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THESOURO
DE
PRUDENTES,
NOVAMENTE DADO A LUZ
POR
GASPAR CARDOSO
DE SEQUEIRA,
Mathematico, natural da Villa de Murça.
CONTEM EM SI QUATRO LIVROS,
cuja relaçad vai no feguinte Prologo.
Vai accrefcentado nefta ultima impreffaô o Prognoftico >
e Lunario para os annos vindouros.
OFFERECIDO AO NOSSO MELHOR
Portuguez
“SAN TO AN oN IO.
E Vv ORA.
Com todas as licenças necelfarias.
Na Impreflaé da Univerfidade, Anno de 1700,
PROLOGO
AO LEITOR.
Ara evitar ao prudente leitor o trabalho de
difcurfar a razaô do titulo defte volume, de-
ve faber que , fuppofto que feja fabricado
para que todos fe aproveitem delle, {6 os pru-
dentes o faraô , porque os taes fabem conhecer as
coufas , e eftimallas no que valem. E aílim tam-
bem , fe os prudentes nad manifeftarem as curtofi-
dades delle, eftaraô como thefouro encerradas:
pela qual razaô lhe cabe bem o tal titulo de The-
fouro de Prudentes. O qual tem quatro livros di-
vididos em dez Tratados.
O primeiro he do cómputo Ecclefiaítico, com
muitas regras curiofas.
O fegundo de fegredos naturaes , para plan-
tar, enxertar, femear , e fazer nóras, que andem
por fi: e como os Aftrologos ruíticos faberaôd pro-
gnofticar de tempos, e novidades com o Prognof-
tico, é Lunario perpetuo.
O terceiro de coufas importantes á4 Medici-
na, e Cirurgia , com muitos remedios já experi-
mentados.
O quarto de Arithmetica por numeros intei-
TOS.
O quinto da mefma arte por numeros que-
brados.
O
O quinto da mefma arte por numeros que-
brados.
O fexto de muitas curiofidades , tiradas da
mefma arte, para boa converfaçaõ.
O fetimo da Sphera por novo eítylo, e facil
de: entender.
O oitavo da fabrica dos relogios diurnos , e
noéturnos.
O nono da mediçaô das horas planetarias.
O decimo da Aftrologia, e preparaçaô das
duas figuras , que fe ufaô na judiciaria primitiva,
que he para julgar de tempos , doenças, novida-
des , e outras coufas de importancia para entendi-
mento da fegunda parte, que com muita curiofida-
de fe eftá compondo.
IL
LICENC,A DO SANTO OFFICIO.
O'de-fe tornar a imprimir o Thefonro de Prudentess
de que efta petigad trata com o.accrefcentamento, de
que faz mengad ; e impreffo tornard para fe conferir , €
dar licença que corra., e fem ella riaô correrá. Lisboa, 31.
de. Agofto de 1700.
Cofia. Carneiro. Moniz. Hafe. Monteiro.
+ LICENC,A DO ORDINARIO. -
s
Post imprimir. Evora, 9. de Outubro de 1700.
Fr. Luiz Arcebifpo.
Theodofio Cardofo.
SONETO.
Gs Def:
Defpues que el dé Partho el mar Euxino
Palo, el blanco liengo al viento dando
Para Ja Colchos Scythica volando,
Pufo en fofiego alpunto dragontino.
Afi, por ti tenemos ofadia
De penetrar Jos globos celeftiales,
Haia llegar al quadro del extremo.
Porque camino facil no lo havia,
Para que pefiudaffen los mortales
Lo que defcubre tu faber fupremo.
SONETO
Do mefmo.
Lv
Livro primeiro, que contém em fi 18. Capitulos. .
O qual trata do Computo Ecclefiaftico ; com algnmas an-
notaçoens proveitolas para os Parocos.
Exemplo
See
jouro de Prudentes;3°
oe ee Exemplo. . bo
- Pata fabermos quantos há de Epaéta no aúno de 167%. pôis te
mos fabido, que no tal anno ha 4. de Aureo numero, eftes 4.conta-
Femos como já fica dito,começãdo em a junta onde eftão 3o.dizédo
hi,& onde eftae 1©.diremos2.& onde eftio so.diremos 3. &ctor-
nado aos 30.6 4.acharemos 4 acabao os 4. em a junta onde eltao
“30.ajuntado pois eites 30. aos 4. q vamos côtando fazem 34. mas
porga Epacta em paflando de 36.08 4 palfio le o numero da Epacs
ta,& aqui achamos 34» diremosq no dito anno {io 4. da Epacta. E
efta ordem guardaremos.em outro qualquer anno, cuja Epacta qui-
zermos faber, É advirta-fe;á fuppofto q temos dito, q a Epacta em
cada hi anno vai crefcendo 11. pontos:té elta regra excépção,porã
em qualquer anno g ouvert 19. de Epacta, em o feguinte anno ave-
ra hi,aflim ficão crefcendo t2.pontos do tal anno,
À Capitulo quarto, da letra Dominical,
S letras q fervé de Dominicaes, fão cftas, A. B. C.D.F.E.G,
A & fio 7.porã imitão aos 7.dias da fornanaseftas (E dobrão,ou
repeté 4.vezes,& fazé 28. imitddo a hii movimento q o Sol faz em
25-annos,a q chamão Circulo Solar. Sao eftas letras chamadasDo-
minicaes,porg cada huma dellas em 0 anno q lhe cabe, nos moftra
03 Domingos,& mais feftas do anno.E para fe faber em cada hii an-
no q letra ferve de Dominical,deixaremos de parte 0s 1500. ¢ nos
de mais annos veremos q vezes ha 30,tomado de cada 30.2.pontos
+ ° na
4 -
Tratado primeiro: . 5
na memoria, e eftes ajitaremos aos q dos 30. peflarem, & oq tudo
fizer em (oma aflentaremos em os g.dedos da rad efquerda,come-
cando em a raiz do dedo Indez, e logo pelas demais raizes tornan-
do à (egunda junta do Indez, e continuando pelas demais juntas, €
extremidades dos dedos, e voltando pelas juntas detraz, fendo
neceflario,athé fe acabar a copia de humeros,ã tivermos,e naqueila
junta, em q (: acabar acharemos|: tra Dominical, G no tal anno ha
de fervir, indo dizédo pzlas dittas jittas as digo€s feguintes, Filins «jo
Dei, Celi, bonus, accipe, gratis: dado a cada junta {ua diçaô, falvo no
dedo minimo, q todas as vezes qa elle chegarmos daremos duas di-
çoés, por quanto nelle nos daô os annos bilTextos, nos qua:s nos
faô neceflarias duas letras, huã q firva de principio do anno athé dia
de Sad Mathias, ¢ a outrano mais reftante do anno.
Exemplo. ‘
Para fabeemos no annode 1675.4 letra ferve de Dominical dei-
xando de parte
os 1$00: ficaó 173. e porque em 175. ha 5. vezes
30. e maisiz g. tomaremos ro. pontos pelas 5. vezes 30. q ha, e ef-
tes to. pontos ajiitaremos aos 25. e fazé 33. mas como em chegado
a 30. fe deitad fora, e-fe tomaô delles (6 2. deftes 30. tomaremos
2. ¢ juntos aos 5. fazé 7. eftes 7. aflentaremos como na mad adiãte
na-volta da pagina parece. Agora indo dizendo as diçoens fobredit-
tas, fc. onde eltá 1 deaigarifmo, dizendo Filins: e onde 2. Eflo, e
onde 3: Dei: conde 4.Celii Bonus: e tornando aos g. 4ccipe: e no
6. Gratis: e no 7, Filius, E por quanto nefte anno naõ paíla o nume-
ro de 7. enslle dizemos Filius, cuja primeira letra he F, diremos
ga letra Dominica! defte annohe F. e defte modo fe fará quando
quifermos faber a letra Dominical de outro qualquer anno, tomádo
por letra Dominical a primeira da diçaô, q ficar ema junta, onde fe
acabar a copia de numeros, q formos contando. Como agora, fe ie
bufcaffe o numero 28. § he ultimo, e fervird no-anno de 14696.a-
challoh emos na raizdo dedo minimé pela parte de forase afim co~
»gado da raiz do dedo Indez, onde eltd 1. de algarifmo, dizeado
ji xs: eindo continuido a cada numero dizendo hãa digad, e duas
todas as vezesG chegarmos a qualquer dosnumeros d>dedo mi
mo, tindo côunuando pelas coltas dos dedos athé chegarmos à ró
on Jz eftaô 28. à qual chegaremos cô as diçosos q dizé .Jecipe o
cujas primeiras lesras faô A. G. eftas diremos q fervem de Domini.
A 3 . fay
-
6 Thefouro de Prudentes*
caes no talanno. Advertindo 5 aflim como a repetigaé das letras do
Signo folar {a6 28. aflim os numeros naé {a6 mais de 28. e paffado
ds 28. diremos 1. porq em 30. ja (a6 2.affim g fe no anno g fe buf.
cara letra Dominic.for neceffario correr todos os numeros, naõ fa
mais, que 28 .como moltra a maõ, e allim os iraô correndo, ou
todos, ou parte,c6forme for neteflario,athé chegar ao numero, fe
demada,repetindo fépre as dicçoés (cbredirtas,e na cô q fe chegar ao
numero,ferá a letra Dominic.aquelle af - ; (e for Biffexto,affim co-
mo nells fe nomeaõ z.dicçoés atlim té duas letras Dom. no tal aão.
Tratado primeiros 7
~hou, ao feu car
Capitulo quinto do affento da Epatta, e letra Domi-
nica’, e da letra do Martyrologio,
Ag Do
% “ Thefouro de Prudentes
--aatal anno, 4
Ea
E, |
NAL
ba
10 Thefouro de Prudentes
Da letra do Martyrologio.
Em as Igrejas collegiadas, e conventuaes fe coftuma lerà Prima.
a vida, e martyrio do Santo, que em o feguinte dia padecco, ou
morreo; e como ifto naô feja regulado por dias de mezes, fenaô
por dias de Lua, foy neceffario, g aflim como ha 30.dias de Lua,ou-
veffe tambem 30. letras, que cada hia dellasno anno, que lhe cou-
beffe, moftrafle em qualquer dia do anno quantos dias eraó dz Lua,
E nota-fe,que fuppolto que a fagrada Igreja faça a Lua hum dia de-
pois dos Mathematicos, he par r2za6 que fe n26 pode dizer Lua
prima, fenaó depois de paíTadas 24. horas depois de nova. E as
letras,g fervsm de Martyrologio,(e repartem em duas partes.(c.em
19. menores, que imitaG a copia do Aureo numero, e LI, maiores,
que imitad os 11. pontos, que à Epacta vai crefcendo em cada hum
anno: as menores fadeitas,a.b.c.d.e.f.g.h.i.l.m.n.o,p.q.r.f.
t.u. Às maiores (20 eltas, A. B.C..D. É.F.G.H.M. N.P. asquaes
letras fe affentad pelas mcímas juntas, e ordem que a Epacta. E pa-
ra fe {aber em. Cada hum anno,“que letra ferve de Martyrologio,
acharfe-ha na junta onde acabar a Epacta daquelle anti 5
Exemplo, v4
No anno de 1675. temos fabido aver 14. de Epadts, 4 affenta-
dos pela ordem atraz, acharemos q acabaó na raiz do dedaido meio
da parte do dedo anmulár. Agora onde eltá”1.-de algarifmo diremos
a. pequeno, e no fegundo, b. e no terceiro, c, e no quarto, d.
tambem pequeno, e efte diremos q (erve do Martyrologia nefte
anno, porque nelle acabou o numero,que efte anno tem a Epacta.E
defte modo (& bufcará a letra do Martyfologio para todos os mais
annos. Como agora, no anno de 1688. em q a Epaéta té 27.acharf: -
ha o tal nomero na reiz do dedo annular da parte do. dedo minimo-
¢ effim comegarcmos a cótar dizédo, onde eftá. 1. de algari{mo di-
remos, a-pequeno,e no 2. b.e côtinuando chegar: mos aos 27. com
H. graie, e efte dieemosGq ferve do Martyrologio no ta sl anno, Ad--
virta-fe, q (e o anno for Biffexto, a letraq fervir de “Martyrologic,
naó fervird mais q do principio do anno attié dia de $.M.-thias,porg
em dia de S, Matnias bufcaremos outra letra, q nos refpõda so nu-
mero, deG vamos tratado: aflim como fe vefpera de S. Mathias di-
ceflemos Luna decima quarta)bufcaremos hija ls tra, em q dia do dit-
to Santo nos dê Luva decima quina,
Capi-
“Tratado primeiro, II
Capitulo fexto da origem das Feflas mudaveis.
O Uando Decos noflo Senhor livrou os Lraelitas do poder de
Faraó mãdou-lhes por Moyfes celebraflem o Cordeiro Paf-
choal,o q acôteceo em 14.dias da Lua entrado o Equinocio Vernal,
qhea21.de Março. E como ifto foffe preceito da ley Velha, q ho=
je na ley da Graça, em q eftamos, fe naô guarda: manda a fagrada I-
greja,ã para fugirmos de empafchoar no tal dia, empafchoemos no
Domingo feguinte,depois de paffados os 1 4.dias da Lua. E daqui vé
q a mais baixa Pafchoa q podemos ter,he a 22.dias de Março,como
ferá no anno de 1693. e amais alta em 25. de Abril, como foi
no anno de 1666. e como da Paíchoa á Cinza ficaô 46. dias, e da
Cinza a Septuagelima 17. e da mefima Pafchoa à Afcençaó vaó 39.
e da Afcençaõ ao Spirito Santo 10. e do Spirito Sáto ao Corpus
Chriftijr 1. por ferem termos limitados naô póde aver aballo em
Pafchoa,que o na6 aja tambem em as mais feítas mudaveis.E para fe
faber em cada húanno a quãtos, e de q mez vem cada huma deftas
feltas mudaveis, depois de (abermos quantos em o ditto anno_ha de
Epacta, e q letra ferve de Dominical, lhe daremcs afléto em a mad
pela ordem, q atraz fica ditto, e nas jútas em q acharmos a letra Do-
minical,acharemos as noflas feítas,começando da fegunda junta do
dedo polegar pela parte de fóra, cô o conteudo neftes verfos,
E 43
Capitulo feptimo, das Domsingas do Penteccfes, ae Adventa,
& da primeira do Advento.
Ommummente deve aver feis Domingas da Epifania á Scp-
tuagefina, mas pela variedade das feítas mudaveis, varião
tambeinjas Domingas, & as que faltão da Epifania à Septuage-
Ima crefcem do Pentecoltes 40 Advento: & porque algumas vezes
Pode fobejar;mais alguma das,ãfe podem meter nareza do Pente-
cokes
sa Thefonro de Prudentes
coftes ao Advento, manda a fagrada Igreja, que fe reze della na fe-
ria mais propinqua 4 Septuagelima. E para fe faber quantas-fão asq
podem meter, temos eftaregra, q não podé fer mais do Pentecot-
tesao Advento que 28. nem menos de 24. falvo quando a Pafcoa
paffar de S. Jorge,g he a23.de Abril, porque nefte cafo {era6 25,
Domingas do Pentecoftes ao Advento. Aflim q para fabermos as q
fe podem meter, veremos a quantos de Março; ou Abril vem a Paf-
coa, & dos dias que forem de dia de Pafcoa, atê dia de S. Jorge por
. cada fete dias tomaremos hi Domingo, os quaes ajuntaremios aos
24., commis, ue .
à E Exemplo. :
Temos fábido no anno de 1675. ferd a PafCoa de Flores a 14. de
Abril, dos quaes para 23: que he dia de S. Jorge, vão 9. & porque
nelles ha hãa vez. ou ha Dominga, tomaremos 1. & junto aos
24..cômuns fazem 2.5.& tantas Domingas diremos que averá no
tal anno do Pentecoítes ao Advéto, & efta ordem guardaremos em
os mais annos.E para efta regra fe encomendar à memoria melhor,
ufaremos deftes veríos.
Exemplo, e
Teinôs nó anho dé 16%$. letra Doniinical Ficomeçando pais tp
B. dizendo 27. & no C, 28: & fio D. 4%. & continuando cheparê-
mos ao F. que he a letra Dominical do tal ano, com +. de Dezémt
bro;&a tantos diremos ferá nefte anno a primeira Dominga do
Advento,& por efta ordem faberemos a primeira Dominga de
Advento de quaiquer anno. E paraencomendarmos 4 memoria o
limite de que não pode abaixar, nem fubir, temos os veríôs, que .
abaixo fe feguem. : nee
Lees
o,
soe,
Capitulo vitaves dos Sanétos que comumente
fe guardão; & dos que fão
de jejum
Das
Tratado primeiro. , 17
Dos dias que fad de jejum.
Da mui fanéta Annunciação Da Senhora o Nafcimento,
vefperas jejoaremos, com a Purificaçaõ,
S. Lourenço, e S. Joaõ, tambem onoflo Patraé.
cos que Apoftolos {a6, Pentecoftes nefte affento,
¢ Natal, ifto farémos. com Pafchoa jejuaraõ.
Capitulo nono des Domingas, e Santos da primeira, e
fegunda Claffe, e dos interdictos, defpeforios, e
Quatro Temporas.
Domingas da primeira Claffe.
Da primeira Clafte faô * Pafchoa, e Spirito Santo,
a primeira do Advento, Quafi modo, e a Trindade:
eaprimeiraem go Chriftad e faô de tal dignidade,
faz da Quarefma o aflento, | que nunca largaó feu canto
cade Ramos, c Paixaõ. por outra neceffidade.
Duplex, e femiduplez.
Duplez, femiduplez, que vé Infra oétava he capaz
pelas Pafchoas na Vigilia, admitir transferiçao,
Semana Santa tambem, falvo ainfra que traz
Cinza, e Epifania, Corpus Chrifti em que fe faz
que fe transfiraô convem. da infra commemoragad.
à . B3 mcs
22 | Thefouro de Prudentes:
mez tomaremos hum ponto, ¢ [a6 6. que juntos aos 4. que ha de
Epacta fazem ro. dos quaes para 30. faltao 20. e a tantos de Agof=
to ferá Lua nova; c efta ordem fe guardará em outro qualquer an-
no, e mezes, de que quizermos faber fuas Luas. Advertindo, que
fe os pontos, que tomamos dos mezes, com os que cuver de Epac-
ta, fizeré maior (omma de 30.entaô veremos os q faltaô para 60. ¢
a tantos ferá a Lua nova daquelle mez. Affim que Lua novanaé he
outra coufa mais que acharem -fe elia,e o Sol em Fiimefmo Signo,
e gráo: e pelo confeguinte achêa cítar em oppofiçaõ, como tes
mos ditto Das Luas chêas.
Para faberem em cada mez, o dia em Que a Lua he chêa, fe ha de
advertir, que fe a Lua for nova de hit dia do mezathé 15. ferd chéa
no mefmo mez: c fendo aLuanovade 14. dias do mez para cima,
fegue-fe, que primeironomefmo mez foi chéa, que nova, ¢ para
fe {aber huma, e outra, (c.a Lua chéa paflada, ¢ a q fz fcgue à Lua
nova nad ha mais, que para faber a paffada, abater 15. do diaem q
he nova, e os que reftarem do mez, atantos diremos foi chéa,
primeiro que nova: e para fabermos a Lua chéa que (e fegue de-
pois da nova, os mefmos 15. acre(centados aus dias, em que he no«
Wa, nos moftrardd o dia da Luachéa,
Exemplo, z
Temos fabido no anno de 1675.fer Lua nova em 25.de Janeiro,
dos quaes tirar 15. acharemos foi chéa aos 10. ¢ affim diremos foi
chêaa 10. de Janeiro: e (e aos 25. acrefcentarmos 15. acharemos,
feráchêa a 9. de Fevereiro do mefmo anno. E deita maneira fe
fabcráo as mais Luas chéas.
Exemplo,
- Para fabermos quitos dias (aô de Lua em 1$. de Janeiro noan-
no de 1673. ajútando aeftes 15. 4. q ha de Epaéta, fazem 19. e hit
ponto q tomamos de Janeiro, fazem 20. e tantos diremos que fad
de Lua,
i ; Outro Exemplo.
Dia de S. Bartholomeu, que he a 24. do mez de Agofto, ferad 4.
dias de Lua, porque ajuotandoacftes 24. quatro, que ha de Epacta
nefte ditto anno,fazem 28.E porque de Margo a Agofto (26 6, me-
zes, os 6. pontos, que daqui tomamos, juntos aos 28. fazem 34. €
affim moftra, que averd 4. de Lua no dia do ditto Santo,
Do luar, ou ejenra de cada noite,
Sabidos os dias g fa6 de Lua, fe ha de advertir, q de hum dia de
Lua athê 43. vem o luar na poftura do Sol, e o efcuro no refto dá
noite; e fe os cias da Lua fadde 1 5. para cima,vé o efcuro na pof-
tura do Sol, eo luarno mais refto da noite. Eaffim tambem fe ha
de advertir, que a Eua cada dia crefce,ou mingãa quatro quintos de
hora, e eftes (a6 os que cada dia crefce, ov mingtia o luar, pela qual
r2za0, fabidos. quantos dias fa6.de Lua, os dobraremos quatro ve-
zes, fendo de bústhe 15. e fendo de 15. para cima, faremos a mef=
ma dobra, deixando á parte Os quinzc: e os pontos, que nefta da-
bra ouver, veremos q vezes tem cinco, e por cada cinco tomare-
mos humahora de luar, ou efeuro; e fe dos cinco fobejar alguma
coufa, os pontos que fobejarem, faó quintos de hora, que mais du-
rará o luar, ou efcuro.
Exemplo
Para fabermos quanto tempo durará o luar em feis dias de Lua;
diremos, feis vezes quatro a5 24, eacharemos Gem 24. ha quatro
vezes cinco, qus {a6 4. horas, e porque fobsjad quatro pontos,
diremos, que durará o luar 4. horas,¢ quatro quintos, ¢ 0 mais
refto da noite ferá de cfcuro; e paraque poffamos feber em “hora
da noite ccabará ocurío do lvar,.as horas, que acharmos, gue hay
de luar, sjuntaremos às hores. ds quando o Sol fe puzer, e no cabo
defta (omma, fe porá.o tar, e:o mais ferá de eícuro, E para faber
. B4 as
24 o Jrhefonro de Pradentes,
- ashoras a q fe potim 0 Sol em todo o tépo do anno,iremos ao quar-
tolivro, e no tratado das horas Planctarias o acharemos: aífim que
O luar, q nos der hã dia de Lua,nos dará de efcuro o mefmo tempo
em 1$-dias de Lua; e o luar, q der 2. dias de Lua, dará o meímo té-
podeefcuroem 17. de Lua; e o luar Qnos der 3. dias de Lua, nos
dará o meímo tempo de efcuro em 18.da Lu3;¢ affim ns mais dias
ds Lua, o que fe feguir de hum dia de Lua athe 1 5.de luar,fe feguirá
de 16.athé 30. de efcuro
Capitulo 14. Dos pontos de preamar, e baixamar
mefma diflerenga que ha cada dia de claro,ou e(curo,que faô
4-quintos de hora,iflo mefmo varêa a maré: pelo que fabido:
o tempo q cada dia ha de claro, ou efcuro, fica facilitando feber as
marés, porque na6 ha mais que aguellas horas, e quintos, G achar-
mos'de luar, ou efcuro, ajútallas por regra geral às tres de pela ma-
nhãa, e o que tudo fizer em fomma, no tal tempo ferá a primeira
maré chêa daquelle dia,e dahi a {eis horas, e hii quinto, ferá pon-
to de maré minguante, e fobreefles ajuntar mais feis, e bum quin-
to, ferá fegunda maré chêa daquelle dia, porque fabida a primeira
maré, para faberem as demais em cada dia, naô ha mais, que sjun-
gat-lhe feis horas, e hum quinto, e da minguada à chêa o meímos
Exemplo.
Pois temos fabido, que em feis dias de Lua durará o luar 4. ho-
ras, e quatro quintos, eftas juntas ás tres dz pela manhãa, fazem 7.
horas, e quatro quintos, e atantas hor:s, e quintos ciremos, fe=
rá ponto ds preamar cm (eis dias de Lua; e febre fette, e 4. quintos
ajuntar feis, e hi quinto, fazem 14. horas, das quaes tirar as dozs
do meio dia ficaô duas: e alfim diremos, que ás duas da tarde fe-
rá baixamar em feis dias de Lua; e fcbre eft:s ajuntar {cis,e hum
guinto fazem oito, e hum quinto, e a tentas tornará a fer de tarde
aimaré chêa em 6. dias ds Lua. Pela qual razaô, fabidas as horas
de claro, ou efcura, fica fendo facil faber-fe o ponto de preanar,
e baixamar de cada dia, tendo por regra geral, que as horas de cla-
ro; ou cicuro de cada dia, fe haô de ajuntar às tres de pela manhãa,
para fe faber a primeira maré de cada dia. à
. Capi-
Tratado primeiro.
«Capitulo 14 Das emendas, e excepçoens de 1700”
. por diante,
, a Aun
28 Thefonro de Prudentes.
Afeençaã
Tratado Primeiro, 29
Cc Capi
34 Thefonro de Prudentes
' . Capitulo 17. Da taboa-perpetua das marés, e
horas de claro, e efcuro de cada
& noite.
I
dias de |d..P.Q| HBQ.| H.P.Q.
=
faa]
ar
Es
Es
25
8º
fas
36 Thefouro de Prudentes.
Epacta
Tratadd primeiro, ° 37
HWA
26 S. Duarte, Rey.
2525 A fefta dos Satã Reys Magos; dup. x
24 S. Lucino, martyr.
S. Paciente, Bifpo.
OOCN
23
22 S. elton e Bafilifla, Vite,
21 S. Gongalo de Amarante,
21 S. Hyginio, Papa;e martyr.
20 SS. Satyro, e Arcadio, martyres.
19 Ss.Gumicindo, e Servodel, martyres.
18 S. Hilario, Bifpo, e Conf. fem. eS. Felix.
17 S. Paulo 1. Erm. fem. e 8: Amaro Abbade.
16 S. Marcello Papa, € martyr. fem
15 S. Anted Abbade, dup.
14 A Cadeira de S. Pedro em Roma, dup.
13 S.Canito Rey, e martyr. fem.
12 SS. Fabicô, e Sebafticô martyres, dup.
EI 8. Ignes Virgém, e martyr. dup.
to SS. Vicente, e Anaftafio martyres, fen.°
Ss. Raymundo de Penhaforte, Conf. fem.
S. Timotheo, Bifpo, e martyr. fem.
AN cs
C3 Num.
38 Thefouro de Prudentese
NundaLesra Dias di
| Epacta. Dom. |Mez. FEVEREIRO.
29 S. Ignacio, Bifpo, e-martyr, fem. jejum,
Mm
28 A Purificacad de noffa Senhora, dup. YK
OvPoOzZEDÓsSPommOÓRPOSNUCOH>OTMO
23
22 S. Romualdo, Abbade, dup.
CN
S. Efcolaftica, Virgem.
18 S. Caftrente, Bifpo.
I S. Eulalia, Virgem, e martyr.
16 SS. Juliaé, e Benigno, martyres.
‘S. Valentim,Presbytero, e martyr.
15
»
Num,
Tratado primeiro, 39
Nium.dalletra
Epada:| Dom.
|» D.
Dias dd
Mez. MARCO.
m S.Rozende, Bifpo.
29 B S. Simplicio, Papa, e Conf.
28 F SS. Marinho, e Afterio, martyres.
27 G :S. Cafimiro, Conf. fem. e S. Adriaô, mart. +
SE
C4 Nom,
\4
40 Thefonrá de Prudentes.
|
Iida Letra
Epacta.| Dom.
Dias do
Mex. ABRIL,
29 S. ‘Theodora, Mart.e S. Machario, Conf.
Nm
+ Francifco de Paula, Conf. dup.
Owe OsmLORPOmMBDORPOBECORPO
28
23 - Diogenes, martyr.
22 . Celeftino, Papa, e Confeffor.
21 : Diniz, Biípo.
CON
20 Maria Cléofe.
19 Ezechiel, Profeta.
18 Lead, Papa, e Confeffor, dup.
tg » Victor, martyr.
16 S. Hermenegildo, martyr, fem.
15 SS. Tiburcio, Valeriano, ¢ Maximo, mart.
14 S. Crefcente, martyr.
13I2 S. Fructuozo, Arceb.e S. Engracia V.e mart,
S. Anicéto, Papa, € martyr.
EL §. Eleuterio, Bifpo, e martyr.
S. Hermégenes, martyr.
o
COOL,
S. Vital, martyr.
SxPedro, martyr, dup. +
S. Catharina de Sena; Virg. dup: jum.
Ne]
v
Num,
ratado primeiro, . 41
o
INum.daTetra |Dias do] .
a
Epasta. Dom . | Mex. M A Y O.
28 B 1 S. Felippe, e S. Tiago, Apoft. dup.
27 Cc 2 Ss. A sianaia, Bifpo, e Conf. dug. x
26 |'D | 3 Alnvencad da §. Crus, dup. vá
25 E 4 S. Monica, Viuva, fem.
24 F 5 S. Angelo, martyr.
23 G 6 S. Joaé ante Portim Latinam, dup.
22 A 7 S. Eftanislao, Bifpo, ;e martyr, fem.
21 B 8 A Appariçaõ de S. M iguel Archanjo, dup.
20 G 9 S.Gregorio Nazianze no,Bifpo,e Corfdup
19 D to | SS. Gordiano, e Epim echo, martyres.
18 E IT | S. Mamerto, Bifpo.
17 F 12 | SS.Neréo,Achilléo,Domitilla,e Panc. fem.
16 G 13 ‘| Noffa Senhora dos Martyres.
15 A 14 | S. Bonifacio, martyr.
I4 B 15 | S3. Torcato, elzidoro, martyres.
13 Cc e po,
16 | S.Udildo, Bif GonfefTor-
12 D 17 |S. Reftituta, Virgem, e martyr.
II E 18 |S. Venancio, martye, /2m.
1o F 19 | S. Pedro Cealeítino, Papa ,e Conf. fem.
9 G 20 | S.Bzenardino dz Sena, Conf. fem.
.8 A zt | S. Mangos, martyr.
7 B 22 |S, Heléat, Virgem. ;
6 Cc 23 | S. Defiderio, Bifpo, e martyr,
5°.) D 24 | SS.o1aciimo,e Rozacia no, Irm.martyres.
4 E 25 |S. Miria Magdalena de Pa zzis, fem.
3 F 26° | SFilipp2 Neri, Coifellor, dup.
2 G 27 |S, Joad, Papre martyr.
I A | 28 | SS, Julto,e Germano Bifpo.
* B 29°-| S. Maximo Bifpo.
29 Cc 30 |S Fefix Papa, emartyr.
28 D | 31 !SPatronilla, Virgem.
fr Thefouro de Prudentes.
Num.dalLetra
Fpaca.|Dom.
Dias do,
Mex: JUNHO.
27: | E §..Firmo, martyr.
yo
2526 | E S. Marcellino, martyr.
25.24 | G. LON Qh SS. Tergentino,. ¢ Laurentino, Irm. e mart
23 A 5: Quirino, Bifpe.
2» |, B, "SS. Marciano, Nicanor; e Apollonio,m.
2 G 1S. Norberto, Bifpo, e Confeflor, dp. .
zo. | D 'S, Paulo, Bifpo, e martyr..
19 E “S. Medardo, Bifpos
18 F :8S. Primo, e Feliciano, martyress
17- iG :S. Timotheo, Bifpo, e martyr..
só. |U A 'S. Barnabé Apoftolo, dup.
ts: 4 BD 'S. Onofre,e.
os SS. Balilides, Girino, &ic, m.
14, Cc S. Antonio. de Lisboa, Conf, dup.
1z D S. Bsfilio. Magno Bifpo, e Conf. dup:
12 |) RB: ‘SS. Vito, fto; e Grecencia,. martyres.
ie: | F ‘SS. Quirito,.e Judita.
Io. G: Bilpo, eS, Mancel mart. .
É 9 “A os, e Mercelhano Irm. mar tr
8: B afio, e-Protafio, martyres. :
Ep Cc 'S. Silverio, Popa, e- martyr.
6; dD S..Albano;. martyr.
o E 'S. Paulino, Bifpo, e Confeff:
a. E .S. Joady Sacerdote,e martyr;-jejtm.
O Najcimento de Sc Joad Baptifia, dp. SA
=Tá [LêBRB. Su Profpero; Bifpo.
SS. Joas, ePaulc, martyres, fem. .
* : O S:Saníuó,agafalhador de pobres.
294 1. D S. Lead, Papa, e Conf. femme jeja.
28" E $: Pedro, e S. Pala Apóf. dvp. Es
az; |, F S. Margal, Bilpo..
Nai.
Tratado primeiro, ~ 43
|
WNum.da Letra | Diasdo|
. [ J 7
Epatta.\Dom. \Mez. | J > L H O. ‘
26 G | a S. Cafto, e Secundino, Bifpos, e martyres.
2525 | A 2 | AVifitacad da Virg.nofja Senhora, dupe
} 24 | B 3 S. Anaftafio, Bifpo.
23 Cc 4 S. Izabel Rainha de Portugal, fem.
22 D 5 S. Marinho, martyr.
21 E 6 3. Tranquilino, maryr.
20 'F 7 S. Vitorino com 4. comp. martyres.
19 | G 8 S. Procopio, martyr.
18 A 9 S. Cyrillo, Bifpo,e martyr.
17 B 10 | SS. Sette Irmaós,martyres, font.
16 Cc 11 | S. Pio, Papa, e martyr.
15 D 12 | S. Joad Gaulberto, Abbade, fem.
14 E 13 | S. Anacleto, Papa, e martyr, fen.
13 F 14 | S. Boaventura, Bifpo, e Conf. dup.
12 G 15 | S. Henrique Emperador, Conf. fem.
Ir A À 16 |S. Valentim, Bifpo, e martyr.
10 B 17 | S. Aleixo, Confeflor, fem.
C | -18 | S. Simphorofa com 7. filhos martyres,
8 D 19 | S.Jufta, e Rufina, martyres.
7 E 20 | 8. Uvilgefortes, Virg. e mart,
6 F 21 | S. Praxédes, Virgem.
5 G 22 | S. Maria Magdalena, dup.
4 A 23 | S. Apollinar, Bifpo, e martyr, fem.
3 B 24 |S. Chriftina, Virg. e martyr, jejum.
2 Cc 25 | §. Tiago ae dup. eS. Chriftovad.
I D 26 | S.Ama Mar da Virgem N.S, dup. VK
* E 27 |S. Pantalead, martyr.
29 F 28 | SS. Nazario, Cello, &c, martyres, fem.
28 G 29 |S. Martha Virgem, e S. Beatriz, mart. fem.|
27 A 30 | S. Abdon, eSennem, martyres.
25261 B 31 |S. Ignacio, Confeilor, dup.
Num,
44 Thefonro de Prudentes,
bri Dias do r
Epaca. Dom. |Mez. A G O S T O é
Num
Tratado primeiro, 43
15 E S. Gregorio, mart.
14 S. Nicolio de Tolentino, dup.
13 B SS. Proto, e Jacinto, mart.
I2 G S. Juvencio, Bifpo.
II D S. Maurillio, Bifpo.
10 a A Exaltagaé da Santa Cruz, dup.
Ig
S. Nicomedes, mart.
SS. Cornelio, e Cipriano, Pontif.mart. fem.
A Impreílaô das Chagas de S. Franc. fem.
$ | B S. Thomás de V.Nova, Bifpo, e Conf. fev.
Cc S. Januario, Bifpo, e mart. fem.
440 S. Euftachio, mart. dup. jejum,
3 E S. Mattheus, Apoftolo, Evangel. dup. VA
2 F S. Mauricio, e feus companheiros, mart.
I G S. Lino, Papa, e mart. fem.
* A S. Gerardo, Bifpo, e mart.
29 B S. Firmio, Bifpo,e mart. e S, Aurelia Virg.
28 Cc SS. Cipriano, e Juftina, mart.
27 D SS. Cofme, e Damiaô, mart. /em.
2526 E S. Venceslio, Duque, e mart. fem.
2524 F S. Miguel Archanjo, dap. VR
23 G S. Jeronymo Conf. D. da Igreja dup.
46 Thefouro de Prudentes
16 S. Leonardo, Confeffor.
15 S. Florentim, Bifpo.
SS. Quatro Coroados, martyres.
“O CN
I4
13 Dedicag.6 da Bafilica do Salvador, dup.
Se SS, Tripkon, Refpicio, e Nimpha, mart.
II S. Martinho, Bifpo, e Conf. dup.
10 S. Martinho, Papa, e mart. fen.
S.Homem Bom,eS. Bricio, Bifpo.
COO
5. igno, Bifpo.
Aprezétaçaõ da Virgem Maria Nofja 8 dup|
HM
Num.da
Epata,
Letra Dias do
Domin. DEZEMBRO.
GM pus doma
20 S. Eloi, Bifpo, eConfeffor.
POMBpORPOMECORPOMHVORPONNCOUPOU
LIVRO:
Tratado fegundo. 49
LIVRO SEGUNDO,
EM O QUAL HA DOUS TRATADOS,
O primeiro de confas tocantes à Agricultura, para femear, plantar,
enxertar, e modo para faber fazer Noras, que andem perfi, e
pronofticar de tempos, e novidades, fuppofta a vontade
Divina.
O fegundo tratado he de muitas advertencias importantes
aos
Medicos, e Cirurgioens, remedios experimentados paraas,
mais graves enfermidades, que há.
Capitulo, primeiro do que he proveitofo fazer -fe no enchente,
¢ minguante da Lua de cada mez.
EEE ES, OR experiencia temos, que quando he em min-
guante da Lua, faltaô os humores nas confas in-
feriores, e pelo confeguinte quando he cbês, eí-
taô as coufas com mais vigor, e força. E femui-
tas vezes naô fuccedem as fementeiras, enxertias,
e plantas com tanta perfeigad , como era necef-
fario, procede de fenaõ ter côta com adifpofiç 28
da Lua, e naô fe guardar a regra, que por ella fe tem tirado. Peio
que em breves palavras quizemos nefte lugar dar relaga do que
na enchente, e minguante da Lua de cada mez, fe deve fazer em
materia de Agricultura, e criaçaô, que he o feguinte. Depois de
fabermos quando he crefcemte, e minguante de Lua de cada
mez pelo Pronoftico, ¢ Lunario perpetuo do Capitulo nono def-
te fegundo livro, havemos de notar, que em o crefcente da Lua de *
Janeiro he acertado pôr bacello:, enxertar arvores temporãss,
mergulhar as que cedo rebertsô, planter rofaes, deitar galinhas,
b e
50 Thefonro de Prudentes.
e patas. E no minguante da Lua defte mez he bom alimpar as
arvores, podar vinhas, cortar madeira, femear alhos, e cebollas,
Fevereiro. Em o crefcente da Lua do mez de Fevereiro ferg
de proveito plantar arvores, que ainda naé rebentad, pôr bacello,
lonçar vides de cabeça, tranfpôr arvores, maceiras, e pereiras fe-
rodeas, femear hortaliga, por eltacas ds romãas, de murta, e amo-
reiras, eltercar arvores tardias em fuas efcavas, fazer valados, dei-
tar patas, adens, e galinhas: e comprar ovelhas, e cabras. No
minguante da mefma Lua he bom podaz as vinhas, e empallas,
cortar canaveaes, alimpar colmêas, e os pombacs.
“Março. Em o mez de Março no crefcente da Lua he acertado
mergulhar, e lançar vides de cabeça, quando começaõ a brotar: €
he bom enxertar arvores de fruto ferodeo, concertar os cortiços
das abelhas, e comprar gado. E no minguante em terras frias po-
dar vinhas: e deve advertir-(e, que fenad foíls taô nocivo, como
he o frio demafiado, o melhor era podar cedo.
jp Abril, Em o crefcente da Lua do mez de Abril, hebom plan-
tar eftacas de madeira, femear hortalica, que fe coftuma regar,¢
alguma em fequeiro, creftar colmêas, bufcar enxames, deixar cri-
ar pombinhos, porque feraô de ventagem dos doutro tempo, e
lançar pára emprenhar cabras, e ovelhas. No minguante da Lua
hebom em lugares quentes lavrar terras humidas, e he damnofo
cavar: ¢devem cubrir-fe as vides, e arvores, queeftiversm efca-
vadas; he taobem acertado tofquear os carneiros.
Mayo. Em ocrefcente da Lua do mez de Mayo podemos feme-
ar meloens, aboboras, pepinos, cardos, rabãos, e alfaces: enxertar
de efcudo pefleguciros, amendoeiras, larangeiras, ¢ toda a arvore
«de efpinho, e figueiras, € oliveiras, ¢ langar a emprenhar as ca-
bras. No minguante he bom desfolhar as vinhas, q coltumaó cri-
ar pulgaõ, creftar colmêas, tofgquear ovelhas, capar gado em terra
fria, e regar daqui por diante arvores, feger cevada, ¢ fino.
Junho. Em o mez de Junho no crefcente da Lua, he bom plátar
Eu eftacas de figueira, e de toda a arvore que tivera cortiça grofla;
‘amo Oliveiras, e larangeiras, e enxertar ‘de elcudo. No minguan-
té fg devem aparelhar as ciras, e recolher as cevadas, trigo em ter-
zas quentes, e todo legume, arrancar linho,
e cretar colmêas, E
deve
Tratado fegundo. 5t
deve notar-fe, que o trigo fegado nefte minguante, fe confsrya ia
“mais, que o colhido em Lua nova.
Julho. Em o crefcente da Lua do mez de Julho hs acertado cu-
brir as cepas,porque lhe naô faça damno a fobcja quentura do Sol, e
deve corta-fe a grama,€ herva, para que naó torne a rebentar, e
he bom femear motftarda. E no minguante colher amendoas. -:
Agofto. Em
o mez de Agofto no crefcente da Lua fe devé quei-
mar os mattos para terras de pad, ou pafto do gado, femeartram6-
ços, e depois de chover femear nabos, e couves forodeas. E no
minguante he bom fazer paça de ameixas, peílegos, e figas, e de-
ve-fe apar: lhar, e concertar a louça para as viodimas.
: Setembro. Em o crefcente de Setembro ferá de proveito fe-
mear centeyo, e cevada em terras humidas, e traméços em terra
quente, e femear trigo, elinho, que naó fe rega, pôr craveiros,
e fazer póços antes de chover. E no minguãte he bom vindimar
as vinhas, fazer cóvas para depois pôr, ou tranfpôr arvores, efter-
caraterra, ecreftar colméas.
Outubro, Em Outubro no erefcente da Lua, he bom femear tri-
go, linho, favas, e cevada, efcavar as vinhas. E devem cobrir-fe as.
plantas tenras, e mimofas, como larangeiras, limeiras, e cidrei-
ras. No minguante ferá acertado fazsr ascovas para as arvores, q
quizermos pôr na primavera, e ferá bom deitar-lhe efterco logo:
taôbem he bom plantar ginjeiras, pereiras temporãas, e toda a
arvore, que naô fente frio.
Novembro. Em o crefcente da Lua domez de Novembro fe po-
dem pôr plantas, que nad damna o frio, femear caróços, alimpar as
: arvores de fecco, e eftercallas, pôr baccllo, mergulhar, aiporcar, « e
deitar eíterco nas vinhas, e (emear em tempo humido alhos, e pôr
canas. E no minguante he bom cortar madeira, vimes, e canas,e
cortiços, efcavar oliveiras, e fazer toucinhos.
Dezembro. Em o mez de Dezembro, no crefcente da Lua, he
bom fazer efterqueiras parao outro inverno, e podem-fe as hortas
cultivar, e pôr hortaliça, femear rabãos, alhos, e alfaces. No min-
guante da Lua fe póde cortar madeira, eftercar onde for necefla-
Fio, alporcar, e lançar ourina na efcava, tapar portaes, e levan-
tar, econcertar valados,
D2 Capitulo
52. o Thefonvo de Prudemtes,
Capisulo fegundo, dos Signos, que [ao bons para
fazer fementeiras.
Ela mefma razaõ, que atraz temos tratado do enchente, e |
minguante da Lua, acharêmos, que no minguante della as
femétes eltaô com menos humor, e encolhidas, e a terra mais fec.
ca, e menos fazoada, e pelo contrario no enchente della as fe.
mentes e(taô mais chêas, e difpoítas, e a terra com mais humida-
des, e capaz de em fias receber. Pelo q a fementeira, que for fi.
taem enchente de Lua, fairá mais deprefla, e com mais corpo; e
pelo contrario, a que fe fizer no minguante. E naô taô fomente fe
requer para o tal effeito favor da Lua, mas ainda he neceflario
eftar ella em figno accômodado no dia, q fe a femente der à terra,
Para o que fe deve notar, que os fignosterrenns, que faô Tauro,
Virgo, ¢ Capricornio, (a6 {ufficientiffimos para que eftando a
Lua nelles fe femêc. E alem deftes, tabem ferd de proveito, ain-
da que menos, femear eftando a Luaem fignos aereos, que (25
Geminis, Libra, s Aquario. E tadbem nos fignos aquaticos fe po-
dz femear quando ha neceffidade, e o tempo eltd difpolto: os
quazs (a6 eftes; Cancer, Scorpio, Pifcis. Somente eftando a Luaem
figuos de fogo, que a6 Aries, Leo, Sagittario, nad he bom femear.
E note-fe, que em cada mez corre a Lua todos os fignos, como no
tratado feguinte fe declarard largamente, onde moftrarémos taé-
bem por que ordem os corre, de modo, que o lavrador com facili-
«dade pofla faber em qualquer dia do anno, e em qualquer hora
em que figno eltá a Lua. O que fe acharã no Tratado feguinte de
Medicina, Em refoluçaõ,os fignos idoneos (a6 Tauro, Cancer, Vir-
go, Libra, Sagittario,Capricornio, e Pifcis.
Capitulo
7 3. 3. do do, tempo
emp em 9 que Je deve cortar madeira, podar
: a vinhas, enxertar, e plantar.
Do figno de Aries.
Quando a Lua for nova em Aries,fe o for de hú gráo athé quinze;
denota naquelle quarto tempo vario.
E fe for nova de quinzs grãos athé trinta denota bom tempo.
Quarto crefcente de Lua em Aries denota tempo verio, que fe
entende hora Sol, hora chuva, hora vento, hora tempo quictos
Lua chêa em Áries denota bom tempo.
Quarto minguants em Aries denota calmarias.
Do figno de Tanro.
Quando a Lua for nova de hum gráo de Tauro athé quinze, de-
mota pelas manhãas, e tardes frios, e nevoas,c pelo diícur(o do
dia bom tempo.
E fe for de quinze gráos athé trinta de Tauro denota agua coma
deftemperado vento, ou trovoés.
Quarto crefcente em Tauro denota agua com vento.
Lua chêa em Tauro denota vento com ameaços de agua.
Quarto minguante em Tauro o mefmo denota.
Do figno de Geminis.
Quando a Lua for nova em: Geminis,fe for de hum gráo athé 15.
denota tempo quieto, mas com agua. É f- for de quinze gráos athé
trinta, denota tempo nublofo, quicto, e com moltras de agua.
Quarto crefcente em Geminis denota o meímo.
Lua chêa em Geminis denota Sol entre nuvens com agua, mas
pouca,
Quarto minguante em Geminis denota bom tempo, ¢ frefco.
Do figno de Cancer.
Quando a Lua for nova em Canc:r, fe o for de hit gréo athe 15.
denota agua: 6 fe for de quinze athé 30. denota bom tempo.
Quarto
58 Thefo: ro de Prudente. .
uarto crefcente em C: nc r denota moftras de agua corm algu
mas humidades.
Lua chêa em Cancerdenota abundancia de agua,
Quarto.minguante em Cancer denota agua, mas pouca
, Do figno de Leo
© Quando a Lua fornova em Lco, fe o for de hum gráo athé quin-
ze, denota efterilidade de agua com calmarias. E fe for de quinze
atbé'trinta, denota tempo frcíto.
Quarto creícents em Leo: denota calmarias..
“Lua chêa em Leo denota bom tempo.
Quarto minguants em Leo dsnota ventos cômoftras de aguas
Do figno de Virgo.
Quando a Lua for nova em Virgo, fe o for ds hum gráo athé r$.
d.nota tempo bruícô; e quente; Efe o for de quinzs athé trinta,
‘denota tempo brufco, frefco, ¢ com'moftras de agua.
uarto cr: fcente em Virgo denois bom tempos
Lua chêa em Virgo denota Solentre nuvens com alguma-agua,
mas tempo quieto.
Quarto minguante em Virgo-denota calmarias,
Do figno de Libra.
Quando a Lua for nova em Libra, fe o for de humgrão athé 195.
denota tempo quicto com algumas.humidades. E & for de quinzs
athé trinta, denota agua.
narto crefcente em Libra denota calmarias.
Lua chêa em Libra denota bom tempo.
Quarto minguante em Libra denota Sol: entre nuvens com
moitras Cé. agua.
Do figno de Scorpio:
Quando a Lua fór nova em Scorpio, fe o for de bil grdo athé 15.-
den.1a tempo nublofo com moítras.de agua, E fe for de quinze
athe triot2, cenota vento com agua,
Quarto creitente em Scorpio denota bem tempes.
Lua
- Tratado fegundo, §9
Lua chéa em Scorpio denota vento, ou trovoens com agua, ¢
pedea.
Quarto minguante em Scorpio denota agua,
Do figno de Sagittario.
Quandoa Lua for nova em Sagittario, fe o for de hum grão athé
quinzs, denota bom tempo, E fe de quinze athé trinta, denota agua
deftemperada.
Quarto crefcente em Sapittario denota bom tempo.
Lua chêa em Sagittario denota calmarias.
Quarto minguante em Sagittario denota bom tempo,
Do figno de Capricornio.
Quando a Lua fornova em Capricornio, fe o for de hum gráo
athé quinze, denota geadas com neve. E fe de 15, athé trinta, tros
voens, e vento com agua, e pedra.
Quarto crefcente em Capricornio denota tempo vario.
Lua chêa em Capricornio denota bom tempo.
Quarto minguante em Capricornio denota tempo varios
Do figno de Aquario.
Quando a Lua for nova em Aquario, fe o for de hum gráo athé
quiazs, denota agua. E fendo de 15. athé 30. denota Sol entre nu-
véscom algumas humidades.
Quarto crsfcente em Aquario denota tempo nublofo com mof-
tras de agua.
Lua chêa em Aquario denota calmarias.
Quarto minguante em Aquario o mefmo denota.
Do figno de Pifcis. .
Quando a Lua for nova em Pifcis, fe o for de hum gráo athé 15.
denota deftemperada agua, e ventos frios, e fe o for de quinze
athétrinta, denota tempo quieto.
Quarto crefcente em Pifcis denota agua.
Luachêa em Pifcis devora tempo nublofo com moftras de agua,
Quarto minguants em Pifcis denota bom tempo.
. ‘cap hits
60 The)ouro de Prudentes
66 Thefouro de Prudentes.
q
Como ‘ha no Anno de 1674.-
E wrefcent| -7 | 17 [1 Sagit. de
[Mudanca iép.
Setebr. e Chêa. | 14 [15 é Pucis, Tépo frejco. É
qming. | 21 7 | 28 |Gsmin. Bom tempo.
Nova. | 29 5 6 |Libra. (Temp. mudav.
(2 ive
Dçzébr. 11 22 |Virgo. ee
6 | 30 [Sagi Ibom 2
1 6 JAries Tip. vevelto
\ !
80 Thefouro de Prudentes
ce
no
Como ha no Anno de 1685.
Acto
go Thefouro de Prudentes
Anno
92 Thefauro de Prudentes
uid.
8 so Thefourd de Pryudentes:
| AO LEITOR.
ARA que naô faça confufas ao Prudente Leitor tra-
tarmos de Medicina, e Cirurgia, e coufas que nad fad
«de nofla profiflas, fe note, q todo o remedio de cura,
que por difcurfo humano fe ha-de fazer, confta de tres
peffoas, Medico, ou Cirurgiad para receitar, Boticaria
para fabricar, Mathematico para fazer eleigaé do tem-
po, em que (e haó-de obrar os medicamentos: e por elta razaó (ad
taô mixtas as (ciencias da Medicina, e Cirurgia com a Mathematica,
que n30 ha Medico fem algum conheciméto de Mathematica, nem
Mathematico (em conhecimento dz Medicina,e Cirurgia: e como
ifto aflim feja, com muita razad fica provado podermos-tratar do
que das dittas [ciencias alcançamos: e o mefmo da Agricultura, q
atraz temos tratado; pois todas as confas inferiores cítao (ujsitas
às influencias das cólteliaçoés celeftes,de que os Mathematicos tem
conhecimento, ¢ alcangad os eftzitos, Gfazé como caufas fegun das.
Unguento fegunde.
Primeira agoa
Arfe-ha hum paô detrigo da terra bem feito, que peze tres;
ou quatro arrateis, e (em dobrez alguma na codea, nem fen-
da pelo meio, porque naô bote fóra o liquôr, que le lançarem; ¢
«depois de cozido, (e lhe tirará da parte de cima huma pouca de co-
dea do tamanho da palma da maô, por onde lhe tirard6 tanto mio-
lo,como hum ovo, e ao mais miolo fz daráã muitos golpes de
huma, e outra parte, de modo que naótoqus na codea, para que
receba em fi hum quartilho de bom melo mais novo, q leachar,
e tornando a tapar o paó com a codea, que fe lhe tirou, a qual cra-
vando-a com alfinstes, porque naó refpire, (e meterá em hum ax
lambique a eftillar, pondo debaixo do paô algumas falhas de cou=
ves fingellas, e eftillado efte liquor fe guarde. :
Agoa Segundas
Cura,
“Se a nevoa for exterior, com a agoa eflillada do paô atraz, de-
spois do enfermo eftar na cama, e de coftas, com huma penninha
branca fe lhe enchaô os olhes daquella agoa, e fe deixará citar
hum pequeno de coftas, para que a agoa lavs asmininas, e pela
manhãa, e entre dia lavará os olhos com a fegunda agoa (er: na-
da: iito mefmo (2 guardará nas nevoas intriníecas, com tanto que
tome os fuadouros atraz dittos em nove dias: porém as agoas cor=
teráô com ellas athé vinte dias.
Para
110 Thefouro de Prudentes.
Para clarificar, e clarear a vifta dos olhos, tomar-fe-ha huma
pouca de agoa de Eufrazia eftillada, e defta fe lançaráó humas.
Ppingas dentro nos olhos, e com ifto fe fuftenta, e clarifica a villa.
Tacbem o pé de kufrazia fecco, e bebido no vinho, ou no caldo
fuftenta muto avifta. A Eufrazia he erva miudinha, mais que £.l
da terra, nafce em Março, entrando o 30l em Arizs, e como (a-
he defte figno, logo fe murcha, e confome.
Para reftituir avilta de olho quebrado, tomaremos humaerva
de quafi feiçao de coentro, que neíta terra fe naõ fabe, que coufa
feja; fó o que fe alcança della he o effeito da experiencia; e para
fe alcançar, fe fará o feguinte. No tempo, que criaô as andorinhas,
com hum alfinete furaráo os olhos ahuma andorinha das novas, €
tenka-fe tento, que a pouco efpaço asandorinhas velhas vzô buf-
cara erva, c lhe tocaõ os olhos, e lhe reftauraõ a viíta, no qual tem-
po adeixaõ cair; e efta guardem, porque tem o effsito ditto.
Remedio notavel para qualquer dôr de olhos, he tomar huma
pouca de vaca de boa parte, e fe puder fer da perna, e feitas du-
as talhadas delgadas, aflim frefca, e picada com huma faca po-
nha-as o enfermo à úoite, quando fe deitar na cama, atando bum
panno porcima, porque naô caiaó, e naõ taô fomente tira a dôr,,
‘mas faz purgar pelos olhos todaa reima,. que tem na cabeça,
Ordem da cura.
Capitulo
Tratado fegundos 123
Outros finaes.
Dos Siguos.
I As
130 Thefouro de Prudentes,
Figura
Tratado fegundo, 131
I> Capitulo
132 Thefouro, de Prudentes.
Capitulo 3. decomo fe Jaberá em cada hum dia do anno
em que Signo eftaa Lua.
Rola
y————— Tratado fegu ndo,
o Cancer| Cance
30 20
Na É2)
q“
Es. LIVRO:
134 Thefonro de Prudentes
QUE
TRATA DA ARIMETICA,
EM O QUAL HA TRES TRATADOS.
O primsiro de Arimetica por numeros inteiros. O fegundo da
mefma arte-por numeros quebrados. O terceiro de
muitas, e varias curiofidades para a converíaçao
tiradas da mefma arte.
AOLEITOR.
Eve faber o Prudente Leitor, fer de tanta
preeminencia o faber contar “que quando que-
rem louvar bum bomem ;” dizem em feu lou-
vor, Le homem que vive de conta, pezo, é
medida. E tanto be affim, que o Lomem,
que nao cflá no conhecimento alo, o contao por “animal
irracional, como aos demais brutos. Pelo que quem fe qui-
Jer aproveitar do que fe (cgue nos livros adiante, e atrax,
deve primeiro tomar fundamento em efe, pois pende de con:
ta, pexo, e medida,
in Capitulo
Cnidade
,
>
Unidade -, o 00 6 ow o no NO md
rem — NOW
Oo Nov omo<0a
Enter SN0OooNowowo ro
Capitulo primeiro das unidades,
Centena demilhar--- 5 00 o n 00 O w
antiga.
Conto——————- n00 00 0 wo
Dezena de conto————- now o now
Centena deconto———- sovornro
Unidade
I or fF 21 2 31 3
2 2 4 22 4 32 6
3.3 9 2 3 6 33 9
4 4 16 2 4 8 34 nu
5 5 85 > § 3 é I5
6 6 36 2 6 12 3 18
7 7 49 2 7 14 3 7 we
8 8 64 2 8 16 3 8 24
9 y 8 2 9 18 3 9 27
Io 30 I00 2 10 26 3 10 30
Thefouro de Prudentes,
TABOADA MODERNA.
.
Declar
Jiv. 30 Tratado primeiro, 139
O Omo quer que efta conta feja proveito(a, para efcufar 0 tra.
4 balho de levar os dezes na memoria, poremos nella a conta
breve,para que fique mais clara a declaraçaô della; affim comocô.
prando, ou vendendo noventa e oito varas de pâno à 75. teis ca
da vara, poremos tudo como. aqui. _9
Agora diremos g. vezes 7. fad 63. Gporemosco- 6
mo parece;¢ logo 9. vezes 5.45. que poremos. 435 7
Agora diremos 8. vezes 7, 56.. como parece, 546
etogo difemos 8. vezes 5:40. como aqui. Ê o
Agora fomaremos as regras, q ficaô entre as duas . 7350 5
linhas, e acharemos, que fomaô 7350.
+ A prova defta efpecie (e faz tabé pelos noves, e querendo-a fazer
pelos fettes diremos:em 8,7 vezes ha 7. e porá ha huma, os 2. fo-
bejastomaremos,quejuntos aos 8. a diante fazem 28. dos quaes ti-
rados os fette nad fica nade-agora tirddo os fettes do prego,g fae 75.
ficaé cinco,e podo o 5. porbaixo dacifra; como aqui parcce, 010
chremos,cinco vezes cifra, be cifra: agorairemos aregrada 5]
foma,dizendo, am fetts G vezes hafette, acharemos q ha hia, fem
fobejar nada: e logo diremos, em 3. que-vezes ha fette, e porque
n35 ha nenhuma, ajuntando o 3. ao 5. fazem 35. nos quaes ha s.ve-
zes 7.e na6 fobeja nada, e affim eltará certa, E note-fe, q efta efpe-
cis tem tambem provareal, a qual fe faz por repartir: c depois de
feita a pratica de repartir, fe dirá a prova real defta efpecie.
o o
A 2006 (2
' 98765 (14109.
77777
K.2 Titulo
148 Thefouvo de Prudentes.
Capitu-
Liv. 3. Tratado primeiro, 149
Capitulo 10, de partir por 10. 100. e milhares.
“Rimeiramente toda a copia, q quifermos partir por 10. com-
À panheiros, nad. ha mais q tirar a unidade daquillo, q fe hade
partir, e o g ficar vem a cada hú dos copanheiros: aflim como, par-
tindo 89785. por 10. cópanheiros, tirando a unidade ficaô 8478. E
ifto he,o q vem a cada hum; advertindo,q os 3.ficarãõ por partir, e
fe partirmos por (00. tiraremos a Unidade,< D:zena,e o que reftar
vem a cada húsaffim como;partindo 793253. por 100. pefloas tird-
do a Unidade,e a Dezena,ficad 7932. ¢ ficad por partir 53. reis: e
fe por mil partirmos, tiraremos 3.letras,mas advirta-fe, g efta parti-
çaô naô ferve fenaô em quanto o partidor be numero hii; porg fen-
do 2. 3. 4. e outra coufa (imilhante, tiraremos as letras, G acima diz
aregra, eo g reftar fe partirá a modo de meio partir: aflim como,
querendo partir 6792.por 6o,psfloas, tirando o dous, o mais par-
tiremos por 6. e 0% ficar por partir, fc ajuntará aos 2. q temos tira-
do, e o q tudo fomar, ficará por partir, ¢ fe affim como partirmos
por 60. partirmos por 600. tiraremos duas letras, e o mais partire-
mos por 6. E efta ordem (e guardará nos mais dezes, e contos, que
acontecer fer-m partidores.
Capitulo 11. para partir por todos os partidores.
AG taé fomente cfta efpecie ferve para repartir entre quan-
tos partidores aconteça, mas taébem ferve para reduzir di-
Dheiro de menores a maiores peças, e de hum Reyno para outro,
e para regra de companhias: de mancira, que o partir porinteiro
fe entéde em partiçaõ,em g haja mais de nove partidores:affim co-
mo,digamos que partinj0-98765.por 432. companheiros, para fa-
bermos o vem acada hum dell.s, acharemos q lhe cabe 228. co-
mo parece daquella banda da rifca.
oz Ê
356
0478
12329
98765 (228
43222
433
4
K 3 Mas
130 . Thefouro de Prudentes.
Aías a maneiracomo fe hade fazer, pore- 123 -
mos o que fe hade partir, como aqui apparece: 98765 (2
elogo poremos—. ———— 432. € diremos em
9. q vezes ha 4. e porque ha 2. poremos os z.dizédo,2. vezes 4. [a6
&. para 9. vai hum, q poremos fubre o 9. tornando a dizer do dous
parao 3. duas vezes 3. feisypara oito vaô 2. q poremos fobre o 8.di-
zendo outra vez, duas vcz=s dous quatro, para 7. vad 3. q poremos
fobre o 7. e advertiremos G com cada letra,q pufermos da parti¢ad,
havemos-de fallar com to Jas.as I-tras dos partidores,como agora fi-
zemos como 2. ora porã ja temos Com o 2. fallado, mudaremos os
partidores adiante como aqui.
3
046
1232
98765 (2%
4322
43
Uppofto que cada hum deftes numcros por fi feja inteiro, bem
fe pode contar por quebrados, tendo outro numero maior de
que feja parte, aflim como,toflad he parte de cruzado, e vintem he
parte de toftaô, e real he parte de vintem: e para que eftes nume~-
roscom eftas defigualdades fe poflaé tomaé direitamente, farfe-
haé 4. colinas, cada huma com feu titulo: convem a faber, na colii-
na dos cruzados (e porá hum C. e nados toftoés hum T. e na dos
vintés hum V. e na dos reaes bum R. debaixo das quaes letras ire-
mos pondo os numeros, que quizermos: advertindo q na colúna dos
toftoés naõ podemos por maior letra g tres, nem na dos vintés ma-
is que 4. porque o 5. he toftaõ, e na columna dos reaes fe naG pode
pôr mais q athé 19. como tudo a qui parece C.. Fe. V. Ri
Hum devia feguinte,—
—— —— 96. 3. 4. 19.
outro deviao feguinte,—
—— — .— 62. 2. 2 2
ontro devia o feguinte, 45 O 2 o
foma tudo o feguinte, ——— 2. 04. 32 O TI.
E a ordem,com que fe fomará, he efta: na colina das reaes acha-
remos 21. e hum, que de 20. paíla, poremos ao pé da columna: e
porque em 20. ha hum vintem, levaremos o vintem para a colina
dos vintés, ediremos, 1.¢ 3. a6 4. e 2. (266. e 4. (aô 10. e por-
que em 10. vintés ha hous toftoés fem fobejar n2la, poremos por-
baixo huma cifra, levando os 2. toftoens para o ritulo dos toltoés,
dizendo 2. € 2. {a6 4.€ 3. 7-¢ porque em 7. tollocos ha bum cru-
zado, Os 3. que fobejaô poremos por baixo, levando o cruzado pa-
raotitulo dos cruzados: dizendo, 1.e 5.6:e2. 8.€ 6.14. pore-
Mos 4,€ vai 1. e continuando acharem» que vem a fomar, 204.3.
toftocas, e hum real.
A pro