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24 ORE PER IL SIGNORE Sussidio POR

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24 HORAS PARA O SENHOR

25-26 de março de 2022


Por meio de Cristo temos o perdão (cf. Col 1,13-14)
Subsídio pastoral

Introdução geral à iniciativa


Parte I. Confissão
Reflexão sobre o Sacramento da Reconciliação hoje (S.E.R. D. Rino Fisichella)
Testemunho de conversão Leonardo Mondadori
Como preparar-se para a confissão?
Reflexão obre o exame de consciência, Papa Francisco, 4 de setembro de 2018,
Santa Marta
Como confessar-se?
Celebração individual do Sacramento
Que fazer depois da confissão?
Serva de Deus, Irmã Thea Bowman
Parte II. Vigília
Introdução à celebração
Celebração penitencial
Esquema de Adoração Eucarística
Lectio Divina 2 Cor 5, 17-21 (II Leitura do Domingo IV da Quaresma)
Rev.do P. Omar Lopez García
Notas introdutórias

Este subsídio pretende apresentar algumas sugestões que ajudem as paróquias e comunidades cristãs
a preparar-se para viver a iniciativa 24 horas para o Senhor. Trata-se, obviamente, de propostas
que podem ser adaptadas de acordo com as exigências e os costumes locais.

Na noite de sexta-feira, 25 de março, e durante todo o dia de sábado, 26 de março, seria


significativo prever uma abertura extraordinária da igreja, com a possibilidade de acesso às
Confissões, de preferência em contexto de Adoração Eucarística animada. Este acontecimento
poderia ter início ao anoitecer de sexta-feira, com uma Liturgia da Palavra para preparar os fiéis
para a Confissão, e terminar com a celebração da Santa Missa dominical, no sábado à tarde.

Na primeira parte deste subsídio, apresentamos alguns pensamentos que ajudam a refletir sobre o
porquê do Sacramento da Reconciliação. Estes textos preparam para viver de forma consciente o
encontro com o sacerdote no momento da confissão individual. São também uma provocação para
superar as eventuais resistências, muitas vezes colocadas à celebração da confissão. Apresentamos
um testemunho que ilustra um caminho pessoal de conversão: é uma ajuda para refletir sobre a
mudança de vida de cada um e sobre a consciência da presença de Deus na sua vida. Apresenta-se
também a vida de uma pessoa, capaz de inspirar as nossas existências para realizar as obras de
misericórdia e para continuar o crescimento pessoal depois de ter recebido a absolvição dos
pecados.

A segunda parte pode ser utilizada durante o tempo de abertura da igreja, de modo que quem vier
confessar-se possa ser ajudado na oração e na meditação através de um percurso com base na
Palavra de Deus.

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PARTE I. CONFISSÃO.

Como é poderosa essa simples palavra de confissão; são três sílabas apenas: Peccavi (Pequei); mas
nestas três sílabas subiu ao céu a chama do sacrifício do coração. Se alguém fizer verdadeiramente
penitência, será libertado do vínculo que o amarrava, separando-o do corpo de Cristo.

Santo Agostinho, Sermão 393.

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Reflexão sobre o Sacramento da Reconciliação hoje
 Rino Fisichella

O convite de Paulo a esforçar-se por viver intensamente a oportunidade do perdão, oferecida


por Cristo, insere-se num contexto mais amplo com o qual o Apóstolo pretende levar a comunidade
de Colossos a sentir-se participante do grande mistério de Jesus. Sabemos que um dos objetivos
centrais da carta é realçar o mistério de Cristo que ultrapassa todo o conhecimento. Ele é a própria
imagem do Pai, o primogénito e o fim último da criação, bem como o início da nova vida realizada
com a sua ressurreição. N’Ele reside toda a plenitude, para que “por Ele fossem reconciliadas consigo
todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo Sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos
céus” (Col 1,20). O objetivo da contínua exortação que domina toda a carta é que os seus destinatários
se tornem firmes na fé inicial. Tudo o que os cristãos receberam deve ser conservado, não como
conhecimento teórico, mas sobretudo como comportamento pessoal coerente e prática comunitária
capaz de exprimir a credibilidade da sua fé.
O cristão que, hoje, pega na Carta aos Colossenses fica bastante impressionado com a
insistência do Apóstolo no mistério de Cristo. De certa forma, parece que, nesta breve carta, Paulo
quer deixar uma verdadeira síntese da sua cristologia. É fácil descobrir a presença dos temas caros ao
Apóstolo, como a universalidade do mistério de Cristo, a forma como entende a Igreja, os princípios
da moral, a redenção e a escatologia… tudo centrado em Cristo. O Filho de Deus encerra em Si uma
unicidade tal que faz d’Ele o início, o fim e a síntese de toda a ação do Pai. O tema do perdão também
entra nesta visão e ganha particular relevo, porque é retomado várias vezes no corpo da própria carta,
com acenos decisivos para a revelação, enquanto grande capítulo da reconciliação.
A oração de ação de graças com que começa a carta mostra de forma evidente como deve ser
a ação dos cristãos. De maneira quase plástica, o Apóstolo descreve-a como “caminhar de maneira
digna” (v.10), se quisermos ser fiéis ao texto original, ao passo que a tradução litúrgica portuguesa
prefere traduzir como “viver de maneira digna” (a versão italiana traduz com “comportar-se de
maneira digna”). Este “caminho” do crente deve levar a marca de quatro condições: “dar frutos de
toda a espécie de boas obras”, “crescer no conhecimento de Deus”, ser “perseverantes” e “dar graças,
cheios de alegria, a Deus Pai”. O programa proposto por Paulo é muito significativo; mesmo assim,
o Apóstolo não tem qualquer receio de o apresentar aos primeiros crentes, para que estes aprendam a
ser coerentes e credíveis no seu testemunho de fé. Desde logo, fica evidente o apelo à alegria. Não se
pode esquecer que, quando o Apóstolo escreve esta carta, está na prisão, provavelmente em Roma;
apesar disso, está convencido de que a força do cristão consiste precisamente em exprimir a sua
alegria. A verdade sobre a vida de cada um e a bondade com que devemos dar testemunho encontram
a sua razão de ser na alegria da gratidão a Deus. É paradoxal e ainda assim decisivo: a vida de cada
discípulo do Senhor não se destina apenas a dar fruto, sobretudo com o conhecimento progressivo e
crescente de Deus, mas de modo particular com a presença nos momentos de dificuldade que se
transformam sempre na alegria da ação de graças a Deus pela salvação oferecida por Cristo.
As palavras do Apóstolo não são estranhas à vida quotidiana. A fé não é uma teoria, mas o
fruto de um encontro pessoal com o Senhor, que marca e determina toda a vida, porque traz sentido
àquilo que vamos vivendo. Deveríamos pensar com realismo também nestes pedidos de Paulo. Como
é sabido, os Colossenses, por volta dos anos 60-62, sofreram um forte terramoto que destruiu
completamente a cidade. Paulo escreve a sua carta provavelmente por volta do ano 60. É verdade
que, na carta, não se faz qualquer menção do terramoto e não podemos fixar com precisão as datas,
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mas será assim tão improvável que aqueles cristãos se lembrassem do escrito de Paulo que convidava
à alegria e à ação de graças em todo o tempo, justamente no momento em que estavam a viver o
drama da destruição?
Tudo isto leva à referência forte e impetuosa à libertação do “poder das trevas” e ao “perdão
dos pecados”. A experiência da reconciliação deveria ajudar a viver estes dois momentos com uma
intensidade existencial que permitisse perceber a imensidade do dom que se recebe. O cristão é um
“filho da luz”, porque Jesus deu a sua vida para destruir, com a sua morte na cruz, o “poder de
Satanás” e, assim, libertar os homens do domínio do pecado e da morte. O sinal mais tangível desta
libertação, que se torna evidente na história de cada pessoa, é o ato de amor com o qual Deus
reconcilia cada pecador consigo, oferecendo-lhe o perdão. Esta é – afirma o Apóstolo – a herança que
recebemos porque partilhamos da sua própria vida que nos santifica: “Outrora, éreis estranhos a Deus
e na vossa mente seus inimigos pelas vossas más ações. Mas agora Deus reconciliou-vos consigo pela
morte de Cristo no seu corpo de carne, para vos apresentar diante d’Ele santos, puros e
irrepreensíveis” (1,21-22).
O perdão traz consigo uma série de questões que pertencem à vida quotidiana e que encontram
a sua síntese na questão hoje provavelmente mais imediata: porque devo perdoar? Muitas vezes
encontramo-nos na condição de pretender o perdão para nós, mas de mostrar dureza de coração
quando somos chamados a dá-lo. “Per-dão” transporta na própria semântica a realidade. É um dom
que é oferecido e que não pode ser uma pretensão. É um “dom-para”, algo que é dado e se torna
contagiante, para ser depois também oferecido. Não podemos fechar-nos no egoísmo do rancor e da
vingança e, assim, esvaziar a morte do inocente na cruz, onde Ele oferece o seu perdão a todos. Não
é fácil perdoar, sem antes se fazer a experiência de ser perdoado. Hoje em dia, parece que quem
perdoa é um herói, uma vez que passou a ser tão inusual realizar uma ação deste género. As pessoas
preferem optar pela ira que antecipa a morte em vez de oferecer o perdão que alonga a vida. A fonte
da libertação confunde-se com a queda na escravidão. Situação dramática a que se vive nestas décadas
em que parece que o perdão se tornou um estranho na vida familiar e na sociedade.
Quem deve ser o primeiro diante do perdão? O lesado que concede o perdão ou quem fez o
mal e pede perdão? Estas perguntas remetem para a humanidade que está dentro de nós e que ainda
precisa de ser libertada para passar das trevas para a luz. O Filho de Deus não esperou que o pecador
pedisse perdão; ofereceu-o por Si mesmo como sinal conclusivo do seu amor. O perdão não se separa
do amor, mas é uma das suas caraterísticas. Onde não há perdão, nem sequer se pode afirmar que haja
verdadeiro amor. E onde há amor verdadeiro, também deve haver disponibilidade para perdoar. Não
é algo automático; é uma ação que precisa da força que vem do alto. É possível que, por vezes, se
precise de tempo e, por isso, o apelo que, na carta, o Apóstolo faz à paciência pode servir de ajuda e
de amparo. No entanto, a espera paciente de receber e dar o perdão, por sua vez, precisa de ser
acompanhada pela perseverança quanto ao dever de permanecer fiéis ao ensinamento do Senhor que
nos pede para perdoar não “sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mt 18,22). Por outro lado, o amor é
puro dom que é oferecido e só quando se ama com o amor assim é que estamos disponíveis para amar
antes dos outros para despertar o amor na outra pessoa. É assim também no caso do perdão. Trata-se
de um ato de coragem que deve voltar à força do amor que vence todas as resistências. Perdoar não é
coisa dos medrosos; pelo contrário, é típico dos fortes que conhecem o verdadeiro valor da vida e o
poder do amor que gera serenidade e paz profunda. Além do mais, não é por acaso que, no próprio
conceito de perdão, está a exigência de esquecer o mal recebido para dar início a uma nova relação
interpessoal. Perdoo e esqueço: um binómio difícil, mas necessário.

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Na Carta do Apóstolo Paulo aos Colossenses, é possível verificar mais uma conotação do
perdão: o seu alcance universal. A redenção realizada por Cristo não se limita ao perdão em relação
ao homem, mas estende-se a um ato de salvação que engloba também toda a criação. De facto, Ele
deverá recebê-la de novo, para a entregar, no fim dos tempos, nas mãos do Pai e, assim, reconciliar
de maneira definitiva tudo e todos. Também esta conotação não deixa de ter o seu fascínio. Muitas
vezes, pensa-se que o perdão se destina apenas às pessoas. Não é assim. Há comportamentos que
agem contra a criação e que exigem uma mudança típica de quem pede perdão. Isto comporta a
exigência de mudar de vida. Com efeito, não há verdadeiro perdão se este não trouxer consigo a
exigência da mudança dos comportamentos pessoais de cada um. Na medida em que recuperarmos o
sentido de pertença à criação e não do domínio sobre ela, crescerá em nós também a consciência do
respeito e da responsabilidade. Nesta fase da história, talvez o perdão precise de se conjugar
precisamente com o respeito, que indica a advertência de alguém e de algo próximo de mim, e com a
responsabilidade que chama a uma resposta verdadeira e coerente assumida em primeira pessoa.

Testemunho da conversão
A conversão é um momento particular na vida de cada pessoa. Há quem se converta gradualmente,
em pequenos passos, descobrindo em cada dia, em cada semana algo de novo da sua fé, da sua
fraqueza, dos seus talentos. Pouco a pouco, com o passar do tempo, essa pessoa reconhece as decisões
erradas que tomou, corrige-se com pequenos passos, aprofunda a sua fé e cresce espiritualmente.
Por outro lado, há quem experimente a conversão fulminante, uma experiência radical que provoca
uma drástica mudança de vida. À instantânea revelação de Deus, que abre os olhos da fé para o mundo
espiritual, une-se sempre a descoberta da própria miséria e, ao mesmo tempo, do amor incondicional
de Deus que perdoa tudo ao pecador arrependido.
Esperamos que o testemunho de conversão pessoal, aqui contada, facilite a reflexão sobre o estado
de fé de cada um e sobre a presença de Deus na sua vida.
***
No final do mês de setembro de 1946, numa família da burguesia milanesa, nasce um menino:
Leonardo. Infelizmente vão crescendo as incompreensões entre os seus pais e, quando a criança tinha
apenas dois anos, Laura Mondadori e Giorgio Forneron divorciam-se. Leonardo fica com a mãe, ao
passo que o pai nunca mais procurará qualquer contacto com o filho. Entretanto, Laura volta com o
filho para a casa dos pais, na Praça Duse, em Milão. Em 1951, Leonardo é legalmente reconhecido
pelo seu avô, o famoso Arnaldo Mondadori, que passa ao netinho o seu apelido e o insere na sua
importante atividade editorial.
O rapaz cresce, de facto, num ambiente culturalmente elevado. Graças aos muitos conhecimentos do
avô Arnaldo, a casa de família é frequentada por pessoas como Thomas Mann ou Giuseppe Ungaretti.
Filho da sua época, para este jovem Mondadori a religião é, sobretudo, um conceito abstrato da vida
já superado, ao qual não se deve dar demasiado peso. Constantemente rodeado pelos mais conhecidos
representantes da literatura e da filosofia, é precisamente aos estudos humanistas que Leonardo se
dedica. Começa pelo famoso liceu clássico Giovanni Berchet, em Milão, para poder, depois,
inscrever-se em filosofia na Universidade estatal em Milão. Entre 1954 e 1964, o professor de religião
deste liceu é o Padre Luigi Giussani que, nestes anos, funda a primeira comunidade da Juventude

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Estudantesca que, mais tarde, viria a dar vida ao movimento da “Comunhão e Libertação”. No
entanto, a presença deste grupo de colegas de liceu à procura do sentido religioso profundo passa ao
lado de Leonardo.
Aos dezoito anos, durante umas férias em Cortina d’Ampezzo, este jovem estudante conhece Paola
Zanussi. Os dois apaixonam-se e quatro anos mais tarde, em 1968, casam-se. Em 1970, Leonardo
licencia-se em filosofia. Nasce a sua filha Martina, mas Paola e Leonardo já não vivem juntos. Ao
fim de sete anos, o seu matrimónio fracassa e os dois divorciam-se.
Num breve espaço de tempo, Leonardo conhece outra rapariga, Katherine Price, que toma como a
esposa e nascem dois filhos: Francesco e Filippo. Infelizmente, também o segundo casamento viria a
terminar com um divórcio no início dos anos 90. É precisamente neste momento da sua vida que Deus
o toca com a sua graça.
“Lembro-me de um pequeno almoço no Café Savini com Pippo Corigliano, o responsável das
relações públicas do Opus Dei. Estávamos em 1992 e, nesse período, eu não tinha o mínimo interesse
pela religião, muito menos pela Igreja. Mas sentia que tinha uma vida – como poderei dizer? – cheia
de erros. Já tinha passado por dois divórcios, tinha três filhos de duas mulheres. Corigliano
impressionou-me muito. Decidi encontrar-me com ele mais algumas vezes. Comecei a pedir-lhe
alguns conselhos. Foi muito discreto. Disse-me: se estiveres aberto a isso, posso marcar-te um
encontro com um sacerdote”.
São precisamente os colóquios sinceros que mantém com o Padre Umberto De Martino que, pouco a
pouco, vão abrindo o coração de Leonardo.
“Um padre excecional. Teve grande respeito por mim. Comecei a confiar nele, a seguir as suas
sugestões. E, devagarinho, lá fui seguindo o que me dizia. Fui-me dando conta de que estava a
encontrar as respostas que procurava. Deixei-me entusiasmar imenso, queria mudar a minha vida toda
logo de uma vez. E ele, o sacerdote, com grande realismo, travava o meu entusiasmo: não tenhas
pressa – dizia-me ele. Deus não te pede o impossível. Segue em frente, mas com calma. Nunca mais
deixei aquele sacerdote, que continua a ser o meu diretor espiritual”.
Foi assim que o Doutor Mondadori descobriu não só a direção espiritual, mas também os Sacramentos
da Confissão e da Comunhão.
“Seria mais justo dizer a ‘descoberta’ da confissão. Sim! Foi uma imensa alegria. Lembrei-me de
coisas que tinha esquecido. E, por fim, senti-me em paz com Deus. Feliz. Como me senti feliz na
minha verdadeira ‘primeira comunhão’, em Nova Iorque, na véspera de Natal, em 1993.”
Todos conseguem perceber a conversão da alma de Leonardo. “Vivo uma vida cristã vibrante e é esta
visão de fé que, apesar de tudo, torna a minha existência radiosa”.
Um dia, num encontro com a sua primeira mulher, ela fez-lhe esta pergunta: “Que te aconteceu?
Fizeste uma plástica facial?”. Ao que ele respondeu: “Não, fiz uma plástica à alma”.
Leonardo Mondadori não ficou com esta experiência de fé apenas para si mesmo, mas procurou
sabiamente transmitir a graça recebida.
“Entre as coisas que faço com mais agrado, ou mesmo das coisas que mais gosto, está dar um pouco
de testemunho em certos salões ou em certos ambientes profissionais que parecem contrastar com as
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minhas perspetivas atuais. Há um laicismo desinformado – estou sempre a dar de caras com ele – que
pinta o cristianismo de maneira caricatural”.
Até os seus familiares sentem o seu testemunho de fé.
“Falamos muito entre nós, nada cai do céu... Quando tinha a idade deles, não havia ninguém na família
que fosse capaz de me propor os instrumentos para fazer uma vida verdadeiramente humana, aquela
que eu viria a descobrir mais tarde, depois de ter ido parar a tantos becos sem saída.”
Em 1998, uns anos depois da sua conversão, foi-lhe diagnosticado um tumor na tiroide e, mais tarde,
outro no pâncreas e no fígado. O da tiroide foi removido com sucesso, ao passo que o do pâncreas se
viria a revelar cada vez mais invasivo e resistente aos tratamentos. Quando lhe perguntavam se tinha
medo de morrer, Leonardo respondia:
“Tenho medo da morte ‘física’, ou seja, causa-me medo pensar no momento em que vou morrer. Mas
digo de mim para mim: porque é que Jesus Se deixou crucificar? Ou o cristianismo é um engano ou
então a nossa salvação está na crucifixão de Jesus”. E acrescentava: “Eu já tive a prova de que Jesus
está presente. E se Ele está presente agora, também estará depois da nossa morte. Como será este
‘depois’, isso já não sei. Mas estou seguro que, para quem estiver em paz com Deus, vai ser muito
bonito”.
No dia 13 de dezembro de 2002, Leonardo Mondadori partiu ao encontro de Jesus, a quem entregou
a sua vida.

Como preparar-se para a confissão? Reflexão sobre o exame de consciência

Papa Francisco, 4 de setembro de 2018, Santa Marta

Fazer todas as noites o “exame de consciência” como uma oração, para perceber se quem nos moveu,
durante o dia, foi “o Espírito de Deus ou o espírito do mundo”, é um exercício decisivo no nosso
“combate espiritual” que nos leva “a compreender o coração” e “o sentido de Cristo”. Foi a sugestão
proposta pelo Papa Francisco na missa que celebrou na terça-feira, 4 de setembro de 2018, em Santa
Marta, lembrando que “o coração do homem é como campo de batalha” em que se confrontam
continuamente “o Espírito de Deus, que nos leva às boas obras, à caridade, à fraternidade”, e “o
espírito do mundo que”, pelo contrário, “nos leva à vaidade, ao orgulho, à autossuficiência, ao
falatório”.

“Na primeira leitura – indicou logo, referindo-se ao trecho da Primeira Carta aos Coríntios (2,10-16)
– o Apóstolo Paulo ensina aos Coríntios o caminho para ter o pensamento de Cristo, o sentimento de
Cristo, para ter aquela atitude que era a de Cristo”. E “o caminho é o de deixar que seja o Espírito
Santo que recebemos a atuar em nós”. Com efeito, São Paulo escreve que “todos vós, todos nós
recebemos o Espírito de Deus”.

“É o Espírito Santo que te faz avançar na vida – explicou Francisco – e que te conduz àquele objetivo
de conhecer Jesus, de ter os mesmos sentimentos de Jesus”. Na realidade, afirmou, “nós podemos
estudar muito, estudar a Bíblia, estudar história, estudar teologia, mas não é esse o caminho para
chegar aos sentimentos de Jesus: é uma ajuda, uma grande ajuda, mas o verdadeiro caminho é deixar
que seja o Espírito Santo a fazer-nos avançar, o Espírito Santo”. E “é precisamente o Espírito Santo
– acrescentou o Pontífice – que nos faz avançar até ao coração de Jesus, que nos leva a compreender
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quem é Jesus, como é que Jesus age, o que Jesus deseja, qual a vontade de Jesus. A compreender o
coração de Jesus”.

A questão é: “como podemos caminhar?”. São Paulo afirma que “o homem abandonado às suas forças
não compreende as coisas do Espírito”. Portanto, explicou Francisco, “precisamos do Espírito Santo
para este caminho, este caminho cristão”. Ainda na Carta aos Coríntios, o Apóstolo explica também
que “nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus”.

Com efeito, insistiu o Papa, “há dois espíritos, duas modalidades de pensar, de sentir, de agir: a que
me conduz ao Espírito de Deus e a que me conduz ao espírito do mundo”. E “isto acontece na nossa
vida: todos nós temos estes dois “espíritos”, digamos assim”. Há “o Espírito de Deus, que nos leva
às boas obras, à caridade, à fraternidade, a adorar Deus, a conhecer Jesus, a fazer muitas boas obras
de caridade, a rezar”. Mas há também “o outro espírito do mundo, que nos leva à vaidade, ao orgulho,
à autossuficiência, ao falatório: todo um outro caminho”.

“Um santo dizia que o nosso coração é como um ‘campo de batalha, um campo de guerra, onde estes
dois espíritos lutam’ e chamava a esta luta um ‘combate espiritual’”, lembrou o Pontífice. “Na vida
cristã é preciso combater para deixar espaço ao Espírito de Deus e expulsá-lo – tal como Jesus
expulsou este demónio – o espírito do mundo”, explicou, referindo-se ao passo evangélico de Lucas
(4, 31-37) que propõe a liturgia neste dia.

A este propósito, Francisco sugeriu “uma bela oração que nós podemos fazer todos os dias antes de
ir para a cama: olhar um pouco para o nosso dia” e perguntar-nos: “Qual foi o espírito que eu segui
hoje? O Espírito de Deus ou o espírito do mundo?”. E o Papa fez notar que “a isto chama-se fazer o
exame de consciência: escutar no coração o que aconteceu nesta guerra interior e verificar de que
forma me defendi do espírito do mundo que me conduz à vaidade, às baixezas, aos vícios, à soberba,
a tudo isto”. Ou seja, “como me defendi das tentações concretas?”. É preciso “identificar as
tentações”. E “isto faz-se como oração, antes de ir para a cama, hoje: quais os sentimentos que tive?
Identificar qual foi o espírito que me levou àquele sentimento, que me inspirou aquele sentimento:
foi o espírito do mundo ou o Espírito de Deus?”.

Fazendo o exame de consciência com esta oração da noite, afirmou o Pontífice, “muitas vezes, se
formos honestos, vamos ver que ‘hoje fui invejoso, tive concupiscência, fiz isto ou aquilo’”. E “isto
é o espírito do mundo”. Mas, insistiu Francisco, é oportuno “identificar” estes sentimentos, “porque
isto é verdade: todos nós temos esta luta, mas se não compreendermos como é que funcionam estes
dois espíritos, como é que trabalham, não conseguimos seguir em frente com o Espírito de Deus que
nos leva a conhecer o pensamento de Cristo, o sentido de Cristo”.

Na realidade, fez notar o Papa, “é muito simples: temos este grande dom, que é o Espírito de Deus,
mas somos frágeis, somos pecadores e temos também a tentação do espírito do mundo. Neste combate
espiritual, nesta guerra do espírito, é preciso ser vencedores como Jesus, mas é necessário saber qual
o caminho a percorrer”. É justamente por isso que “é tão útil o exame de consciência, à noite, rever
o dia e dizer: ‘sim, hoje, fui tentado aqui, venci aqui, o Espírito Santo deu-me esta inspiração’”.
Enfim, trata-se de “conhecer o que se passa no coração”.

E o Pontífice alertou: “Se não fizermos isto, se não souber o que se passa no nosso coração – e não
sou eu que digo isto, é a Bíblia – somos como os ‘animais que não compreendem nada’, que andam
para a frente por instinto”. Mas “nós não somos animais, somos filhos de Deus, batizados com o dom
do Espírito Santo”. E “por isso – concluiu Francisco – é importante compreender o que aconteceu
hoje no meu coração. O Senhor nos ensine a fazer sempre, todos os dias, o exame de consciência”.

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Como confessar-se? Celebração individual do Sacramento
Quando te apresentas como penitente, o sacerdote acolhe-te com cordialidade, dirigindo-te algumas
palavras de encorajamento. Faz-te sentir a presença do Senhor misericordioso.
Juntamente com o sacerdote faz o sinal da cruz, dizendo:

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen

O sacerdote ajuda-te a ter confiança em Deus, com estas palavras ou outras semelhantes:

Aproxima-te do Senhor com grande confiança,


pois Ele não quer a morte do pecador,
mas que se converta e viva.

Então, o sacerdote lê ou recita de cor algum texto da Sagrada Escritura, que anuncia a misericórdia
de Deus e convida o homem à conversão.

Ez 11, 19-20
Escutemos o senhor, que nos diz:
«Dar-vos-ei um coração novo
e infundirei em vós um espírito novo.
Arrancarei do vosso peito o coração de pedra
e dar-vos-ei um coração de carne.
farei que vivais segundo os meus preceitos
que observeis e ponhais em prática as minhas leis.
Sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus».

Neste momento, podes confessar os teus pecados. Se for necessário, o sacerdote ajuda-te, fazendo-
te perguntas e dando-te conselhos adequados.
No fim, então, o sacerdote convida-te a manifestares o teu arrependimento; podes fazê-lo por estas
palavras ou outras semelhantes:
Pai, pequei contra Vós.
Já não mereço ser chamado vosso filho.
Tende compaixão de mim, que sou pecador. (Lc 15,18; 18,13)
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O sacerdote, com as mãos estendidas sobre a tua cabeça (ou estendendo, pelo menos, a mão direita),
diz:

Deus, Pai de misericórdia,


que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo
e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados,
te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz.
E eu te absolvo dos teus pecados
em nome do Pai e do Filho  e do Espírito Santo.

Respondes: Amen.
Depois da absolvição, o sacerdote diz: Dai graças ao senhor, porque Ele é bom.
Tu respondes: Porque é eterna a sua misericórdia.
Depois, o sacerdote despede-se dizendo: O Senhor perdoou os teus pecados. Vai em paz.

Oração do Penitente
Lavai-me, Senhor, da minha iniquidade
e purificai-me de todas as faltas.
Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas. (Sl 50, 4-5)

Ou então:

Senhor Jesus, Vós quisestes ser chamado o amigo dos pecadores. Pelo mistério da vossa morte
e ressurreição, livrai-me dos meus pecados. Reine em mim a vossa paz, para que eu produza
frutos de caridade, de justiça e de verdade.

Que fazer depois da confissão?


A vida daqueles que fielmente seguiram a Cristo é um novo motivo que nos entusiasma a buscar a
cidade futura (cf. Heb 13,14; 11,10) e, ao mesmo tempo, ensina-nos um caminho seguro, pelo qual,
por entre as efémeras realidades deste mundo e segundo o estado e condição próprios de cada um,
podemos chegar à união perfeita com Cristo, na qual consiste a santidade.
Lumen Gentium, 50

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Serva de Deus, Irmã Thea Bowman
Em Yazoo City, no estado norte-americano do Mississipi, a 29 de dezembro de 1937, nasce uma
rapariga: Bertha Bowman. A sua família pertence à comunidade dos Metodistas e professa
alegremente a sua fé. O pai, Theon Bowman, é médico e a mãe, Mary Esther Bowman, é professora.
Vivem todos em Canton, no Mississippi – um Estado marcado por uma longa batalha pelos direitos
civis, que acabará por marcar profundamente também a vida de Bertha. Somente duas gerações antes
do seu nascimento, o seu avô era um escravo afroamericano.
Desde menina que Bertha passa muito tempo com os idosos, aprendendo assim com a sua sabedoria.
É muito curiosa e pede que lhe falem das tradições e dos costumes do seu povo, aprende os cânticos
e a cultura afroamericana. Os adultos notam logo que a menina é muito inteligente e aprende com
facilidade. Inscrevem a pequena Bertha na Holy Child Jesus School, de Canton, onde conhece as
Irmãs Franciscanas da Adoração Perpétua. A bondade e o profissionalismo das religiosas
impressionam a jovem aluna. Sente-se muito atraída pelo exemplo de vida daquelas mulheres,
sobretudo pelo serviço que prestam às crianças pobres e às pessoas necessitadas. Apesar da sua idade
tão tenra – tem apenas 8 anos – Bertha pede autorização aos pais para se tornar católica. O seu pai e
a sua mãe, conhecendo a extraordinária maturidade de pensamento da filha, não se opõem. De modo
que, com a idade de 9 anos, Bertha entra na Igreja Católica.
Em 1952, com apenas 15 anos, diz aos seus amigos e aos pais que quer transferir-se para La Crosse,
no Estado do Wisconsin, para entrar, como noviça, na Ordem das Irmãs Franciscanas da Adoração
Perpétua. Também para esta decisão encontra compreensão e apoio dos seus familiares. Quando
chega ao convento, em 1953, é a única rapariga negra em toda a Ordem. As Irmãs notam
imediatamente a extraordinária inteligência de Bertha, o seu carisma, a vontade de ajudar as pessoas.
A facilidade com que fala e dialoga faz dela uma ótima oradora, de modo que as irmãs decidem,
desde o início, que Bertha deve estudar para ser professora.
Na profissão religiosa assume o nome de Mary Thea e é assim que passa a ser conhecida em toda a
sua vida. Em 1969 licencia-se e, em 1972, conclui o doutoramento. Ensina os estudantes de todas as
faixas etárias, primeiro em La Crosse e depois em Conton. Carismática e alegre, não se limita a
transmitir apenas os conceitos científicos, mas educa e evangeliza, tornando-se, assim, um forte ponto
de referência para as gerações de estudantes.

O Concílio Vaticano II, nos anos 60, marcou profundamente o seu caminho. A Irmã Mary Thea
Bowman dedica-se aos estudos da cultura afroamericana e da liturgia da Igreja. “Quando
compreendemos a nossa história e a nossa cultura, podemos desenvolver o rito, a música e a expressão
devocional que nos satisfazem na Igreja”. Começa a ensinar na Universidade Católica da América. A
sua visão da sociedade multicultural, no entanto, está bem longe das posições vigentes. Um dos
estudantes nota: “Sabia que não estávamos todos dentro de um melting pot (expressão americana para
dizer a mistura de raças e culturas existente nos Estados Unidos). Não estava muito interessada
naquela metáfora. Gostava muito mais de nos comparar a uma salada. Quando fazes parte da salada,
não perdes as tuas caraterísticas, continuas a ser um indivíduo. A sua preocupação era amar o
próximo. E foi isso que ela fez”.

Percorre os Estados Unidos da América, quebrando os preconceitos raciais com os seus discursos e
os seus compromissos. Cria o ambiente para facilitar a comunicação interpessoal que permita
12
compreender as diferenças entre diferentes culturas e etnias. Encoraja intercâmbios culturais entre
católicos brancos e não brancos, sobretudo no sul dos Estados Unidos, onde as Igrejas locais estão
particularmente feridas pelo segregacionismo.

Em 1978, com a aprovação dos superiores, regressa ao Mississippi para cuidar dos pais já bastante
idosos. A Irmã Thea goza já de uma boa fama enquanto estudiosa, mas sobretudo enquanto crente e
religiosa que sabe falar e pôr em prática o Evangelho mesmo em situações muito difíceis. Quando
soube da sua chegada, o Bispo de Jacksonville propôs-lhe o cargo de Consultora para os Assuntos
Interculturais na sua diocese. A Irmã Mary Thea aceita e esforça-se por promover de forma sábia a
unidade que vem do Evangelho e se realiza na Igreja caraterizada pela diversidade cultural e
multiétnica. Os seus colaboradores observam que “ela sabe transformar os espetadores em ativistas,
faz com que as pessoas tenham maior consciência dos seus talentos e potencialidades, sabe pôr as
diversas raças em contacto entre si. O seu ministério é o da alegria”.
Em 1984, falecem os seus pais, um logo a seguir ao outro, e é-lhe diagnosticado um cancro da mama.
Meia a brincar, diz aos seus alunos: “Vou viver enquanto não morrer”. De forma incansável e sempre
com o seu sorriso, continua a manter o alto ritmo das suas atividades, mesmo quando o cancro invade
os seus ossos e a obriga a ficar numa cadeira de rodas. Em 1987, a Irmã Mary Thea Bowman publica
uma coletânea de hinos e cânticos católicos: “Lead Me, Guide Me: The African American Catholic
Hymnal”. É a primeira obra deste tipo produzida pela comunidade afroamericana; ao mesmo tempo,
é resultado de anos de estudo, de trabalho e de escuta das comunidades afroamericanas: “Quando
compreendemos a nossa história e a nossa cultura, podemos desenvolver o rito, a música e a expressão
devocional que nos satisfazem na Igreja”.
O seu trabalho no âmbito cultural, ritual e da piedade popular afroamericana é apreciado pela
Conferência dos Episcopal dos Estados Unidos. Em junho de 1989, os Bispos convidam-na para a
assembleia anual da Conferência. Diante dos Bispos, a Irmã Thea Bowman apresenta a Igreja como
uma Casa: a Família das famílias. Um discurso bastante espontâneo que os próprios bispos
compreenderam como um coração que fala aos outros corações; mais tarde, viriam a descrevê-lo
assim mesmo. A Irmã Thea Bowman apresentou a espiritualidade afroamericana, o seu lugar na Igreja
e o contributo que pode dar. Lembrou aos bispos a necessidade não apenas de educação e de instrução,
mas sobretudo de evangelização dos jovens negros e a urgência de favorecer a sua inclusão nas
comunidades católicas. “O vosso trabalho é capacitar-me, capacitar o Povo de Deus, os negros, os
brancos, os castanhos, todo o povo, para fazer o trabalho da Igreja no mundo moderno”.
A Irmã Thea Bowman morreu no dia 30 de março de 1990. Em 2018, a Diocese de Jackson abriu a
sua causa de beatificação.

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PARTE II. VIGÍLIA

«Toda a vida interior precisa de silêncio e de intimidade com Cristo para crescer.»

São João Paulo II, Carta ao Bispo de Liège, por ocasião da Festa do Corpo de Deus, 1996

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Introdução à celebração

A Vigília que tem lugar durante a iniciativa “24 horas para o Senhor” tem um papel
fundamental, porque é algo característico deste evento; por isso, é desejável que seja celebrada com
o Santíssimo Sacramento exposto, enquanto um ou mais sacerdotes ficam à disposição para celebrar
o Sacramento da Reconciliação.
Esta Vigília inspira-se nas palavras da Carta aos Colossenses: “N’Ele temos o perdão dos
pecados” (cf. 1,13-14), sublinhando a fonte do perdão que está em Jesus Cristo. O Apóstolo Paulo
exorta os Colossenses a agradecer com alegria ao Pai, que os tornou capazes de participar no destino
dos santos. O Apóstolo sublinha, assim, a ação de Deus para salvar o homem e torná-lo participante
da vida eterna. Tudo isto é possível por meio do Filho de Deus, enviado ao mundo para redimir o
homem perdido. O texto presta-se a diversas interpretações espirituais. Concentramo-nos em dois
aspetos: o primeiro evidencia a mediação do perdão através do Filho de Deus (n’Ele, ou seja, por
meio d’Ele). O homem não se salva sozinho, mas através do amor misericordioso de Deus que o
perdoa por meio do Filho morto e ressuscitado. O segundo aspeto mostra o perdão de Deus como
uma realidade que o homem possui: é um dom recebido de graça, porque foi pago com Sangue de
Jesus Cristo.
O evento “24 horas para o Senhor” está estritamente ligado com o tempo litúrgico da
Quaresma e, de modo particular, com o IV Domingo da Quaresma, habitualmente chamado Domingo
“Laetare”. A alegria celebrada durante este domingo brota da conversão pessoal, da reconciliação
com Deus e da graça recebida no Sacramento do Perdão. As leituras dominicais (Js 5,9.10-12; Sl 33;
2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32), entre outras coisas, mostram como o homem se torna uma nova
criatura através da graça recebida de Deus. O homem velho é transformado pela graça de Deus,
recebida mediante a morte e a ressurreição de Jesus Cristo que salva os homens do seu pecado.
A iniciativa foi colocada justamente nos dias anteriores ao IV Domingo de Quaresma, para
que todos os fiéis pudessem libertar a sua vida dos pecados, preparando-se, deste modo, para a Páscoa
já bem próxima.
No decorrer da iniciativa “24 horas para o Senhor” é oportuno sublinhar os conteúdos acima
indicados. No entanto, a forma de a realizar e a escolha dos temas e dos textos bíblicos ficam sempre
ao critério dos pastores e dos organizadores do evento que, nas várias partes do mundo, conhecem
melhor as necessidades dos fiéis confiados ao seu cuidado pastoral, sobretudo neste período da
pandemia.

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Tendo em conta a prática dos anos anteriores, deduz-se que a iniciativa se desenrola,
normalmente, de três maneiras:

1. Nas pequenas comunidades, como por exemplo nos hospitais ou nas paróquias/reitorias
com relativamente baixo número de fiéis.
Neste caso, muitas vezes, a iniciativa tem lugar unicamente na sexta-feira à noite. O evento
poderia começar com a Liturgia Penitencial; fazer a exposição do Santíssimo Sacramento,
propor a Adoração Eucarística silenciosa ou animada por um grupo de oração (conforme
as possibilidades e as necessidades da comunidade), convidar todas as pessoas para a
reconciliação sacramental com Deus.

2. Nas paróquias mais numerosas (sobretudo nas áreas urbanas), nas prefeituras (e/ou
vigararias/decanatos) ou onde se decidir organizar o evento em várias
paróquias/comunidades.
Seria oportuno iniciar na sexta-feira à noite com a Santa Missa ou com a Liturgia da
Palavra. Depois, expõe-se o Santíssimo Sacramento e começa a Adoração Eucarística
animada por diferentes grupos paroquiais ou por diferentes paróquias.
Os responsáveis estabelecem o programa de todos os tempos de Adoração bem como a
sua duração, assegurando os turnos para as confissões dos fiéis.

3. Nas igrejas catedrais, nas basílicas, nos santuários ou nas paróquias e lugares de culto mais
significativos para a Igreja local e cuidadosamente escolhidos pelo Ordinário ou pelas
pessoas responsáveis.
O evento deveria ser organizado de modo mais solene, sublinhando a universalidade da
Igreja que o celebra ao mesmo tempo em todo o mundo. A igreja deveria permanecer
aberta mesmo durante a noite, com a Adoração Eucarística animada por turnos por
diferentes grupos de oração e por diferentes comunidades. É desejável que o Ordinário e
os Bispos estejam presentes pelo menos no princípio e no fim do evento, colocando-se
também à disposição para a celebração do Sacramento da Reconciliação. Assegure-se a
presença constante de um ou mis sacerdotes disponíveis para escutar as confissões.

Se possível, um grupo de fiéis, para isso formado e preparado, poderia convidar as pessoas
que passam nas redondezas da igreja a entrar e a tomar parte no evento (sobretudo nas igrejas centrais
da cidade, nos centros históricos e turísticos, nos lugares de grande afluência de pessoas, etc.). Um

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simples convite, uma palavra de boas vindas e uma explicação sobre o evento constituem, muitas
vezes, uma ocasião para abrir um colóquio muito mais sério, tornando-se um verdadeiro momento de
evangelização. Por vezes, os fiéis leigos, sobretudo entre os que sistematicamente recebem formação
em várias comunidades e grupos de oração, podem desempenhar um ótimo serviço na preparação
para a confissão, dialogando com as pessoas que, já há algum tempo, não frequentavam a igreja,
podendo sentir-se desconfortáveis na presença direta e imediata do sacerdote.
Para adaptar a proposta de Vigília às exigências particulares de uma comunidade específica
(paróquia, capela de hospital, convento, reitoria, santuário, etc.) podem escolher-se alguns cânticos.
Para aprofundar os temas recorrentes nos textos bíblicos propostos, sugere-se que se prepare uma
meditação ou que se escolha alguns testemunhos, conforme as exigências e as possibilidades da
própria comunidade.

“24 horas para o Senhor” no tempo da pandemia.

No momento em que este subsídio está em fase de preparação, a pandemia provocada pelo
vírus SARS-COV-2 está ainda presente em diversas partes do mundo. Estamos perfeitamente
conscientes de que as limitações sanitárias impostas pelas autoridades têm fortes implicações na
realização de toda a iniciativa, como também da própria celebração individual do Sacramento do
Perdão. Assim sendo, nesta secção, pretendemos apresentar algumas ideias sobre a realização da
Vigília e das respetivas Confissões.

1. Em caso de proibição absoluta de celebrações litúrgicas


Onde, devido à pandemia, não for possível celebrar os Sacramentos, é necessário espalhar
a mensagem evangélica da misericórdia do Senhor entre os fiéis. Esta iniciativa poderia ser
justamente uma ocasião propícia para confortar a comunidade cristã.
O papel dos capelães nos hospitais, nas clínicas, nos lares de idosos e doentes e em muitas
outras estruturas de saúde pública e privada, é de uma importância crucial para levar o
perdão e a paz às pessoas mais expostas ao risco da pandemia.
É preciso lembrar aos fiéis que a Igreja nos oferece uma maneira especial para receber a
absolvição dos pecados, caso não seja possível celebrar o Sacramento da Reconciliação.
Foi o próprio Papa quem no-lo explicou: «Sei que, na Páscoa, muitos de vós irão confessar-
se para se encontrarem com Deus. Mas hoje muitos me diriam: “Padre, onde posso
encontrar um sacerdote, um confessor, dado que não podemos sair de casa? E quero fazer
as pazes com o Senhor, quero que Ele me abrace, que o meu Pai me abrace... Como o posso

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fazer, se não encontro um sacerdote?”. Faz o que o diz Catecismo. É muito claro: se não
encontrares um sacerdote para te confessares, fala com Deus, Ele é o teu Pai, e diz-lhe a
verdade: “Senhor, fiz isto, isso, aquilo... Perdoai-me”; pede perdão a Ele de todo o coração,
com o Ato de Contrição, e promete-Lhe: “Confessar-me-ei depois, mas perdoai-me agora”.
E voltarás imediatamente à graça de Deus» (Papa Francisco, Homilia em Santa Marta, 20
de março de 2020).
Com efeito, lemos no número 1452 do Catecismo da Igreja Católica: «Quando procedente
do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, a contrição é dita “perfeita” (contrição de
caridade). Uma tal contrição perdoa as faltas veniais: obtém igualmente o perdão dos
pecados mortais, se incluir o propósito firme de recorrer, logo que possível, à confissão
sacramental.»
Em algumas regiões, apesar da proibição das celebrações públicas, o sacerdote poderia
atravessar, sozinho, o território da sua paróquia, abençoando à distância as pessoas nas suas
casas. Esta bênção, dada com o Santíssimo Sacramento ou com as relíquias dos santos
padroeiros, poderá ter lugar, depois de obter o consentimento do bispo local e das
autoridades civis competentes.
Onde for possível, seria bom recorrer aos meios de comunicação social modernos para
transmitir a Vigília, preparando assim os fiéis para a contrição perfeita, em vista da
confissão sacramental, quando cessarem as exigências sanitárias.
A pandemia nunca poderá transformar-se em desculpa para fechar a igreja.

2. Em caso de proibição parcial das celebrações litúrgicas


Na maior parte do mundo a pandemia permite que os fiéis se reúnam e celebrem os
Sacramentos, embora com restrições quanto ao número de participantes e com limites de
tempo.
Uma vez mais em conformidade com as decisões tomadas pelo Bispo local e com as
normas sanitárias em vigor, seria bom convidar os fiéis a vir à igreja em diferentes faixas
horárias. Para facilitar a divisão das pessoas, mantendo o devido distanciamento na igreja,
pode-se convidar vários grupos de fiéis, divididos por território (um bairro, uma aldeia, um
lugar, etc.) ou por idade. Na totalidade, a iniciativa poderá durar mais que um dia, para
permitir que as pessoas façam a experiência de um momento tranquilo de adoração e que
possam aceder ao sacerdote disponível para escutar a confissão.
Seria necessário preparar também um lugar para poder escutar as confissões, que cumpra
as normas sanitárias. No passado, os sacerdotes recorreram a diversas soluções neste

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âmbito, das quais passamos a mencionar duas: a primeira é preparar um lugar (uma sala, a
sacristia, etc.), onde, em intimidade, mas ao mesmo tempo mantendo a distância indicada
pelas autoridades sanitárias competentes, um sacerdote possa escutar a confissão de cada
penitente. A segunda solução é usar o confessionário, selando-o com película de plástico,
com acrílico, ou com outros materiais semelhantes adequados a esta finalidade.

Celebração penitencial
Enquanto o presbítero e os ministros se dirigem para o presbitério, a assembleia canta um hino ou
outro cântico apropriado.

SAUDAÇÃO E MONIÇÃO
C: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R: Amen.

C: A misericórdia e a paz estejam convosco.


R: Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.

C: No início da sua Carta aos Colossenses, São Paulo agradece a Deus por nos ter dado o seu próprio
Filho, no qual “encontramos a redenção, o perdão dos pecados”. Irmãos e irmãs, também nós, esta
noite, queremos dar graças a Deus pela sua misericórdia para connosco. Ele não nos condena; pelo
contrário, em Cristo, seu Filho, abre-nos a porta do perdão e convida-nos a atravessá-la. Depende
apenas de nós, se quisermos dirigir-nos a Ele e implorar a sua misericórdia para as nossas
transgressões. Na nossa oração desta noite, queremos apresentar ao Senhor também aqueles nossos
irmãos e irmãs que não têm coragem de vir pedir perdão, ou não sentem necessidade disso e se
afastaram da fé e do próprio Deus. Que também eles possam encontrar o perdão e a paz.

Todos oram em silêncio durante alguns momentos. Depois o celebrante prossegue:


C: Oremos.
Estende as mãos e diz:
Deus, nosso Pai, que nos libertastes do pecado
e nos destes a dignidade de filhos adotivos,
olhai com benevolência para a vossa família,
para que todos os crentes em Cristo
recebam a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
Todos respondem:

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Amen.

LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura Col 1,9-14
Leitura da Epístola do Apóstolo São Paulo aos Colossenses

Irmãos: Desde o dia em que ouvimos falar da vossa caridade segundo o Espírito, não cessamos de
orar por vós e de pedir que chegueis ao pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria
e inteligência espiritual. Assim vivereis de maneira digna do Senhor, agradando-Lhe em tudo,
realizando toda a espécie de boas obras e progredindo no conhecimento de Deus. Sereis fortalecidos
com o seu poder glorioso, para que se confirme a vossa constância e longanimidade a toda a prova e,
cheios de alegria, deis graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na
luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado,
no qual temos a redenção, o perdão dos pecados.

L: Palavra do Senhor.
R: Graças a Deus.

Salmo Responsorial Sl 97 (98)


Refrão: O Senhor revelou a sua salvação.

O Senhor deu a conhecer a salvação,


revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver


a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.

Cantai ao Senhor ao som da cítara,


ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei.

Aclamação antes do Evangelho Mt 4,23

Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo Senhor!


Jesus pregava o Evangelho do reino
e curava todas as enfermidades entre o povo.
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Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo Senhor!

Evangelho
C: O Senhor esteja convosco.
R: Ele está no meio de nós.

C: Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (7,31-37)


R: Glória a Vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da
Galileia, atravessando o território da Decápole.
Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre
ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe
a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Efatá», que quer dizer «Abre-te».
Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar
corretamente.
Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto
mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz
que os surdos oiçam e que os mudos falem».

C: Palavra da salvação.
R: Glória a Vós, Senhor.

Segue-se a homilia.

CONFISSÃO GERAL DOS PECADOS


Depois de uns momentos de reflexão, o celebrante diz:
C: Irmãos, esta noite, o Senhor Jesus chama-nos à conversão. Reconheçamos que somos pecadores e
invoquemos confiadamente a misericórdia de Deus.

Todos juntos dizem:


Confesso a Deus todo-poderoso
e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes,
por pensamentos e palavras, atos e omissões,
por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa.
E peço à Virgem Maria, aos anjos e santos, e a vós, irmãos,
que rogueis por mim a Deus, nosso Senhor.

C: Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida
eterna.
21
R. Amen.

ORAÇÃO DO SENHOR
Todos se levantam

C: Iluminados pela Palavra do Senhor que nos convida a purificar o nosso coração e a endireitar os
nossos passos, dirijamos-Lhe a nossa oração unânime:
R: Pai nosso, que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino;
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido;
e não nos deixeis cair em tentação;
mas livrai-nos do mal.

SAUDAÇÃO DA PAZ
Caso as normas sanitárias o permitam, o Celebrante diz:
C: Caríssimos irmãos e irmãs, certos do perdão oferecido a cada um de nós por meio de Jesus Cristo,
troquemos entre nós um gesto de paz.
E todos se saúdam em sinal de mútua paz e caridade.

EXPOSIÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO


Prossegue-se com a exposição do Santíssimo Sacramento, conforme os costumes locais, e com a
Adoração Eucarística animada que durará até ao fim da iniciativa “24 horas para o Senhor”.

Segue-se o tempo para as confissões com absolvição individual.

No final da Vigília dá-se a bênção solene com o Santíssimo Sacramento. Em alguns lugares,
sobretudo nos casos em que a iniciativa “24 horas para o Senhor” tiver sido realizada de modo solene,
concluindo no sábado à tarde, seria bom celebrar a Santa Missa do IV Domingo de Quaresma ou
então as Vésperas I do mesmo Domingo.

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Esquema de Adoração Eucarística

Este texto é uma proposta que deveria ser, depois, concretizada e inculturada, conforme as tradições
locais.
Na realização da Vigília, cumprindo sempre as disposições do Bispo local, é necessário aplicar todas
as normas epidemiológico-sanitárias em vigor.
Tendo em conta a duração da Vigília, o número de participantes, as possibilidades de organização e
outros fatores, a animação da Adoração Eucarística poderia ser feita por turnos, com uma alteração
temática de hora a hora.
Durante a celebração da Vigília não deverão faltar momentos de oração silenciosa diante do
Santíssimo Sacramento.

ESCALA DE UM TURNO
Depois da exposição do Santíssimo Sacramento, a que se segue um momento de silêncio, o coro
propõe um cântico. Segue-se a leitura do texto bíblico:

Escutai, irmãos e irmãs, as palavras do Senhor no Evangelho segundo São Mateus

Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe:


«Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?». Jesus respondeu:
«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei que quis ajustar contas com os seus servos.
Logo de começo, apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar,
o senhor mandou que fosse vendido, com a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, para assim pagar
a dívida. Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo: ‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te
pagarei’. Cheio de compaixão, o senhor daquele servo deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o,
começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo: ‘Paga o que me deves’. Então o companheiro caiu a seus
pés e suplicou-lhe, dizendo: ‘Concede-me um prazo e pagar-te-ei’. Ele, porém, não consentiu e
mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto devia.
Testemunhas desta cena, os seus companheiros ficaram muito tristes e foram contar ao senhor tudo o
que havia sucedido. Então, o senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me
devias, porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive
compaixão de ti?’. E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe
devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo
o coração».

Fica-se em silêncio.
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TESTEMUNHO/MEDITAÇÃO
De seguida, propõe-se um testemunho de conversão. Este testemunho poderia ser proferido por uma
pessoa que deseje partilhar como é que o Senhor tocou o seu coração com a graça do perdão. Em
alternativa, também se pode ler o testemunho de conversão de Leonardo Mondadori que se encontra
neste subsídio. Caso não fosse possível propor o testemunho, pode-se optar por propor um texto
meditativo, como por exemplo:

Discurso 83, Santo Agostinho

O Senhor contou esta parábola para nos instruir e, com esta advertência, quis que nós nos
salvássemos. Assim – diz Ele – procederá convosco o vosso Pai que está no céu, se cada um de vós
não perdoar de coração ao seu irmão. Irmãos, fica claro que esta admoestação é útil e que é preciso
obedecer-lhe, com grande vantagem para a salvação, colocando em prática o que nos é mandado.
Uma vez que cada homem não está em dívida apenas com Deus, mas também está em dívida com o
seu irmão. Efetivamente haverá alguém que não esteja em dívida com Deus, a não ser Aquele em
Quem não se pode encontrar pecado algum? Além disso, haverá alguém que não tenha o seu irmão
em dívida consigo mesmo, a não ser aquele contra quem não cometeu culpa alguma? Será possível
encontrar, entre o género humano, alguém que não seja culpado de alguma má ação para com o seu
irmão?
Então todo o homem está em dívida, mas, por sua vez, há também alguém que está em dívida
com ele. É por isso que Deus justo te estabeleceu uma norma em relação a quem te deve, da mesma
forma que ele se comportará com quem lhe deve a ele. Uma vez que há duas obras de misericórdia
que nos libertam e que são enunciadas brevemente pelo próprio Senhor no Evangelho: “Perdoai [as
dívidas] aos outros e também a vós serão perdoadas”; “Dai e dar-se-vos-á”. “Perdoai [as dívidas] e
também a vós serão perdoadas” refere-se ao perdão. “Dai e dar-se-vos-á” refere-se às obras de
beneficência. Quanto ao preceito de perdoar, também tu queres que te sejam perdoadas as culpas que
cometes e tens alguém a quem podes perdoar. Por outro lado, em relação às obras de beneficência, se
há um mendigo que te pede esmola, afinal também tu és um mendigo de Deus. Com efeito, quando
rezamos, todos somos mendigos de Deus; estamos diante da porta de casa do grande pai de família,
ou melhor, prostramo-nos com a cabeça por terra, gememos em súplicas, desejosos de receber algo;
e este algo é o próprio Deus! Que te pede um mendigo? Pão. E tu que pedes a Deus senão Cristo que
diz: Eu sou o pão vivo descido do céu? Quereis ser perdoados? Perdoai. Perdoai e sereis perdoados.
Quereis receber? Dai e ser-vos-á dado.

Depois do testemunho/meditação, canta-se um cântico e permanece-se em oração silenciosa.


De seguida, pode-se prosseguir com uma oração de intercessão, recitada por toda a assembleia.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA

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De vós, Maria, fonte da vida,
se aproxima a minha alma sedenta.
A vós, tesouro de misericórdia,
acorre confiadamente a minha miséria.
Como sois próxima do Senhor!
Como viveis na sua intimidade!
Ele habita em vós e vós n’Ele.
Na vossa luz, posso contemplar
a luz de Jesus, sol de justiça.
Santa Mãe de Deus, eu confio
no vosso afeto cheio de ternura e de pureza.
Sede para mim mediadora da graça,
junto de Jesus, nosso Salvador.
Ele amou-vos mais que a todas as criaturas,
e revestiu-vos de glória e de beleza.
Vinde em meu auxílio, porque sou pobre,
e fazei-me beber da vossa ânfora
transbordante de graça.

(São Bernardo de Claraval)

Prossegue-se com um cântico e fica-se em oração silenciosa até ao fim do turno de oração.

De acordo com a duração de toda a vigília, pode-se repetir esta escala, mudando os textos bíblicos e
os cânticos, e alternando os testemunhos, meditações e orações.

Tendo em conta o tempo litúrgico da Quaresma, seria desejável incluir também a Via Sacra. Poderia
propor-se a oração do Santo Rosário e/ou do Terço da Divina Misericórdia.

Alguns textos bíblicos para incluir nos outros turnos da vigília: Lc 24,13-34 (dois discípulos a
caminho de Emaús); Salmo 51 (salmo de arrependimento); Mt 5,43-48 (o amor aos inimigos).

Em alternativa, tanto para um aprofundamento individual como para a celebração comunitária, propõe-se a
seguinte Lectio divina:

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Lectio Divina sobre 2Cor 5,17-21 (Segunda Leitura do IV Domingo de Quaresma)
Padre Omar Lopez García

1. Lectio (Que diz o texto?)


Numa Catequese dedicada a Orígenes de Alexandria, o Papa Bento XVI convidava-nos a
seguir o método proposto por este eminente Padre da Igreja na sua “Carta a Gregório” para nos
aproximarmos da Sagrada Escritura e para a compreendermos: «Dedica-te à lectio das divinas
Escrituras; aplica-te a isto com perseverança. Compromete-te na lectio com intenção de acreditar e
de agradar a Deus. Se durante a lectio te encontrares diante de uma porta fechada, bate e abrir-te-á
aquele guardião, do qual Jesus disse: “O guardião abri-la-á”. Aplicando-te assim à lectio divina,
procura com lealdade e confiança inabalável em Deus o sentido das Escrituras divinas, que nelas se
encontra com grande amplitude (Carta a Gregório, 4)» (Audiência Geral, Praça de São Pedro, 2 de
maio de 2007).

Statio: Preparação para a escuta


Deus fala sempre aos homens, mas, para O escutarmos, precisamos de abrir não só os ouvidos,
mas sobretudo o coração. Peçamos ao Espírito Santo que disponha todo o nosso ser para acolher a
Palavra divina:
Luz esplendente, Tu que iluminas as trevas do meu coração de maneira
incompreensível, vem ao mais íntimo do meu ser e faz-me renascer com o fogo do
teu amor.
Eu me abandono completamente a Ti, que do nada tudo criaste; guia-me com total
liberdade e envolve-me no fogo do teu amor.
Fonte de vida, Tu que jorras do coração do Filho, no fim da minha existência,
desperta-me do sono da morte para experimentar eternamente o fogo do teu amor.
Advogado celeste, Tu que conheces a minha verdade mais profunda, concede-me a
sabedoria do alto para reconhecer os meus pecados e purificar-me deles com o fogo
do teu amor.
Ó Mestre suavíssimo, Tu que formas a vontade, ensina-me a ser dócil às inspirações
divinas para que, meditando a Palavra Divina, se acenda em mim o fogo do amor.
Amen.
Proclamatio: 2Cor 5,17-21
«Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram;
tudo foi renovado. Tudo isto vem de Deus, que por Cristo nos reconciliou consigo e
nos confiou o ministério da reconciliação. Na verdade, é Deus que em Cristo
reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-
nos a palavra da reconciliação. Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus
quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo:

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reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, Deus identificou-
O com o pecado por causa de nós, para que em Cristo nos tornemos justiça de Deus».
Leitura orante
É aconselhável reler o texto lentamente, prestando atenção a alguns pormenores para se
aproximar do sentido primeiro da Escritura: o “sentido literal” de modo a «conhecer realmente o que
está escrito» (Bento XVI, Audiência Geral, Praça de São Pedro, 25 de abril de 2007).
Este texto faz parte dos escritos paulinos redigidos entre 54 e 57 d.C., provavelmente na
Macedónia, dirigidos à Igreja em Corinto, que nesse tempo enfrentava a ameaça da “divisão”,
provocando grande sofrimento ao Apóstolo, o qual escreveu aos membros desta comunidade, pelo
menos em duas ocasiões, «para conhecerdes o grande amor que vos tenho» (2Cor 2,4), convidando-
os a manter a “comunhão”. Como? Através da “reconciliação”.
Agora, neste texto, com diferentes coloridos, sublinha algumas temáticas: primeiro, aquilo
que pode ser considerado uma consequência “da pertença a Cristo”; em seguida, o que se refere à
“reconciliação com Deus por meio de Cristo”; depois, o que se refere ao compromisso dos cristãos a
favor da “reconciliação”; e, por fim, o “mandamento” do Apóstolo à comunidade.
Em seguida, para chegar a uma melhor compreensão do conceito de “reconciliação”, analisar
alguns textos semelhantes entre as Cartas de São Paulo (por exemplo, Rm 5,1-11; Ef 2,13-18; Col
1,18-23), prestando atenção ao “tipo de reconciliação” a que se alude nessas passagens: quem são as
pessoas envolvidas nela? quem toma a iniciativa? quais as suas consequências?
2. Meditatio (Que me diz o texto?)
Agora, somos convidados a aproximar-nos do segundo sentido da Escritura, o “sentido moral”
com o objetivo de descobrir «o que devemos fazer vivendo a palavra» (Bento XVI, Audiência Geral,
Praça de São Pedro, 25 de abril de 2007).
Este texto assenta no querigma, aquele anúncio que é preciso escutar várias vezes, porque
enche de alegria o coração humano e confere à existência um sentido novo: Deus amou-nos em Cristo
sem o merecermos e, em consequência disso, somos chamados a corresponder a esse amor que sempre
nos precede e sustenta (cf. Francisco, Mensagem para a Quaresma 2020, 7 de outubro de 2019, n.
2).
No entanto, nem sempre correspondemos a este amor. Prova disso são as inúmeras ações que,
infelizmente, geram divisões e conflitos tanto dentro da sociedade como da Igreja. Elas são
consequência de um abuso no exercício da liberdade ou de uma excessiva procura dos próprios
interesses em detrimento do bem comum (cf. Gn 3,1-13; 4,3-10; Ex 32,1-10; 2Rs 11,2-17; Dn 5,1-
30).
Apesar da nossa falta de fidelidade e de amor a Deus e de uma desmesurada confiança nas
capacidades e recursos de que dispomos, Ele não cessa de Se mostrar misericordioso e disposto a
perdoar porque «Ele sabe de que somos formados e não Se esquece que somos pó da terra» (Sl
103,14), sabe que somos frágeis. Basta pensar na maneira como procedeu com Caim, David, Salomão
ou mesmo com o povo de Israel, a quem absolveu dos seus pecados, levado apenas pela
magnanimidade do seu amor, porque «não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou
segundo as nossas culpas» (Sl 103,10).

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Jesus exprime esta verdade de forma extraordinária na parábola do Pai misericordioso (Lc
15,1-3.11-32). Aí revela-nos que Deus é aquele “Pai” que espera o regresso do “filho mais novo” e
que, quando isso aconteceu, cheio de compaixão, «correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de
beijos» (Lc 15, 20). Não há repreensões, mas compreensão, porque «como um pai se compadece de
seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13). Apesar da atitude do pai,
o “filho mais velho” assume o papel de juiz e atira à cara do pai o seu comportamento diante das
culpas do “irmão mais novo”.
Como afirma São Paulo em 2Cor 5,17, Cristo, a Quem pertencemos pelo batismo,
transformou-nos, pela ação do Espírito Santo, em «novas criaturas», ou seja, em “seus irmãos” e
“filhos de Deus” seu Pai. Isto deu origem a uma “nova relação” dos crentes com Deus (com cada uma
das Pessoas da Trindade) e entre nós mesmos. E, bem diferente das repreensões do “filho mais velho”
da parábola, Jesus intervém de forma favorável: «morreu por todos» (2Cor 5,15) para reconciliar toda
a humanidade com Deus – seu e nosso Pai – «não levando em conta as faltas dos homens» (2Cor
5,19).
Esta ação tem uma dupla consequência. Por um lado, foi confiado à Igreja o «ministério da
reconciliação» (2Cor 5,18), que esta exerce através dos presbíteros, que receberam «o dom do
Espírito Santo para o perdão dos pecados» e são chamados a «acolher os fiéis como o pai na parábola
do filho pródigo», sem fazer «perguntas impertinentes», sendo «sempre e por todo o lado, em cada
situação e apesar de tudo, o sinal do primado da misericórdia» (Misericordiae Vultus, 17). Por outro
lado, a comunidade cristã tem a missão de proclamar «a palavra da reconciliação» (2Cor 5,19) porque
«o perdão das ofensas torna-se a expressão mais evidente do amor misericordioso e, para nós cristãos,
é um imperativo de que não podemos prescindir. Muitas vezes, como parece difícil perdoar! E, no
entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do
coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias
para se viver feliz» (Misericordiae Vultus, 9).
Por isso, deixemo-nos interpelar pelo Apóstolo nesta Quaresma e «em nome de Cristo,
deixemo-nos reconciliar com Deus» (cf. 2Cor 5,20).
3. Oratio et contemplatio (Que é que o texto me sugere para dizer ao Senhor?)
Neste momento deixemos que seja o Espírito Santo a conduzir-nos ao terceiro sentido da
Escritura: o “sentido espiritual”, que «nos faz compreender o conteúdo cristológico» da Palavra
divina, bem como «o sentido dos mistérios, do qual se alimentam as almas dos santos na vida presente
e na futura» (Bento XVI, Audiência Geral, Praça de São Pedro, 25 de abril de 2007).
É assim que o Apóstolo contempla a ação de Deus: «A Cristo, que não conhecera o pecado,
Deus identificou-O com o pecado por causa de nós, para que em Cristo nos tornemos justiça de Deus»
(2 Cor 5, 21). É um modo de proceder, ao mesmo tempo, desconcertante e dramático. Deus não segue
a lógica humana, mas «em Jesus Cristo, o próprio Deus vai atrás da humanidade sofredora e
transviada. Quando Jesus fala, nas suas parábolas, do pastor que vai atrás da ovelha perdida, da mulher
que procura a dracma, do pai que sai ao encontro do filho pródigo e o abraça, não se trata apenas de
palavras, mas constituem a explicação do seu próprio ser e agir. Na sua morte de cruz, cumpre-se
aquele virar-se de Deus contra Si próprio, com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-
lo – o amor na sua forma mais radical» (Bento XVI, Deus caritas est, 12).
Como correspondemos a este amor? Reconhecendo a nossa fragilidade mas, sobretudo, o
amor misericordioso de Deus, que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho, que morreu na cruz para

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nos obter o perdão dos pecados. Da profundeza do nosso coração, dirijamos a Deus com as palavras
do Salmo 51:
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade, pela vossa grande
misericórdia, apagai os meus pecados. Lavai-me de toda a iniquidade e purificai-me
de todas as faltas. Porque eu reconheço os meus pecados e tenho sempre diante de
mim as minhas culpas. Pequei contra Vós, só contra Vós, e fiz o mal diante dos
vossos olhos. Assim é justa a vossa sentença e reto o vosso julgamento. Porque eu
nasci na culpa e minha mãe concebeu-me em pecado.
Amais a sinceridade de coração e fazeis-me conhecer a sabedoria no íntimo da alma.
Aspergi-me com o hissope e ficarei puro, lavai-me e ficarei mais branco do que a
neve. Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria e estremeçam meus ossos que
triturastes. Desviai o vosso rosto das minhas faltas e purificai-me de todos os meus
pecados.
Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito
firme. Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso
espírito de santidade. Dai-me de novo a alegria da vossa salvação e sustentai-me com
espírito generoso. Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos e os transviados hão
de voltar para Vós.
Ó Deus, meu Salvador, livrai-me do sangue derramado, e a minha língua proclamará
a vossa justiça. Abri, Senhor, os meus lábios, e a minha boca anunciará o vosso
louvor. Não é do sacrifício que Vos agradais, e, se eu oferecer um holocausto, não o
aceitareis. Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido; não desprezareis,
Senhor, um espírito humilhado e contrito.
Em silêncio deixemos que as expressões do salmista continuem a ressoar dentro de nós de
modo que os nossos lábios exultem, louvando sem fim a Deus nosso Salvador.
4. Deliberatio et actio (Em que me compromete o texto?)
A iniciativa “24 horas para o Senhor” é um tempo de graça que a Igreja nos oferece para
fazer de novo a experiência do amor misericordioso de Deus através do Sacramento da
Reconciliação, de modo particular quando estamos conscientes de ter rompido a comunhão com Deus
e com os nossos irmãos devido ao pecado.
Fazendo eco da exortação do Apóstolo: «Nós vos pedimos em nome de Cristo: deixai-vos
reconciliar com Deus» (2Cor 5,20), aproveita a ocasião para te confessares. Segue o conselho do
Papa Francisco: «Olha os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar uma e outra vez. E
quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia, que te
liberta da culpa. Contempla o seu sangue derramado com tanto carinho e deixa-te purificar por ele.
Assim poderás renascer, uma e outra vez» (Christus vivit, 123).

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