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CURSO DE DIREITO
Luanda-2023
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
CURSO DE DIREITO
Luanda-2023
DEDICATÓRIA
Primeiramente, vão ao Dono da vida, poderoso Deus, por tudo que me dá.
Em segundo lugar, endereço os meus agradecimentos à minha querida família, por estar sempre
próximo quando preciso, especiamente à minha mãe, aos meus filhos e ao meu esposo,
obrigado.
Em terceiro lugar, aos carissímos colegas de curso e turma do INSUTEC, pela força e
contributos que me proporcionaram para que esta licenciatura fosse possível.
Por fim, agradeço aos meus mestres (professores) pela paciência e ensinamento que me
forneceram
RESUMO
Neste presente trabalho, analisaremos as razões que fazem com que o despedimento disciplinar
seja considerado uma sanção ou medida de último recurso, no quadro do direito laboral
angolano. Temos visto não raras vezes, que as entidades empregadoras, mormente, as pessoas
colectivas socorrem-se do despedimento disciplinar para terminarem o vínculo laboral que têm
com os seus funcionários. Não sabemos ao certo se a medida ou sanção aplicada por elas cabe,
efectivamente, ao assunto, daí que procuramos trazer à colação a abordagem do tema em
questão, de modo a poder saber se o despedimento acima referido corresponde, realmente, a
uma sanção ou medida disciplinar de último recurso, para o efeito, trataremos das matérias que
nos permitem realizar o nosso intento principal, tais como: o poder disciplinar, tipologia de
sanções disciplinares, a tutela do emprego, despedimento disciplinar, entre outras.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................. 9
1.1. Definição de termos e conceitos .......................................................................................... 9
1.1.1. Despedimento ................................................................................................................... 9
1.1.2. Medidas ............................................................................................................................ 9
1.2. Noção e elementos essenciais do contrato de trabalho ....................................................... 9
1.3. Pressupostos do contrato de trabalho ................................................................................ 10
1.4. O poder disciplinar: aspectos gerais .................................................................................. 10
1.4.1. Conteúdo e características do poder disciplinar laboral ................................................. 11
1.4.2. Titularidade e exercício do poder disciplinar laboral ..................................................... 12
1.5. Noção de infracção disciplinar .......................................................................................... 12
1.6. Noção e tipologia das sanções disciplinares ..................................................................... 13
1.7. Princípios gerais de aplicação das sanções ou medidas disciplinares ............................... 13
1.7.1. Princípio da proporcionalidade entre a infracção e a sanção disciplinar ........................ 14
1.7.2. Princípio da processualidade ......................................................................................... 15
1.7.3. Princípio da celeridade ................................................................................................... 15
1.7.4. Princípio da cumulação da responsabilidade disciplinar com outras fontes de
responsabilidade do trabalhador ............................................................................................... 15
1.8. Limites das sanções disciplinares ...................................................................................... 16
1.9. Natureza das sanções disciplinares .................................................................................... 17
1.10. A tutela do emprego ........................................................................................................ 17
1.11. Noção de despedimento disciplinar ................................................................................. 18
1.11.1. A justa causa no despedimento disciplinar ................................................................... 18
1.11.2. Os critérios de apreciação da justa causa...................................................................... 19
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 22
INTRODUÇÃO
Durante a vigência desta relação, poderão surgir factos que a belisquem, podendo muitas vezes
conduzir à sua extinção. Estes factos podem ser de índole objectiva ou subjectiva, sendo de
realçar nos factos de índole subjectiva a infracção disciplinar, definida pelo legislador angolano
no n.º 18 do artigo 3.º da Lei Geral do Trabalho (adiante apenas LGT), como sendo «o
comportamento culposo do trabalhador que viole os seus deveres resultantes da relação
jurídico-laboral, designadamente os estabelecidos no artigo 44.º da presente Lei.».
Ora, este comportamento do trabalhador é passível de sanções, sendo que uma das sanções que
poderá resultar daquele comportamento é o despedimento disciplinar do trabalhador.
Porém, a aplicação desta medida nem sempre é pacífica entre empregador e trabalhador,
gerando em consequência um conflito laboral.
Na maior parte dos casos, está na base destes conflitos laborais o recurso ao despedimento em
circunstâncias diversas daquelas que a LGT estabelece, o que implica saber em que
circunstâncias estaríamos em condições de lançar mão ao despedimento, como sanção e meio
de pôr termo à relação jurídico-laboral, o que inequivocamente leva-nos à figura da justa causa.
Problematização
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adomestação registada, redução temporária do salário, despedimento disciplinar. A ponderação
da medida a aplicar às vezes não tem funcionado, tudo porque nem todos que as aplicam
entendem, efectivamente, o Direito, ou melhor, não estão munidos de ferramentas técnicas
jurídicas suficiente para o efeito.
Problema
Objectivo Geral
Objectivos específicos
Justificativa
Enquanto estudante de direito do 5.º ano, entendo que falar do tema “Despedimento Disciplinar
Como Sanção de Último Recurso no Direito Laboral Angolano” levar-me-á a entender de forma
solída o regime jurídico das medidas discplinar na Lei Geral do Trabalho, de tal sorte que
conseguirei ter maior domínio sobre o assunto, contribuindo para o meu aperfeçoamente na
prática. Assim, saberei determinar em concreto a medida exacta aplicável à uma certa infracção
disciplinar. Em relação à sociedade, o tratamente deste tema reputa-se oportuno, tendo em conta
que um bom número de empregadores optam em aplicar a medida disciplinar mais gravosa que
é o despedimento disciplinar. O tratar deste tema implicará para a sociedade um esclarecimento
em volta da escalonação das medidas disciplinares existentes, de modo que os empregadores
conheçam de facto os princípios que regem as mesmas medidas. No domínio científico,
interessa abordar o tema, porque haverá forte contributo no firmamento da posição segundo
qual o legislador não colocou as medidas de forma aleatória, fez uma enumeração consciente
atentendo há vários princípios referidos pela doutrina.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1.1. Despedimento
Segundo Ramalho (2010), o termo despedimento é polissêmico num âmbito laboral, por posuir
várias modalidades;
1.1.2. Medidas
Medidas ou sanções são mecanismos de reprimir o comportamento iicito do trabalhador no
quadro laboral. O legislador angolano estabeleceu várias sanções aplicávies ao comportamento
do trabalhador que configura uma infracção disciplinar (Praia, 2019).
Para o Código Civil, «contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante
retribuição, a prestar a sua actividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a autoridade e
direcção desta». Já o artigo 3.º, n.º 3 da LGT define o contrato de trabalho como «... aquele pelo
qual um trabalhador se obriga a colocar a sua actividade profissional à disposição dum
empregador, dentro do âmbito da organização e sob direcção e autoridade deste, tendo como
contrapartida uma remuneração».
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Naturalmente, que as duas noções não se opõem mas devem ser conjugadas, tendo, hoje a noção
do Código Civil especial interesse para integrar o conteúdo da actividade do trabalhador: esta
actividade pode ser intectual ou manual.
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Em Angola, refere, Praia (2019), que o poder disciplinar laboral está pressuposto na noção de
contrato de trabalho, na referência à «autoridade» do empregador. Além disso, o poder
disciplinar é atribuído directamente pela lei ao empregador em todos os contratos de trabalho,
pelo art. 46.º, n.º 1 da LGT.
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e) O poder disciplinar tem conteúdo dominial e unilateral, visto que permite a aplicação
de sanções aflitivas ao trabalhador sem necessidade de intermediação judicial e não tem
paralelo numa situação jurídica correspondente na titularidade do trabalhador.
Escreve Ramalho (2010) que é importante estabelecer limites adequados ao exercício do poder
disciplinar, estes limites retiram-se das próprias características deste poder, acima enunciados,
assim temos:
a) O poder disciplinar está sujeito aos limites gerais da boa fé e do abuso de direito.
b) O exercício do poder disciplinar pressupõe uma infracção disciplinar.
c) Do carácter unilateral do poder disciplinar laboral retira-se a importância de assegurar
a defesa do trabalhador na acção disciplinar.
Ramalho (2010) adianta que, de acordo com a classificação dos deveres do trabalhador
oportunamente estabelecida, conclui-se que pode ser qualificado como infracção disciplinar
“todo e qualquer comportamento do trabalhador que viole um dos seguintes deveres: o dever
principal de prestação da actividade laboral; os deveres acessórios integrantes e autónomos da
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prestação de trabalho; outros deveres decorrentes do contrato de trabalho, de instrumentos de
regulamentação colectiva do trabalho ou de regulamento empresarial; e ainda deveres legais e
contratuais gerais, bem como deveres resultantes de conceitos indeterminados”.
Ollier “como citado em” Ramalho, 2010, p.715, refere que “todo e qualquer comportamento
culposo do trabalhador pode vir a ser qualificado como uma infracção disciplinar.
Por seu turno, o n.º 1 do art. 47.º da LGT apresenta-nos uma tipologia de medidas ou sanções
disciplinares que, num crescendo de gravidade, inclui as seguintes:
a) Admoestação verbal;
b) Admoestação registada;
c) Redução temporária do salário;
d) Despedimento disciplinar.
Há uma discussão em torno do corpo daquela artigo, onde uns defende que a enumeração
apresentada pelo legislador tem carácter exemplificativo, admitindo-se outras sanções
disciplinares na prática laboral. Outros rejeitam qualquer tentativa de considerar o texto daquele
número meramente exemplificativo, defendendo uma enumeração taxativa (tipicidade
fechada). Deste modo, é inaceitável sanções ou medidas disciplinares que não estejam prescritas
naquele artigo. Da nossa parte, seguimos a senda da última corrente, acrescendo que a
enumeração apresentada naquela disposição legal é taxativa, porque o legislador ordinário ao
elaborá-la teve em vista a protecção do trabalhador que assume a posição mais frágil da relação
jurídica laboral.
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Os princípios gerais norteadores da aplicação das sanções disciplinares são: o princípio da
proporcionalidade, o princípio da processualidade, o princípio da celeridade e o princípio da
cumulação da responsabilidade disciplinar com outras fontes de responsabilidade do
trabalhador (Ramalho 2010).
Ainda na linha de pesamento daquela autora, apesar desta tentativa de objectivação do exercício
do poder disciplinar, a partir do princípio da proporcionalidade, a verdade é que ao exercício
deste poder e, designadamente, à valoração da infracção pelo empregador é inerente uma
margem considerável de discricionariedade, ainda que não de arbitrariedade. Acresce que a
regra da proporcionalidade varia de organização para organização e, dentro de cada empresa,
de trabalhador para trabalhador - assim, determinado comportamento pode não ser objecto de
censura numa empresa e ser considerado grave noutra empresa, assim como a quebra do mesmo
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dever pode assumir menos gravidade num trabalhador do que noutro trabalhador, por exemplo,
porque este último é um trabalhador mais experiente ou da confiança do empregador.
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criminalmente é mister que o seu comportamento seja idóneo para preencher um tipo legal de
crime.
O respeito pelos direitos, liberdades e garantias do trabalhador impõe-se, como limite geral, não
apenas à criação de novas sanções e à modelação das sanções existentes pelos instrumentos de
regulamentação colectiva do trabalho. Isto quer significar que, a aplicação e criação de medidas
disciplinar ao trabalhador tem de respeitar os direitos fundamentais do mesmo.
Em acréscimo da nossa opinião, a Lei Geral do Trabalho proíbe no seu art. 57.º o exercício
abusivo do poder disciplinar, se for a ser interpretado a contrário senso.
Aponta Ramalho (2010) que, a expressão deste limite é a qualificação como abusivas das
sanções que sejam aplicadas ao trabalhador em razão de ter reclamado legitimamente contra as
condições de trabalho, por se recusar a cumprir ordens ilegítimas, por exercer ou se candidatar
a funções e organismos de representação dos trabalhadores ou, genericamente, por invocar,
exercer ou ter exercido os seus direitos e garantias.
Por outro lado, a Lei Geral do Trabalho reforça a protecção de certas categorias de
trabalhadores, pela sua vulnerabilidade em matéria displinar: neste sentido, o despedimento por
facto imputável a trabalhadora grávida puérpera ou lactante presume-se abusivo ( al. b), n.º 1,
do art. 207.º da LGT), tal como o despedimento dos delegados sindicais e dos membros da
comissão de trabalhadores em funções (al. a), n.º 1, do art. 207.º da LGT).
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O art. 58.º nos n.º 1, 2 e 3 da Lei Geral do Trabalho, estabelece as consequências das sanções
abusivas, que passam pelo direito do trabalhador a uma indemnização e, no caso de sanção
aplicada ter sido o despedimento, pelo direito a reintegração
1. Estas sanções revestem carácter pessoal (excepto no caso da sanção pecuniária), uma
vez que incidem sobre a pessoa do trabalhador, atingindo-o na sua individualidade ou
no seu posicionamento contratual ou empresarial.
2. Estas sanções são independentes de qualquer prejuízo ou risco para o empregador
causado pela infracção: não só este prejuízo ou risco podem não se verificar como, se
ocorrerem, apenas devem ser tidos em conta para efeitos da aferição do princípio da
proporcionalidade entre a infracção e a sanção.
3. Estas sanções podem ter carácter conservatório ou extintivo do vínculo, consoante se
pretenda a manutenção do contrato de trabalho ou a cessação, mas em caso algum têm
uma função ressarcitória dos danos causados ao empregador.
4. Estas sanções prosseguem simultaneamente uma função repressiva e de prevenção geral
e especial, à maneira das sanções penais: por um lado, elas castigam o trabalhador pela
infracção cometida; por outro lado, elas demonstram perante os outros trabalhadores da
organização as consequências que poderão decorrer de um comportamento idêntico; e,
no caso das sanções conservatórias, são ainda uma forma de aviso ao trabalhador
infractor relativamente a futuras infracções.
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Estado angolano se compromete nos termos da CRA e das demais legislações operantes no
ordenamento jurídico a fomentar o emprego.
Assim, a decisão de despedir o trabalhador deve ser a última a ser tomada. Deve ser
devidamente ponderada e fundamentada, sob pena de se cometer irregularidades, que atentam
contra os direitos fundamentais dos trabalhadores.
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requisitos do art. 205.º da LGT. Estes requisitos, de verificação cumulativa, são os seguintes
(Ramalho, 2010, p.899):
Segundo Ramalho (2010), a formulação exigente da lei na configuração dos requisitos da justa
causa explica-se, genericamente, pela importância da tutela do trabalhador por ocasião da
cessação do seu contrato, que corresponde, como vimos, a um princípio constitucional (tutela
do trabalho) e, especificamente, pelo objectivo de evitar o recurso abusivo ou arbitrátrio à figura
do despedimento com justa causa para operar a cessação do contrato por iniciativa do
empregador. Por outro lado, cabe ao empregador o ónus da prova destes elementos do conceito
de justa causa.
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experiente do que num trabalhador inexperiente, num trabalhador de chefia ou da
confiança do empregador do que num trabalhador comum.
c. As demais circunstâncias que sejam relevantes no caso: esta remissão para outras
circunstâncias relevantes no caso corresponde a uma cláusula geral, pelo que pode ter
as mais diversas integrações.
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CONCLUSÃO
A nossa pesquisa permitiu-nos alcançar alguns resultados como: saber que no ordenamento
jurídico angolano, o legislador optou por fazer uma escalonação das medidas disciplinar
obedecendo o princípio da taxatividade; saber que o despedimento disciplinar é a última medida
a ser aplicada ao trabalhador, com vista a salvaguarda do emprego ou do posto de trabalho;
saber que não se aplica o despedimento disciplinar de modo arbitrário, deve-se ter em atenção
ao princípio da proporcionalidade entre a infracção e a sanção a aplicar, o que implicará a
averiguação do caso concreto, fazer um levantamento dos prejuízos provocado ao empregador.
Portanto, assim, ficamos a saber que o empregador não tem um poder discricionário absoluto
na aplicação do despedimento disciplinar, não pode quer o mesmo aplicar aquela sanção sem
valorar certos critérios que determinam a justa causa, como sejam: (i) um comportamento ilícito
grave do trabalhador; (ii) a impossibilidade prática e imediata de subsistência do vínculo
laboral.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Praia, N. (2019). Despedimento Disciplinar à Luz da Lei Geral do Trabalho. Escolar Editora.
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