacina.
Durações mais prolongadas de
antibioticoterapia nas IRAS tardias • Acinetobacter baumannii: Amica
cina, Ampicilina/Sulbactam, Cefta
Infecções fúngicas: mínimo de 14 dias
zidima, Meropenem. Se tiver MDR:
(sem MGE) e 21 dias (com MGE), se
Polimixina + Meropenem ou Ami
não houver isolamento do fungo. Se
cacina ou Ampicilina com Sulbac
a HMC for positiva para fungo, deve-
-se colher as hemoculturas seriadas tam ou Tigeciclina.
toprima + Piperaci
li
na ou Ceftazi- carbapenêmicos: Polimixina + Mero-
dime. penem ou Amicacina ou Tige
ci-
• Enterococcus sp.: Ampicilina e Gen clina.
tamicina (sinergismo). Considerar • Serratia marcescens: Cefepima com
Vancomicina para os produtores de ou sem aminoglicosídeo. Ou
tras
betalactamases ou resistentes aos opções: Ciprofloxacino ou Ci
proflo
aminoglicosídeos. xacino + aminoglicosídeo ou Pipe
• Klebsiella sp., E. coli e Enterobacter tazo. Para MDR suspeitos de resistên-
cloacae: aminoglicosídeo, cefalos cia aos carbapenêmicos: Meropenem
po
rinas, Pipetazo, Meronem. Para + Amicacina. Tigeciclina para pacien-
MDR suspeitos de resistência aos te grave com pneumonia.
REFERÊNCIAS
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Associada à Assistência à Saúde Neonatologia. 2017.
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02/2021. Critérios Diagnósticos das Infecções 171, n. 4, p. 365-371, Apr. 2017.
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Seguimento ambulatorial
do recém-nascido de alto risco
AIMS (Alberta Infant Motor Scale) BSDI II e BSDI III (Bayley Scales of Infant Development)
GMFCS (Gross Motor Function Classification System) M – CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers)
Fonte: Adaptado do curso “O prematuro no consultório”. SBP/Educação Manole – Aula: Avaliação do neurodesenvolvi
mento do prematuro.
ser individualizada de acordo com a he- de 3-6 mg/kg/dia, por três a seis meses,
moglobina e a ferritina do paciente: até nova avaliação laboratorial.
Ferritina < 60 ng/ml – prescrever fer-
ro elementar: 3 a 6 mg/kg/dia; Vitamina D
Ferritina > 300 ng/dl – não prescre- Embora definida como vitamina, es-
ver ferro; sa substância é conceitualmente um
Reticulócitos > 1 mg/dl – iniciar ferro pró-hormônio, que desempenha papel
com 2 semanas de vida; fundamental na homeostasia do cálcio
Reticulócitos < 1 mg/dl – iniciar ferro e do metabolismo ósseo. A deficiência
com 4 semanas de vida. de vitamina D é um dos distúrbios nu-
Profilaxia de anemia – prescrever tricionais mais frequentes em todo o
ferro de acordo com as recomen- mundo (ver Quadro 3). Na prematurida-
dações da Sociedade Brasileira de de, a principal causa de sua deficiência
Pediatria (Quadro 2). deve-se à diminuição da transferência
materno-fetal, ao aleitamento materno
O tratamento da anemia deve ser exclusivo, à dieta pobre em vitamina D,
realizado após confirmação diagnóstica às síndromes de má absorção intestinal,
e identificação da etiologia, corrigindo ao uso de corticoides e anticonvulsivan-
as causas primárias e realizando-se a ad- tes, às hepatopatias, às nefropatias crô-
ministração de ferro elementar na dose nicas, entre outras.
Situação Recomendação
RNPT que receberam mais de 100 Devem ser avaliados individualmente, pois podem não
ml de concentrado de hemácias necessitar de suplementação de ferro no 30o dia de vida, mas sim
durante a internação posteriormente
Fosfatase alcalina
Paratormônio
25-OH-vitamina D
Aumentado; Diminuído
REFERÊNCIAS
AGOSTONI, C.; BUONOCORE, G.; CARNIELLI, V. Pediatria; Procianoy, R. S.; Leone, C. R. (Orgs.).
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prematuridade. In: Sociedade Brasileira de prematuro/. Acesso em: 22 dez. 2021.
S E Ç ÃO 2
Capítulo 1
Aleitamento materno
Capítulo 2
Alimentação na infância e na adolescência
Capítulo 3
Imunização na infância e na adolescência
Capítulo 4
Avaliação e acompanhamento do crescimento da criança
e do adolescente
Capítulo 5
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor na
infância
Capítulo 6
Higiene do sono
Capítulo 7
O impacto das tecnologias digitais na infância e na
adolescência
Capítulo 8
Recomendações de atividade física para crianças e
adolescentes
Capítulo 9
Sinais e sintomas de câncer no paciente pediátrico:
quando suspeitar?
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Aleitamento materno
Aspectos imunológicos
Resposta imune citotóxica elimina células infectadas por vírus ou células tumorais
Fonte: Autora.
Aspectos afetivos
Fonte: Autora.
Aleitamento materno
149
Morbidades
• Diarreia: além de evitá-la, o aleitamento materno (AM) exerce influência também na gravidade dessa
doença, pois promove o desenvolvimento imunológico intestinal e a função de barreira, facilitando a
tolerância imune e o crescimento dos micro-organismos intestinais
• Infecções respiratórias: vários estudos têm demonstrado maior proteção das crianças amamentadas,
de modo exclusivo, nos primeiros seis meses, quanto à ocorrência e à gravidade dos episódios, como
também quanto à prevenção das otites
• Infecção urinária: o leite materno fornece componentes bioativos de defesa
• Doenças Crônicas Não Preveníveis (DCNP): pesquisas demonstram que o AM mais prolongado está
associado ao menor risco de DCNP, como: diabetes mellitus, hipertensão, hipercolesterolemia,
doenças cardiovasculares, doença inflamatória intestinal, obesidade e síndrome metabólica. A
disbiose pode levar a maior suscetibilidade para as DCNPs
• Obesidade: as crianças amamentadas apresentam menor chance de sobrepeso/obesidade, como
também há uma relação entre dose e resposta com a duração do aleitamento materno; quanto
maior o tempo de aleitamento, menor a probabilidade de sobrepeso/obesidade. Entre os possíveis
mecanismos envolvidos nessa proteção está o desenvolvimento da autorregulação de ingestão
de alimentos nos amamentados e a composição do leite materno, que participa no processo de
“programação metabólica”, alterando o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o
fenômeno de diferenciação metabólica
• Alergias (Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), Dermatite Atópica (DA) e outros tipos de alergia,
como: asma e sibilos recorrentes): usar pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida
parece aumentar o risco de alergia à proteína do leite de vaca, por se elevar a permeabilidade
intestinal; por isso, deve-se evitar o uso desnecessário de fórmulas infantis
• Diabetes tipo 1: a exposição precoce ao leite de vaca (antes do 4º mês) é considerada um fator
importante para aumentar o risco de aparecimento desta patologia
• Dermatite de fraldas: o pH fecal das crianças em AM é ácido e favorece o crescimento de flora bífida
• Morte súbita: menor incidência desta patologia
• Autismo: a presença de IGF no LM compensa os níveis baixos congênitos na criança portadora de
autismo
• Enterocolite necrosante: em RN com uso de LM há uma redução de 6 vezes no risco de desenvolver
esta patologia, devido aos seus componentes: DHA, imunoglobulinas, lactoferrina, a presença dos
oligossacarídeos do leite humano (HMO) e outros imunonutrientes
• Recém-nascidos prematuros ou de baixo peso ao nascer: o LM é capaz de prevenir o desenvolvimento
de diversas doenças, como displasia broncopulmonar e enterocolite necrosante, além de reduzir o
risco de morte e a ocorrência de sepse em unidades de cuidados intensivos neonatal
• Doenças psicoemocionais: menor chance de distúrbios emocionais, desvios de conduta e dificuldades
psicossociais pelo vínculo mãe-bebê
• Má oclusão dentária e distúrbios de linguagem: o ato de mamar propicia melhor desenvolvimento
da cavidade oral, melhor desenvolvimento da articulação temporomandibular, tonicidade
da musculatura facial e conformação do palato duro, com futuro alinhamento dos dentes e
oclusão dentária. O desmame precoce leva à ruptura do desenvolvimento motor oral adequado,
prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração, articulação dos sons e da fala,
ocasionando má oclusão, respiração bucal e alteração motora oral. Com o uso de chupeta/
mamadeira, o palato é empurrado para cima, o assoalho nasal se eleva, reduzindo o tamanho da
passagem da respiração nasal
• Leucemias e linfomas: vários estudos demonstram uma redução na ocorrência destas patologias
• Morte súbita: há menor incidência entre os alimentados ao seio materno
Fonte: Autora.
SEÇÃO 2 150
deve ser suspenso por 10 dias após • Bebidas alcoólicas: o consumo even-
a vacinação. tual moderado de álcool (um cálice
• Uso de fármacos: a interrupção da de vinho ou duas latas de cerveja)
amamentação apenas deveria ocor- é considerado compatível com a
rer quando a mãe necessita utilizar amamentação. Sugere-se que a mãe
um fármaco contraindicado e para amamente antes do consumo de
o qual não haja substituto. Contudo, bebidas alcoólicas e espere três ou
o uso da maioria dos medicamentos 4 horas após beber para amamentar
não contraindica a amamentação. novamente.
Acesse o manual “Amamentação e • Tabagismo: não é recomendado
uso de medicamentos e outras subs- manter o tabagismo durante a ama-
tâncias”, do Ministério da Saúde, pa- mentação. Contudo, quando a mãe
ra saber quais são os medicamentos não consegue parar de fumar, é re-
que exigem a interrupção do AM. comendado manter a amamentação.
• Drogas ilícitas: é necessária uma Acredita-se que os benefícios do lei-
análise individual para avaliar o be- te materno para a criança superem
nefício e o risco da amamentação e a os possíveis malefícios da exposição
capacidade da mãe de cuidar do be- à nicotina via leite materno.
bê. Mães usuárias ocasionais de an-
É importante ressaltar que o álcool e o cigar-
fetaminas, ecstasy ou cocaína devem
ro podem diminuir a produção, modificar
ser orientadas a suspender a ama-
o odor e o sabor do LM, levando o bebê a
mentação, ordenhar e descartar o
recusá-lo.
leite por um período de 24 a 36 horas,
após o uso da droga. Depois desse
período pode-se reiniciar a amamen- CONDIÇÕES RELACIONADAS À CRIANÇA
tação. Quanto à maconha, há evidên- QUE CONTRAINDICAM A AMAMENTAÇÃO
cias insuficientes sobre sua relação • Galactosemia: absolutamente con-
com o aleitamento materno; há al- traindicado;
guma evidência de que é excretada • Fenilcetonúria: necessita de monito-
pelo leite materno, mas seus efeitos ramento;
sobre a criança são desconhecidos. • Síndrome da urina de xarope do bor-
Portanto, também se orienta inter- do (leucinose): necessita de monito-
romper a amamentação, ordenhar e ramento;
descartar o leite por 24 horas, após o • Intolerância à glicose;
seu consumo. Depois desse período • Malformações fetais de orofaringe,
pode-se reiniciar a amamentação. esôfago e traqueia, cardiopatia e/ou
SEÇÃO 2 160
materna. A indicação pode ser por cau- exemplo: síndrome de Down). Para as
sas relacionadas ao recém-nascido ou mães, essa indicação ocorre nas seguin-
às mães. Para o recém-nascido, a indi- tes situações: descida tardia do leite,
cação é decorrente da sucção pouco pós-parto imediato, uso de medicamen-
eficiente do prematuro ou à condição to que dificulte a produção do leite, re-
que o impeça de fazer muito esforço tomada da amamentação, em casos de
(determinadas doenças neurológicas recém-nascidos adotados, ou uma ma-
ou cardíacas, hipotonia muscular, por ma menor que a outra.
REFERÊNCIAS
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nação-Geral de Ciclos da Vida. Coordenação Programáticas Estratégicas. A legislação e
de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. o marketing de produtos que interferem na
Nota técnica nº 15/2020 – COCAM/CGCIVI/ amamentação: um guia para o profissional
DAPES/SAPS/MS. Brasília: Ministério da Saú de saúde. Brasília: Editora do Ministério
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NotaTecnicaCovidCocam15_8045946382474 marketing_produtos_amamentacao.pdf.
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Alimentação na infância
e na adolescência
9o a 11o mês Passar gradativamente para a refeição da família, com ajuste da consistência
12o mês Comida da família – Observando a adequação dos alimentos consumidos pela família
Cará Pepino
2 Alguns autores recomendam a substituição do nome papa por mistura, evitando, assim, problemas
de interpretação.
SEÇÃO 2 176
3 Na literatura tradicional, há a recomendação de iniciar o sal de cozinha a partir dos doze meses e em
quantidades mínimas.
Alimentação na infância e na adolescência 177
Como a refeição deve ser preparada? gulação), não interferindo na sua de-
No início, a criança deverá receber a cisão de não querer mais o alimento.
comida amassada com garfo. Em segui- Embora a ingestão de porções em re-
da, deve-se evoluir para alimentos pica- feições individualizadas possa ser algo
dos em pedaços pequenos, raspados ou irregular, o consumo energético em 24
desfiados, para que a criança aprenda a horas costuma ser adequado. A aferição
mastigá-los. Não devem ser oferecidas periódica do crescimento e do bem-es-
preparações líquidas, como sopas, sucos tar são os melhores indicativos de ade-
e caldos, porque fornecem menos ener- quação da alimentação.
gia e nutrientes do que a criança precisa,
sendo, portanto, desaconselhável o uso Alimentação aos 12 meses –
de liquidificador, mixer ou peneira para peculiaridades
o preparo. A comida da criança precisa O leite materno, quando disponível,
ter consistência adequada, ou seja, aque deve ainda ser ofertado e proporcionar
la que não escorre da colher, que é firme, os elementos essenciais para a saúde
que dá trabalho para mastigar, ajudando da criança até dois anos ou mais. O
no desenvolvimento da face e dos ossos processo de desmame costuma ser gra-
da cabeça, colaborando para a respiração dual e há participação ativa da mulher,
adequada e o aprendizado da mastigação. reconhecendo os sinais que a criança
envia: menos interesse pelo peito, não
Qual é a quantidade que deve ser demonstra ansiedade por não mamar
oferecida em cada refeição? ou prefere outras atividades com a mãe.
A quantidade de alimentos aceitos apre- Após os doze meses é comum que a
senta variações individuais e temporais. orientação básica fornecida às famílias
Devem ser respeitados os sinais de sacie- é a de que a criança compartilhe a “die-
dade manifestados pela criança (autorre- ta da família”, pois espera-se que ela seja
A partir dos 7 meses Alimentos amassados 2/3 de uma xícara ou tigela de 250 ml
Alimentos cortados ou
9 a 11 meses 3/4 de uma xícara ou tigela de 250 ml
levemente amassados
REFERÊNCIAS
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2021, p. 78. br/index.php/relatorios/. Acesso em out. 2021.
C APÍTULO 3
Imunização na infância
e na adolescência
Idade
Vacina Proteção Contra Ao Meses Anos
nascer 2 3 4 5 6 9 12 15 18 4-6 10 11-12 13-15 16 17-19
Formas graves de tuberculose,
BCG ID
meníngea e miliar
Hepatite B
Hepatite B Adolescentes não vacinados deverão receber 3 doses
recombinante
Rotavírus (VRH) Diarreia por rotavírus
DTP/DTPa Difteria, tétano e coqueluche
dT/dTpa Difteria, tétano e coqueluche Para os reforços de 10 em 10 anos
Hib Haemophilus influenzae tipo b
Difteria, tétano, coqueluche,
DTP+Hib+HB
Haemophilus influenzae B e
(Penta)
hepatite B
VOP/VIP Poliomielite
Pneumocócica Meningite, pneumonias, sinusite
10-valente (PCV 10) e otite
Meningocócica C Meningite meningocócica pelos
e ACWY sorotipos que compõem a vacina
Influenza Vírus Influenza A partir de 6 meses a menores de 6 anos de idade, que apresentem fatores de risco
Sarampo, Caxumba
Sarampo, caxumba e rubéola
e Rubéola (SCR)
SCR + Varicela Sarampo, caxumba, rubéola
(SCRV) e varicela
Varicela Varicela
Hepatite A Hepatite A Adolescentes não vacinados deverão receber 2 doses
Papilomavírus humano 6, 11, 9 a 14 anos, para meninas e meninos; 2 doses, sendo a 2ª dose 6
HPV recombinante
16 e 18 meses após a 1ª dose
Febre amarela Febre amarela Adolescentes não vacinados deverão receber 1 dose
Covid-19 Covid-19 Vacinas e número de doses: de acordo com as recomendações do PNI para cada grupo
Tempo decorrido da
Eventos adversos Descrição Conduta
aplicação/evento
Fonte: Autores.
Imunização na infância e na adolescência 193
dicada em crianças com idade de 5 anos ços a cada 10 anos com a vacina dupla
ou mais. As vacinas DTP/DTPa são con- adulto (dT) apenas contra a difteria e
traindicadas em crianças com idade de 7 o tétano. Este reforço é realizado, ge-
anos ou mais. Observar as condutas nas ralmente, aos 14 anos de idade. Pelo
seguintes condições: calendário da SBP é recomendado que
• EHH e convulsões: continuar esque seja utilizada neste reforço, preferen-
ma com DTPa para menores de 7 cialmente, a formulação tríplice acelu-
anos e completar esquema de hepa- lar – dTpa, porém, atualmente, para esta
tite B e Hib com vacinas isoladas; indicação, a vacina é disponibilizada
• Encefalopatia: contraindica o com- somente no setor privado.
ponente pertussis, mesmo que ace- Crianças com 7 anos ou mais, nun-
lular, devendo-se completar o esque- ca imunizadas ou com histórico vacinal
ma com a vacina dupla tipo infantil desconhecido, devem receber três doses
DT. Completar esquema de hepatite da vacina contendo o componente tetâ-
B e Hib com vacinas isoladas; nico, sendo uma delas, preferencialmen-
• Reações de hipersensibilidade: ma te, com a vacina tríplice acelular, com
nifestações cutâneas, como urticária, intervalo de dois meses entre elas (0, 2
exantema macular ou maculopapu- e 4 meses – intervalo mínimo de qua-
lar não contraindicam doses subse- tro semanas). Gestantes devem receber,
quentes. Reações anafiláticas con- a cada gravidez, uma dose da vacina
traindicam todos os componentes dTpa, a partir da vigésima semana de
da vacina; gestação, com o objetivo de transferir
• Apneia: na recomendação do MS, anticorpos protetores contra a coquelu-
em prematuros < 31 semanas de IG che para o recém-nascido. Aquelas que
e/ou com PN < 1.000 g deve ser utili- não foram vacinadas durante a gestação
zada aos 2 meses de idade, preferen- deverão receber uma dose de dTpa no
cialmente, a DTPa isolada, adminis- puerpério, o mais breve possível.
trando também as demais vacinas O SUS adquiriu, em 2021, a vacina
indicadas: hepatite B, Hib e VIP. As Penta acelular (contra difteria, tétano,
doses subsequentes são realizadas pertussis acelular, inativada contra a
com a Penta acelular. poliomielite (VIP) e Haemophilus in-
fluenzae b e a vacina Hexa acelular
dT/dTpa – Vacina Dupla Bacteriana (contra difteria, tétano, pertussis acelu-
(difteria, tétano) lar, inativada contra a poliomielite (VIP),
Posteriormente ao segundo reforço, o Haemophilus influenzae b e Hepatite B
PNI preconiza que sejam aplicados refor- recombinante) em substituição à vacina
Imunização na infância e na adolescência 195
DTPa para serem utilizadas nos CRIEs. nos reforços de 15 meses e 4 anos. A VIP
Além das indicações, nos casos de con- pode ser aplicada simultaneamente às
vulsão e EHH após as vacinas DTP ou outras vacinas utilizadas no PNI. No ca-
Penta de células inteiras, os CRIE dispo- lendário da SBP, as três primeiras doses,
nibilizarão as vacinas para crianças que aos 2, 4 e 6 meses, devem ser feitas, obri-
apresentem risco aumentado de desen- gatoriamente, com a vacina pólio inati-
volvimento de eventos graves com a DTP vada (VIP), sendo recomendado que os
ou Penta celular e, também, para algu- reforços sejam também realizados, pre-
mas situações de imunodepressão. ferencialmente, com a vacina inativada
A profilaxia do tétano acidental está (VIP) nas apresentações penta (aos 15
detalhada no Quadro 4. meses) ou tetra (de 4 a 6 anos) acelulares.
A VOP é administrada por via oral,
Vacina contra Haemophilus influenza orientando-se adiar a vacinação em
tipo b (conjugada) – Hib quadros de diarreia e vômitos e na vi-
A vacina contra Haemophilus influenza gência de doenças febris agudas mode-
tipo b (conjugada) está incluída na va- radas ou graves. Está contraindicada nos
cina Penta do PNI, combinada com as casos de: pessoas com imunodeficiên-
vacinas contra difteria, coqueluche e cias humorais ou celulares, neoplasias
hepatite B. O esquema do MS são três ou em uso de terapia imunossupressora,
doses, realizadas aos 2, 4 e 6 meses de assim como seus comunicantes; pessoas
idade, sem necessidade de reforços, en- convivendo com HIV e seus comunican-
tretanto, quando utilizada, pelo menos, tes; história de alergia tipo anafilática a
uma dose de vacina combinada com antibióticos contidos na vacina; história
componente pertussis acelular, dispo- de pólio vacinal associado à dose ante-
nível em clínicas privadas e nos CRIEs, rior e gestantes. Em geral, é uma vaci-
uma quarta dose da Hib é necessária aos na bem tolerada, raramente associada
15 meses de vida, para diminuir o risco a eventos adversos. O principal evento
de ressurgimento das doenças invasivas adverso associado à VOP é a paralisia
causadas por Hib. pós-vacinal, tanto no vacinado como no
comunicante. O risco é extremamente
Vacina inativada poliomielite (VIP)/ reduzido quando a VOP é aplicada após
Vacina oral poliomielite (VOP) o esquema básico com a VIP.
O PNI utiliza no esquema primário a A VIP é composta por três tipos de
VIP nas três primeiras doses (2, 4 e 6 poliovírus inativados (tipos 1, 2 e 3) e
meses), mantendo a VOP bivalente (po- é administrada por via intramuscu-
liovírus atenuados tipos 1 e 3) apenas lar. Está contraindicada em história de
SEÇÃO 2 196
Ferimentos com risco mínimo de tétanoa Ferimentos com alto risco mínimo de tétanob
História de vacinação prévia contra tétano
Vacina SAT/IGHAT Outras condutas Vacina SAT/IGHAT Outras condutas
Incerteza ou menos de 3 meses Simc Não Limpeza e Simc Sim Desinfecção, lavar
desinfecção, lavar com soro fisiológico e
com soro fisiológico e substâncias oxidantes
3 doses ou mais, sendo a última dose há substâncias oxidantes ou antissépticas,
Não Não Não Não
menos de 5 anos ou antissépticas e e remover corpos
desbridar o foco da estranhos e tecidos
infecção desvitalizados.
3 doses ou mais, sendo a última dose há mais Desbridamento do
Não Não Sim (1 reforço) Nãod
de 5 anos e menos de 10 anos ferimento e lavagem
com água oxigenada
3 doses ou mais, sendo a última dose há 10
Sim Não Sim (1 reforço) Nãod
anos ou mais
a
Ferimentos superficiais, limpos, sem corpos estranhos ou tecidos desvitalizados.
b
Ferimentos profundos ou superficiais, sujos; com corpos estranhos ou tecidos desvitalizados; queimaduras; ferimentos puntiformes ou por armas branca e de fogo; mordeduras;
politraumatismos e fraturas expostas.
c
Vacinar e aprazar as próximas doses para completar o esquema básico. Essa vacinação visa proteger contra o risco de tétano por ferimentos futuros. Se o profissional que prestar o
atendimento suspeitar que os cuidados posteriores com o ferimento não serão adequados, deve considerar a indicação de imunização passiva com SAT (soro antitetânico) ou IGHAT
(imunoglobulina humana antitetânica). Quando indicado o uso de vacina e SAT ou IGHAT, concomitantemente, devem ser aplicados em locais diferentes.
d
Para paciente imunodeprimido, desnutrido grave ou idoso, além do reforço com a vacina, está também indicada IGHAT ou SAT.
e
Se o profissional que prestar o atendimento suspeitar que os cuidados posteriores com o ferimento não serão adequados, deve considerar a indicação de imunização passiva com SAT (soro
antitetânico) ou IGHAT (imunoglobulina humana antitetânica). Quando indicado o uso de vacina e SAT ou IGHAT, concomitantemente, devem ser aplicadas em locais diferentes.
reação alérgica grave à dose anterior da até 5 anos de idade recebem dose úni-
vacina ou a algum componente dela. ca. Crianças saudáveis com esquema
completo com a VPC10 podem receber
Vacinas pneumocócicas conjugadas dose(s) adicional(is) da VPC13 até os
(VPC10 e VPC13) cinco anos de idade, para ampliação na
São recomendadas para todas as crian- proteção para os sorotipos adicionais,
ças até 5 anos de idade. A vacina ofere- respeitando-se a recomendação da bula
cida pelo PNI é a vacina pneumocócica para cada idade. A VPC13 ainda não faz
conjugada 10-valente (VPC10) no esque- parte da rotina do Calendário Nacional
ma 2 + 1, em que a primeira dose é apli- de Vacinação da Criança do PNI, porém
cada aos 2 meses de idade e a segunda já foi introduzida nos CRIE, destinada a
dose, aos 4 meses. O reforço é realizado situações especiais, para uso sequencial
aos 12 meses de idade e pode ser feito com a vacina pneumocócica polissacarí-
até os 4 anos, 11 meses e 29 dias. Para as dica 23-valente (VPP23). É indicada para
crianças que iniciam o esquema após 12 pacientes ≥ 5 anos de idade de alto risco
meses, o PNI recomenda dose única. A para doença pneumocócica invasiva: pa-
via de administração é exclusivamente cientes que vivem com HIV/Aids, trans-
intramuscular. É uma vacina bem tolera- plantados de células tronco hematopoié-
da, sendo os eventos adversos mais co- ticas (medula óssea), transplantados de
muns a dor, a hiperemia no local da apli- órgãos sólidos e pacientes oncológicos.
cação e a irritabilidade. São eventos de
intensidade leve a moderada e de curta Vacina pneumocócica
duração. É contraindicada em casos de polissacarídica 23-valente (VPP23)
hipersensibilidade conhecida a qualquer É indicada a partir dos 2 anos de ida-
componente da vacina. Não deve ser uti- de para crianças com risco de doença
lizada em indivíduos maiores que 5 anos. pneumocócica invasiva, devendo ser
A SBP recomenda, sempre que pos- administrada por via intramuscular. São
sível, o uso da vacina conjugada 13-va- realizadas duas doses da vacina polis-
lente (VPC13), pelo seu maior espectro sacarídica, independentemente do uso
de proteção, no esquema de três doses prévio da vacina conjugada. Para a pri-
no primeiro ano (2, 4, e 6 meses) e uma meira dose, deve-se respeitar o interva-
dose de reforço entre 12 e 15 meses de lo mínimo de dois meses após a última
vida. Crianças entre 12 e 23 meses ainda dose de VPC10 ou VPC13. Deve-se aplicar
não vacinadas recebem duas doses com uma segunda dose de VPP23 após cinco
intervalo de 60 dias, sem necessidade de anos da primeira dose. A revacinação
reforço, e aquelas maiores de 24 meses é indicada uma única vez, cinco anos
SEÇÃO 2 198
após a dose inicial. Não se deve aplicar A SBP recomenda, sempre que possí-
mais de duas doses da vacina VPP23. vel, utilizar, preferencialmente, a vacina
Para informações mais detalhadas, con- MenACWY, inclusive para os reforços de
sultar o Manual do CRIE. crianças previamente vacinadas com
MenC. Crianças com esquema vacinal
Meningocócica C conjugada (MenC)/ completo com a vacina MenC podem se
Meningocócica ACWY( MenACWY) beneficiar com dose(s) adicional(is) da
No calendário do PNI é preconizada a vacina MenACWY a qualquer momento,
administração da vacina MenC aos 3 respeitando-se um intervalo mínimo de
e 5 meses de idade, além de uma do- 1 mês entre as doses. São preconizadas
se de reforço aos 12 meses. Quando se doses de reforço 5 anos após (entre 5 e 6
inicia a vacinação após 1 ano de idade, anos de idade para os vacinados no pri-
faz-se apenas uma dose. É disponibili- meiro ano de vida) e na adolescência (a
zada para crianças menores de 5 anos partir dos 11 anos de idade). Para adoles-
de idade (até 4 anos, 11 meses e 29 dias). centes de até 15 anos de idade, que nun-
Em comunicado de junho de 2022, a ca receberam a vacina meningocócica
Coordenação Geral do Programa Na conjugada ACWY, recomendam-se duas
cional de Imunizações (CGPNI) informa doses com intervalo de cinco anos, ideal-
que disponibilizará temporariamente, mente aos 11 e aos 16 anos de idade. Para
até fevereiro de 2023, a vacina menin- os adolescentes de 16-18 anos, nunca an-
gocócica C conjugada para crianças a tes vacinados com vacina MenACWY, ad-
partir de 5 anos de idade e adolescentes ministrar somente uma dose da vacina.
não vacinados até 10 anos de idade e Os eventos adversos, geralmente, são
também para os trabalhadores de saúde. quadros locais autolimitados. Há o risco
Uma dose de reforço com a vacina potencial de apneia e a necessidade de
quadrivalente conjugada ACWY é rea- monitorização respiratória durante 48 a
lizada em adolescentes de 11 e 12 anos. 72 horas por ocasião da imunização pri-
Em novo comunicado, de agosto de mária com vacinas MenC e MenACWY
2022, a CGPNI informa que disponibi- em lactentes nascidos prematuros com
lizará temporariamente, até junho de ≤ 28 semanas de gestação, entretanto,
2023, a vacina conjugada ACWY para a vacinação não deve ser suspensa ou
adolescentes de 13 e 14 anos de idade; adiada, pois são grandes os benefícios.
dessa forma, o reforço com essa vacina,
nesse período, será para adolescentes de Meningocócica B recombinante
11 a 14 anos, 11 meses e 29 dias. A via de Esta vacina não faz parte do PNI, sendo
adminstração é intramuscular. a vacinação recomendada pela SBP para
Imunização na infância e na adolescência 199
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 22 dez. 2021. 2022.
Avaliação e acompanhamento
do crescimento da criança
e do adolescente
em uma única consulta, e que estar abai- alturas (anterior e atual) e o intervalo de
xo de um ponto de corte (3º percentil; tempo entre as duas medidas. Em rela-
10º percentil) não significa, necessaria- ção ao tempo, o cálculo é feito com o
mente, que a criança tem problema de tempo decimalizado. Assim, três meses
crescimento, uma vez que esses pontos equivalem a um quarto de ano (0,25). A
de corte são arbitrários. O que sugere seguir, compara-se o resultado obtido
problema de crescimento é a velocida- com a curva de referência de Tanner
de de crescimento, principal critério de ou com as curvas de VC da OMS, para
normalidade. crianças menores de cinco anos. Valores
de velocidade de crescimento abaixo do
Como avaliar a velocidade 10º percentil são considerados de risco,
de crescimento (VC)? já que 80% das crianças abaixo desse
Velocidade significa espaço dividido valor apresentam algum problema de
pelo tempo. Quando avaliamos o cres- crescimento.
cimento físico linear, a velocidade de Em relação à avaliação da estatura,
crescimento (VC) é definida como o deve ser considerado ainda o cálculo
incremento estatural em centímetros, da estatura-alvo, porque a definição de
ocorrido no intervalo de um ano. No en- estatura normal leva em consideração a
tanto, após o terceiro ano de vida, pode altura dos pais, e deve situar-se dentro
ser calculada a partir do crescimento de uma faixa-limite que gira em torno
apresentado em seis meses. O uso de in- da estatura-alvo. Esta pode ser calculada
tervalos menores para o cálculo da VC da seguinte forma:
pode multiplicar o erro das medidas ou
desconsiderar a variação do crescimen- Meninas: altura da mãe + (altura do pai - 13 cm) ± 6,5
2
to dentro do mesmo ano. A VC alcança-
da em distintas idades, incluindo o pe-
Meninos: altura do pai + (altura da mãe + 13 cm) ± 6,5
ríodo de crescimento intrauterino, não 2
é uniforme:
• Intrauterino: Maior VC
• Lactente: 20 a 25 cm/ano no primei- Do que depende a avaliação
ro ano e 12 cm/ano no segundo ano e o acompanhamento adequados
• Pré-Puberal: 5 a 7 cm/ano do crescimento?
• Puberal: 8 a 10 cm /ano a) Da informação correta da idade da
criança;
O cálculo da VC pode ser feito utili- b) Da obtenção de registros apropria-
zando-se a razão entre a diferença das dos das medidas antropométricas
SEÇÃO 2 212
Referências
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C APÍTULO 5
Vigilância do desenvolvimento
neuropsicomotor na infância
Idade em meses
Marcos Como pesquisar
0 1 2 3 4 5 6
Idade em meses
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Acesso em: 10 abr. 2021.
C APÍTULO 6
Higiene do sono
descrita na literatura, a associação do sono cada vez mais expressivos com seus
déficit de sono com alterações metabó- múltiplos impactos sistêmicos, também
licas e sobrepeso. Vários são os fatores poderá criar um ciclo vicioso ao projetar
associados aos problemas do sono, co- em seus filhos os mesmos comportamen-
mo os aspectos emocionais de medo e tos desfavoráveis. Promover a higiene
pesadelos na fase pré-escolar e escolar, do sono favorece, portanto, não apenas
e os aspectos mais clínicos das doenças noites bem dormidas, como também a
agudas e crônicas, que afetam todas as melhoria do rendimento de atividades
faixas etárias, sendo importantes aspec- diárias e na qualidade de vida.
tos a serem pesquisados na pediatria.
COMO INVESTIGAR?
QUAL É O IMPACTO DE UMA MÁ A anamnese é o instrumento principal
HIGIENE DO SONO? na investigação da higiene do sono e
A má higiene do sono pode ter impactos dos hábitos de risco para suas alterações,
bastante precoces na qualidade do sono possibilitando reconhecer os pontos a
em qualquer idade, sendo a faixa etária serem abordados na etapa de orienta-
pediátrica a mais vulnerável. Em famílias ção. É fundamental perguntar aos pais
com inadequados hábitos do sono é co- ou aos cuidadores sobre o horário de iní-
mum que a criança/adolescente acompa- cio e duração diária de sono, assim co-
nhe as atividades noturnas de seus pais, mo sobre o local onde a criança dorme
iniciando tarde os preparos para adorme- e quais rituais para adormecer são mais
cer e sem que ocorra a diminuição ade- frequentemente necessários.
quada dos estímulos visuais e sonoros à A National Sleep Foundation reco-
noite. Somado a isso, com o passar da menda a duração ideal de sono por faixa
idade, aumenta consideravelmente o uso etária (Tabela 1).
dos dispositivos eletrônicos, em especial
no horário noturno, sem o controle e o COMO ORIENTAR PARA UMA BOA
limite adequado por parte dos pais. Esses HIGIENE DO SONO?
fatores são determinantes para o apare- Segundo a Sociedade Brasileira de Pedi
cimento de atraso progressivo no horário atria, algumas orientações importantes
de adormecer e, consequentemente, in- a serem dadas aos pais de crianças e
suficiência na quantidade de horas de adolescentes são:
sono. A falta da adequada higiene do • Manter uma rotina de cochilos diur-
sono nas crianças e nos jovens tende a nos das crianças que ainda necessi-
se perpetuar na vida adulta e, por con- tam e evitar os cochilos no final da
sequência, além de trazer problemas de tarde;
SEÇÃO 2 222
REFERÊNCIAS
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C AAPÍTULO
PÍTULO x7
Todas as idades Não usar telas durante as refeições e desconectar 1 a 2 horas antes de dormir
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load/21511d-MO_-_UsoSaudavel_TelasTe de Trabalho Saúde na Era Digital (2019-2021).
SEÇÃO 2 230
mínimas de atividade física é alarmante por Lira, Oliveira e Oliveira (2021) (Figura
em todo o mundo. 1). O fluxograma contribuirá para que o
A pesquisa realizada por Mata et al. pediatra diferencie sua conduta de acor-
(2018) identificaram a prevalência de do com o perfil da criança e da família.
31,9% de inatividade física em crianças
de ambos os sexos. Esses resultados en- RECOMENDAÇÕES DE ATIVIDADE FÍSICA
fatizam a necessidade de programas Atualmente, estão disponíveis, na lite-
para incentivar a prática de atividade ratura, diversas diretrizes para a prática
física em crianças em idade escolar. De de atividade física por crianças e ado-
maneira similar, Guthold et al. (2020) lescentes. Essas diretrizes representam
analisaram dados de 298 estudos com uma estratégia importante à veiculação
escolares de 146 países e verificaram das orientações sobre o tema, tanto para
que a maioria dos adolescentes em ida- os profissionais de saúde quanto para a
de escolar (11 a 17 anos) não atende às população em geral. O Quadro 1 sinte-
recomendações atuais de atividade físi- tiza as evidências das principais reco-
ca. Entre os estudos analisados, obser- mendações sobre a prática de atividade
vou-se que 27 países apresentaram uma física para a população pediátrica.
prevalência de 90% ou mais de atividade
física insuficiente para as meninas, en- IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA
quanto para os meninos esse percentual Em termos práticos, os pacientes/pais
foi observado em apenas dois países. Se devem ser orientados a procurar um pro-
essas tendências continuarem, a meta fissional de Educação Física habilitado
global de redução de 15% na atividade para a promoção de atividade física com
física insuficiente não será atingida até orientação de qualidade, respeitando o
o ano de 2030. Desse modo, se faz ne- nível de desenvolvimento dos indiví-
cessário ampliar urgentemente a imple- duos. É importante salientar que as prá-
mentação de políticas e programas efi- ticas prescritas para crianças e adoles-
cazes para aumentar a atividade física centes, que apresentarem algum tipo de
nessa população. deficiência ou transtorno, devem seguir
Todavia, antes de iniciar a prática um programa adaptado às suas necessi-
de atividade física, é de extrema impor- dades específicas. Como atividades dire-
tância identificar o perfil do paciente cionadas conforme a faixa etária, indi-
e se ele está apto para a prática. Para camos as seguintes práticas: a) Bebês (0
esta identificação, sugere-se utilizar o a 2 anos) – Atividades sensório-motoras
fluxograma proposto pela Sociedade estimuladas pela psicomotricidade e/ou
Brasileira de Pediatria (2017), e adaptado natação para bebês (adaptação ao meio
Recomendações de atividades físicas para crianças e adolescentes 233
O paciente
apresenta alguma condição/
Sim Oriente o paciente e os pais sobre o
enfermidade que represente
controle da condição/enfermidade a
contraindicação absoluta para
procurar um médico especialista.
prática de atividades
físicas?
Não
Não
Não
CONTINUE A CONSULTA
Fontes: Autoras.
SEÇÃO 2 236
REFERÊNCIAS
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Recomendações de atividades físicas para crianças e adolescentes 237
EPIDEMIOLOGIA
de Câncer do Brasil (INCA/MS) revelam
Neoplasias malignas representam a pri- que o câncer responde por 8% do total
meira causa de morte em crianças com das mortes por doença entre crianças
idade inferior a 15 anos em países do e adolescentes de 1 a 19 anos. Apesar
continente europeu. Para 2021, cerca de disso, cerca de 80% da população aco-
10.500 novos casos de câncer foram pre- metida pela doença é potencialmente
vistos nos Estados Unidos, na população curável, desde que os casos sejam diag-
entre 0 a 14 anos de idade. Além disso, nosticados precocemente e tratados em
representa a segunda causa de morte, instituições com perfil especializado.
somente ultrapassada por acidentes. Para 2020, o INCA estimou 8.460 novos
Esse padrão também é verificado casos, sendo 4.310 para o sexo masculi-
no Brasil. Dados do Instituto Nacional no e 4.150 para o sexo feminino. Já em
Sinais e sintomas de câncer no paciente pediátrico: quando suspeitar? 241
Quadro 1. Tipos de tumores mais frequentes na infância, por faixa etária e principais sinais e sintomas
Linfoma Aumento dos linfonodos (carocinhos duros e indolores), febre, sudorese noturna e perda
5% 7%
Não Hodgkin de peso
Tumores do Sistema
26% 21% Cefaleia, náuseas, vômitos e convulsões
Nervoso Central
Tumores Hepáticos Aumento de volume e dor abdominal, vômitos, icterícia, prurido, perda de peso e de
2% < 1%
(Hepatoblastoma) apetite e febre e sinais de puberdade precoce
Osteossarcoma 2% 3% Massa óssea, dor, inchaço local e dificuldade de mobilização de membro acometido
Tumor de Wilms 1% 2% Massa renal, aumento de volume abdominal, hematúria e infecção urinária
Massa indolor, seios da face, sinusite, sangramento ou secreção pelo nariz, dificuldade
Rabdomiossarcoma 3% < 1% de deglutir, protrusão ocular, massa ou sangramento de conduto auditivo externo,
sangramento ou compressão do trato urinário
Tumores Aumento de testículo e ovário, dor, distensão, desconforto abdominal e massa pélvica ou,
3% 11%
Germinativos ainda, sintomas de obstrução de vias aéreas, se houver acometimento torácico
retar sintomas decorrentes do aumento osso, muitas vezes eles não fraturam. A
de volume ósseo (dor, inchaço e/ou mas- dor nos casos iniciais pode não ser cons-
sa local) ou sintomatologia secundária tante e ter uma exacerbação à noite, com
ao acometimento de tecidos à distância, atividade física e dependendo da locali-
sendo o mais frequente as metástases zação, pode levar à dificuldade para an-
pulmonares, cursando com, por exem- dar. Acometem, principalmente, ossos
plo, tosse e dispneia. Esses tumores aco- longos em região de metáfise, sendo os
metem mais adolescentes do gênero principais locais de apresentação o fêmur,
masculino e apesar de enfraquecer o as tíbias e a região proximal do úmero.
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Desvios da nutrição
Capítulo 1
Desnutrição na infância
Capítulo 2
Anemia ferropriva
Capítulo 3
Deficiência de micronutrientes na infância
Capítulo 4
Deficiência de vitamina A
Capítulo 5
Deficiências de vitaminas do complexo B
Capítulo 6
Deficiência de vitamina C
Capítulo 7
Deficiência de vitamina D
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Desnutrição na infância
Pele fina, enrugada (fácies senil) com perda de Pele fina, sensível a traumas e com manchas
elasticidade pelagróides
Criança inquieta, olhar vivo e choro constante Criança apática, não sorri e apenas choraminga
Figura 1. Fases do Protocolo da OMS para o manejo hospitalar da criança com desnutrição grave
Tratar ou prevenir
Hipoglicemia
Hipotermia
Desidratação
Corrigir desequilíbrio
Eletrolítico
Tratar infecção
Corrigir deficiências
Micronutrientes
sem ferro com ferro
Iniciar alimentação
Começar a alimentação
Aumentar a alimentação para
recuperar o peso perdido
(crescimento rápido) transição
Estimular o desenvolvimento
Emocional e sensorial
Quadro 2. Solução de reidratação oral para crianças com desnutrição grave (ReSoMal®)
Componentes da solução de reidratação oral para crianças com desnutrição grave (ReSoMal®)
Ingredientes Quantidades
Água 2 litros
Sacarose (açúcar) 50 g
*A solução combinada de eletrólitos e minerais contém: Cloreto de Potássio (89,5 g); Citrato Tripotássico (32,4 g); Cloreto
de Magnésio (30,5 g); Acetato de Zinco (0,3 g); Sulfato de Cobre (0,56 g) e água (1.000 ml).
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C APÍTULO 2
Anemia ferropriva
Izabel Cavalcanti
Maria Márcia Nogueira Beltrão
1 Observação: a ferritina é uma proteína de fase aguda e sua concentração aumenta em respos-
ta às doenças hepáticas, aos processos infecciosos e inflamatórios. Quando utilizada para aferir
o status do ferro, marcadores de infecção e inflamação (como proteína C reativa (CRP) ou Alfa-1-
glicoproteína ácida) devem também ser aferidos concomitantemente.
Anemia ferropriva
263
Anemia
Idade
Sem anemia Leve Moderada Severa
Identificar causa
Anemia
Diminuído Diminuída Aumentada Aumentado de carência de
ferropriva
ferro
Traço beta
Normal Normal Normal Normal EFHb-HbA2 > 4%
talassêmico
Análise molecular
Traço alfa das deleções do
Normal Normal Normal Normal
talassêmico gene da globina
alfa
Anemia
da doença Normal ou
Diminuído Diminuída Normal Identificar a causa
crônica ou da aumentada
inflamação
Anemia
Aumentado Normal Normal --- Mielograma
sideroblástica
Situação Recomendação
Recém-nascidos pré-termo, que receberam Devem ser avaliados individualmente, pois podem
mais de 100 ml de concentrado de hemácias não necessitar de suplementação de ferro com 30
durante a internação dias de vida, mas sim posteriormente
REFERÊNCIAS
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C APÍTULO 3
Deficiência de micronutrientes
na infância
VITAMINAS
LIPOSSOLÚVEIS HIDROSSOLÚVEIS
Liberadores
Hematopoiético Outros Vitamina C
de energia
Fonte: Autoras.
Deficiência de micronutrientes na infância 273
Crescimento ósseo e
do tecido conjuntivo, Escorbuto (hemorragia,
Citrinos, tomates, cura das feridas, queda dos dentes,
Vitamina C
batata e verduras funcionamento dos inflamação das gengivas
vasos sanguíneos, etc.)
antioxidante
Metabolismo de
Leveduras secas, fígado, Convulsões, anemias,
aminoácidos e ácidos
Vitamina B6 vísceras, cereais perturbações nervosas e
graxos, funcionamento
(Piridoxina) integrais, peixe e cutâneas
do sistema nervoso,
legumes
pele sã
Diminuição no
Vegetais de folhas
Amadurecimento dos número de todas as
Vitamina B9 verdes frescos, frutas,
glóbulos vermelhos, células sanguíneas
(Ácido fólico) fígado e outras vísceras,
síntese de DNA e RNA (pancitopenia) e
leveduras secas
hemácias grandes
Anemia perniciosa
Fígado, leite e produtos Amadurecimento e outras anemias
lácteos, carnes das hemácias, (vegetarianos e
Vitamina B12
(especialmente carne funcionamento do na infestação por
(Cobalamina)
de vaca, de porco e sistema nervoso e tênia), perturbações
vísceras) e ovos síntese de DNA psiquiátricas e visão
diminuída
Fonte: Autoras.
Deficiência de micronutrientes na infância 275
Fonte: Autoras.
Alteração do equilíbrio
Cloro Igual ao sódio Equilíbrio dos eletrólitos —
acidobásico
Formação dos ossos e dentes, Irritabilidade, fraqueza Para as pessoas que têm
Leite, queijo, carne, aves, peixe, equilíbrio acidobásico, e alterações das células insuficiência renal e elevadas
Fósforo
cereais, nozes e legumes componente de ácidos nucleicos sanguíneas, alterações intestinais concentrações de fosfato no
e produção de energia e renais sangue
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 3 278
Componente de enzimas,
Vísceras, ostras, nozes, legumes Depósito de cobre no cérebro e
Cobre formação de hemácias e dos Anemia nas crianças desnutridas
desidratados e cereais integrais lesões no fígado
ossos
Fonte: Autoras.
Deficiência de micronutrientes na infância 279
Mineral
Idade
Cálcio Sódio Potássio Fósforo Magnésio
Fonte: Autoras.
Mineral
Idade
Iodo Cromo Cobre Flúor Ferro Manganês Zinco
9 a 13 anos 120 mcg 25 mcg 700 mcg 2,0 mg 8,0 mg l,9 mg 8,0mg
14 a 18 anos 150 mcg 35 mcg 890 mcg 3,0 mg 11,0 mg 2,2 mg 11,0 mg
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 3 280
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C APÍTULO 4
Deficiência de vitamina A
As características clínicas mais evi- granular. A partir daí, pode surgir ul-
dentes de DVA envolvem o acometimen- ceração, cuja progressão pode levar a
to do tecido epitelial ocular, acarretan- um amolecimento e à perfuração da
do em lesões oculares, denominadas córnea, sendo este estágio conhecido
de uma maneira geral de xeroftalmia como ceratomalacia, no qual a cegueira
(Quadro 1). é irreversível.
Conforme o grau de acometimento, Outros sinais clínicos observados são
as alterações oculares vão sendo classifi- retardo do crescimento e anorexia, que
cadas diferentemente. O tecido ocular é podem ocorrer como primeiras manifes-
o mais comprometido e o primeiro sinal tações clínicas desta carência. Na pele,
de que está ocorrendo um déficit dessa são encontradas lesões que se caracteri-
vitamina é a cegueira noturna ou a he- zam por uma hipertrofia dos folículos pi-
meralopia. Nesse estágio, a criança não losos (frinoderma) e a xerodermia, mais
consegue uma boa visão em ambientes frequentes nas superfícies de extensão
pouco iluminados. Segue-se a xerose dos membros. Outros sinais de que está
conjuntival, na qual observamos a cha- ocorrendo carência dessa vitamina são
mada mancha de Bitot, localizada, em aumento da frequência de infecções por
geral, na parte externa conjuntival da deficiência de imunidade celular, retar-
esclerótica. Com o avançar da carência, do mental e parada de crescimento.
a córnea também é atingida, ocorrendo Alguns exames laboratoriais podem
a xerose corneal, com perda do seu bri- auxiliar na confirmação diagnóstica, en-
lho, apresentando-se com um aspecto tretanto, a maior parte deles não está
Classificação Indicador
XN Cegueira noturna
X2 Xerose da córnea
XS Cicatriz na córnea
XP Fundo xeroftálmico
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Deficiência de vitaminas
do complexo B
Como tratar?
Nos casos leves é feita a correção da ali- Nos casos moderados e graves recomen-
mentação, utilizando os alimentos com da-se a administração de 5 mg a 20 mg
maiores quantidades de tiamina: leite, da vitamina B1/dia, via oral ou parente-
frutas, gema de ovo, cereais integrais e ral, por vários dias. Fazer também uma
hortaliças. alimentação adequada.
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C APÍTULO
A PÍTULO 6
x
Deficiência de vitamina C
Deficiência
primária de Visibilidade clínica
alimentos
Esgotamento Desnaturação Alterações Alterações Alterações Cura/
das reservas celular bioquímicas funcionais anatômicas Sequelas
Deficiência
secundária Pré-patogênese Patogênese
de alimentos
Fonte: Autoras.
Deficiência de vitamina C 295
Manifestações hemorrágicas
Hemorragias subperiostais e edema duro, tenso e Quando nas junções costocondrais existe o
doloroso nas extremidades ósseas rosário escorbútico – Plastrão esternal para trás
Fonte: Autoras.
Fonte: Autoras.
Deficiência de vitamina C 297
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SE Ç ÃO 4
Dermatologia Pediátrica
Capítulo 1
Dermatite atópica
Capítulo 2
Infecções bacterianas da pele
Capítulo 3
Micoses superficiais
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Dermatite atópica
• Prurido
• Morfologia e distribuição típica das lesões (envolvimento facial e extensor nas crianças, e liquenificação e
linearidade nos adultos)
• História pessoal ou familiar de atopia
• Dermatite crônica e recidivante
SEÇÃO 4 310
Fonte: Autoras.
Dermatite seborreica Lactentes e adultos. Lesões em região inguinal, axilas, pescoço e couro cabeludo. Pouco pruriginosa
Dermatite de contato (irritativa ou alérgica) Crianças e adultos. Eczema agudo e/ou crônico em locais de exposição. Associação com DA
Lesões eczematosas em forma de moeda ou disco, presentes nos membros, principalmente nas regiões
Eczema numular/Dermatite numular
extensoras. Isolado ou associado à DA
Psoríase
Infecções/infestações
Escabiose
Infecções virais
Lactentes e adultos. Genodermatose. Escamas sobretudo nos membros inferiores. Poupam as fossas cubitais
Ictiose vulgar
e poplíteas. Associada às mutações do gene da filagrina
Acrodermatite enteropática (deficiência de zinco) Mais frequente em crianças. Dermatite eczematosa simétrica acral e periorificial
Imunodeficiências primárias
Doença rara. Eczema pustular, infecções estafilocócicas cutâneas e sinopulmonares, aumento sérico de IgE e
Síndrome Hiper IgE
eosinofilia
Síndrome de Omenn Lactentes. Eritrodermia esfoliativa e progressiva de início precoce. Associada à diarreia crônica
Neoplasias
REFERÊNCIAS
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de Alergia e Imunologia e da So
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C APÍTULO 2
Ectima Periporite
Lesão mais profunda, que acomete até Infecção de glândulas sudoríparas écri-
a derme, é ulcerada e com crosta mais nas, causada, principalmente, por Sta-
SEÇÃO 4 316
REFERÊNCIAS
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Micoses superficiais
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Rio de Janeiro: Guanabara, 2008. Paulo: ARTMED, 2004.
Endocrinologia pediátrica
Capítulo 1
Abordagem da hipoglicemia persistente na emergência
Capítulo 2
Hipotireoidismo em crianças
Capítulo 3
Hipertiroidismo em crianças
Capítulo 4
Baixa estatura
Capítulo 5
Puberdade precoce e atraso puberal
Capítulo 6
Intercorrências na criança com diabetes: como proceder?
Capítulo 7
Complicações agudas nas crianças com diabetes
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Abordagem da hipoglicemia
persistente na emergência
por testes de estímulo específicos) e - Não melhorou após 15-30 min: gli-
perfil lipídico, ácidos graxos livres cose parenteral.
(AGL), perfil de acilcarnitinas, cro- • Se o paciente estiver com alteração
matografia de ácidos orgânicos e de do nível de consciência:
aminoácidos, além de dosagens na - Glicose intravenosa (IV) ou Gluca
urina de cetonas, substâncias redu- gon subcutâneo (SC) ou intramus-
toras e ácidos orgânicos. cular (IM);
- Glicose IV: bolus inicial 0,20-
COMO TRATAR A HIPOGLICEMIA? 0,25 g/kg (máx: 25 g): 2-3 ml/kg de
• Objetivo: manter a glicemia entre 70 SG10% lento (2-3 ml/min);
e 100 mg/dl. - Infusão subsequente: Velocidade
• Reconhecer e tratar precocemente de Infusão de Glicose (VIG) 4-8 mg/
todos os episódios hipoglicêmicos kg/min;
para evitar sequelas neurológicas. - Repetir a glicemia após 15 min do
• Corrigir a hipoglicemia após coleta bolus;
da amostra crítica, porém sem pos- - Hipoglicemia persiste: repetir bo-
tergar o tratamento. lus (dose: 5 ml/kg de SG10%) e au-
• Se o paciente estiver consciente: mentar 25-50% da VIG;
- 10‑20 g de carboidratos (CHO) de ab- - Se o acesso venoso não estiver dispo-
sorção rápida via oral (VO) (0,3 g/kg): nível: Glucagon, SC ou IM, 0,03 mg/
120 ml de suco de laranja OU uma kg (máx.: 1 mg).
colher de sopa rasa (15 ml) de mel • Monitorização:
ou açúcar; - Glicemia capilar a cada 15 min até
- Repetir glicemia em 15 min, se gli- corrigir hipoglicemia;
cemia persiste < 70 mg/dl: repetir - Glicemia capilar a cada 2-4 horas
item anterior; e, posteriormente, a cada 6 horas.
REFERÊNCIAS
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SEÇÃO 5 330
Hipotireoidismo em crianças
Hipotireoidismo congênito
Fonte: Autoras.
Hipotireoidismo adquirido
Fonte: Autoras.
estar presentes, mas costumam ser tar- sintomas são: letargia, hipoatividade,
dios: letargia, choro rouco, problemas na intolerância ao frio, pele seca, cabelos
alimentação, muitas vezes precisando quebradiços, constipação intestinal, ede
ser acordado para mamar, constipação, ma facial, dores musculares e ganho de
edema, fácies grosseira, macroglossia, peso por retenção líquida.
hérnia umbilical, fontanelas amplas, hi- Se houver doença hipotalâmica ou
potonia, pele seca e hipotermia. hipofisária podem estar presentes ce-
faleia, distúrbios visuais e sintomas ou
Hipotireoidismo adquirido: sinais de outras deficiências hipofisárias.
Nas crianças e nos adolescentes, os prin- Achados no exame físico: bócio,
cipais sinais e sintomas são: baixa velo- baixa estatura, excesso de peso, bra-
cidade de crescimento, atraso puberal e dicardia, pseudo-hipertrofia muscular,
declínio do rendimento escolar. Outros reflexos tendíneos lentos. Pode ocorrer
Hipotireoidismo em crianças
333
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 5 334
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C AAPÍTULO
PÍTULO x3
Hipertiroidismo em crianças
Tireotoxicose
Fonte: Autoras.
Fonte: Autoras.
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C APÍTULO 4
Baixa estatura
Doenças congênitas:
• Retardo do crescimento intrauterino/RN Pequeno
para a Idade Gestacional (PIG)
• Síndromes genéticas (síndrome de Down, síndrome
de Turner, síndrome de Noonan, síndrome de Silver-
Russell, entre outras)
• Displasias esqueléticas
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 5 340
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sinais iniciais mais comuns são aumen- da fonte de esteroides sexuais, o que
to do desenvolvimento mamário em me- causa a ativação do eixo HHG previa-
ninas e aumento do volume testicular mente estimulado.
(> 3 ml) em meninos. Nesses pacientes, o Disruptores endócrinos: são agentes e
desenvolvimento das características se- substâncias químicas que promo-
xuais secundárias é sempre correspon- vem alterações no sistema endócri-
dente ao gênero do paciente (isossexual) no humano. Podem ser encontrados
e mimetiza o desenvolvimento sexual no meio ambiente, no solo, na água,
normal, porém em idade mais precoce. nos alimentos e nos utensílios, den-
Ocorre com maior frequência em me- tre outros. Os exemplos mais comuns
ninas e o prejuízo mais significativo é a são pesticidas, herbicidas, fungici-
perda estatural com redução da altura das, bisfenol-A, chumbo e mercúrio.
final, além de repercussões psicológicas.
Puberdade precoce periférica (PPP),
Causas mais comuns de PPC pseudopuberdade incompleta ou
Idiopática: corresponde a 90% dos ca- independente de gonadotrofinas
sos de PPC em meninas e menos de Causada pela secreção autônoma de
50% dos casos de PPC em meninos. esteroides sexuais (andrógenos ou es-
Atualmente foram identificadas mu- trógenos), provenientes das gônadas
tações em alguns genes, que justifi- (testículos ou ovários), das suprarrenais,
cam o processo. ou pela exposição exógena a esteroides
Constitucional: predisposição familiar sexuais. Nesses pacientes, o desenvol-
para o início prematuro da puberda- vimento das características sexuais se-
de. Mutações em alguns genes expli- cundárias pode ser compatível com o
cam o quadro familiar. gênero da criança (isossexual) ou não
Distúrbios do SNC: qualquer distúrbio (heterossexual).
intracraniano pode causar PPC, seja Causas de PPP isossexual em meninas:
congênito (hidrocefalia, cistos arac- o cisto folicular funcional ovariano é
noides, cisto da bolsa de Rathke, ru- a causa mais comum de precocidade
béola, toxoplasmose, hamartomas periférica em meninas. As pacien-
etc.) ou adquirido (TCE, doenças tes afetadas costumam apresentar
granulomatosas ou infecciosas, sín- desenvolvimento mamário, seguido
dromes convulsivas, tumores do SNC, de um episódio de sangramento va-
anóxia perinatal e radioterapia). ginal, que ocorre devido à queda do
Exposição prolongada a esteroides se- estrogênio após a regressão do cisto.
xuais: a PPC ocorre após a retirada Outras causas: exposição a estrógenos
Puberdade precoce e atraso puberal 345
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C APÍTULO 5
Intercorrências na criança
com diabetes: como proceder?
Glicemia capilar
Cetonúria
180-250 mg/dl 251–300 mg/dl > 300 mg/dl
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 5 352
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C APÍTULO 6
Complicações agudas
nas crianças com diabetes
1 Bic. desejado = 12 mEq. Administrar ⅟2 da dose diluída com água destilada (1:5) em 2 horas.
Complicações agudas nas crianças com diabetes
359
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Gastroenterologia pediátrica
Capítulo 1
Alergia à proteína do leite de vaca
Capítulo 2
Regurgitação infantil e doença do refluxo gastroesofágico
em lactentes
Capítulo 3
Dor abdominal crônica na infância e na adolescência
Capítulo 4
Doença diarreica: diarreia aguda e persistente
Capítulo 5
Diarreia crônica
Capítulo 6
Constipação intestinal
Capítulo 7
Doença celíaca: quando suspeitar e como investigar?
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
difícil por ocorrerem tardiamente e en- mediadas por IgE, não há biomarcador
volverem o sistema gastrointestinal, apre- laboratorial que permita o diagnóstico
sentando-se como diarreia, enterorragia, laboratorial.
vômitos, perda de peso e cólica. Nes As principais manifestações clínicas
ses casos, diferentemente das reações da APLV estão apresentadas na Figura 1.
APLV
Mistura de IgE-mediada
IgE-mediada Não IgE-mediada
e não IgE-mediada
Anafilaxia
Reação de
hipersensibilidade
sistêmica de evolução
rápida, severa com risco
de morte
fórmula infantil polimérica por uma fór- Em geral, não se recomenda exclu-
mula hipoalergênica. são de carne, bem cozida, na dieta da
criança com APLV.
Crianças não amamentadas
Menores de 6 meses: fórmula hipoa- Indicação das fórmulas
lergênica. Leva-se em consideração terapêuticas para crianças
o tipo da reação apresentada pela com APLV não IgE-mediada
criança na escolha da fórmula para Fórmulas extensamente hidrolisadas
complementação ou suplementação. (FEH) da proteína do leite de vaca
Acima de 6 meses: fórmula hipoalergê- constitui a primeira linha de trata-
nica mais dieta complementar sem mento para as formas moderadas
leite de vaca e derivados, com intro- (Quadro 1).
dução igual a das crianças não alér- Fórmulas de aminoácidos (fórmulas ele-
gicas e adequada à fase de desen- mentares) (Quadro 2) constitui a pri-
volvimento em que se encontram. A meira linha de tratamento para casos
suplementação de micronutrientes graves de enteropatia ou FPIES, ou ca-
segue os guias de recomendações sos sem resposta ao tratamento com
pelas RDIs (Recomendação Diária de FEH. Não existem evidências suficien-
Ingestão), observando-se a presença tes para recomendações de rotina de
de aditivos de traços de leite nos su- fórmulas enriquecidas com prebióti-
plementos prescritos. cos e probióticos no manejo da APLV.
Kcal/ml 70 68 66 67
Neo advance
Nome comercial Alfamino Neocate LCP
maiores de 1 ano
Kcal/100 ml 70 71 100
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SEÇÃO 6 370
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C APÍTULO 2
Doença do refluxo
Refluxo Regurgitações
gastroesofágico
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 6 372
Sim
Sintomas ou sinais de alarme? Investigar causas
Não
Não
Considerar de 2 a 4 semanas
de fórmula extensamente Melhora Manter orientação de discutir
hidrolisada ou aminoácidos, reintrodução da proteína do LV
ou se em aleitamento, excluir no retorno
proteína do LV da dieta materna
Não Encaminhamento
não é possível Considerar de 4 a 8 semanas de
Encaminhar ao gastroped supressão ácida e desmame se
melhora dos sintomas
não sendo indicados como teste tera- estão indicadas no tratamento da DRGE
pêutico para lactentes saudáveis com de lactentes, de acordo com o último
choro e regurgitação. As formulações consenso sobre RGE em lactentes.
atualmente disponíveis para lactentes O tratamento cirúrgico, a cirurgia
são o omeprazol na formulação MUPS antirrefluxo incluindo a fundoplicatura
(MULTIPLE UNIT PELLET SYSTEMS) e eso- pode ser considerado em lactentes com
meprazol dispersível sendo liberados pa- complicações que ameaçam a vida do
ra o uso para lactentes acima de 12 me- paciente após falha do tratamento me-
ses de idade. As doses variam de 1 a 2 mg/ dicamentoso, sintomas refratários após
kg/dia (formulações de 10 e 20 mg para a otimização da terapia medicamento-
o omeprazol e 20 mg para o esomepra- sa, condições crônicas (encefalopatia e
zol). Já existem evidências na literatura fibrose cística), que levam ao aumento
demonstrando segurança no uso de IBPs do risco e à necessidade de uso crôni-
em menores de 12 meses de idade, sendo co de tratamento medicamentoso para
sua indicação avaliada rigorosamente. A controle dos sinais e sintomas.
domperidona e a metoclopramida não
REFERÊNCIAS
CZINN, B. Pediatr Drugs, v. 15, n. 1, p. 19-27, atology, and Nutrition and the European
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C AAPÍTULO
PÍTULO x3
Cérebro
Comportamento parental
Relacionamento com amigos
Resposta à dor
Intestino
Doença orgânica Mobilidade Dieta, medicamentos
Sensibilidade
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 6 382
Dispepsia funcional
Deve incluir 1 ou mais dos seguintes sintomas ao menos 4 dias por mês:
1. Plenitude pós-prandial
2. Saciedade precoce
3. Dor epigástrica, que não se associa à defecação
4. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra doença
Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do diagnóstico. Os seguintes subtipos estão
agora adotados dentro da dispepsia funcional:
1. Síndrome de dificuldade pós-prandial, inclui desconforto da plenitude pós-prandial ou saciedade
precoce que impede o término da refeição regular. Os critérios de suporte incluem distensão
abdominal superior, náusea pós-prandial ou eructações excessivas
2. Síndrome de dor epigástrica, que inclui todos os seguintes sintomas: dor ou queimação (grave o
suficiente para interferir com as atividades) localizada no epigástrio. A dor não pode ser generalizada,
nem pode se localizar em outra parte do abdômen ou tórax e não é aliviada pela evacuação ou
eliminação de flatos. Os critérios que suportam o diagnóstico podem incluir: (a) dor tipo queimação,
mas sem o componente retroesternal e (b) a dor comumente é induzida ou aliviada pela ingestão de
uma refeição, mas pode ocorrer durante o jejum
Enxaqueca abdominal
Deve incluir todos os seguintes sintomas ocorrendo ao menos em duas ocasiões:
1. Episódios paroxísticos de dor abdominal intensa, aguda e periumbilical, na linha média ou difusa,
durando 1 hora ou mais (deve ser o mais grave e aflitivo sintoma)
2. Episódios intercalados por semanas ou meses
3. A dor é incapacitante e interfere com as atividades normais
4. Padrões estereotipados e sintomas individualizados para cada paciente
5. A dor está associada com 2 ou mais dos seguintes sintomas:
a) Anorexia
b) Náusea
c) Vômito
d) Cefaleia
e) Fotofobia
f) Palidez
6. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra condição
médica
Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 6 meses antes do diagnóstico.
Fonte: Autoras.
Dor abdominal crônica na infância e na adolescência 383
Quadro 6. Proposta para uso racional dos exames complementares para DAC na infância
Fonte: Autoras.
REFERÊNCIAS
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C APÍTULO 4
Doença diarreica:
diarreia aguda e persistente
OBSERVAR A B C
EXAMINAR
Desaparece muito
Desaparece Desaparece
Sinal da prega lentamente (mais de
rapidamente lentamente
2 segundos)
Se apresentar 2
Se apresentar 2 ou mais dos sinais
ou mais dos sinais descritos acima,
Conclusão Não tem desidratação
descritos acima, há incluindo ao menos 1
desidratação dos com asterisco, há
desidratação grave
REFERÊNCIAS
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Diarreia crônica
Infecciosas:
• Bacterianas: Salmonella, Yersinia enterocolitica, Y. pseudotuberculosis, Clostridium difficile, Escherichia
coli, Campylobacter, Aeromonas, Plesiomonas
• Virais
• Protozoários: Giardia intestinalis, Cryptosporidium
• Sobrecrescimento bacteriano
• Síndrome pós-enterite
• Doença de Whipple
• Espru Tropical
Substâncias exógenas:
• Carbonatos, sorbitol, xilitol, laxativos, metilxantinas e AINES
Processos disabsortivos:
• Fibrose cística, síndrome de Shwachman-Diamond, pancreatite crônica, síndrome de Pearson,
colestase crônica, ressecção de íleo, deficiência de sucrase-isomaltase, deficiência de lactase
congênita ou adquirida, má absorção de glicose-galactose, intestino curto congênito ou adquirido e
má absorção de frutose
Inflamatória/imune:
• Alergia alimentar, doença celíaca, gastroenteropatia eosinofílica, doença inflamatória intestinal (DII),
enteropatia autoimune, imunodeficiência primária ou secundária
Defeitos estruturais:
• Doença de inclusão microvilositária, enteropatia por tufos e linfangiectasia
Distúrbios de motilidade:
• Doença de Hirschsprung, pseudo-obstrução intestinal crônica e tireotoxicose
Neoplasias:
• Tumores neuroendócrinos e síndrome de Zollinger-Ellison
Outras:
• Diarreia funcional, diarreia do lactente e síndrome do intestino irritável
plicomas, fissuras, fístulas, abscessos e tô- coleta de amostras pode ser desafiadora,
nus do esfíncter anal externo, alterações principalmente em lactentes, dificul-
que podem estar presentes nas doenças tada pela mistura de urina e perda de
infecciosas, nas doenças inflamatórias conteúdo, devido à absorção da fralda.
intestinais e nas imunodeficiências. Idealmente, a amostra deve ser de fezes
frescas, recém-eliminadas, e ser testada
COMO REALIZAR O DIAGNÓSTICO? imediatamente. São exames que neces-
A anamnese detalhada é o ponto de par- sitam de reagentes específicos e lábeis,
tida imprescindível para o início da inves- que requerem treinamento e experiên-
tigação diagnóstica (Figura 1), seguida do cia do operador. No Quadro 2 estão os
estudo laboratorial das fezes. Contudo, a principais exames e suas características.
DIARREIA CRÔNICA
Sim
Diagnóstico direcionado à suspeita
Bom estado
pH fecal < 6,0
Eletrólitos fecais nutricional e sem
e substâncias
elevados comprometimento
redutoras presentes
orgânico
Fonte: Autoras.
Diarreia crônica 401
Indicam a presença de carboidratos nas fezes, exceto a sacarose, por ser um açúcar
Substâncias
não redutor. Valores < 0,25% são normais; entre 0,25 e 0,5 são duvidosos; e > 0,5%
redutoras
indicam má absorção de monossacarídeos
Proteína sérica, que é muito resistente à ação de proteases e que não é encontrada
α-1 antitripsina na alimentação. A sua elevação nas fezes reflete a perda de proteína pelo tubo
digestivo e permeabilidade intestinal (isto é, enteropatia perdedora de proteína)
O sangue microscópico pode ser avaliado nas fezes; no entanto, deve-se observar
Sangue oculto que não é útil como discriminador de inflamação intestinal versus irritação cutânea
causada por diarreia grave. Portanto, não recomendamos seu uso em testes iniciais
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 6 402
Diarreia Congênita
Início do 1º ao 5º dia de vida
Fonte: Autoras.
Diarreia crônica 403
gordura nas fezes pode significar perda pancreáticas podem ser medidas de for-
também de vitaminas lipossolúveis, le- ma direta através da coleta, via tubo oro
vando à deficiência destas. ou nasoduodenal, do suco duodenal; po-
A má digestão/absorção de gorduras rém, há limitações: os métodos são inva-
pode ser decorrente de deficiência de sivos, trabalhosos e demandam equipa-
lípase e/ou colipase (deficiência con- mento especial e profissionais treinados.
gênita de lipase), de anormalidades na No entanto, são considerados padrão
síntese, excreção, desconjugação e reab- ouro. O teste da elastase fecal (Quadro
sorção de sais biliares (colestase); de 2) é uma técnica indireta, de fácil exe-
defeitos na ressíntese de triglicerídeos, cução e baixo custo. Pode ser utilizada
na formação e na excreção de quilo- para uma avaliação inicial.
mícrons (abeta ou hipobetalipoprotei- A fibrose cística é a causa mais co-
nemia, Doença de Anderson); e da obs- mum de insuficiência pancreática na
trução dos vasos linfáticos intestinais infância. O quadro clínico é diverso, a
(linfangiectasia intestinal). idade de apresentação e a intensida-
Na maioria das vezes, a má digestão de do acometimento podem variar. A
de gorduras faz parte de um quadro clí- forma clínica clássica é por diarreia
nico geral de insuficiência pancreática. crônica com esteatorreia, desnutrição,
Os níveis de lipase são os primeiros a di- deficiência de vitaminas lipossolúveis e
minuir, isso porque é uma enzima mais pneumopatia crônica. O diagnóstico se
susceptível à destruição proteolítica e à baseia no aumento do cloro acima de 60
desnaturação pelo pH ácido, decorrente em duas amostras de suor. De maneira
da menor secreção de bicarbonato pelo alternativa, o achado de duas mutações
pâncreas. O pH ácido também prejudi- reconhecidas para fibrose cística é sufi-
ca a ação e a secreção dos sais biliares. ciente para realizar o diagnóstico.
A grande maioria dos carboidratos, por
outro lado, pode ser digerida na ausên- Disenteria
cia de amilase pancreática. Além disso, A presença de sangue ou leucócitos nas
a microbiota colônica também pode au- fezes, em geral, indica a presença de
xiliar na digestão deste elemento ao me- processo inflamatório da mucosa colô-
tabolizar parte em ácidos graxos livres. nica. Inicialmente, as causas infecciosas
Por isso, na insuficiência pancreática, devem ser afastadas. Embora muitas
podem não ser observados carboidratos causas infecciosas de diarreia resultem
nas fezes. em uma apresentação aguda e de curta
A avaliação da insuficiência pan- duração, outras bactérias e parasitas pa-
creática exócrina é difícil. As enzimas togênicos podem causar diarreia crônica
SEÇÃO 6 406
(Quadro 1). Alguns destes podem ser de- abdominal e a perda de peso. Na colite
tectados por cultura de fezes de rotina, ulcerativa, a diarreia costuma ser inten-
outros necessitam de avaliação específi- sa, apesar de insidiosa em seu desenvol-
ca. A pesquisa da toxina do Clostridium vimento, e costuma ser acompanhada de
difficile deve ser realizada quando há sangue. Isso acontece porque a diarreia é
história de uso recente de antibióticos mais comum na doença colônica (típica
(últimos dois meses). A detecção de an- da retocolite) e pode estar ausente em
tígenos para Cryptosporidium é mais casos de inflamação isolada do intesti-
sensível e específica do que exames de no delgado, sendo assim um sintoma
microscopia de rotina. Na tuberculose menos frequente na doença de Crohn,
intestinal, além de pesquisar o estado apesar de ser um sintoma importante.
epidemiológico do paciente e seus con- Contudo, de uma forma geral, a diarreia
tactantes, serão necessários PPD, raio-x acompanhada de despertar noturno e/ou
de tórax e pesquisa histológica para mi- sangue são sinais de alerta, sugestivos de
cobactéria. A avaliação destes pacientes doença inflamatória intestinal.
deve incluir marcadores inflamatórios Os exames endoscópicos, em parti-
séricos – velocidade de hemossedimen- cular, a colonoscopia, revelam lesões de
tação, proteína C reativa, albumina, fer- padrão inflamatório e crônico – erosões,
ritina – que detectam inflamação, apesar aftas, úlceras, pseudopolipos, fístulas,
de inespecíficos – e marcadores inflama- fibrose e estenoses – que acompanha-
tórios das fezes – calprotectina e lactofer- das do estudo histopatológico das bióp-
rina – mais específicos na identificação sias com padrões característicos – ero-
do processo inflamatório intestinal. Para sões, áreas de regeneração, distorção
complementação diagnóstica, torna-se da arquitetura, criptites, abscessos de
necessária a realização de endoscopia criptas, fibrose – completam o diagnós-
e colonoscopia, ambos com biópsia e tico. A tomografia computadorizada ou
análise histopatológica, procedimento a ressonância magnética, ambas utili-
que é de grande valia no diagnóstico das zando técnica de enterografia, podem
doenças inflamatórias intestinais, colites refinar a busca diagnóstica pela avalia-
microscópicas e enteropatias autoimu- ção do intestino delgado. A ressonân-
nes, sendo as primeiras mais frequentes. cia magnética de pelve pode permitir
Entre as doenças inflamatórias intes- a visualização de fístulas e abscessos
tinais, a diarreia é o sintoma mais relata- que estão presentes na doença de
do na retocolite ulcerativa, sendo menos Crohn. Estes pacientes, quando meno-
frequente na doença de Crohn, cujos res de 6 anos de idade, devem também
sintomas mais encontrados são a dor ser investigados quanto à presença de
Diarreia crônica 407
REFERÊNCIAS
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C APÍTULO
A PÍTULO 6
x
Constipação intestinal
• Doença celíaca
• Hipotireoidismo
• Hipercalcemia, hipocalemia
• Diabetes mellitus
• Alergia à proteína do leite de vaca
• Medicamentosas, tóxicas:
- Opiáceos, anticolinérgicos
- Antidepressivos
- Sais de ferro
- Antiácidos
- Quimioterapia
- Ingestão de metal pesado (chumbo)
- Intoxicação por vitamina D
• Botulismo
• Fibrose cística
• Anomalias da medula espinhal, trauma, medula ancorada:
- Mielomeningocele
- Espinha bífida
• Paralisia cerebral
• Massa pélvica (teratoma sacral)
• Musculatura abdominal anormal (prune belly, gastrosquise, síndrome de Down)
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 6 410
MAIORES DE 4 ANOS
MENORES DE 4 ANOS
Deve incluir dois ou mais dos seguintes critérios,
Deve incluir dois ou mais dos seguintes critérios
ocorrendo, pelo menos, uma vez por semana
por, no mínimo, 1 mês
por, no mínimo, 1 mês
Duas ou menos evacuações por semana Duas ou menos evacuações por semana
Dor ou esforço para evacuar Postura retentiva ou retenção voluntária das fezes
Após avaliação apropriada, os sintomas não Após avaliação apropriada, os sintomas não
podem ser totalmente explicados por outra podem ser totalmente explicados por outra
condição médica condição médica
Fonte: Autoras.
Escape fecal não retentivo às vezes, leva à fissura anal, que agrava
ou encoprese mais ainda a dor e precipita uma maior
Ato completo da defecação que ocorre em retenção. As crianças adotam postura re-
sua plena sequência fisiológica, porém tentiva voluntária por medo de evacuar
em local e/ou momento inapropriado, (apresentam postura ereta com pernas
sendo, em geral, secundária a distúrbios juntas, contraindo os músculos e tendem
psicológicos. O seu diagnóstico, através a se esconder dos pais). Assim, as fezes
dos Critérios de Roma IV, só é possível nas se tornam cada vez mais difíceis de se-
crianças maiores de 4 anos. Devem ocor- rem eliminadas gerando um ciclo vicio-
rer todos os seguintes critérios por um so. Além disso, uma vez dilatado, o reto
período de, no mínimo, 1 mês: defecação diminui sua sensibilidade e força, neces-
em lugares inapropriados no contexto sitando de volume fecal cada vez maior
social; ausência de impactação fecal; e para desencadear a vontade de evacuar.
após uma avaliação médica apropriada,
a incontinência não pode ser explicada QUANDO SUSPEITAR?
por outra condição médica. As características clínicas são descri-
tas nos Critérios de Roma IV (Quadro
POR QUE OCORRE A CONSTIPAÇÃO? 2). Muitas vezes, a criança apresenta
A constipação funcional (CF) é muitas história alimentar pobre em fibras e lí-
vezes o resultado de repetidas tentativas quidos e o comportamento de retenção
de retenção voluntária de fezes por uma costuma ser descrito pelos pais ao serem
criança, que tenta evitar a defecação de- indagados. Nos antecedentes familiares,
sagradável, por causa do medo associa- frequentemente, há relatos de constipa-
do à evacuação. ção em parentes de 1º grau.
As interferências ou os gatilhos que No exame físico, raramente, ocorre
deflagrariam a constipação, por exemplo, deterioração do estado nutricional. O
podem ser uma doença infecciosa aguda, abdome pode estar distendido e a pal-
mudanças na dieta, fissura anal, desfral- pação pode detectar presença de massa
de inadequado ou repouso prolongado. fecal em fossa ilíaca esquerda, estenden-
A retenção prolongada, por um tem- do-se para abdome inferior ou, em casos
po indevido, faz com que as fezes se mais graves, por todo o abdome.
acumulem no intestino e formem uma A inspeção anal pode revelar escape
massa fecal volumosa. A mucosa retal fecal, fissuras e plicomas. O toque retal
vai absorvendo água do bolo fecal, o pode detectar resistência voluntária e
que o torna cada vez mais duro e seco. A involuntária, hipertonia do esfíncter
passagem desta massa fecal é dolorosa e, anal externo e presença ou não de fezes
SEÇÃO 6 412
na ampola retal. Contudo, ele não deve diagnosticada em crianças mais velhas
ser realizado de forma rotineira, só se for que cursam com constipação refratária
estritamente necessário. ao tratamento medicamentoso. É carac-
terizada pela falta de células gangliona-
SINAIS DE ALERTA PARA A res nos plexos mioentéricos e submuco-
CONSTIPAÇÃO DE ORIGEM ORGÂNICA sos do cólon. O Quadro 3 relata de forma
É muito importante que, na avaliação esquematizada as principais diferenças
clínica, seja dada atenção especial à entre a constipação funcional e a doen-
pesquisa dos sinais de alarme para cons- ça de Hirschsprung.
tipação de causa orgânica, são eles:
• Atraso no desenvolvimento neuro- QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES
psicomotor; DE INVESTIGAÇÃO COMPLEMENTAR?
• Perda de peso significativa; A principal indicação de exames com-
• Distensão abdominal importante; plementares é quando há sinais e/ou
• Ausência de curvatura lombossacra; sintomas que sugiram uma causa não
• Anormalidade pigmentaria em li- funcional de constipação. Aqueles pa-
nha média da coluna lombossacra; cientes com comportamento retentivo
• Agenesia sacral; e retenção fecal bem caracterizada não
• Glúteos planos; necessitam de investigação comple-
• Ânus anteriorizado; mentar e deve-se iniciar o tratamento. A
• Ampola retal vazia ao toque; radiografia de abdome pode ser neces-
• Saída de fezes líquidas e explosivas sária para evidenciar a impactação fecal,
ao toque retal; principalmente, naqueles casos duvido-
• Ausência de reflexo anal ou cremas- sos, em que a palpação abdominal não
térico; revela massa fecal ou, em casos de recu-
• Diminuição do tônus e/ou força dos sa ao exame retal digital.
MMII; No entanto, quando a sintomato-
• Febre; logia permanece, apesar de um trata-
• Medo excessivo durante inspeção mento adequado, resultando em falha
anal; terapêutica, a avaliação com exames
• Cicatrizes anais; complementares pode ser necessária,
• Fístula perianal. como: sorologia para doença celíaca,
testes de função tireoidiana, dosagem
A doença de Hirschsprung é a causa de cálcio, exame de urina, imagem da
mais comum de constipação intestinal coluna lombossacra e investigação para
orgânica nos lactentes. Pode ser também a doença de Hirschsprung.
Constipação intestinal 413
Retardo na eliminação de
Raro Presente
mecônio
Fonte: Autoras.
em pó e que sejam sem sabor, para que o desejo de evacuar, mesmo fora de do-
possam ser acrescentados nas diferentes micílio. As crianças com mais de quatro
preparações alimentares. anos de idade, com desenvolvimento
Água: um lactente necessita receber neuropsicomotor adequado, devem ser
150 ml/kg/dia de líquidos. Crianças sa- instruídas a tentar evacuar no vaso sani-
dias, pesando mais de 10 kg, necessitam tário durante 5 a 10 min depois de uma
de 1.000 a 1.500 ml/dia. Contudo, não há refeição principal para aproveitar o re-
evidências que apoiem a ingestão extra flexo gastrocólico.
de líquidos para o tratamento. É importante que o banheiro seja
adaptado para a idade da criança para
Recondicionamento que ela sente com segurança no vaso sa-
do hábito intestinal nitário (pode ser necessário um redutor)
Deve-se orientar as crianças e os fami- e apoie os pés firmemente no chão ou
liares sobre a necessidade de atender em um caixote.
MEDICAÇÃO DOSES
Laxantes osmóticos
Umidificantes
Estimulantes
Enemas retais
2,5 ml/kg/dia
Fosfato de sódio
Dose máxima: 133 ml/dia
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C APÍTULO 7
o diagnóstico da DC, não devendo ser glúten leva à resolução dos sintomas
realizadas tentativas terapêuticas sem a em 2 a 4 semanas.
realização dela. A recomendação é que A dieta isenta de glúten pode ser de-
as biópsias sejam feitas do bulbo duo- safiadora para crianças e adolescentes
denal (pelo menos uma biópsia) e da por várias razões, incluindo: imaturida-
segunda ou terceira porção duodenal de para compreender a necessidade de
(pelo menos, quatro biópsias), uma vez restrições dietéticas (especialmente se
que a DC pode ocorrer em áreas saltea- eles forem assintomáticos); sentimento
das. As anormalidades histológicas que de diferença em relação aos pares; inca-
afetam o intestino delgado são descri- pacidade de resistir à tentação, com sen-
tas através da classificação de Marsh- timento de culpa; e aumento do custo
Oberhuber modificada (Quadro 1), aceita da dieta. Os adolescentes, em particular,
como o método padrão ouro de análise podem ter maior dificuldade de adesão.
histológica. Lesões caracterizadas como A educação e o aconselhamento so-
Marsh 2 e acima são consideradas diag- bre as consequências da DC não tratada
nósticas de DC. Lesões Marsh 1 são con- são essenciais. Mesmo os pacientes as-
sideradas sugestivas de DC, mas não são sintomáticos, se não forem adequada-
diagnósticas. mente tratados, têm risco aumentado
Algumas outras condições podem de complicações. O acompanhamento
le
var a alterações histopatológicas su
- regular com gastroenterologista pediá-
gestivas de DC, como imunodeficiências, trico e nutricionista é recomendado pa-
infecções (giardíase e sobrecrescimento ra monitoramento do estado nutricional
bacteriano), desnutrição, enteropatia e da adesão à dieta isenta de glúten.
autoimune e doença de Crohn. As ava-
liações clínica e laboratorial cuidadosas QUAIS COMPLICAÇÕES PODEM
devem ajudar no diagnóstico diferencial. OCORRER?
Crianças e adolescentes com DC não dia
QUANDO E COMO TRATAR? gnosticados ou inadequadamente tra
O tratamento só deve ser iniciado após tados apresentam maior risco de com-
a confirmação do diagnóstico. A dieta plicações em médio ou longo prazos,
isenta de glúten (isenta de trigo, ceva- sendo estas: baixa estatura, infertilidade,
da e centeio) por toda a vida é o úni- doenças ósseas, distúrbios neurológicos
co tratamento efetivo até o momento. e psiquiátricos, maior risco de desenvol-
Deve-se ter cuidado com a correta subs- ver doenças autoimunes e maior risco
tituição dos alimentos na dieta, com de desenvolver malignidade (principal-
cardápio variado. A dieta isenta de mente, linfoma intestinal).
SEÇÃO 6 422
LIE* < 30/100 > 30/100 > 30/100 > 30/100 > 30/100 > 30/100 < 30/100
Hiperplasia
– – + + + + –
de cripta
Atrofia
– – – Leve Moderada Total Total
vilositária
REFERÊNCIAS
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SE Ç ÃO 7
Capítulo 1
Rinossinusite alérgica
Capítulo 2
Lactente sibilante
Capítulo 3
Asma na infância e na adolescência
Capítulo 4
Urticária aguda e anafilaxia
Capítulo 5
Reações Adversas a Medicamentos (RAM)
Capítulo 6
Erros inatos da imunidade
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Rinossinusite alérgica
Deborah Schor
Fernando Souza Leão
José Ângelo Rizzo
Juliana Asfura Pinto Ribeiro
PERSISTENTE
INTERMITENTE
Sintomas ≥ 4 dias por semana
Sintomas < 4 dias por semana
e ≥ 4 semanas
LEVE MODERADA/GRAVE
Sono normal Sono anormal
Sem prejuízo das atividades Prejuízo das atividades diárias
diárias (lazer, estudo, trabalho) Sintomas importantes
Intermitente Persistente
Anti-H1 oral ou aCortic. nasal ou anti-H1 oral ou cCortic. nasal ou cortic. nasal+
anti-H1 nasal ou anti-H1 nasal ou antileucotrieno anti-H1b ou anti-H1 oral ou
antileucotrieno ou cortic. nasal+azelastina nasal b anti-H1 nasal ou antileucotrieno
Melhora: Falha: rever diagnóstico, Associação de 2 ou mais: cortic. Curso curto de Encaminhar
manter adesão, investigar infecção nasal+azelastina nasal b/cortic. nasal/anti-H1 descongestinante para
tratamento ou outras causas oral/antileucotrieno + levocetirizina d oral ou cortic. oral especialista
Imunoterapia específica
Anti-H1: anti-histamínico H1; Cortic.: corticosteroide; a: sem ordem de preferência; b: acima de 6 anos; c: em ordem de preferência; d: acima de 18 anos.
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Rinossinusite alérgica
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Lactente sibilante
Décio Medeiros
Spray 80 mcg com espaçador e máscara, fazer 2 jatos (ou 2,5 mg por
Brometo de ipratrópio
nebulização), a cada 20 min, por apenas 1 hora
Os β2-agonistas de ação prolongada (LABAS) e o Omalizumabe (anticorpo monoclonal anti-IgE) não estão indicados na
faixa etária de 0 a 2 anos de idade.
REFERÊNCIAS
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C AAPÍTULO
PÍTULO x3
Asma na infância
e na adolescência
Décio Medeiros
Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho
Georgia Véras de Araújo Gueiros Lira
Despertares
Mensais Semanais Quase diários
noturnos
GINA
ACT Escores
ACQ-7 Escores
ACQ-7: Asthma Control Questionnaire com 7 itens – escore 0-7 por item; ACT: Asthma Control Test – escore 0-5 por
item. O ACQ pode ser usado sem espirometria; nesse caso, é referido como ACQ-6. Caso seja usado sem espirometria ou
medicação de regate, é referido como ACQ-5.
COMO TRATAR A ASMA INTERCRISE? com plano de ação por escrito, treina-
O objetivo do tratamento da asma de- mento para uso do dispositivo inalatório
ve ser alcançar e manter o controle da e revisão da técnica inalatória a cada vi-
doença e evitar riscos futuros de exacer- sita ao consultório.
bações, de instabilidade da doença, de Na prática clínica, a escolha da me-
perda acelerada da função pulmonar e dicação, da dosagem e do dispositivo
de efeitos adversos do tratamento. Isso inalatório deve ser baseada na avaliação
implica em uma abordagem personali- do controle dos sintomas da asma, nas
zada, com tratamento não farmacológi- características do paciente (fatores de
co, que inclui: educação do paciente e risco, capacidade de usar o dispositivo
familiares, além do adequado controle de forma correta, preferência pelo dis-
ambiental, e tratamento farmacológico, positivo e custo), no julgamento clínico
Asma na infância e na adolescência 445
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas mais diários, ou CI dose média + LABA,
acordando com asma 1x ou encaminhar para especialista
Etapa IV
mais por semana e com
baixa função pulmonar OUTRAS OPÇÕES: adicionar tiotrópio ou
montelucaste
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas mais diários, CI dose baixa + LABA ou dose média de CI
ou acordando com
Etapa III
asma 1x ou mais por
semana OUTRAS OPÇÕES:
dose baixa de CI + montelucaste
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas 2x CI dose baixa diária
no mês ou
Etapa II
mais, mas
não diário OUTRAS OPÇÕES: montelucaste ou dose baixa
de CI sempre que usar SABA
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas Usar CI sempre que SABA for utilizado
menos que Etapa I
2x no mês OUTRA OPÇÕES: Considerar CI dose baixa diária
TODOS OS ASMÁTICOS
Controle ambiental + rever controle
da asma e risco futuro regularmente
CO: corticoide oral; CI: corticoide inalatório; LABA: long-acting β2 agonist (β2-agonista de longa duração); e SABA: short-
acting β2 agonist (β2-agonista de curta duração).
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas mais diários, ou CI dose média + LABA
acordando com asma 1x ou
mais por semana e com Etapa IV
baixa função pulmonar OUTRAS OPÇÕES: CI dose média/alta + LABA,
adicionar LAMA ou montelucaste
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas mais diários, CI dose baixa + LABA
ou acordando com
Etapa III
asma 1x ou mais por
semana OUTRAS OPÇÕES: dose média de CI ou dose
baixa de CI + montelucaste
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas 2x CI dose baixa + FORM por demanda
no mês ou
mais,mas Etapa II
OUTRAS OPÇÕES:
não diário Dose baixa de CI de manutenção
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Sintomas dose baixa de CI + FORM por demanda
menos que Etapa I
2x no mês OUTRAS OPÇÕES: CI + SABA por demanda, dose
baixa de CI sempre que usar SABA
TODOS OS ASMÁTICOS
Controle ambiental + rever controle
da asma e risco futuro regularmente
CI: corticoide inalatório; LABA: β2-agonista de longa duração; CO: corticoide oral; SABA: β2-agonista de curta duração; e
FORM: fumarato de formoterol.
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Manter tratamento e encaminhar para especialista
Etapa IV
OUTRAS OPÇÕES: adicionar montelucaste,
ou aumentar a dose do CI ou adicionar CI
intermitente
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Dobrar a dose baixa do CI
Etapa III
OUTRAS OPÇÕES:
CI dose baixa + montelucaste,
Considerar encaminhar para especialista
Etapa II
OUTRAS OPÇÕES:
montelucaste ou uso de CI intermitente
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Crianças com sibilância viral ou raros sintomas
episódicos: Etapa I
SABA por demanda e considerar curso curto de CI
TODOS OS ASMÁTICOS
Controle ambiental + rever controle
da asma e risco futuro regularmente
CI: corticoide inalatório; LABA: β2-agonista de longa duração; SABA: β2-agonista de curta duração
Quadro 3. Medicamentos para uso na asma, de acordo com a faixa etária, disponíveis no Brasil
Fármacos Dispositivo inalatório (número de doses) Nome comercial Dose dispensada Faixa etária aprovada em bula
50 µg Crianças e adultos
BDP (HFA)b DPD (200) Clenil spray
200 ou 250 µg Somente adultos
50 µg ≥ 1 ano
FTC (HFA) DPD (60 ou 120) Flixotide spray
250 µg ≥ 4 anos
Fármacos Dispositivo inalatório (número de doses) Nome comercial Dose dispensada Faixa etária aprovada em bula
FORM + BUD Aerolizer cápsulas separadas (60) Foraseq 6/100 µg ou 6/200 µg ≥ 12 anos
Fármacos Dispositivo inalatório (número de doses) Nome comercial Dose dispensada Faixa etária aprovada em bula
50/100 µg ≥ 4 anos
SALM + FTC (HFA) Diskus (60) Seretide Diskus
50/200 µg ou 50/500 µg ≥ 12 anos
25/50 µg ≥ 4 anos
SALM + FTC (HFA) DPD (120) Seretide spray
25/125 µg ou 25/250 µg ≥ 12 anos
Fármacos Dispositivo inalatório (número de doses) Nome comercial Dose dispensada Faixa etária aprovada em bula
Fármacos Dispositivo inalatório (número de doses) Nome comercial Dose dispensada Faixa etária aprovada em bula
LAMA
Fármacos Dispositivo inalatório (número de doses) Nome comercial Dose dispensada Faixa etária aprovada em bula
BDP: dipropionato de beclometasona; HFA: hidrofluoralcano; DPD: dispositivo pressurizado dosimetrado; DPI: dispositivo de pó inalatório; BUD: budesonida; FTC: propionato de fluticasona;
MOM: furoato de mometasona; LABA: β2-agonista de longa duração; FORM: fumarato de formoterol; SALM: xinafoato de salmeterol; SABA: β2-agonista de curta duração; FF: furoato de
fluticasona; VI: vilanterol; NS: névoa seca. As indicações de cada dosagem dos medicamentos foram retiradas das bulas dos medicamentos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária.
AVALIAÇÃO INICIAL
A: vias aéreas B: respiração C: circulação
Algum destes está presente?
Sonolência, confusão, tórax silencioso?
NÃO SIM
Tratamento Tratamento
β2 de curta ação β2 de curta ação
Considerar brometo de ipratrópio Considerar brometo de ipratrópio
Manter SatO2 93-95% Manter SatO2 93-95%
(crianças 94-98%) (crianças 94-98%)
Corticosteroide oral Corticosteroide oral ou IV
Considerar sulfato de magnésio IV
Considerar altas doses de ICS
Todo paciente deve ter por escrito procurar a emergência para seguir o flu-
um plano de ação para tratamento das xo de classificação de gravidade da crise
crises leves de asma e a opção inicial de- e iniciar o tratamento adequado para
ve ser sempre o uso de B2 de curta ação ≤ 5 anos (Figura 5) e maiores de 6 anos e
(Quadro 5). Caso não tenha boa resposta, adolescentes (Figura 6).
SEÇÃO 7 452
Quadro 5. Medicações para uso nas exacerbações da asma em menores e maiores de 5 anos
1º CICLO
INTERNAR
2º CICLO
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C APÍTULO
A PÍTULO 4x
Streptococcus pyogenes
Haemophilus influenzae
Bacteriana Staphylococcus aureus
Mycoplasma pneumoniae
Streptococcus pneumoniae
Látex Exposição ao látex ou reação cruzada com frutas (banana, kiwi, abacate)
Fonte: Autoras.
Condições Características
Reação local à picada de Pápula localizada, duração de dias e história de exposição à picada de
insetos ou estrófulos insetos
Eritema multiforme ou Lesão com duração de vários dias, pápulas em formato de íris com
polimorfo aparência em alvo, pode haver febre
Dermatite atópica Lesão eczematosa, maculopapular, localização típica por faixa etária
Lesão bolhosa, dura mais de 24 horas, sinal de Nikolsky (atrito leve causa
Penfigoide bolhoso
erosão ou vesícula)
Púrpura de Henoch-Schönlein Lesões purpúricas, distribuídas nos membros inferiores, sintomas sistêmicos
Reação morbiliforme a
Lesão maculopapular, associação com uso de medicamentos
medicamentos
Fonte: Autoras.
Desloratadina
6-11 meses 1-5 anos 6-11 anos > 12 anos
Solução oral: 0,5 mg/ml 1 mg/dia 1,25 mg/dia 2,5 mg/dia 5 mg/dia
Gotas: 1,25 mg/ml 1x/dia 1x/dia 1x/dia 1x/dia
Comprimido: 5 mg
Cetirizina
2-5 anos 6-11 anos > 12 anos
Solução oral: 1 mg/ml 5 mg/dia 10 mg/dia 10 mg/dia
Gotas: 10 mg/ml 12/12 horas 12/12 horas 1x/dia
Comprimido: 10 mg
Fexofenadina
6 meses-2 anos 2-5 anos 6-11 anos > 12 anos
Solução oral: 6 mg/ml 30 mg/dia 60 mg/dia 60 mg/dia 120 mg/dia 1x/dia ou
Comprimido: 60, 120 12/12 horas 12/12 horas 12/12 horas 180 mg/dia 1x/dia
e 180 mg
> 12 anos
Bilastina 20 mg 1x/dia
Comprimido: 20 mg (1 hora antes ou
2 horas após refeições)
Fonte: Autoras.
Urticária aguda e anafilaxia 461
Via inalatória:
Corticosteroides
Metilprednisona,
1-2 mg/kg/dia EV
Suspensão injetável • Padronização de doses não
80 mg/2 ml estabelecida
• Pouca ou nenhuma ação no
Prednisona/Prednisolona tratamento agudo da anafilaxia
Comprimidos de 5 e 20 mg • Prevenção de reações bifásicas?
0,5-1 mg mg/kg/dia VO
Solução oral 3 mg/ml
Gotas 11 mg/ml
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C APÍTULO
A PÍTULO 5x
Reações Adversas a
Medicamentos (RAM)
TIPO A TIPO B
Efeitos Efeitos
Overdose Hipersensibilidade Idiossincrasia Intolerância
Secundários Colaterais
Hipersensibilidade
Foco do capítulo
Reações Tipo I Reações Tipo II, III e IV
II (celecoxibe, valecoxibe e etoricoxibe), nesses casos, deve ser feita uma relação
maior a tolerância do paciente que tem completa de todos os medicamentos,
esta hipersensibilidade. bem como do horário das administra-
Apesar da possibilidade de tolerân- ções. A princípio, a suspeita recai sobre
cia aos AINEs que agem preferencial- os medicamentos de início mais recen-
mente ou seletivamente sobre a COX II, te e/ou de uso esporádico. Vale a pena
não é recomendado utilizar os inibido- ressaltar que reações IgE-mediadas rara-
res preferenciais ou seletivos sem ante- mente são desencadeadas após mais de
rior teste de provocação, pois ainda há 6 horas da exposição ao medicamento.
risco de reproduzir reação intensa. Adicionalmente, é fundamental ten-
tar estabelecer uma relação de causa-
QUANDO SUSPEITAR? -efeito. Assim, devem ser colhidas in-
A história e o exame físico são impor formações relativas a possíveis reações
tantes ferramentas para se avaliar o anteriores e à exposição prévia das dro-
diagnóstico de hipersensibilidade a gas suspeitas. A hipersensibilidade alér-
medicamentos e determinar o provável gica requer sensibilização prévia e, com
mecanismo imunológico, o qual é de raras exceções, ocorrerá na primeira
grande importância para o manejo e a exposição (exemplo: cetuximabe). Um
prevenção. dado de grande valor diagnóstico é a
Sintomas como urticária, angioede- observação de melhora da reação após
ma, hipotensão e sibilos são bastante su- suspensão do fármaco suspeito, bem co-
gestivos de reação IgE-mediada. Anemia mo da resposta ao tratamento realizado
hemolítica e/ou outras citopenias de- na ocasião.
vem suscitar envolvimento de reação ti- Também é fundamental conhecer
po II. Febre, artralgia e/ou vasculites são a farmacologia do fármaco e seus efei-
os principais sintomas de reação tipo tos colaterais, assim como a existência,
III. E deve-se pensar nas reações tardias no paciente, de doenças infecciosas,
quando houver um rash cutâneo não autoimunes, doença hepática ou renal
urticariforme, especialmente se houver concomitante, além de história pessoal
pústula ou bolhas. e familiar de RAM e atopia.
A suspeita clínica deve levar ainda Na nossa realidade, os medicamen-
em consideração o tempo de início de tos mais envolvidos nas reações de
sintomas, bem como todas as medica- hipersensibilidade são os antibióticos
ções realizadas pelo paciente. Pode ha- (principalmente penicilina e derivados)
ver certa confusão quando muitas dro- e os anti-inflamatórios não esteroidais
gas são utilizadas simultaneamente e, (AINEs).
SEÇÃO 7 470
Reação Prova/Exame
IgE específica
In vitro
Ativação de basófilos
Imediata
Testes cutâneos (Prick test)
In vivo
Testes de provocação
Fonte: Autores.
Reações Adversas A Medicamentos (RAM)
471
após a fase aguda, o paciente deve ser apresentou reações ao ácido acetilsalicí-
orientado a EVITAR a referida substân- lico e à dipirona), além de orientações
cia para a prevenção de novos episódios, de como proceder em caso de ingestão
mesmo se a história não for inequívoca. acidental da droga suspeita.
No entanto, após a suspeita clínica, É importante que a reação seja
também compete ao médico que iden- ade
quadamente investigada a fim de
tificou a reação de hipersensibilidade minimizar a chance do indivíduo ser
encaminhar o paciente ao especialis- indevidamente rotulado como alérgico.
ta, fornecendo por escrito as seguintes Sabe-se, por exemplo, que até 90% das
informações: nome(s) da(s) medica- reações de hipersensibilidade à peni-
ção(ões) suspeita(s) (genérico e comer- cilina não são ver
dadeiramente alér-
cial), dose, horário, via de administração, gicas, principalmen
te em crianças e
descrição detalhada da reação apresen- adolescentes.
tada e horário, além do tratamento ins- Dessa forma, após o manejo adequa-
tituído para a reação. do e a análise do caso, pode ser realiza-
Se possível, o paciente também de- do o teste de sensibilidade cutânea e a
verá ser informado sobre alternativas de provocação por penicilina, com o intui-
tratamento até a consulta com o espe- to de liberar para esses pacientes o refe-
cialista, alertando para a possibilidade rido antibiótico, evitando a utilização de
de reações cruzadas (por exemplo: não drogas mais dispendiosas e com menor
fazer IBUPROFENO em indivíduo que já ação terapêutica.
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C APÍTULO 6
• Ausência de imagem tímica (radio- incomum para a faixa etária (por exem-
grafia de tórax); plo: SNC na infância) ou malignidade
• Linfopenia e/ou neutropenia < 1.500 associada às infecções de repetição ou
(cels em sangue periférico); história familiar sugestiva de EII20; aler-
• Atraso na queda do coto umbilical gias graves, refratárias aos tratamentos
(> 4 semanas); usuais, associadas a manifestações au-
• Morte súbita e/ou processos infec- toimunes ou infecções graves ou não
ciosos de repetição de membros da usuais; processo inflamatório, recor-
família; rente ou persistente, com ou sem febre,
• História de consanguinidade fami
- com ou sem gravidade e sem evidência
liar; de infecção ou autoimunidade como
• Lesões cicatriciais de abscessos, mi- principal mecanismo envolvido.
coses superficiais persistentes e pe-
téquias. Atenção: infecção recorrente localizada em
um único órgão, como: amigdalites e in
-
fec
ções do trato urinário, não constituem
Sabe-se que o sistema imunológico
critério para investigação de Erros Inatos da
também desempenha papel fundamen-
Imunidade. Assim como meningite viral, res-
tal na manutenção da homeostasia do
friados frequentes e impetigo/furunculose de
organismo e que algumas alterações repetição também não são sinais de alerta
da resposta imune inata e/ou adaptati- para EII.
va podem acarretar em manifestações
clínicas relacionadas à autoinflamação,
linfoproliferação, autoimunidade, aler- COMO DIAGNOSTICAR?
gias e neoplasias, as quais vêm sendo O subdiagnóstico dos EII, em nosso
cada vez mais descritas nos pacientes meio, é muito elevado, considerando o
com as doenças dos EII. Desse modo, tamanho da nossa população, o núme-
também se recomenda investigação pa- ro de pacientes diagnosticados e a esti-
ra esse grupo de doenças em pacientes mativa de prevalência destas doenças. A
com múltiplas doenças autoimunes ou média de idade para o diagnóstico das
doença de início precoce, de difícil tra- imunodeficiências fica em torno dos se-
tamento ou associada a outros sinais de te anos de vida, embora a idade média
alerta; doenças malignas precoces ou para o aparecimento dos sintomas seja
recorrentes, raras para a faixa etária (in- aos 2,5 anos, determinando um atraso
fância: linfoma extranodal, linfoma de de anos no diagnóstico, que contribui
células T), alterações histopatológicas para uma maior morbimortalidade des-
e citogenéticas incomuns, localização tas patologias. A identificação precoce
Erros inatos da imunidade 477
e o tratamento eficiente das IDP são forma criteriosa e baseada numa boa
pontos chaves para sobrevivência des- história clínica e no exame físico minu-
tes pacientes. cioso, exigindo que uma hierarquização
Recentemente foi aprovada a reali- e um direcionamento sejam seguidos.
zação de teste de Triagem Neonatal da A correlação entre tipos de agentes
Imunidade o qual deverá ser implan- infecciosos ou sítios de infecção e a fun-
tado em breve para toda a população. ção imune afetada é um dos critérios es-
A realização deste exame para um nú- tabelecidos para uma investigação diag-
mero expressivo de recém-nascidos aju- nóstica direcionada. O Quadro 3 resume
dará muito para o diagnóstico precoce os agentes infecciosos mais frequentes
de algumas doenças de EII. Estes testes e os órgãos afetados para os principais
denominados de TREC e KREC são me- tipos de EII.
todologias de quantificação por PCR Na avaliação inicial de pacientes
em tempo real (RT-qPCR), que utilizam com EII devem ser realizados os seguin-
amostras de DNA extraídas de sangue tes exames:
seco, coletadas em papel-filtro, seme- • Hemograma completo para a ava-
lhantes aos cartões usados no “Teste liação do número e distribuição dos
do Pezinho”. Os testes funcionam co- leucócitos;
mo excelente indicador do desenvol- • Dosagem de imunoglobulinas (IgA,
vimento de linfócitos T e B. Portanto, IgG, IgM, IgE);
a inclusão do TREC (T cell Receptor • Dosagem de isohemaglutininas (an-
Excision Circles) e do KREC (Kappa de- ticorpos naturais da classe IgM);
leting Recombination Excision Circles) • Pesquisa de anticorpos vacinais ao
na triagem neonatal possibilitará a de- tétano, hepatite B, poliovírus, ru-
tecção precoce tanto de indivíduos com béola ou sarampo (solicitar de acor-
SCID (Imunodeficiência Combinada do com as vacinas recebidas pelo pa-
Severa) clássica, caracterizada pela ciente);
ausência de linfócitos T e/ou B, como • DHR (dihidrorodamina) para avaliar
também, de outras doenças que pro- a função de fagócitos;
duzem linfopenia B, como a Agamaglo- • Testes cutâneos de hipersensibili-
bulinemia. dade tardia (PPD, SK-SD, candidina,
Pela necessidade, na grande maioria tricofitina);
das vezes, da utilização de exames la- • VSH e PCR;
boratoriais de alto custo, a investigação • Radiografia de tórax para avaliação
laboratorial dos EII deve ser realizada de do timo;
SEÇÃO 7 478
Defeito Defeito
Defeito de Defeito de
Características predominante predominante
fagócitos complemento
de células T de células B
Precoce, após
os anticorpos
Precoce: 2 a 6 maternos serem
Idade de Início Precoce Qualquer idade
meses catabolizados: 5 a
12 meses ou final da
infância ou adultos
S. aureus,
Micobactérias, S. pneumoniae, Pseudomonas,
Pseudomonas, CMV, Hib, S. aureus, Serratia,
Patógenos mais
EBV, vírus varicela Campylobacter, Klebsiella, Neisseria, E. coli
frequentes
zoster, enterovírus, enterovírus, Giardia, Candida,
Candida, P. jiroveci Criptosporidium Nocardia,
Aspergillus
Infecções
Celulite,
sinopulmonares, Meningite, artrite,
Crescimento abscessos,
Órgãos mais sintomas septicemia,
inadequado, adenite,
afetados gastrointestinais, infecções
diarreia, candidíase periodontite,
artrites, sinopulmonares
osteomielite
meningoencefalite
Doença do enxerto
versus hospedeiro
causada pelas Autoimunidade, Retardo na
Vasculites, LES,
células maternas linfoma, timoma, queda do
Características dermatomiosite,
ou transfusão paralisia pela coto umbilical,
especiais glomerulonefrite,
de sangue vacina oral contra dificuldade de
angioedema
não irradiado, poliomielite cicatrização
BCGite, tetania,
hipocalcêmica
Hib: Haemophilus influenzae tipo b; CMV: citomegalovirus; EBV: vírus Epstein-Barr; LES: lupus eritematoso sistêmico.
3a6m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 6a9m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4
Percentil 3 338 4 25 119 9 1 2 Percentil 3 338 4 30 192 4 1 2
P10 338 4 29 147 10 3 2 P10 365 7 35 239 9 3 2
P25 406 7 32 192 16 17 3 P25 428 14 47 274 26 23 3
P50 491 16 38 249 32 22 6 P50 540 30 61 319 43 33 5
P75 589 22 42 369 43 42 9 P75 693 42 73 406 65 47 7
P97 698 27 52 426 58 55 12 P97 764 73 86 436 82 59 11
9 a 12 m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 12 a 18 m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4
Percentil 3 363 7 37 169 22 2 3 Percentil 3 520 7 47 323 22 4 3
P10 425 7 44 231 30 2 3 P10 586 7 54 349 22 7 3
P25 532 21 51 343 44 8 5 P25 667 21 78 369 34 23 6
P50 711 38 59 412 55 25 6 P50 746 48 99 483 83 25 7
P75 792 66 78 466 85 41 9 P75 829 84 113 559 97 40 13
P97 918 83 87 543 112 65 13 P97 875 130 138 643 128 52 16
18 a 24 m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 3a -3a11m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4
Percentil 3 526 7 40 399 14 14 3 Percentil 3 513 29 43 169 18 1 5
P10 586 7 67 439 28 15 5 P10 651 35 44 439 18 1 7
P25 693 30 76 479 45 25 6 P25 773 51 73 504 27 12 10
P50 820 55 103 499 62 33 11 P50 838 68 97 574 142 44 17
P75 875 77 126 533 139 35 14 P75 951 118 120 689 198 63 22
P97 951 149 154 543 208 49 16 P97 1046 142 158 818 272 87 34
4a -4a11m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 5a -5a11m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4
Percentil 3 564 28 58 288 58 15 3 Percentil 3 564 50 59 306 27 19 10
P10 616 40 64 423 72 33 4 P10 616 64 74 410 37 22 11
P25 799 56 87 496 112 40 7 P25 799 88 86 530 90 29 13
P50 892 85 103 599 167 50 12 P50 892 124 114 628 151 53 20
P75 1051 123 138 732 187 82 23 P75 1116 155 133 760 227 90 25
P97 1318 215 176 857 247 118 67 P97 1318 191 166 834 242 140 30
6a -7a11m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 8a -9a11m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4
Percentil 3 665 47 49 204 89 19 19 Percentil 3 672 70 67 439 95 28 0
P10 680 66 54 347 102 26 22 P10 680 98 69 482 112 28 10
P25 799 85 75 496 112 50 28 P25 799 112 80 531 180 41 21
P50 892 127 86 597 173 62 38 P50 892 153 91 619 189 65 43
P75 1100 174 120 791 217 86 49 P75 1166 203 114 799 242 81 59
P97 1465 267 218 1065 261 110 63 P97 1537 311 139 917 331 105 75
10a -11a11m IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 Adultos IgG IgA IgM IgG1 IgG2 IgG3 IgG4
Percentil 3 739 113 65 256 86 19 16 Percentil 3 739 84 81 256 180 12 13
P10 793 150 76 467 112 24 22 P10 793 99 92 256 192 29 23
P25 860 166 82 545 125 36 24 P25 560 132 103 401 214 43 30
P50 923 192 103 661 218 50 45 P50 986 179 124 579 366 55 45
P75 1182 213 125 757 277 80 51 P75 1116 255 144 756 304 72 71
P97 1475 248 134 844 368 104 66 P97 1390 354 167 877 372 92 78
Linfócito Percentil cordão 0-3m 3-6m 6-12m 1-2a 2-6a 6-12a 12-18a 19-44a
p10 798 2438 1919 2156 1969 1515 1280 1161 844
CD3 p50 1532 3352 3404 3413 3209 2180 1845 1505 1331
p90 2994 5247 5368 5004 4392 3701 2413 2077 1943
p10 485 1686 1358 1360 957 780 618 630 476
CD4 p50 1115 2282 2248 2064 1620 1178 907 837 813
p90 2263 3417 3375 3066 2727 2086 1348 1182 1136
p10 264 486 523 560 563 453 390 332 248
CD8 p50 421 877 881 1108 1030 730 612 449 418
p90 982 1615 1798 1803 1753 1700 1024 776 724
p10 278 395 955 811 711 631 471 460 138
CD19 p50 548 1053 1795 1278 1184 962 728 690 234
p90 1228 1697 2596 1792 1553 1283 1031 1143 544
p10 279 239 199 164 153 135 127 114 134
CD16/56 p50 674 499 379 416 318 269 236 228 235
p90 2151 1020 731 801 703 601 515 446 545
Fenitoína
Carbamazepina
Ácido valproico
Sulfasalazina
Compostos de ouro
Penicilamina
Hidroxicloroquina
Medicamentos
Glicocorticosteroides
Ciclosporina
Tacrolimus
Micofenolato de mofetila
Ciclofosfamida
Azatioprina
Rituximabe
Fonte: Autores.
Intenção de
Regime preferencial Regime alternativo
prevenção
Sulfametoxazol-trimetoprima Dapsona
(SXT-TMP) Lactentes e crianças: 2 mg/kg/dia, 1x/dia
Lactentes > 4 semanas de idade e (máximo: 100 mg/dia)
crianças: 5 mg/kg/dia, divididos Adultos: 100 mg. 1x/dia ou 50 mg, 2x/dia
em duas doses, 3x/semana Pentamidina
Pneumocystis jirovecii (Baseado na TMP, máximo
Crianças < 5 anos: 9 mg/kg (máximo:
160 mg/dia)
300 mg/dose) por inalação por nebulização
Adultos e adolescentes com função
a cada quatro semanas
renal normal (baseado na TMP):
Crianças > 5 anos, adolescentes e adultos:
80 mg/diário ou 160 mg/diário ou
300 mg/inalação por nebulização a cada
160 mg, 3x/semana
quatro semanas
Amoxicilina
Crianças: 10 a 20 mg/kg por dia, em dose
única ou dividida em 2x (máximo:
875 mg/dia)
Adolescentes e adultos: 875 mg
SXT-TMP
Lactentes > 4 semanas de idade e Amoxicilina com clavulanato
crianças: 5 mg/kg/dia, divididos Crianças: 20 mg/kg por dia, em dose única
Staphylococcus spp.,
em duas doses (Baseado na TMP, ou dividido em 2x (máximo: 875 mg/dia,
Gram negativos spp.
máximo 160 mg/dia) baseado na amoxicilina)
Adultos e adolescentes: baseado Adolescentes e adultos: 875 mg (baseado
na TMP 160 mg diário na amoxicilina)
Ciprofloxacino
Crianças: 10 mg/kg/dose, 2x/dia
(máximo: 500 mg)
Adultos: 500 mg
Azitromicina
Mycoplasma spp., Crianças: 5 a 10 mg/kg/dose, oral,
Streptococcus spp. 3x/semana (máximo: 250 mg)
Adolescentes e adultos: 250 mg,
oral, 3x/semana
Azitromicina
Crianças: 20 mg/kg/dose, oral,
1x/semana (dose máxima de
Micobacteriose 1.200 mg/semana; pode ser dado
atípica até 600 mg, 2x/semana, se causar
náuseas em doses altas)
Adolescentes e adultos: 1.200 mg,
1x/semana ou 600 2x/semana, se
náuseas
Itraconazol Voriconazol
Crianças: 5 mg/kg/dia, oral, ≤ 50 kg: 8 mg/kg/dose, oral, 2x/dia
Aspergillus spp. (máximo: 200 mg) (máximo por dose: 350 mg)
Adolescentes e adultos: 200 mg, > 50 kg: 4 mg/kg/dose, oral, 2x/dia
oral, diário (máximo por dose: 200 mg)
Fluconazol
Candida spp. Crianças: 6 mg/kg, oral, diário
(máximo: 400 mg). Adolescentes
e adultos: 400 mg, oral, diário
SEÇÃO 7 484
Intenção de
Regime preferencial Regime alternativo
prevenção
Aciclovir
Crianças < 40 kg: 600 mg/m/dose,
HSV/VZV oral, 4x/dia. Crianças > 40 kg:
800 mg, oral, 4x/dia
Adultos: 800 mg, oral, 2x/dia
Valganciclovir
Crianças 1 mês a 16 anos: dose
oral (mg) = 7 × superfície de área
CMV corporal × clearence de creatinina
Adolescentes ≥ 17 anos e adultos
com função renal normal: 900 mg,
oral, 1x/dia
CMV, citomegalovírus; HSV, herpes simplex vírus; spp., espécies; VZV, varicela zoster vírus.
em vias específicas, as quais podem ser êxito e se tornado uma esperança para
tratadas com medicações-alvo daquelas o futuro destes pacientes.
vias. As melhorias no manejo do trans- Apesar de todo esse avanço, precisa-
plante de células-tronco hematopoiéti- mos sempre lembrar que o diagnóstico
cas têm possibilitado o transplante de é o primeiro passo para o tratamento e
cada vez mais destes pacientes, ofere- deve ser lembrado junto aos pediatras,
cendo uma terapia curativa. Nos últimos que são os responsáveis pela suspeita
anos, a terapia gênica tem apresentado inicial dos quadros de EII.
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S E Ç ÃO 8
Infectologia pediátrica
Capítulo 1 Capítulo 7
Febre sem sinais Varicela
localizatórios
Capítulo 2 Capítulo 8
Capítulo 6 Capítulo 11
Sarampo Parasitoses intestinais
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Anafilaxia, rash,
Antitérmica e
Dipirona 4 a 6 horas 15 a 20 mg/kg/dose urticária, hipotensão,
analgésica
broncoespasmo
Antitérmica e
Paracetamol 4 a 6 horas 10 a 15 mg/kg/dose Intoxicação hepática
analgésica
REFERÊNCIAS
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management. Up to date, 2020. cos SPSP, 2019.
Febre sem sinais localizatórios
493
Covid-19 em pediatria
Derrame pericárdico
Miocardite
Manifestações cardiovasculares
Alterações coronarianas
Arritmias
Meningoencefalite
Encefalopatia
Manifestações neurológicas Mielites
Síndrome de Guillain Barré
Neurites (anosmia e ageusia)
Acrosíndromes
Manifestações cutâneas Lesões exantemáticas, urticariformes, vesiculares, eczematosas,
purpúricas, papulares e petequeais
Anemia
Leucopenia
Manifestações hematológicas Linfopenia
Síndrome de ativação macrofágica
Fenômenos tromboembólicos
Fonte: Autora.
Assintomática Caracterizada por teste laboratorial positivo para Covid-19 e ausência de sintomas
Tosse persistente e febre persistente diárias, até sinais de piora progressiva de outro
Moderada sintoma relacionado à Covid-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia), além da
presença de pneumonia sem sinais ou sintomas de gravidade
Taquipneia (maior ou igual a 70 rpm para menores de 1 ano e maior ou igual a 50 rpm
para crianças maiores que 1 ano), hipoxemia, desconforto respiratório, alteração da
Grave
consciência, desidratação, dificuldade para se alimentar, lesão miocárdica, elevação
de enzimas hepáticas, disfunção da coagulação, rabdomiólise, cianose central ou SpO2
Fonte: Adaptado de Desoky et al. (2020), Munain et al. (2021) e Rubin et al. (2020).
COVID-19 em pediatria
501
Fonte: Autora.
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SEÇÃO 8 502
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C AAPÍTULO
PÍTULO x3
Mononucleose infecciosa
Adriana Azoubel-Antunes
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Mononucleose infecciosa
507
Exantema súbito
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SEÇÃO 8 510
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C APÍTULO
A PÍTULO 5x
Rubéola
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C APÍTULO 6
Sarampo
9 países na região das Américas, sendo atinge todo corpo em 3 dias, quando
3.155 casos no Brasil, incluindo 4 óbitos. ocorre também a piora da prostra-
O Boletim Epidemiológico de 2021, do ção. A febre desaparece de 3 a 4 dias
Ministério da Saúde do Brasil, confir- após o aparecimento do exantema,
mou 8.448 casos no ano de 2020. caso não haja infecção bacteriana
secundária;
QUANDO SUSPEITAR? • Período toxêmico: caracterizado pe-
O quadro clínico se caracteriza por fe- la viremia ou pela infecção bacteria-
bre alta (≥ 38 C); exantema maculopa-
o
na. São frequentes as complicações,
pular morbiliforme generalizado, com principalmente nos menores de 2
distribuição cefalocaudal (não poupa anos, desnutridos e adultos jovens;
região palmo-plantar); tosse; coriza, • Período de remissão: ocorre o desa-
conjuntivite não purulenta e manchas parecimento do exantema (que tem
de Koplik (pontos brancos presentes na duração de 5 a 6 dias) com descolo-
mucosa oral, na região oposta aos mo- ração transitória da pele e descama-
lares, que antecedem o aparecimento ção furfurácea.
do exantema – sinal patognomônico).
O período de incubação varia entre 7 a QUAIS SÃO AS COMPLICAÇÕES
21 dias, com o exantema surgindo, na CAUSADAS PELO SARAMPO?
maioria das vezes, após 14 dias de ex- Febre por mais de 3 dias pode significar
posição ao vírus, e o contágio, 6 dias um sinal de alerta para a presença de
antes das lesões cutâneas e 4 dias após complicações. As mais frequentes são:
o desaparecimento. As manifestações otite média aguda, infecções respirató-
clínicas do sarampo podem ser dividi- rias e diarreia.
das em 3 fases: A encefalite pode acontecer em 1 a
• Período de infecção: apresenta du- cada 1.000 pacientes infectados, e pode
ração de 7 dias. Inicia-se com o pe- causar leões cerebrais graves e definitivas.
ríodo prodrômico, com duração de, Chama a atenção a possibilidade de
aproximadamente, 3 dias, caracte- panencefalite esclerosante subaguda, ca-
rizado por febre, tosse, coriza, con- racterizada por comprometimento inte-
juntivite e fotofobia. As manchas de lectual, cognitivo, comportamental e cri-
Koplik surgem no final do período ses convulsivas. É rara e pode ocorrer até
prodrômico e desaparecem em tor- 7 a 10 anos, após a infecção pelo sarampo.
no de 24 horas após o início do sur- Imunocomprometidos podem cur-
gimento do exantema. O exantema sar com doença mais prolongada e mais
tem início na região retroauricular e grave.
SEÇÃO 8 516
REFERÊNCIAS
BALLALAI, I.; MICHELIN, L.; KAFOURI, R. Nota Pediatria, 2018. Disponível em: https://www.
Técnica Conjunta. Sociedade Brasileira de sbp.com.br/fileadmin/user_upload/NOTA_
SEÇÃO 8 518
Varicela
com moderado risco para doença grave, para adolescentes e adultos maiores de
como as crianças maiores de 12 anos de 13 anos, sem evidência de imunidade
idade, aquelas com doenças cutâneas (esquema de 2 doses, com intervalo mí-
ou pulmonares crônicas, as que rece- nimo de 4 semanas entre elas).
bem, em longo prazo, terapia com sa- É eficaz em prevenir a varicela ou
licilato ou, ainda, aquelas que recebem modificar a gravidade da doença em ca-
uso intermitente ou contínuo de corti- so de exposição, se usada até 5 dias (pre-
costeroides, nos pacientes com quadros ferencialmente, 3 dias) após o contato.
graves de varicela (encefalite, pneumo-
nia, forma disseminada), no imunode- IMUNOGLOBULINA ANTIVARICELA-
primido e em neonatos (principalmente ZOSTER (VZIG)
com forma disseminada). Deve ser dado Deve ser administrada para todo recém-
nas primeiras 24 horas após o apareci- -nascido (RN) de mãe que desenvolveu
mento do exantema. Normalmente, é varicela entre 5 dias antes ou até 2 dias
utilizado por via endovenosa, na dose depois do parto, RN prematuro com me-
de 10 mg/kg, de 8/8 horas, por 5 a 10 dias. nos de 1.000 g ou menor de 28 semanas,
que tenham sido expostos a uma fonte
VACINA não materna, pois a passagem de imu-
A vacina é composta por vírus vivo ate- noglobulina transplacentária ocorre no
nuado, com proteção de mais de 95% 3º trimestre da gestação. Indicado tam-
contra doença grave. Composta por 2 bém para crianças imunocomprometi-
doses, via subcutânea, sendo a primeira das e grávidas que tiveram contato.
a partir de 12 meses de idade e a segun- A dose: um frasco (125 UI)/10 kg, via
da dose após 3 meses da primeira dose, intramuscular, sendo a dose mínima de
ou após o contato com um caso de va- 125 UI e a dose máxima de 625 UI, até 96
ricela (até 96-120 horas) ou entre 4 e 6 horas após a exposição. A dose para RN
anos de idade. Recomenda-se a vacina é 125 UI, logo após o nascimento.
REFERÊNCIAS
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Vari BLANCO, A.; MARKUS, J. R. Vírus Varicela
cella-Zoster infectious. In: PICKERING, L. K.; Zoster. In: Sociedade Brasileira de Pediatria.
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SEÇÃO 8 522
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GASPAR, M. C. S.; CRUZ, M. L. S.; CARDOSO, C. para o pediatra. São Paulo: Editora Atheneu,
A. A.; MULATINHO, S. H. Varicela-Zoster. In: 2012, p. 245.
C APÍTULO
A PÍTULO 8x
Arboviroses: dengue,
chikungunya e zika
Flávio Melo
Cefaleia +++ ++ ++
*Pode haver risco de morte nos casos neurológicos como a síndrome de Guillain-Barré e na síndrome congênita do zika vírus.
Fonte: Autor.
6. A prova será positiva se houver 10 ou infecção e persistindo por até 8-12 se-
mais petéquias. manas. Para diagnóstico diferencial
com a dengue e outros flavivírus, o
QUAIS SÃO OS TESTES LABORATORIAIS teste de neutralização por redução
RELEVANTES PARA O DIAGNÓSTICO em placas (PRNT) pode ser necessário.
ETIOLÓGICO? Na suspeita de síndrome congênita
Para o diagnóstico etiológico, é impor- do zika vírus, deve ser feito RT-PCR e
tante considerar os seguintes pontos, de IgM para o zika vírus no soro e na uri-
acordo com cada arbovirose suspeitada: na do recém-nascido, que também
a) Dengue: o RT-PCR/Isolamento viral podem ser realizados no LCR, na pla-
pode ser feito até o quinto dia de centa e no líquido amniótico.
sintomas, mas não é realizado de
rotina. A detecção do antígeno viral QUAL É O TRATAMENTO?
NS1 por teste rápido é alternativa O tratamento das formas leves das arbo-
nos primeiros 5 dias e a sorologia viroses compreende o tratamento sinto-
em geral deve ser solicitada após o mático, com antitérmicos/analgésicos,
quarto dia de doença, quando, ge- evitando-se o uso de anti-inflamatórios
ralmente, surgem os anticorpos IgM, não hormonais; o aumento da ingestão
que têm pico entre 10-14 dias e dimi- de líquidos por via oral e as orientações
nuem em até 3 meses. Os anticorpos sobre os sinais de alarme. Quanto aos
IgG surgem após a primeira semana estágios clínicos da dengue, observar o
e persistem por toda a vida. Quadro 2,
b) Chikungunya: o RT-PCR pode ser Com relação à Chikungunya, os
feito até o quinto dia de sintomas. menores de 2 anos de idade, por terem
A sorologia em geral deve ser soli- maior risco de complicações, devem ser
citada após o quinto dia do início acompanhados ambulatorialmente, se
dos sintomas, quando, geralmente, possível diariamente, até que cessem a
surgem os anticorpos IgM, que têm febre e os sintomas agudos.
pico entre 3-5 semanas e diminuem O tratamento da fase aguda, nas
após 2 meses. Os anticorpos IgG sur- duas primeiras semanas, deve ser feito
gem após o sexto dia do início dos com sintomáticos, com a dipirona e o pa-
sintomas e persistem por toda a vida. racetamol para dor e febre, compressas
c) Zika: RT-PCR no soro e/ou urina, nos frias nas articulações (4 vezes ao dia, por
primeiros 14 dias. A partir de 14 dias 20 min), hidratação oral e repouso relati-
do início dos sintomas, com IgM vo, com procura imediata da unidade de
iniciando na primeira semana de saúde de urgência mais próxima no caso
Arboviroses: Dengue, Chikungunya e Zika
527
Fonte: Autor.
SEÇÃO 8 528
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigi- das Doenças Transmissíveis. Chikungunya: ma-
lância em Saúde. Departamento de Vigilância nejo clínico. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
Arboviroses: Dengue, Chikungunya e Zika
529
Hepatites virais
Sintomas clínicos
Infecção
Viremia
Resposta
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Semanas
Marcador Significado
Anti-HBc IgM Marcador de infecção recente, encontrado no soro até 32 semanas após a infecção
Marcador presente nas infecções agudas pela presença de IgM e crônicas pela
Anti-HBc Total
presença de IgG. Representa contato prévio com o vírus
Único anticorpo que confere imunidade ao vírus da hepatite B. Está presente no soro
Anti-HBs após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e imunidade. Permanece
presente isoladamente em pessoas vacinadas
Fonte: Autora.
[ ]
sintomas
HBeAg anti-HBe
Total anti-HBc
Aguda Crônica
[ ] (6 meses) (Anos)
HBeAg anti-HBe
HBsAg
Total anti-HBc
IgM anti-HBc
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 52 Anos
b Semanas após a infecção
Marcador Significado
Indica contato prévio com o vírus da hepatite C, entretanto não define se infecção
Anti-HCV
aguda, ou pregressa e curada espontaneamente, ou se houve cronificação da doença
Evidência da presença do vírus, por isso testes para detecção deste marcador são
utilizados para complementar o diagnóstico da infecção. Pode ser detectado entre
HCV-RNA
uma e duas semanas após a infecção. Quando não detectado, pode indicar a cura
natural, clareamento viral ou resposta sustentada ao tratamento
Fonte: Autora.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de INDOLF, G. et al. Hepatitis C vírus infection
Vigilância em Saúde. Departamento de DST, in children and adolescentes. Lancet Gastro
Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e enterol Hepatol, v. 4, p. 477-87, 2019.
diretrizes terapêuticas para hepatite viral C
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de Vigilância
e coinfecções/Ministério da Saúde, Secretaria
em Saúde. Brasília: Secretaria de Vigilância
de Vigilância em Saúde, Departamento de
DST, Aids e Hepatites Virais. Brasília: Minis Epidemiológica, 2019.
Meningite bacteriana
Dayanne Bruscky
Igor Bruscky
torno de 20% nos últimos anos. Na for- Estima-se que haja mais de 1,2 mi-
ma mais grave, a meningococcemia, a lhão de casos de meningite bacteriana
letalidade chega a quase 50%. Em mea- em todo o mundo a cada ano. O coefi-
dos de 2010, devido ao aumento de cir- ciente de incidência e a letalidade para
culação do sorogrupo C e à alta incidên- meningite bacteriana variam de acordo
cia da doença observada em crianças, a com a região, o país, o agente etiológi-
vacina meningocócica C (conjugada) foi co e a faixa etária. Apesar das medidas
introduzida no calendário de vacinação preventivas, da abordagem precoce e
da criança. do tratamento adequado com antibió-
O pneumococo é o segundo maior ticos eficazes, podem ocorrer morte e
responsável por meningite bacteriana sequelas neurológicas, principalmente
no Brasil, além de outras doenças inva- em pacientes mais jovens. As taxas de
sivas (pneumonia, bacteremia, sepse) e mortalidade permanecem extremamen-
doenças não invasivas (otite média, si- te elevadas, variando de 5% a 30% dos ca-
nusite, entre outras). As crianças de até sos no mundo, e aproximadamente 50%
2 anos de idade são as mais acometidas dos sobreviventes evoluem com seque-
pela meningite pneumocócica. A partir las neurológicas. Sem tratamento, a taxa
de 2010, a vacina conjugada 10-valen- de letalidade pode chegar a 70%.
te, que protege contra dez sorotipos do
pneumococo, foi disponibilizada no ca- QUAIS SÃO OS AGENTES ETIOLÓGICOS
lendário de vacinação da criança, para ENVOLVIDOS?
as menores de 1 ano de idade. A MBA pode ser causada por uma gran-
Em 1999, foi introduzida no país a de variedade de bactérias (Quadro 1). O
vacina contra o Hib, responsável por agente etiológico mais frequente pode
várias doenças invasivas, como me- variar com idade do paciente, porta de
ningites e pneumonias, sobretudo em entrada ou foco séptico inicial; tipo e
crianças. O Hib era a segunda causa localização da infecção no sistema ner-
mais comum de meningite bacteriana voso central (SNC); estado imunitário
no Brasil, sendo responsável por uma prévio; além da situação epidemiológi-
incidência média anual em menores ca local.
de 1 ano de 23,4 casos/100.000 habitan-
tes até 1999. Observou-se, após a intro- COMO OCORRE?
dução da vacina, redução de mais de A patogênese e a fisiopatologia da me-
90% no número de casos, incidência e ningite bacteriana envolvem uma inte-
número de óbitos por meningite por H. ração complexa entre os fatores de viru-
influenza. lência dos patógenos e a resposta imune
Meningite bacteriana 539
Quadro 1. Principais agentes bacterianos causadores de meningite no Brasil, de acordo com faixa
etária acometida e fatores associados
Escherichia coli
Streptococcus agalactiae (estreptococos do grupo B)
Nascimento até < 3 meses Listeria monocytogenes
Outras Gram-negativas entéricas (Enterobacter spp., Klebsiella spp.,
Salmonella enteritidis)
S. pneumoniae
Fratura de base de crânio H. influenzae
Estreptococos beta hemolítico do grupo A
• Infecção recente de vias aéreas su- jato”, fotofobia, confusão mental, crises
periores; convulsivas). As principais manifesta-
• Esplenectomia ou estado de asple- ções clínicas dependem da idade do
nia; paciente e da resposta imune do hospe-
• Anemia falciforme; deiro à infecção:
• Erros inatos do sistema imune (de- • Em recém-nascidos e lactentes jo-
ficiência de complemento, defeitos vens, os sinais e sintomas podem ser
na imunidade celular ou humoral); muito inespecíficos: letargia, agita-
• Imunodeficiências secundárias (dia- ção, sonolência, nervosismo, ano-
betes mellitus, desnutrição, infecção rexia, hipotonia, apneia, icterícia,
por HIV, neoplasias, uso de medica- diarreia e hipoatividade. A instabi-
ções imunossupressoras); lidade de temperatura com febre
• Trauma cranioencefálico penetrante; ou hipotermia é comum, mas nem
• Fístula liquórica (otorreia ou rinor- sempre está presente. As convulsões
reia liquórica); ocorrem em 15% a 34% e a hidrocefa-
• Implante coclear; lia em 5% dos casos. O abaulamento
• Procedimentos neurocirúrgicos re- da fontanela anterior pode ocorrer.
centes. Sinais de irritação meníngea, como
rigidez de nuca, são incomuns an-
QUANDO SUSPEITAR? tes dos 12 meses de idade pela aber-
A MBA tem dois padrões de apresenta- tura da fontanela anterior.
ção: progressivamente ao longo de um • Em crianças maiores e adolescentes,
ou poucos dias precedida por uma doen- as características clássicas incluem
ça febril; ou curso agudo e fulminante, febre, cefaleia intensa, letargia, irri-
com manifestações de sepse e menin- tabilidade, confusão, fotofobia, náu-
gite se desenvolvendo rapidamente ao sea, vômito, rigidez de nuca e des-
longo de horas. A forma rapidamente conforto lombar. Cerca de 20% terão
progressiva está frequentemente asso- uma convulsão antes da admissão
ciada a edema cerebral grave. ao hospital. A tríade clássica de fe-
Deve-se buscar sinais e sintomas de bre, irritação meníngea e rebaixa-
síndrome toxêmica (febre, hipotermia, mento do nível de consciência está
sonolência, irritabilidade, rash petequial presente em apenas 44% dos adoles-
ou purpúrico na meningococcemia), de centes e em uma proporção ainda
irritação meníngea e de hipertensão menor das crianças. No exame físico,
intracraniana (cefaleia holocraniana in- a irritação meníngea geralmente se
tensa, náuseas e vômitos, vômitos “em manifesta com rigidez de nuca. O
Meningite bacteriana 541
Valores de Meningite
Características MBA Meningite viral
referência tuberculosa
Límpido ou Límpido ou
Aspecto Límpido Turvo ligeiramente turvo ligeiramente
(opalescente) turvo
Geralmente
Glicose > 50 <40 <40
normal, pode
(mg/dl e % da sérica) 75% < 50% < 50%
estar reduzida
Proteínas totais
20-45 >40 >100 20-80
(mg/dl)
Celularidade Aumentada,
0a4 >500 Aumentada, <500
(céls/mm3) <500
Fonte: Autores.
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C APÍTULO 11
Parasitoses intestinais
Amebíase
CONSTITUEM MANIFESTAÇÕES
ATRIBUÍVEIS AOS PARASITAS:
A exemplo do que acontece na giardía-
se, ingerindo alimentos ou água con- Ascaridíase
taminados por fezes, contendo cistos Dor abdominal (periumbilical ou epigás-
amebianos maduros, pode se contrair a trica, pode simular apendicite), náuseas,
infecção; mais raramente por transmis- vômitos, flatulência, hiporexia e carên-
são sexual (sexo oral e sexo anal), sobre- cias nutricionais. Sintomas respiratórios
tudo nos países desenvolvidos. Moscas (síndrome de Loeffler) podem caracteri-
e baratas podem ser vetores desta pro- zar o estágio larvar. O enovelamento de
tozoose. Portadores assintomáticos, que grande número de parasitas pode levar
manipulam alimentos são importantes à suboclusão intestinal por áscaris. Em
SEÇÃO 8 550
Ancilostomíase Tricuríase
As manifestações dependem da etapa A infecção cursa de forma assintomáti-
de migração do parasita e do número ca na maioria dos pacientes; quando o
de vermes presentes. Há três etapas dis- parasitismo é muito intenso (eliminação
tintas: 1ª – Fase larvária, caracterizada de mais de 5.000 ovos/g de fezes) apa-
pela dermatite pruriginosa; 2ª – Fase de recem as manifestações clínicas, como
migração larvária, representada pela anemia, anorexia, náuseas e cólicas ab-
pneumonite eosinofílica (síndrome de dominais. Quando coexiste a desnutri-
Loeffler); 3ª – Fixação dos vermes adul- ção, podem surgir disenteria, prolapso
tos na mucosa intestinal: dor abdominal, retal (possivelmente por hipotrofia mus-
vômitos, diarreia, hiporexia, perversão cular do reto) e enterorragia (secundá-
do apetite (polifagia e geofagia), diar- ria às lesões da mucosa intestinal, que
reia ou constipação, enterorragia, ane- variam de erosões superficiais a ulcera-
mia em graus variáveis que, em casos ções extensas). Há descrição de crises de
graves, pode levar a quadros de descom- urticária e eosinofilia, que desaparecem
pensação cardíaca, hipoproteinemia e com a eliminação dos vermes. Convém
edema. recordar que as infecções maciças atin-
gem as crianças mais jovens (lactentes).
Oxiuríase
O prurido anal, que piora à noite, é o Estrongiloidíase
sintoma predominante. Insônia e irri- As manifestações clínicas variam de
tabilidade podem decorrer do prurido. uma eosinofilia assintomática nos imu-
Ao migrar para a genitália externa das nocompetentes até uma doença disse-
meninas, pode causar prurido e, conse- minada (hiper infecção), com choque
quentemente, lesões cutaneomucosas, séptico nos imunocomprometidos. O
Parasitoses intestinais
551
quadro clínico intestinal varia de mé- com águas naturais infectadas. Na fase
dia a grande intensidade, com diarreia, crônica, diferentes formas são descri-
dor abdominal e flatulência, acompa- tas: forma intestinal caracterizada por
nhadas ou não de anorexia, náusea, diarreia, sem alteração hepática; for-
vômitos e dor epigástrica, que pode ma hepatointestinal representada por
simular quadro de úlcera péptica. diarreia, cólica e hepatomegalia; forma
Especialmente nos pacientes desnu- hepatoesplênica sem hipertensão portal
tridos e imunodeprimidos pelo uso marcada pela esplenomegalia e a forma
de corticoides e antineoplásicos pode hepatoesplênica com hipertensão portal
ocorrer disseminação sistêmica das compensada, em que se observa esple-
larvas, determinando um quadro de nomegalia e outros sinais de hiperten-
extrema gravidade, que pode ser letal. são portal, como varizes esofagianas e
O quadro cutâneo secundário à pene- retais, e circulação colateral abdominal
tração das larvas (dermatite) caracte- superficial. A forma hepatoesplênica
riza-se por lesões urticariformes, ou com hipertensão portal pode levar à
maculopapulares ou, ainda, por lesões fibrose de Symmers, sendo encontrado
serpiginosas ou lineares pruriginosas fígado já de tamanho reduzido. Há, ain-
migratórias (larva currens). A migração da, relatos de hiperesplenismo, hipoe-
da larva pode causar manifestações volutismo, hemorragia digestiva alta
pulmonares, como tosse seca, dispneia e anemia. As possíveis complicações
ou broncoespasmo e edema pulmonar da doença são: insuficiência hepática
(síndrome de Loeffer). grave, hemorragia digestiva, cor pul-
monale, glomerulonefrite, associações
Esquistossomose com infecções bacterianas (salmone-
O quadro clínico agudo surge de quatro las, estafilococos) e virais (hepatites B
a seis semanas após a penetração das e C). É possível o comprometimento do
cercárias. Caracteriza-se por sintomas sistema nervoso central e de outros ór-
de infecção, com febre, anorexia desâ- gãos, secundário ao depósito ectópico
nimo, diarreia, às vezes sanguinolenta, de ovos.
cólicas e vômitos. Podem ocorrer hepa-
tomegalia dolorosa e esplenomegalia Teníase
discreta. O quadro clínico é polimorfo e Esta parasitose está particularmente
variável, se assemelhando às gastroen- associada ao consumo de carne de
terites. É descrito um quadro agudo porco (e javali) e de carne bovina, mal
cutâneo, urticariforme, conhecido co- cozida. É provocada pela presença da
mo dermatite cercariana, após o contato forma adulta da Taenia solium e da
SEÇÃO 8 552
Cambendazol 1 dia
Tiabendazol 3 dias
Ivermectina 1 dia
Pirvínio 1 dia
Oxamniquina 1 dia
Praziquantel 1 dia
*O tratamento deverá ser repetido após 21 dias. **Existem evidências de que as formas prevalentes em nosso meio são
apatogênicas, (zimodemos não patógenos) não se justificando, na maioria dos casos, o tratamento.
Fonte: Autores.
REFERÊNCIAS
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SE Ç ÃO 9
Cardiologia pediátrica
Capítulo 1
Abordagem inicial de cardiopatias congênitas
Capítulo 2
Febre reumática
Capítulo 3
Insuficiência cardíaca aguda em pediatria
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Abordagem inicial
de cardiopatias congênitas
Cardiopatias com obstrução da via sistêmico passa pelo lado direito do cora-
de saída do ventrículo esquerdo ção e segue direto para a aorta retornan-
Malformações que dificultam a saída do ao leito sistêmico, assim como, o re-
do sangue do ventrículo esquerdo para torno venoso pulmonar passa pelo lado
aorta: estenoses aórtica subvalvar e su- esquerdo do coração seguindo pela arté-
pravalvar (rubéola congênita) e esteno- ria pulmonar e, desse modo, retornando
ses valvares aórtica, e coarctação crítica para o leito pulmonar. A sobrevida de-
de arco aórtico. Cardiopatias que geral- penderá da existência de shunts, onde
mente cursam com congestão pulmonar ocorrem mistura do sangue arterial e
em radiografia de tórax, podendo ser venoso, sendo assim uma cardiopatia
uma cardiopatia canal dependente de cianogênica com hiperfluxo pulmonar
acordo com a intensidade da obstrução. representado por um aumento de vascu-
latura pulmonar na radiografia de tórax.
Cardiopatias cianogênicas
São cardiopatias em que há barreira ao COMO É A ABORDAGEM INICIAL
fluxo pulmonar associada ao shunt das DA CRIANÇA CARDIOPATA?
câmaras direitas para as câmaras es- Além das variáveis formas e associações
querdas. Devemos lembrar que a ciano- de defeitos estruturais cardiológicos
se só se torna visivelmente evidente se que proporcionam diferentes apresen-
a saturação sistêmica se encontrar por tações clínicas, há também apresenta-
volta de 80% ou menos. As principais ções clínicas de acordo com a idade do
cardiopatias deste grupo são: Tetralogia paciente. Cardiopatias congênitas de
de Fallot, atresia pulmonar e atresia apresentação clínica precoce, ainda no
tricúspide. Além da cianose, o achado período neonatal, costumam ser as mais
radiológico em comum será a pobreza graves e que necessitam, de modo geral,
de vasculatura pulmonar. Neste grupo de intervenção precoce ou imediata-
se encontra a maioria das cardiopatias mente à suspeita.
dependentes do canal arterial, nas quais
o fluxo sanguíneo para vasculatura pul- Período neonatal
monar ocorre através de colaterais e do As cardiopatias congênitas graves ou
canal arterial pérvio. críticas costumam apresentar mani-
festações clínicas nos primeiros dias
Cardiopatia com hiperfluxo de vida, ainda no período neonatal.
pulmonar e circulação em paralelo Aproximadamente 30% destes pacientes
Fisiologia gerada pela transposição de recebem alta hospitalar sem diagnóstico
grandes artérias, onde o retorno venoso podendo evoluir para óbito rapidamente
Abordagem inicial de cardiopatias congênitas
561
REALIZAR ECOCARDIOGRAMA
NÃO DAR ALTA ATÉ ESCLARECIMENTO SEGUIMENTO NEONATAL DE ROTINA
DIAGNÓSTICO
REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Nota técnica arquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/ju
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DAMIANO, A. P. Cardiopatias congênitas: ba-
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C AAPÍTULO
PÍTULO x2
Febre reumática
Adriana Azoubel-Antunes
Maria Carolina Pires Lins e Silva Lima
Cardite leve
Cardite moderada
Podem aparecer sinais de pericardite aguda (precordialgia, atrito pericárdico), sopros exuberantes e
aumento moderado da área cardíaca no RX. Também pode estar presente aumento do intervalo QT,
sinais de sobrecarga ventricular ou baixa voltagem (esta última sinalizando derrame pericárdico). No
ECO, tem regurgitação mitral leve a moderada associada ou não à lesão aórtica e com aumento leve a
moderado de átrio esquerdo (AE) e VE
Cardite grave
Presença de insuficiência cardíaca (palidez, astenia, congestão pulmonar, hepatomegalia, B3, etc). No
RX, observa-se cardiomegalia e sinais de congestão pulmonar. No ECG, mostra sobrecarga de VE e, no
ECO, estão presentes regurgitações mitral e/ou aórtica de grau moderado/importante, com AE e VE
aumentados
Observação: Com exceção das lesões valvares, que podem regredir, persistir ou progredir, todas as outras manifestações
da febre reumática aguda remitem sem sequelas.
Fonte: Autoras.
Febre reumática
567
“MAIORES”
“MENORES”
• Monoartralgia
• Febre (≥ 38 °C)
• Elevação de VHS (≥ 30 mm na 1a hora) e/ou PCR ≥ 3 mg/dL
• Intervalo PR prolongado, corrigido para a idade* (só quando não houver cardite)
* Crianças: > 0,18 s/Adolescentes: 0,20 s
Fonte: Autoras.
Febre reumática
569
Medicamento Dose
Eritromicina (alergia à penicilina) 40 mg/kg/dia, VO, 6/6h, (dose máxima 1g/dia) por 10 dias
Fonte: Autoras.
SEÇÃO 9 570
Medicamento Dose
500 mg, VO, para peso menor que 30 kg; 1g, VO,
Sulfadiazina (em caso de alergia à penicilina)
para peso maior ou igual a 30 kg – 24/24h
Fonte: Autoras.
Febre reumática
571
Com cardite, sem doença valvar residual ou 10 anos após o último episódio ou até 25 anos, o
regurgitação mitral mínima que for mais longo
Com cardite e doença valvar residual Até 40 anos ou por toda a vida
Fonte: Autoras.
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C APÍTULO 3
Insuficiência cardíaca
aguda em pediatria
Passando desde sinais e sintomas leves, • Hipotensão arterial sistêmica < per-
como déficit de crescimento, dificulda- centil 5;
de de alimentação, desconforto respira- • Dor abdominal e/ou vômitos;
tório, intolerância aos exercícios físicos • Sinais de congestão sistêmica (hepa-
e fadiga, até anormalidades circulató- tomegalia) e/ou pulmonar (esterto-
rias, neuro-hormonais e moleculares. res pulmonares, ortopneia, radiogra-
O quadro clínico pode se apresentar fia de tórax com sinais de congestão
desde o nascimento, como nas cardio- ou hiperfluxo pulmonar);
patias dependentes do canal ou mais tar- • Débito urinário (DU) < 0,5 ml/kg/hora.
diamente quando relacionado a outras
patologias sistêmicas ou outros defeitos COMO TRATAR?
congênitos estruturais. Sinais clínicos: O manejo da IC descompensada exige a
• Palidez cutânea; classificação dos pacientes em um dos
• Alteração do nível de consciência; quatro perfis hemodinâmicos distintos,
• Taquicardia e pulso filiforme; com base em uma avaliação da volemia
• Aumento da frequência respiratória; do paciente (congesto ou seco) e da per-
• Extremidades frias e cianóticas; fusão tecidual (frio ou quente) (Quadro 1).
Quadro 1. Classificação dos pacientes de acordo com os perfis hemodinâmicos pelas avaliações da
volemia e da perfusão tecidual
Critérios
Classificação
Fonte: Autora.
SEÇÃO 9 574
Droga Dose
Dobutamina 2 a 20 μg/kg/min
Dopamina 1 a 20 μg/kg/min
1 a 2 mg/kg/dose
Furosemida
Infusão contínua de 0,05 mg/kg/hora até efeito desejado
Fentanil 1 a 4 μg/kg/dose
Fonte: Autora.
SEÇÃO 9 576
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S EÇ ÃO 1 0
Nefrologia pediátrica
Capítulo 1
Infecção do trato urinário
Capítulo 2
Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica
Capítulo 3
Síndrome nefrótica
Capítulo 4
Lesão renal aguda/insuficiência renal aguda
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Esterase leucocitária 83 78
Nitrito Positivo 50 92
Leucitúria 73 81
Bacterioscopia 81 83
Gram 93 95
Droga Dose
REFERÊNCIAS
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SEÇÃO 10 584
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C APÍTULO 4
2,0-2,9 vezes a < 0,5 ml/kg/hora 2,0-2,9 vezes a > 0,3 e ≤ 0,5 ml/kg/
2
creatinina de base* por ≥12 horas creatinina de base* hora em 24 horas
≥ 3 vezes a creatinina
de base OU aumento
≥ 3 vezes a creatinina
≥ 4 mg/dl na
< 0,3 ml/kg/hora de base* OU
creatinina sérica
por ≥ 24 horas OU aumento ≥ 2,5 mg/dl ≤ 0,3 ml/kg/hora em
3 OU início de terapia
anúria por ≥ 12 na crestinina sérica 24 horas
renal substitutiva OU
horas OU início de terapia
redução na TFG
renal substitutiva
< 35 ml/min por
1.73 m2
A LRA pré-renal, pode ser devido à direto no túbulo renal. A LRA intrín-
depleção de volume real por sangra- seca pode acometer: a vasculatura
mento (cirurgia ou trauma), perda in- renal (trombose arterial ou venosa,
testinal (gastroenterite), perda cutânea síndrome hemolítica urêmica, mi-
excessiva (queimaduras) ou perda de croangiopatias trombóticas e vasculi-
urina (por exemplo, cetoacidose diabéti- tes), os glomérulos (glomerulonefrite
ca); à hipoperfusão renal consequente à aguda, mais comumente pós-estrep-
hipotensão arterial (diminuição do débi- tocócica), os túbulos e o interstício
to cardíaco) ou, ainda, à diminuição do (nefrotoxinas; medicamentos como
volume intravascular efetivo, apesar da aminoglicosídeos, anfotericina B,
água corporal total normal ou aumenta- inibidores da calcineurina, cisplati-
da (choque séptico ou cirrose). na, antiinflamatórios não esteroide;
• LRA renal intrínseca: neste caso, e pigmentos, como a mioglobinúria,
ocorrem lesão e necrose de células devido à rabdomiólise). É importan-
tubulares. Na LRA intrínseca isquê- te ressaltar que a etiologia da LRA
mica (oligúrica), a hipóxia prolon- intrínseca é frequentemente multi-
gada sobre epitélios transportadores fatorial, resultante de insultos isquê-
dos túbulos resulta em perda da pola- micos, nefrotóxicos e sépticos con-
rização das células, aumento da con- comitantes, que podem exacerbar a
centração de cálcio intracelular (de- gravidade da lesão renal.
pendente de ATP), desorganização • LRA pós-renal: ocorre por obstrução
da arquitetura tubular (integrinas), mecânica bilateral das vias urinárias
necrose, apoptose e descolamento da ou obstrução do trato urinário em
célula tubular. A célula tubular des- um rim único. A obstrução ao fluxo
garrada do epitélio causa micro-obs- urinário aumenta a pressão hidráu-
trução tubular, além de gerar uma lica tubular e do espaço de Bowman,
lacuna que facilita o retrovazamento o que, consequentemente, leva a
do fluido tubular com consequente uma redução na pressão efetiva de
edema intersticial. Além dos eventos filtração glomerular. Além disso, a
descritos, quando da reperfusão re- produção local de vasoconstritores
nal, haverá liberação de hipoxantina contribui para a redução na TFG. Se
e radicais livres que estavam acumu- esta lesão persistir, pode haver evo-
lados, piorando o efeito da hipóxia lução para necrose tubular aguda.
renal. Na LRA intrínseca nefrotóxica As etiologias mais frequentes em
(não oligúrica), ocorre efeito tóxico crianças são as uropatias obstrutivas
SEÇÃO 10 600
Multiplicado por
• <0 • 0 a 5% 1
• 1 a 1,49 vezes • 5 a 9,99% 2
• 1,5 a 1,99 vezes • 10 a 14,99% 4
• > 2 vezes • > 15% 8
O resultado pode variar de 1 a 40. Valor ≥ 8 determina a presença de lesão renal. Quanto maior o escore, maior a gravidade.
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S EÇ ÃO 1 1
Neurologia pediátrica
Capítulo 1
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
Capítulo 2
Transtorno do Espectro Autista
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Transtorno do Déficit
de Atenção e Hiperatividade
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S EÇ ÃO 1 2
Pneumologia pediátrica
Capítulo 1
Bronquiolite viral aguda
Capítulo 2
Pneumonia adquirida na comunidade
Capítulo 3
Tuberculose na infância e na adolescência
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
REFERÊNCIAS
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SEÇÃO 12 622
Pneumonia adquirida
na comunidade
4. Pesquisa viral: testes para o vírus Quando a dúvida recai sobre a C. pneu-
influenza e outros vírus respirató- moniae, a pesquisa de anticorpos IgM
rios devem fazer parte da avaliação ou IgG também está indicada.
de crianças com PAC, se disponíveis, 6. Broncoscopia, lavado broncoalveolar
assim como reação em cadeia da (LBA) e biópsia pulmonar: estão indi-
polimerase (RCP) multiplex em aspi- cados nos casos hospitalizados e com
rado de nasofaringe. Esses exames má evolução.
ajudam a identificar as PAC de etio-
logia viral e reduzem o uso de anti- QUANDO NÃO SOLICITAR A
microbianos. A reação em cadeia da RADIOGRAFIA DE TÓRAX NA CRIANÇA
polimerase em tempo real (PCR-RT) COM SUSPEITA DE PNEUMONIA?
pode auxiliar no diagnóstico de M. • Crianças sem sinais de gravidade,
pneumoniae, C. pneumoniae, C. tra- sem necessidade de tratamento hos-
chomatis, Legionella pneumophila, S. pitalar, uma vez que não há evidên-
aureus, vírus respiratórios, B. pertussis, cias de que este procedimento altere
Mycobacterium tuberculosis e S. pneu- o diagnóstico clínico;
moniae. São métodos caros, mais uti- • Após tratamento de pneumonia com
lizados em pesquisas e não são reco- boa resposta clínica;
mendados nos casos não complicados. • A radiografia obtida em incidência
5. Sorologia: pode ser útil para agentes lateral (perfil) não deve ser realizada
como M. pneumoniae, C. pneumoniae de rotina.
e pneumococo, mas títulos pareados
(fase aguda e convalescença) são ne- EM QUE SITUAÇÕES DEVE SER
cessários e têm pouca utilidade, pois SOLICITADO A RADIOGRAFIA DE TÓRAX?
o diagnóstico é realizado em geral, de • Nos casos mais graves, doença de
forma retrospectiva. Entretanto, consi- evolução prolongada ou recorrente,
derando-se que a IgM se eleva em sete apesar do tratamento;
a dez dias após o início do processo e a • Suspeita de aspiração de corpo es-
IgG deve quadruplicar em uma segun- tranho;
da coleta com intervalo de duas a três • Clínica sugestiva de malformações
semanas, ou cair na mesma proporção, congênitas;
caso o paciente seja avaliado na fase • Em crianças com febre prolongada e
de resolução, a sorologia poderá ser tosse, mesmo na ausência de taquip-
útil. Crioaglutininas séricas com títu- neia e angústia respiratória;
los acima de 1/64 são encontradas em • Crianças menores de cinco anos, que
50% das infecções por M. pneumoniae. apresentam febre, leucocitose sem
SEÇÃO 12 630
clínico precisa estar atento, rever siste- até mesmo, sobre a necessidade de in-
maticamente as condições associadas ternação hospitalar. Causas frequentes
e tomar a decisão sobre aprofundar a de falhas no tratamento das pneumo-
investigação, substituir o tratamento e, nias estão listadas no Quadro 4.
TRATAMENTO DOMICILIAR
50 mg/kg,
Amoxicilina 8 ou 12 7
máx. de 4 g/dia
Amoxicilina/clavulanato 50 mg/kg 8 7 a 10
50 mg/kg,
Eritromicina 6 10
máx. de 2 g/dia
Azitromicina 10 mg/kg 24 5
7,5 mg/kg,
Claritromicina 12 7 a 10
máx. de 1 g/dia
40 a 100 mg/kg de
Sulbactam/Amoxicilina 12 7
amoxicilina
Axetil-cefuroxima 30 a 40 mg/kg 12 7
TRATAMENTO HOSPITALAR
Cloranfenicol 50 mg/kg 6 7 a 10
Ceftriaxona 75 mg/kg 24 7 a 10
Cefotaxima 30 a 40 mg/kg/dia 12 7
50 a 100 mg/kg de
Sulbactam/Amoxicilina 8 a 12 7 a 10
amoxicilina
Vancomicina 40 mg/kg 6 21
Gentamicina 15 mg/kg 12 10
Fonte: Autores.
Pneumonia adquirida na comunidade 633
Ver fluxograma
Melhora Sem melhora Piora clínica próprio
Radiografia de Tórax
Macrolídeo
2. Outros agentes que não são os esperados: vírus e bactérias atípicas, considerar possibilidade de
primeira manifestação da tuberculose
Oxacilina
Melhora clínica Piora clínica (sinais de gravidade)
ou sem melhora após 48-72 horas
Penicilina cristalina
Drenagem de tórax + penicilina cristalina
ou oxacilina, na suspeita de S. aureus.
Como o pneumococo é etiologia frequente
de derrame pleural, manter a penicilina Piora após 48 horas Melhora
caso não haja suspeita de Staphylococcus
Melhora
REFERÊNCIAS
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C AAPÍTULO
PÍTULO x3
Tuberculose na infância
e na adolescência
que devem ser consideradas durante a com a coleta do material sendo feita
investigação diagnóstica. A forma pul- preferencialmente ao despertar. Nos
monar difere do adulto, pois costuma casos em que houver indícios clínicos e
ser abacilífera, pelo reduzido número radiológicos de suspeita de TB e as duas
de bacilos nas lesões. amostras do exame de escarro apresen-
O Ministério da Saúde do Brasil su- tarem resultado negativo, podem ser
gere a utilização de um sistema de pon- solicitadas amostras adicionais. A baci-
tuação ou escore, validado em nosso loscopia de outros materiais biológicos
meio, para indivíduos paucibacilares também está indicada na suspeição clí-
com forma pulmonar, no qual leva-se nica de TB extrapulmonar.
em conta a análise dos quadros clínico Sinais autolimitados de hiperreativi-
e radiológico, a epidemiologia positiva dade, sugestivos de infecção tuberculo-
para TB, o resultado do teste tuberculí- sa, também podem auxiliar no diagnós-
nico (PPD/Teste de Mantoux) e o estado tico, como a conjuntivite flictenular e o
nutricional, detalhados no Quadro 1. eritema nodoso.
Outro exame que pode ser realizado
Teste tuberculínico é o teste rápido molecular para tuber-
(PPD/Teste de Mantoux) culose (TRM-TB, GeneXpert®). É um tes-
Nas crianças com 10 anos ou mais, apa- te de amplificação de ácidos nucleicos
recem formas semelhantes às encontra- utilizado para a detecção de DNA dos
das em adultos. As lesões passam a ser bacilos do complexo M. tuberculosis e a
escavadas e mais extensas nos terços triagem de cepas resistentes à rifampi-
superiores dos pulmões, podendo se dis- cina pela técnica de reação em cadeia
seminar. Os pacientes quase sempre têm da polimerase em tempo real (RT-PCR).
sintomas respiratório e a positividade à O teste apresenta o resultado em apro-
baciloscopia é mais frequente. Nestes ximadamente duas horas em ambiente
é fácil realizar o exame de escarro e o laboratorial, sendo necessária somente
diagnóstico pode ser comprovado pelos uma amostra de escarro.
métodos bacteriológicos convencionais A sensibilidade do TRM-TB em amos-
(baciloscopia e cultura). A baciloscopia tras de escarro de adolescentes e adultos
do escarro com pesquisa do bacilo ál- é de aproximadamente 90%, sendo supe-
cool-ácido-resistente – BAAR, pelo mé- rior à da baciloscopia. O teste também
todo de Ziehl-Neelsen, é a técnica mais detecta a resistência à rifampicina com
utilizada em nosso meio. Deve ser reali- uma sensibilidade de 95%. Seu excelen-
zada em duas amostras em crianças, que te desempenho é observado na TB ba-
conseguem expectorar, e adolescentes, cilífera, que corresponde à minoria de
SEÇÃO 12 642
Interpretação:
≥ 40 pontos (diagnóstico muito provável): recomenda-se iniciar o tratamento da tuberculose;
30 a 35 pontos (diagnóstico possível): indicativo de tuberculose; orienta-se iniciar o tratamento a critério médico;
< 25 pontos (diagnóstico pouco provável): deve-se prosseguir com a investigação na criança. Deverá ser feito diagnóstico
diferencial com outras doenças pulmonares, podendo ser empregados métodos complementares de diagnóstico, como
baciloscopias e cultura de escarro induzido ou de lavado gástrico, broncoscopia, histopatológico de punções e outros
exames de métodos rápidos.
Nota: pts = pontos; *Esta interpretação não se aplica a revacinados em BCG.
efetivo. Em geral, após duas a três sema- se for um caso de retratamento, fa-
nas de tratamento com esquema anti-TB, lência ou multirresistência.
que inclua fármacos com atividade bac-
tericida precoce, a maior parte dos doen- O período de internação deve ser re-
tes deixa de ser bacilífero, diminuindo duzido ao mínimo possível, limitando-
assim a possibilidade de transmissão da -se ao tempo suficiente para atender às
doença. Os medicamentos com maior razões que determinaram sua indicação.
atividade bactericida precoce são a iso- Para as crianças (abaixo de 10 anos)
niazida (H), estreptomicina (S) e a rifam- permanece a recomendação do Esque
picina (R). No entanto, com base em evi- ma RHZ. Para adolescentes e adultos a
dências de transmissão da TB resistente apresentação farmacológica atual é em
às drogas, recomenda-se que, naqueles comprimidos de doses fixas combinadas
com baciloscopia positiva, seja também dos quatro medicamentos: rifampici-
considerada a negativação da bacilosco- na, isoniazida, pirazinamida e etam-
pia (que deve ser solicitada a cada mês) butol (RHZE), nas seguintes dosagens:
para que as precauções com o contágio R 150 mg, H 75 mg, Z 400 mg e E 275 mg.
sejam desmobilizadas, em especial para Essa recomendação e a apresentação far
biossegurança nos serviços de saúde. macológica são as preconizadas pela
A maioria dos pacientes necessitará Organização Mundial da Saúde e utiliza-
apenas de tratamento ambulatorial. A das na maioria dos países.
hospitalização é recomendada em casos Para todos os casos de retratamen-
especiais e de acordo com as seguintes to será solicitada cultura, identificação
prioridades: e teste de sensibilidade, iniciando-se
• Meningoencefalite tuberculosa; o tratamento com o esquema básico
• Intolerância aos medicamentos an- até se obter o resultado desses exames.
ti-TB incontrolável em ambulatório; Em crianças menores de 5 anos, que
• Estado geral que não permita trata- apresentem dificuldade para ingerir os
mento em ambulatório; comprimidos, recomenda-se o uso dos
• Intercorrências clínicas e/ou cirúr- medicamentos em forma de xarope ou
gicas relacionadas ou não à TB que suspensão.
necessitem de tratamento e/ou pro- Em todos os esquemas, a medicação
cedimento em unidade hospitalar; e é de uso diário e deverá ser administra-
• Casos em situação de vulnerabilida- da em uma única tomada:
de social, como ausência de residên- 1. Esquema básico (EB) para crianças me-
cia fixa ou grupos com maior possibi- nores de 10 anos – 2RHZ/4RH (Quadros
lidade de abandono, especialmente 2 e 3). Indicações:
Tuberculose na infância e na adolescência 647
Quadro 2. Esquema básico para o tratamento da tuberculose pulmonar em crianças (< 10 anos de
idade) e com peso inferior a 25 kg
4 a 7 kg 1 comprimido
8 a 11 kg 2 comprimidos
RHZ 75/50/150 mg 2 meses (fase intensiva)
12 a 15 kg 3 comprimidos
16 a 24 kg 4 comprimidos
4 a 7 kg 1 comprimido
8 a 11 kg 2 comprimidos
RH 75/50 mg 4 meses (fase de manutenção)
12 a 15 kg 3 comprimidos
16 a 24 kg 4 comprimidos
Observação: Para crianças com menos de 4 kg, utilizar os medicamentos individualizados nas seguintes doses: R 15 (10-
20) mg/kg/dia, H 10 (7-15) mg/kg/dia e Z 35 (30-40) mg/kg/dia, por 2 meses, e R 15 (10-20) mg/kg/dia, H 10 (7-15) mg/
kg/dia, por 4 meses.
Legenda: R = rifampicina; H = isoniazida; Z = pirazinamida.
Quadro 3. Esquema básico para o tratamento da tuberculose pulmonar em crianças (< 10 anos de
idade) e com peso igual ou superior a 25 kg
Peso da criança
Duração do
Fármacos
tratamento
25 a 30 kg 31 a 35 kg 36 a 40 kg 40 a 45 kg ≥ 45 kg
Rifampicina 450 mg/dia 500 mg/dia 600 mg/dia 600 mg/dia 600 mg/dia
2 meses
Isoniazida 300 mg/dia 300 mg/dia 300 mg/dia 300 mg/dia 300 mg/dia (fase
intensiva)
Pirazinamida 900-1000 mg/dia 900-1000 mg/dia 1.500 mg/dia 1.500 mg/dia 2.000 mg/dia
Rifampicina 450 mg/dia 500 mg/dia 600 mg/dia 600 mg/dia 600 mg/dia 4 meses
(fase de
Isoniazida 300 mg/dia 300 mg/dia 300 mg/dia 300 mg/dia 300 mg/dia manutenção)
Quadro 4. Esquema básico para o tratamento da TB em crianças com 10 anos de idade ou maiores
20 a 35 kg 2 comprimidos
RHZE
Comprimido de 36 a 50 kg 3 comprimidos
2 RHZE
150/75/400/275 2
Fase Intensiva
em doses fixas 51 a 70 kg 4 comprimidos
combinadas
> 70 kg 5 comprimidos
Observação: O esquema com RHZE pode ser administrado nas doses habituais para gestantes e, dado o risco de toxicidade
neurológica ao feto atribuído à isoniazida, recomenda-se o uso de piridoxina (50 mg/dia).
* As apresentações em comprimidos de rifampicina/isoniazida de 150/75 mg estão substituindo as apresentações de R/H
300/200 e 150/100 e deverão ser adotadas tão logo estejam disponíveis.
esquemas especiais, compostos por ou- esse período, faz-se a prova tuberculínica
tros medicamentos de primeira linha (PT). Se o resultado da PT for ≥ 5 mm, a
nas suas apresentações individualizadas, H deve ser mantida por mais três meses,
nas dosagens correspondentes ao peso completando seis meses de tratamento, e
do paciente. o RN não deverá ser vacinado para BCG,
uma vez que já apresenta resposta imune
Controle do tratamento ao bacilo da tuberculose. Caso o resulta-
em crianças e adolescentes do da PT < 5 mm, a H deve ser interrom-
1. A avaliação deverá ser mensal. A pida e efetuada a vacinação para BCG.
criança responde clinicamente em Se o RN tiver sido inadvertidamente
cerca de uma semana, com melhora vacinado, recomenda-se o uso de H por
da febre. Logo na consulta de primei- seis meses e não está indicada a reali-
ro mês de tratamento, nota-se o ga- zação da PT. Avaliar individualmente a
nho de peso e a melhora da tosse nos necessidade de revacinar para BCG após
casos pulmonares; esse período, já que a H é bactericida e
2. A solicitação de teste para HIV deve pode interferir na resposta imune aos
ser para todo paciente; bacilos da BCG efetuada.
3. O controle do tratamento, além de clí-
Observações: pela facilidade posológica, po-
nico, deve ser realizado pela bacilos-
de-se utilizar a rifampicina (R) suspensão pe-
copia mensal, em pacientes que con-
diátrica ao invés da H. Nessa situação, usar a
seguem expectorar, e o exame radioló- R por três meses e realizar a PT. Caso o resul-
gico no 2º e no 6º mês de tratamento. tado seja PT ≥ 5 mm, a R deve ser mantida
por mais um mês; caso PT < 5 mm, suspender
a R e vacinar com BCG. Não há contraindica-
COMO TRATAR A INFECÇÃO LATENTE
ções à amamentação, desde que a mãe não
DA TUBERCULOSE (ILTB) NA CRIANÇA
seja portadora de mastite tuberculosa. É reco-
E NO ADOLESCENTE?
mendável o uso de máscara cirúrgica ao ama-
mentar e ao cuidar da criança, enquanto a
Prevenção da infecção pelo
baciloscopia do escarro se mantiver positiva.
M. Tuberculosis ou quimioprofilaxia
primária
Recomenda-se a prevenção da infecção Tratamento da infecção latente
tuberculosa em recém-nascidos coabi- ou prevenção secundária
tantes de caso índice bacilífero. Nestes Atualmente, no Brasil, dois esquemas
casos, o recém-nascido não deverá ser terapêuticos são recomendados para o
vacinado ao nascer. Recomenda-se utili- tratamento da ILTB: um com isoniazida
zar a isoniazida (H) por três meses e, após e outro com rifampicina.
Tuberculose na infância e na adolescência 651
Esquema com isoniazida: dose de 5 a PT seja não reator, repetir com oito
10 mg/kg de peso, até a dose máxima de a doze semanas para avaliação da
300 mg/dia. Nesse esquema terapêutico, viragem tuberculínica;
o mais importante é o número de doses • Crianças contactantes com até 5
tomadas, e não somente o tempo de tra- anos de idade devem ter a investi-
tamento. Então, os esforços devem ser gação e o tratamento da ILTB prio-
feitos para que a pessoa complete o total rizados, com avaliação clínica ime-
de doses programadas. Recomenda-se a diata;
utilização de 180 doses, que poderão ser • Crianças com 10 anos ou mais (ver
tomadas de seis a nove meses, ou 270 as especificações para cada um dos
doses, que poderão ser tomadas de nove itens abaixo na Nota informativa nº
a doze meses. 10/2019 – CGPNI/DEVIT/SVS/MS, pá-
Esquema com rifampicina: dose de gina 166):
10 mg/kg de peso até a dose máxima de PT ≥ 5 mm ou IGRA positivo;
600 mg/dia. Nesse esquema terapêutico, PT ≥ 10 mm ou IGRA positivo;
recomenda-se a utilização de 120 doses, Conversão (2ª PT com incremento de
que poderão ser tomadas de quatro a 10 mm em relação à 1ª PT).
seis meses. O esquema com rifampicina
é melhor indicado em indivíduos com QUAL É A POSIÇÃO DO PROGRAMA
mais de 50 anos, em hepatopatas, em NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI)
contatos de pacientes com monorresis- SOBRE A VACINAÇÃO
tência ou intolerância à isoniazida, e E A REVACINAÇÃO COM BCG?
em crianças menores de 10 anos. Não A BCG não protege indivíduos já infec-
se recomenda repetir o tratamento da tados pelo M. tuberculosis e nem evita o
ILTB em pessoas que já fizeram o curso adoecimento por reativação endógena
completo de tratamento ou que já se tra- ou reinfecção exógena, principalmente
taram para TB, a não ser em casos espe- das formas pulmonares da doença.
ciais, sob decisão médica. A vacina BCG está, prioritariamente,
indicada para crianças de 0 a 4 anos, 11
Indicações de tratamento da ILTB meses e 29 dias de idade, para:
• Crianças menores de 10 anos con- • Recém-nascidos com peso ≥ 2 kg
tactantes de casos bacilíferos: rea- devem ser vacinados o mais pre-
tor ≥ 5 mm, independentemente da cocemente possível, de preferência
vacinação com BCG (para vacinados na maternidade, logo após o nas-
com menos de 1 ano de vida). Caso a cimento;
SEÇÃO 12 652
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S EÇ ÃO 1 3
Urgências/emergências pediátricas
Capítulo 1
Semiologia na urgência/emergência pediátrica
Capítulo 2
Vômitos
Capítulo 3
Distúrbios hidreletrolíticos
Capítulo 4
Abordagem da crise convulsiva
e do estado de mal epiléptico
Capítulo 5
Crise hipertensiva
Capítulo 6
Parada cardiorrespiratória
C AAPÍTULO
PÍTULO x1
Semiologia na urgência/
emergência pediátrica
Em pacientes conscientes: se
< 1 ano – 5 compressões torácicas
Técnicas de alívio
e em ≥ 1 ano – compressões
para obstrução
O que fazer? abdominais
de vias aéreas por
Em pacientes inconscientes:
corpo estranho
acionar protocolo de reanimação
cardiopulmonar
Intubação endotraqueal
Manobras avançadas Uso de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP)
Cricotireoidostomia
Retrações torácicas
Esforço respiratório
Balanço da cabeça
Respiração abdominal
Pulsos
Indicam a perfusão
sistêmica
Devem ser palpados Pulsos centrais fracos indicam necessidade de
os centrais (femorais, intervenção para evitar parada cardiorrespiratória
braquiais, carotídeos, (PCR)
axilares) e os periféricos
(radiais, dorsais do pé,
tibiais posteriores)
Perfusão de órgãos-alvo
1 a 11 meses < 70
4 Espontaneamente
2 Em resposta à dor
1 Sem resposta
2 Extensão Extensão
Hipotermia significativa
Febre
Consiste em despir a
criança para facilitar Evidência de traumas, como hemorragias, queimaduras ou marcas incomuns,
o exame físico sugestivas de maus-tratos
dirigido, podendo
detectar condições Sangramentos (petéquias/púrpura), sugestivos de choque séptico
potencialmente fatais
Distensão abdominal, compatível como abdome agudo
O que avaliar
Dificuldade respiratória
Febre
Sinais e sintomas
Diarreia e vômitos
Sangramentos
Condições de nascimento
Estado de imunização
Riscos no local
Eventos
Tratamento durante o início dos sintomas e a avaliação
O que avaliar
Gasometria arterial
Oximetria de pulso
Monitorização
Monitorização do CO2 expirado
Gasometria arterial
Lactato arterial
Exames complementares
Avaliação das Concentração de hemoglobina no sangue
anormalidades
respiratórias Radiografia de tórax
Ecocardiografia
Posição de conforto
Desconforto Oxigênio
Respiratório Terapia específica (broncodilatador)
Avaliação laboratorial e radiográfica, se indicado
Fornecer oxigênio
Obter acesso venoso
Iniciar líquidos endovenosos
Choque
Terapia específica baseada em possíveis etiologias (antibióticos, vasopressores,
descompensado
produtos sanguíneos, avaliação cirúrgica para trauma, antiarrítmico,
cardioversão)
Avaliação laboratorial e radiográfica, se indicado
Posicione a cabeça
Abra as vias aéreas
Inicie a ventilação com bolsa-máscara com oxigênio a 100%
Insuficiência
Inicie as compressões torácicas, conforme a necessidade
Cardiorrespiratória
Terapia específica baseada em possíveis etiologias (desfibrilação, adrenalina,
amiodarona)
Avaliação laboratorial e radiográfica, se indicado
REFERÊNCIAS
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C APÍTULO 2
Vômitos
Alergias alimentares
(síndrome da enterocolite Infecções sistêmicas
Infecções
induzida por proteína Síndrome de ruminação (pneumonia,
respiratórias
alimentar – FPIES amigdalite)
enteropatia alérgica)
Reação a
Gastroenterites agudas Infecções sistêmicas Hepatite aguda
medicamentos
Síndrome
Alergias alimentares Intoxicação exógena Síndrome dispéptica
dispéptica funcional
Infecções sistêmicas
Doença celíaca Doença péptica Gravidez
(infecção urinária)
Malformações do tubo
Malformações do tubo
digestivo (vólvulo gástrico, Transtornos
digestivo (estenoses Síndrome dos vômitos
pâncreas anular estenoses alimentares
intestinais, má rotação cíclicos
intestinais, membranas e (bulimia)
intestinal)
bridas congênitas)
Intoxicação
exógena (tentativa
Doenças metabólicas
Malformações do tubo de suicídio, uso
(hiperplasia congênita
Esofagite eosinofílica digestivo (má rotação abusivo de álcool)
de adrenal, galactosemia,
intestinal, vólvulos)
tirosinemia)
Vômitos induzidos
por cannabis
Intussuscepção
Intussuscepção intestinal Síndrome de ruminação Pancreatite aguda
intestinal
Hipertensão
Hipertensão intracraniana Apendicite aguda Colangite aguda
intracraniana
Doenças metabólicas
(distúrbios do ciclo da
ureia, mitocondriopatias, Distúrbios do apetite Hipertensão
Convulsão
acidoses orgânicas, (anorexia, bulimia) intracraniana
porfiria aguda
intermitente)
Doenças metabólicas
(porfiria aguda Doença
Tubulopatias renais intermitente, distúrbios inflamatória
do ciclo da ureia, intestinal
acidoses orgânicas)
Hipertensão Distúrbios
intracraniana psiquiátricos
Fonte: Autora.
SEÇÃO 13 670
Metoclopramida, dimenidrinato,
Tratamento dos vômitos agudos
dexametasona e granisetrona
Medidas gerais Metanálise recente corrobora as revisões
Em crianças desidratadas, com acidose anteriores que não evidenciaram que es-
e com distúrbios eletrolíticos, ocorre sas medicações tenham efeito superior
acentuação dos vômitos, sendo neces- ao placebo, para controle dos vômitos
sária a correção dessas condições para em crianças com gastroenterite aguda.
controle dos sintomas. Além disso, o Além disso, todas elas possuem efeitos
Vômitos 671
colaterais frequentes, que podem ser, ra- 18 anos, e pode assumir formas graves,
ramente, severos. com desnutrição e lesões esofágicas.
Definida tanto como Desordem Gas
COMO CONDUZIR VÔMITOS CRÔNICOS troduodenal Funcional no Critério de
OU RECORRENTES? Roma (distúrbios gastrointestinais fun-
As causas de vômitos crônicos são mui- cionais) quanto como “Transtorno Ali
to variadas, conforme descrito acima mentar” no DSM-5 (Manual Diagnóstico
(Quadro 1) e podem envolver tanto pro- e Estatístico de Desordens Mentais, 5ª
blemas no sistema digestório quanto edição), o tratamento da SR se baseia
extra gastrointestinais. Nesse capítulo, em medidas comportamentais e em
discutiremos as causas de vômitos crô- ansiolíticos para os casos leves a mo-
nicos relevantes e que não estão con- derados. Nos casos graves, pode ser
templadas em outros capítulos desse necessário o uso de dietas especiais e
manual. Para facilitar dividiremos por de alimentação por via enteral com uso
faixa etária. de sonda nasoentérica ou até nutrição
parenteral.
psicoterapia e a cessação do uso de can- tica dos distúrbios mentais inclui: (1) epi-
nabis em longo prazo. sódios recorrentes de surtos de apetite au-
mentado com ingestão de grandes quan-
Bulimia tidades de alimentos em curtos períodos
A bulimia é uma doença grave que cursa de tempo; (2) durante essas grandes refei-
com vômitos e, frequentemente, pou- ções existe o sentimento de incapacidade
co diagnosticada no início do quadro. de parar de comer; (3) após os episódios
Geralmente, tem seu início na adoles- de alimentação ocorrem vômitos provo-
cência, mas pode ser encontrada na in- cados ou uso de laxativos; (4) ocorrência
fância e resulta em sequelas nutricionais, de, no mínimo, dois episódios por sema-
psicológicas e sociais. na nos últimos 3 meses; e (5) a autoavalia-
O critério de diagnóstico de bulimia ção induzida pela imagem corporal, espe-
através do Manual de diagnóstico e estatís- cialmente pelo peso e silhueta.
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Distúrbios hidroeletrolíticos
mEq de sódio para reposição = ([Na] desejado – [Na] encontrado) x 0,6 x peso (kg)
Distúrbios hidroeletrolíticos
677
REFERÊNCIAS
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nole, 2013.
C APÍTULO
A PÍTULO 4x
INTRODUÇÃO CONCEITOS
As crises convulsivas (CC) representam a • Convulsão: corresponde à condição
principal manifestação neurológica nas caracterizada por abalos motores tô-
emergências, constituindo de 1% a 5% nicos, clônicos, mioclônicos ou tôni-
dos atendimentos, 25% dessas ocorrên- co-clônicos, com alteração do nível
cias correspondendo a casos de primeira de consciência.
crise. Aproximadamente 8% a 10% da po- • Crise epiléptica: evento resultante
pulação apresentará um evento convul- de descarga neuronal anormal súbi-
sivo durante a vida. Independentemente ta, excessiva e síncrona. Pode ser: fo-
da faixa etária em que ocorre, há grande cal – disfunção temporária de neurô-
impacto na qualidade de vida do porta- nios de parte do encéfalo ou de área
dor, além do surgimento do sentimento mais extensa, ou generalizadas – en-
de insegurança pelo receio de recor- volvendo simultaneamente os dois
rências. É importante lembrar que, em hemisférios. Pode apresentar mani-
crianças, cerca de 80% das crises agudas festações motora, sensitiva, autonô-
cessam antes do atendimento hospitalar. mica, com ou sem perturbação da
No Brasil, estima-se que 1 a 2 pessoas em consciência. Os sintomas dependem
um grupo de 10 indivíduos apresentam das partes do cérebro envolvidas na
ao menos uma CC durante sua vida e disfunção, com ou sem convulsão.
existam cerca de 3 milhões de pessoas • Estado de mal epiléptico: é defini-
com epilepsia. do como uma crise prolongada, de
SEÇÃO 13 682
Simples Complexa*
Generalizada Focal
Fonte: Autora.
clínica, são úteis também toxicológico de dos valores normais para a idade.
sangue e urina, além dos níveis séricos Comumente, usa-se o limite inferior
de drogas anticonvulsivantes. Se a crise de 55 mg/dl no período neonatal e de
já dura mais de 15 min, acrescentar ureia, 60 mg/dl após esse período;
creatinina, amilase, ALT e AST à lista. • Hipertermia: temperatura axilar
Após estabilização inicial, deve-se > 38,4° C pode acelerar o dano neu-
prosseguir a condução do caso, tendo ronal.
como prioridade a identificação e cor-
reção de algumas possíveis condições A coleta de LCR deve ser realizada
associadas, tais como: após a estabilização do episódio convul-
• Acidose metabólica grave: HCO3 < sivo e controle do pós-ictal na criança
10 mEq/l e base excess < - 10 mEq/l, febril e que preencha um dos critérios:
com pH < 7,35, podendo baixar para idade < 18 meses de vida, crise febril
níveis inferiores a 7,10; complexa, tratamento antibiótico, sem
• Hipotensão arterial: pressão arterial registro de vacinação para Haemophilus
sistólica próxima do percentil 5 da influenzae tipo b e/ou Streptococcus
pressão normal para peso/idade; pneumoniae, presença de sinais menín-
• Arritmia cardíaca: qualquer ritmo geos. Se, por outro lado, a suspeita etioló
que não seja sinusal, com condução gica é de lesão cerebral aguda/subagu-
atrioventricular normal; da ou há alteração da consciência e/ou
• Pneumonia aspirativa; novo déficit neurológico focal, deve-se
• Insuficiência renal por necrose tu- solicitar exame de neuroimagem (USG
bular aguda; para lactentes jovens e tomografia com-
• Edema cerebral: acúmulo patológico putadorizada (TC) para os maiores, pela
de líquido no cérebro, resultando em rapidez do exame). A abordagem farma-
aumento do volume do parênquima, cológica do quadro está resumida no flu-
com redução dos espaços liquóricos xograma 1.
e do volume sanguíneo intracrania- Complicações: a maioria das crian-
no. Essa condição, ao atingir um cer- ças começa a recuperar a responsividade
to limite, produz alterações clínicas: em 20-30 min. Se esse não for o caso, de-
cefaleia, vômitos, confusão, agitação, ve-se pensar em sedação medicamento-
sonolência ou coma; sa ou crise não convulsiva. Uma vez que
• Hipoglicemia: pode perpetuar a crise. tais situações podem ser clinicamente
A oferta inadequada de glicose acon- indistinguíveis, tais pacientes devem ser
tece a partir de níveis séricos abaixo monitorados por eletroencefalograma.
SEÇÃO 13 686
Avaliação
Admissão
Garantir acesso endovenoso (EV) ou intraósseo (IO)
A. Permeabilidade da via aérea
+
Anamnese exame físico direcionados
B. Ventilação e oxigenação (utilizar
Aferição da temperatura
O2 a 100%)
Colher sangue para avaliação complementar
C. Verificr estabilidde hemodinâmica
Instalar monitorização cardíaca e oximetria de pulso
D. Exame neurológico sumário
contínua
Midazolam
Diazepam
Lorazepam 0,15-0,3 mg/kg, EV,
0,2-0,3 mg/kg, EV/IO,
OU OU em 1 mg/kg/min
0,1 mg/kg, EV, máx. 8 mg/dose, em 1mg/kg/min
0,15-0,3 mg/kg, via nasal
máx. 4 mg/dose 0,3-0,5 mg/kg, via retal,
(gotejamento com seringa
administrar por catéter fino
de insulina)
5 minutos
Diazepam + Fenitoína
Repetir Diazepam Convulsão cessou
Fenitoína 10-20 mg/kg, EV (máx. 1 g),
Se já em uso de 10 mg/kg, fazer 1 mg/kg/min Fenitoína 10-20 mg/kg, EV (máx.300 mg
(máx.50 mgmin) na Infusão inicial), diluir 1:10 em água
destilada ou SF 0,9%, infundir 50 mg/min.
Alternativa no EME generalizado de
10 minutos ausência (típica ou atípica)/mioclônico:
valproato de Sódio 15 mg/kg, EV +
Fenobarbital manutenção a cada 8h (máx. 60 mg/kg/
10 mg/kg, EV (máx. 200 mg na infusão inicial), dia). Diluir em 50 ml de dextrose 5% ou
máx. 100 mg/min ringer lactato.
Se cessar neste ponto, fazer manutenção com Monitorar complicações
5-10 mg/kg/dia + 2 doses (6-8 hs após dose de
ataque)
EME refratário
Transferir para UTI
Midazolam EV contínuo, 3 mcg/kg/min e aumentar 1mcg/kg/min a cada15 min até controle clínico e de
EEG (máx. 17 mcg/kg/min ou até surgir disfunção cardiovascular grave)
Alternativa: tiopental sódico 3-5 mg/kg/dose, seguida de infusão contínua de 20mg/kg/hora,
aumentando-se 1 mg/kg/h a cada 15 min até o controle
Falha terapêutica
Propofol 2 mg/kg/dose + manutenção de 2-10 mg/kg/h
Lidocaína, 1-2 mg/kg + manutenção de 6 mg/kg/h (crianças) e 1,5-3,5 mg/kg/h (adolescentes)
Colocar em ventilação mecânica
Titular por meio de realização contínua de EEG
A partir deste ponto, há pouca documentação científica (topiramato em altas doses, levetiracetam,
pulsoterapia com corticoides, implante de estimulador do nervo vago)
Fonte: Autora.
Abordagem da crise convulsiva e do estado de mal epiléptico
687
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WINCKLER, M. I. B. Convulsões e Epilepsia.
MOREIRA, G. P.; PINTO, L. F. Abordagem In: PICON, P. X.; MAROSTICA, P. J. C.; BARROS,
da Primeira Crise Epiléptica. In: VELASCO, E. vino. Pediatria: consulta rápida. Porto
I. T.; BRANDÃO NETO, R. A.; DE SOUZA, H. Alegre: Artmed Editora, 2009, p. 702-712.
C APÍTULO 5
Crise hipertensiva
Normotenso PA < P90 para sexo, idade e altura PA < 120 x 80 mmHg
PA ≥ P95 até P95 + 12 mmHg para sexo, idade PA entre 130 x 80 mmHg e
Hipertensão Estágio I
e altura 139 x 89 mmHg
Hipertensão Estágio II PA ≥ P95 +12 mmHg para sexo, idade e altura PA ≥ 140 x 90 mmHg
Quadro 2. Etiologia, dados da anamnese e do exame físico, de acordo com a faixa etária
Via de Efeito
Droga Classe Dose
administração colateral
REFERÊNCIAS
BRESOLIN, N. L. et al. Hipertensão arteri- FLYNN, J. et al. Clinical Practice Guideline
al na infância e adolescência. Manual de for Screening and Management of High
Orientação da Sociedade Brasileira de Blood Pressure in Children and Adolescents.
Pediatria, 2019. Pediatrics, v. 140, n. 3, 2017.
Crise hipertensiva
693
Via de
Droga Classe Dose Efeito colateral
administração
0,1-0,2 mg/kg/dose, a
Hidralazina Vasodilatador EV ou IM Taquicardia
cada 4 horas
Monitorar níveis
Nitroprussiato Iniciar a 0-3 mcg/kg/min
Vasodilatdor EV contínuo de cianeto:
Sódico Máx. 10 mcg/kg/min
uso > 72hs
Bolus: 30 mcg/kg
Bloqueador
até 2 mg/dose. Infusão EV, em bolus ou Indisponível
Nicardipina de canais de
contínua: 0,5-4 mcg/ contínuo no Brasil
cálcio
kg/min
Parada cardiorrespiratória
espontânea, ou quando não for mais 13. Busque as possíveis causas de PCR
possível obter resultados; com ritmo chocável (Hs e Ts) e trate-os.
REFERÊNCIAS
ATKINS, D. L.; BERGER, S.; DUFF, J. P. et lghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf.
al. Pediatric Basic Life Support and Car Acesso em: 20 abr. 2021.
diopulmonary Resuscitation Quality. Circu
MACONOCHIE, I. K.; AICKIN, R.; HAZIN
lation, v. 132, p. S519-S525, 2015.
SKI, M. F. et al. Pediatric Life Support 2020.
BERG, R. A.; SUTTON, R. M.; REEDER, R. W. International Consensus on Cardiopul
et al. Association between diastolic blood monary Resuscitation and Emergency Car
pressure during pediatric in hospital car- dio
vascular Care Science with Treatment
diopulmonary resuscitation and survival. Recommendations. Circulation, v. 142, suppl.
Circulation, v, 137, n. 17, p. 1784-1795, 2018. 1, p. S140-S184, 2020.
Formato E-book
Tipografia Demos Next Pro (texto) e Praxis Next Pro (títulos)
Desenvolvimento Editora UFPE