02 - Capelania Hospitalar
02 - Capelania Hospitalar
02 - Capelania Hospitalar
Sumário
CAPÍTULO I 04
Aprendendo a ter esperança
CAPÍTULO II 05
Levando o amor de cristo
CAPÍTULO III 06
Os enfermos
CAPÍTULO IV 07
Qualificações para visitação
CAPÍTULO V 10
Aplicações bíblicas
CAPÍTULO VI 11
O paciente e seus sentimentos
CAPÍTULO VII 13
A visitação
CAPÍTULO VIII 14
Capelania e prática
Como conselheiro cristão, é necessário saber o que falar, lembrando-se que esse
aconselhando encontra-se limitado em espaço e, muitas vezes, com outras limitações no
que se refere a dieta, higiene, posições. Não deve omitir-se a falar diretamente sobre a
doença e o processo de sofrimento pelo qual a pessoa está passando. O conselheiro
cristão pode cooperar também com o doente grave e com muitos que estão no final de
vida no nascimento da esperança naqueles que ainda padecem do pior dos sofrimentos,
que é o vazio espiritual e a ausência de sentido para a vida, a morte e o sofrer.
A enfermidade grave contribui para uma percepção mais realista sobre a própria vida
quebrando ilusões, orgulhos e a fantasia da autossuficiência. Assim, através da dor e da
impotência, a pessoa é levada a descobrir os recursos inesgotáveis da graça de Deus que
traz sentido ao homem e lhe basta.
A dor e as situações mais absurdas são aceitas na certeza de que existe um Deus
compassivo que sabe o que é padecer e assiste o carente em toda angústia (VASSÃO,
2009).
Atuar nos hospitais levando o amor de Deus, Seu consolo e alívio num momento de dor.
Esta é a principal missão da Capelania Hospitalar, que, através de gestos de
solidariedade e compaixão, tem levado a Palavra de Deus não só aos pacientes, mas
também aos seus familiares, sem esquecer ainda dos profissionais de saúde, tantas vezes
vivendo situações de estresse ou mesmo passando por momentos difíceis. Os capelães
respeitam a religião de cada paciente sem impor nada, apenas levando a Palavra àqueles
que desejarem.
Diante da enfermidade a pessoa se vê tolhida de sua liberdade de ser ela mesma, não
pode desempenhar suas atividades e sente-se ameaçada quanto a seu viver ou futuro. A
reação diante de tudo isso é uma atitude psicológica chamada de MECANISMO DE
DEFESA, classificada como inconsciente.
A família acaba sendo afetada e as reações negativas podem ser a de estresse psíquico,
ocorrendo desgaste físico e até depressão. A família se organiza nas suas funções,
ocorrendo sobrecarga para alguns membros familiares e até a omissão de cuidados. A
vida socioeconômica também pode mudar radicalmente devido as perdas. Os familiares
prejudicam o tratamento se forem excessivamente desconfiados em relação à equipe do
hospital, com muitos questionamentos ou palpites. Alguns familiares se sentem
culpados ou transferem a culpa ao paciente. Também podem se sentir vítimas do
destino, castigo de Deus ou retaliação do inimigo. O enfermo muitas vezes precisa se
esforçar para acalmar a família. Conforme a enfermidade, alguns familiares entram em
crise de desespero, tirando a tranquilidade do paciente.
Ter sabedoria e humildade para saber que você não é melhor do que ninguém;
Cultivar uma personalidade amável, agradável, cativante;
Ter habilidade de comunicar-se;
Ter humor estável;
Ter respeito as opiniões religiosas divergentes;
Ter discernimento e sensibilidade na conversação;
Saber guardar as confidências dos pacientes;
Saber usar a linguagem e forma de abordagem a cada pessoa;
Dar tempo e atenção ao paciente visitado;
Ter sensibilidade para com discrição, sentir quando é o momento mais oportuno
para visitar;
Saber evitar a intimidade e não invadir a privacidade alheia;
Saber ouvir.
Bater à porta.
Pedir licença ou cumprimentar só verbalmente (a menos que o paciente estenda
a mão).
Se apresentar como pastor(a); obreiro(a).
Se oferecer para orar (respeitar as negativas) pedindo o favor de abaixar o
volume do rádio ou TV.
Convidar as pessoas do ambiente pra ouvirem a leitura bíblica e oração.
Caso o enfermo estiver no banho, fazendo curativos ou algum exame,
RETORNE POSTERIORMENTE.
Se a enfermeira estiver atendendo o paciente ou o médico estiver presente no
quarto, RETORNE POSTERIORMENTE.
Se o paciente está com algum mal-estar (vômito, dor, confuso), abreviar a visita.
Às vezes o paciente faz as seguintes solicitações: para ajeitá-lo no leito, pede
água ou algum alimento, solicita medicação. TODAS essas solicitações devem
ser atendidas pelo serviço de enfermagem. Por isso, responda ao paciente que ele
deve fazer esse pedido a enfermeira, ou em alguns casos (queda do paciente,
escapou o soro) avisar o ocorrido no posto de enfermagem.
Em alguns casos quando o paciente apresenta um quadro de contaminação, é
colocado um cartaz de alerta e de instruções na porta do quarto. Na dúvida,
perguntar no posto de enfermagem e que deve fazer para entrar no quarto
(utilizar máscara, luva, etc).
A maneira como vê a enfermidade tem grande influência na maneira como você irá
tratar o paciente que visita, por isso, é necessário temos uma visão clara dos que a Bíblia
nos diz sobre a enfermidade.
A doença é uma questão que a Bíblia menciona em muitos textos. A doença de Naamã,
Nabucodonosor, o filho de Davi, Jó, Paulo, Timóteo, a sogra de Pedro, e vários outros e
descrito tanto no Velho como no Novo Testamento.
Quando Jesus veio pessoalmente à terra, seu interesse pelos doentes se destacou tanto
que praticamente um quinto dos evangelhos é dedicado ao tema da cura, e o Livro de
Atos registra como a primeira igreja cuidou dos enfermos.
A Bíblia nos fornece sobre a enfermidade pelo menos quatro conclusões que podem ser
úteis nas visitas hospitalares.
Através de suas palavras e atos, Jesus ensinou que doença, embora comum, é também
indesejável. Ele passou grande parte do seu tempo curando os enfermos, encorajaram
outros a fazerem o mesmo e mostrou a importância do cuidado cheio de amor daqueles
que são necessitados e doentes. Mesmo dar a alguém um gole de água era considerado
digno de elogios e Jesus indicou que ajudar um doente era o mesmo que ministrar a Ele,
Jesus.
Assuntos que devem ser avaliados com respeito ao trabalho com os enfermos:
* O hospital é uma instituição que busca uma cura física. Temos que respeitar o
ambiente, a estrutura hospitalar e trabalhar dentro das normas estabelecidas. Como
evangélicos a Constituição Brasileira nos dá direitos de atender os doentes, porém não é
um direito absoluto. Devemos fazer nosso trabalho numa forma que não atinge os
direitos dos outros.
* Como é que você encara uma doença ou o sofrimento humano? Tem que avaliar suas
atitudes, seus medos, suas ansiedades, etc. Nem todos podem entrar numa enfermaria ou
visitar um doente no lar, porque não é fácil lidar com situações que envolve o
sofrimento humano.
* Como crente em Jesus temos algo que todos desejam: esperança. Deve expressar esta
esperança de maneira realística e com integridade. Tenha cuidado com promessas feitas
em nome de Deus. Podemos levar palavras seguras, mas devemos evitar a criação de
uma esperança falsa.
Observar e respeitar as visitas de outros grupos. Faça seu ministério sem competir ou
entrar em conflitos. Seja uma boa testemunha.
* Saiba utilizar bem nossos instrumentos de apoio que são: oração, a Bíblia, apoio da
igreja, e a esperança em Jesus Cristo, o Médico dos Médicos.
* Aprenda os textos Bíblicos apropriados para usar nas visitas hospitalares ou nos lares
dos enfermos.
Cada experiência de Capelania Hospitalar ou cada visita aos enfermos são experiências
distintas. Porém, os princípios, os valores, as regras, e as normas são semelhantes e
válidos para todos os casos.
2. Deve:
Identificar-se apropriadamente.
Reconhecer que o doente pode apresentar muita dor, ansiedade, culpa,
frustrações, desespero, ou outros problemas emocionais e religiosas. Seja
preparado para enfrentar estas circunstâncias.
Usar os recursos da vida Cristã que são: oração, Bíblia; palavras de apoio,
esperança, e encorajamento; e a comunhão da igreja. Se orar, seja breve e
objetivo. É melhor sugerir que a oração seja feita. Uma oração deve depender da
liderança do Espírito Santo, levando em consideração as circunstâncias do
momento, as condições do paciente, o nível espiritual do paciente, as pessoas
presentes, e as necessidades citadas.
Deixar material devocional para leitura: folheto, Evangelho de João, Novo
Testamento, etc.
Visitar obedecendo as normas do Hospital ou pedir de antemão, se uma visita no
lar é possível e o horário conveniente.
Dar liberdade para o paciente falar. Ele tem suas necessidades que devem tornar-
se as prioridades para sua visita.
Demonstrar amor, carinho, segurança, confiança, conforto, esperança, bondade,
e interesse na pessoa. Você vai em nome de Jesus.
Ficar numa posição onde o paciente possa lhe olhar bem. Isto vai facilitar o
diálogo.
Dar prioridade ao tratamento médico e também respeitar o horário das refeições.
Saber que os efeitos da dor ou dos remédios podem alterar o comportamento ou
a receptividade do paciente a qualquer momento.
Tomar as precauções para evitar contato com uma doença contagiosa, sem
ofender ou distanciar-se do paciente.
Aproveitar a capela do hospital para fazer um culto. Se fizer um culto numa
enfermaria pode atrapalhar o atendimento médico de outros pacientes ou
incomodá-los. Deve ficar sensível aos sentimentos e direitos dos outros.
Avaliar cada visita para melhorar sua atuação.
Dr. Johnson nos lembra de que há perguntas que devemos evitar. Perguntas que
comecem com "por que" e perguntas que pedem uma resposta "sim" ou "não" podem
limitar ou inibir nossa conversa pastoral. Segue uma lista de perguntas próprias. A lista
não é exaustiva e as pessoas podem criar outras perguntas. A lista serve como ponto de
partida para uma conversa pastoral.
Os enfermos passam por momentos críticos. Devemos ficar abertos e preparados para
ajudar com visitas e conversas pastorais. Os membros de nossas igrejas podem atuar
nessa área. Uma visita pastoral ou conversa pastoral serve para dois aspectos de nossa
vida.
O trabalho pastoral visa o paciente como um "ser humano completo, holístico" e não
apenas como um corpo ou um caso patológico para ser tratado.
VASSÃO, E. Aconselhamento a pessoas em final de vida. 4ª. Ed. São Paulo: Cultura
Cristã, 2009.