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Os resíduos sólidos da construção civil (RSCC) estão presentes em todo tipo de

obra, não tem como escapar. A Construção Civil não é destaque somente como
indústria de grande impacto na economia, também é a responsável por produzir
50% dos resíduos do país.

Mas você sabe o que exatamente são esses resíduos, como minimizá-los e até
aproveitar na própria obra?

Parece simples: tijolos, massas e outras sobras são acumuladas em uma caixa de
transporte que uma empresa terceirizada recolhe e fica responsável pelos resíduos
sólidos da sua construção. Certo?

Não, não é simples assim, e você como responsável pela construção também é o
responsável legal pelos resíduos sólidos gerados por ela, desde a produção na sua
obra até a finalização.

Nesse post você vai entender tudo sobre os RSCC, ficar por dentro da legislação e
normativas que os categorizam por composições e determinam formas de destinação
final, além de dicas de como e o que reciclar.

Ainda temos 12 dicas para reciclar seus resíduos. Elas estão no último tópico.

Composição dos resíduos sólidos da construção


Conhece o famoso entulho de obra? Ou na sua região é chamado de metralha? Esses
conhecidos restos de obra podem ser identificados por três nomes técnicos:

 Resíduo da Construção e Demolição (RCD);


 Resíduo da Construção Civil (RCC);
 Resíduos sólidos da construção civil (RSCC).

Indiferente da nomenclatura adotada o conceito é o mesmo. Conforme o Conselho


Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, são:

“os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção


civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos,
blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha.”

A composição dos resíduos sólidos da construção civil é classificada conforme


resolução da CONAMA 307 Art. 3°. Sendo:

CLASSE DESCRIÇÃO DO RESÍDUO EXEMPLO


Materiais que podem ser reciclados ou reutilizados
como agregado em obras de infraestrutura, edificações Tijolos, telhas e revestimentos cer
A e canteiro de obras. blocos e tubos de concreto e arga
B Materiais que podem ser reciclados e ganhar outras Vidro, gesso, madeira, plástico, p
destinações. outros.
Estopas, lixas, panos e pincéis desd
Itens para o qual não existe ou não é viável aplicação tenham contato com substância
C econômica para recuperação ou reciclagem. classifique como D.
Solvente e tintas; telhas e materiais d
Aqueles compostos ou em contato de entulho de reformas em clínicas e in
D materiais/substâncias nocivos à saúde. industriais que possam estar conta

Na prática os resíduos sólidos da construção resumem-se a restos de materiais


cerâmicos, argamassa e seus componentes. Esses itens representam em média 90% de
todos os resíduos gerados em obras.

Para que você visualize apresentamos um gráfico de análise dos resíduos do município
de São Carlos, em São Paulo, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
do Governo Federal – IPEA.

Lei e NBR sobre resíduos sólidos da construção civil


A indústria da construção civil é tão grande que seria impossível deixar o destino dos
resíduos gerados por ela a encargo dos responsáveis por cada obra. Por isso existem
normas e leis para regulamentar os resíduos que sobram diariamente.

A primeira lei a se destacar é Lei 6.938/81 que instituiu o Conselho Nacional do Meio


Ambiente – CONAMA como um órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA. O CONAMA é é presidido pelo Ministro do Meio
Ambiente e conta com colegiado dos setores federais, estaduais e municipais, além do
setor empresarial e sociedade civil.

Os resíduos sólidos da construção civil são regulamentados pela Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS) e Resolução CONAMA 307/2002.

Não se esqueça:

Um dos destaques da Resolução CONAMA 307 e a atribuição de responsabilidade


compartilhada sob os resíduos sólidos da construção civil aos geradores, transportadores
e gestores municipais. Com destaque para uma atualização realizada posteriormente –
Resolução 348/2004 – que determina que o gerador como principal responsável pelo
gerenciamento desses resíduos.

Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – tem sua participação através


da NBR 15112, NBR 15113 e NBR 15114 relacionadas a assuntos de diretrizes para
projeto, implantação e operação implantação e operação de áreas de manejo. E nas
NBRs 15115 e 15116 sobre o uso de agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil.

 NBR 15112 – Áreas de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e


resíduos volumosos;
 NBR 15113 – Aterros para resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes;
 NBR 15114 – Área de reciclagem para resíduos sólidos da Construção civil;
 NBR 15115 – Procedimentos para que agregados reciclados de resíduos sólidos
da construção civil sejam utilizados na execução de camadas de pavimentação;
 NBR 15116 – Requisitos para que agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil sejam utilizados na execução de camadas de pavimentação;

Agora você já sabe o que são e que existem normas, mas na prática, como
funciona? É possível adotar ações sustentáveis?

Como adotar ações sustentáveis?


Na construção muito se fala em sustentabilidade em projetos para o reaproveitamento de
água, geração de energia limpa e até manutenção de praças para a comunidade.

Mas não podemos esquecer dos resíduos sólidos, que mesmo sendo de baixa
periculosidade, são de grande volume, o que permite que qualquer leigo veja e
interprete a indústria da construção como uma indústria pouco sustentável.

A construção civil mundial é umas das indústrias que mais consomem recursos naturais
e ainda é responsável por cerca de 25% a 30% de gases lançados na atmosfera, segundo
o Green BuildingConcil Brasil.

Não bastasse esses números alarmantes, os resíduos sólidos da construção civil no


Brasil representam mais de 50% dos resíduos sólidos urbanos. E a situação piora
quando os resíduos são depositados em locais inadequados, principalmente oriundos de
obras e reformas informais ou empresas de coleta de resíduos fora da regulamentação.

Cabe ao responsável pela construção dar o destino correto aos resíduos para que eles
não comprometam o tráfego de pedestres e veículos, entupimento de drenagem urbana
ou até provocarem foco de multiplicação de vetores de doenças a saúde.

>>Ficou preocupado? Uma das doenças que se desenvolvem com um


empurrãozinho dos entulhos são as transmitidas pelo Aedes Aegypti. SAIBA
COMO EVITAR!

Sabemos a importância econômica e social da indústria da construção no mundo.


Sabemos que essa indústria só tende a crescer, então porque não adotar ações
sustentáveis para minimizar os danos ambientais?

Causas da geração de resíduos sólidos da construção civil

Destacamos algumas causas de geração desses resíduos, sendo:

1. Reforma de construções existentes;


2. Demolição de construções existentes;
3. Superprodução, por exemplo, o preparo de mais argamassa do que será
necessário no dia;
4. Perdas de processamento, quando tijolos e cerâmicas, por exemplo, são
quebrados;
5. Construções defeituosas que demandam a demolição e reconstrução;
6. Uso de materiais com vida útil reduzida, como estruturas de concreto pré
moldadas;
7. Falta de qualidade dos serviços ou bens da construção que podem gerar perdas
materiais;
8. Urbanização desordenada que gera construção falhas que demandam adaptações
e reformas;
9. Aumento do poder aquisitivo da população que facilita o desenvolvimento da
construção civil;
10. Desastres naturais ou provocados pelo homem.

Como evitar os resíduos sólidos da construção civil

Além dos 10 motivos de geração de resíduos listados vale lembrar também da perda de
materiais de obra por armazenamento errôneo ou transporte inadequado. Para evitá-los
existem recursos caros e tecnologicamente avançados até processos simples que você
pode adotar no dia a dia. Por exemplo:

 Forneça treinamento de manejo e segregação de resíduos aos seus funcionários;


 Forneça capacitação de combate ao desperdícios aos seus funcionários;
 Tenha um layout de canteiro de obras definido para evitar perdas no transporte
do depósito ao local de trabalho.
 Armazene os materiais da forma correta para evitar quebra;
 Tenha líderes que reportem ao engenheiro da obra as ocorrências diárias e que
auditem a produção de argamassa, por exemplo.
 Evite corte de placas cerâmicas;
 Mantenha o canteiro de obras limpo;
 Faça a medição da obra, acompanhe se o consumo dos materiais está de acordo
com o construído;
 Identifique os locais de despejo dos resíduos conforme suas características;
 Adote ações sustentáveis cujo sucesso reflita em bonificação aos funcionários;
 Leia o ebook gratuito Desperdício na Construção.

Como gerir resíduos sólidos da construção civil

Se você é responsável por uma obra fique atento para algumas dicas importantes:

1. Ao iniciar a obra é necessário apresentar o Projeto de Gerenciamento de


Resíduos da Construção Civil (PGRCC) do empreendimento para o órgão
fiscalizador. A fiscalização, ao término da obra, irá comparar a quantidade
estimada com a realizada de resíduos através de documentos da sua empresa e
da empresa contratada para coleta;
2. Ainda no canteiro de obras crie um processo de segregação que facilite a triagem
dos resíduos para posterior reciclagem ou descarte. Esse processo ajuda não só
na organização dos resíduos, mas na organização de limpeza do canteiro de
obras;
3. Defina o local para descarte de cada tipo de resíduo com identificação por
categoria e especificação. E se o seu canteiro de obras for grande, planeje pontos
de descarte em diferentes locais da planta, além de dutos para descarte de
andares superiores até o térreo. Assim é possível evitar descartes errados por
falta de sinalização ou opção;
4. Antes de enviar os resíduos para pontos de coleta através de empresa
especializada confirme se estes realmente devem ser descartados. Por exemplo:
resíduos sólidos da construção civil classificados como A podem ser reutilizados
na própria obra ou ainda doados para alguma associação ou ONG que o recicle.
Assim você reduz custo com o transporte e até material que seria comprado;
5. O que você realmente identificar como entulho para ser descartado deve ir para
uma área de descarte e tratamento de resíduos da construção devidamente
licenciada e fiscalizada pelos órgãos ambientais competentes. Portanto sempre
questione se o local que recebe o seu resíduo é autorizado para tal função.

Hoje a maior dificuldade em reduzir ou reciclar os resíduos sólidos da construção civil


está na falta de conscientização e mão de obra qualificada. Por exemplo:

 Muitos pensam ser perda de tempo pedir que o funcionário no canteiro de obras
separe os materiais corretamente na hora de descartá-lo;
 Empresas pagam pela coleta, transporte e destinamento para uma empresa
especializada, mas o material não pode ser reciclado, pois não foi separado da
maneira correta.

Os resíduos da construção correspondem a metade dos resíduos sólidos urbanos e são


responsáveis pelo esgotamento de áreas de aterros no país. Além disso, materiais como
gesso, amianto e resíduos químicos quando não depositados corretamente podem
provocar danos ambientais e à saúde.
Você está fazendo a sua parte?

O problema é sério e precisa de atenção dos profissionais da indústria da construção. E


um dos passos a ser dado é a reciclagem.

Reciclagem de resíduos sólidos da construção civil


Nada mais justo que a indústria que mais consome recursos naturais recicle resíduos
para que eles voltem a ser insumos de obra e, por consequência, reduza a extração de
matéria-prima e poluição. E se não for suficiente, reciclar também ajuda a baixar custos
da sua obra.

Você sabia que um tijolo feito com areia reciclada custa a metade do preço do tijolo
tradicional? As empresas precisam desmistificar o conceito de que resíduos sólidos da
construção são restos, pois há muito a ser aproveitado.

Segundo reportagem do Jornal Nacional, infelizmente no Brasil somente uma a cada


cinco obras recicla os resíduos. As obras brasileiras geram 84 milhões de m³ de resíduos
por ano, e destes, e apenas 17 milhões são reaproveitados. A boa notícia é que já
existem 310 usinas de reciclagem que podem trabalhar com esses resíduos, e de acordo
com o professor engº Benedito Oliveira Júnior, ainda existe muito espaço para expandir
esse mercado.

A conscientização da construção civil para reciclar é um objetivo da Associação


Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição
– ABRECON , criada em 2011 para apoiar empresas recicladoras de entulho. Essas
empresas recicladoras fazem o trabalho de separação e adaptação dos resíduos em 310
usinas espalhadas pelos estados do país conforme apresentado no gráfico abaixo de
concentração de usinas, sendo que 83% delas são privadas.
Se você não consegue aproveitar os resíduos na própria obra, é possível enviá-los para
usinas e contribuir para a produção de insumos de obra mais baratos. E veja que o custo
para que as usinas recebam seus resíduos são aceitáveis. O preço para que uma usina
receba o m³ dos resíduos sólidos varia entre R$5,00 e pouco mais de R$30,00, sendo
que somente 36% cobram acima de R$20,00.

E o melhor:

A maioria dos resíduos reciclados retornam para a indústria da construção.

Após os resíduos serem reciclados, 42% dos agregados são vendidos a construtoras e
pavimentadoras, e o restante é distribuído para órgãos públicos, pessoas físicas e outros.

12 Dicas para reciclagem de resíduos sólidos da


construção civil
Separamos algumas dicas de resíduos para sua empresa refletir se está dando o destino
ideal para os resíduos produzidos nas obras.
1. O gesso que geralmente é misturado aos outros resíduos, deve ser separado e
enviado para usinas que os transformam em novos materiais de gesso;
2. Toda madeira em boa condição, por exemplo da demolição de casas ou troca de
forros, pode ser utilizada pela indústria moveleira. Então se você demolir ou
reformar e sobrarem madeiras, considere a venda ou doação para serem
reaproveitadas;
3. Precisa de aterro ou enchimento para calçadas ou base de piso? Restos de
cerâmica e argamassa podem ser utilizados e evitar a compra de brita ou outros
materiais;
4. Para reduzir o consumo de areia, cal e cimento na argamassa das obras, em casos
que não exigirem resistência à compressão, é possível utilizar de resto de
argamassa e cerâmicas triturados em pó como aglomerante;
5. A produção de concreto também pode ter o custo reduzido ao substituir parte da
brita com telhas e blocos cerâmicos;
6. No caso de loteamentos e construção pesada os resíduos de concreto como
pedaços de meio-fio e blocos pode ser utilizado na produção de asfalto;
7. Madeiras que não estiverem danificadas podem ser reutilizadas na obra para
caixaria;
8. Já as madeiras danificadas podem ser enviadas para usinas que as trituram para
uso na fabricação de papelão; ou ainda virar combustível;
9. Todos os papéis, plásticos e papelões e embalam os insumos utilizados na obra
também são reaproveitados em usinas especializadas;
10. O metal, assim como os papéis, também são recebidos e tratados por usinas;
11. Vidros de janelas também podem ser reutilizados pela construção após
transformação em asfalto, blocos de pavimentação e até telhas; ou enviados para
usinas que os transformam em outros objetos de vidro;
12. E até os sacos de cimento são reciclados, pelo próprio fornecedor que utiliza na
fábrica como combustível.

Um bom gerenciamento é fundamental na construção civil


O aproveitamento, reciclagem e até redução da produção de resíduos sólidos da
construção civil é viável e contribui para o futuro sustentável do mundo.

Além disso, aproveitar os resíduos na própria obra reduz gastos na compra de novos
insumos, reduz o m³ de resíduos para transporte e recebimento em usinas e aterros e
ainda contribui para a produção de insumos mais baratos.

O profissional de construção civil deve se preocupar desde a etapa da concepção do


projeto com o gerenciamento de resíduos sólidos. A elaboração de um plano sobre
aquilo que será feito com o material a ser descartado durante a obra é parte
indispensável.

Agora, perguntamos a você, seja gestor ou trabalhador da construção civil, vamos


mudar esse cenário? Que tal nos próximos anos mudar o indicador de que 1 a cada 5
obras reciclam e ainda reduzir custos de obra e garantir mais lucro. Isso só depende de
você!

Conte-nos nos comentários como é realizado o tratamento dos resíduos em suas obras.
E, se você achou nossas dicas interessantes, compartilhe em suas redes sociais.

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