Seguimento Prematuro Oficial PDF
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Seguimento Prematuro Oficial PDF
AMBULATORIAL
DO PREMATURO
DE RISCO
Departamento Científico de
NEONATOLOGIA
SEGUIMENTO
AMBULATORIAL
DO PREMATURO
DE RISCO
Coordenação e Organização:
S587
Manual seguimento ambulatorial do prematuro de risco / Rita de
Cássia Silveira. – 1. ed. – Porto Alegre : Sociedade Brasileira de Pediatria.
Departamento Científico de Neonatologia, 2012.
1,27 MB ; PDF
1a edição - 2012
Diretoria
Triênio 2010/2012
Dir. Qualificação e Certificação Profissionais Coordenação do Suporte Básico de Vida Academia Brasileira de Pediatria
Maria Marluce Vilela (SP) Valéria Bezerra Silva (PE) Fernando José de Nóbrega (SP) - Presidente
Coordenação do CEXTEP Coord. Programa de Atualização em Nutrologia Nubia Mendonça (BA) - Vice-Presidente
Hélcio Villaça Simões (RJ) Roseli Oselka Saccardo Sarni (SP) Julio Dickstein (RJ) - Secretário-Geral
Manual
SEGUIMENTO AMBULATORIAL
DO PREMATURO DE RISCO
Colaboradores:
Anniele Medeiros Costa
Aurimery Chermont
Durval Batista Palhares
João Borges Fortes Filho
José Roberto de Moraes Ramos
Leila Denise Cesário Pereira
Ligia Maria Suppo de Souza Rugolo
Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
Marina Carvalho de Moraes Barros
Mário Cícero Falcão
Renato Soibelmann Procianoy
Rosangela Garbes
Rubia do Nascimento Fuentefria
Ruth Guinsburg
1. Introdução
Importância do seguimento ambulatorial do pré-termo .................................................... 1
Renato Procianoy e Rita de Cássia Silveira
3. Avaliação do crescimento
Crescimento de recém-nascido pré-termo de muito baixo peso
nos primeiros anos de vida ................................................................................................................. 22
Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
5. Avaliação do desenvolvimento
Avaliação do desenvolvimento do prematuro .......................................................................... 40
Ligia Maria Suppo de Souza Rugolo
Importância do seguimento
ambulatorial do pré-termo
Como organizar
o seguimento do prematuro
Todo programa de seguimento da criança de alto risco, para ser bem sucedido,
deverá ser iniciado durante a internação hospitalar. Os prematuros, especialmente
aqueles de muito baixo peso, seguem essa regra. Protocolos assistenciais na UTI
Neonatal capacitarão e qualificarão o seguimento, e este, por sua vez, responderá com
os resultados das práticas adotadas na UTI Neonatal.
A preparação para a alta hospitalar do pré-termo é iniciada tão logo o recém-
nascido começa a coordenar sucção e deglutição, alimenta-se via oral sem sonda e
controla bem a temperatura corporal, mesmo que ainda não tenha peso suficiente
para ir para casa (veja capítulo específico sobre Orientações aos pais na alta). É um
tempo de orientação multiprofissional junto à família para que esta compreenda as
necessidades e se prepare para receber o novo componente familiar.
O médico neonatologista e ou pediatra que acompanha a internação deve ter co-
nhecimento e sensibilidade para prever o melhor momento para iniciar com orien-
tações sistematizadas referentes à alta hospitalar (veja o capítulo Exame físico do
recém-nascido).
Na organização do seguimento ambulatorial é fundamental o trabalho em equipe,
com papéis bem estabelecidos e definidos de cada membro da equipe. A coordenação,
em situação ideal, deverá ser do neonatologista ou pediatra que já tenha um vínculo
com a família e conheça a situação da criança em detalhes enquanto internada na
Neonatologia.
No Quadro a seguir consta a composição desejada de uma equipe de seguimento
após a alta e suas respectivas funções.
Fonte: Personnel required for follow-up program and their individual roles downloaded from www.newbornwhocc.org
1. A importância do seguimento deve ser sempre enfatizada aos pais, desde a inter-
nação na unidade de tratamento intensivo neonatal e em todas as consultas após
a alta.
2. Investimento na boa relação médico-paciente, precocemente. A equipe que é
responsável pelo seguimento deve ser uma referência para a família dentro da UTI
Neonatal, estabelecendo-se vínculos nas reuniões em grupos de pais semanalmente.
O vínculo entre a equipe médica e multidisciplinar com as famílias e/ou cuidadores
do pré-termo é fundamental para minimizar as falhas às consultas de follow-up.
3. A manutenção de endereços e telefones de contato atualizados é fundamental.
Quando pais ou responsáveis pela criança falham à consulta, devem ser contatados
por telefone, carta e correio eletrônico. Toda forma de contato disponível é válida,
inclusive endereço profissional e de vizinhos. Em caso de substituição de pediatra
que acompanha a criança, a família deve requisitar uma carta com resumo da
situação a ser encaminhada ao novo profissional.
4. As notícias sobre tópicos de interesse no cuidado da criança: lembrete aos cuida-
dores para atualizar do cartão vacinal da criança, assim como dicas de cuidados
na sazonalidade (doenças do inverno, como gripes e resfriados; e do verão, como
epidemias de dengue, picadas de insetos, etc.) devem ser enviados sistematica-
mente.
5. O envio de um cartão de felicitação pelo aniversário do paciente, devidamente
assinado por todos profissionais que formam a equipe interdisciplinar, é uma forma
de fidelização ao programa de seguimento.
6. Deve haver uma avaliação abrangente da criança nas consultas, a fim de evitar
deslocamentos em diferentes dias para o cardiologista, neurologista, oftalmologista,
por exemplo.
7. Visitas domiciliares podem ser necessárias nos casos de falhas consecutivas, ou
quando simplesmente não retornam ao ambulatório após a alta, ou, ainda, em
situações de família de baixa renda ou nível socioeconômico.
Referências
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growth restriction. Pediatrics. 2011;127:e883-91.
For constatado que seus pais e/ou cuidadores estão treinados, com
conhecimento e habilidade para alimentá-lo, prestar os cuidados básicos
do dia a dia e de prevenção, administrar medicações e detectar sinais e
sintomas de doenças.
Referências
Cerca de 80% dos pré-termos apresentam hérnia umbilical, que em geral fecha
espontaneamente até os dois anos de idade. O diagnóstico de hérnia inguinal, também
mais frequente nos pré-termos e no sexo masculino, precisa ser feito, já que tem indi-
cação cirúrgica e risco de necessitar intervenção de emergência se não for redutível.
A localização dos testículos deve ser verificada, pois a distopia testicular acomete
33% dos pré-termos.
Exame neurológico
Referências
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Cuidados gerais
Quando o pré-termo recebe alta da UTI Neonatal para casa, as mães podem sentir-
se inseguras ao comparar seus cuidados com aqueles recebidos no ambiente hospi-
talar. Dois sentimentos ambivalentes estão presentes nesta fase: medo e felicidade.
Finalmente haverá a tão esperada ida para casa e inserção da criança no “seio da
família”, por outro lado, há insegurança e medo de não ser capaz de cuidar do seu filho
nas diversas demandas do ser pré-termo. É importante lembrá-las que na ocasião da
alta, seu bebê já está maior, mais amadurecido e pronto para iniciar uma vida normal
ao lado da sua família. Incentivar as mães a realizar tarefas como trocas fraldas, ba-
nhos e vestir seu filho ainda na unidade neonatal são medidas que auxiliam no vínculo
e transmitem segurança.
O banho deve ser em local sem correntes de ar, sabonete neutro, secando a criança
com toalha macia, evitar uso de óleos, talco e perfumes. A roupa necessita ser ade-
quada ao clima local, evitando excessos de roupa, e aquecimento em demasia.
Evitar locais fechados e com muita circulação de pessoas. Todas as vacinas reco-
mendadas devem estar atualizadas antes da alta. Dentre os cuidados gerais, ter bom
senso é fundamental.
Alimentação
Prevenção de infecções
(principalmente com resfriado ou gripe), lavar as mãos antes de tocar na criança e an-
tes de alimentá-la, manter a higiene corporal adequada, lavar regularmente utensílios
e roupas da criança e manter o esquema de vacinação em dia (ver abaixo).
Vacinas
Os pais ou cuidadores devem ser informados sobre as vacinas que a criança já re-
cebeu durante a internação. O prematuro deve ser vacinado de acordo com sua idade
cronológica, seguindo o calendário oficial, nas mesmas doses e intervalos das crianças
maiores, devendo-se evitar atraso vacinal durante a longa permanência na UTI.
Influenza: lembrar que não somente a criança deve ser vacinada, mas
também seus familiares e comunicantes domiciliares.
Estimulação
Medicamentos
Caso a criança esteja recebendo fórmula enriquecida com ferro, deve-se conside-
rar o aporte fornecido pelo leite e completar com sulfato ferroso até atingir a dose
desejada.
Quando o resultado da triagem para doença metabólica óssea for alterado, será
preciso continuar a suplementação de cálcio e fósforo após a alta, com solução ma-
nipulada. Deve-se garantir o aporte de 200-250 mg/kg/dia de cálcio e de 110-125
mg/kg/dia de fósforo, considerando o conteúdo do leite adicionado ao da solução de
cálcio e fósforo (veja capítulo específico neste manual).
Outros medicamentos podem ser necessários para a continuidade do tratamento
iniciado durante a internação (anticonvulsivante, corticoide inalatório, diuréticos e di-
gital são exemplos).
Situações de risco
A entrega do sumário de alta e da caderneta de saúde aos pais deve ser acom-
panhada de explicação sobre a importância desses dois documentos. O sumário de
alta contém o histórico completo de internação (condições perinatais, diagnósticos,
principais intercorrências, resultados de exames complementares, medidas preven-
tivas e terapêuticas adotadas), sendo fundamental para o seguimento ambulatorial.
Referências
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co, de acordo com o sexo e a idade gestacional. Após 40 semanas de idade gestacional
corrigida (IGc) podem-se utilizar as curvas de referência da OMS 2006, apresentadas
na forma de escore Z, diferenciadas pelo gênero (meninas/meninos).
Como utilizá-las?
Até os 3 anos de idade deve utilizar a ICP, e, posteriormente, utilizar a idade cro-
nológica.
A avaliação do crescimento deve ser feita através de medidas periódicas (mensal
nos primeiros 6 meses, bimensal até 12 meses, quadrimensal até 24 meses, semestral
até 36 meses e, posteriormente, uma vez por ano) de peso, estatura, perímetro cefá-
lico a cada retorno, plotado nas curvas de crescimento de referência da OMS (2006),
de preferência a curva de escore Z.
Nos primeiros meses de ICP ocorre uma aceleração da velocidade de crescimento
com recuperação inicial do perímetro cefálico, seguida do comprimento, e, finalmen-
te, o peso. Alcançado o ponto de estabilidade de crescimento após a recuperação, a
criança atinge seu canal de crescimento dentro da curva de referência, e o crescimen-
to prossegue com o padrão próprio da criança mantendo-se paralelo aos canais da
referida curva9.
Referências
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baixo peso. In: Programa de Atualização em Neonatologia - PRORN Artmed/Panamericana Editora
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Os RNMBP cuja curva de crescimento não se aproxima dos escores mínimos da nor-
malidade, apresentando achatamento ou padrão descendente, requerem investigação.
Em casos de falha de crescimento pode ser indicado o uso de hormônio de cresci-
mento com o objetivo de atingir uma estatura mais aceita socialmente. Os grupos de
maior risco de evoluírem com falha são: os RN com PN < 850 gramas, IG < 28 semanas,
portadores de displasia broncopulmonar, e os PIG.
Em contraste, os RN que apresentam maior catch-up nos primeiros anos, especial-
mente em relação ao peso, ultrapassando o escore Z estabelecido para o perímetro
cefálico e o comprimento, terão maior risco de desenvolver hipertensão arterial, dia-
betes tipo II e doença cardiovascular na adolescência ou adulto jovem4. Essas crianças
devem ser vigiadas, através das curvas de crescimento, medida de pressão arterial e
controles laboratoriais (glicemia, colesterol e triglicérides), iniciando precocemente a
intervenção dietética nos casos de desvios nutricionais. Esse cuidado permite preve-
nir ou minimizar esses riscos.
Referências
1. Lemons JA, Bauer CR, Oh W, et al. Very low birth weight outcomes of the National Institute
of Child health and human development neonatal research network, January 1995 through
December 1996. NICHD Neonatal Research Network. Pediatrics. 2001;107(1):E1–8.
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Medicine. 6th ed. St. Louis: Mosby; 1997. p. 952-7.
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Sabemos que a maioria dos prematuros experimenta uma situação de déficit nutri-
cional durante a hospitalização na UTI Neonatal, classicamente conhecida como cres-
cimento extrauterino restrito. Após a alta da UTI Neonatal, nosso papel é determinar
o requerimento nutricional do nosso prematuro, com especial atenção no catch up do
crescimento (veja capítulo Avaliação do Crescimento nesse manual)1,2.
As necessidades nutricionais dos prematuros ainda não estão completamente
definidas na literatura, mas se acredita que sejam maiores que as de crianças
nascidas a termo, em função do objetivo de recuperação de um déficit prévio
no crescimento (catch up). De forma geral, é aceito como necessidades básicas
no primeiro ano de vida a oferta hídrica de 150-200 ml/kg/dia; calórica de 120-
130 cal/kg/dia; proteica de 2,5‑3,5 g/kg/dia; lipídica de 6,0-8,0 g/kg/dia, e de
carboidratos de 10-14 g/kg/dia.
Para alcançar esta meta nutricional básica, o prematuro necessita um programa
de orientação alimentar e nutricional padronizado, incluindo rotinas básicas
e adequando às suas necessidades. O pediatra necessita estar preparado para
orientar a família e coordenar a equipe multiprofissional que usualmente acompanha
as crianças muito prematuras3.
Devemos ter em mente e reforçar junto à família que a longa permanência na UTI
Neonatal não impede de amamentar, devendo ser um reforço para a mãe.
Fórmulas lácteas para primeiro (de início) e segundos semestres (de seguimento);
são alternativas ao aleitamento materno (AM), podendo ser empregadas em conjunto
com AM se for necessário (aleitamento misto). O volume de 200 ml/kg/dia das fórmu-
las de início é suficiente para oferta proteica e calórica adequadas.
Considerações finais
Referências
1. Euser AM, de Witt CC, Finken MJJ, Rijken M, Wit JM. Growth of preterm born children. Horm
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baixo peso. In: Procianoy RS, Leone CR, editores. PRORN. Ciclo 7 - Módulo 4. Porto Alegre:
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enterocolitis in very low birth weight preterm infants: a multicenter, randomized, controlled trial.
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Como não existem evidências de enteropatias específicas, como por exemplo, aquelas
com perdas de proteínas ou má absorção, essas crianças podem apresentar grandes
benefícios com dietas com densidades energéticas mais elevadas. O uso de uma dieta
hipercalórica e hiperproteica pode contribuir para que sejam oferecidas quantidades
adequadas de nutrientes por via enteral, respeitando as limitações de volume, fre-
quente abordagem terapêutica necessária para essas crianças3.
As dietas hipercalórica e hiperproteica apresentam alguns diferenciais, pois foram
desenhadas para serem ofertadas a lactentes doentes, menores do que um ano de
idade. Em primeiro lugar destaca-se a alta densidade calórica (1 ml = 1 kcal), Associa-
se a isto a quantidade proteica (2,6 g/100 ml), promovendo ótima relação proteína/
caloria para a recuperação de lactentes desnutridos. Em relação à qualidade proteica,
a relação proteína do soro/caseína é de 60:40, semelhante ao perfil de proteínas
do leite humano. Outro fato relevante é a osmolalidade da dieta de 350 mOsm/kg,
pois se sabe que estes lactentes geralmente não suportam osmolalidades superio-
res a 400 mOsm/kg. Em relação ao perfil lipídico, a adição de ácido araquidônico
(AA) e docosahexaenóico (DHA) tem por objetivo acelerar a síntese de fosfolipídios
das membranas celulares, melhorando o desenvolvimento neurológico e visual destas
crianças4-6.
A tabela abaixo evidencia de forma comparativa com a fase aguda, as necessidades
nutricionais dos recém-nascidos com doença pulmonar crônica.
DNPC
Nutriente Fase aguda Fase crônica
Água â â
Energia á áá
Carboidratos á â
Gorduras – áá?
Proteínas – á
Cálcio – áá*
Vitamina A ?
áá ?
á
Vitamina E – ?
á
Considerações finais
A nutrição da criança com pneumopatia crônica no primeiro ano de vida deve ser
individualizada, priorizando o aleitamento materno, e incentivando a sua manutenção.
Na impossibilidade do uso do leite humano (materno ou de banco de leite), as fórmulas
hipercalóricas e hiperproteicas são as alternativas para serem utilizadas, também de
maneira individualizada.
Referências
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rates for respiratory syncytial virus infection in premature infants born during two
consective seasons. Pediatr Infect Dis J. 2001;20:874-9.
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broncopulmonar. In: Feferbaum R, Falcão MC (eds). Nutrição do recém-nascido. São
Paulo: Atheneu, 2003:391-7.
3. Falcão MC, Udsen N, Zamberlan P, Ceccon MER. Uso de dieta hiperproteica e
hipercalórica em lactente com cardiopatia congênita grave e falha de crescimento.
Rev Bras Nutr Clin. 2009;24:125-30.
4. Jordan IM, Robert A, Francart J, Sann L, Putet G. Growth in extremely low birth weight
infants up to three years. Biol Neonate. 2005;88:57-65.
5. Sadeck LSR, Rossi F, Falcão MC. Follow up nutricional do recém-nascido pré-termo.
In: Feferbaum R, Falcão MC (eds). Nutrição do recém-nascido. São Paulo: Atheneu,
2003:485-92.
6. Vieira RA, Diniz EM, Vaz FA. Clinical and laboratory study of newborns with lower
respiratory tract infection due to respiratory viruses. Jfetal Neonatal Med. 2003;
13:341-50.
Outro aspecto que precisa ser criteriosamente avaliado nos primeiros anos é o de-
senvolvimento da linguagem, pois quanto menor o peso de nascimento e a idade ges-
tacional, maior a chance de atraso seja nos marcos pré-linguísticos, como reconhecer
objetos e figuras, obedecer a comando verbal e executar atos simples aos 12 meses;
menor vocabulário e capacidade de formar frases aos 2-3 anos. Ao detectar problema
na linguagem há que se investigar a possibilidade de deficiência auditiva, pois neste
caso a intervenção audiológica precoce pode melhorar o prognóstico.
Aos 18-24 meses deve ser feito o diagnóstico do desenvolvimento, por meio
de testes específicos; aos 3 anos o diagnóstico do desenvolvimento da linguagem
e cognição; aos 4 anos a avaliação do comportamento, alterações sutís e visuo-
motoras, e a partir de 6 anos de idade deve ser acompanhado o desempenho escolar
da criança.
Testes de triagem
Para serem válidos devem ter sensibilidade e especificidade mínimas de 0,7-0,8;
serem confiáveis e reprodutíveis. O uso seriado aumenta sensibilidade destes testes.
Denver II é o teste de triagem mais utilizado, de fácil e rápida execução (20
minutos). Pode ser aplicado por vários profissionais da saúde, sem necessidade de
treinamento. Não foi validado, mas foi adaptado para o Brasil e tem boa reprodutibi-
lidade. Avalia 4 setores do desenvolvimento: motor grosseiro, motor-adaptativo fino,
linguagem, pessoal-social. Pode ser usado na faixa etária de 0 a 6 anos. Permite saber
se o desenvolvimento da criança está dentro da faixa de normalidade e categorizar
o risco no desenvolvimento, mas não tem valor prognóstico e não avalia alterações
qualitativas. Na interpretação dos resultados considera-se: normal quando executa
as atividades previstas, aceitando-se 1 falha/área; suspeita de atraso se ≥ 2 falhas
em ≥ 2 áreas de atividades realizadas por 75-90% das crianças; atraso quando ≥ 2
falhas nas atividades realizadas por mais que 90% das crianças. Nos casos de suspeita
de atraso, reavaliar em 2-3 meses. Se persistirem as alterações, investigar a causa e
realizar intervenção. Uma limitação do teste de Denver II é sua baixa sensibilidade em
lactentes < 8 meses.
Outros testes de triagem têm sido utilizados, principalmente por fisioterapeutas e
terapeutas ocupacionais, focalizando o desenvolvimento motor, tais como:
Escala motora infantil Alberta (AIMS): de uso crescente no Brasil, avalia o de-
senvolvimento motor nos primeiros 18 meses de vida. Baseia-se na observação da
criança em 4 posturas quanto a: tempo de permanência, atitude antigravitacional e
mudança de posturas. Permite quantificar o desenvolvimento, pois o repertório de
respostas aumenta com a idade (mas pode gerar resultados duvidosos). Foi adaptado
à população brasileira, tem boa correlação com outros testes, é de fácil e rápida reali-
zação (20 minutos), geralmente aplicado por terapeuta ocupacional ou fisioterapeuta.
É útil no acompanhamento de lactentes submetidos à intervenção precoce. Na inter-
pretação dos resultados o escore obtido é confrontado em uma escala de percentís e
considerado: normal: entre P25-90; suspeito: < P10 após o 6o mês; alto risco: P10 aos
Uma limitação na Bayley II é a natureza ampla das escalas, sendo que MDI baixo
pode ser por atraso nas habilidades de comunicação, cognição ou ambas. Para corrigir
essa limitação foi proposta em 2006 a 3a versão das escalas Bayley, que incorpo-
rou um questionário para pais sobre o comportamento socioemocional e adaptativo
da criança e apresenta escores separados para os domínios: cognição, linguagem
e motor. Assim, pode discriminar melhor problemas específicos do desenvolvimento
norteando para intervenção específica; entretanto os estudos iniciais com o uso desta
versão sugerem que ela pode subestimar o atraso no desenvolvimento, pois os es-
cores obtidos pelos prematuros são próximos aos valores normativos. Recomenda-se
cautela ao interpretar os resultados da Bayley III em crianças de alto risco, na ausência
de um grupo controle9.
Estudo demonstrou que a avaliação do desenvolvimento de pré-termos de muito
baixo peso pela Bayley-III promove uma estimativa mais adequada da linguagem. Ava-
liando a comunicação receptiva e expressiva, a escala motora permite uma composi-
ção de escore com motricidade fina e ampla9.
Escalas de inteligência de Wechsler: essa avaliação é recomendada na idade
pré-escolar/escolar.
Avaliação da linguagem2,4,8
Atraso na linguagem além de ser frequente, chegando a acometer mais que 40%
dos RNPT < 1.000 g, associa-se com maior risco de problemas de aprendizagem (< ha-
bilidade na leitura e escrita), problemas comportamentais e de ajuste social. Mesmo
os RNPT com desenvolvimento normal têm pior desempenho na linguagem expressiva
(menor complexidade), receptiva (menor entendimento) e prejuízo na memória audio-
métrica e verbal, em comparação aos RN de termo. Assim, a avaliação do desenvol-
vimento da linguagem deve ser um tópico de especial atenção durante o seguimento
do RNPT. A ausência de verbalização com um ano de idade e quando a fala é confusa
ou diferente de outras crianças constituem motivo de preocupação.
O desenvolvimento da linguagem pode ser avaliado pelos testes de desenvolvimento
global como o Denver II e escalas Bayley e também por instrumentos específicos como
Inventário de MacArthur de Desenvolvimento Comunicativo, PPVT-R (Peabody Picture
Vocabulary Test-Revised) CAT/CLAMS (Cognitive Adaptative Test/Clinical Linguistic
Auditory Milestone Scale) e a escala ELM (Early language milestones).
Em resumo
Nos primeiros dois anos de vida especial atenção deve ser dada ao
desenvolvimento sensoriomotor e da linguagem, que podem ser avaliados
por meio de instrumentos específicos aplicados por outros profissionais da
saúde, como: avaliação do desenvolvimento motor pela Escala Motora Infantil
de Alberta, avaliação dos movimentos generalizados e TIMP, aplicados por
fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais. Avaliação do desenvolvimento da
linguagem por meio de testes aplicados por fonoaudiólogos, tais como: ELM,
CAT/CLAMS, inventário de MacCarthur e PPVT-R.
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É esperado que neste período a criança tenha uma atitude postural em assimetria
por influência do reflexo tônico cervical assimétrico, em flexão dos membros superio-
res e inferiores devido à hipertonia flexora fisiológica e que seus movimentos sejam
de ordem reflexa.
No entanto, sinais de alerta podem estar presentes e indicar de forma muito preco-
ce alterações existentes. São eles: pouco interesse aos estímulos visuais e auditivos;
ausência do reflexo de fuga; mãos cerradas e polegar incluso na palma da mão de
forma persistente; exagero da hipertonia flexora dos membros superiores e inferiores,
com muita dificuldade para a movimentação destes segmentos; hipotonia dos mem-
bros superiores e inferiores, com ausência de resistência durante a movimentação
destes segmentos; cotovelos dirigidos excessivamente para trás na postura sentada
e em prono; e reflexos exacerbados, ausentes ou com respostas assimétricas (por
exemplo, reflexos de Moro e de Preensão Palmar assimétricos).
A criança deve ser testada na postura prono, observando sua capacidade de apoiar-
se nos antebraços com controle da cabeça e alinhamento ombro-cotovelo. Espera-se
esta aquisição em torno dos 3 aos 4 meses. A dificuldade em elevar a cabeça, os
ombros e o tronco superior pode estar refletindo uma inabilidade para vencer a ação
da gravidade, seja por hipotonia cervical e dos músculos dos ombros ou até mesmo
por falta de experiência nesta postura. Já a exagerada extensão, observada nos bebês
que se empurram constantemente para trás quando estão em prono e que apresen-
tam os cotovelos excessivamente para trás dos ombros, pode sugerir presença de
hipertonia extensora axial e/ou hipertonia flexora dos membros superiores.
Na posição sentada, a cabeça não oscila mais a partir do quarto mês de IC, há es-
boço de apoio anterior aos cinco meses e os membros superiores apresentam função
de sustentação corporal. Aos seis meses de IC já tem melhor controle de tronco na
postura sentada, podendo permanecer sentado sem apoio ou com discreto apoio das
mãos. A criança também deve ser observada com suspensão vertical onde normal-
mente ocorre ausência de apoio em membros inferiores, pois não há sustentação de
peso corporal nos membros inferiores antes dos seis meses de IC (período de astasia-
abasia).
O teste de tração de supino para a postura sentada pode oferecer informações
importantes quanto ao tônus muscular da coluna cervical e controle da cabeça. O ân-
gulo dos adutores, dos poplíteos e a manobra do echarpe também são relevantes para
comparar membros superiores e inferiores e verificar simetria direita-esquerda nesta
e nas próximas fases do primeiro ano de vida.
Em resumo, os sinais de alerta para atraso no final do segundo trimestre são: con-
trole pobre da cabeça, ausência de fixação ocular na mãe e nos objetos coloridos e
sonoros, hiperextensão da cabeça e tronco (desequilíbrio do tônus axial), persistência
de assimetria (presença frequente do reflexo tônico-cervical assimétrico), hipertonia
de membros superiores e inferiores e pobreza de movimentação voluntária de um
hemicorpo em relação ao outro.
sugerindo um quadro de hipotonia axial; ou ainda pela queda para trás, sugerindo de-
sequilíbrio do tônus axial e hipertonia dos membros inferiores. As reações de proteção
dos membros superiores surgem quando a postura sentada é adquirida e podem ser
avaliadas deslocando lateralmente e de forma brusca o ombro da criança. A ausência
ou o retardo na resposta extensora, ou ainda assimetria na resposta direita-esquerda
pode ser sinal de algum dano neurológico.
Nesta etapa a criança normalmente prefere ficar em posição prono, pois há mais
condição de movimentos, arrastando-se para frente. Aos oito meses de IC há o início
do engatinhar e com nove meses torna-se mais competente nesta função, desde que
não tenha atraso motor. Também é importante observar se o paciente consegue man-
ter parcialmente o peso do corpo sobre seus membros inferiores.
Desta forma, os sinais de alerta para atraso no final do terceiro trimestre são:
controle pobre de tronco (queda exagerada para frente ou para trás), ausência ou
assimetria de respostas na Reação de Paraquedas (extensão protetora dos membros
superiores), ausência de respostas na Reação de Landau (combinação de reação de
retificação com reflexos tônicos) e persistência de reflexos primitivos.
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Psicopatologias no prematuro
Dra. Marina Carvalho de Moraes Barros
Doutora em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria
Professora Afiliada da Disciplina de Pediatria Neonatal do Departamento de Pediatria
da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo
No Brasil, 7,0% dos recém-nascidos são prematuros, sendo 1,3% com muito baixo
peso ao nascer, taxas essas que vêm se elevando nos últimos dez anos. Paralelamen-
te, observa-se um aumento da sobrevida dessas crianças, que passam a representar
uma parcela importante das acompanhadas em serviços de puericultura. A criança
nascida prematura, especialmente aquela com peso ao nascer inferior a 1.000 gramas,
é de risco para apresentar vários distúrbios do neurodesenvolvimento, entre eles a
paralisia cerebral (12-13%), o déficit cognitivo (17-42%), a deficiência visual (2-13%)
e/ou auditiva (1-6%), problemas esses identificados, em geral, já nos primeiros dois
anos de vida. A partir da idade pré-escolar, escolar e adolescência, a atenção da equi-
pe multidisciplinar que acompanha estes pacientes deve se voltar para a possibilida-
de de dificuldades escolares, alterações comportamentais e distúrbios psiquiátricos.
Todos esses temas são tratados no presente Manual, mas a ênfase desse capítulo se
relaciona à identificação de possíveis distúrbios psiquiátricos nas clínicas de segui-
mento de neonatos prematuros.
De maneira geral, os fatores de risco associados às alterações do desenvolvimento
são aqueles também associados à complexa gama de distúrbios comportamentais e
psicopatológicos que podem acometer os prematuros. Deve-se lembrar que, na maio-
ria das vezes, diversas variáveis abaixo citadas coexistem em uma mesma criança.
Destacam-se, no rol de variáveis que contribuem para os transtornos do desenvolvi-
mento do prematuro, em relação aos fatores maternos, o baixo nível socioeconômico,
a reduzida escolaridade materna, a gestação múltipla, a corioamnionite e as síndromes
hemorrágicas do 3° trimestre de gestação. Em relação às características neonatais, são
referidas a baixa idade gestacional, o baixo peso ao nascer e o sexo masculino. No to-
cante às intercorrências neonatais, vale citar a hemorragia perintraventricular, a leuco-
malácia periventricular, a doença pulmonar crônica, a sepse, a enterocolite necrosante,
a meningite, a síndrome do desconforto respiratório, o pneumotórax, a presença de
Psicopatologia no prematuro 53
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
54 Psicopatologia no prematuro
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
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SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
56 Psicopatologia no prematuro
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
As Desordens do Espectro Autista (ASD) também são mais frequentes nos nasci-
dos pré-termo, sendo apontadas em 3,6% daqueles com extremo baixo peso ao nas-
cer, aos 8 anos de idade11 e, em 8%, aos 11 anos6. Embora as ASD tenham um caráter
genético, na criança prematura se associam a déficit cognitivo, menor quociente de
inteligência, menor perímetro cefálico, alterações à ultrassonografia de crânio, redu-
ção do volume cerebral de substância branca, aumento do tamanho dos ventrículos e
hemorragia cerebelar9,12,13. As ASD também se associam à displasia broncopulmonar,
provavelmente, devido às dificuldades relacionadas à oxigenação durante o período
neonatal11. As ASD incluem o autismo, a Síndrome de Asperger e os transtornos não-
invasivos do desenvolvimento não especificados, sendo seu diagnóstico efetuado se-
gundo as diretrizes do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quarta
edição (DSM-IV-TR). O Quadro 2 resume os critérios diagnósticos para o autismo.
Além da dificuldade na interação social, dos distúrbios de linguagem e dos com-
portamentos estereotipados e repetitivos, outras características das ASD incluem as
disfunções sensoriais, o déficit cognitivo e, mais recentemente descreve-se também
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SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
58 Psicopatologia no prematuro
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
DESATENÇÃO
Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas
domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou
incapacidade de compreender instruções).
Com frequência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).
Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo,
brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais).
HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE
Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado.
Está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”.
Psicopatologia no prematuro 59
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
Dificuldades de comunicação:
Atraso ou ausência de desenvolvimento da linguagem falada, não
acompanhada de uma tentativa de compensar através de modos alternativos,
como gestos ou mímicas.
Em indivíduos com fala adequada, dificuldade em iniciar ou manter uma
conversa com os outros.
Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática.
Não participação em jogos tipo “faz de conta” ou de imitação social,
apropriados ao nível de desenvolvimento.
60 Psicopatologia no prematuro
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
Distúrbios emocionais
Conclusão
Além dos distúrbios psiquiátricos serem mais frequentes em crianças nascidas pre-
maturas, deve-se enfatizar que na maioria dos casos, eles estão associados a outras
morbidades, particularmente o déficit cognitivo. Os distúrbios mais frequentes são o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, principalmente na forma de falta
de atenção, ansiedade e as Desordens do Espectro Autista. Ressalta-se a importância
do diagnóstico precoce dessas doenças para permitir o início do tratamento. A sus-
peita diagnóstica deve ser realizada pelo pediatra, mediante informações oriundas dos
Psicopatologia no prematuro 61
SBP / Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco
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62 Psicopatologia no prematuro
Acompanhamento das
morbidades frequentes 6
ÍNDICE
Fisiopatologia
3. Análise urinária:
Concentração baixa de cálcio e fósforo na urina sugere baixa ingestão.
Isso ocorre principalmente devido a um aumento da reabsorção tubular de
fosfato consequente à baixa ingestão na dieta, e pelo aumento do PTH,
que estimula a reabsorção de cálcio4. Recém-nascido muito prematuro
perde muito mais fósforo na urina do que recém-nascido de termo.
Na investigação radiológica:
RX simples: osteopenia por ser detectada por meio de um RX simples, mostrando
ossos finos, fraturas ou fraturas em fase de consolidação; porém para que sejam
observadas essas alterações radiológicas, há necessidade de pelos 20 a 40% da di-
minuição da mineralização7. A investigação aos 6 meses de idade corrigida deve ser
realizada em prematuros que tenham apresentado suspeita clínica na UTI Neonatal,
com marcadores bioquímicos e séricos alterados.
DEXA: atualmente é o padrão-ouro para medir massa óssea em adultos e correla-
ciona com risco de fratura9, apesar de ter sido realizado em crianças, mas seu uso tem
sido limitado. A realização em prematuros tem sido validado7. DEXA é sensível na mu-
dança do conteúdo mineral ósseo e densidade, e pode predizer riscos de fraturas .
Ultrassom quantitativo: oferece medidas que estão relacionadas com a densidade
e estrutura óssea. É um método simples, não invasivo e relativamente de baixo custo.
A tíbia é uma boa região para este exame e há referências para crianças de termo e
pré-termo11. Deve ser repetido aos 6 meses de idade corrigida no seguimento ambu-
latorial.
Tratamento
A ingesta oral de cálcio recomendada varia entre 140-160 mg/100 Kcal (Ameri-
can Academy of Pediatrics) e 70-140 mg/Kg/dia por 100 Kcal (European Society of
Paediatric Gastroenterology and Nutrition (Espgan). Atualmente, podemos usar as re-
comendações: cálcio: 100-160 mg/Kg/dia e fósforo: 95-108 mg/Kg/dia por 100
Kgcal. Nenhuma fórmula de seguimento, nem leite materno fornece quantidade
terapêutica; portanto, cálcio e fósforo devem ser adicionados à dieta.
Tratamento profilático:
Nos recém-nascidos abaixo de 1.500 gramas de peso de nascimento, iniciar com
nutrição parenteral total nos casos em que não há condições de alimentação enteral.
Fornecer 40 mg/Kg de cálcio (4 ml/Kg de gluconato de cálcio a 10%) e 50 mg/Kg de
fósforo (0,5 ml/Kg de fosfato ácido de potássio). A melhor relação cálcio/ fósforo para
mineralização óssea é 1.7:1.
Assim que as condições clínicas do paciente permitirem, iniciar com a alimentação
enteral, preferentemente com leite humano, inicialmente com a enteral mínima e au-
mentar paulatinamente o volume. Quando atingir pelo menos 100 ml/Kg/dia, adicionar
o suplemento FM85 (Nestlé), na proporção de 1 grama/20 ml de leite humano. Dá-se
preferência pelo leite da própria mãe, caso seja possível. A suplementação de cálcio e
fósforo deverá ser realizada até a criança completar 40 semanas de idade gestacional
corrigida.
Considerar o conteúdo de cálcio do leite humano de 24 mg% e de fósforo 14 mg%.
O FM 85 contém 51 mg de Cálcio/5g do pó, e 34 mg de fósforo/5g do pó. Assim, o
leite humano de banco suplementado com FM85 contém aproximadamente 75 mg de
cálcio e 48 mg de fósforo.
Caso haja necessidade de prescrever um total de 140 mg/Kg de cálcio e 100 mg/Kg
de fósforo para um pré-termo, deve-se descontar o conteúdo do leite humano suple-
mentado, isto é, 75 mg de cálcio/Kg e 48 mg/Kg de fósforo.
Na situação em que o recém-nascido pré-termo está com uma fórmula específica,
como por exemplo o Pre NAN, que contém 70 mg% de cálcio e 46 mg% de fósforo,
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O rápido progresso das ciências básicas tem permitido novas abordagens diagnós-
ticas e terapêuticas no manejo da doença respiratória neonatal, como por exemplo, o
uso rotineiro da corticoterapia antenatal, a administração de surfactante exógeno e as
novas estratégias ventilatórias. A avaliação da função pulmonar em recém-nascidos
e lactentes também tem se desenvolvido bastante nos últimos anos. Com os novos
equipamentos é possível medir a mecânica respiratória à beira do leito, otimizando o
manejo da doença pulmonar no início da vida. Estudos utilizando diversas técnicas,
inclusive técnicas não invasivas, como a compressão torácica rápida a partir de volu-
mes elevados, têm contribuído de forma significativa para um melhor entendimento do
processo de crescimento e desenvolvimento dos pulmões e das vias aéreas.
As evidências científicas mais recentes demonstram que os valores de mecânica
pulmonar são diretamente proporcionais à idade gestacional e, que nascer antes do
tempo previsto pode ocasionar alterações pulmonares importantes, mesmo que o pre-
maturo não apresente doença respiratória significativa. Recém-nascidos prematuros
possuem alvéolos em menor número, e compensam o volume corrente aumentando
seu tamanho. No entanto, quando mensuramos os valores de fluxo expiratório forçado
podemos observar valores menores que o esperado. Além disso, sua via aérea possui
menor calibre e os bronquíolos são de menor diâmetro o que, associado ao fato de
possuírem sistema imunológico menos desenvolvido com menor quantidade de anti-
corpos maternos recebidos através da placenta, os tornam mais vulneráveis e com
elevado risco de morbidade respiratória (Tabela 1).
Quando estes bebês prematuros apresentam sepse, persistência do canal arterial
ou doenças respiratórias significativas que necessitem de terapias agressivas, como
volvimento alveolar destes bebês. Os dados de Baraldi (2010) confirmam que estas
alterações podem estar presentes até a idade adulta caracterizada pela diminuição do
volume expiratório forçado em 1 segundo - FEV1 (Figura 1).
*
DBP = displasia broncopulmonar.
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Medidas preventivas em
Retinopatia da Prematuridade (ROP)
A ROP, em sua evolução natural, poderá levar à cegueira irreversível se não diag-
nosticada ou tratada oportunamente3.
Os programas de triagem oftalmológica para a detecção da ROP, com exames de
fundo de olho sistematicamente realizados nas Unidades de Terapia Intensiva Neo-
natal (UTIN) nos pacientes no grupo de risco para o surgimento da ROP, são a melhor
possibilidade de se diagnosticar a doença para o tratamento adequado, quando ne-
cessário.
Os critérios de inclusão de pacientes nos programas de triagem variam entre
diferentes países e são baseados no peso de nascimento (PN) e na idade gestacional
(IG). No Brasil ficou estabelecido que os exames para a detecção precoce da ROP se-
riam realizados em todos os nascidos prematuros com PN de 1.500 gramas ou menos
e/ou com IG igual ou menor do que 32 semanas ao nascimento. O exame oftalmológico
inicial deve ser realizado entre a 4a e a 6a semana de vida utilizando-se dilatação das
pupilas. Poderiam, ainda, vir a serem incluídos nas triagens todos os bebês com maior
PN ou com maior IG que estivessem em risco de vir a desenvolver a ROP em função
de suas condições clínicas, quando solicitado pelo neonatologista responsável4.
A eficiência de um programa de triagem oftalmológica para a detecção e para o
tratamento precoce da ROP em pacientes pré-termos exige a criação de rotinas nas
UTIN e a plena integração entre oftalmologistas, neonatologistas e a equipe de enfer-
magem. Isto gera otimização no tempo despendido durante os atendimentos, pouca
interferência deste exame nas demais atividades da unidade neonatal, e menor risco
aos pacientes5.
No dia dos exames oftalmológicos é necessário que os profissionais da UTIN
identifiquem ao oftalmologista quais os bebês que deverão ser examinados e quais
seus fatores de risco para o surgimento da ROP: presença de displasia bronco-pulmo-
nar, necessidade de oxigenioterapia em CPAP ou em ventilação mecânica, presença de
septicemia, necessidade de transfusões sanguíneas, uso de surfactante, indometacina
e outras drogas.
Existe relação direta entre o uso do oxigênio com a ROP6. O desenvolvimento de
aparelhos que permitiram a monitorização transcutânea do oxigênio não só mostrou o
alto grau de flutuação nos níveis de oxigênio oferecidos ao prematuro, como também
permitiu a possibilidade de se estudar se o controle contínuo de PaO2 pode reduzir
a incidência de ROP7. A Academia Americana de Pediatria recomenda atualmente a
manutenção de PaO2 entre 45-80 mmHg8.
Quanto aos limites de saturação de oxigênio ideal para recém-nascidos prematuros,
foram estabelecidos nos grandes centros, guidelines para o controle da concentração
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IS BN 978–85–88520–24–0
9 788588 520240