Peter Pan
Peter Pan
Peter Pan
Peter Pan
Sininho
Wendy
Joã o
Miguel
Capitã o Gancho
Pirata 1
Pirata 2
Smee
Bill Jukes
Barrica
Piuí
Bicudo
Deleve
Cabelinho
Gêmeo 1
Gêmeo 2
Lírio Selvagem
Grande Panterinha Enorme
Raposa Celeste
Pequeno Trovã o
Grande Guerreiro Laranja
Sr Darling
Sra Darling
Naná
Narrador: Todas as crianças crescem, menos uma, e bem cedo elas ficam sabendo que
vão crescer. Depois dos dois anos, elas sempre sabem, dois anos é o começo do fim.
Com a Wendy também foi assim...
(Quarto das crianças, Wendy, Miguel e João dormem. Sra Darling cochila em uma
cadeira. Entra Peter e Sininho. Sra Darling acorda e olha para Peter. Pausa)
(Naná vem correndo, ela pula em direção à Peter, Eles saem pela janela. Sra Darling
olha pela janela aflita depois vê que Naná agarrou uma roupa preta com a boca. Sra
Darling examina a sombra e guarda ela dentro de um baú.)
Cena 2 – A sombra
(Quarto das crianças. Miguel, Wendy, Naná e João em cena. Naná coloca Miguel nas
costas.)
Miguel: Eu não vou pra cama! Não, não, não vou, não vou. Naná ainda não são nem
seis horas. Ai, meu Deus do céu, assim eu não gosto mais de você. Já disse que não vou
tomar banho, não vou, não vou e não vou!
(Naná o leva para a coxia. Wendy e João estão brincando de ser os seus pais. Sra
Darling entra)
João: Tenho o grande prazer de informar-lhe senhora Darling, que agora a senhora é
mãe.
(Miguel volta)
Sr Darling: (Berrando) Que foi que aconteceu? Esta gravata... O nó, não quer dar nó.
Pelo menos não em volta do meu pescoço. Em volta do pé da cama, sim. Já
experimentei, para treinar, já consegui mais de vinte vezes. Mas em volta do meu
pescoço, ah, isso não! De jeito nenhum! Ela pede desculpas, mas se recusa... (Para
senhora Darling) Vou lhe avisar uma coisa, senhora mãe, se essa gravata não ficar
direitinha no meu pescoço, nós não vamos ao jantar essa noite. E se eu não for ao
jantar essa noite, nunca mais vou ao escritório. E se eu não for mais ao escritório, você
e eu vamos morrer de fome e nossos filhos vão ser jogados na rua.
(Naná entra e esbarra no Sr Darling, a Sra Darling pega uma escova e começa a limpar
a calça dele)
Sr Darling: Sem dúvida, mas às vezes eu tenho a sensação esquisita que ela cuida das
crianças como se fossem cachorrinhos.
Sra. Darling: Ah, não, querido, de jeito nenhum... Tenho certeza que ela sabe que elas
têm alma.
Sra. Darling: (Chama-o para um canto da cena) Na sexta feira no dia da folga da Naná
eu estava aqui com as crianças e vi um menino entrar pela janela.
Sra. Darling: Veja isso George. (Vai até o baú e pega a sombra)
Sr Darling: Não é de ninguém que eu conheça, mas tem todo o jeito de ser de um
pilantrinha!
Sr Darling: Mãe, não fique estragando esse menino com mimos... Miguel na sua idade
eu tomava o meu remédio sem dar um pio e até dizia: Obrigado meus bons pais, por
me darem remédios que me fazem tanto bem...
Wendy: Aquele remédio que às vezes você tem que tomar papai, é muito pior do que
esse, não é?
Sr Darling: Muitíssimo pior, e eu era capaz de tomar um pouco agora só para te dar o
exemplo, Miguel, se não tivesse perdido o vidro...
(Wendy sai)
Sr Darling: João é uma coisa horrível. Tem um gosto pavoroso, grudento, melado...
Sr Darling: Não é disso que se trata, as questão é que tem muito mais no meu copo do
que na colher de Miguel. Isso não é justo.
Sr Darling: Pode dizer que está esperando o quanto quiser. Eu também estou
esperando.
Wendy: 1, 2, 3 e já!
(Miguel toma, mas o Sr Darling esconde o remédio nas costas. Miguel começa a gritar
de raiva)
Sr Darling: Que historia é essa de ah, papai? Pare com essa gritaria Miguel. Eu ia tomar
o meu, mas... Perdi a vez.
Sr Darling: (Em tom de brincadeira) Olhem aqui, vocês três. Acabei de ter uma idéia
para nos divertirmos bastante. Como o meu remédio é da cor de leite eu vou botar o
meu remédio na tigela da Naná e ela vai toar pensando que é leite.
(Enquanto ele coloca o remédio na tigela da Naná as crianças continuam olhando para
ele com ar de reprovação)
Sr Darling: Vai ser divertido. (Entram Naná e Sra. Darling, Sr Darling acariciar Naná)
Naná minha boa cachorra, botei um pouquinho de leite na sua tigela.
(Naná vai até a vasilha, olha para o Sr Darling triste e vai para a casinha. Wendy vai
acariciá-la e Sra. Darling vai até a tigela)
Sr Darling: Que ouçam! Que o mundo inteiro ouça, mas eu me recuso a permitir que
esse cachorro reine no quarto dos meus filhos nem que seja por mais uma hora.
(Sr Darling pega Naná pela coleira. Os meninos começam a chorar. Wendy vai até o Sr
Darling com a intenção de pedir mas ele faz um gesto para que ela se afaste)
Sr Darling: Não adianta, não adianta... Seu lugar é La fora no quintal. E é lá que você
vai ficar amarrada agorinha mesmo.
Sra. Darling: George, por favor, George... Lembre-se do que eu te falei sobre o tal
garoto.
Wendy: Esse não é o latido de tristeza da Naná. É o jeito que ela late quando sente
cheiro de perigo.
Wendy: Absoluta.
Sra. Darling: (Vai até a janela) Ai, como eu queria não estar indo a uma festa hoje!
Miguel: Será que alguma coisa pode acontecer com a gente mamãe? Mesmo com a luz
acesa?
Sra. Darling: Não, meu tesouro. Essas luzes são os olhos que as mães deixam quando
saem, para vigiar e tomar conta dos filhos.
Cena 3 – A fuga
(Sininho entra pela janela e começa a mexer no quarto, procurando a sombra de Peter,
Ela se esconde em baixo da cama. Entra Peter)
Peter: Sininho... Sino cadê você? (Sininho aparece) Vamos, saia de baixo dessa cama e
me diga de uma vez: descobriu onde eles guardaram a minha sombra?
(Som de sinos, Sininho aponta para o baú. Peter vai até o baú e começa a tirar tudo de
lá procurando a sombra. Sininho entra no baú para ajuda. Peter pega a sombra e
esquece sininho lá dentro. Peter espera que a sombra se una a ele, mas isso não
acontece. Ele sai de cena e volta com um sabonete. Tenta colar a sombra com um
sabonete. Como não consegue senta-se perto da cama e começa a chorar)
Wendy: Só isso?
Peter: Só.
Wendy: Desculpe.
Wendy: oh, Peter, coitado! Não admira que esteja chorando! (Desce da cama e vai
para junto dele)
Peter: Eu não estava chorando por causa de mãe nenhuma. Estava chorando porque
não consigo colar minha sombra. Além do mais, eu não estava chorando...
Peter: Descolou.
Wendy: Que horror! (Vê que ele estava tentando colar a sombra com o sabonete) Mas
você estava colando com o sabonete? Bem coisa de menino mesmo. (Ri) Vai precisar
costurar.
Peter: (Começa a andar de um lado para o outro, feliz) Ah, como eu sou esperto. Viva a
minha esperteza!
Wendy: Um pouquinho? Se não sirvo para nada, então posso muito bem ir embora...
(Wendy volta para a cama e coloca a cabeça em baixo das cobertas. Peter finge que
vai embora, mas mesmo assim ela não olha. Ele vai até a beirada da cama)
Peter: Wendy, não vá embora. Eu não consigo parar de ser convencido e ficar me
gabando quando eu estou feliz, Wendy. Wendy, uma menina vale mais que vinte
meninos.
Peter: Acho.
Wendy: Pois eu acho uma gracinha você dizer isso. E vou me levantar de novo. (Senta-
se na cama) Se você quiser, eu posso lhe dar um beijo.
Wendy: Vou usar o seu beijo com um cordãozinho em volta do pescoço. (Coloca um
cordão no botão e o amarra no pescoço) Quantos anos você tem?
Peter: Não sei... Mas ainda sou bem moço. Wendy, fugi de casa quando nasci.
(Wendy faz um gesto para Peter se sentar mais perto)
Peter: Foi porque eu ouvi meu pai e minha mãe conversando sobre o que eu ia ser
quando crescesse. Eu não quero crescer nunca, quero ficar sempre criança e me
divertir muito. Por isso eu fugi para os jardins de Kensington e vivi lá por muito tempo,
no meio das fadas.
Peter: Às vezes elas são bem chatas, vivem se metendo no meio do caminho, às vezes
eu até me escondo delas. Mas eu gosto das fadas. Sabe Wendy, quando o primeiro
bebe riu pela primeira vez, a risada dele se quebrou em mil pedacinhos e cada um saiu
saltitando... Cada um virou uma fada, foi assim que elas apareceram. Por isso deveria
existir pelo menos uma fada para cada menino ou menina.
Peter: Não, é o seguinte: hoje em dia as crianças sabem tanta coisa que logo deixa de
acreditar em fadas. E cada vez que uma criança diz “eu não acredito em fadas”, em
algum lugar uma fada cai morta. (Lembrando de Sininho) Não consigo imaginar onde
ela se meteu. Sininho! Sininho!
Wendy: Peter, você não vai me dizer que tem uma fada aqui dentro desse quarto!
Peter: Ela estava aqui ainda agorinha. Por acaso você não a está ouvindo?
Wendy: A única coisa que eu estou ouvindo é uma musiquinha parecida com o som de
sinos.
Peter: Pois bem, é ela, é Sininho. Essa é a língua das fadas. Acho que também estou
ouvindo. (Contente) Wendy, acho que tranquei a Sininho no baú.
(Peter abre a tampa do baú, Sininho corre pelo quarto, muito brava)
Peter: Você não devia ficar falando essas coisas. É claro que eu estou triste por ter
trancado você lá dentro, mas como é que eu ia saber que você estava no baú?
Wendy: Ah, Peter! Se ela parasse quieta um instantinho para eu poder ver...
Peter: Sino... Esta dama diz que gostaria que você fosse a fadinha dela.
Peter: Ela não é muito educada. Disse que você é uma menina grande e feia, e que ela
já é minha fada. (Para Sininho) Você sabe muito bem que não pode ser minha fada
Sino, porque sou um cavalheiro, e você é uma dama.
Peter: Desculpe, ela é uma fadinha bem comum, uma funileira, encarregada de
consertar panelas e chaleiras lá no reino das fadas.
Peter: São crianças que caem dos carrinhos quando as babás não estão prestando
atenção. Se em sete dias ninguém for procurar por eles, eles são mandados para a
Terra do Nunca, para diminuir as despesas. Eu sou o chefe.
Peter: E é mesmo... Mas ficamos muito sozinhos sabe? Não temos companhia
feminina.
Peter: Não. Como você deve sabe, as meninas são muito espertas e não caem dos
carrinhos.
Wendy: Acho lindo o seu jeito de falar nas meninas, Peter. O João ali só nos despreza.
(Peter vai até a cama onde está João e o empurra. João continuar dormindo no chão)
Wendy: Devo te lembrar que você não é o chefe aqui. (Ri) mas eu sei que você só
estava querendo ser gentil. Por isso, pode me dar um beijo.
Peter: (Tristonho) Bem que eu achei que depois você ia querer ele de volta. (Oferece o
dedal para ela)
Wendy: (Gentil) Ah, meu Deus! Eu me confundi, não era um beijo que eu queria, era
um dedal.
(Sininho entra)
Wendy: Ai!
Peter: Deve ter sido Sininho. Nunca a vi tão mal comportada assim.
Peter: Ela disse que vai fazer isso com você, Wendy, toda vez que eu te der um dedal.
Peter: Ela está tão esquisita. Eu sempre venho aqui para escutar as historias. É que eu
não sei nenhuma historia, sabe? E nenhum dos meninos perdidos sabe contar
historias.
Peter: Você sabe por que as andorinhas só fazem ninhos nos beirais dos telhados?
Para poderem ouvir historias. Sua mãe estava contando uma tão bonita, mas vocês
dormiram e ela parou.
Wendy: Qual?
Peter: A do príncipe que não conseguia encontrar a moça que usava o sapatinho de
cristal.
Wendy: Essa historia era a da Cinderela. Depois ele encontrou a moça e os dois
viveram felizes para sempre.
Wendy: Não vá Peter. Eu sei tantas historias. Ah, tantas historias que eu poderia
contar para os meninos.
Wendy: Me solte!
Wendy: Puxa eu não posso... Pense só na mamãe, e além do mais eu não sei voar.
Peter: Eu te ensino...
Peter: Wendy, você podia ajeitar nossas cobertas de noite. Nunca nenhum de nós teve
ninguém que ajeitasse nossas cobertas de noite.
Wendy: Ah... (Estende os braços para ele) É claro que é fascinante. Demais! Você
ensina João e Miguel a voar também?
Wendy: Acordem! Peter Pan está aqui e vai nos ensinar a voar!
Peter: É só pensar em coisas boas e esses pensamentos gostosos vão te fazer subir no
ar.
(João, Wendy e Miguel tentam voar pulando das camas, mas só caem)
Peter: Primeiro vocês precisam de um pouco de poeira das fadas. (Joga um pouco de
glitter nas crianças)
(João pega a sua cartola e todos saem pela janela. Em seguida entram Sra. Darling, Sr
Darling e Naná, mas já era tarde demais)
Cena 4 – Voando
Peter: Ali, naquele lugar para onde todas as flechas estão apontando.
Miguel: Olhe ali João, estou vendo a fumaça do acampamento dos índios!
João: Onde? Me mostre que pelo jeito dela subir eu digo se estão se preparando para
a guerra.
Peter: Tem um pirata dormindo nos pampas bem embaixo da gente, podemos ir lá e
acabar com ele.
Peter: Gancho.
João: Você?
Peter: Se pode...
Wendy: É canhoto?
Peter: Mandou botar um gancho de ferro no lugar da mão, e espeta com ele.
João: Espeta?
João: Sei...
Peter: Mas há uma coisa que todo menino que serve sob minhas ordens tem que
prometer, e você também. É o seguinte: se encontrarmos com gancho numa luta, você
tem que deixar ele pra mim.
João: Prometo.
Peter: É, e é claro que devem ver a luz dela. Se adivinharem que estamos por perto na
certa vão atirar.
João: Então ela vai ter que ficar abaixada e nós vamos ficar em volta dela, para que
eles não vejam a luz dela.
(Na ilha. Piuí, Bicudo, Deleve, Cabelinho e os Gêmeos, andando um atrás do outro cada
um com uma adaga na mão, atravessam a cena. Em seguida, Os Piratas. Gancho,
seguido de Smee, Barrica e Bill Jukes. Todos com espadas na mão)
Piratas: Hey!
Nós todos somos piratas,
Audazes e temerários,
Terríveis e sanguinários,
Nós somos os donos do mar
Hey!
(Os piratas saem. Os índios entram em cena, esses muito silenciosos e atentos, saem
de cena. Ouve-se um tic-tac. Os meninos entram em cena.)
Deleve: Eu sou o único aqui que não tem medo de pirata... Mas eu bem que gostaria
que ele voltasse logo e nos contasse de uma vez por toda se ouviu mais alguma coisa
sobre a tal Cinderela.
Bicudo: A única coisa que eu me lembro da minha mãe é que ela sempre dizia ao meu
pai: Ah, como eu queria poder ter um talão de cheques só pra mim. Eu não sei o que é
um talão de cheques, mas eu adoraria dar um a mamãe, só pra ela ficar feliz.
(Ouve-se a musica dos piratas ao longe, os meninos entram na casa deles. Entram os
piratas)
Gancho: Mais que tudo eu quero o chefe deles, o tal Peter Pan. Foi ele que cortou o
meu braço. Há muito tempo que eu estou querendo apertar a mão dele com isso aqui.
Smee: Mas, capitão, eu sempre ouvi o senhor dizer que esse gancho valia mais que dez
mãos. Serve pra pentear o cabelo e para uma porção de coisas...
Gancho: É... e se eu fosse uma mãe, ia rezar para que os meus filhos nascessem com
isso em vez disso aqui... Mas Peter jogou meu braço para um crocodilo que estava
passando.
Smee: Bem que eu reparei que o senhor tem um senhor tem um estranho pavor de
crocodilos.
Gancho: De crocodilos não. De certo crocodilo. Ele gostou tanto do meu braço que me
persegue por mar e terra, lambendo os beiços, esperando o resto de mim...
Gancho: Não quero saber desse tipo de elogios, quero saber é de Peter... Esse
crocodilo já teria me pegado se ele não tivesse engolido um despertador que fica
fazendo tique taque dentro dele. Quando ele vai chegando perto eu ouço o tique
taque e dou um pulo...
Gancho: Smee, estou ouvindo vozes... e parece que Peter Pan não está em casa...
Gancho: O crocodilo!
Bicudo: Eu vi a coisa mais maravilhosa! Um pássaro grande e branco, e parece que esta
voando para cá.
Bicudo: Não sei, mas parece muito cansado, e fica o tempo todo gemendo enquanto
voa dizendo: Coitada da Wendy...
Meninos: Oi Sininho!
(Eles entram em casa menos Piui que está com o seu arco)
(Piuí mira em Wendy que cai, ele vai até ela. Os meninos saem da casa com seus arcos
e flechas)
Piuí: Vocês se atrasaram! Já matei o pássaro Wendy, Peter vai ficar contente comigo.
Cabelinho: Agora estou entendendo... Peter estava trazendo ela pra gente.
Gêmeo 1: Até que enfim, uma moça pra tomar conta da gente...
Piuí: Eu fiz mesmo uma coisa horrível dessas... Eu sempre sonhava com moças, e
quando elas chegavam perto, nos meus sonhos, eu dizia: Mamãe linda, mamãe linda.
Só que quando ela chegou de verdade, eu atirei nela. (Vai indo embora)
(Ouve-se um cocoricó)
(Todos se juntam em volta de Wendy, mas Piuí fica um passo na frente. Outro cocoricó.
Peter entra)
Peter: Oi pessoal! (Todos ficam em silencio) Ei, gente eu voltei! Por que é que ninguém
grita? Ninguém dá viva? Tenho ótimas noticias pra vocês! Finalmente eu trouxe a mãe
que todos queriam tanto!
Peter: Será que ninguém viu? Ela estava voando pra cá.
Peter: (Sem jeito) Ela está morta. Talvez esteja assustada de estar morta... (Percebe
que ela está com uma flecha) Quem foi que atirou nela?
Piuí: Eu Peter...
Peter: Não consigo, tem alguma coisa que segura a minha mão.
Cabelinho: É ela! (Abaixa-se para ouvir o que Wendy está dizendo) Eu acho que ela
disse: Coitadinho do Piuí...
(Peter abaixa-se ao lado de Wendy e pega o botão que ele deu pra ela)
Peter: Vejam. A flecha bateu nisto. Foi o beijo que eu dei. Salvou a vida dela.
Peter: Ouça bem Sininho, preste atenção. Eu não sou mais seu amigo. Vá pra longe de
mim, para sempre. Nunca mais apareça na minha frente.
Peter: Não, nada disso. Ninguém deve pegar nela, seria uma falta de respeito.
Peter: Tem sim, vamos ficar aqui vigiando ela. Depressa, cada um pega o que temos de
melhor em nossa casa.
(Vêem Peter)
Peter: Oi..
Miguel: João, vamos acordar Wendy e pedir para ela fazer o jantar da gente...
João: Vigia?
Cabelinho: Pois é por isso mesmo que nós somos os criados dela.
Peter: Isso mesmo. E vocês também são. Andem logo com isso.
(Os meninos andam pegando coisas que acham interessantes, fazem vigia, dormem,
acordam. Wendy se levanta)
Wendy: Será que devo? É claro que eu adoraria, ia ser ótimo tentar. Mas eu sou só
uma menina pequena...
Peter: Não tem importância. O que nós estamos precisando é de uma pessoa
simpática e maternal.
Wendy: Que bom, por que eu acho que sou bem assim.
Wendy: Então andem logo seus meninos levados! Vou botar logo vocês na cama que
está na hora. Antes disso só vai dar tempo de terminar a historia da Cinderela.
(Os meninos e Wendy nas pedras. Wendy está costurando roupas e os meninos
deitados, dormindo. Começa a ficar escuro e Peter se levanta)
Peter: Piratas!
Peter: Mergulhem!
(Os meninos se escondem atrás da pedra. Entram os piratas com Lírio Selvagem
amarrada. Esbarram na pedra)
Barrica: Cuidado seu idiota, olha aí a pedra. Agora a gente tem que deixar a índia aí.
Daqui a pouco o nível da água sobe e ela vai se afogar.
Pirata 2: Capitão será que a gente não podia seqüestrar a mãe desses meninos para
ficar sendo a mãe da gente?
Gancho: Grande idéia! Vamos agarrar os meninos, fazemos eles andarem pela prancha
e Wendy fica sendo nossa mãe.
Wendy: Nunca!
Gancho: Soltaram?
Gancho: Com seiscentos milhões de pedras cobertas de limo! Que porcaria é essa que
vocês estão contando?
Gancho: Rapazes, eu não dei essa ordem... Espírito que assombra esta lagoa de noite,
você esta me ouvindo?
Voz de Gancho: Com seiscentos milhões de algemas, grades e corrente, é claro que
estou!
Gancho: Um bacalhau?
Peter: Sim.
Gancho: Homem?
Peter: Não!
Gancho: Menino?
Peter: Sim.
Peter: Não.
Peter: Não.
Peter: Sim!
Piratas: Desistimos.
(Os meninos e os piratas começam a lutar. Peter está à procura de gancho. Peter sobe
na pedra e vê que gancho está na ponta dela, estende a mão)
Peter: Segure a minha mão, não vou lutar enquanto você estiver em desvantagem.
(Gancho segura a mão de Peter e lhe dá uma mordida. Ele fica sem reação e Gancho o
fere. Peter cai na água. Gancho vai embora e os meninos não vêem Peter, vão embora.
Wendy, que esteve o tempo todo muito assustada, desmaia. Peter a puxa para a
pedra)
Peter: Wendy nós estamos na pedra, mas esta cada vez menor, daqui a pouco a água
vai cobrir tudo.
Peter: É...
Peter: Veja como a água está subindo. Morrer vai ser uma aventura danada de
grande...
(Black out)
(Os índios vigiam a casa dos meninos perdidos. Na casa estão os meninos e Wendy.
Peter vai falar com os indios)
Lírio: Mim Lilio Selvagem. Peter Pan me salva, mim sua glande amiga. Mim não deixar
os pilatas machucar ele.
Piuí: Eu acho que não posso, mas será que eu podia ser o pai?
Piuí: Então se eu não posso ser o pai, será que o Miguel me deixava ser o bebê?
Miguel: Não!
Piuí: Então se eu não posso ser o bebe, será que eu podia ser um dos gêmeos?
Piuí: Então como eu não posso ser nada importante, algum de vocês quer ver um
truque que eu aprendi?
Todos: Não.
Wendy: Mas precisa ter alguém no berço, e você é o menorzinho... Um berço é uma
coisa tão boa de se ter numa casa...
(Fora da casa)
(Na casa)
Wendy: Crianças seu pai está chegando, e vocês sabem que ele gosta que vocês
fiquem na porta esperando por ele.
(Peter entra)
Gêmeo 1: A mamãe nos contou que a pipa do Miguel voou até a pedra...
Gêmeo 2: E o senhor mandou que a mamãe segurasse nela para que ela se salvasse.
Peter: O pássaro do Nunca pediu para que eu fosse até a praia em seu ninho.
Wendy: O quê?
Peter: Eu estava pensando... É só faz de conta não é? Eu não sou pai dele de verdade,
não é?
Wendy: Vocês estão cansados! Já para a cama que eu vou contar uma historia para
vocês dormirem.
(Todos vão para a cama, Wendy se senta ao lado e Peter em uma cadeira)
Wendy: Eles eram casados e tinham três filhos, que tinham uma babá muito fiel
chamada Naná. Um dia o Sr Darling ficou zangado com ela e a prendeu numa corrente
no quintal. Por isso, as crianças acabaram voando e fugindo para a Terra do nunca,
onde moram os meninos perdidos. Agora eu quero q vocês imaginem como os pais
ficam infelizes quando os filhos fogem, imaginem as caminhas vazias... Ah, mas se
vocês soubessem como o amor de mãe é imenso. Sabem por quê? A mãe sempre vai
deixar a janela aberta para que um dia seus filhos voltem para o quarto. E depois de
um tempo os filhos voltam voando e vendo a janela aberta, para receberem a
recompensa pela confiança absoluta no amor de mãe.
Peter: Você está enganada sobre as mães Wendy. Eu também pensava que elas eram
assim por isso fique fora de casa por muitas e muitas luas e quando eu voltei a janela
do meu quarto tinha grades e tinha um menino dormindo na minha cama, porque a
minha mãe tinha esquecido de mim.
Peter: Absoluta.