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Artigo Clima Organizacional 1

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ANÁLISE DO CLIMA ORGANIZACIONAL DE UMA EMPRESA ESPECIALIZADA

EM TRANSPORTE DE PASSAGEIROS E TURISMO NO MUNICÍPIO DE TRÊS


RIOS, RJ
ANALYSIS OF THE ORGANIZATIONAL CLIMATE OF A COMPANY
SPECIALIZED IN PASSENGER TRANSPORT AND TOURISM IN THE
MUNICIPALY OF TRÊS RIOS, RJ.

Laís Mauro de Oliveira1


Maria Cristina Drumond e Castro2

Resumo
Alinhar os objetivos da organização com o propósito e as aspirações dos
trabalhadores tornou-se imprensindível para a prosperidade das empresas na
contemporaneidade. Neste âmbito, a medição e avaliação do clima organizacional
(CO) do ambiente de trabalho configura-se como um diferencial estratégico para as
instituições que priorizam a motivação e desenvolvimento de seus colaboradores e,
consequentemente, a retenção de talentos. Por conseguinte, o presente trabalho teve
como objetivo realizar uma pesquisa de avaliação em Clima Organizacional na
empresa Viação Progresso e Turismo S/A, situada em Três Rios/RJ. Para seu
cumprimento, foi elaborado um questionário, de teor quantitativo, baseado nos
modelos de pesquisa em CO desenvolvidos por Luz (1995) e por Bispo (2006),
contendo vinte questões fundamentadas nos indicadores de influência do CO
propostos pelos autores. A pesquisa foi aplicada a 72 participantes no dia 21/01/2020,
sendo estabelecida antes do período de pandemia referente ao coronavírus.
Verificando-se os resultados, constatou-se que os colaboradores tendem a possuir
percepções favoráveis ao CO da empresa, uma vez que questões relacionadas à
liderança, integração com a organização e treinamento e desenvolvimento de
funcionários obtiveram positivas avaliações. Contudo, a organização deve dedicar
maior apreço aos quesitos relacionados à comunicação e autonomia dos
colaboradores.

Palavras-chave: Clima organizacional. Cultura organizacional. Gestão de pessoas.

1 E-mail: laismauro1997@gmail.com; Bacharel em Administração pela Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro; https://orcid.org/0000-0001-9729-0320;


http://lattes.cnpq.br/8367749493888259.
2E-mail: cristina@ufrrj.br; Doutorado em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária

(UFRRJ), Mestre em Sistemas de Gestão (UFF), Graduação em Economia (UFJF);


https://orcid.org/0000-0001-7562-7367; http://lattes.cnpq.br/8402406521255088.
Oliveira, L.M., Castro, M.C.D.; Análise do clima organizacional de uma empresa especializada em transporte de
passageiros e turismo no município de Três Rios, RJ. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Micro e Pequenas
Empresas V.5, Nº3, p.61-83, Set/Dez. 2020. Artigo recebido em 05/10/2020. Última versão recebida em
18/12/2020. Aprovado em 28/12/2020.
Análise do clima organizacional de uma empresa especializada em transporte de
passageiros e turismo no município de Três Rios, RJ.

Abstract
Aligning the organization's objectives with the purpose and aspirations of workers has
become essential for the prosperity of companies today. In this context, measuring and
evaluating the organizational climate (OC) of the work environment is a strategic
differential for institutions that prioritize the motivation and development of their
employees and, consequently, the retention of talents. Therefore, the present work
aims to carry out an evaluation research in Organizational Climate at the company
Viação Progresso e Turismo S / A, located in Três Rios / RJ. For compliance, a
quantitative questionnaire was developed, based on the OC research models
developed by Luz (1995) and Bispo (2006), containing twenty questions based on the
OC influence indicators proposed by the authors. The survey was applied to 72
participants on 01/21/2020, being established before the coronavirus pandemic period.
Checking the results, it was found that employees tend to have favorable perceptions
of the company's OC, since issues related to leadership, integration with the
organization and training and development of employees obtained positive
evaluations. However, the organization must dedicate greater haste to the questions
of communication and empowerment of employees.

Keywords: Organizational climate. Organizational Culture. People management.

1. Introdução
A área de recursos humanos sofreu significativas modificações que alteraram
o modo com que o capital humano é percebido pelas organizações. Com o transcorrer
dos anos e a expansão dos estudos relacionados à conexão existente entre motivação
e produtividade, os colaboradores passaram a serem visualizados como significativos
agregadores de valor e um dos principais responsáveis de resultados
empresariais. Alinhar os objetivos da organização com o propósito e as aspirações
dos trabalhadores, nesta medida, tornou-se fundamental para a prosperidade das
empresas na contemporaneidade.
Desta forma, é suposto que as organizações revejam gradativamente a ideia
do uso exclusivo do controle como técnica de gerir colaboradores e passem a adotar
novas ferramentas baseadas em integração, estímulo e desenvolvimento de
funcionários para tal.
Ressalta-se que estas mudanças na gestão das organizações possuem forte
ligação com os fenômenos de globalização e a intensa revolução tecnológica
dominante nas últimas décadas, principais contribuintes pelo extenso dinamismo e
abertura do mercado mundial, esses eventos contribuíram para que as mesmas
buscassem diferenciais que as destaquem de potenciais concorrentes e que
colaborem para a retenção de seus melhores talentos. Um desses diferenciais

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mencionados e que direciona a empresa a um conhecimento mais aprofundado de


seu ambiente interno é a avaliação do clima organizacional do ambiente de trabalho.
Como decorrência, o presente estudo fundamenta-se em uma breve
contextualização sobre a ascensão da gestão de pessoas no campo administrativo
organizacional para retratar a definição do construto de clima organizacional e sua
relação com a cultura presente de forma enraizada no âmago nas empresas. O
trabalho expõe uma pesquisa em clima organizacional aplicada à empresa de
transportes Viação Progresso Turismo S/A, localizada em Três Rios, no interior do
estado do Rio de Janeiro, como forma de aplicação prática dos conceitos teóricos
estudados.
O clima organizacional tem um papel imprescindível de influência na conduta
dos trabalhadores em suas rotinas de trabalho e, por consequência, nos índices
produtivos e financeiros da organização. A veracidade deste fato encontra-se na
análise da definição de clima organizacional e em como o mesmo possui a capacidade
de emoldurar a reputação de uma empresa, baseando-se no seu ambiente de
trabalho.
O construto do conceito de clima organizacional (CO) demonstra que esse
fenômeno floresce das percepções que os trabalhadores possuem do meio de
trabalho ao qual estão englobados e em como estas percepções afetam de maneira
brusca a motivação e o desempenho produtivo dos mesmos. Neste contexto, o CO
está intrínseco à satisfação dos colaboradores, que altera-se na medida em que lhes
são oferecidas condições apropriadas de trabalho, tanto para a realização das tarefas
demandadas quanto para o desenvolvimento de habilidades e carreira profissional.
Por este motivo, muitas empresas vêm investindo em pesquisas de clima
organizacional como forma de identificação do nível de satisfação dos colaboradores
com as ferramentas de gestão aplicadas. Este instrumento de avaliação utiliza-se de
questionários eentrevistas para delimitar os fatores internos e externos à empresa que
mais compactuam para a instabilidade de seu CO, sendo possível, assim, identificar
com maior exatidão os pontos que necessitam ser aprimorados pela organização.
Como forma de reforçar a importância deste fenômeno para o campo
empresarial, além de aprofundar-se nos conceitos de clima e cultura organizacionais
como eventos influenciadores de desempenho, o trabalho realizou também uma

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pesquisa de campo na empresa Viação Progresso e Turismo S/A visando analisar seu
ambiente.
É pertinente ressaltar que a empresa aqui tratada possui um histórico de
cunho familiar e, por este motivo, detêm determinadas particularidades em sua cultura
que influem constantemente em seu clima organizacional e no desempenho dos
colaboradores.
Por conseguinte, o presente trabalho buscou responder a seguinte questão:
quais sugestões de melhoria podem ser propostas,por meio da análise do clima
organizacional,à empresa Viação Progresso e Turismo S/A ?
Como objetivo geral, o trabalho visa investigar, identificar e descrever o clima
organizacional da empresa Viação Progresso e Turismo S/A - mais especificamente
em sua Matriz, localizada na cidade de Três Rios, no interior do estado do Rio de
Janeiro - e, a partir dos resultados, propor sugestões de melhoria para a organização.

2. Revisão de Literatura

Nesta seção buscou-se compreender como o processo de evolução da área de


RH propiciou um novo olhar acerca da cultura e do clima organizacional e a inter-
relação entre eles.

2.1 O processo de Evolução da Área de Recursos Humanos

Interligadas ao conceito de construções sociais, as organizações são


abrangidas pelas mais diversas camadas que englobam e formam a sociedade como
um todo (VERGARA, 2013). Essas camadas compreendem a pluralidade de
gerações, culturas, gêneros, classes e outras agremiações que as civilizações utilizam
para delimitar a multiplicidade que é o ser humano e sua descendência. Em razão
este vínculo, torna-se possível a compreensão de que o capital humano é o principal
alicerce das empresas.
Para o entendimento e domínio do mundo dos negócios, faz-se necessário,
antes de tudo, o aprofundamento na evolução histórica das relações humanas e seu
gradual desenvolvimento perante às eras da administração.

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As bases para o surgimento do conceito contemporâneo de organização tem


suas raízes no final do século XVIII e por todo século XIX. Nesta época, o pensamento
neoclássico, derivado da economia, estava fortemente enraizado na sociedade, o que
explica as primeiras ideias em torno da ciência da administração serem centradas
estritamente na racionalidade, previsibilidade e controle (SANTOS, 2017). Em meados
do século XIX, o Departamento de Recursos Humanos nasce da necessidade de
contabilização e controle dos registros dos trabalhadores (VISCAINO; ESTORK,
2007).
O grande salto para a introdução das relações humanas como objeto de
inúmeros estudos e fator indispensável para a administração como um todo adveiodo
experimento realizado entre os anos de 1927 a 1933, que introduziu o Movimento das
Relações Humanas por Elton Mayo, psicólogo americano, o grande precursor do
estudo reconhecido como a Experiência de Hawthorne. Seu principal objetivo foi o de
detectar a influência da iluminação no ritmo de produção, fadiga e índice de acidentes
entre os colaboradores (GIL, 2007).
Com experimento, a Escola das Relações Humanas começou a desmistificar
alguns conceitos pregados de forma veemente pela Teoria Clássica e pela
Administração Científica, visto que "os bens tangíveis, tais como os meios de
produção e matérias-primas, deixaram de ser considerados os recursos principais
dando lugar aos intangíveis, como conhecimento, criatividade, informações etc"
(HANASHIRO et al., 2007, p. 4). No entanto, o movimento não se contrapôs de forma
direta ao taylorismo (MATOS; PIRES, 2006).
A partir dos anos 1950, um compilado de teorias essencialmente novo marcou
o início do período conhecido como neoclássico da administração e teve Peter
Drucker (1909 - 2005) como principal alicerce. Esta década trouxe várias
transformações aos departamentos de pessoal, ocorrendo neste período a
transformação do cargo de Gerente de Pessoal para o denominado Gerente de
Recursos Humanos (VISCAINO; ESTORK, 2007).
A partir dos anos 1990, com o advento da globalização e dos ininterruptos
avanços tecnológicos, o mundo dos negócios foi transformado pelo surgimento de
mudanças imprevistas e turbulentas. A Era da Informação trouxe um novo conceito
de comunicação em massa, alterando de maneira radical a velocidade de obtenção e
armazenamento de conhecimento. Desta forma, o capital humano passou a ter mais

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significado dentro das organizações, uma vez que as pessoas não apenas recebiam
tarefas e informações, como passaram também a contribuir e produzir mais
ativamente com novas ideias e ações. A comunicação interna ganhou um teor
estratégico nas organizações quanto ao alcance de metas e objetivos a longo prazo
(CARRILLO, 2014) e o comprometimento com a motivação dos colaboradores
também foi colocado em pauta. Nos últimos anos o conceito da quarta revolução
industrial, também conhecida como Indústria 4.0, aflorou no mundo dos negócios.
Este fenômeno possui um significativo diferencial em relação aos anteriores, uma vez
que abrange em seu escopo não somente máquinas e sistemas inteligentes, mas
unifica estas novas tecnologias à interação entre campos digitais, biológicos e físicos
(SCHWAB, 2016).
Em um contexto geral, o processo administrativo enfrentou grandes
mudanças em sua essência, iniciando de maneira rígida com os conceitos de
racionalização do trabalho e larga produção - de Taylor e Fayol - e ao longo dos anos
direcionando seus ideais à uma visão mais humanizada do trabalho, de perspectiva e
princípios da Escola das Relações Humanas, durante a Era Clássica, e às teorias
firmadas em meados de 1950, no período Neoclássico. Na atualidade, seu principal
foco é a gestão estratégica, interligando o bem estar e motivação de funcionários à
máxima produção e eficiência dos serviços. Para isto, as empresas estão
direcionando cada vez mais atenção à valorização de seu capital humano, investindo
em desenvolvimento de colaboradores e ao estudo de seu clima organizacional como
forma de garantir a retenção de seus talentos, tema da próxima seção.

2.2 Clima Organizacional


As exigências por qualificação da força de trabalho, em razão da progressiva
complexidade das atividades e serviços no mercado global, tem feito com que as
organizações busquem pela retenção e desenvolvimento de seus principais talentos
(FREITAG; FISCHER,2017). Por enfrentarem um cenário amplamente competitivo, as
empresas estão reavaliando paradigmas organizacionais, relacionados ao
comprometimento e satisfação dos funcionários, para a garantia de sua sobrevivência
(SPIER; JUCHEM; CAVALHEIRO, 2009). Neste contexto, torna-se fundamental a
promoção de um ambiente propício à boa gestão do capital humano, no

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estabelecimento de um(a) clima/cultura em que as habilidades são apreciadas e


aprimoradas (CARACOL, el al.,2016).
Considerado como elemento indispensável para organizações que encontram
nas pessoas seu diferencial competitivo (SPIER; JUCHEM; CAVALHEIRO, 2009), o
clima possui direta ligação com o ambiente da empresa e suas condições
atmosféricas (PIMENTA; OLIVEIRA; AOUAR, 2012).
Puente-Palacios (2002) descreve o que pode ser entendido como o modelo
mais completo para a configuração do construto de clima organizacional. Apontada
pela autora como abordagem cultural, essa linha de raciocínio exprime as influências
que o conjunto de normas, crenças e valores enraizados no seio da organização
exercem sobre o comportamento e desempenho de seus membros, o que não foi
levado em consideração por abordagens anteriores.
Lanzer (2017) estabelece o clima como uma medida coletiva de sentimentos
e percepções grupais num dado instante. Essa mistura de sentimentos a respeito das
características do ambiente é ocasionada pela interação entre cultura/valores
organizacionais e as tecnologias e estruturas do meio. Conforme afirma o autor, o CO
sofre variações de forma rápida e inesperada, sendo altamente suscetível aos
respaldos dos líderes da empresa.
A complexidade em definir um único conceito para o clima organizacional está
no fato de o mesmo envolver distintas variáveis que o afetam e o moldam
constantemente. Estas variáveis originam-se de fatores internos e externos à
organização, estando interligadas também às experiências e percepções individuais
de cada funcionário (HERNANDEZ; MELO 2003).
O ambiente empresarial está diretamente atrelado às percepções humanas.
O comportamento humano tem como um dos princípios basilares portar-se de acordo
com suas percepções, ao invés de agir segundo a realidade (ROBBINS, 2000). Assim,
quando os fatores internos e externos de influência são notados e julgados pelos
colaboradores, tem-se a manifestação do clima no ambiente de trabalho, avaliado
como favorável ou desfavorável de acordo com as percepções dos membros da
empresa.
O comportamento do indivíduo no ambiente empresarial não é resultado direto
dos fenômenos organizacionais, mas sim, dependente da maneira pela qual o mesmo
percebe estes fenômenos. Portanto, o clima organizacional pode ser visualizado como

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uma espécie de filtro, que reflete os eventos da organização e afeta diretamente na


motivação e comportamento dos colaboradores (ARMENTEROS; GARCÍA, 2015).
Conforme Bispo (2006), os fatores internos são gerados no ambiente interno
da organização, que deve conduzi-los e aperfeiçoá-los de forma a proporcionar
melhores resultados à mesma e a seus clientes e colaboradores. Os fatores externos
originam-se fora do contexto organizacional, englobando elementos do cenário
político, social, cultural e econômico e que exercem forte influência no comportamento
dos colaboradores dentro da empresa. Em vista desses fatores, torna-se possível
captar o clima organizacional por meio das interações internas entre os indivíduos da
organização e entre os colaboradores desta empresa e o cenário organizacional como
um todo, bem como pelas divisões hierárquicas e variáveis culturais que o compõem
(BIZZARIA et al., 2016).
O clima organizacional deve ser vislumbrado pelas organizações como um
dos principais agentes na detecção dos elementos que regulam o comportamento dos
trabalhadores. Por seu intermédio, é possibilitada a captação e avaliação de
características complexas do ambiente organizacional, como os aspectos de
liderança, nível de comunicação entre os membros, estrutura de trabalho, processos
decisórios e desenvolvimento de capacitação profissional, tendo sempre como base
a percepção dos colaboradores (MENEZES; GOMES, 2010).
Como resultado, as empresas conseguem decodificar quais elementos devem
ser melhor trabalhados para o propício de maiores níveis de satisfação à experiência
profissional, o que também coopera com a eficácia organizacional. O estudo e
pesquisa em clima organizacional, portanto, relacionam-se diretamente aos níveis de
desempenho do trabalhador, que é o principal alicerce da empresa na obtenção de
bons resultados (PAULA; QUEIROGA, 2015). Assim, quando existe um sentimento
de insatisfação com o trabalho, os índices de turnover tendem a crescer, acarretando
em altos custos financeiros e psicológicos para a organização (OLIVEIRA et al., 2018),
que terá de investir em treinamento e desenvolvimento de novos funcionários.
Para uma boa gestão do capital humano nas organizações e a manutenção
de bons resultados estratégicos, faz-se necessário o constante acompanhamento do
clima organizacional no ambiente de trabalho, que influi diretamente no
comportamento e ações de seus membros. Sua medição realiza-se por meio de
pesquisas direcionadas aos trabalhadores, com a aplicação de questionários que

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englobam os elementos influenciadores daquele meio (ARMEMTEROS; GARCIA,


2015).
Por intermédio da pesquisa de clima organizacional, a empresa terá o
feedback necessário para a captação e manuseio dos pontos em atrito que interferem
no bom rendimento dos trabalhadores, possibilitando, assim, o aumento da confiança
e desenvolvimento de uma melhor comunicação entre líderes e subordinados, além
da redução do nível de absenteísmo. Em consequência, ela apresenta-se como uma
valiosa ferramenta que, se bem utilizada, possibilita à organização refletir seus
resultados em ganhos de satisfação e aproveitamento (HERNANDEZ; MELO, 2003).
Realizar a pesquisa e análise do clima organizacional de uma empresa é um
processo complexo, uma vez que envolve divergentes concepções acerca do local de
trabalho por parte dos membros e as ações ali desempenhadas. No entanto, apesar
dessas barreiras, tem se tornado um importante instrumento para as empresas
trabalharem o incentivo à satisfação dos funcionários, com o objetivo de elevar o
desempenho e produtividade das equipes e angariar, desse modo, melhores
resultados financeiros (SANTOS; CODA; MAZZALI, 2010).
Ao longo dos anos, foram desenvolvidos diferentes modelos para a realização
de análises quanto ao clima organizacional. É benéfico aos gestores fazerem uso
destas ferramentas para a identificação e melhor entendimento do ambiente
organizacional como um todo, além de contribuir para maior compreensão dos
interesses e necessidades individuais de cada colaborador.

2.3 Cultura Organizacional

O advento da terceira Revolução Industrial, caracterizada pelo rompimento de


barreiras globais e cenário de exímios avanços tecnológicos, serviu de viés para uma
nova mentalidade organizacional no que diz respeito ao capital humano como alicerce
de vantagem competitiva. Em meio a esse ambiente globalizado, envolto por uma
mistura de valores e modificações de paradigmas, as interações sociais são expelidas
de suas “bolhas” e expostas à diferentes tradições e crenças. Nesse contexto, o termo
cultura manifesta-se como uma variável de extrema importância para o entendimento
do fenômeno organizacional (PIRES; MACÊDO, 2006).

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Sendo um fenômeno enraizado no âmago das organizações, a cultura


organizacional exerce forte influência no meio de trabalho, visto que os colaboradores
tendem a refletir diferentes valores sociais para seu ambiente. Esta afirmação provém
da própria estrutura empresarial, que por funcionar como um "sistema aberto", está
propensa à modificações oriundas de fatores externos. A cultura organizacional,
dessa forma, irá refletir o modo com que cada empresa aprendeu a trabalhar o
ambiente (FERNANDES NETO et al., 2019).
Apesar de sofrer influências, a cultura organizacional tende a ser menos
suscetível à mudanças imediatas. Na definição de Luz (2015), a cultura de uma
organização dita o comportamento de seus colaboradores, englobando sobre os
mesmos um simbolismo político e de controle. Complementar a isso, Lanzer (2017),
a caracteriza como um conjunto de normas e valores que designam o comportamento,
estipulando o que é aceito e o que não é aceito naquele meio e impondo, dessa
maneira, o certo e o errado.
Diante disso, denota-se a importância de se explorar o conceito de cultura
direcionado ao campo organizacional, uma vez que, pela análise dos hábitos e
costumes compartilhados no ambiente de trabalho é possibilitada a compreensão e o
aperfeiçoamento dessas interações (RESENDE; PAULA, 2011).
Apesar de ser compreendida como um fenômeno intangível, a cultura se
materializa em diversos contextos da organização, impactando diretamente em seu
cotidiano, transmite personalidade à empresa, configurando-se em um elo de crenças,
comportamentos e valores atribuídos que a diverge das demais. Dessa forma, esse
aglomerado de elementos definem e moldam a identidade da empresa, propiciando
valor e reafirmando o porquê de sua existência (LUZ, 2015). A identificação dos
elementos que configuram a cultura organizacional colabora para uma definição mais
precisa e concreta de seu contrato, transmitindo significado aos membros da empresa
(FREITAS, 1991).

2.4 A Relação entre Cultura e Clima Organizacional

Clima e cultura organizacionais são reconhecidos como fenômenos


empresariais capazes de afetar continuamente o nível de desempenho dos
colaboradores e, consequentemente, os resultados operacionais e financeiros de uma

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organização. Funcionam como eventos que se complementam no ambiente de


trabalho, sendo o clima um fenômeno altamente mutável e a cultura mais resistente à
modificações.
Em meados da década de 60, esses dois fenômenos eram diversas vezes
compreendidos como equivalentes, uma vez que detinham raízes de conceituação
muito próximas. A adjacência dos conceitos de clima e cultura para o campo
organizacional detém-se ao fato de a cultura ser composta por um conjunto de valores
e crenças enraizados na organização e compartilhados por seus membros, que são
os grandes responsáveis em moldarem o clima no ambiente de trabalho. A cultural
organizacional, portanto, norteia uma série de aspectos anteriormente concebidos
como verdades absolutas e seguidos pelos funcionários, que conferem identidade à
empresa, enquanto o clima, funcionando como uma consequência dessa identidade,
se origina por meio das percepções diárias dos colaboradores em relação às práticas
e procedimentos empresariais (MENEZES; GOMES,2010).
O clima funciona como uma espécie de espelho da cultura organizacional, que
serve de base para a construção do mesmo. Como destaca Puente-Palacios (2002),
os eventos clima e cultura organizacional, apesar de possuírem conceituações
distintas, são compreendidos como elementos de um mesmo ambiente, a
organização. Ainda para a autora, o fenômeno da cultura em uma empresa é
irrevogavelmente relevante, já que abrange e direciona o comportamento e
desempenho de seus membros, ao passo em que o clima organizacional funciona
como uma espécie de reação a essa cultura, tomando como eixo as percepções dos
membros sobre o agir organizacional.
Por analogia, Luz (2015) atribui o conceito de cultura organizacional a um
aglomerado de valores que comandam o comportamento do grupo, enquanto o clima
seria um efeito resultante dessa cultura. Nessa medida, o autor denota uma sutil
diferença entre os dois conceitos, partindo do ponto em que o clima, sendo descritor
das características sentimentais de um grupo em dado momento, é estabelecido como
um fenômeno mutável, podendo alterar-se rapidamente em detrimento de um
acontecimento inesperado. Do pólo oposto, Luz articula que a cultura é mais durável,
tendo em sua essência a resistência à mudanças, visto que ela não se desestrutura
tão facilmente diante de tais ocorrências.

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Em síntese, tanto o clima quanto a cultura organizacional são elementos


notoriamente importantes à compreensão do comportamento humano nas
organizações. O clima, por ser capaz de oferecer um diagnóstico claro da empresa,
operando principalmente como um fenômeno avaliador de novas práticas
administrativas. Bem como a cultura, que é frequentemente caracterizada por
aspectos indiscerníveis à organização e opera como um instrumento auxiliador ao
entendimento de sua complexidade como instituição (ROCHA; PELOGIO;
ANEZ,2013).

3. Metodologia da Pesquisa

A princípio, foi desenvolvida uma extensa pesquisa bibliográfica em diversas


bases científicas para a estruturação da fundamentação teórica do estudo. A
estruturação do conceito de clima organizacional e a evolução dos estudos a seu
respeito também foram parâmetros de pesquisa, o que levou à identificação e análise
da interligação desse fenômeno com o conceito de cultura organizacional.
Posteriormente, partiu-se para o desenvolvimento da pesquisa de campo,
com a elaboração de um questionário para aplicação na empresa Viação Progresso e
Turismo S/A, escolhida como universo de estudo deste projeto. Identificou-se a
tipologia da pesquisa como descritiva e de natureza aplicada, uma vez que essa
categoria de estudo preocupa-se em detalhar sobre as características de um
fenômeno e em como ele se manifesta em determinado meio (SAMPIERI; COLLADO;
LUCIO, 2013).
Adquiriu-se, em conjunto, um teor quantitativo, consequente da estratégia
adotada para delineamento do problema e tratamento dos resultados. Foram
recolhidas 72 respostas voluntárias - referente aos colaboradores acoplados à matriz
da empresa - ao questionário proposto, empregadas como amostra para elaboração
e desenvolvimento do estudo.
Inicialmente, o foco foi traçar e definir o perfil do colaborador participante, por
meio de uma pequena ficha anexada ao questionário, na qual os participantes
informaram o gênero, seu tempo de empresa e a faixa etária que se encontravam.
A estruturação do questionário aplicado foi definida com base nos modelos de
pesquisa em clima organizacional elaborado por Luz (1995) e por Bispo (2006). Foram

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redigidas vinte questões fundamentadas nas variáveis de influência ao clima


organizacional propostas pelos autores. Dentre os temas abordados estão a
realização profissional, o grau de satisfação e comunicação com a liderança, a
segurança e cooperação no trabalho, o nível salarial e a qualidade de infraestrutura
no ambiente empresarial.
Um dos métodos mais utilizados pelas organizações na aplicação desses
questionários são as escalas psicométricas. Devido aos seus atributos estatísticos e
forte metodologia, as escalas são instrumentos que dispõem de rica capacidade
analítica e inferência dos conteúdos obtidos (MENEZES, 2009). A escala Likert aplica-
se precisamente a esse tipo de pesquisa, uma vez que expõe suas possibilidades de
resposta à diferentes graus de intensidade. O questionário geralmente é composto
por um compilado de perguntas indiretas respondidas de forma anônima por todos os
membros da empresa. As questões abordadas devem ser construídas
especificamente com um teor indireto, para não afetar o verdadeiro posicionamento
dos colaboradores, dado que a tendência por oferecimento de respostas socialmente
aceitas pode interferir no alcance de resultados mais precisos (LANZER, 2017).
Como possibilidades de resposta a essas questões, foi utilizado como método
a escala Likert de cinco pontos. Esse tipo de resposta psicométrica configura-se como
uma afirmação, ao contrário de uma pergunta, em que o participante pode concordar
ou discordar em diferentes graus de intensidade (LANZER, 2017). No caso desta
pesquisa, foram delimitados os seguintes pontos: sempre, quase sempre, neutro,
raramente, nunca.
O contato com a empresa avaliada para explicar o propósito do projeto
realizou-se via rede social e a aplicação do questionário foi executada com
autorização prévia da coordenadora de recursos humanos.
Direcionando-se a diferentes níveis hierárquicos da organização, a pesquisa
abrangeu, desse modo, cargos de gerência, auxiliar de escritório, secretaria,
arrecadação e almoxarifado no setor administrativo, cargos de garagista, mecânico e
auxiliar de conservação no setor de manutenção e os cargos de motorista, auxiliar de
viagens e auxiliar de tráfego no setor operacional. A aplicação do questionário ocorreu
no dia 21/01/2020, entre os horários de 14h às 17h, iniciando-se no setor
administrativo, com o respaldo da coordenadora de RH, e seguido para os setores de
manutenção e operacional.Torna-se válido ressaltar, contudo, que a pesquisa foi

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realizada antes do período de pandemia pelo coronavírus, em que o cenário do


mercado de trabalho sofreu um intenso e profundo impacto que prevalece até os dias
atuais.
Antes da distribuição das fichas aos participantes, foi esclarecido aos
colaboradores presentes que o intuito do projeto era realizar um estudo acadêmico
acerca do clima organizacional na empresa, sendo opcional a participação no mesmo.
Garantiu-se a todos os voluntários da pesquisa o sigilo e anonimato quanto às
respostas contidas nos questionários. A aplicação foi acompanhada pela autora do
trabalho, para o caso do surgimento de dúvidas.

4. Resultados e Discussão

Os resultados descritos visam, primordialmente, alcançar o objetivo desse


trabalho, qual seja, o de analisar o ambiente da organização estudada e propor
sugestões de melhoria para possíveis pontos instáveis relacionados ao tema.
Contabilizando os dados levantados, constata-se que o número de homens
participantes na pesquisa excedeu ao número de mulheres, com porcentagens
correspondentes a 53% e 47% do total de avaliados, respectivamente.
Quanto à faixa etária dos participantes, os funcionários com até 20 anos de
idade correspondem a apenas 5% dos entrevistados. Esse perfil de colaborador, em
sua grande maioria, é formado por estagiários de diferentes setores, que abrangem
as áreas jurídica, financeira e de pessoal na organização. Todavia, a maior parte dos
colaboradores envolvidos com a pesquisa está enquadrada na faixa etária de 31 a 40
anos, correspondendo a 39% do total de participantes, seguida daqueles com 41 a 50
anos, com 31% - o que evidencia um perfil prevalecente jovem aos candidatos.
Referente ao tempo de empresa dos participantes,43% do total de
entrevistados disseram possuir até 2 anos de trabalho operado. Esses novos
colaboradores foram particularmente importantes para a pesquisa no que diz respeito
à identificação do atual nível de comprometimento e eficácia ao treinamento e
capacitação de funcionários recém contratados pela empresa. Ademais, o número de
participantes com tempo de serviço acima de 5 anos contabilizou 31%, seguido pelos
colaboradores que manifestaram ter entre 3 a 5 anos de empresa, o que totalizou 26%
de representação.

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Na pesquisa, mais da metade dos colaboradores consideram a Viação


Progresso e Turismo S/A um bom lugar para se trabalhar, representando 79% do total
de participantes. Entretanto, a organização também deve atentar-se aos 6% dos
participantes que se encontram insatisfeitos com seu ambiente de trabalho. Essa
parcela de colaboradores, mesmo que pequena, pode contribuir para um
descompasso futuro do nível de desempenho organizacional.
Referente à percepção dos colaboradores quanto à importância de seu
trabalho, 72% dos participantes concordam que o serviço que operam possui
significado para a organização, seguido dos 18% que afirmam quase sempre se
sentirem reconhecidos nesse aspecto.
Quanto à autonomia para o desempenho das funções, 24% dos entrevistados
encontram-se satisfeitos neste quesito, enquanto 37% alegam quase sempre usufruir
desse recurso. É correto afirmar, porém, que a organização limita o uso da autonomia
no meio de trabalho, tendo em vista que 32% dos participantes alegam raramente
serem autônomos no exercício de suas funções, além dos 6% que afirmam nunca ter
experimentado de tal método.
Nessa medida, é importante que a empresa reveja seus preceitos quanto à
concessão de maior independência aos colaboradores na realização de suas tarefas,
devendo explorar de forma mais abrangente o uso desse recurso gerencial. Para isso,
faz-se necessário que os líderes conheçam profundamente as habilidades e
limitações de cada membro de suas equipes, onde terão a capacidade para delegar
responsabilidades de acordo com as competências individuais dos funcionários.
Segundo a pesquisa, 58% dos colaboradores sentem-se confortáveis para
expressarem suas opiniões a respeito do trabalho, enquanto 32% quase sempre têm
a oportunidade de compartilhar suas considerações. Em contrapartida, 10% dos
participantes, não se consideram à vontade para expressarem suas opiniões
livremente. Esse fato pode estar conectado ao relacionamento entre
colaborador/liderança, mais especificamente. Para a vitalidade de um clima
organizacional mais ameno, aonde o funcionário sente-se seguro o suficiente ao expor
suas concepções sem temer represálias, o gestor deve investir em um relacionamento
transparente com seus subordinados, prevalecendo, acima de tudo, o respeito e a
livre comunicação.

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Referente à relação de cooperação entre o corpo de funcionários, 81% dos


participantes afirmam colaborar uns com os outros de forma integrada. Este resultado
aponta que possuir uma relação integrada com seus colegas de trabalho é
fundamental para que haja um bom clima organizacional.No entanto, essa conduta
tende a divergir quando envolvem-se membros de departamentos diferentes, uma vez
que apenas 35% dos participantes confirmam haver plena comunicação entre os
setores.
Com referência à liderança, 82% dos participantes consideram seus
respectivos superiores imediatos bons líderes,enquanto 67% e 23% dos participantes
afirmam que seus superiores imediatos são, respectivamente, sempre e quase
sempre flexíveis à sugestões de mudanças. O bom relacionamento com a liderança
caracteriza-se como elemento indispensável à manutenção de um clima
organizacional favorável no ambiente trabalho, tendo em vista que, de acordo com
Lanzer (2017), o CO é altamente suscetível às influências do líder.
Esse resultado demonstra que na Viação Progresso e Turismo existe um
vínculo aprazível entre a liderança e grande parte dos profissionais liderados, o que
contribui para o desenvolvimento de um ambiente onde a confiança e o respeito mútuo
são prevalecentes.
A capacitação dos colaboradores é um elemento imprescindível para
melhores níveis de eficiência organizacional, quando o colaborador passa pelo
treinamento adequado para o exercício de suas tarefas, torna-se automaticamente
mais produtivo e seu trabalho mais fluído, em detrimento da probabilidade reduzida
de erros.
Conforme a pesquisa, a Viação Progresso e Turismo tem apresentado um
bom desempenho nesse quesito, uma vez que 86% dos participantes concordam que
obtiveram treinamento adequado para o desenvolvimento de suas atividades. Este
resultado condiz com a afirmação de Bispo (2006) de que o maior aproveitamento nos
treinamentos corrobora para a manutenção de um clima organizacional favorável.
A respeito da remuneração, 64% dos participantes assumem receber um
salário justo para as tarefas que lhes foram designadas, enquanto 26% discordam
desse fato, alegando raramente serem recompensados de maneira adequada.
Apontado por Luz (1995) como um forte indicador avaliativo de clima organizacional,
o resultado apurado implica que a Viação Progresso e Turismo necessita reavaliar

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seu processo remuneratório, podendo utilizar de índices de avaliação de desempenho


para distribuição de recompensas e incluir a participação dos colaboradores nos
resultados organizacionais.
Desenvolver pessoas é uma ferramenta organizacional imprescindível para a
atração e retenção de talentos. O aperfeiçoamento das habilidades dos funcionários
deve ser visualizado como um processo estratégico à potencialização dos resultados
empresariais e da geração de valor. Na pesquisa, 78% dos colaboradores concordam
que a Viação Progresso e Turismo oferece oportunidades de desenvolvimento de
carreira, enquanto 17% afirmam quase sempre usufruir dessas oportunidades. Esses
números denotam que a empresa vem operando um bom desenvolvimento
profissional de seus colaboradores, o que lhe proporciona vantagem competitiva de
mercado e funcionários mais engajados e motivados.
A Viação Progresso e Turismo, deste modo, vem exercendo um bom trabalho
no que diz respeito ao treinamento e desenvolvimento de colaboradores, visto que a
maioria dos participantes da pesquisa encontram-se plenamente satisfeitos nestes
quesitos. Todavia, a organização deve dedicar maior apreço à remuneração
adequada aos seus funcionários, uma vez que este fator, conforme Luz (1995) e Bispo
(2006), é um forte influenciador do clima organizacional no ambiente de trabalho.
Constata-se que 67% dos participantes encontram-se plenamente satisfeitos
com a estrutura física do ambiente de trabalho fornecido pela empresa, enquanto 26%
quase sempre concordam com esse quesito. Esse resultado configura-se como um
bom percentual ao clima organizacional da Viação Progresso e Turismo, visto que a
satisfação com a infraestrutura afeta diretamente neste fenômeno.
Em contrapartida, 7% dos participantes opõem-se às opiniões acima,
afirmando raramente sentirem-se satisfeitos com as ferramentas dispostas para o
exercício das rotinas. Esse número, apesar de pequeno, deve ser considerado pela
empresa em uma futura reavaliação e manutenção dos instrumentos físicos dispostos
para o desempenho das funções.
De maneira geral, a infraestrutura do ambiente de trabalho na Viação
progresso e Turismo pode ser considerada como favorável ao exercício das funções.
No entanto, seja por conta de conversas paralelas ou pela intensa movimentação dos
ônibus na garagem da empresa, os colaboradores tendem a sentir dificuldades para

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a concentração em suas tarefas. Esse fato deve ser averiguado pela organização,
uma vez que afeta diretamente na produtividade e foco dos trabalhadores.

5. Considerações Finais

Objetivando expressar a importância que o entendimento e análise do


construto de clima organizacional têm para as organizações contemporâneas, o
presente estudo propôs-se a retratar, de maneira sucinta, o ciclo evolucional desse
fenômeno em conjunto ao avanço da área de gestão de pessoas. De certo,
estabelece-se que esta atmosfera organizacional, atrelada à cultura já existente na
empresa, influi diretamente na produtividade e satisfação dos colaboradores e,
consequentemente, nos resultados da organização.
De modo complementar, a pesquisa de campo, realizada na empresa Viação
Progresso e Turismo S/A, permitiu a obtenção de um vislumbre prático para a
reafirmação do embasamento teórico apurado. A partir da análise do ambiente
organizacional, tendo como suporte às respostas obtidas pelo questionário aplicado,
constata-se que os colaboradores, em sua maioria, tendem a dispor de percepções
mais favoráveis ao clima organizacional da empresa. Este resultado pode ser
percebido mais precisamente nas categorias de integração empresa/funcionários e
treinamento e desenvolvimento de colaboradores, onde as médias de avaliação
elevaram-se de forma positiva.
Contudo, a constatação de um clima favorável não denota que os funcionários
desfrutem de completa satisfação para com todos os âmbitos da organização. Em
meio à pesquisa contemplam-se também alguns aspectos passíveis de melhoria,
como as recorrentes falhas na comunicação entre os setores da empresa e certa
carência quanto à concessão de autonomia para os colaboradores no exercício de
suas funções.
Compreende-se, desta forma, que a Viação Progresso e Turismo necessita
dedicar maior apreço em incentivar e demonstrar à seus colaboradores os benefícios
que uma comunicação eficaz proporciona aos resultados organizacionais como um
todo, além de conceder maior independência aos funcionários no que tange ao
exercício de suas funções.

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Tratando-se de uma empresa familiar, cujos preceitos são repassados de


geração em geração e costumam ter forte influência nas decisões como um todo, a
organização tende a estabelecer um padrão rígido e imutável de funcionamento e, por
conseguinte, pode não adequar-se à novos estilos mais eficazes de gestão e
tratamento de colaboradores. Neste ponto, sugere-se à Viação Progresso e Turismo
a adesão de ferramentas estratégicas que viabilizem o fornecimento de feedback, por
parte dos trabalhadores, no que diz respeito ao estímulo de compartilhamento de
opiniões e ideias que agreguem valor à empresa e proporcione maior engajamento
motivacional e satisfação no ambiente de trabalho.
Somado a isto, o descontentamento apresentado na pesquisa com a
infraestrutura de trabalho fornecida também deve ser reavaliada pela Viação
Progresso e Turismo. O ambiente físico é um dos grandes delimitadores de satisfação
com o trabalho, sendo um elemento requerido de maior vigilância essencialmente por
seu fator ergonômico, uma vez que grande parte das doenças acarretadas pelo
trabalho deriva de condições inadequadas da infraestrutura física fornecida pela
organização.
Salienta-se, nesta medida, que o estudo apresentado contribuiu para um
entendimento mais aprofundado das manifestações positivas e/ou negativas que o
clima organizacional proporciona ao ambiente de trabalho, uma vez que analisou-se
seus principais fatores de influência em um caso real.
Os resultados apurados pela pesquisa, em conjunto com o embasamento
teórico coletado, aspiram atuar como um molde para líderes e gestores de recursos
humanos espelharem em seus respectivos ambientes de trabalho. Os fatores de
influência ao CO, detectados na pesquisa deste estudo, bem como as recomendações
de melhoria para os pontos mais instáveis na Viação Progresso e Turismo, servem
como um modo de orientação aos gestores para possíveis falhas que, eventualmente,
podem exorbitar em suas organizações atuantes.
O questionário de pesquisa aplicado viabiliza-se para o uso em instituições de
qualquer natureza, servindo como um instrumento prático e de apoio à avaliação do
clima organizacional. Contudo, denota-se que o mesmo possui um embasamento
restrito aos fatores de influência internos à organização - o que limita o conhecimento
de elementos externos também operantes no nível de satisfação dos colaboradores
quanto à atmosfera de trabalho.

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Deste modo, para um aperfeiçoamento abrangente desta pesquisa,


recomenda-se o estudo e exploração dos fatores externos como um viés de influência
ao clima organizacional, visto que esta abordagem proporcionaria uma compreensão
mais detalhada do fenômeno.
Torna-se necessário mencionar também outros fatores limitantes da pesquisa,
como a quantidade de questionários aplicados aos voluntários, configurando-se como
um número relativamente mediano ao total de colaboradores ativamente operantes
na empresa. Outro fator a ser destacado é a importância da relação existente entre os
colaboradores participantes e suas percepções a respeito de determinado aspecto
dentro da empresa, uma vez que as respostas podem tornar-se enviesadas pelas
variáveis capturadas na caracterização do indivíduo, como seu tempo de casa,
gênero, idade e setor alocado – relação esta não desenvolvida profundamente durante
a pesquisa.
Em síntese, o trabalho estabelecido foi estruturado e desenvolvido de modo a
estimular novos estudos referentes ao fenômeno de clima organizacional que, mesmo
ganhando destaque nas últimas décadas, ainda tem muito a ser explorado no âmbito
das organizações.

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