E Book Pediatria
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E Book Pediatria
Pediatria
Organizadores:
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Ficha catalográfica elaborada por
Fabio Jaderon Miguel Reis CRB/6-3030
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-00-08071-1
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Colaboradores
Ana Peres de Carvalho Quintão Mateus Capobiango Bicalho
Graduanda em Medicina, Universidade Graduando em Medicina, Universidade
Federal de Viçosa Federal de Viçosa
Anna Paula de Lima Feliciano Leite Mirna Peçanha Brito
Graduanda em Medicina, Universidade Médica, Universidade Federal do Pará
Federal de Viçosa Título de Especialista em Pediatria e Título de
Clara Feu de Carvalho Bruno Especialista em Pneumologia Pediátrica,
Graduanda em Engenharia Mecânica, Sociedade Brasileira de Pediatria
Universidade Federal de Juiz de Fora Mestre em Ciências da Saúde, Programa de
Pós Graduação em Ciências da Saúde,
Erika Ciribelli Dias Azevedo
Universidade Federal de Viçosa
Médica, Faculdade de Ciências Médicas e da
Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA Pedro de Oliveira Ferreira
Pediatra, Universidade Federal de Viçosa Graduando em Medicina, Universidade
Federal de Viçosa
Francelle Costa Guimarães
Médica, Faculdade de Medicina de Petrópolis Rafaella Rêllo Pinto Coelho Carvalho
Pediatra, Universidade Federal de Viçosa Médica, Universidade Federal de Viçosa
Residente em Pediatria, Universidade Federal
Giulia Toledo Ferraz
de Juiz de Fora
Graduanda em Medicina, Universidade
Federal de Viçosa Ronaldo Afonso Torres
Médico, Universidade Federal de Juiz de Fora
Guilherme Kelles Juste
Pediatra, Hospital dos Servidores do Estado
Graduando em Medicina, Universidade
do Rio de Janeiro
Federal de Viçosa
Título de Especialista em Pediatria, Sociedade
Jéssica Teixeira Alves Brasileira de Pediatria
Médica, Universidade Federal de Viçosa Título de Especialista em Medicina Intensiva
José Renan Vieira da Costa Júnior Pediátrica, Associação de Medicina Intensiva
Médico, Universidade Federal de Viçosa Brasileira
Julia Oliveira Silva Mestre em Ciências da Saúde, Programa de
Médica, Universidade Federal de Viçosa Pós Graduação em Ciências da Saúde,
Universidade Federal de Viçosa
Juliana Cristina Nunes
Professor do Curso de Medicina,
Médica, Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Medicina e Enfermagem,
Residente em Clínica Médica, Hospital Júlia
Universidade Federal de Viçosa
Kubitschek
Professor de Pediatria e Emergências
Larissa de Paula Rodrigues Pediátricas, Centro Universitário Governador
Graduanda em Medicina, Universidade Ozanan Coelho
Federal de Viçosa Sarah Esterquini de Oliveira
Luiz Felipe Gonçalves de Figueiredo Graduanda em Medicina, Universidade
Graduando em Medicina, Universidade Federal de Viçosa
Federal de Viçosa Sofia Reis Botelho
Luiz Frederico Chagas de Freitas Graduanda em Medicina, Universidade
Médico, Universidade Federal de Juiz de Fora Federal de Viçosa
Cardiologista, Hospital Socor Thainá Souza Andrade Cavalcante
Título de Especialista em Cardiologia,
Médica, Instituto de Ciências da Saúde,
Sociedade Brasileira de Cardiologia
FUNORTE-MG
Professor do Curso de Medicina,
Pediatra, Hospital Geral de Vitória da
Departamento de Medicina e Enfermagem,
Conquista
Universidade Federal de Viçosa
Neonatologia, Hospital Municipal Esaú Matos
Marina Diniz Dias
Graduanda em Medicina, Universidade
Federal de Viçosa
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Apresentação
Os editores.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Sumário
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A Consulta Pediátrica
A entrevista se inicia com a adequada ambientação do cenário onde a consulta será feita,
seguida do acolhimento, apresentação do médico (falando seu nome) e identificação do
paciente e acompanhantes.
A consulta pediátrica apresenta características próprias que a diferencia da observação clínica
dos pacientes adultos. Dependendo da idade do paciente pediátrico, a história deve ser obtida
através das informações do informante - pais ou acompanhantes (recém-nascidos a pré-
escolares) em que é difícil avaliar os sintomas subjetivos; através de informações dos
acompanhantes complementados com informações do paciente (escolares e adolescentes) e
até mesmo, esporadicamente, informações fornecidas exclusivamente pelos pacientes
(adolescentes). Estas características acarretam a obtenção de duas histórias, uma dos pais e
outra da criança. Os pais darão sua interpretação dos sinais e sintomas da criança, que muitas
vezes será influenciada por seus próprios problemas e ansiedade. Portanto, sempre que
possível, deve-se ouvir a criança e, juntamente com os pais, avaliar o seu ponto de vista. Sempre
valorizar toda e qualquer queixa (após, avaliar o estado emocional dos pais, ou mesmo da
criança e verificar até que ponto a queixa apresentada deve ser valorizada). Nesta fase, podem
ser observadas várias características que poderão influenciar na sua decisão. Durante a
obtenção da história clínica, verificam-se as relações familiares, personalidade dos pais,
relacionamento com a criança etc.
Outra característica da observação clínica pediátrica é a chamada consulta de rotina. Nesta
consulta, mesmo que não haja queixas, a criança é periodicamente avaliada com relação ao seu
crescimento, desenvolvimento, alimentação e vacinação, momento em que o pediatra aproveita
para fornecer orientações às mães.
É importante utilizar um vocabulário adequado para a idade da criança, de modo que ela possa
compreender as perguntas feitas. Além disso, embora não seja preciso apontar todos os erros
gramaticais da criança, o médico deve continuar falando corretamente, pois repetir os erros da
criança pode reforçá-los, fazendo-a acreditar que aquela é a forma correta de se comunicar.
Dependendo da idade da criança, a entrevista também serve como um meio para obter sua
confiança, de modo que se torne mais cooperativa no exame físico.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Identificação
Nome, idade, data de nascimento, gênero, cor, natural idade, procedência e residência atual,
nome e idade dos pais ou do informante (neste caso, definir a ligação com a criança), além de
estabelecer se informa bem ou mal.
Após a identificação, será realizada a primeira pergunta propiciatória: "Por que você trouxe o
seu(sua) filho(a) para se consultar hoje?" ou, no caso de crianças maiores, "Por que você veio se
consultar hoje?", ou "O que que está incomodando você?". Ocorre então a fala livre do
acompanhante e da criança, na qual o entrevistador vai identificar a queixa principal.
Conforme o caso, nesse momento, muitas outras informações serão fornecidas, que o médico
registra mentalmente para depois redigir a anamnese. Lembre-se de que a conversa com o
paciente é apenas a entrevista, enquanto o termo "anamnese" é reservado para o registro dos
dados obtidos na entrevista numa sequência lógica.
Queixa Principal (QP)
Nem sempre haverá urna queixa na consulta de acompanhamento. Se houver, anotar o relato
do acompanhante ou do paciente. Após a fala livre do acompanhante e da criança, o médico
deve realizar as perguntas necessárias para investigar a queixa principal (história da doença
atual).
História da Doença Atual (HDA)
Caracterizar bem cada sintoma dentro das sete dimensões: qualidade, quantidade, localização,
cronologia, sintomas associados, fatores que agravam ou aliviam o sintoma e em que
circunstâncias o sintoma surgiu. Manter a ordem cronológica. Perguntar sobre o uso atual de
medicamentos. A maneira de interrogar deve ser afetiva, séria e atenciosa. Anamnese passiva
tanto quanto possível. Nunca aceitar passivamente diagnósticos fornecidos pelo paciente ou por
familiares. Se necessário, solicitar auxílio de outros elementos da família na obtenção da história
clínica. Todos os caracteres propedêuticos dos sintomas devem ser referidos na HDA, afirmando
ou negando. Sintomas que apresentam caracteres específicos devem ser inquiridos.
Com certa frequência, ao iniciar a consulta, o acompanhante entrega um ou mais resultados de
exames ao médico. Nesse caso, o mais adequado é guardá-los, prosseguir a entrevista e exame
físico normalmente, para depois ver os resultados dos exames.
Após o questionamento dirigido, são feitas perguntas sobre a saúde da criança de modo geral
(questionamento geral).
Revisão dos Sistemas
Mesmo que não haja uma queixa, deve ser realizado o interrogatório complementar:
• Geral: febre, adinamia, apetite, perda de peso.
• Pele: erupções, prurido, palidez.
• Cabeça e pescoço: cefaleia, tonturas, trauma, conformação craniana, tumorações.
• Olhos: visão, secreção, estrabismo.
• Nariz: coriza, obstrução, sangramentos.
• Boca e orofaringe: dor, problemas dentários.
• Tórax: massas, assimetria, dor.
• Respiratório: tosse, dispneia, chiado no peito, secreção.
• Cardiovascular: palpitações, cianose, cansaço ao fazer esforço dor precordial, síncope,
sudorese, cansaço e interrupção frequente das atividades. Na história neonatal,
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História Familiar
Inquirir sobre as condições de saúde de pais e irmãos, avós e primos de primeiro grau. Investigar
sobre consanguinidade. Perguntar se há algum problema· de saúde relevante em outros
membros da família.
História Social e Emocional
Nessa parte da consulta serão obtidas informações sobre características do domicílio. Um modo
interessante de abordar este tópico é realizar a segunda pergunta propiciatória: "Na sua casa é
você e mais quem?". Lembre-se que nem sempre o informante mora com a criança. Deve-se
questionar: localização da moradia, número de cômodos, de quartos e de moradores, condições
de saneamento (coleta de lixo, água encanada, esgoto, luz elétrica etc.), presença de animais,
convívio com fumantes. Renda familiar, profissão e escolaridade dos pais.
Abordar fatores emocionais do dia a dia e rendimento/satisfação escolar. Prática de atividade
física: quais e com qual regularidade? Frequenta escola ou creche: qual o turno e há quanto
tempo?
Aos adolescentes, deve-se inquirir sobre trabalho, atividade sexual, uso de drogas lícitas e
ilícitas, uso de camisinha, hábitos e vícios.
História Psiquiátrica Básica
A história psiquiátrica deve ser sempre feita durante a anamnese, assim como durante o exame
físico. A avaliação dos seguintes itens poderá dar um perfil psiquiátrico da criança, acrescido da
história relatada pelo responsável: atitude frente ao ambiente e ao examinador, temperamento,
desenvolvimento perceptivo, nível intelectual, comportamento emocional, expressão verbal.
A Consulta do Adolescente
A consulta do adolescente é realizada em duas etapas. Se ele veio acompanhado, ouvir
inicialmente a queixa ou as observações do acompanhante e retirar dados de anamnese
necessários (gestação, parto, vacinação, doenças da infância, desenvolvimento
neuropsicomotor etc.). Depois, a consulta poderá ser feita com o adolescente sozinho,
lembrando-lhe do sigilo dos fatos que forem relatados. Dessa forma, o médico deve respeitar
sua individualidade e identificá-lo como capaz de avaliar seu problema, conduzi-lo e solucioná-
lo.
Em todas as situações em que se caracterizar a necessidade da quebra do sigilo médico, o
adolescente deve ser informado, justificando-se os motivos para essa atitude, como consta no
Código de Ética Médica, capítulo IX, artigo 74: "É vedado ao médico: revelar sigilo profissional
relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde
que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar
dano ao paciente.”
Conclusão
A anamnese adequada se inicia com o estabelecimento de uma relação de respeito e confiança
com o paciente pediátrico e sua família. Deve ser realizada de maneira clara, objetiva, direta e
completa, e requer empatia e cordialidade. A qualidade da anamnese é fundamental para a
compreensão dos sinais e sintomas do paciente e construção do raciocínio clínico no processo
de formação do profissional médico.
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Referências
BICKEY, L. S. BATES: PROPEDÊUTICA MÉDICA. 12. ED. RIO DE JANEIRO: GUANABARA KOOGAN, 2018.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. CÓDIGO DE ÉTICA. CFM Nº 2.217. BRASÍLIA, DF: CONSELHO
FEDERAL DE MEDICINA, 2018. DISPONÍVEL EM:
<HTTP://WWW.PORTALMEDICO.ORG.BR/NOVOCODIGO/INTEGRA_9.ASP>. ACESSO EM: 17 DE AGOSTO
DE 2019.
ENTREVISTA. IN: BASTOS, RICARDO ROCHA. O MÉTODO CLÍNICO. JUIZ DE FORA, MG: BARTLEBEE EDITORA,
2013. CAP. 5, P. 35-49.
FREITAS, BRUNNELLA ALCANTARA CHAGAS DE; SANTOS, ELAINE TRAVAGLIA. LABORATÓRIO DE HABILIDADES
NA SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PEDIATRIA. 2. ED. VIÇOSA: EDITORA UFV, 2016.
LEÃO, E.; CORRÊA, E. J.; MOTA, J. A. C.; VIANA, M. B. PEDIATRIA AMBULATORIAL. 4. ED. BELO
HORIZONTE: COOPMED, 2013.
MARCOLINO, J. A. M. SIGILO PROFISSIONAL E ASSISTÊNCIA AO ADOLESCENTE: UMA RELAÇÃO DE
CONFIANÇA. REV. ASSOC. MED. BRAS., V. 53, N. 3, 2007.
MARTINS, M. A.; VIANA, M. R. A. A.; VASCONCELLOS, M. C.; FERREIRA, R. A. SEMIOLOGIA DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. RIO DE JANEIRO: MEDBOOK, 2010. ISBN 978-85-99977-48-4.
PERNETTA, C. SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA. 4. ED. RIO DE JANEIRO: EDITORA INTERAMERICANA LTDA., 1990.
ISBN: 8527701510.
RODRIGUES, Y. T.; RODRIGUES, P. P. B. SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA. 3. ED. RIO DE JANEIRO: GUANABARA
KOOGAN, 2009.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. MANUAL DE ORIENTAÇÃO. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE
ADOLESCÊNCIA. N.10, JAN. 2019. CONSULTA DO ADOLESCENTE: ABORDAGEM CLÍNICA, ORIENTAÇÕES ÉTICAS
E LEGAIS COMO INSTRUMENTOS AO PEDIATRA. DISPONÍVEL EM:
HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/FILEADMIN/USER_UPLOAD/21512C-MO_-_CONSULTAADOLESCENTE_-
_ABORDCLINICA_ORIENTETICAS.PDF. ACESSO EM: 15 JUL 2020.
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Objetivos: capacitar o estudante para estabelecer uma sequência lógica de exame físico,
abordando por completo todos os sistemas; treinar as técnicas semiológicas específicas de cada
exame; compreender a aplicação e saber interpretar os resultados obtidos nos exames;
correlacionar anamnese e exame físico para formular hipóteses diagnósticas e condutas.
Competência: ao final da atividade, o estudante deve ser capaz de realizar, com exatidão e
desenvoltura, o exame físico pediátrico; saber correlacionar com a anamnese e então formular
hipóteses diagnósticas e condutas.
Material necessário:
• Otoscópio
• Oftalmoscópio
• Lanterna
• Abaixador de Língua
• Termômetro
• Estetoscópio
• Esfigmomanômetro e manguitos de diversos tamanhos
• Martelo de reflexos
• Saturímetro
• Fita métrica
• Balança infantil e adulta
• Antropômetro
Procedimento
É recomendável que o exame físico pediátrico completo seja realizado em todos os
atendimentos médicos, a fim não só de avaliar a queixa apresentada, mas também o
crescimento e o desenvolvimento da criança de maneira contínua. Atenção especial deve ser
dada à higienização das mãos antes e após o exame físico, bem com a necessidade de se utilizar
luvas descartáveis e equipamento de proteção individual em determinadas situações.
A ordem com que os exames são realizados pode variar conforme se torne mais conveniente ao
examinador e ao paciente, mas, geralmente, inicia-se seguindo a ordem craniocaudal. Antes de
iniciar, o médico deve tentar criar uma boa relação com o paciente, explicando os
procedimentos e chamando todos pelo nome. Todo o material já deve estar preparado e
higienizado para o início do exame. É importante respeitar a privacidade do paciente.
Exame Geral
Ao exame geral, deve-se, inicialmente, definir uma impressão geral, na qual realiza-se avaliação
geral do grau de doença ou de bem-estar da criança (bom, regular ou mau estado geral).
Observar atividade, posições eletivas, choro fácil, irritabilidade, depressão e torpor. Descrever
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Dados Vitais
Os dados vitais podem ser obtidos separadamente ao longo do exame e compreendem
temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória, pulsos, pressão arterial (em
membros superiores e em um dos inferiores, observando a técnica correta).
A temperatura é um importante parâmetro e pode ser obtida por mensuração retal, oral ou
axilar. A primeira seria a mais fidedigna; entretanto, uma vez que, para fins clínicos, não é
preciso ter valores extremamente acurados, por hábito e praticidade pode-se aferir a
temperatura axilar. O termômetro deve ser mantido na axila por pelo menos 3 minutos. A
temperatura axilar é cerca de 0,5ºC menor que a oral, que é cerca de 0,5ºC menor que a retal.
No geral, em termos de variações térmicas (Tabela 2.1), a normotermia encontra-se na faixa
entre 36 e 37 °C, e valores abaixo disso caracterizam hipotermia. As temperaturas entre 37 e
37,5 °C são subfebris e aquelas acima de 37,5° se enquadram como febre, que pode ser
subclassificada em baixa, moderada, alta e muito alta (hiperpirexia), a cada elevação de 1 °C,
respectivamente.
A medida da frequência de pulso na criança é feita por um dos seguintes métodos: palpação dos
pulsos periféricos (femoral, radial e carotídeo), ausculta cardíaca direta, e observação da
pulsação das fontanelas. Na respiração, observar, além da frequência, a amplitude e a facilidade
ou dificuldade dos movimentos respiratórios. Alguns métodos úteis são: observação das
incursões abdominais; ausculta do tórax; colocação do estetoscópio diante de boca e narinas;
observação ou palpação do movimento torácico.
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A pressão arterial deve ser medida rotineiramente a partir dos três anos de idade. Aferir em
crianças sintomáticas, no atendimento de emergência ou em situações sugestivas de
hipertensão arterial sistêmica na infância (sopro abdominal, coarctação da aorta,
neurofibromatose). A escolha do manguito apropriado para cada criança é essencial para uma
aferição exata da pressão arterial e, para tal, a bolsa de borracha deve circundar 80 a 100% da
circunferência do braço; sua largura deve ser no mínimo 40% desta. Ao ser colocado no braço,
deve-se deixar espaço suficiente na fossa antecubital, para a colocação do estetoscópio, e na
parte superior, evitando obstrução da axila. A preparação adequada é essencial: a criança deve
ser avisada e estar tranquila, confortável e sentada, com braço direito totalmente exposto e
descansando sobre apoio ao nível do coração. Em lactentes, medir em posição supina. É
conveniente, ao registrar o exame físico, descrever o manguito utilizado e a posição em que foi
mensurada a pressão arterial. Registrar os percentis sistólico e diastólico, consultando as
tabelas, conforme sexo, idade e estatura. O Capítulo 7 apresenta o detalhamento sobre a
aferição e interpretação da pressão arterial em crianças e adolescentes.
Avaliação Antropométrica
Os bebês são pesados em balança infantil, despidos. Crianças de um a três anos têm medo do
procedimento, podendo ser necessária a aferição indireta (pesar a mãe com a criança no colo e
subtrair o peso). Para aferir a estatura, os lactentes têm seu comprimento medido em posição
supina, usando-se o antropômetro. Quadris e joelhos devem ser completamente estendidos.
Para aferir a estatura de crianças maiores, coloque-as eretas, em uma superfície vertical
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graduada. Usar prancha horizontal, apoiada na cabeça, em ângulo reto com a régua. O
perímetro cefálico deve ser medido regularmente até os dois anos. Usar fita métrica não
distensível, passando-a sobre a glabela e a protuberância occipital. Os valores antropométricos
devem ser plotados em gráficos apropriados, para sua avaliação. Mais detalhes no Capítulo 4
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oftalmologista. Quando há suspeita de doenças, como por exemplo as que cursem com
hipertensão intracraniana, o exame de fundo de olho é indicado, em qualquer idade.
Exame dos Ouvidos
Observar a forma, alterações e implantação das orelhas. A porção superior do pavilhão auditivo
se implanta ao nível ou acima de uma linha que cruza os cantos interno e externo dos olhos
(anormalidades podem indicar síndromes genéticas).
Avaliar a acuidade auditiva, com métodos conforme idade. No lactente, observar
pestanejamento dos olhos, susto ou direcionamento da cabeça em resposta a um estímulo
sonoro. Em crianças maiores, sussurrar ordens a uma distância aproximada de 240 cm. Se há
suspeita de anormalidade, a criança deve ser encaminhada ao especialista para a realização de
testes adequados. A avaliação da acuidade auditiva pode ser feita pelo próprio pediatra se este
dispuser de aparelhagem adequada, mas terá sempre caráter de triagem. Deve-se verificar a
realização da triagem auditiva neonatal e o resultado.
No exame do ouvido, é importante uma contenção adequada, exigindo uma atitude delicada,
mas firme tanto da parte do médico como dos pais. Geralmente, lactentes são examinados
deitados e crianças maiores contidas no colo. Existem várias formas eficientes de contenção,
sendo importante que o examinador se sinta seguro com uma delas. É fundamental que
qualquer movimento brusco da cabeça da criança seja neutralizado, o que é facilmente obtido
pelo apoio da mão que segura o otoscópio na superfície do crânio. Na criança até um ano, o lobo
da orelha deve ser tracionado para baixo. Entre um e cinco anos, tracionar o canal para cima e
para trás. Avaliar o aspecto do conduto auditivo externo quanto à presença de hiperemia,
descamação, lesões, corpo estranho etc. Quanto à membrana timpânica, observar perda de
transparência, hiperemia, abaulamento ou retração, bolhas, presença de secreção, ruptura etc.
Exame do Nariz
Verificar presença e aspecto de secreção (hialina, sero-mucosa, purulenta, sanguinolenta). Pela
inspeção e palpação, pesquisar desvio de septo nasal ou outras deformidades. A porção interna
anterior do nariz pode ser visualizada facilmente com iluminação, empurrando sua ponta para
cima. Para olhar profundamente, pode-se usar um espéculo com orifício calibroso preso ao
otoscópio. Observar coloração da mucosa, condições dos cornetos, calibre da via aérea,
secreção.
Exame da Boca e da Faringe
Iniciar pela inspeção dos dentes, gengiva, face interna das bochechas, língua e abóbada palatina.
Nos dentes, avaliar oclusão dentária, defeitos de alinhamento, presença de cáries, tártaro e
placa bacteriana. Observar o aspecto da língua, que pode mostrar alterações fisiológicas (língua
geográfica) ou que sugiram doenças (língua em morango da escarlatina). Observar inserção do
freio da língua.
Em lactentes, a faringe é visualizada facilmente durante o choro. Em maiores de um ano, o
exame geralmente apresenta dificuldade, exigindo o uso de contenção. O abaixador de língua
deve ser segurado como uma caneta, próximo à ponta que vai ser introduzida, e o dedo mínimo
do examinador deve estar em firme contato com a face da criança de modo a neutralizar os
movimentos da cabeça. A visualização direta é sempre tentada antes do uso do abaixador, até
o terço médio da língua. Se a criança cerra os dentes, o abaixador pode ser introduzido entre os
lábios e deslizado ao longo da face interna das bochechas até atrás dos molares, ativando o
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Inspecionar o precórdio em busca do impulso apical (nível do 4º espaço intercostal até 7 anos),
em decúbito dorsal, buscando deformidades (cardíacas ou torácicas) ou cardiomegalia. Palpar o
ictus cordis e detectar frêmitos ou arritmias. Realizar a oximetria.
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Auscultar todos focos, dorso e área axilar, com a criança em decúbito dorsal e sentada. Avaliar
ritmo regular ou irregular (extra-sístoles, bradicardia, taquicardia, arritmia sinusal ou
respiratória), frequência, bulhas (intensidade e desdobramentos), sopros (inocentes ou
patológicos) e ruídos (atrito pericárdico). Sopros patológicos são ouvidos no dorso, com hipo ou
hiperfonese de B2 e com B2 única ou desdobramento fixo. As bulhas são mais facilmente
audíveis do que em adultos (parede é mais fina); B1 é mais forte que B2 no ápice. Sopros
inocentes costumam ser sistólicos, de intensidade baixa a moderada, variam a cada ciclo
cardíaco e com a inspiração, aumentam com febre, anemia ou exercícios e deixam livres a
primeira e a segunda bulhas.
Exame do Abdome
Mediante inspeção, observar alterações globais de forma e volume e abaulamentos. Durante o
choro, perceber hérnias umbilicais, ventrais ou diástases de reto. Pela ausculta, identificar
sopros abdominais e ruídos hidroaéreos, estes estão aumentados nas gastroenterites ou na
obstrução mecânica do delgado e diminuídos no íleo paralítico. Na palpação, se houver choro
moderado, este beneficia o exame, mas, se forte, o dificulta. Observar se há dor abdominal e
sua localização, defesa ou rigidez da parede. Registrar a extensão total do fígado utilizando
palpação e percussão. Na palpação profunda, avaliar visceromegalias ou massas. Na percussão
pode-se delimitar o fígado, confirmar ascite (macicez móvel) ou hipertimpanismo. Os valores do
diâmetro hepático estimados pela percussão permitem a constatação de aumento ou
diminuição do fígado ao exame físico, assim, devem ser comparados aos valores esperados
(Tabela 2.6).
Tabela 2.6 – Diâmetro hepático médio estimado por faixa etária e sexo
Diâmetro hepático médio Diâmetro hepático médio
(cm) (cm)
Idade (anos) Masculino Feminino Idade (anos) Masculino Feminino
3 4,0 4,0 10 6,1 5,4
4 4,4 4,3 12 6,5 5,6
5 4,8 4,5 14 6,8 5,8
6 5,1 4,8 16 7,1 6,0
8 5,6 5,1 18 7,4 6,1
Fonte: Bates. Propedêutica médica, 2010.
Marshall e Tanner. Nos meninos (Figura 2.1), consideram-se a maturação da genitália externa
(G) e dos pelos pubianos (P) para avaliar o início e a progressão da puberdade. Nas meninas
(Figura 2.2), consideram-se a maturação das mamas (M) e dos pelos pubianos (P). O estádio 1
indica que ainda não entrou na puberdade, o estádio 5 é compatível com a maturação sexual
normal de um adulto e os estádios intermediários caracterizam progressão da puberdade.
Nos meninos, o aumento do volume testicular é o primeiro passo da puberdade. O volume dos
testículos pode ser medido com o orquidômetro e valores iguais ou superiores a 4 mL indicam
o início da puberdade. Depois, os seguintes eventos surgem nessa sequência: aparecimento dos
pelos pubianos, aumento do tamanho do pênis, ginecomastia puberal (acontece em pouco mais
da metade dos adolescentes e regride dentro de 3 anos em 90% dos casos), aparecimento dos
pelos axilares e faciais e mudança no timbre da voz. O aparecimento dessas características é
dinâmico, ou seja, enquanto uma aparece, as outras que já apareceram continuam o
desenvolvimento. As primeiras ejaculações são praticamente desprovidas de espermatozoides
e apenas um ou dois anos após a espermarca é que o sêmen adquire aspectos do adulto.
Nas meninas, o desenvolvimento das mamas costuma ser o primeiro passo da puberdade. Esse
desenvolvimento pode ser assimétrico ou unilateral no início. Depois, os seguintes eventos
surgem nessa sequência: aparecimento dos pelos pubianos e axilares, maturação do epitélio
vaginal e primeira menstruação (menarca). Os primeiros ciclos menstruais costumam ser
anovulatórios e irregulares, e depois de um ou dois anos adquirem as características adulta. O
intervalo entre telarca e menarca é de dois a cinco anos.
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Referências
ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA. VOLUME 85, SUPLEMENTO VI, DEZEMBRO 2005. DISPONÍVEL EM:
HTTP://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/PUBLICACOES/V_DIRETRIZES_BRASILEIRA_HIPERTENSAO_ARTERIAL_2006.
PDF
BICKEY, L. S. BATES: PROPEDÊUTICA MÉDICA. 12. ED. RIO DE JANEIRO: GUANABARA KOOGAN, 2018.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2018.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNETA DE SAÚDE DO ADOLESCENTE. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2013.
DESENVOLVIMENTO PUBERAL DE TANNER. DISPONÍVEL EM: <HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/DEPARTAMENTOS-
CIENTIFICOS/ENDOCRINOLOGIA/DESENVOLVIMENTO-PUBERAL-DE-TANNER/>. ACESSO EM: 13 JUL. 2020.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Objetivo geral: capacitar o estudante para a realização do exame clínico do recém-nascido, com
exatidão e desenvoltura.
Competência: ao final da atividade, o estudante deve ser capaz de utilizar e interpretar os
métodos de classificação e avaliação do recém-nascido; estabelecer uma sequência lógica de
exame físico; realizar as técnicas semiológicas específicas para cada exame; compreender a
aplicação e saber interpretar os resultados obtidos.
Material necessário:
• Otoscópio
• Oftalmoscópio
• Lanterna
• Abaixador de Língua
• Termômetro
• Estetoscópio
• Esfignomanômetro e manguitos de diversos tamanhos
• Martelo de reflexos
• Saturímetro
• Fita métrica
• Balança infantil
• Antropômetro
• Caneta
• Prontuário
• Curvas de crescimento: Intergrowth-21 e OMS
• Tabelas: métodos de Capurro e New Ballard
• Caderneta de saúde da criança
Introdução
O período neonatal corresponde aos primeiros 28 dias de vida. A mortalidade infantil
corresponde ao número de mortes que ocorrem no primeiro ano de vida em relação ao número
de nascidos vivos. A mortalidade neonatal corresponde ao número de óbitos que ocorrem nos
primeiros 28 dias de vida e é responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil, valor que
expressa a grande vulnerabilidade do recém-nascido (RN). A classificação do RN quanto à idade
gestacional, medidas antropométricas e a relação entre ambos é necessária para
estabelecimento de condutas e consequente redução da morbimortalidade infantil. Assim, o
exame físico completo do RN permite o diagnóstico precoce de desvios da normalidade e
doenças que podem ser sintomáticas ou até mesmo assintomáticas.
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Classificação do Recém-nascido
Quanto ao peso ao nascer
O RN é classificado quanto ao peso ao nascer em: baixo peso (peso ao nascer inferior a 2500g);
muito baixo peso (peso ao nascer entre 1000 e 1500g); extremo baixo peso (peso ao nascer
inferior a 1000g); e RN de tamanho excessivamente grande (peso ao nascer superior a 4500g).
Quanto à idade gestacional
A idade gestacional (IG) é um importante parâmetro para a maturidade do RN. Classifica-se o
RN de acordo com a IG em: a termo (entre 37 e 41 semanas); pós-termo (mais de 41 semanas);
prematuro ou pré-termo (menos de 37 semanas). O prematuro ainda é classificado em: tardio
(entre 34 e 36 semanas); moderado (entre 32 e 34 semanas); muito prematuro (entre 28 e 31
semanas); e extremo (com menos de 28 semanas).
Quanto ao peso ao nascer para a idade gestacional
As curvas de crescimento intrauterino Intergrowth-21 são referência para monitorizar o peso,
comprimento e perímetro cefálico de acordo com a IG (Anexo 3.1). Elas classificam o RN em:
grande para IG (GIG; escore-Z de peso superior a +2), adequado para IG (AIG; escore-Z de peso
entre +2 e −2) ou pequeno para IG (PIG; escore-Z de peso abaixo de -2).
Método de Capurro
O Método de Capurro Somático pode ser realizado logo após o nascimento. Esse método
considera a avaliação de cinco critérios relacionados com a maturidade física. De acordo com
suas características, o RN soma um tanto de pontos em cada critério. Depois, esses pontos são
somados ao número 204 e o valor encontrado é dividido por 7 para que a idade gestacional seja
dada em semanas. Os cinco critérios avaliados por esse método são: formação do pavilhão
auricular, tamanho da glândula mamária, tamanho e formação da aréola, textura da pele e
formação das pregas plantares. A Tabela 3.1 permite pontuar cada critério do RN de acordo com
suas características. Nesta tabela, a Idade Gestacional (IG) pode ser calculada pela seguinte
equação, que envolve o somatória dos Pontos obtidos na avaliação de todos os 5 critérios:
IG = (somatória dos pontos + 204) / 7
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Ângulo de
flexão de
punho
> 90° > 90° > 60° > 45° > 30° 0°
Retração do -
braço
Calcanhar
orelha
Os critérios que envolvem a maturidade física (Tabela 3.3) são: textura da pele, lanugem (pelos
que cobrem a superfície corporal do RN), formação da planta dos pés e tamanho e formação da
glândula mamária e da aréola. A Tabela 3.4 relaciona as características às respectivas
pontuações.
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Tabela 3.4 – Pontuação obtida e idade gestacional correspondente segundo o método de New Ballard (NBS)
Pontos Idade gestacional Pontos Idade gestacional Pontos Idade gestacional
-10 20 semanas 10 28 semanas 30 36 semanas
-9 20 e 3 dias 11 28 e 3 dias 31 36 e 3 dias
-8 20 e 6 dias 12 28 e 6 dias 32 36 e 6 dias
-7 21 e 1 dia 13 29 e 1 dia 33 37 e 1 dia
-6 21 e 4 dias 14 29 e 4 dias 34 37 e 4 dias
-5 22 semanas 15 30 semanas 35 38 semanas
-4 22 e 3 dias 16 30 e 3 dias 36 38 e 3 dias
-3 22 e 6 dias 17 30 e 6 dias 37 38 e 6 dias
-2 23 e 1 dia 18 31 e 1 dia 38 39 e 1 dia
-1 23 e 4 dias 19 31 e 4 dias 39 39 e 4 dias
0 24 semanas 20 32 semanas 40 40 semanas
1 24 e 3 dias 21 32 e 3 dias 41 40 e 3 dias
2 24 e 6 dias 22 32 e 6 dias 45 40 e 6 dias
3 25 e 1 dia 23 33 e 1 dia 43 41 e 1 dia
4 25 e 4 dias 24 33 e 4 dias 44 41 e 4 dias
5 26 semanas 25 34 semanas 45 42 semanas
6 26 e 3 dias 26 34 e 3 dias 46 42 e 3 dias
7 26 e 6 dias 27 34 e 6 dias 47 42 e 6 dias
8 27 e 1 dia 28 35 e 1 dia 48 43 e 1 dia
9 29 e 4 dias 29 35 e 4 dias 50 44 semanas
Fonte: Adaptada de Ballard et al., 1991.
IG: Idade gestacional.
Critérios Clínicos
Além desses métodos, existem alguns critérios clínicos que permitem, de forma simplificada,
determinar de forma grosseira a IG. Esses critérios avaliam as linhas da planta dos pés, o
diâmetro e a pigmentação das aréolas, o cabelo da cabeça, o pavilhão auricular e a genitália.
Linhas plantares restritas ao terço anterior do pé indicam 36 semanas ou menos; se nos dois
terços anteriores, indicam 37 ou 38 semanas; se em todo o pé, indicam 39 semanas ou mais.
Aréola de até 2 mm e sem pigmentação indica 36 semanas ou menos; de até 4 mm indica 37 ou
38 semanas; de 7 mm ou mais e pigmentada indica 39 semanas ou mais. Se o cabelo da cabeça
estiver fino e com aparência de pelúcia, indica menos de 39 semanas; se grosso e acetinado,
indica 39 semanas ou mais. A avaliação da quantidade e da firmeza da cartilagem do pavilhão
auricular também permite classificar o RN de acordo com os três grupos citados. A presença dos
testículos na bolsa escrotal e a rugosidade dessa bolsa também permitem classificar o RN de
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acordo com esses três grupos. Se o RN for do sexo feminino, é preciso avaliar o grau de extrofia
dos lábios menores, pois quanto maior a extrofia, menor é a idade gestacional.
Anamnese do Recém-Nascido
A primeira anamnese do RN deve contar com a história obstétrica pregressa e atual da mãe, a
história do parto e as condições de nascimento. O escore de Apgar é uma informação importante
nesse caso. Esse escore deve ser obtido no primeiro e no quinto minuto de vida e avalia a
vitalidade e a adaptação pós-natal do RN. Os critérios avaliados são: frequência cardíaca,
respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor. Cada critério pode pontuar 0, 1 ou 2
pontos. Os pontos devem ser somados e o resultado é interpretado da seguinte forma: 0 a 3
pontos representa asfixia grave, 4 a 7 pontos representa asfixia moderada e 8 a 10 pontos
representa boa vitalidade e boa adaptação pós-natal. Atualmente, recomenda-se utilizar o
escore de Apgar ampliado, pois permite também o registro das intervenções realizadas (Anexo
3.2).
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Exame Cervical
O pescoço do RN é curto e difícil de ser examinado. Deve-se palpar o músculo
esternocleidomastoideo e avaliar a presença de torcicolo congênito. A redundância da pele do
pescoço se relaciona com algumas anomalias congênitas (síndrome de Down, por exemplo).
Exame Torácico
A hiperplasia mamária é um achado comum e se relaciona com os hormônios maternos. Esse
achado pode ser acompanhado pela eliminação de uma secreção esbranquiçada pelos mamilos.
Estes não devem ser espremidos. O tórax também deve ser observado quanto ao seu aspecto
ósseo, verificando a presença de malformações.
Exame Cardiorrespiratório
O exame do sistema cardiorrespiratório é um passo importante do exame físico do RN. Observar
o padrão respiratório e a presença de ruídos adventícios ou de sinais que indiquem sofrimento
respiratório (tiragem intercostal, depressão do apêndice xifoide, gemência, batimento das asas
do nariz, cianose, entre outros).
A frequência respiratória do RN varia de 40 a 60 irpm, a respiração é regular e eventualmente é
acompanhada por pausas respiratórias curtas e não associadas a bradicardia. A frequência
cardíaca varia de 120 a 160 bpm e a presença de um sopro pode ser um achado normal, desde
que o restante do exame cardiorrespiratório esteja sem alterações.
Os pulsos e a pressão arterial devem ser verificados. A cor rósea ou avermelhada, o tônus
muscular em flexão, a movimentação espontânea, a reatividade e o interesse pela mamada são
sinais de bom funcionamento cardiorrespiratório.
Teste do Coraçãozinho
O teste de triagem neonatal para Cardiopatia Congênita Crítica, popularmente conhecido como
Teste do Coraçãozinho, deve ser obrigatoriamente realizado ainda na maternidade, atendendo
à Portaria SCTIE/MS nº 20, de 10 de junho de 2014, que incorpora a oximetria de pulso na
triagem neonatal. Este teste deve ser realizado em todo recém-nascido aparentemente
saudável com idade gestacional maior que 34 semanas, entre 24 e 48 horas de vida, antes de
receber alta da Unidade Neonatal.
A aferição é obtida no membro superior direito e em um dos membros inferiores, sendo
necessário que as extremidades do neonato estejam aquecidas e o monitor evidencie uma onda
de traçado homogêneo. Idealmente, ambas as medidas (membro superior direito e inferior)
devem apresentar saturação de oxigênio maio ou igual a 95% ou apresentar uma diferença
menor que 3%, entre elas. Caso esses parâmetros não sejam verificados, deve-se realizar nova
aferição em 1 hora. Confirmando-se estes achados, está indicado um ecocardiograma em até 24
horas. Este teste não descarta a necessidade de um exame físico minucioso.
Exame do Abdome
A palpação é importante para avaliar a presença de massas e de distensão das alças intestinais.
O fígado, o baço e os rins podem ser palpados em uma parcela significativa dos RNs. O umbigo
deve ser examinado ainda na sala de parto, verificando a presença de duas artérias e uma veia.
É importante ter os cuidados necessários para fazer o curativo do coto umbilical, que costuma
cair em até duas semanas. A presença de sinais flogísticos e secreção purulenta com odor fétido
na região umbilical caracterizam a onfalite, sendo necessária a abordagem para sepse neonatal
e tratamento hospitalar. O granuloma umbilical corresponde à presença de um tecido de
granulação no coto umbilical, avermelhado e acompanhado por uma secreção serosa ou
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hemorrágica, cujo tratamento consiste na cauterização com lápis de nitrato de prata até o
desaparecimento.
Exame da Genitália
No caso da genitália masculina, avaliar o tamanho do pênis, o local de implantação do meato
uretral, a presença dos testículos na bolsa escrotal e a rugosidade dessa bolsa. No caso da
genitália feminina, verificar a presença de todas as estruturas anatômicas. É comum o edema
de grandes lábios e a presença de secreção vaginal leitosa ou hemorrágica, relacionada com o
efeito dos estrogênios maternos.
Exame Anorretal
É interessante observar a posição, a aparência e a perfuração do ânus. Quanto aos ritmos
excretores, é habitual a eliminação de mecônio em até 24 horas e, no máximo, em até 48 horas.
A diurese normalmente ocorre em até 12 horas e, no máximo, em até 24 horas.
Exame do Aparelho Locomotor
As extremidades devem ser observadas com cautela para avaliação de possíveis malformações.
A displasia coxofemoral deve ser avaliada pela manobra de Ortolani, que consiste em posicionar
o RN com as coxas flexionadas em ângulo reto e realizar a manobra de abdução. Suspeita-se de
luxação quando há limitação da abdução, assimetria ou percepção tátil da fuga da cabeça do
fêmur do acetábulo. No aparelho locomotor, deve-se pesquisar por fraturas (clavícula,
membros) e buscar por deformidades (Nanismo, Osteogênese imperfeita). A coluna vertebral
também deve ser avaliada e as anomalias de fechamento do tubo neural devem ser pesquisadas.
Exame Neurológico
Avaliar tônus, pesquisar paresias ou paralisias e os reflexos arcaicos (reflexos de Moro, preensão
palmar e plantar, cutâneo-plantar em extensão e de sucção). A avaliação da postura,
movimentação, reatividade e choro fazem parte desse exame.
A postura do RN a termo é de flexão completa (posição fetal) e seu comportamento é
determinado pelo grau de alerta (sonolência e irritabilidade podem sugerir problemas
neurológicos). A atitude se apresenta assimétrica com a cabeça lateralizada por estímulo
labiríntico. Os reflexos primitivos estão todos presentes no RN a termo e devem ser pesquisados
e avaliados quanto à presença, intensidade e simetria. Quanto às funções cerebrais superiores,
podem seguir o objeto com os olhos.
A paralisia facial é observada pela assimetria da face durante o choro. É causada pela dissecção
do nervo facial por saliências ósseas do canal do parto ou pela colher do fórceps. A paralisia
braquial geralmente acomete o tronco inferior desse plexo e é observada pela manutenção do
membro superior acometido em posição de “garçom pedindo gorjeta” e pela assimetria do
reflexo de Moro. É causada pelo estiramento do plexo braquial por manobras obstétricas,
especialmente em partos distócicos.
Conclusão
A classificação do RN quanto à idade gestacional, medidas antropométricas e a relação entre
ambos é necessária para estabelecimento de condutas com vistas à redução da
morbimortalidade infantil. O exame físico completo do RN permite o diagnóstico precoce de
desvios da normalidade e doenças que podem ser sintomáticas ou até mesmo assintomáticas.
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Anexos
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Objetivo: capacitar os estudantes para a realização das medidas antropométricas, seu registro
e interpretação, em crianças e adolescentes.
Competência: ao final da atividade, o estudante deve ser capaz de realizar adequadamente as
aferições antropométricas, registrar os dados obtidos e interpreta-los para a adequada
formulação de hipóteses diagnósticas e planejamento de condutas.
Material necessário:
• Caneta
• Prontuário
• Caderneta de Saúde da Criança ou do Adolescente
• Balança pediátrica e adulta
• Antropômetro pediátrico e adulto
• Fita métrica não distensível
Antropometria
O termo antropometria deriva de duas palavras: antropo, do grego ánthropos, humano, e
metria, do grego métron, que significa medida. Antropo + metria = medida do ser humano.
Sendo assim, a antropometria é uma técnica utilizada para mensurar e avaliar diversas formas
de medidas do corpo humano, interpretando os resultados de maneira a classificar o indivíduo
dentro de faixas de crescimento e definir prováveis prognósticos.
Na pediatria, as aferições mais realizadas são as de peso, estatura e perímetro cefálico (para
crianças de até cinco anos, principalmente nos dois primeiros anos). Com essas medidas, e
cruzando-as com a idade do paciente, podem ser calculados os seguintes índices
antropométricos: peso para idade, peso para estatura, estatura para idade, IMC para idade,
perímetro cefálico para idade. A partir desses dados e, aliando-se ao exame físico, é possível
detectar anomalias e iniciar intervenções.
Técnicas de aferição
Para que se obtenha o valor exato de peso, estatura e perímetro cefálico da criança é importante
que a técnica de aferição seja realizada de forma correta.
Peso
Para a aferição do peso, a balança é o instrumento utilizado. Ela deverá ser instalada em um
local plano e nivelado para que permaneça estável. A precisão da escala numérica das balanças
pode variar de acordo com o tipo (mecânica ou eletrônica) ou com o fabricante. Para as balanças
pediátricas, recomenda-se que tenham precisão mínima de dez gramas e, para as balanças tipo
plataforma, de cem gramas.
Para aferir o peso de crianças até 2 anos, que ainda não ficam em pé com segurança, utiliza-se
a balança pediátrica. O paciente deve ser sempre pesado despido e na presença da mãe ou
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responsável, para que auxiliem na retirada da roupa e na tomada da medida. Antes de se iniciar
as medidas, deve-se forrar a balança e, com ela forrada, calibrá-la, para evitar erros de pesagem.
Podem ser utilizadas balanças pediátricas mecânicas ou eletrônicas (digitais). O passo a passo
para realização das aferições em cada uma, respectivamente, segue-se a seguir:
Balanca pediátrica mecânica
Inicialmente, destrava-se a balança (Figura 4.1) para determinar se ela está calibrada (a agulha
do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizontal – Figura 4.2) e, caso contrário, calibra-
se.
Deve-se posicionar a criança no centro do prato sentada ou deitada, distribuindo seu peso
igualmente. Nesse momento, é ideal que o responsável esteja próximo para ajudar a manter o
paciente calmo e parado, mas sem encostar na criança ou no equipamento.
Move-se o cursor maior até o peso estimado da criança e depois realiza-se o ajuste fino com o
cursor menor até que a agulha e o fiel estejam nivelados.
Faz-se a leitura do peso da criança, trava-se a balança antes de retirá-la e depois retorna-se os
cursores até o ponto zero, mantendo-a travada.
Para aferir o peso de crianças com mais de 2 anos e adolescentes, utiliza-se, também, balanças
mecânicas e digitais. As crianças maiores de 2 anos devem estar descalças e ser pesadas com
roupas leves ou apenas de cueca/calcinha/shorts. Orienta-se que, em caso de pesar crianças e
adolescentes com roupas, sejam retirados dos bolsos objetos pessoais que possam interferir na
precisão da medida, como chaves e celulares.
Balança mecânica
Inicialmente, destrava-se a balança (Figura 4.4) e verifica-se se está calibrada (a agulha do braço
e o fiel devem estar na mesma linha horizontal – Figura 4.5). Caso contrário, calibra-se, girando
o calibrador.
Posiciona-se o paciente de costas para a balança, no centro do equipamento, ereto, com os pés
juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. É necessário que ele fique parado nessa
posição.
Move-se o cursor maior sobre a escala numérica até o peso aproximado da criança para marcar
os quilos e depois o cursor menor para marcar os gramas. A agulha do braço e o fiel devem ficar
nivelados para a medição correta.
Realiza-se a leitura e se retira a criança ou adolescente.
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Altura
Para adolescentes e crianças com mais de 2 anos, a estatura é definida em um antropômetro
vertical ou em uma régua à parede.
Inicia-se posicionando o paciente em pé no centro do equipamento, com a cabeça erguida, olhar
fixo para um ponto na altura dos olhos e braços estendidos ao longo do corpo. Em um
antropômetro vertical, posiciona-se a parte móvel da régua no vértex craniano com pressão
suficiente para comprimir o cabelo (Figura 4.7). Solicita-se que a criança saia do equipamento e
realiza-se a leitura na escala sem soltar a parte móvel. Se a medida for feita em uma parede, os
ombros, calcanhares, glúteo e occipício devem estar encostados na superfície.
Perímetro cefálico
O perímetro cefálico é a medida da circunferência fronto-occipital da criança e deve ser
realizado em pacientes de até 2 anos.
Para a realização da medida, primeiramente posiciona-se a fita métrica sobre a protuberância
occipital máxima e leva-se até a glabela, sob arco das sobrancelhas, com o cuidado de não cobrir
as orelhas da criança (Figura 4.8). Uma vez que estejam determinados os dois pontos, deve-se
manter a fita bem tracionada, comprimindo o cabelo do paciente, e realiza-se a leitura do
perímetro diretamente na fita.
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Conclusão
Crianças com bom padrão alimentar e que estejam crescendo de forma satisfatória idealmente
devem seguir um padrão de crescimento de acordo com as curvas de referência da OMS. Com
base nessas considerações, deve-se compartilhar com a criança, adolescente, pais e
responsáveis os dados sobre o processo de crescimento somático, mantendo-os ativos nas
tomadas de decisões. Dessa forma, o acompanhamento do crescimento e a prática de
comunicação clínica são de suma importância no atendimento pediátrico.
Referências
BRASIL MS. SAÚDE DA CRIANÇA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO. CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA Nº 33.
BRASÍLIA. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2018.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNETA DE SAÚDE DO ADOLESCENTE. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; FUNDO DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. MANUAL AIDPI CRIANÇA: 2 MESES A 5 ANOS. 1. ED. BRASÍLIA, DF:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.
BRASIL. ORIENTAÇÕES PARA A COLETA E ANÁLISE DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE:
NORMA TÉCNICA DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL-SISVAN. 2011.
FREITAS, BRUNNELLA ALCANTARA CHAGAS DE; SANTOS, ELAINE TRAVAGLIA. LABORATÓRIO DE HABILIDADES
NA SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PEDIATRIA. 2. ED. VIÇOSA: EDITORA UFV, 2016.
INTERGROWTH-21. STANDARDS AND TOOLS. DISPONÍVEL EM:
HTTPS://INTERGROWTH21.TGHN.ORG/STANDARDS-TOOLS/. ACESSO EM: 15 JUL 2020.
MARTINS, M. A. ET AL. SEMIOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. RIO DE JANEIRO: MEDBOOK, 2010.
PIRES, M.M.S.; BRIDI, P.M. CRESCIMENTO DA CRIANÇA NOS PRIMEIROS MIL DIAS: AVALIAÇÃO E
ACOMPANHAMENTO. IN: OLIVEIRA-FILHO, E. A. E NOBREGA, M. (ED.). PROPED PROGRAMA DE
ATUALIZAÇÃO EM TERAPÊUTICA PEDIÁTRICA: CICLO 2. PORTO ALEGRE: ARTMED PANAMERICANA, 2015. P.39-
95. (SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA À DISTÂNCIA, V. 3).
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. GUIA PRÁTICO DE ATUALIZAÇÃO. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE
NUTROLOGIA. AVALIAÇÃO NUTROLÓGICA NO CONSULTÓRIO, 2016.
VILLAR, J.; GIULIANI, F.; BHUTTA, Z.A.; BERTINO, E.; OHUMA, E.O.; ISMAIL, L.C.; BARROS, F.C.;
ALTMAN, D.G.; VICTORA, C.; NOBLE, J.A.; GRAVETT, M.G.; PURWAR, M.; PANG, R.; LAMBERT, A.;
PAPAGEORGHIOU, A.T.; OCHIENG, R.; JAFFER, Y.A.; KENNEDY, S.H.; INTERNATIONAL, F.;
NEWBORN GROWTH CONSORTIUM FOR THE, C. POSTNATAL GROWTH STANDARDS FOR PRETERM
INFANTS: THE PRETERM POSTNATAL FOLLOW-UP STUDY OF THE INTERGROWTH-21(ST) PROJECT. LANCET
GLOB HEALTH, V. 3, N. 11, P. E681-91, NOV 2015. ISSN 2214-109X (ELECTRONIC) 2214-109X
(LINKING). DISPONÍVEL EM: < HTTPS://WWW.NCBI.NLM.NIH.GOV/PUBMED/26475015 >.
VILLAR, J.; GIULIANI, F.; FENTON, T.R.; OHUMA, E.O.; ISMAIL, L.C.; KENNEDY, S.H.; CONSORTIUM,
I.N.-S. INTERGROWTH-21ST VERY PRETERM SIZE AT BIRTH REFERENCE CHARTS. LANCET, V. 387, N. 10021,
P. 844-5, FEB 27 2016. ISSN 1474-547X (ELECTRONIC) 0140-6736 (LINKING). DISPONÍVEL EM: <
HTTPS://WWW.NCBI.NLM.NIH.GOV/PUBMED/26898853 >.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. THE WHO CHILD GROWTH STANDARDS. DSIPONÍVEL EM:
HTTPS://WWW.WHO.INT/CHILDGROWTH/STANDARDS/EN/. ACESSO EM 15 JUL 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO MULTICENTRE GROWTH REFERENCE STUDY GROUP ET AL.
WHO CHILD GROWTH STANDARDS BASED ON LENGTH/HEIGHT, WEIGHT AND AGE. ACTA PAEDIATRICA (OSLO,
NORWAY: 1992). SUPPLEMENT, V. 450, P. 76, 2006.
Anexos
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Anexo 4.3.2 – Interpretação das curvas de crescimento em Escore-Z para crianças de 0 a 5 anos
Valores críticos Diagnóstico nutricional
Peso para idade
< -3 Muito baixo peso para idade
≥ -3 e < -2 Baixo peso para idade
≥ -2 e ≤ +2 Peso adequado para idade
> +2 Peso elevado para idade
Estatura para idade
< -3 Muito baixa estatura para idade
≥ -3 e < -2 Baixa estatura para idade
≥2 Estatura adequada para idade
IMC para idade
< -3 Magreza acentuada
≥ -3 e < -2 Magreza
≥ -2 e ≤ +1 Eutrofia
> +1 e ≤ +2 Risco de sobrepeso
> +2 e ≤+3 Sobrepeso
> +3 Obesidade
Perímetro cefálico para idade
< -2 Abaixo do esperado para a idade
≥ -2 e ≤ + 2 Adequado para a idade
> +2 Acima do esperado para idade
Fonte: Orientações Para a Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviços De Saúde. Norma
Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN, 2011. Caderneta De Saúde Da
Criança. 8. Ed. Brasília: Ministério Da Saúde, 2013
IMC: Índice de massa corpórea.
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Anexo 4.3.3 – Interpretação das curvas de crescimento em Escore-Z para crianças de 5 a 10 anos
Valores críticos Diagnóstico nutricional
Peso para idade
< -3 Muito baixo peso para idade
≥ -3 e < -2 Baixo peso para idade
≥ -2 e ≤ +2 Peso adequado para idade
> +2 Peso elevado para idade
Estatura para idade
< -3 Muito baixa estatura para idade
≥ -3 e < -2 Baixa estatura para idade
≥ -2 Estatura adequada para idade
IMC para idade
< -3 Magreza acentuada
≥ -3 e < -2 Magreza
≥ -2 e ≤ +1 Eutrofia
> +1 e ≤ +2 Sobrepeso
> +2 e ≤ +3 Obesidade
> +3 Obesidade grave
Fonte: Orientações Para A Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviços De Saúde. Norma
Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN, 2011.
IMC: Índice de massa corpórea.
Anexo 4.3.4 - Interpretação das curvas de crescimento em Escore-Z para adolescentes de 10 a 19 anos
Valores críticos Diagnóstico nutricional
Estatura para idade
< -3 Muito baixa estatura para idade
≥ -3 e < -2 Baixa estatura para idade
≥ -2 Estatura adequada para idade
IMC para idade
< -3 Magreza acentuada
≥ -3 e < -2 Magreza
≥ -2 e ≤ +1 Eutrofia
> +1 e ≤ +2 Sobrepeso
> +2 e ≤ +3 Obesidade
> +3 Obesidade grave
Fonte: Orientações Para A Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviços De Saúde. Norma
Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN, 2011.
IMC: Índice de massa corpórea.
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Introdução
O desenvolvimento representa a aquisição de funções de acordo com a maturação do sistema
nervoso, o que reflete a mielinização e o estabelecimento de sinapses definitivas. O sistema
nervoso central do ser humano é imaturo no início da vida, pois existe uma limitação quanto ao
tamanho do segmento cefálico ao nascimento, já que o formato da pelve humana, que é
ajustado para a posição bípede, não suportaria o parto de crianças com o segmento cefálico
maior. Por isso, várias respostas motoras importantes são reflexas no início da vida, sendo
controladas por centros subcorticais. Com o passar do tempo, tais reflexos primitivos vão
desaparecendo e surgem respostas voluntárias, que estão subordinadas ao córtex cerebral e,
dessa forma, podem ser aprendidas.
O desenvolvimento abrange quatro grandes áreas, que de forma sucinta, representam a nossa
espécie: motora ou motora grosseira, adaptativa ou motora fina, pessoal-social e linguagem.
Com o passar do tempo vamos adquirindo novas habilidades em cada uma dessas áreas. Existe
uma idade esperada para a aquisição de cada habilidade, mas existe certa variação entre as
diversas crianças. O desenvolvimento apresenta uma sequência esperada, que é craniocaudal,
proximal-distal e cubital-radial.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, que
se caracteriza por dificuldades de comunicação e interação social e, também, pela presença de
comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos. Na maioria dos casos, os sintomas são
identificados entre 12 e 24 meses de idade, mas, em algumas crianças, podem estar presentes
logo após o nascimento. É importante que o pediatra esteja atento aos sinais desde a
puericultura e durante todo o desenvolvimento da criança, assim, deve estar vigilante todo o
tempo por meio da anamnese, avaliação física e utilização de escalas para detectar qualquer
atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.
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Vigilância do desenvolvimento
A avaliação do desenvolvimento deve ser contínua e sistematizada, com vistas a possibilitar uma
maior capacidade de detecção das alterações presentes de forma objetiva. A vigilância do
desenvolvimento é um processo contínuo realizado em toda consulta, com base na Caderneta
de Saúde da Criança e no Manual de Quadros de Procedimentos AIDPI. Após os 7 anos, a
avaliação do desempenho escolar assume papel importante no acompanhamento do
desenvolvimento infantil.
Com base nos resultados da avaliação vamos classificar a criança quanto ao seu
desenvolvimento e tomar as condutas necessárias. Os parâmetros serão pesquisados durante a
anamnese e o exame físico, seja por observação direta da criança ou através de manobras
específicas, que podem ou não necessitar de objetos como lápis de cor, cubos, figuras coloridas.
O Ministério da Saúde recomenda que sejam feitas consultas de rotina com a criança nas
seguintes idades: 7 dias, 1 mês, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses, 18 meses, 24 meses e
anualmente a partir dos 2 anos. Nessas consultas, além do desenvolvimento, devem ser
avaliados o crescimento, vacinação, alimentação e os agravos à saúde pertinentes em cada caso.
A Caderneta de Saúde da Criança
A Caderneta de Saúde da Criança possui um espaço reservado para o acompanhamento do
desenvolvimento da criança. Nesse espaço estão registrados os marcos do desenvolvimento e
uma tabela com a idade da criança em meses. Existe um espaço que contempla os primeiros 12
meses de vida e outro espaço que contempla entre 12 e 36 meses. Para cada marco do
desenvolvimento existe uma orientação sobre como pesquisá-lo. Então, vamos registrar no
espaço correspondente à idade se tal marco está presente com um “P”, ausente com um “A” ou
se não foi verificado com um “NV”. Note que, para cada marco do desenvolvimento, existe uma
faixa em meses esperada para seu aparecimento, que está preenchida pela cor amarela e se
destina ao registro do resultado. Existe também um espaço destinado à avaliação das crianças
com síndrome de Down e transtorno do espectro autista.
A Caderneta elenca fatores de risco e alterações físicas associadas a problemas no
desenvolvimento (Tabela 5.1). Recomenda-se também que o avaliador pergunte aos
pais/cuidadores o que eles acham do desenvolvimento da criança e valorize a informação
obtida.
Tabela 5.1 – Principais fatores de risco e alterações físicas associados a problemas no desenvolvimento
Fatores de risco Alterações físicas
Ausência ou pré-natal incompleto; Meninas nascidas com 37 semanas ou mais
Problemas na gestação, parto ou nascimento; e PC < 31,5 cm;
Prematuridade (< 37 semanas); Meninos nascidos com 37 semanas ou
Peso ao nascer inferior a 2.500 g; mais e PC < 31,9 cm;
Icterícia grave; Pré-termo nascido com PC < - 2 desvios-
Hospitalização no período neonatal; padrão (baseado nas curvas Intergrowth);
Doenças graves como meningite, traumatismo craniano Alterações fenotípicas como: fenda
e convulsões; palpebral oblíqua, olhos afastados,
Parentesco entre os pais; implantação baixa das orelhas, lábio
Casos de deficiência ou doença mental na família; leporino, fenda palatina, pescoço curto
Fatores de risco ambientais, como violência doméstica, e/ou largo, prega palmar única e 5º dedo
depressão materna, drogas ou alcoolismo entre os da mão curto e recurvado.
moradores da casa, suspeita de abuso sexual.
Fonte: Adaptada de Caderneta de Saúde da Criança, Ministério da Saúde, 2018.
A conduta vai se basear em situações que contemplam fatores de risco para o desenvolvimento
e a presença ou ausência dos marcos esperados para a faixa etária (Tabela 5.2).
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A estratégia AIDPI
A estratégia AIDPI representa uma série de recomendações sistematizadas para o cuidado com
as crianças. A avaliação do desenvolvimento se assemelha às recomendações da Caderneta de
Saúde da Criança.
Na Tabela 5.3 estão demonstrados os marcos esperados para cada faixa etária. A Figura 5.1
norteia os passos para a avaliação das crianças entre 2 meses e 5 anos e, a partir dos dados, a
conduta será estabelecida conforme a Tabela 5.4.
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Observar e verificar:
Verifique o perímetro cefálico
↓
Observe o desenvolvimento da criança conforme a faixa etária
↓
Determine se há fatores de risco ou alterações no exame físico
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Baixo risco: pontuação entre 0-2. Se a criança for menor que 24 meses, repetir o M-CHAT-R em
24 meses. Não é necessária qualquer outra medida, a não ser que a vigilância indique risco de
TEA.
Risco moderado: pontuação entre 3-7; não é necessária qualquer outra medida, a não ser que
a vigilância indique risco de TEA, a criança deverá fazer triagem novamente em futuras consultas
de rotina.
Alto risco: Pontuação entre 8-20; deve-se encaminhar a criança para avaliação diagnóstica e
para avaliação de necessidade de intervenção.
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Conclusão
A vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da Caderneta de Saúde da Criança e do
Manual AIDPI é uma estratégia de grande impacto na saúde e que utiliza um instrumento de
aplicação rápida e materiais de baixo custo. Neste processo, destaca-se a integração entre a
equipe de saúde e a família no processo avaliativo, terapêutico e de seguimento.
Com relação ao TEA, quanto mais precoce o diagnóstico e mais rápido o tratamento iniciado,
mais expressivos os resultados, considerando-se a velocidade de formação de conexões
cerebrais e neuroplasticidade cerebral. Assim, quanto mais precoce a estimulação, maiores
chances da criança ter sua trajetória de desenvolvimento otimizada, com melhores resultados
no funcionamento social-adaptativo em longo prazo.
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2018.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CADERNETA DE SAÚDE DO ADOLESCENTE. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; FUNDO DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. MANUAL AIDPI CRIANÇA: 2 MESES A 5 ANOS. 1. ED. BRASÍLIA, DF:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.
LEÃO, E.; CORRÊA, E. J.; MOTA, J. A. C.; VIANA, M. B. PEDIATRIA AMBULATORIAL. 4. ED. BELO HORIZONTE:
COOPMED, 2013.
MARTINS, M. A.; VIANA, M. R. A. A.; VASCONCELLOS, M. C.; FERREIRA, R. A. SEMIOLOGIA DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE. RIO DE JANEIRO: MEDBOOK, 2010. ISBN 978-85-99977-48-4.
MINISTÉRIO DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; FUNDO DAS NAÇÕES
UNIDAS PARA A INFÂNCIA. MANUAL AIDPI CRIANÇA: 2 MESES A 5 ANOS. 1. ED. BRASÍLIA, DF: MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2017. DISPONÍVEL EM:
<HTTP://PORTALARQUIVOS.SAUDE.GOV.BR/IMAGES/PDF/2017/JULHO/12/17-0056-ONLINE.PDF>.
OLIVEIRA, M.C.B.; FONSECA, E.G. AVALIAÇÃO E TRIAGEM DO DESENVOLVIMENTO. IN: OLIVEIRA-FILHO,
E. A. E NOBREGA, M. (ED.). PROPED PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM TERAPÊUTICA PEDIÁTRICA: CICLO 3.
PORTO ALEGRE: ARTMED PANAMERICANA, 2016. P.11-62. (SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A
DISTÂNCIA, V. 2).
PIRES, M.M.S.; BRIDI, P.M. CRESCIMENTO DA CRIANÇA NOS PRIMEIROS MIL DIAS: AVALIAÇÃO E
ACOMPANHAMENTO. IN: OLIVEIRA-FILHO, E. A. E NOBREGA, M. (ED.). PROPED PROGRAMA DE
ATUALIZAÇÃO EM TERAPÊUTICA PEDIÁTRICA: CICLO 2. PORTO ALEGRE: ARTMED PANAMERICANA, 2015. P.39-
95. (SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA À DISTÂNCIA, V. 3).
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
INSTRUMENTOS DE VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO. GUIA PRÁTICO DE ATUALIZAÇÃO.
DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE PEDIATRIA DO DESENVOLVIMENTO E COMPORTAMENTO, 2019. DISPONÍVEL
EM: <HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/DEPARTAMENTOS-CIENTIFICOS/PEDIATRIA-DO-COMPORTAMENTO-E-
DESENVOLVIMENTO/>.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE PEDIATRIA DO DESENVOLVIMENTO E
COMPORTAMENTO. GUIA PRÁTICO DE ATUALIZAÇÃO. CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
INSTRUMENTOS DE VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO. DISPONÍVEL EM:
HTTP://WWW.SBP.COM.BR/DEPARTAMENTOS-CIENTIFICOS/PEDIATRIA-DO-COMPORTAMENTO-E-
DESENVOLVIMENTO/. ACESSO EM 31/03/2018.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. DOCUMENTO CIENTÍFICO N. 5, ABR. 2019. MANUAL DE
ORIENTAÇÃO. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE PEDIATRIA DO DESENVOLVIMENTO E COMPORTAMENTO.
DISPONÍVEL EM: HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/FILEADMIN/USER_UPLOAD/PED._DESENVOLVIMENTO_-
_21775B-MO_-_TRANSTORNO_DO_ESPECTRO_DO_AUTISMO.PDF. ACESSO EM: 15 JUL 2020.
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Introdução
Considerando-se as peculiaridades do público alvo da pediatria e de acordo com as diversas
faixas etárias, este capítulo está organizado nos seguintes temas: particularidades do
acompanhamento ambulatorial pediátrico de acordo com a faixa etária (pré-escolar, escolar e
adolescente); avaliação visual; avaliação auditiva; recomendações para suplementação de ferro
e vitamina D, triagem e tratamento de suas deficiências; triagem de depressão.
Avaliação Visual
Encaminhar para exame mais detalhado se sinais ou sintomas de baixa visão, independente das
triagens programadas para cada faixa etária. Assegurar-se que fatores ambientais como
iluminação inadequada, reflexos ou sombras não estejam causando as dificuldades visuais.
• Recém-nascidos: teste do reflexo vermelho.
• 3 - 4 anos: Primeira triagem visual, com acompanhamento anual.
• 6 - 7 anos: Avaliação de todo estudante que ingressa no ensino fundamental.
• 10 - 13 anos: Detecção da miopia.
• Exames com especialista estão indicados em prematuros e crianças com história familiar e
pessoal de doenças associadas a alterações oculares.
• Toda criança que apresentar sinais ou sintomas de doenças oculares ou baixa visão deverá
ser examinada e acompanhada.
A triagem visual é preferencialmente realizada por oftalmologista, se de difícil execução, pode-
se realizar a triagem em escolares por equipe não médica orientada e supervisionada. Estão
indicados os testes de Snellen e Ishihara.
• Teste Snellen: utiliza-se de tabelas com letras ou números ou os desenhos do “E”.
• Teste de Ishihara (daltonismo congênito): Projeta-se placas em slides de boa
qualidade, em sala com iluminação adequada. Os alunos respondem por escrito e
os resultados são avaliados posteriormente.
Avaliação Auditiva
A avaliação auditiva em pediatria segue padrões conforme a faixa etária do paciente.
• Período neonatal: triagem auditiva neonatal.
• Até os 4 anos: reavaliação, propiciando uma adequada alfabetização.
Questões que o pediatra deve fazer aos pais quando há suspeita de problema auditivo:
• Permanece quietinho no berço? Acorda ou assusta com barulhos repentinos e fortes?
• Percebe a batida de portas? Reage a campainha do telefone ou porta?
• Move a cabeça na direção de quem chamou?
• Fixa o olhar nos lábios de quem fala? Demostra dificuldade para compreender o que lhe
é dito?
• Pede para repetir ou falar mais alto? Aumenta frequentemente o som da televisão?
• Comunica-se aos gritos ou muito baixo? Entre colegas, parece estar desligado?
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A triagem para anemia ferropriva é preconizada a partir dos 12 meses de vida da criança, com
periodicidade anual. Os exames laboratoriais de rotina solicitados nesse caso são hemograma
completo (com parâmetros hematimétricos), contagem de reticulócitos e ferritina, associando-
se a proteína-C reativa (PCR) para descartar infecção e inflamação.
De acordo com a faixa etária, a anemia é caracterizada pelos valores de hemoglobina inferiores
a 11 g/dL (de 6 meses a 5 anos incompletos), 11,5 g/dL (de 5 a 11 anos) e 12,0 g/dL (maiores de
12 anos). Para a ferritina, é preconizado que o níveis séricos sejam superiores a 30μg/dL. Valores
inferiores a 15μg/dL indicam deficiência grave e valores intermediários devem ser avaliados
mediante a suplementação com ferro.
O tratamento da anemia ferropriva é pautado na orientação nutricional para o consumo de
alimentos fonte e reposição de ferro, com dose terapêutica de 3 a 5 mg/kg/dia de ferro
elementar, em dose única ou fracionada, via oral. Devem-se monitorizar hemograma e
reticulócitos a cada 30 a 60 dias e ferritina com 30 e 90 dias. O tratamento deve durar até a
reposição dos estoques de ferro, o que ocorre em geral entre 3 e 6 meses. O tempo de
tratamento para correção da anemia geralmente é de 2 meses e, para reposição de estoque, de
2 a 6 meses.
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Vitamina D
A hipovitaminose D é um dos distúrbios nutricionais mais frequentes em todo o mundo. No
Brasil, mesmo nas regiões com irradiação e exposição solar, a deficiência de vitamina D está
presente em todas as faixas etárias, inclusive em crianças e adolescentes. A prevenção da
hipovitaminose D em pediatria se inicia ainda na gestação e continua após o nascimento até os
dois anos de idade da criança. A suplementação deve ser feita com colecalciferol (vitamina D3).
Independentemente de estar em aleitamento materno exclusivo, fórmula infantil ou leite de
vaca, a suplementação como prevenção à deficiência de vitamina D em crianças e adolescentes
deve ser feita da seguinte forma:
• 400 UI/dia de vitamina D para todos os lactentes da primeira semana de vida até os 12
meses de idade.
• 600 UI/dia de vitamina D dos 12 aos 24 meses de idade.
• Se há presença de fatores de risco para hipovitaminose D, as doses preconizadas devem
ser ajustadas (Tabela 6.2).
• Também devem ser suplementadas crianças e adolescentes que não ingerem pelo
menos 600 UI/dia de vitamina D na alimentação ou que não se exponham ao sol
regularmente. Além disso, deve-se estimular, durante as consultas, a prática de
atividades ao ar livre e o consumo regular de alimentos ricos em vitamina D.
Porém, a duração exata da suplementação com vitamina D ainda não está definida. Assim,
crianças com fatores de risco para hipovitaminose D devem manter a suplementação enquanto
o fator de risco estiver presente. Crianças saudáveis, sem fatores de risco, mas com limitada
exposição solar, devem ter a suplementação avaliada individualmente.
Não há recomendação quanto à triagem universal para hipovitaminose D, estando apenas
indicada para grupos de risco.
Quando indicada, a avaliação dos níveis séricos de vitamina D é feita pela dosagem da 25-OH-
vitamina D (calcidiol), porque é a forma mais abundante. Não existe consenso sobre o ponto de
corte que defina a suficiência, insuficiência ou deficiência da vitamina D. Os três critérios mais
utilizados para avaliar o status da 25-OH-vitamina D são mostrados na Tabela 6.3. Esses valores
não consensuais contribuem para que a prevalência de hipovitaminose D seja bastante comum.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Tabela 6.5 - Tratamento da hipovitaminose D segundo o Endocrine Society Clinical Practice Guidelines
(2011)
Faixa etária Dose diária Dose semanal Dose de manutenção
<1 ano 2000 UI por 8-12 semanas 50.000 UI por 6-8 semanas 400-1000 UI/dia
1-18 anos 2000 UI por 8-12 semanas 50.000 UI por 6-8 semanas 600-1000 UI/dia
>18 anos 6000 UI por 6-8 semanas 50.000 UI por 6-8 semanas 1500-2000 UI/dia
Fonte: Tabela adaptada de Guia Prático de Atualização- Hipovitaminose D em pediatria: recomendações para o
diagnóstico, tratamento e prevenção, SBP, 2011.
* Tratamento com vitamina D (1 mcg = 40 UI).
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Triagem de Depressão
A depressão deve ser rastreada anualmente a partir dos 11 anos de idade.
PHQ-2:
Nas 2 últimas semanas, com que frequência você se sentiu incomodado por algum desses
problemas?
(1) Pouco interesse ou prazer ao realizar atividades?
(2) Se sentindo triste, deprimido ou desanimado?
Para cada uma:
• Nenhum momento – 0 pontos
• Poucos dias – 1 ponto
• Mais da metade dos dias – 2 pontos
• Quase todo dia – 3 pontos
O teste é considerado positivo quando ≥ 3 pontos e deve-se então seguir com o PHQ-9
modificado para adolescentes.
PHQ-9 modificado para adolescentes:
Além das duas perguntas do PHQ-2, acrescenta-se as perguntas sobre a frequência dos fatos a
seguir, seguindo o mesmo critério de pontuação. Pode ser realizada em folha de formulário
para preenchimento do adolescente.
(3) Problemas para iniciar o sono, acordar durante a noite, ou dormindo muito;
(4) Pouco apetite, perda de peso ou esteve comendo mais que o normal;
(5) Sentindo-se cansado ou com pouca energia;
(6) Se sentindo mal consigo mesmo – ou que é um fracasso, ou que chateia a sua família;
(7) Problemas em se concentrar em coisas como trabalho de escola, leitura ou TV;
(8) Se movendo ou falando tão devagar a ponto de outras pessoas poderem notar; ou o
contrário, sendo tão inquieto que estava movendo-se muito mais do que o habitual;
(9) Pensamentos de que estaria melhor se falece-se, ou sobre se ferir de alguma forma;
Interpretação geral:
• 0 – 4 pontos: depressão ausente ou mínima
• 5 – 9 pontos: depressão leve
• 10 – 14 pontos: depressão moderada
• 15 – 19 pontos: depressão moderadamente grave
• 20 – 27 pontos: depressão grave
Para rastreio de todos os tipos de depressão ou outros transtornos mentais:
• Em caso de todas respostas positivas deve-se seguir com investigação clínica e possível
encaminhamento à psiquiatria (positivo é definido por um “2” ou “3” nas questões 1 –
8 e por um “1”, “2” ou “3” na questão 9)
• Um escore PHQ-p ≥ 10 tem boa sensibilidade e especificidade para o Transtorno de
Depressão Maior
Para diagnóstico de distimia, acrescenta-se a pergunta: “No último ano, você se sentiu
deprimido ou triste a maior parte dos dias, mesmo que tenha se sentido bem algumas vezes?”
Se a resposta for sim, é um forte sinal de distimia, suficiente para o diagnóstico.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Conclusão
Diferentemente da tendência em especialização da medicina contemporânea, a consulta
pediátrica se mantém em padrões que identificam os pediatras como “clínicos gerais de
crianças”. Neste capítulo, buscamos trazer algumas peculiaridades relacionadas às
características inerentes do público alvo da pediatria, dada a diversidade de aspectos a cada
consulta e faixa etária.
Referências
CUNHA, J. C. B.; ZARDO, L. A.; RIBEIRO, O. O. P. O OLHAR PEDIÁTRICO NA AVALIAÇÃO DO ESTUDANTE: DA EDUCAÇÃO
INFANTIL AO ENSINO MÉDIO. IN: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (ED.). PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CONTINUADA EM PEDIATRIA (PRONAP). XVI ED. SÃO PAULO: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2013. P. 40–63.
LAHTERMAN, B.; PEDROSO, G. C.; VIEIRA, M. L. F. DEMANDAS ESCOLARES PARA O PEDIATRA DO SÉCULO XXI. IN:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (ED.). PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM PEDIATRIA
(PRONAP). XVI ED. SÃO PAULO: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2013. P. 18–34.
LANZELOTTE, V. DETECÇÃO PRECOCE DE ALTERAÇÕES VISUAIS: PAPEL DO PEDIATRA. REVISTA DE PEDIATRIA SOPERJ, V.
12, N. 1, P. 40–47, AGO. 2011. DISPONÍVEL EM:
<HTTP://REVISTADEPEDIATRIASOPERJ.ORG.BR/DETALHE_ARTIGO.ASP?ID=557>.
MAIA, A. P. J. S. AVALIAÇÃO AUDITIVA: COMO PROCEDER. REVISTA DE PEDIATRIA SOPERJ, P. 35–40, AGO. 2011.
DISPONÍVEL EM: <HTTP://REVISTADEPEDIATRIASOPERJ.ORG.BR/DETALHE_ARTIGO.ASP?ID=556>.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. CONSENSO SOBRE ANEMIA FERROPRIVA: MAIS QUE UMA DOENÇA, UMA
URGÊNCIA MÉDICA!: DIRETRIZES N. 2. [S. L.], JUN. 2018. DISPONÍVEL EM:
HTTPS://MAIL.GOOGLE.COM/MAIL/U/0/?OGBL#SENT/QGRCJHRTSHSLHJKFBBPTJCHHRJWDCTBCPQV?COMPOSE=N
EW&PROJECTOR=1&MESSAGEPARTID=0.1. ACESSO EM: 29 JUL. 2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. HIPOVITAMINOSE D EM PEDIATRIA: RECOMENDAÇÕES PARA O DIAGNÓSTICO,
TRATAMENTO E PREVENÇÃO: GUIA PRÁTICO DE ATUALIZAÇÃO N. 1. [S. L.], DEZ. 2016. DISPONÍVEL EM:
HTTPS://MAIL.GOOGLE.COM/MAIL/U/0/?OGBL#SENT/QGRCJHRTSHSLHJKFBBPTJCHHRJWDCTBCPQV?COMPOSE=N
EW&PROJECTOR=1&MESSAGEPARTID=0.1. ACESSO EM: 27 JUL. 2019.
YAMAMOTO, R. M.; BEZERRA, V. L. V. A.; AQUINO, L. A. A CONSULTA PEDIÁTRICA. IN: JÚNIOR, D. C.; BURNS, D.
A. R. (ED.). TRATADO DE PEDIATRIA: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. 3. ED. BARUERI: MANOLE, 2014. P. 2441–2447.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Objetivo: capacitar o estudante para a abordagem inicial relacionada ao rastreio e manejo das
principais doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia,
obesidade e síndrome metabólica) em crianças e adolescentes, no contexto do atendimento
ambulatorial pediátrico.
Material necessário:
• Caneta
• Prontuário
• Esfigmomanômetro com diversos manguitos
• Estetoscópio
• Fita métrica
• Balança
• Antropômetro
• Caderneta de saúde da criança ou do adolescente
• Curvas de crescimento
Introdução
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) compõem um conjunto de condições
relacionadas a causas múltiplas, de início gradual e longa ou indefinida duração, e que podem
se iniciar na infância e adolescência. As doenças cardiovasculares, que têm a hipertensão e
diabetes como fatores de risco para seu desenvolvimento, representam a principal causa de
mortalidade no Brasil. Nesse contexto, o presente capítulo está organizado de acordo da
seguinte forma: hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, obesidade e síndrome metabólica
em crianças e adolescentes, no contexto do atendimento ambulatorial pediátrico.
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Tabela 7.3 - Causas mais frequentes de hipertensão arterial por faixa etária na infância e na
adolescência
Faixa etária Causas
Recém- Trombose da artéria renal, estenose da artéria renal, malformações congênitas
nascidos renais, coarctação da aorta, displasia broncopulmonar
Lactentes – 6 Doenças do parênquima renal, coartação da aorta, estenose de artéria renal
anos
6 a 10 anos Estenose da artéria renal, doenças do parênquima renal, hipertensão primária
Adolescentes Hipertensão primária, doenças do parênquima renal
Adaptado de Manual de Orientação: Hipertensão arterial na infância e adolescência. Sociedade Brasileira de
Pediatria, 2019.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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• Avaliação inicial
Na Tabela 7.4 estão descritos os passos iniciais para a avaliação de pacientes hipertensos, com
algumas considerações.
Como manejar?
O manejo inicial da hipertensão arterial sistêmica em crianças e em adolescentes baseia-se na
terapêutica não medicamentosa, prezando, principalmente, pela atividade física e dieta. Para
alguns casos selecionados, no entanto, é preciso iniciar o manejo com a terapia medicamentosa
ou lançar mão dessa posteriormente ao insucesso de adequação da pressão após a mudança de
estilo de vida. A terapia medicamentosa costuma se iniciar com um único medicamento,
necessitando de avaliações periódicas por atenção especializada.
Dislipidemia
Nas dislipidemias, há alteração dos níveis séricos dos lipídeos. As alterações do perfil lipídico
podem incluir colesterol total alto, triglicerídeos (TG) alto, colesterol de lipoproteína de alta
densidade baixo (HDL-c) e níveis elevados de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-
c).1 Em consequência, a dislipidemia é considerada como um dos principais determinantes da
ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV) e cerebrovasculares. De acordo com o tipo de
alteração dos níveis séricos de lipídeos, a dislipidemia é classificada como: hipercolesterolemia
isolada, hipertrigliceridemia isolada, hiperlipidemia mista e HDL-C baixo.
As dislipidemias podem ter causas primárias ou secundárias:
• Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética.
• Causas secundárias: a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas
condições mórbidas, ou de medicamentos.
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A utilização do não HDL-c também serve como parâmetro para avaliação das dislipidemias, que
pode ser obtido subtraindo o valor de HDL-c do valor de CT (não HDL-c = CT - HDL-c) e pode ser
utilizada na avaliação dos pacientes dislipidêmicos, principalmente naqueles com concentrações
de triglicerídeos superiores a 400 mg/dL. Valores de CT ≥ 230 mg/dL (crianças e adolescentes)
podem ser indicativos de HF, se excluídas as dislipidemias secundárias. A HF é a mais comum
entre as dislipidemias e seus portadores têm 20 vezes mais risco de morte precoce por DCV.
Como manejar?
Recomenda-se iniciar a terapêutica não farmacológica (dieta, estímulo à atividade física e
controle dos outros fatores de risco) aos 2 anos, e a farmacológica, quando necessário, após os
10 anos.
Obesidade
O diagnóstico de obesidade é clínico, baseado na história clínica e nutricional (quantitativa e
qualitativa), no exame físico detalhado, que busca sinais relacionados a distúrbios nutricionais,
e em dados antropométricos. Os exames complementares podem ser utilizados para obtenção
de dados mais precisos sobre a composição corporal, para investigação de possíveis causas da
obesidade e para diagnóstico das repercussões metabólicas mais comuns da obesidade, entre
as quais estão: dislipidemia, alterações do metabolismo glicídico, hipertensão arterial, doença
hepática gordurosa não alcoólica, síndrome da apneia obstrutiva do sono e síndrome dos
ovários policísticos.
Propedêutica complementar – como medição das pregas cutâneas e da circunferência do braço,
impedância bioelétrica e absormetria radiológica de dupla energia ou DXA (DualEnergy X-ray
Absorptiometry), – pode ser útil para determinação mais precisa da composição corporal,
permitindo a identificação do percentual de gordura e de massa magra.
Medidas antropométricas
As medidas antropométricas mais utilizadas em pediatra são peso, estatura (altura/
comprimento) e circunferência abdominal. Ademais, outras medidas podem ser úteis.
Peso e estatura: utilizados para a classificação da condição nutricional por meio do índice de
massa corporal (IMC = peso [kg] / estatura² [m]). É necessário plotar em gráficos os valores
encontrados, com distribuição em percentis ou escores z, segundo sexo e idade (Tabela 7.6).
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Circunferência abdominal: marcar, inicialmente, o ponto médio entre a última costela fixa
(décima) e a borda superior da crista ilíaca, local onde a fita inextensível será colocada. Essa
medida serve para a avaliação indireta da gordura visceral.
Prega cutânea tricipital: aferir na face posterior do braço, paralelamente ao eixo longitudinal,
no ponto que compreende a metade da distância entre a borda superolateral do acrômio e o
olecrano.
Circunferência do braço: manter o braço não dominante em ângulo de 90 graus. Palpar a
extremidade da proeminência do olécrano e ulna, marcando esses pontos com caneta. Com a
fita métrica, medir a distância entre os dois pontos, marcando o ponto médio. Contornar o braço
com a fita métrica inelástica na altura do ponto médio, com a fita aderida à pele, sem pressionar.
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Como manejar?
O tratamento da obesidade envolve abordagem dietética, modificação do estilo de vida, ajustes
na dinâmica familiar, incentivo à prática de atividade física e apoio psicossocial. Para crianças e
adolescentes, o envolvimento de toda a família é fundamental para garantir o sucesso do
tratamento e permitir a adesão dos pacientes à terapia. Em situações de obesidade grave ou na
presença de morbidades associadas, sempre que possível deve-se recorrer ao atendimento por
equipe multiprofissional, formada por pediatra que atue na área de nutrologia, nutricionista,
psicólogo, assistente social e educador físico, entre outros. O tratamento de crianças e
adolescentes com sobrepeso ou obesidade não deve ser protelado, pois as possibilidades de
persistência dessas condições na vida adulta estão relacionadas com o tempo de duração da
doença e a sua gravidade.
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Síndrome metabólica
A síndrome metabólica (SM) é uma condição clínica composta de anormalidades
antropométricas, fisiológicas e bioquímicas que predispõem os indivíduos afetados ao
desenvolvimento de diabetes tipo 2 e de doença cardiovascular. Mais que a adiposidade total,
o componente clínico central da síndrome é a gordura visceral e a principal anormalidade
metabólica é a resistência insulínica (RI). A RI tem natureza poligênica, mas a sua expressão
fenotípica depende de fatores como um estilo de vida relacionado ao consumo excessivo de
gorduras e carboidratos aliado à inatividade física. Acredita-se, assim, que a SM seja
desencadeada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Efeitos do aumento da Resistência Insulínica
• Aumento da síntese hepática da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL-C), devido
à maior produção de triglicerídeos pelo fígado e ao menor catabolismo;
• Resistência à ação insulínica da lipoproteína lipase nos tecidos periféricos;
• Aumento da síntese de colesterol com LDL-C menores, mais densas e mais ricas em
apolipoproteína B;
• Redução dos níveis e do tamanho da lipoproteína de alta densidade (HDL-C);
• Aumento da atividade simpática;
• Proliferação das células da camada muscular lisa da parede vascular e aumento da
formação de placas.
• Aumento da produção, pelos adipócitos, de substâncias como leptina, adiponectina e
resistina, além de outras citoquinas como a interleucina-6, fator de necrose tumoral α
e inibidor do ativador de plasminogênio 1, que estão envolvidas na atividade
inflamatória vascular, predispondo à formação de estrias e placas ateromatosas.
Fatores de risco
• Peso de nascimento, tanto o pequeno quanto o grande para a idade gestacional;
• Exposição intrauterina ao diabetes e/ou à obesidade materna;
• Sobrepeso e obesidade, principalmente se há o acúmulo de gordura
predominantemente abdominal;
• Dislipidemias;
• Hipertensão arterial sistêmica
• História pessoal de intolerância à glicose ou diabetes gestacional;
• História familiar de DM2, de doença cardiovascular ou hipertensão arterial;
• Presença de acantose nigrans, adrenarca precoce e síndrome de ovários policísticos.
Diagnóstico
Não existe ainda consenso sobre a definição da síndrome metabólica em crianças e
adolescentes, no entanto o aparecimento, isolado ou associado, de alterações clínicas e
laboratoriais implica monitoração frequente e eventual encaminhamento para serviços
especializados. A seguir, há uma tabela (Tabela 7.9) que estabelece os critérios para o
diagnóstico de síndrome metabólica.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Tabela 7.9 – Critérios diagnósticos para a síndrome metabólica na criança e no adolescente até 16 anos
Critério Especificação
Obesidade* Circunferência abdominal > p90
Hipertrigliceridemia >150 mg/dL
Baixo HDL-c <40 mg/Dl
Hipertensão arterial Sistólica >130 mmHg ou diastólica > 85 mmHg
Intolerância à glicose Glicemia de jejum >100 mg/dl ou presença de diabetes mellitus tipo 2
Fonte: Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação / Sociedade Brasileira de
Pediatria, 2012.
*A obesidade é um critério obrigatório para o diagnóstico, que exige a sua presença mais a de pelo
menos outros dois critérios.
Como manejar?
O enfoque pediátrico deve ser basicamente preventivo e de atenção à detecção precoce de
qualquer componente da SM na infância. Os programas que propõem estilo de vida saudável
com reeducação alimentar e estímulo à atividade física são as propostas existentes para reduzir
a obesidade e suas morbidades, incluindo a SM, na infância e adolescência. A perda de peso, o
controle da pressão arterial, das dislipidemias e da hiperglicemia são os objetivos a serem
alcançados no tratamento da SM. O uso de uma droga que aumenta a tolerância à glicose, como
a metformina, pode ser útil para impedir a progressão da doença.
Conclusão
A detecção precoce e as medidas preventivas e de controle das DCNT, representadas pela
hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, obesidade e síndrome metabólica em crianças e
adolescentes, são estratégias de promoção da saúde e prevenção de agravos, com impacto na
redução da morbimortalidade da população jovem e adulta.
Referências
CUNHA JCB, ZARDO LA, RIBEIRO OOP. O OLHAR PEDIÁTRICO NA AVALIAÇÃO DO ESTUDANTE: DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO
ENSINO MÉDIO. IN: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, ORGANIZADOR. PRONAP/PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CONTINUADA EM PEDIATRIA. SÃO PAULO: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. 2013;XVI(3):40-63.
ACESSO: 27 SETEMBRO DE. 2019.
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HTTP://WWW.UPTODATE.COM/CONTENTS/DEFINITIONANDSCREENINGFORDYSLIPIDEMIAINCHILDREN. ACESSO: 15 DE MAIO
DE 2015.
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JOSE EGIDIO PAULO DE OLIVEIRA, SERGIO VENCIO]. – SAO PAULO: AC FARMACEUTICA, 2015. DISPONÍVEL EM:
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ESCRIVÃO MAMS. OBESIDADE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA. IN: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, ORGANIZADOR.
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FALUDI AA, IZAR MCO, SARAIVA JFK, CHACRA APM, BIANCO HT, AFIUNE NETO A ET AL. ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ
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<HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?SCRIPT=SCI_ARTTEXT&PID=S0066-
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FAULHABER MCB, FERNANDES MA, ROISEMAN MML, TAAM-FILHO W. DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA: UM
CASO DE SAÚDE PÚBLICA? REVISTA DE PEDIATRIA SOPERJ. 2009; 10(1): 4-15
____________________________________________________________________________
101
Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
FLYNN JT, KAELBER DC, BAKER-SMITH CM, BLOWEY D, CARROLL AE, DANIELS SR, ET AL. CLINICAL PRACTICE GUIDELINE FOR
SCREENING AND MANAGEMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS. PEDIATRICS.
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2017;140(3):E20171904.
FONSECA FAH. DOENÇA ATEROSCLERÓTICA NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE. REV SOC CARDIOL ESTADO DE SÃO PAULO,
2013;23(2):121-23
I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA. ARQ BRAS CARDIOL 2005; 84(SUPL
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I DIRETRIZ DE PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA. ARQ BRAS CARDIOL 2005; 85(SUPL
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LAHTERMAN B, PEDROSO GC, VIEIRA MLF. DEMANDAS ESCOLARES PARA O PEDIATRA DO SÉCULO XXI. IN: SOCIEDADE
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SÃO PAULO: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. 2013;XVI(3):18-34.
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LOPES HF. OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA NA CRIANÇA E ADOLESCENTE. REV SOC CARDIOL ESTADO DE SÃO PAULO,
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MAIA APJS. AVALIAÇÃO AUDITIVA: COMO PROCEDER. REVISTA DE PEDIATRIA SOPERJ. 2011; SUPLEMENTO:35-39
MALACHIAS MVB, SOUZA WKSB, PLAVNIK FL, RODRIGUES CIS, BRANDÃO AA, NEVES MFT, ET AL. 7ª DIRETRIZ BRASILEIRA
DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. ARQ BRAS CARDIOL 2016; 107(3SUPL.3):1-83
MANAGEMENT OF PEDIATRIC DYSLIPIDEMIA. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.UPTODATE.COM/CONTENTS/MANAGEMENT-OF-
PEDIATRIC-DYSLIPIDEMIA. ACESSO: 15 DE MAIO DE 2015.
MASCARETTI LAS. O ENSINO DE SAÚDE ESCOLAR NO CENTRO DE SAÚDE ESCOLA “PROF. SAMUEL B. PESSOA” DA FACULDADE
DE MEDICINA DA U.S.P. - DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA. PEDIATRIA (SÃO PAULO). 1997; 19(4):234-240
OBESIDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA – MANUAL DE ORIENTAÇÃO / SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA.
DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE NUTROLOGIA. 2ª. ED. – SÃO PAULO: SBP. 2012. ACESSO: 27 SETEMBRO DE. 2019.
PETERSON AL, MCBRIDE PE. A REVIEW OF GUIDELINES FOR DYSLIPIDEMIA IN CHILDREN AND ADOLESCENTS . WMJ.
2012;111(6):274-81; QUIZ 282.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. HIPERTENSÃO ARTERIAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. MANUAL DE
ORIENTAÇÃO: DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE NEFROLOGIA, V. 2, P. 1–25, 2019.
Anexos
____________________________________________________________________________
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
Anexo 7.1.1 – Valores de pressão arterial, de acordo com o sexo e idade, a partir dos quais
haveria necessidade de avaliação adicional do paciente.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019, adaptado de Flynn et al, 2017.
____________________________________________________________________________
103
Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
Anexo 7.1.2 – Percentis de pressão arterial sistêmica para meninos por idade e percentis de
estatura, de 1 a 9 anos.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019, adaptado de Flynn et al, 2017.
____________________________________________________________________________
104
Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
Anexo 7.1.3 – Percentis de pressão arterial sistêmica para meninos por idade e percentis de
estatura, de 10 a 17 anos.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019, adaptado de Flynn et al, 2017.
____________________________________________________________________________
105
Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
Anexo 7.1.4 – Percentis de pressão arterial sistêmica para meninas por idade e percentis de
estatura, de 1 a 9 anos.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019, adaptado de Flynn et al, 2017.
____________________________________________________________________________
106
Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
Anexo 7.1.5 – Percentis de pressão arterial sistêmica para meninas por idade e percentis de
estatura, de 10 a 17 anos.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019, adaptado de Flynn et al, 2017.
____________________________________________________________________________
107
Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
____________________________________________________________________________
Introdução
As doenças respiratórias são responsáveis por elevada morbimortalidade em crianças por todo
o mundo, porém, com o avanço dos estudos científicos e a evolução da terapia inalatória, seu
prognóstico tem melhorado. A asma é um importante problema de saúde pública, tendo
prevalência de até 18% no planeta e sendo a terceira causa de hospitalização entre crianças e
adultos jovens no Brasil, gerando elevados custos para o sistema de saúde, absenteísmo escolar
e incapacidade para atividades físicas, podendo interferir no desenvolvimento psicossocial da
criança.
O advento da via inalatória como principal via de administração de medicamentos na asma e em
outros quadros respiratórios nas diversas faixas etárias se deve à elevada deposição da droga
diretamente no órgão atingido pela doença; isso possibilita início de ação mais rápido da
medicação, potencialização do efeito terapêutico, diminuição do efeito sistêmico e a
possibilidade de prescrição de drogas que não sejam tão efetivas quando administradas pela via
oral.
O resultado da terapêutica está relacionado com uma série de aspectos, como as propriedades
farmacológicas das drogas administradas, propriedades físicas envolvidas na geração de
aerossóis e aspectos clínicos de cada paciente. O aerossol é uma suspensão de partículas sólidas
e gotículas de líquido no ar que se deposita no pulmão por três mecanismos básicos:
• Impactação inercial (partículas maiores que 5 µm): são depositadas nas vias aéreas
superiores e orofaringe dependendo do fluxo inspiratório.
• Sedimentação gravitacional (partículas entre 1 e 5 µm): devido ao efeito gravitacional
sobre as partículas, atinge vias aéreas inferiores, apresentando maior eficácia clínica.
• Difusão Browniana (partículas menores que 1 µm): são inalados e exalados, resultado
da colisão e coalescência das partículas com a estrutura da via aérea.
Logo, com base na teoria dos mecanismos de deposição e do tamanho de partículas, as
partículas entre 1 a 5μm são as que melhor alcançam as vias aéreas inferiores.
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Dispositivos Inalatórios
Três tipos de geradores de aerossóis são usados para administração de medicamentos
inalatórios: os inaladores pressurizados dosimetrados, os inaladores de pó seco e os
nebulizadores.
• Inalador Pressurizado Dosimetrado (IPD): dispositivo pequeno e portátil, que distribui
doses dosimetradas. Devido às altas perdas de medicação na orofaringe e à dificuldade
de coordenação manual, os espaçadores/aerocâmaras são frequentemente usados
como dispositivos auxiliares para a administração do medicamento.
• Inalador de Pó Seco (IPS): fornece medicamento em forma de pó, normalmente com um
sistema acionado pela inspiração em alta velocidade.
• Nebulizador de Pequeno Volume: converte soluções/suspensões de drogas líquidas em
aerossol por meio de ar comprimido, oxigênio ou um compressor.
A escolha de um dos tipos de dispositivos deve ser individualizada e feita após observação de
fatores como faixa etária, satisfação do paciente ao dispositivo e adesão ao tratamento,
segurança e custo/efetividade. A principal causa de falha terapêutica é o uso incorreto dos
dispositivos, portanto, é fundamental que os profissionais da saúde saibam orientar e monitorar
os pacientes quanto à técnica empregada.
Inalador pressurizado dosimetrado
Os inaladores pressurizados dosimetrados (IPD), dispositivos inalatórios mais utilizados em todo
o mundo, representam um avanço na terapêutica das doenças respiratórias se comparados aos
nebulizadores convencionais usados anteriormente. Seu surgimento permitiu otimizar a oferta
de drogas como broncodilatadores e corticosteroides para o território pulmonar e diminuir os
efeitos colaterais locais e sistêmicos. Os medicamentos disponíveis sob a forma de IDP são:
salbutamol, beclometasona, fluticasona, formoterol, salmeterol, e as associações
beclometasona e formoterol, fluticasona e salmeterol ou fluticasona e formoterol.
São dispositivos portáteis que possuem doses fixas múltiplas e pressurizadas (2-3 atm) com
partículas entre 1 e 50 µm (aquelas entre 1 e 5 µm alcançam porções distais da árvore
traqueobrônquica) e contém a droga em solução ou em suspensão com surfactantes; além
disso, alcançam uma deposição pulmonar de partículas de até 20%, sendo que o restante fica
depositado em orofaringe, e por isso é fundamental a lavagem da cavidade oral após o uso.
Tradicionalmente, os clorofluorcarbonos (CFC) eram utilizados como propelentes nos inaladores
dosimetrados, mas, devido ao reconhecido dano que esses gases causam à camada de ozônio,
os hidrofluoralcanos (HFA) vêm progressivamente substituindo essa função. Após o disparo do
dispositivo, as partículas medicamentosas são liberadas com velocidade de 100 km/hora e
transformam-se em aerossol ao entrar em contato com a atmosfera, sendo, portanto,
importante distanciar o dispositivo 3 a 5 cm da boca, para haver tempo de evaporação do
propelente e consequente redução do diâmetro e da velocidade do aerossol. A Figura 8.1 retrata
os principais componentes dos inaladores pressurizados dosimetrados.
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Espaçadores/Aerocâmaras
Espaçadores são dispositivos extensores para interface entre o IPD e a via aérea do paciente;
eles aumentam a deposição intrapulmonar ao mesmo tempo que diminuem a deposição em
orofaringe, já que reduzem a velocidade das partículas devido à evaporação destas, as quais
adquirem um fluxo mais laminar e uma massa aerodinâmica minimizada. As partículas maiores
acabam ficando retidas no próprio espaçador, sem alcançar a cavidade oral, assim, esses
dispositivos facilitam o uso do IPD em crianças que ainda não mantém um bom controle sobre
a própria respiração, além de diminuir os efeitos colaterais locais causados pela deposição
medicamentosa em orofaringe, como irritação, candidíase e disfonia, e os efeitos adversos a
nível sistêmico.
Os espaçadores disponíveis no mercado variam em volume (145 a 750 mL) que é determinado
pelo volume corrente do paciente, sendo que se pode estabelecer que 300mL seja ideal para a
maioria dos pacientes; forma (cilindro, cone, pera, esfera); sistema de válvulas e material (metal
ou plástico). É recomendado que sejam usados junto com os adaptadores em máscara ou bocal,
como registrado na Figura 8.2, que mostra espaçadores acoplados a máscaras de tamanhos
variados e acoplados a bocal: a máscara deve ser indicada para pacientes menores de três anos
de idade, como ilustrado na Figura 8.3, e o bocal estimulado a partir dessa idade, como mostrado
na Figura 8.4.
Embora o termo espaçador seja utilizado na prática clínica para se referir a qualquer tipo de
dispositivo de extensão, esses são categorizados em espaçadores ou aerocâmaras. Assim, o
espaçador é um dispositivo de extensão simples que adiciona espaço entre o IPD e a boca; a
aerocâmara é um dispositivo espaçador com válvulas unidirecionais para conter o aerossol até
ser inalado, com exalação para o ar ambiente. Apesar das diferenças conceituais, a técnica de
execução é similar.
As técnicas de execução do IPD com espaçador e máscara e IPD com espaçador e bocal estão
descritas no Anexo 8.1 e Anexo 8.2, respectivamente. Sugestões de vídeos sobre os IPDs e
espaçadores: (1) IPDs:
https://youtu.be/s4UxAstCpuM?list=PL1a7e5nmjiWKhYJZxsoJHjlOAv4czE7c7 ; (2) Espaçadores:
https://youtu.be/s9KVL2pMS3k?list=PL1a7e5nmjiWKhYJZxsoJHjlOAv4czE7c7 .
Inaladores de Pó Seco
Os inaladores de pó seco (IPS) são dispositivos isentos de propelentes, cuja eficácia depende
principalmente da capacidade do paciente gerar e manter alto fluxo inspiratório, visto que é
esse o mecanismo através do qual as partículas medicamentosas micronizadas em forma de pó
se transformam em aerossol e alcançam a deposição pulmonar.
Como o IPS exige um maior controle respiratório, e um fluxo inspiratório rápido para ser
considerado eficaz, não é rotineiramente indicado à população pediátrica, não é utilizado em
situações de resgate ou em crianças pequenas, sendo assim recomendado para tratamento de
manutenção da asma em crianças maiores, a partir de cinco anos de idade. O medicamento em
pó usado nos IPS pode estar puro ou associado à lactose como carreador. Esses dispositivos são
extremamente frágeis em relação à umidade, devendo ser mantidos em ambientes secos e sem
contato com a expiração do paciente.
Existem dois tipos básicos de IPS: (1) unidose, em que o fármaco está armazenado em cápsulas
de pó com uma única dose; (2) multidose, em que o fármaco se encontra num reservatório com
múltiplas doses. Os IPS mais utilizados para a população pediátrica no Brasil são: Aerolizer®,
Diskus® e Turbuhaler®.
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O dispositivo multidose pode ter o fármaco em doses individualizadas, como por exemplo o
Diskus®, cujas doses estão em discos de alumínio ou, num depósito, como por exemplo o
Turbuhaler®. Carregar o dispositivo disponibiliza o fármaco para inalação. O dispositivo Diskus®
(Figura 8.6), apresenta marcador unitário da dose, o que permite certificar que o medicamento
foi liberado e quantas doses ainda restam, e está disponível para o salmeterol, fluticasona e a
associação de ambos. O dispositivo Turbuhaler® (Figura 8.7), não possui mecanismo para saber
se a dose foi inalada e encontra-se disponível para a terbutalina, formoterol, budesonida e
associação desta com formoterol.
A técnica de uso dos inaladores de pó seco encontra-se descrita no Anexo 8.3, Anexo 8.4 e Anexo
8.5. Sugestões de vídeos sobre a técnica de uso de cada dispositivo: (1) Aerolizer:
https://youtu.be/ap8gk60yP0k?list=PL1a7e5nmjiWKhYJZxsoJHjlOAv4czE7c7 ; (2) Diskus:
https://youtu.be/j9tKwmVss64?list=PL1a7e5nmjiWKhYJZxsoJHjlOAv4czE7c7 ; (3) Turbuhaler:
https://youtu.be/Yo9Ak2uKQx8?list=PL1a7e5nmjiWKhYJZxsoJHjlOAv4czE7c7 .
Nebulizadores
Os nebulizadores, por muito tempo, foram os únicos dispositivos disponíveis para inaloterapia.
Os nebulizadores ultrassônicos, que geram o aerossol através da rápida vibração de um cristal
piezelétrico, e os nebulizadores a jato, onde o aerossol é gerado pelo princípio de Bernoulli,
podem ser usados em qualquer faixa etária, mas têm de forma geral uma baixa eficácia com
pouca deposição pulmonar, e por isso vêm progressivamente perdendo espaço para aparelhos
mais modernos.
Novos nebulizadores ativados pela respiração e com desempenho melhorado pela respiração
oferecem eficácia superior, porém são caros e alguns inconvenientes de nebulizadores
convencionais, como dependência de um compressor de ar para funcionamento, alto nível de
emissão de ruídos e necessidade de limpeza frequente, também ocorrem com esses inaladores.
Apesar das adversidades, há algumas situações em que o uso dos nebulizadores é indispensável,
como em casos de pacientes com fibrose cística. A técnica de uso dos nebulizadores encontra-
se ilustrada na Figura 8.8 e descrita no Anexo 8.6.
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Tabela 8.10 – Estratégia baseada em etapas para garantir a utilização adequada dos
dispositivos inalatórios
Escolher Escolher o dispositivo mais apropriado para cada paciente;
Evitar o uso de múltiplos dispositivos, para evitar confusões.
Checar Checar a técnica em cada oportunidade;
Pedir ao responsável pelo paciente que demonstre como usa o dispositivo, não
apenas perguntar se sabe usá-lo.
Corrigir Demonstrar ao responsável pelo paciente como se usa o dispositivo
corretamente; pode-se lançar mão de um placebo;
Checar a técnica novamente; pode ser necessário repetir esta etapa mais de uma
vez;
Considerar outro dispositivo apenas se o paciente não for capaz de usá-lo após
algumas sessões de treinamento.
Confirmar Conhecer a técnica correta de cada um dos dispositivos que são prescritos;
Farmacêuticos e enfermeiras treinados podem oferecer dicas de uso dos
dispositivos.
Fonte: Chong Neto HJ et al.,2018; GINA, 2019
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Conclusão
A inaloterapia assume papel relevante no tratamento das doenças respiratórias em pediatria. A
nebulização convencional ainda é utilizada, mas se observa alto estresse e desconforto da
criança e familiares, em grande parte devido ao maior tempo de terapêutica. A terapia com
aerossóis por meio de dispositivos mais modernos possibilita maior adesão e eficácia
terapêutica. Para isso, o conhecimento dos principais dispositivos encontrados no mercado,
suas vantagens, desvantagens e técnicas de uso, permite indicar a modalidade mais adequada
para o paciente, de acordo com seu quadro clínico, idade e habilidades. É essencial que a equipe
de saúde saiba como utilizá-los e como orientar e monitorar o uso correto pelos
cuidadores/pacientes pediátricos, aspectos cruciais para garantir a eficácia do tratamento por
via inalatória.
Referências
AGUIAR, RITA ET AL. TERAPÊUTICA INALATÓRIA: TÉCNICAS DE INALAÇÃO E DISPOSITIVOS INALATÓRIOS. REV
PORT IMUNOALERGOLOGIA, LISBOA, V. 25, N. 1, P. 9-26, MAR. 2017. DISPONÍVEL EM
<HTTP://WWW.SCIELO.MEC.PT/SCIELO.PHP?SCRIPT=SCI_ARTTEXT&PID=S0871-
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AMERICAN ASSOCIATION FOR RESPIRATORY CARE. A GUIDE TO AEROSOL DELIVERY DEVICES FOR RESPIRATORY
THERAPISTS, 4TH EDITION, 2017. DISPONÍVEL EM < HTTPS://WWW.AARC.ORG/WP-
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AMIRAV I, NEWHOUSE MT. REVIEW OF OPTIMAL CHARACTERISTICS OF FACE-MASKS FOR VALVED-HOLDING
CHAMBERS (VHCS). PEDIATRIC PULMONOLOGY. 2008;43(3):268-74. DISPONÍVEL EM
<HTTPS://ONLINELIBRARY.WILEY.COM/DOI/ABS/10.1002/PPUL.20767>. ACESSO EM 28 OUT. 2019.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; FUNDO DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. MANUAL AIDPI CRIANÇA: 2 MESES A 5 ANOS. 1. ED. BRASÍLIA, DF:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017.
FREITAS, BRUNNELLA ALCANTARA CHAGAS DE; SANTOS, ELAINE TRAVAGLIA. LABORATÓRIO DE HABILIDADES
NA SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PEDIATRIA. 2. ED. VIÇOSA: EDITORA UFV, 2016.
GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA – GINA- UPDATE 2019. DISPONIVEL EM: <WWW.GINASTHMA.ORG>.
ACESSO EM 28 OUT. 2019.
LEÃO, E.: CORREA, E. J.; MOTAJ, A. C. PEDIATRIA AMBULATORIAL. 4. ED. BELO HORIZONTE: COOPMED,
2005.
MUCHÃO FP, FILHO LV. ADVANCES IN INHALATION THERAPY IN PEDIATRICS. J PEDIATR (RIO J).
2010;86(5):367-376. DOI:10.2223/JPED.2024.
MUCHAO, FÁBIO PEREIRA ET AL. AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE O USO DE INALADORES
DOSIMETRADOS ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO. J. BRAS. PNEUMOL. SÃO PAULO,
V. 34, N. 1, P. 4-12, JAN. 2008. DISPONÍVEL EM
<HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?SCRIPT=SCI_ARTTEXT&PID=S1806-
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NETO HJC, SOLÉ D, CAMARGOS P, ROSÁRIO NA, SARINHO EC, CHONG-SILVA DC, ET AL. DIRETRIZES DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA E SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA PARA SIBILÂNCIA E
ASMA NO PRÉ-ESCOLAR. BRAZ J ALLERGY IMMUNOL. 2018;2(2):163-208. DISPONÍVEL EM < HTTP://AAAI-
ASBAI.ORG.BR/DETALHE_ARTIGO.ASP?ID=868>. ACESSO EM 28 OUT. 2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. ASMA PEDIÁTRICA E VIA INALATÓRIA- VANTAGENS SOBRE O
TRATAMENTO ORAL, 2005. DISPONÍVEL EM:
<HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/FILEADMIN/USER_UPLOAD/IMG/CURSOS/ASMA/ASMA_PEDIATRICA01.PDF
>. ACESSO EM: 23 SET. 2019.
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Anexos
Anexo 8.1 – Técnica de uso do inalador pressurizado dosimetrado
Anexo 8.1.1 – Técnica de uso do inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e máscara
Passo Etapa crítica
1 Retire a tampa do frasco de aerossol e agite-o por 10 segundos
2 Adapte o aerossol ao espaçador (aerossol na posição vertical); utilize o espaçador com máscara
3 Posicione a criança com a cabeça mais elevada
4 Posicione a máscara na face e observe se a boca e o nariz estão bem envolvidos pela máscara
5 Segure o aerossol na posição vertical entre o indicador e o polegar, com o polegar na base.
Pressione apenas uma vez
6 Mantenha a máscara na face por 20-30 segundos ou o tempo necessário para a criança realizar
4-5 inspirações (a criança deve inspirar lentamente pela boca, se possível, com uma pausa no
final de cada inspiração, com o objetivo de aumentar a deposição pulmonar da medicação)
7 Aguarde no mínimo 30 segundos para repetir a dose caso necessário (deve-se refazer todo o
processo)
8 Após o término do procedimento, oriente a criança a fazer bochecho com água; ou higienize a
boca
Fonte: American Association for Respiratory Care, 2017; Aguiar et al., 2017.
Anexo 8.1.2 – Técnica de uso do inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e peça bocal
Passo Etapa crítica
1 Retire a tampa do aerossol e agite-o por 10 segundos
2 Adapte o aerossol ao espaçador (aerossol na posição vertical); utilize o espaçador sem máscara
3 Posicione a criança sentada com a cabeça elevada
4 Segure o aerossol na posição vertical entre o indicador e o polegar, com o polegar na base
5 Peça que a criança solte o ar e coloque o espaçador na boca; puxe o ar de forma lenta e
profunda, sincronizada com o disparo da medicação (pressione apenas uma vez)
6 Peça que a criança realize uma pausa respiratória de 5 a 10 segundos
7 Retire o espaçador e peça para a criança respirar normalmente
8 Aguarde no mínimo 30 segundos para repetir a dose caso necessário (deve-se refazer todo o
processo)
9 Após o término do procedimento, oriente a criança a fazer bochecho com água
Fonte: American Association for Respiratory Care, 2017; Aguiar et al., 2017.
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Figura 9.2 – Aspiração de vias aéreas (cavidade oral e narinas) com sonda traqueal.
Fonte: SBP, 2016.
No caso do RN que foi levado à mesa de reanimação por não ser de termo, por não apresentar
respiração regular ou por hipotonia, e com a presença de líquido amniótico meconial, é
prudente, durante a realização dos passos iniciais, aspirar a boca e as narinas com sonda de
aspiração traqueal no 10.
É importante lembrar que os passos iniciais da estabilização/reanimação atuam como um
estímulo sensorial importante para o início da respiração.
Uma vez feitos os passos iniciais, avaliam-se a respiração e a frequência cardíaca.
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A seguir, se a avaliação do RN evidencia respiração espontânea regular e FC > 100 bpm, sempre
que possível, ainda na sala de parto, deixá-lo em contato pele-a-pele com a mãe, coberto com
tecido de algodão seco e aquecido. De maneira continuada, observar a atividade, o tônus
muscular e a respiração/choro. Contudo, se a avaliação do RN evidencia apneia, respiração
irregular e/ou FC < 100 bpm, deve-se iniciar a VPP com máscara facial ainda nos primeiros 60
segundos de vida.
Se após 30 segundos de ventilação efetiva, o neonato não melhora e há forte suspeita de
obstrução de vias aéreas, pode-se indicar a retirada do mecônio residual da hipofaringe e da
traqueia sob visualização direta, para tal, o profissional deverá fazer laringoscopia. A aspiração
traqueal propriamente dita é feita através da cânula traqueal conectada a um dispositivo para
aspiração de mecônio e ao aspirador a vácuo, com uma pressão máxima de 100 mmHg. Nessa
situação, aspirar o excesso de mecônio uma única vez.
Não é mais preconizada a aspiração das vias aéreas ao desprendimento do polo cefálico do
concepto na vigência de líquido amniótico meconial.
Figura 9.5 – Testagem do balão autoinflável (o dedo indicador mostra a abertura da válvula
de escape).
Fonte: SBP, 2016.
Oxigênio suplementar
Quando a VPP é indicada no RN ≥ 34 semanas, iniciar com ar ambiente (oxigênio a 21%). Uma
vez iniciada a ventilação, recomenda-se o uso da oximetria de pulso para monitorar a oferta do
oxigênio suplementar. O sensor neonatal deve ser instalado no membro superior direito, na
região do pulso radial, para monitorar a SatO2 pré-ductal (Figura 9.6). Após posicionar o sensor,
conectá-lo ao cabo do oxímetro. A leitura confiável da SatO2 demora cerca de 1-2 minutos após
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o nascimento, desde que haja débito cardíaco suficiente e com perfusão periférica. Os valores
desejáveis de SatO2 variam de acordo com os minutos de vida e encontram-se demonstrados na
Tabela 9.3.
Quando o RN não melhora e/ou não atinge os valores desejáveis de SatO2 com a VPP em ar
ambiente, recomenda-se sempre verificar e corrigir a técnica da ventilação antes de oferecer
oxigênio suplementar. Nos casos em que é necessária a suplementação de oxigênio, indica-se a
mistura oxigênio/ar comprimido, ajustada por meio de um Blender para que se atinja a SatO2
desejável (Figura 9.7). Se necessário, serão feitos incrementos de 20%, cuja avaliação é feita a
cada 30 segundos, tempo necessário para que haja equilíbrio da concentração oferecida pela
ventilação em toda região pulmonar.
Tendo ocorrida oferta de oxigênio suplementar em qualquer fase do processo de reanimação,
esteja atento para desmame progressivo da oferta de oxigênio. Faça uma concha com sua mão
e cubra cavidade oral e nasal do neonato com látex dentro da concha, ofertando a fração
inspirada de oxigênio que foi necessária. Mantendo saturação de oxigênio, frequência cardíaca
e padrão respiratório estáveis, desfaça a concha e afaste gradativamente o látex das narinas do
RN.
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Tabela 9.4 – Cânula traqueal de acordo com o peso ao nascer ou a idade gestacional
Peso (gramas) Idade gestacional (semanas) Tamanho da cânula * (mm)
Abaixo de 1000 Abaixo de 28 2,5
1000 – 2000 28 – 34 3,0
2000 – 3000 34 – 38 3,5
Acima de 3000 Acima de 38 3,5 – 4,0
Fonte: Adaptado de SBP, 2016.
* Diâmetro interno.
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anular e mínimo formam a letra “E”. Tomar cuidado para não comprimir laringe e globos
oculares. O selo entre face e máscara é crítico para o sucesso da ventilação. Este ajuste é
sumarizado na Figura 9.10.
Se, após 30 segundos de VPP com máscara, o paciente apresentar FC >100 bpm e respiração
espontânea e regular, deve-se suspender o procedimento.
Se, após 30 segundos de VPP com máscara, o RN mantém FC < 100 bpm e/ou não retoma a
respiração espontânea regular, deve-se verificar o ajuste entre face e máscara, a permeabilidade
das vias aéreas (posicionar a cabeça, aspirar secreções e manter a boca aberta) e a pressão
inspiratória, corrigindo o que for necessário. Verificar também se o equipamento está
funcionando adequadamente. Quando o RN não melhora com a VPP em ar ambiente,
recomenda-se sempre verificar e corrigir a técnica da ventilação antes de oferecer oxigênio
suplementar.
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Se o RN não melhorar após a correção da técnica da ventilação, está indicado o uso da cânula
traqueal como interface para a VPP. Recomenda-se, durante períodos prolongados de
ventilação com máscara, a inserção de sonda orogástrica para diminuir a distensão gástrica.
VPP por meio da cânula traqueal
As indicações de ventilação por meio de cânula traqueal em sala de parto incluem: ventilação
com máscara facial não efetiva, ou seja, se após a correção de possíveis problemas técnicos, a
FC permanece < 100 bpm; ventilação com máscara facial prolongada, ou seja, se o paciente não
retoma a respiração espontânea; e aplicação de massagem cardíaca. Além dessas situações, a
intubação traqueal e a inserção imediata de sonda gástrica (Figura 9.11) são indicadas nos RN
portadores de hérnia diafragmática que necessitam de VPP.
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A ponta distal da cânula deve estar localizada no terço médio da traqueia, na altura da primeira
vértebra torácica. Sabendo-se a idade gestacional, seguir as recomendações demonstradas na
Tabela 9.4. Caso a idade gestacional seja desconhecida, usar a regra prática “peso estimado (kg) +
6” para calcular o comprimento da cânula a ser inserido na traqueia, sendo o resultado
correspondente à marca, em centímetros, a ser fixada no lábio superior.
Tabela 9.4 – Guia de posicionamento da marca da cânula no lábio superior de acordo com a
idade gestacional.
Idade Gestacional Marca no lábio superior (cm)
34 semanas 7,5
35 - 37 semanas 8,0
38 - 40 semanas 8,5
41 ou mais semanas 9,0
Fonte: Adaptado de SBP, 2019.
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A compressão torácica deve ser sempre acompanhada de ventilação com pressão positiva. A
ventilação e a compressão torácica são realizadas de forma sincrônica, mantendo-se uma
relação de 3:1 com uma frequência de 120 eventos por minuto (90 movimentos de compressão
e 30 ventilações), e com o ritmo “1 e 2 e 3 e ventila e 1...” Nesse ritmo, os números 1, 2 e 3 se
referem à compressão (sístole) e a palavra “e” se refere à liberação (diástole).
A compressão torácica deve continuar enquanto a FC estiver < 60 bpm. A VPP, durante a
compressão torácica, deve ser administrada através da cânula traqueal. A reavaliação da FC
será realizada somente após 60 segundos de compressão torácica coordenada à ventilação.
Considera-se melhora quando, após a VPP acompanhada de compressão torácica, o RN
apresenta FC > 60 bpm. Nesse momento, interrompem-se apenas as compressões. Caso o
paciente apresente respirações espontâneas regulares e a FC atinja valores >100 bpm, a
ventilação pode ser suspensa. Em geral, quando o RN foi submetido à massagem cardíaca na
sala de parto, é prudente transportá-lo intubado à unidade de terapia intensiva neonatal.
Considera-se falha do procedimento se, após 60 segundos de compressão torácica e VPP com
cânula traqueal e oxigênio suplementar, o RN mantém FC < 60 bpm, ou seja, a primeira revisão
da FC e padrão respiratório deve ser feita entre 45 e 60 segundos após o início das compressões,
valendo ressaltar que as reavaliações devem ocorrer a cada 30 segundos após quaisquer outras
ações na reanimação neonatal. Nesse caso, verificar a posição da cânula, a permeabilidade das
vias aéreas e a técnica da ventilação e da massagem, corrigindo o que for necessário. Se, após a
correção da técnica da VPP e massagem, não há melhora, considera-se o cateterismo venoso
umbilical de urgência e indica-se o emprego de drogas, como a adrenalina.
Medicações
Quando a FC permanece < 60 bpm, a despeito de ventilação efetiva por cânula traqueal com
oxigênio a 100% e acompanhada de massagem cardíaca adequada, o uso de adrenalina,
expansor de volume ou ambos está indicado. A adrenalina na reanimação neonatal deve sempre
ser preparada na diluição de 1:10.000 em soro fisiológico. A diluição, modo de preparo, dose e
via de administração das medicações encontram-se resumidas na Tabela 9.5.
A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a endovenosa, sendo a veia
umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso umbilical deve ser inserido de emergência,
assim que houver indicação do uso de medicações na sala de parto. Introduzir o cateter na veia
e progredir apenas 1-2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar sua localização
em nível hepático.
Enquanto o cateterismo venoso umbilical está sendo realizado, pode-se administrar uma única
dose de adrenalina (0,05-0,1 mg/kg) por via traqueal, mas sua eficácia é questionável. Se
utilizada a via traqueal e não houver aumento imediato da FC, administrar a adrenalina
endovenosa. Esta é aplicada na dose de 0,01-0,03 mg/kg.
Quando não há reversão da bradicardia com a adrenalina endovenosa, assegurar que a VPP e a
massagem cardíaca estão adequadas, repetir a administração de adrenalina a cada 3-5 minutos
(sempre por via endovenosa na dose 0,03 mg/kg) e considerar o uso do expansor de volume. A
expansão de volume é feita com soro fisiológico na dose de 10 mL/kg lentamente, em 5-10
minutos, podendo ser repetida a critério clínico.
Apenas um em cada 1.000 RN requer procedimentos avançados de reanimação (ventilação
acompanhada de massagem e/ou medicações) quando a VPP é aplicada de maneira rápida e
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efetiva. Nos casos em que o neonato não responde às medidas até aqui instituídas, deve-se
pensar na hipótese de choque e iniciar expansão volumétrica.
Um sumário das medidas previamente expostas, acerca do processo geral de assistência ao recém-
nascido na sala de parto, pode ser estudado no Fluxograma da Figura 9.18.
Nos anexos (Anexo 9.1, Anexo 9.2, Anexo 9.3, Anexo 9.4), encontram-se listas de verificação de
desempenho para cada situação já abordada neste capítulo, com o objetivo de sistematizar as
informações e ajudar na execução das tarefas de cada cenário.
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1- Gestação a termo?
Nascimento 2- Respirando ou chorando?
3- Tônus muscular em flexão Sim a todos
---
----------------------------
Cuidados de rotina
junto à mãe:
Prover calor Prover calor
Posicionar cabeça Manter vias aéreas pérvias e
----
30 segundos
não
--
----------------
sim sim
sim
Minutos SatO2 Pré-
Assegurar VPP adequada; Garantir de vida Ductal
adaptação face/ máscara; Considerar Até 5 70-80%
O2 suplementar; Considerar 5-10 80-90%
intubação. >10 85-95%
FC < 60 bpm?
sim
sim
Adrenalina endovenosa **
FC < 60 bpm?
Expansão volêmica ***
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Conclusão
As intervenções com vistas à melhoria da qualidade da assistência neonatal permitem um
nascimento seguro e constituem-se em estratégias de redução da morbimortalidade infantil.
Referências
BERNOCHE C, TIMERMAN S, POLASTRI TF, GIANNETTI NS, SIQUEIRA AWS, PISCOPO A ET AL. ATUALIZAÇÃO
DA DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E CUIDADOS DE EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE CARDIOLOGIA – 2019. ARQBRASCARDIOL. 2019; 113(3):449-66
FREITAS, BRUNNELLA ALCANTARA CHAGAS DE; SANTOS, ELAINE TRAVAGLIA. LABORATÓRIO DE HABILIDADES
NA SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PEDIATRIA. 2. ED. VIÇOSA: EDITORA UFV, 2016.
MANUAL DE REANIMAÇÃO NEONATAL / EDITOR JOHN KATTWINKEL; ORGANIZAÇÃO,
TRADUÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DO MANUAL RUTH GUINSBURG E MARIA FERNANDA BRANCO
DE ALMEIDA. 6 ED. SÃO PAULO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, 2013. EDIÇÃO EM PORTUGUÊS
TRADUZIDA DA 6. ED. ORIGINAL: TEXTBOOK OF NEONATAL RESUSCITATION BY ACADEMY OF PEDIATRICS AND
AMERICAN HEART ASSOCIATION, C2011. ISBN 978-62377-09-9.
REANIMAÇÃO DO PREMATURO < 34 SEMANAS EM SALA DE PARTO: DIRETRIZES 2016 DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 26 DE JANEIRO DE 2016. DISPONÍVEL EM
WWW.SBP.COM.BR/REANIMACAO
REANIMAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO > 34 SEMANAS EM SALA DE PARTO: DIRETRIZES 2016 DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 26 DE JANEIRO DE 2016. DISPONÍVEL EM
WWW.SBP.COM.BR/REANIMACAO
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Anexos
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19 Pede ajuda adicional Para esse cenário complexo, mais ajuda pode ser
necessária. Indica a necessidade de ajuda para a
inserção de cateter venoso umbilical e administração
de medicações.
19 Depois de 60 segundos de FC permanece < 60 bpm. Está em apneia e o oxímetro
massagem cardíaca, avalia a FC, de pulso não capta sinal de pulso.
respiração e SatO2
20 Pode considerar a Adrenalina: 1:10.000
administração de adrenalina Dose intratraqueal: 0,5-1,0 mL/kg
traqueal, enquanto insere o Nenhuma resposta é esperada com a adrenalina
cateter umbilical venoso intratraqueal até pelo menos 1 minuto e, talvez, por
mais tempo.
21 Insere ou orienta a inserção do A massagem cardíaca é feita com o profissional
cateter umbilical venoso posicionado próximo à cabeça do RN após a intubação.
Inserir o cateter 2-4 cm e segurar ou fixar para evitar
seu deslocamento.
22 Depois de 60 segundos de A FC permanece < 60 bpm. Está em apneia e a
massagem cardíaca, avalia a FC, oximetria ainda não capta sinal de pulso.
respiração e SatO2
23 Administra/orienta Adrenalina: 1:10.000
administração de adrenalina Dose endovenosa: 0,1-0,3 mL/kg
endovenosa Empurre a medicação com 0,5-1,0 mL de soro
fisiológico.
24 Depois de 60 segundos de FC superior a 60 bpm. Apresenta suspiros ocasionais e
massagem cardíaca, avalia a FC, o oxímetro de pulso capta o sinal.
respiração e SatO2
25 Interrompe a massagem Interrompe a massagem cardíaca se FC > 60bpm.
cardíaca e continua a ventilar na Reavalia a cada 30 segundos.
frequência de 40-60
respirações/minuto
26 (Opcional) Baseado no cenário, Fatores de risco: placenta prévia, descolamento
identifica a necessidade de prematuro de placenta, perda sanguínea do cordão
repor volume (indica solução, umbilical.
dose, via e velocidade) Soluções: soro fisiológico, ringer lactato ou
concentrado de hemácias O Rh negativo.
Dose: 10 mL/kg em 5-10 minutos.
Via: veia umbilical.
Velocidade: em 5-10 minutos.
27 Continua a monitorar a FC, Ajusta a [O2] de acordo com a oximetria de pulso e a
respiração e SatO2 a cada 30 idade, em minutos, do RN. Continuar VPP até FC > 100
segundos durante a reanimação bpm e respiração adequada (o RN pode continuar
intubado).
28 Encaminha para cuidados pós- Avaliação e monitoração continuadas. Comunicação
reanimação efetiva com os pais.
Avaliação final Total
Fonte: SBP, 2016; Manual de reanimação neonatal, 2013.
* Habilidades comportamentais: conhecer o seu ambiente; antecipar e planejar; assumir o papel de
líder profissional; comunicar-se de forma efetiva; delegar a carga de trabalho de modo otimizado;
alocar a sua atenção de maneira sábia; usar toda a informação disponível; empregar todos os recursos
disponíveis; pedir ajuda quando necessário; manter o comportamento profissional.
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E/ou
□ Removem a cânula traqueal, oferecem VPP com máscara e repetem a intubação
Ou
□ Consideram a inserção de resgate da máscara laríngea.
Avaliação final Total
Fonte: SBP, 2016; Manual de reanimação neonatal, 2013.
* Durante o procedimento de intubação, o papel de quem intuba está na coluna da esquerda e de
quem auxilia, na coluna da direita. Algumas ações e decisões podem ser feitas pelos dois profissionais
(colunas fundidas).
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Introdução
Conceito: A PCR é a interrupção da circulação sanguínea, que manifesta pela falta de
responsividade, apneia (ou gasping) e ausência de pulso detectável.
Em pediatria, a evolução para uma PCR tem caráter progressivo na maioria das vezes. Ou seja,
dificilmente advém de eventos cardíacos súbitos. O desenrolar típico é o
bebê/criança/adolescente em um processo de insuficiência respiratória e/ou instabilidade
hemodinâmica por algum agravo clínico que leva à deterioração da função para insuficiência
cardiopulmonar por hipóxia.
Partindo desse pressuposto, provavelmente eventos não presenciados de PCR não serão de
origem cardíaca. O paciente que tem potencial de estar em PCR ou evoluir para tal tem
necessidade de ajuda; logo, é de fundamental importância prevenir processos patológicos que
levam à PCR, reconhecer e tratar precocemente a angústia/insuficiência respiratória e o choque
antes da evolução para PCR.
O desfecho da condição do paciente – morte e sobreviver com ou sem sequelas, após uma PCR
está diretamente associado à assistência no suporte básico de vida (SBV), apesar de ser sempre
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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de prognóstico ruim. Por isso, é necessário uma rápida RCP e ativação do Serviço Médico de
Urgência, dentro de ações organizadas (Figura 10.1):
Avaliar Identificar
Intervir
Nos próximos tópicos iremos discutir as características para uma eficiente RCP, entretanto, vale
ressaltar que existem variações de condutas no SBV conforme a faixa etária.
• Bebês – com menos de 1 ano de idade, excluindo-se os recém-nascidos.
• Crianças – entre 1 ano de idade à puberdade.
• Adolescentes – após aparecimento de sinais pré-púberes: pelos axilares em meninos e
mamas em meninas). Vale ressaltar que, a partir dessa faixa etária, são seguidas as
recomendações de RCP para adultos.
A abordagem do neonato excede o escopo desse capítulo e encontra-se no capítulo de
Assistência ao recém-nascido na sala de parto.
Reconhecimento da PCR
Diante de uma vítima pediátrica em potencial PCR, deve-se ter em mente como agir nessas
situações. Se você não presenciou o evento, considere-o sempre progressivo.
O primeiro socorrista que se encontra ao lado de um bebê ou criança que não responde deve
executar rapidamente os seguintes passos (Tabela 10.1):
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Em seguida, avalie se a vítima está respirando normalmente e tem pulso – isso vai ajudá-lo a
determinar as ações apropriadas subsequentes.
Avalie a respiração e o pulso central conjuntamente, não menos que 5 e por, no máximo, 10
segundos; essa atitude abrevia o tempo do início da RCP se necessária.
Verificação da respiração
Durante os 10 segundos, observe se há elevação do tórax da vítima:
• Se ela respira e tem pulso, monitore até a chegada do socorro complementar.
• Se ela não respira ou apresenta apenas gasping, ela está em parada respiratória ou (se
não houver pulso) parada cardiorrespiratória (PCR). Vale ressaltar: O gasping não é
considerado uma respiração normal e é um sinal de PCR.
Verificação do pulso
Durante os 10 segundos de abordagem, observe a respiração e palpe o pulso da vítima conforme
a faixa etária (Figura 10.2):
• Bebês: Palpar pulso braquial
• Criança e adolescentes: Palpar o pulso carotídeo ou pulso femoral
Pode ser difícil palpar o pulso em qualquer vítima, particularmente em bebês e crianças. Por
isso, se não sentir nenhum pulso em 10 segundos, inicie a RCP com as compressões torácicas.
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Compressões
Qualidade das compressões
Além do reconhecimento e abordagem rápidos da PCR, uma RCP de qualidade e eficiente é
determinante do desfecho do paciente. A compressão torácica eficiente é fundamental para
manter o bombeamento de sangue para órgãos vitais. Logo, essa deve ser forte, rápida, com
profundidade e localização adequadas, esperando o retorno total do tórax após cada
compressão e limitando as interrupções a menos de 10 segundos. O retorno do tórax permite
que o sangue flua para o coração.
Localização torácica da compressão
A Figura 10.3 demonstra o posicionamento das mãos para a compressão torácica.
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(1) (2)
Figura 10.5 – Manobras para abertura e manutenção de via aérea pérvia: (1) manobra de inclinação da
cabeça e elevação do mento; (2) manobra de elevação do ângulo da mandíbula.
Fonte: Gonzalez et al., 2013.
Respiração
Oferecer suporte ventilatório faz parte de uma RCP eficiente, evitando ventilação excessiva.
Cada ventilação de resgate deve ser administrada por cerca de 1 segundo e a cada ventilação
deve haver elevação visível do tórax da criança, fazendo 2 ventilações após cada ciclo de 15 (caso
reanimação em dupla em bebês e crianças) ou 30 compressões (caso reanimação sozinho em
qualquer faixa etária ou em dupla em reanimação de adolescente). Para ofertá-las, o socorrista
pode dispor de alguns dispositivos, a saber (Figura10.6):
• Dispositivo lenço facial e válvula unidirecional
• Dispositivo máscara de bolso ("pocket-mask")
• Dispositivo bolsa-válvula-máscara
Ademais, se o socorrista se sentir confortável para tal, pode-se fazer ventilações boca-a-boca,
com ou sem uma máscara facial descartável.
(1)
(2) (3)
Figura 10.6 – Dispositivos para ventilação pré-hospitalar: (1) lenço facial e válvula unidirecional; (2)
máscara de bolso ("pocket-mask"); (3) bolsa-válvula-máscara.
Fonte: Gonzalez et al., 2013.
Na Figura 10.7 está demonstrada a técnica de ventilação boca a boca, com máscara de bolso e
com dispositivo bolsa-válvula-máscara.
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Figura 10.9 - Algoritmo de suporte básico de vida (SBV) pediátrico para profissionais de saúde (um
socorrista).
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019.
DEA: desfibrilador externo automático; FC: frequência cardíaca; RCP: ressuscitação cardiopulmonar;
SME: serviço médico de emergência.
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Figura 10.10 - Algoritmo de Suporte Básico de Vida (SBV) pediátrico para profissionais de saúde dois
ou mais socorristas).
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019.
DEA: Desfibrilador externo automático; FC: Frequência cardíaca; RCP: Ressucitação cardiopulmonar;
SME: Serviço médico de emergência.
• Após colocar as pás e devidamente conectado o aparelho, será feita a análise do rítmo
da vítima, no qual irá decidir se é chocável ou não (o aparelho irá dizer). Não sendo
chocável, continuam-se as compressões.
• Se o aparelho analisar o ritmo em “chocável”, peça aos presentes socorristas para se
afastarem e certifique-se de que não há ninguém próximo ou encostado no aparelho ou
no paciente. Aperte o botão com o símbolo de um “raio” e reinicie imediatamente as
compressões.
• A cada dois minutos, o DEA irá analisar o ritmo novamente e informar qual deve ser a
próxima ação. As ações devem ser mantidas até a chegada do Suporte Avançado de Vida
ou até as manobras de ressuscitação serem bem-sucedidas (AHA, 2015; SBC, 2019).
Atenção: As vítimas acima de 8 anos seguem as instruções do uso do DEA assim como em
adultos. Deve-se observar o recurso particular de cada DEA para as vítimas menores que 8 anos
de idade: Atenuador de carga, pás específicas para idade ou botão de seleção da idade, para que
a distribuição elétrica seja somente a necessária para aquele indivíduo.
Entretanto, não havendo atenuador de carga, pás específicas ou seleção de idade, use aparelho
de adultos com carga de adulto. Esteja atento a distância mínima de 3cm entre as pás. Considere
a possibilidade de colocar uma pá no tórax anterior e a outra, posterior.
Observe que a checagem do pulso só é feita no início da avaliação para diagnosticar a parada
cardiorrespiratória. A cada 2 minutos, checa-se o ritmo através do DEA.
Só interrompa as compressões para ventilação, para análise do ritmo, quando o paciente se
movimenta ou com a chegada da equipe de suporte avançado de vida.
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Obstrução parcial
Como o ar passa parcialmente pela via aérea da criança, há respiração ruidosa, com tosse,
vocalização ou choro; neste caso, a vítima deve ser incentivada a tossir.
Enquanto possível, estimule a tosse. Esta é a manobra mais efetiva para desobstrução.
Obstrução total
Como não há passagem de ar pelas vias aéreas, não há vocalização ou choro; neste caso, a
conduta dependerá do nível de consciência da vítima.
Vítimas conscientes
Em bebês: realize compressões dorsais e torácicas. Comece aplicando 5 (cinco) compressões
dorsais (região interescapular), firmes e de direção cranial, com a região hipotenar da mão
dominante, enquanto a outra mão segura o bebê levemente inclinado para baixo (Figura 10.14).
Em seguida, vire o bebê e realize 5 compressões torácicas com a técnica dos dedos
perpendiculares ao tórax no mesmo local das compressões cardíacas. Repita esse ciclo até a
remoção do corpo estranho – expressão de tosse ou choro, ou até a vítima perder a consciência.
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Figura 10.14 – Compressões em dorso e em tórax para desobstrução de via aérea superior.
Fonte: Freitas e Santos, 2016.
Vítimas inconscientes
Se a vítima perder a consciência durante tentativa de desobstrução, coloque-a sobre superfície
rígida e inicie a RCP pelas compressões, não devendo ser feita pesquisa do pulso. Grite por ajuda
ou acione o Serviço Médico de Urgência. Após 30 compressões, inspecione a cavidade oral da
vítima no intuito de encontrar objeto visível (se visível, retire-o em movimento de pinça).
Se o atendimento é de bebê ou criança e havendo dois socorristas, a relação
compressões/ventilação será 15:2. Jamais fazer movimentos de varredura com os dedos às
cegas, pois se corre o risco de realocar esse objeto, inclusive em parte mais distal na via aérea.
Utilize manobras de abertura de via aérea e ventilação e observe elevação do tórax visível.
Prossiga com o algoritmo do SBV.
Nos Anexos (Anexo 10.1, Anexo 10.2 e Aneso 10.3) encontram-se listas de verificação de
competências para cada situação já abordada neste capítulo, com o objetivo de sistematizar as
informações e ajudar na execução das tarefas de cada cenário.
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Conclusão
As ações realizadas nos minutos iniciais de atendimento a uma emergência, definidas pelo
suporte básico de vida, são críticas para sobrevivência da vítima. Assim, mesmo que o suporte
avançado de vida seja eficiente, as possibilidades de sobrevivência de uma vítima de PCR sofrem
impacto direto da qualidade do suporte básico oferecido.
Referências
AEHLERT, BARBARA ET AL. PALS PEDRIATRIC LIFE ADVANCED SUPPORT: STUDY GUIDE. 4. ED. BURLINGTON,
MA: JONES & BARLETT LEARNING, 2018.
ATUALIZAÇÃO DAS DIRETRIZES DE RCP A ACE: DESTAQUES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION 2015.
DALLAS, TEXAS: AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015- . 2015.
BERNOCHE C, TIMERMAN S, POLASTRI TF, GIANNETTI NS, SIQUEIRA AWS, PISCOPO A ET AL. ATUALIZAÇÃO
DA DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E CUIDADOS DE EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE CARDIOLOGIA – 2019. ARQ BRAS CARDIOL. 2019; 113(3):449-663.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. PROTOCOLOS DE INTERVENÇÃO PARA O
SAMU 192 - SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA. BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016.
DISPONÍVEL EM:
HTTPS://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/PUBLICACOES/PROTOCOLO_SUPORTE_BASICO_VIDA.PDF. ACESSO EM:
16 JUL 2020.
CARVALHO PRA, FERREIRA AR, SILVA VB, LOCH LF. DIRETRIZES DA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
PEDIÁTRICA - 2015. RESID PEDIATR. 2016;6(3):155-
163 DOI: HTTPS://DOI.ORG/10.25060/RESIDPEDIATR-2016.V6N3-13
DIAS, AMANDA. COMO UTILIZAR O DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO. IESPE, [S. L.], P. 1, 17 OUT.
2017. DISPONÍVEL EM: HTTPS://WWW.IESPE.COM.BR/BLOG/DEA-DESFIBRILADOR-EXTERNO-AUTOMATICO/.
ACESSO EM: 16 AGO. 2019.
FREITAS, BRUNNELLA ALCANTARA CHAGAS DE; SANTOS, ELAINE TRAVAGLIA. LABORATÓRIO DE HABILIDADES
NA SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PEDIATRIA. 2. ED. VIÇOSA: EDITORA UFV, 2016.
GONZALEZ MM, TIMERMAN S, GIANOTTO-OLIVEIRA R, POLASTRI TF, CANESIN MF, SCHIMIDT A ET AL . I
DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E CUIDADOS CARDIOVASCULARES DE EMERGÊNCIA DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. ARQ. BRAS. CARDIOL. [INTERNET]. 2013 AUG
[CITED 2020 JULY 17] ; 101( 2 SUPPL 3 ): 1-221. AVAILABLE FROM:
HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?SCRIPT=SCI_ARTTEXT&PID=S0066-
782X2013003600001&LNG=EN. HTTP://DX.DOI.ORG/10.5935/ABC.2013S006.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. DOCUMENTO CIENTÍFICO. PROGRAMA DE REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA
(2016-2018). SET 2019. SUPORTE BÁSICO DE VIDA E A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DA CRIANÇA VÍTIMA DE
PARADA CARDÍACA. DISPONÍVEL EM: HTTPS://WWW.SBP.COM.BR/FILEADMIN/USER_UPLOAD/_22040C-
DOCCIENT_-_SUPBASICO_CRIANCA_VITIMA_PARADACARDIACA__002_.PDF. ACESSO EM: 17 JUL 2020.
Anexos
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Anexo 10.1 – Lista de verificação em suporte básico de vida, para reanimação cardiopulmonar em
bebês
Anexo 10.1 – Lista de verificação em suporte básico de vida, para reanimação cardiopulmonar em
bebês
Etapas de desempenho críticas Sim
Avaliação e ativação
1 Verifica se o paciente responde
2 Grita por ajuda/aciona o serviço médico de emergência
3 Verifica a respiração
4 Verifica o pulso (em até 10 segundos)
Assim que o aluno grita por ajuda, o instrutor diz: “Aqui está o dispositivo de barreira.”
Ciclo 1 de RCP (30:2)
5 Executa compressões de alta qualidade
- Colocação de dois dedos no centro do tórax, logo abaixo da linha mamilar
- 30 compressões durante no mínimo 15 e no máximo 18 segundos
- Comprime no mínimo um terço da profundidade do tórax, aproximadamente 4
cm
- Retorno total do tórax após cada compressão
6 Administra duas ventilações com um dispositivo de barreira
- Cada ventilação é administrada durante 1 segundo
- Elevação visível do tórax a cada ventilação
- Reinicia as compressões em menos de 10 segundos
Ciclo 2 de RCP (repete os passos do Ciclo 1)
7 Marque apenas se o passo for executado com êxito
- Compressões
- Ventilações
- Reinicia as compressões em menos de 10 segundos
O segundo socorrista chega com um dispositivo bolsa-válvula-máscara e inicia a ventilação, enquanto
o primeiro socorrista continua as compressões com a técnica de envolvimento do tórax com as mãos
e compressão com os polegares.
Ciclo 3 de RCP (15:2)
8 Primeiro socorrista: Executa compressões de alta qualidade
- Técnica de envolvimento do tórax com as mãos e compressões com os polegares
- 15 compressões durante no mínimo 7 e no máximo 9 segundos
- Comprime no mínimo um terço da profundidade do tórax, aproximadamente 4
cm
- Retorno total do tórax após cada compressão
Segundo socorrista: Ventilações (não é avaliado)
Ciclo 4 de RCP (15:2)
9 Segundo socorrista: Compressões (não é avaliado)
Primeiro socorrista: Administra duas ventilações com dispositivo bolsa-válvula-
máscara
- Cada ventilação é administrada durante 1 segundo
- Elevação visível do tórax a cada ventilação
- Reinicia as compressões em menos de 10 segundos
Avaliação final Total
Fonte: PALS: Study Guide, 2018; Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Anexo 10.2 – Lista de verificação em suporte básico de vida, reanimação cardiopulmonar em crianças
Anexo 10.2 – Lista de verificação em suporte básico de vida, reanimação cardiopulmonar em crianças
Etapas de desempenho críticas Sim
Avaliação e ativação
1 Verifica se o paciente responde
2 Grita por ajuda/aciona o serviço médico de emergência/pede para alguém buscar
o DEA/DAE
3 Verifica a respiração
4 Verifica o pulso (em até 10 segundos)
Assim que o aluno grita por ajuda, o instrutor diz: “Aqui está o dispositivo de barreira. Vou pegar o
DEA/DAE.”
Ciclo 1 de RCP (30:2)
5 Executa compressões de alta qualidade
- Colocação das mãos na metade inferior do esterno
- 30 compressões durante no mínimo 15 e no máximo 18 segundos
- Comprime no mínimo um terço da profundidade do tórax, aproximadamente 5
cm
- Retorno total do tórax após cada compressão
6 Administra duas ventilações com um dispositivo de barreira
- Cada ventilação é administrada durante 1 segundo
- Elevação visível do tórax a cada ventilação
- Reinicia as compressões em menos de 10 segundos
Ciclo 2 de RCP (repete os passos do Ciclo 1)
7 Marque apenas se o passo for executado com êxito
- Compressões
- Ventilações
- Reinicia as compressões em menos de 10 segundos
O segundo socorrista diz: “Aqui está o DEA/DAE. Vou assumir as compressões e você usa o DEA/DAE.”
DEA/DAE (seguir instruções do DEA/DAE)
8 Liga o DEA/DAE
9 Coloca as pás adequadamente
10 Afasta-se da vítima para análise
11 Isola a vítima para administrar o choque com segurança
12 Administra um choque com segurança
Reinicia as compressões
13 Assegura que as compressões sejam reiniciadas imediatamente após a
administração do choque
- O aluno instrui o instrutor para reiniciar as compressões ou
- O aluno reinicia as compressões
Avaliação final Total
Fonte: PALS: Study Guide, 2018; Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Anexo 10.3 – Lista de verificação em suporte básico de vida, obstrução de via aérea por corpo
estranho (OVACE)
Anexo 10.3 – Lista de verificação em suporte básico de vida, obstrução de via aérea por corpo estranho
(OVACE)
Etapas de desempenho críticas Sim
Vítima consciente, OVACE leve (criança é capaz de emitir sons e tossir de forma forçada)
1 Não intervenha, chame ajuda e deixe que a criança tente eliminar a obstrução
tossindo
Vítima consciente, OVACE intensa, bebê
1 Confirma a obstrução completa da via aérea
2 Ministra até 5 golpes nas costas e até 5 compressões torácicas
3 Repete a etapa 2 até expelir o objeto ou a vítima deixar de responder
Vítima consciente, OVACE intensa, criança e adolescente
1 Pergunta: “Você está engasgado?”. Se a criança acenar com a cabeça ou de alguma
forma indicar que “sim”, diz que vai ajudar
2 Levanta-se ou ajoelha-se atrás da criança. Administra compressões
abdominais/manobra de Heimlich
3 Repete as compressões abdominais até expelir o objeto ou a vítima deixar de
responder
Vítima para de responder
4 Grita por ajuda/aciona o serviço médico de emergência
5 Coloca a criança no chão. Se a criança não responde e não respira, inicia a RCP (sem
verificar pulso)
6 Toda vez que abrir a via aérea para administrar ventilações, olha dentro da boca.
Caso veja algum objeto que possa ser facilmente removido, remove-o. Se não
enxergar nenhum objeto, continua a RCP.
7 Prossegue com a RCP por cerca de 2 minutos (ou 5 ciclos). Se estiver sozinho, deixa
a criança para ativar o sistema de resposta de emergência. Continua a RCP até a
chegada de profissionais capacitados.
Avaliação final Total
Fonte: PALS: Study Guide, 2018; Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2019.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Introdução
A abordagem da criança gravemente enferma é um evento desafiador até para médicos
experientes. A importância de uma tomada de decisão segura e o manejo de várias condições
subjacentes graves, pode gerar uma pressão enorme sobre o profissional que tende a não
oferecer o melhor serviço e sujeitar o paciente a desfechos sombrios. Entendendo a relevância
do problema, as sociedades médicas propuseram que o atendimento passe a ser sistematizado,
isto é, que sua atenção e ações sejam direcionadas a aspectos específicos do atendimento em
sequências pré-determinadas com algoritmos de resposta. Isso proporciona, ao médico, uma
rotina de abordagem que evita um possível esquecimento do manejo de complicações graves e
o melhor atendimento cientificamente testado e, ao estudante, uma ordem de aprendizado de
habilidade simulada e didática.
Nesse capítulo serão discutidas em detalhes as fases da abordagem à criança grave e a dinâmica
de uma equipe de resposta rápida em pediatria.
Impressão Geral
O atendimento da criança pode ser iniciado antes mesmo da sua entrada no consultório. O
médico, a partir de uma observação rápida, porém cuidadosa da criança, é capaz de obter
informações muito importantes a respeito da condição clínica que ela apresenta, e ao perceber
qualquer alteração ficar atento para prontamente abordá-la.
Para garantir, desde a ectoscopia, uma abordagem sistematizada, a Academia Americana de
Pediatria (AAP) sugere o uso do triângulo de avaliação pediátrica (TAP). O TAP direciona a
avaliação do médico para a aparência, esforço respiratório e circulação (Figura 11.1).
• Aparência: fundamentalmente deve ser avaliada responsividade, critério que alterará
sua abordagem para definir se há necessidade de implementar protocolo de parada. A
AAP definiu o mnemônico TICLS para abordar os 5 principais aspectos da aparência:
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Tônus, Interatividade, Consolabilidade, Olhar (do inglês Look) e Fala (do inglês Speech).
Aspectos detalhados na Tabela 11.1.
• Respiração: avalia se há esforço ou insuficiência respiratória por parte da criança. Sinais
de esforço respiratório incluem: respiração ruidosa, batimento de aleta nasal,
respiração abdominal, uso de musculatura acessória e dispneia. Ao passo que a
insuficiência tem os mesmos sinais observados no esforço, mas representa uma situação
descompensada, em que, mesmo com o aumento do esforço respiratório não é capaz
de suprir a demanda de oxigenação tecidual. Se não abordado esse paciente evoluirá
para parada cardiorrespiratória.
• Circulação: avalia-se sinais cutâneos de má perfusão e, por conseguinte, choque.
Presença de cianose, cianose, palidez, livedo reticular são sinais de centralização de
fluxo e má perfusão periférica.
Protocolo de parada
Caso o socorrista encontre a criança inconsciente, ele deve parar essa sequência de atendimento
e imediatamente avaliar respiração e pulso central por 5 a 10 segundos. Apesar de haver
múltiplas causas que podem cursar com perda da consciência na infância, a ausência de um ou
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dos dois reflete oxigenação e/ou perfusão encefálica insuficiente que demanda o início do
protocolo de parada. A Figura 11.2 sumariza tais condutas.
Sim Não
O paciente está responsivo?
Sim
Não
Sim
NÃO
Não
Inicie reanimação
cardiopulmonar
Figura 11.2 –Fluxograma de protocolo de parada.
Fonte: Adaptado de PALS: Provider's Handbook, 2018.
Avaliação Primária
Se o profissional definiu que o quadro é uma emergência com base no triângulo de avaliação
inicial, a equipe de atendimento deve ser acionada e monitorização instalada. Em seguida, o
líder deve iniciar a avaliação primária, um exame rápido e objetivo que procura determinar
agravos de saúde de coloquem a vida do paciente em risco eminente. Nesse momento muitas
vezes ainda não é possível determinar o diagnóstico etiológico, mas o médico deve realizar os
diagnósticos sindrômicos a fim de tomar as medidas terapêuticas adequadas para cada situação.
Como se faz necessário checar a capacidade de ventilar, oxigenar e distribuir sangue oxigenado
para os tecidos e, especialmente, garantir perfusão e oxigenação cerebral, foi instituído o
mnemônico ABCDE para que o socorrista sistematize e não se esqueça de todas as etapas do
exame (Figura 11.3). É importante ressaltar que no atendimento em equipe as etapas da
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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avaliação primária são frequentemente realizadas simultaneamente, e isso deve ser estimulado,
uma vez que o principal objetivo é diagnosticar e tratar o paciente no menor tempo hábil.
Responsividade
Apesar de não estar englobado estritamente no ABCDE, chamar pelo paciente e avaliar sua
responsividade é uma avaliação simples e rápida, e sua ausência indica o acometimento de
algum item no ABCDE. O médico deve ter em mente que, para uma criança responder
verbalmente, ou, dependendo da idade, chorar, ela precisa ter perviedade de vias aéreas, um
tórax que se expande, um sistema cardiovascular que mantém uma pressão de perfusão
cerebral e consciência preservada.
A: Vias Aéreas e Coluna Cervical
Primeiro item ao se avaliar na urgência é a patência das vias aéreas, pois se comprometido não
há como haver respiração eficiente.
Múltiplas etiologias podem cursar com obstrução de vias aéreas (Tabela 11.2) e, para determinar
as possíveis causas, os sinais semiológicos se tornam necessários. A presença de estridor leva ao
raciocínio clínico para doenças glóticas como crupe ou laringite, ao passo que a presença de voz
abafada induz o raciocínio para uma obstrução supraglótica como, por exemplo, um corpo
estranho. Gorgolejos são sugestivos de conteúdo líquido em via aérea superior (VAS) e roncos
se associam a obstrução parcial da VAS. A presença do uso de musculatura acessória, agitação
(hipóxia) ou torpor (hipercapnia) deve levantar a hipótese de obstrução de vias aéreas
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Nessa etapa da avaliação, a proteção da coluna cervical é incluída para crianças com suspeita de
trauma.
Intervenções
Para crianças dispneicas, conscientes, sem indício de trauma e sem obstrução grave ou
progressiva da VAS deve-se instalar máscara não-reinalante com reservatório e O2 a 100%
(12L/min), permitir o posicionamento mais confortável (se inconsciente, realize extensão do
mento ou, se suspeita de trauma cervical, tração da mandíbula). Qualquer líquido que possa vir
a obstruir VAS (vômito, sangue ou outras secreções) deve ser aspirado. Caso observada apneia,
iniciar o protocolo de parada respiratória.
Para crianças dispneicas com rebaixamento de nível de consciência, obstrução grave ou
progressiva, trauma maxilo facial, trauma cervical e as indicações descritas a seguir, no tópico
“Respiração” (Tabela 11.3) tem indicação para receber uma via aérea avançada, isto é
dispositivo que se fixa abaixo da laringe com um balonete, impedindo ingresso de conteúdo
indesejado e permitindo administração direta de oxigênio, sendo a mais comum a intubação
orotraqueal (técnica descrita no Capítulo 12).
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Caso seja detectada uma obstrução supraglótica, pode ser realizada a laringoscopia direta na
tentativa de remoção do objeto ou conteúdo. Em caso de insucesso, é indicada a
cricotireodostomia por punção.
B: Respiração
Após garantir a perviedade das vias aéreas, o médico deve direcionar sua atenção à ventilação
da criança enferma. O exame inclui a frequência e ritmo respiratório, detecção de esforço
respiratório, expansibilidade torácica, ausculta respiratória, oximetria de pulso e capnografia
sempre que disponível.
As crianças apresentam faixas de frequência respiratória fisiológicas diferentes a depender da
idade (Tabela 11.4), sendo que qualquer quantidade abaixo da faixa ideal da ideal representa
bradipneia e qualquer quantidade acima representa taquipnéia. São múltiplas as causas de
bradipneia, mas em geral são resultado de alterações neurológicas, metabólicas e intoxicações,
ou mesmo, fadiga respiratória. Ao passo que a taquipneia frequentemente está associada a uma
resposta compensatória devido a estados de baixa oxigenação ou baixa perfusão, podendo
também estar associada alterações neurológicas e/ou metabólicas.
Tabela 11.4 - Frequências respiratórias normais de acordo com a faixa etária em repouso
Idade Frequência ventilatória fisiológica (incursões respiratórias por minuto)
0 - 1 ano 30 a 60
1 - 3 anos 24 a 40
4 - 5 anos 22 a 34
6 - 12 anos 18 a 30
> 12 anos 12 a 20
Fonte: Adaptado de PALS: Study Guide, 2018.
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A ausculta cardíaca deve ser objetiva e almeja detectar alterações de ritmo e redução de fonese
das bulhas. A tríade de Beck é o critério diagnóstico de escolha para tamponamento cardíaco,
condição aguda que acumula líquido no espaço pericárdico impedindo o enchimento diastólico
ventricular, cursando com choque obstrutivo. A tríade é composta por abafamento de bulhas,
distensão venosa jugular e hipotensão. Apesar de altamente específica, a tríade está presente
em apenas 33% dos casos e, em 10%, nenhum destes sinais estão presentes.
Intervenções
Se ausência de pulso central, inicie o protocolo de parada.
Solicitar monitorização, oxigênio 100% em máscara não-reinalante e dois acessos venosos
periféricos de qualquer criança com sinais de choque. Se não for obtido acesso periférico em
três tentativas ou 90 segundos, inserir imediatamente o acesso intraósseo (sua técnica é
abordada no Capítulo 14). Iniciar reposição volêmica em bolus, com solução cristaloide isotônica
10-20 mL/kg para criança com aparente choque hipovolêmico ou distributivo e 5-10 mL/kg para
aquela com possível choque cardiogênico, ambas em até 15 minutos. É fundamental avaliação
próxima e constante do paciente a partir desse momento para que seja avaliada a necessidade
de repetição da infusão ou início de drogas vasoativas. Abordagem detalhada no Capítulo 14.
Caso observada uma alteração no ritmo, realizar monitorização, administrar O2 100%, e obter
acessos periféricos. Determinar o padrão do ritmo e seguir propedêutica específica, cujo
detalhamento encontra-se no Capítulo 13.
Se observado um sangramento importante, além de instalar medidas para o paciente em
choque, realizar compressão direta sobre o local do sangramento. Se insuficiente compressão
para conter o sangramento de membro, avaliar colocação de torniquetes, atentando-se para
marcar horário de colocação. Comunicar imediatamente equipe de cirurgia.
D: Disfunção Neurológica
A quarta fase do exame consiste em uma breve avaliação neurológica que engloba avaliação do
estado mental e avaliação das pupilas. Sugere-se nessa etapa, também a realização de glicemia
capilar, dada a alta prevalência de distúrbios glicêmicos na população e a mudança no plano
terapêutico quando há uma alteração nesse exame.
Nesse momento é realizado teste para avaliação do estado metal. O AVDN é um método
simplificado que permite avaliação mais rápida do estado mental da criança (Tabela 11.6). Pode-
se de uma maneira rápida correlacionar os achados do AVDN com a pontuação da Escala de
Coma de Glasgow (GCS), conforme Tabela 11.7. Frente a um paciente com GCS igual ou inferior
a 8, deve-se considerar a via aérea avançada, dada a incapacidade de manutenção do tônus dos
músculos linguais e faríngeos e evolução com obstrução de VAS.
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A avaliação pupilar é um exame cujas alterações geram sinais importantes para o examinador.
Avalia-se miose e midríase, assimetria, fotorreatividade e movimentos anormais. Em geral esses
achados indicam lesão neurológica de provável origem central. Certos achados como midríase
e miose se acompanhados de resposta simpática ou parassimpática, respectivamente, podem
alertar o médico para um quadro de intoxicação.
A avaliação e acompanhamento da evolução do estado mental, em um momento posterior,
pode ser feita pela GCS. Ela é composta por avaliação da abertura ocular, resposta verbal e
resposta motora a variados estímulos com resultado variando de 3 a 15 (Tabela 11.8).
Intervenções
Ao se deparar com pacientes hipoglicêmicos com rebaixamento do nível de consciência ou
comprometimento na habilidade de deglutição, recomenda-se proceder com terapia
endovenosa. Essa consiste na infusão de 0,25mg/kg de dextrose, endovenosa em bolus, ou
infusão de glucagon 0.02 a 0.03 mg/kg, até 1mg. Após abordagem, sugere-se avaliação da
glicemia subsequente.
Ao se detectar pacientes com estados hiperglicêmicos, como cetoacidose diabética, deve-se
prontamente solicitar gasometria arterial, ionograma, monitorar a criança, obter acesso venoso
e iniciar hidratação venosa com 20 ml/kg por hora de solução cristaloide isotônica e reavaliação
constante. Cabe ao profissional avaliar a necessidade de correção de potássio ou início precoce
da insulinização, considerando que a infusão de insulina tenderá a reduzir os níveis séricos de
potássio, e este em níveis muito altos ou baixos tem potencial arritmogênico.
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E: Exposição
Essa etapa do exame objetiva identificar lesões ainda não identificadas. Para tal deve-se despir
completamente o paciente, e realizar uma busca ativa por lesões importantes como
hemorragias, equimoses e queimaduras, em especial em regiões que são passadas
despercebidas no exame como períneo e dorso. Após a avaliação deve ser realizada cobertura
do paciente com manta térmica. Caso suspeita de alteração da normotermia, aferir a
temperatura do paciente. Qualquer infusão de soro deve ser aquecida para prevenir hipotermia.
Avaliação Secundária
Após completar a avaliação primária e garantir que não há risco imediato de vida para o paciente
deve-se iniciar a avaliação secundária, composta de duas fases: na primeira, obter informações
sobre o paciente e o evento que o trouxe ao atendimento em uma entrevista objetiva, e, na
segunda, realizar um exame físico, que objetiva a obtenção do máximo de informações possíveis
sobre o quadro do paciente.
Entrevista
A entrevista será realizada pelo líder ou outro membro da equipe, buscando informações que
auxiliem no diagnóstico conclusivo. Dada a gravidade clínica do paciente, esta anamnese é mais
sucinta que a utilizada na clínica habitual. O termo SAMPLE é a regra mnemônica utilizada pelo
emergencista e representa: sintomas, alergias, medicações, passado médico, líquidos e
alimentos e o evento que o conduziu para aquela situação (Tabela 11.9).
Exame físico
Com a estabilização do quadro é possível realizar o detalhado exame físico da avaliação
secundária que se propõe avaliar o paciente da cabeça aos pés, sistematizado a seguir:
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• Dorso: rotacione a criança para avaliar a região dorsal, em especial a procura, agora
detalhada, de alterações cutâneas como lesões ou púrpuras. Atenção que para vítimas
de trauma é necessária estabilização da coluna para realizar rotação. Repita ausculta
respiratória.
Avaliação Terciária
Trata-se dos exames laboratoriais que devem ser pedidos, e tem como objetivo diagnosticar a
causa da moléstia que acomete o paciente. Esses testes devem ser indicados em
correspondência com o raciocínio diagnóstico do médico e prover informações que reflitam
utilidade prática para decisão terapêutica ou prognóstica. Os principais exames que o médico
tem disponível estão descritos na Tabela 11.10.
Identificação do problema
Identifique o problema como respiratório, circulatório ou ambos e determine o tipo e a
gravidade do(s) problema(s) – Tabela 11.1, Tabela 11.2, Tabela 11.3.
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Reavaliação
Uma boa medicina somente é realizada ao lado do paciente, acompanhando sua evolução e
atento para descobrir informações que em exames físicos prévios podem ter vindo a passar
despercebidas. O livro Pediatric Advanced Life Support: Study Guide recomenda avaliação de
cinco em cinco minutos do paciente instável e de 15 em 15 minutos do paciente estável.
Na reavaliação, far-se-á necessária a repetição do TAP e da avaliação primária, aferição
recorrente dos sinais vitais e reavaliação cuidadosa das áreas nas quais foram identificadas
alterações. Essa avaliação permitirá ao médico compreender a evolução da doença, resposta ao
seu tratamento e identificar novos agravos. É somente assim que teremos confiança que nossas
propostas terapêuticas estão funcionando ou que pode vir a se fazer necessário reformular o
plano de terapia.
Trabalho em Equipe
Ao lidar com eventos graves em crianças e adolescentes, especialmente nas paradas
cardiorrespiratórias, o médico e sua equipe podem se sentir sobrecarregados, seja pela
intensidade do momento ou por estressores ambientais, como a presença da família. Para
oferecer o melhor atendimento, todos devem ter clareza e objetividade a despeito da gravidade
da cena. Procurando solucionar esse problema, os guidelines sugerem que, em emergências, os
profissionais se dividam em um grupo com funções claras para cada indivíduo.
O médico que está prestando atendimento ou o médico mais experiente assumirá a função de
líder da equipe. É dele a função de organizar o grupo, determinar as funções dos membros,
raciocinar a respeito dos dados clínicos coletados e propor as devidas intervenções. Ele é o
responsável por orquestrar o atendimento.
O restante dos profissionais, numa equipe ideal, assumirá os seguintes cargos: Controle de vias
aéreas e ventilação; Compressão torácica; Monitorização e cardioversão; Acesso venoso, coleta
de exames e infusão de drogas, e Anotador e cronometrista cujas funções estão descritas na
Tabela 11.14.
Tabela 11.14 – Distribuição das funções dos indivíduos em equipe de resposta a parada modelo "pit
crew"
Função Responsabilidade
Líder de equipe Tomada de decisão, designação de função, avaliação do paciente, decisão
terapêutica, controle emocional da equipe
Controle de vias Garantir oxigenação inicial com ventilação através de bolsa-máscara-válvula,
aéreas e ventilação se indicado, estabelecer via aérea avançada, se necessário administrar
indutores anestésicos e bloqueio neuromuscular
Compressor torácico Realizar 120 segundos de compressão torácica de alta qualidade, em seguida
trocar com o monitorizador a fim de evitar fadiga.
Monitorização e Instalar aparelhos de monitorização, posicionamento do monitor ou carrinho
cardioversão de parada e manejar o desfibrilador seguindo as indicações
Acesso venoso e Obter acesso venoso, coleta de materiais para análise, titulação e infusão de
infusão de drogas drogas
Anotador e Registra todas as condutas tomadas e em que minuto foram estabelecidas
cronometrista
Fonte: Adaptado de Spitzer, et al., 2019.
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A comunicação de todos os procedimentos deve ser realizada em alça fechada, isto é a ordem
dada pelo líder deve ser recebida pelo membro da equipe, que irá realizá-la e comunicar
verbalmente ao líder que o procedimento foi feito (Figura 11.5).
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Referências
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AMERICA: JONES & BARTLETT LEARNING; 2018. 176 P. ISBN: 78-1284116472.
CHAMEIDES LEON, RALSTON MARK, ET AL., EDITORS. PEDIATRIC ADVANCED LIFE SUPORT: PROVIDER MANUAL.
1ST ED. UNITED STATES OF AMERICA: AMERICAN HEART ASSOCIATION; 2016. 352 P. ISBN: 978-1-61669-
599-0.
DE CAIN ALLAN R., BERG MARC D., CHAMEIDES LEON, GOODEN CHERYL K. PART 12: PEDIATRIC ADVANCED
LIFE SUPPORT: 2015 AMERICAN HEART ASSOCIATION GUIDELINES UPDATE FOR CARDIOPULMONARY
RESUSCITATION AND EMERGENCY CARDIOVASCULAR CARE. CIRCULATION: AMERICAN HEART ASSOCIATION
JOURNAL. 2015.
DISQUE KARL, ET AL. PEDIATRIC ADVANCED LIFE SUPORT: PROVIDER HANDBOOK. 1ST ED. UNITED STATES OF
AMERICA: SATORI CONTINUUM PUBLISHING; 2016. 66 P. ISBN: 978-0997795790.
MANDAL, A., KABRA, S. AND LODHA, R. UPPER AIRWAY OBSTRUCTION IN CHILDREN. THE INDIAN JOURNAL OF
PEDIATRICS, 82(8), PP.737-744. 2015.
SPITZER CARLEEN R. CODE BLUE PIT CREW MODEL: A NOVEL APPROACH TO IN-HOSPITAL CARDIAC ARREST
RESUSCITATION. RESUSCITATION. ELSEVIER. 2019.
VO PHUONG, KHARASCH VIRGINIA S. RESPIRATORY FAILURE. PEDIATRICS IN REVIEW. AMERICAN ACADEMY OF
PEDIATRICS. 2017.
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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Introdução
Os problemas respiratórios estão entre as principais causas de parada cardiorrespiratória (PCR)
em pediatria. Pode não ser possível diferenciar desconforto e insuficiência respiratória apenas
no exame clínico, pois a insuficiência pode se desenvolver sem sinais significativos de
desconforto. Como a deterioração da função respiratória pode progredir rapidamente, são
fundamentais o reconhecimento imediato dos problemas respiratórios e seu tratamento eficaz,
assim como a sistematização da assistência de acordo com os quadros de obstrução de vias
aéreas superiores e inferiores, doença do tecido pulmonar e distúrbios do controle respiratório.
Intervenções iniciais
O tratamento do doente grave que não esteja em PCR é iniciado pela avaliação das vias aéreas
e respiração. As intervenções iniciais são baseadas na avaliação rápida e objetiva, visando
identificar o tipo e a gravidade do problema respiratório.
A gravidade do problema respiratório é caracterizada como desconforto ou insuficiência
respiratória. A insuficiência respiratória caracteriza-se por um ou mais dos seguintes achados:
frequência respiratória muito alta ou inadequada; esforço respiratório significativo ou
inadequado; baixa saturação de oxigênio, apesar do alto fluxo de oxigênio; bradicardia; cianose;
redução do nível de consciência. No desconforto, estão presentes alguns sinais anormais, mas
nenhum sinal de insuficiência respiratória. Havendo sinais de desconforto ou insuficiência
respiratória, as intervenções iniciais devem garantir a oxigenação e ventilação adequadas.
Estabelecidas as intervenções para a oxigenação e ventilação, identifica-se o tipo do problema,
para intervir de forma direcionada. Deve-se monitorar a progressão do quadro e resposta ao
tratamento, na sequência avaliar-identificar-intervir, e realizar outras intervenções se
necessário. Os resultados são melhores quando se identifica e trata os problemas respiratórios,
pois quando há progressão para a PCR, o prognóstico é ruim.
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Outra forma de manter as vias aéreas pérvias é a utilização de um coxim, situado sob os ombros
em bebês e lactentes até 2 anos e sob a cabeça, em crianças e adolescentes (Figura 12.1).
Quando corretamente posicionada, a ponta distal da cânula orofaríngea situar-se-á entre a base
da língua e a parte de trás da garganta, impedindo a língua de ocluir a via aérea (Figura 12.3).
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A cânula nasofaríngea, por sua vez, quando corretamente posicionada, se estende a partir do
nariz do paciente para a laringe (Figura 12.4).
O flange do dispositivo ficará apoiado na parte externa da narina. A ponta distal situar-se-á entre
a base da língua e o fundo da garganta, impedindo a língua de ocluir a via aérea (Figura 12.5).
como cânulas ou máscaras, e desta forma, piorar o desconforto respiratório. Se isso ocorrer,
deve-se colocar a criança em posição confortável junto aos pais ou, eventualmente, trocar a
técnica de fornecimento de oxigênio. Se as vias aéreas estiverem pérvias e a ventilação
espontânea for efetiva, pode-se administrar oxigênio por meio de diversos dispositivos. A
escolha do sistema de oferta de O2 é determinada pelo estado clínico da criança e pela
concentração desejada de oxigênio.
Dispositivos de fornecimento de oxigênio
Podem ser divididos em sistemas de baixo fluxo e de alto fluxo.
● Sistemas de baixo fluxo:
o Máscara simples de oxigênio: fluxos de O2 de 6 a 10 L/min fornecem 35-60% de
oxigênio, devido à entrada de ar pelos orifícios laterais de escape (aberturas de
exalação). A concentração será reduzida se a necessidade de fluxo inspiratório
for alta, a máscara estiver solta ou o fluxo fornecido for muito baixo.
o Cânula ou cateter nasal: Dispositivo adequado para crianças que requerem
baixas concentrações de oxigênio suplementar. A concentração de oxigênio
fornecida depende da frequência respiratória, esforço e tamanho corporal;
quanto menor a criança, maior a quantidade de oxigênio fornecida relativa ao
fluxo. A concentração de oxigênio também depende de outros fatores, como a
resistência nasal e de orofaringe, o volume corrente, fluxo inspiratório e
tamanho da nasofaringe. O fluxo máximo de O2 utilizado por este dispositivo é
de 4 L/min, fluxos maiores podem provocar irritação da nasofaringe.
● Sistemas de alto fluxo:
o Tenda facial: É um compartimento plástico flexível que pode ser mais tolerado
do que a máscara facial, mesmo com altos fluxos de oxigênio (10 a 15 L/min).
As concentrações de oxigênio, porém, não ultrapassam 40%. Uma das
vantagens desta tenda é que permite o acesso para aspiração de vias aéreas
sem interrupção do fluxo.
o Capacete ou capuz de oxigênio: invólucro de plástico transparente que abrange
a cabeça do paciente e bem tolerado em lactentes menores de um ano. Permite
fácil acesso ao tronco e às extremidades do paciente; permite controlar a
concentração de gás inspirado, sua temperatura e umidade. Fluxos de O2 de 10-
15 L/min fornecem 80 a 90% de concentração de oxigênio.
o Tenda de oxigênio: invólucro de plástico transparente que envolve a parte
superior do corpo da criança. Mesmo com fluxos de O2 elevados, acima de 10
L/min, só consegue fornecer 50% de concentração de oxigênio, pois há entrada
de ar pela abertura da tenda. Também tem a desvantagem de limitar o acesso
ao tórax do paciente e, se utilizar umidificação, a névoa produzida pode impedir
a observação do paciente.
o Máscara com reinalação parcial: consiste em uma máscara com uma bolsa
reservatório. Com fluxos de O2 de 10-12 L/min fornece concentração inspirada
de 50-60% de oxigênio, pois durante a exalação, uma parte do ar exalado
penetra na bolsa reservatório misturando-se com o oxigênio.
o Máscara não reinalante: consiste em uma máscara com uma bolsa reservatório
e duas válvulas: uma é incorporada em um ou ambos os orifícios de exalação
para evitar a entrada de ar ambiente durante a inspiração, e a outra se localiza
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Intubação traqueal
A ventilação pelo tubo traqueal é o método mais efetivo e confiável de ventilação assistida. São
situações que indicam a intubação traqueal: a) controle inadequado da ventilação pelo sistema
nervoso central; b) presença de obstrução funcional ou anatômica grave das vias aéreas; c)
perda dos reflexos de proteção das vias aéreas; d) trabalho respiratório excessivo levando à
fadiga e insuficiência respiratória; e) necessidade de alto pico de pressão inspiratória para
manter as trocas gasosas; f) necessidade de proteção das vias aéreas. Para a intubação traqueal,
são necessários tubos traqueais, lâminas de laringoscópio e sondas de aspiração. A Tabela 12.1
apresenta um guia para seleção do diâmetro interno do tubo traqueal, sonda para sucção e
lâmina do laringoscópio para bebês, crianças e adolescentes.
Tabela 12.1 – Guia para escolha do diâmetro interno do tubo endotraqueal, sonda para aspiração e
lâmina do laringoscópio em bebês, crianças e adolescentes.
Idade Tubo traqueal Lâmina laringoscópio Sonda aspiração
Recém-nascido prematuro 2,5-3,0 0/reta 4 ou 6
Recém-nascido termo 3,0-4,0 0-1/reta 6
0-6 meses 3,5-4,5 1-2/reta 8
1-2 anos 4,0-4,5 1-2/reta 8
4-6 anos 5,0-5,5 2 reta/curva 10
8-10 anos 5,5-6,0 2-3/curva 12
Maior 12 anos 7,0-7,5 3/curva 12
Fonte: Amantéa et al, 2003.
Nota: Para crianças maiores de dois anos, a distância adequada de inserção, ou profundidade, em
centímetros, é calculada tendo como referência o lábio superior do paciente: somam-se doze à
metade da idade do paciente: idade (anos) / 2 + 12; ou multiplica-se o diâmetro interno do tubo por
três: diâmetro do tubo x 3.
Os tubos traqueais sem balonete são recomendados para crianças menores de oito anos de
idade, pois entre oito e nove anos de idade, a via aérea se assemelha à do adulto, exceto pelo
tamanho. A escolha do tubo apropriado para os pacientes pediátricos, a partir de 2 anos, pode
ser baseada no seu diâmetro interno e estimada pela fórmula: Diâmetro do tubo = idade (anos) /
4 + 4. Contudo, ao se utilizar o tubo com balonete, a fórmula passa a ser: idade (anos) / 4 + 3,5.
Devem-se manter disponíveis tubos de tamanhos imediatos (maior e menor) do que o estimado
por cálculo, já que a escolha final do tubo a ser empregado se dará por ocasião da laringoscopia.
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Existem dois tipos de lâminas de laringoscópio disponíveis para o paciente pediátrico: a lâmina
reta (Miller) e a curva (Macintosh). As lâminas retas são utilizadas nos pacientes pediátricos,
principalmente nos menores de três anos, em função da situação anatômica mais anterior e
cefálica da laringe. As lâminas curvas são utilizadas nas crianças maiores e em adultos, porque
sua base é mais larga, facilitando o afastamento da língua e a visualização das cordas vocais
(posicionam-se atrás da epiglote).
Após o posicionamento do paciente, segura-se o laringoscópio com a mão esquerda e a lâmina
é introduzida lateralmente pelo lado direito da boca, procurando-se desviar a língua para a
esquerda. A lâmina mais utilizada é a reta, conhecida como lâmina de Miller, com a qual se deve
progredir suave e lentamente sobre a língua até visualizar a epiglote. A lâmina reta deve
sobrepor a epiglote para visualização da região glótica. Quando se utiliza lâmina curva, a sua
extremidade distal é colocada entre a base da língua e a valécula (Figura 12.8).
Figura 12.8 – A lâmina reta deve sobrepor a epiglote para visualização da região glótica. A
extremidade distal da lâmina curva é colocada entre a base da língua e a valécula.
Fonte: Current, 2011.
Os eixos oral, faríngeo e traqueal devem ser alinhados com o posicionamento adequado,
permitindo melhor visualização da fenda glótica com a utilização de lâmina reta (Figura 12.9).
Figura 12.9 - A) Demonstração dos eixos (oral, faríngeo e traqueal); B) alinhamento destes
eixos com o posicionamento adequado; C) visualização da fenda glótica com a utilização de
uma lâmina reta.
Fonte: Matsumoto & Carvalho, 2007.
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Anafilaxia
No caso de anafilaxia leve, suspenda o agente causador e peça ajuda. Investigue história de
alergia ou anafilaxia, por entrevista ou colar/pulseira de alerta médico. Considere dose oral de
anti-histamínico.
Na anafilaxia moderada a grave, administre epinefrina IM por autoinjetor ou seringa normal a
cada 10 a 15 minutos, conforme necessidade. Administre metilprednisolona ou corticoide
equivalente via intravenosa. Trate o broncoespasmo (sibilos) com salbutamol, utilizando
inalador dosimetrado ou nebulização e fazendo nebulizações contínuas, se conveniente. Em
caso de desconforto respiratório intenso, considere intubação ET, em prevenção ao edema de
via aérea. Se hipotensão, use a posição supina, conforme tolerância e administre cristaloide
isotônico em bolus 20 mL/kg IV, repetindo conforme necessidade. Para a hipotensão resistente
a fluídos, use epinefrina IM, administre uma infusão de epinefrina titulada para obter a pressão
arterial adequada à idade. Administre difenidramina e bloqueador de H2 (ranitidina) IV.
Obstrução de Via Aérea Superior por Corpo Estranho (OVACE)
Na suspeita de OVACE não completa, a criança é capaz de emitir sons e tossir e a recomendação
é que não haja intervenção, orienta-se chamar ajuda e deixar a criança tentar eliminar o corpo
estranho tossindo. O socorrista deve estimular o paciente a tossir. Na suspeita de obstrução
total das vias aéreas, na qual a criança não emite nenhum som ou é incapaz de tossir ou de
respirar adequadamente:
● Bebês (menores de um ano de idade): ministre cinco pancadas nas costas, seguidas de
cinco compressões torácicas; repita esses passos até que o objeto seja eliminado ou a
vítima deixe de responder.
● Crianças (um ano de idade ou mais): realize as compressões abdominais (manobra de
Heimlich).
Se, em qualquer momento, o paciente deixar de responder, chame ajuda e inicie a RCP pelas
compressões torácicas (sem verificar pulso). Antes de administrar as ventilações, verifique o
interior da cavidade oral. Caso veja corpo estranho que possa ser removido, remova-o, mas não
faça uma varredura digital às cegas na tentativa de desalojar o corpo estranho, pois há o risco
de empurrar o objeto ainda mais para dentro da via aérea, além de poder causar trauma e
hemorragia.
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estar presentes na inspiração nos casos mais graves. O pico de fluxo expiratório (PFE) representa
o fluxo expiratório máximo e ajuda a mensurar a gravidade da asma, definindo asma leve (>
80%), moderada (80-60%) e grave (< 60%). A SatO2 também varia entre a asma leve (> 95%),
moderada (91-95%) e grave (< 90%).
Na asma leve, o paciente caminha e pode se deitar; na moderada, ele fala (bebê chora breve e
suavemente, com dificuldade de se alimentar) e busca se sentar; e na grave, permanece em
repouso e curvado para frente (bebê para de se alimentar). Outros parâmetros são expostos na
Tabela 12.6, a seguir:
Na asma leve a moderada, administra-se O2 umidificado em alta concentração, via cânula nasal
ou máscara de O2; titular de acordo com a oximetria de pulso, mantendo a SatO2 sempre maior
ou igual a 94%. Administrar salbutamol por inalador com dose medida ou solução para
nebulização. Administrar corticosteroides orais.
Na asma moderada a grave, use O2 umidificado em alta concentração para manter SatO2 a 95%,
use máscara sem reinalação, se necessário. Se não funcionar, considere suporte adicional com
VPP não invasiva ou intubação ET. Use salbutamol inalatório, mas se não aliviar o sibilo e a
aeração, considere seu uso contínuo. Pode associar brometo de ipratrópio na nebulização.
Considere acesso vascular para fluidos e medicações. Administre corticosteroides VO ou IV.
Considere sulfato de magnésio por infusão lenta (15 a 30 min) de bolus IV, com monitorização
da frequência cardíaca e da pressão arterial. Faça avaliações diagnósticas, com gasometria
arterial e RX de tórax, por exemplo, se indicado.
Na asma com insuficiência respiratória iminente, todos os tratamentos acima são indicados,
acrescidos dos seguintes. Deve-se administrar O2 em altas concentrações, usando máscara não
reinalante. Administre salbutamol por NBZ contínua e corticosteroides IV. Considere terbutalina
subcutânea (SC) ou infusão IV contínua, titulando de acordo com a resposta durante a
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Nos anexos (Anexo 12.1, Anexo 12.2, Anexo 12.3, Anexo 12.4, Anexo 12.5, Anexo 12.6)
encontram-se listas de verificação de competências para cada situação já abordada neste
capítulo, com o objetivo de sistematizar as informações e ajudar na execução das tarefas de
cada cenário.
Conclusão
O comprometimento do sistema respiratório é uma das principais causas de atendimento à
população pediátrica nos serviços de urgência e emergência. A insuficiência respiratória aguda
não reconhecida é a principal causa de PCR nessa população. Dessa forma, a capacidade de se
realizar um diagnóstico precoce, reconhecer e manejar adequadamente o comprometimento
respiratório em pediatria é habilidade essencial nos cenários de urgência e emergência.
Referências
AEHLERT BARBARA, ET AL. PEDIATRIC ADVANCED LIFE SUPORT: STUDY GUIDE. 4TH ED. UNITED STATES OF
AMERICA: JONES & BARTLETT LEARNING; 2018. 176 P. ISBN: 78-1284116472.
AMANTÉA SÉRGIO L., PIVA JEFFERSON P., ZANELLA MALBA INAJÁ, BRUNO FRANCISCO, GARCIA PEDRO CELINY
R.. ACESSO RÁPIDO À VIA AÉREA. J. PEDIATR. (RIO J.) [INTERNET]. 2003 NOV [CITADO 2020 JUL 17] ; 79(
SUPPL 2 ): S127-S138. DISPONÍVEL EM:
HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?SCRIPT=SCI_ARTTEXT&PID=S0021-
75572003000800002&LNG=PT. HTTP://DX.DOI.ORG/10.1590/S0021-75572003000800002.
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Anexos
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Anexo 12.3 – Lista de verificação em caso respiratório de obstrução da via aérea superior
Anexo 12.3 – Lista de verificação em caso respiratório de obstrução da via aérea superior
Etapas de desempenho críticas Sim
Líder da equipe
1 Atribui funções aos membros da equipe
2 Usa comunicação eficaz o tempo todo
Tratamento do paciente
3 Orienta a avaliação da via aérea, respiração, circulação, disfunção e exposição,
incluindo sinais vitais
4 Orienta a administração de 100% de oxigênio ou oxigênio suplementar conforme
necessário para fornecer suporte de oxigenação
5 Orienta a aplicação de monitor cardíaco e oximetria de pulso
6 Identifica os sinais e sintomas de obstrução das vias aéreas superiores
7 Categoriza como desconforto ou insuficiência respiratória
8 Orienta a administração de epinefrina nebulizada e corticosteroide (para crupe) ou
epinefrina IM e corticosteroide IV (para anafilaxia)
9 Faz indicações para ventilação com bolsa-máscara e/ou outro suporte para via aérea
ou ventilação
Se o aluno não verbalizar as informações acima, faça-lhe a seguinte pergunta: “Quais são as indicações
para ventilação com bolsa-máscara e/ou outro suporte para via aérea ou ventilação?”
10 Orienta estabelecimento do acesso IV ou IO, se indicado
11 Orienta a reavaliação do paciente em resposta ao tratamento
Conclusão/Debriefing do caso
A etapa a seguir será avaliada somente se o escopo da prática do aluno se aplicar
Descreve como fazer (uma) estimativa do tamanho correto do tubo endotraqueal para
o referido paciente
Se o aluno não verbalizar as informações acima, faça-lhe a seguinte pergunta: “Como fazer (uma)
estimativa do tamanho do tubo endotraqueal para a referida criança com obstrução da via aérea
superior?”
Avaliação final Total
Fonte: Adaptado de AHA, 2017; PALS, 2018.
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Anexo 12.4 – Lista de verificação em caso respiratório de obstrução da via aérea inferior
Anexo 12.4 – Lista de verificação em caso respiratório de obstrução da via aérea inferior
Etapas de desempenho críticas Sim
Líder da equipe
1 Atribui funções aos membros da equipe
2 Usa comunicação eficaz o tempo todo
Tratamento do paciente
3 Orienta a avaliação da via aérea, respiração, circulação, disfunção e exposição,
incluindo sinais vitais
4 Orienta a administração de 100% de oxigênio ou oxigênio suplementar conforme
necessário para fornecer suporte de oxigenação
5 Orienta a aplicação de monitor cardíaco e oximetria de pulso
6 Identifica os sinais e sintomas de obstrução das vias aéreas inferiores
7 Categoriza como desconforto ou insuficiência respiratória
8 Orienta a administração de broncodilatador e corticosteroide (para asma) ou
aspiração, ou possíveis estudos laboratoriais adicionais (para bronquiolite)
9 Faz indicações para ventilação com bolsa-máscara e/ou outro suporte para via aérea
ou ventilação
Se o aluno não verbalizar as informações acima, faça-lhe a seguinte pergunta: “Quais são as indicações
para ventilação com bolsa-máscara e/ou outro suporte para via aérea ou ventilação?”
10 Orienta estabelecimento do acesso IV ou IO, se indicado
11 Orienta a reavaliação do paciente em resposta ao tratamento
Conclusão/Debriefing do caso
A etapa a seguir será avaliada somente se o escopo da prática do aluno se aplicar
Faz as indicações para intubação endotraqueal
Se o aluno não verbalizar as informações acima, faça-lhe a seguinte pergunta: “Quais são as indicações
para intubação endotraqueal?”
Avaliação final Total
Fonte: Adaptado de AHA, 2017; PALS, 2018.
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Introdução
Os distúrbios do ritmo cardíaco ocorrem por alterações na geração do estímulo elétrico
cardíaco, no seu processo de propagação ou por ambos os fatores. Podem ser descritos como
bradiarritmias, taquiarritmias ou ritmos de parada. Cabe ao pediatra identificar as situações que
se apresentam como urgência e emergência, pois estas podem estar ligadas à instabilidade
hemodinâmica ou choque. Arritmias sem instabilidade hemodinâmicas ou aquelas mais
complexas devem ser acompanhadas pelo cardiologista.
Na pediatria, a classificação do tipo de arritmia se dá pela avaliação dos limites de valores da
frequência cardíaca (FC), conforme faixa etária (consultar tabela no capítulo de Exame Físico em
Pediatria). Se a FC está dentro dos limites estabelecidos, ela é considerada normal. Se está acima
do limite superior ou abaixo do limite inferior, caracteriza-se, respectivamente, taquicardia e
bradicardia. Se a FC está ausente, há uma parada cardíaca.
Classificam-se, também, as arritmias em primárias ou secundárias. As arritmias primárias são
aquelas causadas por alterações cardíacas estruturais, as quais podem ser congênitas ou
adquiridas (por lesão ou infecção, por exemplo). As secundárias, mais comuns na pediatria, são
aquelas causadas por alguma doença não cardíaca grave. Neste caso, deve-se avaliar os “6Hs” e
“5Ts”. Estas causas devem ser identificadas e tratadas antes de administrar ao paciente
medicamentos que alteram a FC.
Avaliação inicial
A avaliação inicial de paciente potencialmente grave dever ser feita baseada no triângulo da
avaliação inicial, baseado na aparência do paciente (tônus, interatividade, consolabilidade,
olhar, fala e choro), sinais de comprometimento respiratório (respiração rápida, sinais de
esforço, sons anormais) e circulatório (palidez acentuada, cianose, lesões de pele). Se ao menos
um destes itens, estiver alterado, a equipe de emergência deverá ser acionada, devendo
providenciar imediatamente a monitorização cardíaca e respiratória. Iniciar, então, a avaliação
primária. Estando o paciente irresponsivo, chama-se por ajuda e avalia simultaneamente pulso
central e padrão respiratório por 5 a 10 segundos. Se não houver pulso e a respiração estiver
irregular ou ausente, assume-se que o paciente está em parada cardiorrespiratória e inicia-se
manobras de reanimação.
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Bradiarritmias
As bradiarritmias são frequentemente observadas nas crianças. As principais causas desse
distúrbio são a hipoxemia, hipercapnia, acidose e choque. Outras causas que também devem
ser consideradas são a hipoglicemia, hipotermia, reflexo vagal, hipertensão intracraniana,
bloqueio atrioventricular (BAV) congênito ou adquirido e intoxicação por medicamentos (por
exemplo, digitálicos e betabloqueadores).
Define-se a bradiarritmia por uma frequência cardíaca abaixo do limite esperado para a faixa
etária. Ela pode levar a um sério comprometimento cardiovascular, causando sintomas como
fadiga, hipotensão, queda do estado geral, síncope, dentre outros.
A identificação do pulso lento ao exame físico é suficiente para orientar a terapêutica inicial. As
informações do eletrocardiograma (ECG) sobre o mecanismo da bradiarritmia vêm em segundo
plano, uma vez que o estabelecimento do tipo de distúrbio não altera a abordagem terapêutica,
a princípio.
Os principais tipos de bradiarritmias são a bradicardia sinusal e o BAV.
Bradicardia sinusal
A bradicardia sinusal é um ritmo de frequência reduzida em relação ao esperado para a faixa
etária que se origina no nó sinusal. Toda onda P é sucedida por um complexo QRS, usualmente
de duração normal.
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Bloqueio atrioventricular
O BAV é a interrupção, completa ou parcial, da propagação do estímulo elétrico do nodo sinusal
e átrios para os ventrículos. É dividido em 1º grau, 2º grau e 3º grau.
BAV 1º grau: todos os impulsos do nodo sinusal são conduzidos para os ventrículos (onda P
sempre seguida de complexo QRS), porém, um atraso na condução do estímulo no nodo
atrioventricular gera um intervalo PR alargado.
BAV 2º grau: alguns impulsos não são conduzidos para os ventrículos. Esse grau de bloqueio é
subdividido em Mobitz I e II. No Mobitz I, o intervalo PR fica progressivamente mais largo até
que uma onda P não seja conduzida. No Mobitz II, o intervalo PR tem duração constante, porém,
periodicamente um impulso é bloqueado.
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BAV 3º grau: há um completo bloqueio dos impulsos, fazendo com que a contração atrial e
ventricular, sejam independentes entre si. Isso ocorre porque o impulso gerado no nó sinusal é
bloqueado antes de chegar ao nó atrioventricular, surgindo, assim, um marca-passo secundário
para estimular os ventrículos.
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Taquiarritmias
A taquiarritmia é um ritmo rápido, no qual a FC do paciente está acima do limite superior
estipulado para sua faixa etária. Quando instalada a taquiarritmia, é necessário avaliar no ECG a
duração do complexo QRS, a fim de classificar a origem e variáveis do distúrbio. Como explicado
anteriormente, um QRS estreito indica origem supraventricular, enquanto um QRS alargado
indica uma origem ventricular.
Taquiarritmias de QRS estreito
Taquicardia Sinusal
É uma resposta compensatória normal do organismo a eventos fisiológicos ou patológicos que
demandam maior oferta de oxigênio e aumento do débito cardíaco, como por exemplo, choro,
ansiedade, febre, hipóxia, hipovolemia, acidose, choque, dentre outros. Não é, portanto, uma
arritmia; mas sim uma resposta fisiológica. É possível perceber uma história clínica que mostra
um início gradual da taquicardia e um contexto para sua ocorrência.
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Nesse quadro, a FC é rápida para a idade, mas habitualmente não ultrapassa os valores de
220bpm em bebês (menores de 1 ano) e de 180bpm em crianças. O ECG mostra um ritmo
regular, com ondas P seguidas do complexo QRS. A FC não é fixa, variando com atividade e
outros fatores como sono/vigília, temperatura.
A terapêutica é voltada para a resolução das causas que levaram a taquicardia. Podem ser
administrados medicamentos para alívio da dor e, se necessário, repor fluidos nos casos de
hipovolemia. Não é necessário o uso de medicamentos para diminuir a FC.
Taquicardia Supraventricular (TSV)
A TSV é a taquiarritmia mais comum na faixa etária pediátrica e necessita de cuidados de
emergência. É uma condição patológica que pode ou não estar associada a alterações
estruturais cardíacas. Ao contrário da taquicardia sinusal, não há um contexto clínico que
explique o quadro, exceto em pacientes com cardiopatias conhecidas.
É caracterizada por um início e fim abruptos, com FC acima de 220bpm e 180bpm para bebês e
crianças, respectivamente. O ECG apresenta ritmo regular, geralmente sem onda P ou estas são
anormais, surgindo após o complexo QRS.
realizar massagem do seio carotídeo. A Academia Americana de Pediatria recomenda que seja
feita ECG de 12 derivações e avaliação do especialista em caso de não reversão da arritmia com
manobra vagal. Manter monitorização até resolução do caso.
Socorristas com formação avançada podem, se a taquicardia persistir, optar primeiro pela
cardioversão farmacológica com administração de adenosina 0,1 mg/kg IV(máximo 6 mg), que
é uma droga com duração de ação rápida e muito efetiva. Sua administração deve ser feita pela
técnica de bolus rápido, na qual há duas seringas conectadas por um three-way, sendo que na
primeira a ser aplicada há o medicamento e na segunda há, no mínimo, 5ml de solução
fisiológica, cuja função é “empurrar” a droga ao coração antes que a mesma perca seu efeito.
Uma segunda dose pode ser administrada na dose de 0,2 mg/kg (máximo 12 mg). Caso não
obtenha sucesso, pode ser utilizado Amiodarona (5mg/kg IV por 20 a 60 minutos) ou
Procainamida.
Em caso de insucesso, fazer a cardioversão elétrica sincronizada (CES), na qual o choque é
aplicado em sincronia com um complexo QRS. Se o paciente já estiver com um acesso, promover
a sedação e analgesia antes da CES. Fentanil, derivado da morfina, é utilizado como analgésico
e Midazolan como sedativo. Cetamina, anestésico dissociativo, também é opção com menor
risco de depressão cardiovascular, mas não devendo ser administrado em paciente com risco de
hipertensão intracraniana. A cardioversão é feita conforme os seguintes passos:
● Monitorizar o ritmo cardíaco através dos eletrodos e conectar o monitor ao
desfibrilador;
● Aplicar gel condutor nas pás do desfibrilador;
● Ligar o equipamento e colocar no modo sincronizado;
● Conferir identificação correta dos complexos QRS, pelo equipamento;
● Selecionar e carregar a energia a ser aplicada: 0,5 a 1,0 J/kg;
● Posicionar as pás corretamente, sem contato entre elas;
● Conferir novamente o ritmo antes do choque;
● Pedir a todos que se afastem da maca e do paciente, retirar a máscara de oxigênio se
estiver em uso;
● Apertar firmemente as pás no tórax do paciente e disparar a carga (as pás devem ser
mantidas firmes por algum tempo nesse procedimento);
● Conferir ritmo e pulso;
● Se a arritmia se mantém, repetir o processo com a dose dobrada (até 2 J/kg) ou, se
necessário, após medicação específica (considerar o uso da amiodarona ou
procainamida ou lidocaína, sob a supervisão de um cardiologista).
Nos casos em que o paciente está instável, o tratamento imediato é a cardioversão elétrica.
Manobra vagal e adenosina podem ser usadas antes, desde que não retardem além de 30
segundos o procedimento da CES.
Taquiarritmias de QRS alargado
Taquicardia Ventricular (TV)
A TV é uma arritmia incomum na pediatria, sendo vista principalmente em pacientes que
realizaram cirurgia cardíaca ou que têm cardiomiopatia, miocardite ou tumor no miocárdio. É
de caráter grave, pois nela os ventrículos podem ser despolarizados antes de ocorrer a contração
atrial, perdendo assim 10 a 30% do seu enchimento. Essa perda, juntamente com o ritmo
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acelerado, leva a diminuição do volume sistólico e do débito cardíaco. Além disso, a TV pode
degenerar para a fibrilação ventricular.
O ritmo ventricular varia de 120 a 250bpm. No ECG, é difícil diferenciar o complexo QRS da onda
T. Quando visualizada, a onda T está no sentido oposto a onda R. A onda P também não é
usualmente identificada. Nos casos em que ela pode ser vista, estará dissociada do complexo
QRS.
A TV é classificada como sustentada se tem duração maior que 30 segundos, podendo ter
reversão espontânea e recorrer novamente. Se menor que 30 segundos, a TV é dita como não
sustentada. Outra classificação leva em consideração o formato e amplitude do complexo QRS,
dividindo a TV em monomórfica ou polimórfica.
Na TV monomórfica, os complexos QRS apresentam sempre a mesma morfologia e amplitude,
com intervalos regulares. Na TV polimórfica, os complexos QRS são totalmente variáveis. Vale
destacar o Torsades de Pointes, um tipo de TV polimórfica, que é associada à síndrome do QT
longo.
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para evitar recorrências. Se a arritmia persistir, pode ser feita a CES. Nos pacientes instáveis, a
CES deve ser feita de imediato.
Ritmos de Parada
Um paciente com insuficiência cardiorrespiratória, com sinais de baixa oxigenação, ventilação e
perfusão, pode evoluir desfavoravelmente para uma parada cardiorrespiratória (PCR), a qual é
definida pela ausência de atividade cardíaca mecânica, o que pode ser percebido pela ausência
do pulso, perda de consciência e apneia ou gasping (respiração agônica).
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Embora a PCR possa ter várias causas, são conhecidas três principais categorias fisiopatológicas:
paradas asfixiantes (por hipóxia ou hipercapnia agudas), parada isquêmica (por baixo fluxo
sanguíneo no miocárdio, principalmente nos pacientes com choque) e parada arritmogênica
(causada por distúrbios de ritmo).
A sobrevida pós-PCR na infância é ruim, podendo haver sequelas neurológicas graves. Desse
modo, é fundamental prevenir a PCR, reconhecendo e intervindo nos sinais clínicos de
insuficiência respiratória e circulatória que podem culminar na parada.
Ritmos chocáveis
A Taquicardia ventricular sem pulso (TVSP) e a Fibrilação ventricular (FV) são ritmos chocáveis,
ou seja, aplicar choque com o desfibrilador pode reverter a arritmia. Esses ritmos podem ser
considerados como diferentes pontos de um mesmo contexto clínico, uma vez que a TVSP pode
degenerar para a FV, devendo, assim, ter a mesma abordagem.
A TVSP possui o mesmo traçado eletrocardiográfico que a TV (o qual já foi descrito
anteriormente), a diferença está na ausência de pulso.
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A AESP uma situação clínica, não uma arritmia específica. Nesta situação, há ausência de pulso
detectável, na presença de algum tipo de atividade elétrica organizada, com exclusão da
taquicardia ventricular. Geralmente, ela precede a assistolia.
Suspeitando-se de PCR, a abordagem inicial do paciente é realizada conforme o Suporte Básico
de Vida em Pediatria (Capítulo 11). Deve-se, inicialmente, verificar a segurança da cena para
depois avaliar a consciência do paciente e solicitar ajuda (chamar equipe e carro de parada). Em
seguida, checar o pulso e movimentos respiratórios que, se ausentes, indica início imediato da
ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Com a chegada do carro de parada, fazer a avaliação do
ritmo cardíaco (é importante que todos se afastem do equipamento e do paciente para evitar
interferências).
Se for identificado um ritmo chocável, deve ser aplicado no paciente um choque não
sincronizado com carga de 2J/kg. Retomar as compressões imediatamente após o choque e
estabelecer acesso venoso. Após 2 minutos de RCP, reavaliar o ritmo. Se for necessário outro
choque, a carga deve ser aumentada para 4J/kg. Retomar as compressões e administrar a
primeira dose de adrenalina, a qual deve ser aplicada novamente a cada 3 a 5 minutos enquanto
o paciente permanecer sem pulso. Nesse momento, considerar o estabelecimento de uma via
aérea definitiva. Estando o paciente intubado, as compressões e ventilação podem ser
dissociadas, mantendo 100 a 120 compressões por minuto contínuas e outro membro da equipe
ventila 10 vezes por minuto (1 vez a cada 6 segundos). Após 2 minutos de RCP, avaliar o ritmo.
Se este se mantém chocável, aplicar novo choque usando uma carga de 4J/kg ou mais (máximo
de 10J/kg ou dose máxima do adulto). Retomar as compressões em seguida e administrar
amiodarona ou lidocaína (antiarrítmicos). Checar o pulso se um ritmo organizado surgir ou se o
paciente apresentar melhora nos sinais de perfusão.
Caso seja identificado um ritmo não chocável, retomar a RCP e obter um acesso venoso.
Reavaliar o ritmo a cada 2 minutos. Se permanecer num ritmo não chocável, manter a RCP e
administrar adrenalina a cada 3 a 5 minutos. Considerar o estabelecimento de uma via aérea
definitiva. Continuar esse processo enquanto o ritmo se mantiver.
Algumas considerações sobre a terapêutica, em ambos os casos:
● Manter uma rotatividade entre os socorristas, a cada 2 minutos, para evitar fadiga;
● Após cada administração de medicamento, fazer também uma dose de solução salina
para que o mesmo chegue à circulação central;
● Durante a condução da parada, sempre buscar identificar e tratar as causas reversíveis
de parada (6Hs e 5Ts);
● Um ritmo não chocável pode se degenerar para um ritmo chocável. Nesse caso, deve-
se mudar o manejo, conforme descrito.
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Nos anexos (Anexo 13.1, Anexo 13.2, Anexo 13.3, Anexo 13.4, Anexo 13.5) encontram-se listas
de verificação de competências para cada situação já abordada neste capítulo, com o objetivo
de sistematizar as informações e ajudar na execução das tarefas de cada cenário.
Conclusão
As taxas de sobrevivência se relacionam à localização onde ocorreu a parada cardíaca e ao tipo
de ritmo de colapso. A sobrevivência à alta hospitalar na parada cardíaca dentro do hospital é
maior quando comparada à parada cardíaca fora do hospital, assim como a sobrevivência sem
sequelas neurológicas. A sobrevivência também é maior quando o ritmo inicial é chocável (25%-
33%), se comparado ao ritmo não-chocável (7%-11%). Contudo, quando um ritmo chocável se
desenvolve durante a parada cardíaca em crianças hospitalizadas, o prognóstico é pior
(sobrevida de 11% vs. 27% com ritmo não-chocável). Em quaisquer das situações, as taxas de
sobrevida são baixas e, portanto, deve-se ressaltar a importância da prevenção, por meio do
reconhecimento das situações potencialmente fatais.
Referências
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Prática Profissional e Trabalho em Saúde: Pediatria
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<HTTP://WWW.RMMG.ORG/ARTIGO/DETALHES/39>.
Anexos
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Anexo 13.4 – Lista de verificação em caso cardíaco de assistolia ou atividade elétrica sem pulso
Anexo 13.4 – Lista de verificação em caso cardíaco de assistolia ou atividade elétrica sem pulso
Etapas de desempenho críticas Sim
Líder da equipe
1 Atribui funções aos membros da equipe
2 Usa comunicação eficaz o tempo todo
Tratamento do paciente
3 Identifica PCR
4 Orienta início imediato da RCP de alta qualidade e assegura o desempenho da RCP de
alta qualidade todas as vezes
5 Orienta a colocação de pás/eletrodos e a ativação do monitor/desfibrilador
6 Identifica assistolia ou AESP
7 Orienta estabelecimento do acesso IO ou IV
8 Orienta a preparação e a administração da dose apropriada de epinefrina em
intervalos adequados
9 Direciona a verificação de ritmo aproximadamente a cada dois minutos enquanto
minimiza interrupções em compressões torácicas
Conclusão/Debriefing do caso
10 Verbaliza pelo menos três causas reversíveis de AESP ou assistolia
Se o aluno não verbalizar as informações acima, faça-lhe a seguinte afirmação: “Diga pelo menos três
causas reversíveis de AESP ou assistolia.”
Avaliação final Total
Fonte: Adaptado de PALS, 2018.
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Anexo 13.5 – Lista de verificação em caso cardíaco de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular
sem pulso
Etapas de desempenho críticas Sim
Líder da equipe
1 Atribui funções aos membros da equipe
2 Usa comunicação eficaz o tempo todo
Tratamento do paciente
3 Identifica PCR
4 Orienta início imediato da RCP de alta qualidade e assegura o desempenho da RCP de
alta qualidade todas as vezes
5 Orienta a colocação de pás/eletrodos e a ativação do monitor/desfibrilador
6 Identifica FV ou TV sem pulso
7 Orienta a realização segura de tentativa de desfibrilação a 2 J/kg
8 Após a realização de cada choque, orienta o reinício imediato da RCP, começando com
compressões torácicas
9 Orienta estabelecimento do acesso IO ou IV
10 Orienta a preparação e a administração da dose apropriada de epinefrina em
intervalos adequados
11 Direciona a realização segura do segundo choque a 4 J/kg (doses subsequentes de 4 a
10 J/kg, não deve exceder 10 J/kg ou dose adulta padrão para aquele desfibrilador)
12 Orienta a preparação e a administração da dose apropriada de antiarrítmico
(amiodarona ou lidocaína) no momento adequado
Conclusão/Debriefing do caso
13 Verbaliza a possível necessidade para doses adicionais de epinefrina e antiarrítmico
(amiodarona ou lidocaína), e consideração de causas reversíveis de parada (Hs e Ts)
Se o aluno não verbalizar as informações acima, faça-lhe a seguinte pergunta: “Se a FV persistir apesar
das terapias fornecidas, o que mais você deve administrar ou considerar?”
Avaliação final Total
Fonte: Adaptado de PALS, 2018.
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O Choque
Choque é o termo utilizado para definir um estado patológico em que existe oxigenação
insuficiente dos tecidos por má perfusão. Esse déficit, se não solucionado, acarreta lesão
tecidual permanente e evolui para parada cardiorrespiratória. Antes que isso ocorra, porém, na
tentativa de manter sua homeostase, o organismo lança mão de inúmeros mecanismos
compensatórios, como taquicardia, aumento da resistência vascular, aumento da força da
contratilidade cardíaca e do tônus venoso. Importante lembrar que a definição de choque não
exige a presença de hipotensão arterial. A figura 14.1 ilustra a fisiopatologia do choque.
Classificação do Choque
Havendo instabilidade hemodinâmica, o choque será classificado conforme a gravidade e o seu
mecanismo. A classificação em gravidade é baseada no efeito sobre a pressão arterial. Classifica-
se como compensado quando a pressão arterial sistólica está dentro da faixa de normalidade,
ou seja, acima do 5º percentil da pressão arterial sistólica para idade. Quando os mecanismos
compensatórios falham e a pressão arterial sistólica encontra-se abaixo do 5º percentil,
classifica-se como choque hipotensivo. Cabe ressaltar que medidas automáticas de medição da
pressão arterial não são precisas quando não é possível palpar pulsos periféricos e as
extremidades estão frias e com perfusão deficiente.
De acordo com seus mecanismos, o choque é classificado em quatro categorias, sendo estas:
hipovolêmico, obstrutivo, distributivo e cardiogênico. No que diz respeito ao seu grau de
compensação, classifica-se em compensado e descompensado (ou hipotensivo).
Choque Hipovolêmico
Decorre da perda de volume extracelular, ocasionando redução do débito cardíaco por redução
da pré-carga. Tem como possíveis causas: sangramento devido a traumas, sangramentos
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espontâneos, perdas gastrintestinais, por via renal, queimaduras, perdas para o terceiro espaço,
diurese osmótica (cetoacidose diabética).
Choque Obstrutivo
Ocorre quando há obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, com redução do débito cardíaco.
Nessa situação, a bomba cardíaca não consegue exercer sua função devido a problemas
externos a esta. Pode estar relacionado a situações como tamponamento cardíaco, hipertensão
pulmonar, embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo, massas mediastinais, cardiopatias
congênitas canal-dependentes. Um sinal clínico sugestivo deste tipo de choque é a presença de
turgência jugular.
Choque Cardiogênico
Neste caso, existe disfunção miocárdica, que leva à redução do débito cardíaco. Aqui, o
problema é intrínseco à bomba. Frequentemente, associa-se a edema pulmonar. Gerado por
miocardiopatias, miocardites, síndromes coronarianas agudas, descompensação de
insuficiência cardíaca prévia, arritmias, doenças cardíacas congênitas, toxicidade farmacológica,
lesão miocárdica por trauma. O aumento do esforço respiratório, com frequência, distingue o
choque cardiogênico do hipovolêmico. No choque cardiogênico, pode haver redução da
saturação arterial de oxigênio em função do edema pulmonar.
Choque Distributivo
A ocorrência de vasodilatação periférica global caracteriza esse choque. Essa condição reduz a
pressão de enchimento capilar, reduzindo a oxigenação nos tecidos. Embora a maioria dos tipos
de choque distributivo não se classifiquem como hipovolêmicos, todos apresentam hipovolemia
relativa até que a ressuscitação volêmica seja realizada. É subdivido em choque quente e frio.
No choque quente, as extremidades são quentes e os pulsos podem ser amplos. No choque frio,
as extremidades são frias, pálidas a cianóticas, pulsos finos e tempo de recoloração prolongada.
Pode ocorrer por causas sépticas, anafiláticas ou neurogênicas (em caso de lesão de crânio ou
coluna).
Achados Clínicos
Independentemente dos mecanismos de choque, sinais de hipoperfusão tecidual estarão
presentes, como taquicardia, pulsos periféricos fracos, tempo de enchimento capilar retardado,
alterações na coloração da pele (palidez, cianose), pele fria, diminuição do débito urinário e
alteração no nível de consciência. Cabe lembrar que no choque distributivo, as extremidades
podem apresentar-se aquecidas, coradas e com pulsos amplos. A hipotensão não é obrigatória
ao diagnóstico, ocorrendo apenas em situações de choque descompensado.
Esteja atento a sinais de comprometimento dos órgãos-alvo: alteração do estado mental,
ansiedade, inquietação, desorientação, diminuição do nível de consciência, coma em relação ao
cérebro; redução do débito urinário em relação aos rins.
Outros sinais podem estar presentes, dependendo da origem do choque (Tabela 14.1).
Elementos da história também podem ajudar a sugerir o diagnóstico. No caso do trauma, todo
choque é hipovolêmico até que se prove o contrário.
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Tabela 14.3 – Critérios para diagnóstico de situações que exigem intervenção imediata
Avaliação ICP Iminente ICP Estabelecida PCR
Consciência Alerta, irritável, ansioso, Sonolento, agitado ou combativo; Irresponsivo;
inquieto;
Tônus Mantém sentado (> 4 Normal ou reduzido; Flácido;
meses);
Posição Pode assumir posição Pode assumir posição trípode; Incapaz de se
Corporal trípode; pode necessitar de apoio para manter sentado (>
manter posição sentada; 4 meses);
Frequência Taquipneia; Taquipneia com períodos ou Ausente;
Respiratória progressão para bradipneia;
Esforço Tiragens intercostais, Batimento de asa nasal, tiragem de Nenhum;
Respiratório batimento de asa nasal, fúrcula esternal, uso acentuado de
musculatura do pescoço, musculatura acessória, balanço
balancim; cabeça, incursões inadequadas;
Sons Estridor, sibilo, ronco; Estridor, sibilo, gemidos, gasping; Nenhum;
Respiratórios
Coloração Rósea ou pálida, cianose Cianose central a despeito de O2 Moteamento,
central que resolve com suplementar, moteamento; cianose central e
O2 suplementar; periférica;
Fonte: Suporte Avançado de Vida em Pediatria – American Heart Association, 2018.
ICP: insuficiência cardiopulmonar; PCR: parada cardiorrespiratória.
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Tratamento do Choque
Tratamento Geral do Choque
Existem condutas que devem ser tomadas, independente do mecanismo de choque. Para
agilizar o atendimento, várias dessas intervenções podem ser realizadas pela equipe
simultaneamente (Figura 14.2).
Acesso Vascular: se dificuldade em obter acesso IV, considere logo acesso intraósseo (IO).
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se trata de uma via não colapsável. Isto é, durante o choque, não sofre vasoconstrição intensa.
A biodisponibilidade e a absorção das drogas infundidas por essa via são equivalentes aos da via
periférica, de forma que é um procedimento amplamente utilizado nas urgências e emergências
pediátricas.
Sítios de punção: Tíbia proximal (mais comum) ou distal, Fêmur distal, Maléolo medial e Espinha
Ilíaca anterossuperior. Em crianças, a punção do Esterno é contraindicada.
Contraindicações: fratura ou punção recente no sítio de punção, infecção local, doenças de
fragilidade óssea.
Dispositivos: podem ser manuais, necessitando da força do operador para entrarem no sítio de
punção, ou automáticos (de nova geração), que utilizam a força de uma mola interna. Estes
últimos são mais seguros, pois possuem regulação sobre a distância de inserção, havendo menor
probabilidade de complicações.
Cuidados: o acesso deve permanecer o menor tempo possível, não devendo ultrapassar o
período de 24 horas. Além disso, é imprescindível que a inserção, a manipulação e a retirada do
dispositivo sejam realizadas com uso de técnica asséptica.
Complicações: extravasamento de fluidos, microfraturas, osteomielite, infecção do sítio de
punção, síndrome compartimental, lesão epifisária e embolia gordurosa.
Técnica de Acesso Intraósseo em Tíbia Proximal, com uso de Dispositivo Manual:
1. Posicione a perna com ligeira rotação externa, estabilizando-a em uma superfície firme,
sem colocar a mão atrás da perna.
2. Identifique o local da punção, aproximadamente 1-3 cm abaixo e medial à tuberosidade
da Tíbia (Figura 14.4).
3. Realize a antissepsia do local.
4. Insira a agulha através da pele, perpendicular à Tíbia, para evitar a lesão da placa de
crescimento.
5. Realize movimentos de torção até que haja redução súbita da resistência (sinal de que
a agulha adentrou o espaço medular).
6. Aspire o conteúdo. A aspiração de sangue ou medula óssea confirma a correta inserção.
7. Insira um pequeno volume de solução salina para verificar se ocorre edema. A
ocorrência deste sugere que a inserção se deu de forma muito profunda.
8. Em pacientes conscientes, “a injeção de anestésico local (de preferência lidocaína)
dentro da agulha IO, antes de sua utilização, pode reduzir a dor em infusões
subsequentes.” (WFOSA, 2015)
9. Estabilize a agulha com fita adesiva ou com compressa de gaze em ambos os lados.
10. A infusão de medicamentos pela via IO deve ser realizada da mesma forma que em
acessos IV, realizando-se lavagem com solução salina após quaisquer medicações em
bolus.
11. Após a inserção, verifique de forma contínua a presença de sinais de complicações.
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Objetivos Terapêuticos
● FC e PA de acordo com valores de referência para faixa etária;
● Pulsos Normais;
● Preenchimento Capilar < 2 segundos;
● Estado Mental Normal;
● Débito Urinário > 1 mL/kg/h;
● Lactato Sérico Reduzido;
● Saturação de Oxigênio Venoso Central > 70%.
● A seguir encontram-se listas de verificação de competências para cada situação já abordada
neste capítulo, com o objetivo de sistematizar as informações e ajudar na execução das
tarefas de cada cenário.
Nos anexos (Anexo 14.1, Anexo 14.2, Anexo 14.3, Anexo 14.4, Anexo 14.5) encontram-se listas
de verificação de competências para cada situação já abordada neste capítulo, com o objetivo
de sistematizar as informações e ajudar na execução das tarefas de cada cenário.
Conclusão
O choque, se não tratado em tempo hábil, evoluirá para PCR. Assim, essa condição
potencialmente fatal deve ser reconhecida e tratada o mais rapidamente possível, seja na
avaliação inicial ou nas reavaliações subsequentes.
Referências
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AMERICAN HEART ASSOCIATION. AMERICAN HEART ASSOCIATION GUIDELINES FOR CPR AND ECC. 2018.
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ACESSOS INTRAÓSSEOS. ANAESTHESIA TUTORIAL OF THE WEEK. 2015. DISPONÍVEL EM: <
HTTPS://WWW.WFSAHQ.ORG/COMPONENTS/COM_VIRTUAL_LIBRARY/MEDIA/AB607F3D8C6EE73538BF891477811
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Anexos
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