Controle de Qualidade de Formas Farmacêuticas Não-Estéreis
Controle de Qualidade de Formas Farmacêuticas Não-Estéreis
Controle de Qualidade de Formas Farmacêuticas Não-Estéreis
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O risco de infeção também está associado ao uso pretendido do produto.
Considerando-se a via de administração, quanto mais invasiva maior o risco de infecção.
Neste sentido, a contaminação de produtos injetáveis e oftálmicos constitui importante
aspecto de preocupação. Produtos de uso oral ou tópico (em pele intacta) apresentam
menor risco de infecção quando comparados àqueles aplicados em pele lesionada ou em
mucosas.
Outro aspecto que impacta no risco de infecções decorrentes do uso de produtos
com contaminação microbiana diz respeito a resistência do paciente. Geralmente,
crianças e idosos apresentam maior risco em relação aos adultos. Pacientes portadores de
doenças autoimunes, AIDS e leucemias também estão mais susceptíveis a infecções.
Adicionalmente, há de se considerar que a contaminação microbiana pode resultar
de deterioração do produto. A deterioração do produto depende da capacidade do
microrganismo contaminante em produzir enzimas degradativas (por exemplo, proteases
e peptidases). A degradação de componentes da formulação pode levar a alterações
sensoriais quanto a cor, odor e sabor, além de alterações de pH, separação de fases,
degradação do princípio ativo e redução da biodisponibilidade. Em outras palavras, a
deterioração microbiana compromete a qualidade, segurança e eficácia do produto.
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equipamentos e materiais de embalagem, constituindo-se, neste caso, em fonte indireta
de contaminação microbiana.
A embalagem primária também deve ser considerada como possível fonte de
contaminação dos produtos farmacêuticos e cosméticos. Particularmente no caso de
produtos estéreis obtidos por processo de manipulação asséptica, os frascos devem ser
esterilizados antes do envase do produto. No caso de materiais de embalagem de produtos
não estéreis, deve-se tomar precauções quanto a contaminação acidental durante o
transporte e estocagem.
Os equipamentos utilizados no processo produtivo (por exemplo, tanques de
armazenamento, misturadores, linhas de transferência, dentre outros) podem contribuir
indiretamente com a carga microbiana final do produto. Portanto, devem ser sanitizados,
desinfectados ou esterilizados antes do uso.
A qualidade microbiológica do ambiente constitui aspecto de preocupação,
particularmente para produtos estéreis obtidos por processo de manipulação asséptica.
Neste sentido, a tecnologia de salas limpas assegura ao ambiente condições adequadas
para a produção de medicamentos e cosméticos.
O pessoal constitui-se na principal fonte de contaminação microbiana no ambiente
de fabricação de medicamentos e cosméticos. Desta forma, o treinamento do pessoal
envolvido constitui aspecto importante para minimizar o risco de contaminação acidental
do produto. O uso de barreiras físicas (por exemplo, luvas, gorros, mascaras, vestimentas
e calçados específicos) são recomendados.
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O desenvolvimento de sistemas conservantes com baixas concentrações (para
garantir segurança do produto) e que apresentem eficácia antimicrobiana durante todo o
prazo de validade do produto não é tarefa fácil. Um sistema conservante efetivo apresenta
papel fundamental para garantir a estabilidade, segurança e eficácia de medicamentos e
cosméticos.
As preparações não-estéreis de uso oral (por exemplo, soluções e suspensões
orais) ou tópico (por exemplo, cremes e loções) apresentadas na forma de dose múltipla
oferecem risco de contaminação microbiana durante seu uso. Se considerarmos as
preparações estéreis, as formas líquidas e semissólidas compreendem a maioria das
preparações parenterais e oftálmicas, respectivamente, cujo conservante tem a finalidade
de manter a condição de esterilidade dos produtos. No que diz respeito as formulações
cosméticas, estas em sua maioria são preparações semissólidas com base aquosa,
necessitando de sistema conservante adequado.
O uso de conservantes não é recomendado em produtos de dose única. No caso
particular de produtos estéreis, sejam de dose única ou múltipla, a questão da integridade
do sistema de fechamento constitui aspecto importante para se garantir a manutenção das
condições de esterilidade ao longo do armazenamento e transporte dos produtos.
Características da formulação, tais como a atividade da água elevada, pH perto da
neutralidade e da presença dos excipientes que podem ser usados como fontes de carbono
e nitrogênio favorecem o crescimento microbiano em produtos farmacêuticos. Por outro
lado, os produtos com baixa atividade de água, com presença de substâncias com
atividade antimicrobiana ou submetidos a altas temperaturas durante o processo de
fabricação, são menos susceptíveis à contaminação microbiana.
No que diz respeito ao potencial de oxirredução da formulação, aquelas que
apresentam alto potencial de oxirredução são mais propícias ao crescimento de
microrganismos aeróbicos, enquanto as que apresentam baixo potencial de oxirredução
são mais susceptíveis ao crescimento de microrganismos anaeróbicos.
Métodos de análise
Amostragem
A amostragem deve ser representativa, considerando-se o número de unidades
amostras e o volume contido. A coleta e transporte constitui aspecto de preocupação no
que diz respeito a integridade da amostra a ser analisada. A coleta deve ser feita em local
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adequado, por operador treinado, utilizando recipientes e materiais auxiliares (por
exemplo, espátulas ou pipetas) estéreis, com a finalidade de não introduzir contaminação
à amostra. Tanto o transporte quanto o armazenamento da amostra até o momento da
análise devem ocorrer em condições adequadas de temperatura.
A quantidade de amostras a ser analisada é, geralmente, de 10 g ou mL. A
preparação da amostra deve, quanto pertinente (por exemplo, produto contem
conservantes ou antimicrobianos), possibilitar a inativação da atividade antimicrobiana
do produto. Os procedimentos empregados são a diluição, a neutralização química, ou a
filtração.
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calcula-se a carga microbiana presente no produto, considerando-se o volume filtrado e a
diluição utilizada.
A determinação do número mais provável (NMP) baseia-se em estimativa do
número de microrganismos presentes no produto por meio de cálculos probabilísticos.
Neste método, alíquotas de 1 mL de cada diluição decimal são transferidas para séries de
3 ou 5 tubos de ensaio contendo meio caldo de caseína-soja (TSB). Os tubos são
incubados por não mais que 3 dias a 30-35ºC. Ao término do período de incubação, os
tubos são inspecionados quanto a presença ou ausência de crescimento. A carga
microbiana presente no produto é determinada em função do número de tubos com
presença de crescimento, utilizando-se uma tabela apropriada (para 3 ou 5 tubos).
Os quatro métodos apresentam vantagens e limitações como, por exemplo, a
quantidade de amostra ensaiada (filtração em membrana permite análise de grandes
volumes, enquanto semeadura em superfície emprega pequenas quantidades) e a
sensibilidade do método (filtração em membrana permite a quantificação de baixas cargas
microbianas, enquanto semeadura em profundida é apropriado para carga microbiana é
mais elevada).
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presença de Escherichia, enquanto o crescimento de colônias incolores indica presença
de bactérias lactose-negativas (Salmonella sp.)
Para a identificação de Salmonella sp. emprega-se o meio seletivo Agar Xilose-
Lisina-Desoxicolato (XLD). A presença de Salmonella sp. é constatada pelo crescimento
de colônias vermelhas, com núcleo preto.