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Como As Democracias Morrem

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CENTRO UNIVERSITÁRIO BRASILEIRO - UNIBRA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO.

Beattriz Rocha, Deyvid Gabriell, Kevin Dominicio, Kauane


Araújo, Larry Felix, Lorena Susy, Maria Victória, Mikayane
Ribeiro, Tawan Carlos, Thiago Lucas.

RESUMO DO LIVRO:
COMO AS DEMOCRACIAS MORREM

RECIFE/2023
1BM
COMO AS DEMOCRACIAS MORREM

Projeto apresentado ao Centro Universitário Brasileiro -


UNIBRA, como requisito para obtenção da nota do
seminário de ciências políticas do curso de direito.
Discente: Rafael Andrew.

RECIFE/2023
INTRODUÇÃO
A democracia norte- americana está em perigo? Esta é uma pergunta
que nunca pensamos em fazer. Assim como a América latina nos anos
de1970seráqueestamos caminhando para a morte de nossa democracia? A
tentativa de nos tranquilizar só nos causa uma cegueira seletiva para o que
está acontecendo em nossa nação apesar de termos a nossa gloriosa
constituição, nosso credo nacional de liberdade e igualdade, nossa classe
média, saúde e educação em ótimos níveis e nosso setor privado bem
estruturado, tudo isso deveria nos proteger contra o tipo de colapso
democrático que aconteceu em outros paises. Mas, apesar disso todos nós
cidadãos nos encontramos amedrontados, pois diversos políticos dizem não
aceitar os resultados das eleições, tratam-se de maneira não saudável como
inimigos dentre outras coisas que nos faz pensar se nossa democracia já não
está em risco.
Em 2016 com a eleição de Donald Trump um homem o qual não tinha
experiência alguma com cargos públicos e com aparente descompromisso para
com a constituição, dono de claras ideias autoritárias, foi eleito. O que nos faz
pensar se o declínio de nossa democracia já não é uma ideia tão remota assim.
Ao analisarmos quedas democráticas pelo mundo observamos inúmeras
maneiras de serem realizadas maneiras essas que muitas vezes nos enganam,
elegemos pessoas com determinadas promessas, mas ao longo de seus
mandatos elas vão se revelando, mas já é tarde os cabrestos já foram postos
na maioria da população. No Chile a democracia caiu de forma violenta com
conflitos, mas isso se tornou um tanto ‘’ultrapassado’’ assim como golpes de
estados realizados em países como Brasil, Argentina, Turquia dentre outros e
também os golpes militares. Em todos esses casos, a democracia se desfez,
através do poder e da coerção. Porém, àquela maneira mais sutil, por assim
dizer, de tomar o poder e desfazer a democracia em um país políticos eleitos
pelo povo que se passam por apoiadores do regime em
questão, mas, na verdade, não são. Podemos usar como exemplo Hugo
Chávez um populista que se lançou para candidatura com várias propostas
para uma revolução democrática no país conseguindo assim o apoio popular,
porém houve uma tentativa de golpe militar, mas foi falho e Chávez voltou ao
poder a partir de 2006 o governo dele se fez mais repressivo que foi quando
ele começou a fechar emissoras de TV, prendendo e exilando políticos com
justificativas bastante duvidosas anos se passaram e Chávez já no leito de sua
morte foi reeleito por votos populares, mas não foi uma eleição justa já que o
Chavismo comandava a Venezuela com foco na sua mídia. Chávez morre de
câncer em 2013 e seu sucessor Nicolás Maduro assume o poder.
 Maduro ganhou as eleições de maneira questionável e em seu governo foi
preso um dos principais líderes das oposições. Em 2017 a Venezuela foi
reconhecida como um país de regime autoritário. São essas as formas da
queda de uma democracia o que nos faz pensar em até que ponto a
democracia norte-americana é frágil para cair em uma dessas formas de
controle e como poderíamos evitar que chegasse a tal ponto ler manchetes e
plantões de notícia, tirar lições das experiências de outras democracias desta
forma obtendo o máximo de informações possíveis podemos aprender a ver
melhor nossas fraquezas e aprender a usá las ao nosso favor. Com base nas
experiências de outros países, aprendemos a evitar esse tipo de colapso no
nosso país. Temos que fazer com que se torne cada vez mais difícil a
candidatura de pessoas com ideias antidemocráticas, um dos primeiros passos
são os partidos políticos não endossar a candidatura de tais pessoas,
mantendo os mesmos fora de sua chapa.
Os Estados Unidos da América falharam quanto a deixar de fora de seus
partidos um candidato com ideias antidemocráticas em 2016 Donald Trump foi
eleito por votação popular o que nos traz aquele medo novamente de ‘’será que
a democracia norte-americana está em perigo?’’ apesar do país já ter
enfrentado inúmeras guerras… uma bactéria havia se instaurado mais próximo
ao coração trazendo uma ameaça de infecção mais evidente, porém não seria
de tão fácil penetração. Existem, sim, razões para o alarde da população, não
podem simplesmente fechar os olhos e achar que está tudo bem quando, na
verdade, existe uma ameaça iminente ali e isso equivale não somente para os
norte-americanos. Nós temos que ver como os cidadãos se ergueram perante
essas ameaças,não podem cometer os mesmos erros do passado, devem
aprender com eles e saber usá-los favorecendo-os. Devemos assim achar
essas rachaduras em nossa democracia e consertar antes que seja tarde
demais.
Capítulo 1- Como as democracias morrem
A primeira parte do capítulo trata-se basicamente da chegada de
Benito Mussolini a Roma, no ano de 1922, foi convidado pelo rei para o
cargo de ministro da Itália com o intuito de neutralizar toda a agitação
fascista, palavras do próprio rei Vítor Emanuel III (terceiro) “em
Mussolini há uma estrela política ascendente.”. Mostra
também a ascensão de Adolf Hitler em 1933 e toda a história antes dele
conquistar o poder que teve, cita a prisão de Hitler em 1923 onde ele
escreveu seu infame testamento “minha luta” e quando ele assumiu
publicamente seu compromisso de chegar ao poder, via eleições. Nos
parágrafos seguintes tratam-se das experiências italianas e alemãs e seus
tipos de alianças fatídicas que frequentemente elevam autoritários ao poder.
Compara também a democracia e o regime autoritário, ele cita que em
qualquer democracia, os políticos irão enfrentar diversos desafios graves,
como: insatisfação popular, crises econômicas e declínio dos partidos
políticos. Afirmam também que, após testes, os políticos outsider (pessoas
que não pertencem a um grupo determinado) são mais propensos a serem
autoritários e que para se elegerem chegam como um “bom moço”,
“salvador”, e usam um discurso de que estão com o povo e no final quando
já estão com o poder tendem a fazer o contrário do que pregava. Outra
definição de outsider é “demagogo” (que são os líderes que exploram a
emoção do povo) eles citam como demagogos Mussolini, Hitler e Chavéz.
Citam o comentário do ex presidente da Venezuela Rafael Caldera do erro
que foi, após Hitler se tornar chanceler: “Acabei de cometer a maior
estupidez da minha vida; aliei-me ao maior demagogo da história mundial.”,
Mas nem todas as democracias caíram nessa armadilha, como: A grã-
bretanha, Finlândia, Costa Rica e Bélgica, enfrentaram a ameaça de
demagogos, mas conseguiram mantê-los fora do poder. O livro explica como
isso aconteceu, essa resistência, e eles definem que essa sobrevivência
esteja enraizada na sensatez coletiva dos eleitores e que talvez os belgas e
costa-riquenhos fossem simplesmente mais democráticos que alemães e
italianos. O livro também ensina como identificar o autoritarismo em políticos
que não têm um histórico antidemocrático através do estudo de um cientista
político alemão chamado Juan Linz, que já passou por diversas situações de
perder a democracia, ele foi professor em Yale, no estado de Connecticut,
ele dedicou grande parte de sua carreira tentando entender como as
democracias morrem.
Sendo assim, baseado nos trabalhos de Juan Linz, foram desenvolvidos
um conjunto de quatro sinais de alerta que podem nos ajudar a reconhecer um
autoritário. 18 Nós devemos nos preocupar quando políticos: 1) rejeitam, em
palavras ou ações, as regras democráticas do jogo; 2) negam a legitimidade de
oponentes; 3) toleram e encorajam a violência; e 4) dão indicações de
disposição para restringir liberdades civis de oponentes, inclusive a mídia.

O livro enfatiza que, qualquer um político que se enquadre em qualquer


um desses 04 (quatro) critérios, nem que seja apenas 01 (um) já é motivo de
preocupação e como já foi citado antes, eles enfatizam novamente que
normalmente essas características estão mais presentes nos políticos outsiders
(nesse caso, os outsiders “populistas”) que afirmam representar a “voz do
povo”, mas no final caem em contradição. Quando populistas ganham eleições,
é frequente investirem contra as instituições democráticas. Citam alguns países
da América Latina, como um grande exemplo, todos os quinze presidentes
eleitos na Bolívia, no Equador, no Peru e na Venezuela entre 1990 e 2012
eram outsiders populistas: Alberto Fujimori, Hugo Chávez, Evo Morales, Lucio
Gutiérrez e Rafael Correa. Todos os cinco acabaram enfraquecendo as
instituições democráticas.

Capítulo 2- Guardões da democracia

No capítulo 2, guardiões da América é narrado diferentes episódios da


história política estadunidense onde muitos “outsiders” foram barrados antes de
conquistarem a presidência pelos guardiões democráticos.
O capítulo começa falando do romance “Complô contra a America” de
Philip Roth, que se baseia em acontecimentos históricos reais para imaginar
como poderia ter sido o fascismo nos Estados Unidos pré-guerra. No livro o
personagem Lindbergh, ganha o apoio popular, tem seu nome indicado e
aprovado para candidato do partido e se torna presidente. Mais tarde a
campanha de Linderbergh se mostraria totalmente ligada a Hitler e uma onda
de antissemitismo e violência surge no país. Muitos americanos compararam o
livro com a realidade política de 2016 e com essa comparação surgiu a
pergunta: por que não se teve extremistas na presidência mesmo com a crise
econômica de 1930?

Baseado nesta pergunta, é mostrado que sempre existiram potenciais


extremistas nos EUA e que eles sempre tiveram apoio popular é exemplo disso
o padre Charles Coughlin, o senador Huey Long e o governador George
Wallace e que a verdadeira proteção contra autoritários veio dos guardiões da
democracia- os partidos. Para ilustrar como surgiram esses guardiões é
exposto os acontecimentos de 08 de junho de 1920 que levaram Warren
Harding a ser escolhido como candidato do partido republicano após uma
reunião dos senadores em uma “sala enfumaçada” onde analisaram as
desvantagens de cada candidato, é destacado que nesses tipos de reuniões
por mais que não fossem democráticas, existia uma virtude de manter figuras
impróprias fora da votação e longe do cargo. Considerando a preocupação de
Alexander Hamilton de que a presidência eleita pelo voto popular pudesse ser
muito facilmente capturada por tiranos, foi criado um dispositivo chamado
Colégio eleitoral, que era formado por homens proeminentes da região e que
seriam responsáveis por escolher o presidente. Tornando o Colégio eleitoral o
original guardião da democracia estadunidense.

A ascensão dos partidos políticos no começo dos anos de 1800, mudou


a maneira como o sistema eleitoral funcionava, pois, invés de elegerem
notáveis locais para o colégio eleitoral, cada estado começou eleger
seguidores partidários. Os eleitores se tornaram agentes partidários, o que
significa que o Colégio Eleitoral cedeu a autoridade de guardião aos partidos. E
os partidos a mantiveram desde então, uma vez que os partidos selecionam os
candidatos presidenciais, eles têm a capacidade e a responsabilidade de
manter figuras perigosas longe da Casa Branca.

No começo do século XIX, os candidatos presidenciais eram escolhidos


por grupos de congressistas em Washington, num sistema conhecido como
Convenção Congressional, os candidatos passaram a ser indicados em
convenções partidárias nacionais compostas por delegados de cada estado.
De certa forma o sistema de convenções era um guardião eficiente,
pois, filtrava de maneira sistemática candidatos perigosos e era tão eficiente
que os outsiders simplesmente não conseguiam ganhar, um exemplo da sua
eficácia foi a rejeição da candidatura de Henry Ford, ele possuía grande apoio
popular por ser “um menino pobre da fazenda que soube prosperar”, estava
sempre em primeiro lugar nas pesquisas baseadas na opinião popular, mas
nunca teve seu nome cogitado pelos líderes partidários como um potencial
candidato, com isso é mostrado a diferença do romance de Philip Roth com a
realidade, pois na real convenção de 1940 do partido republicano não foi nem
remotamente parecida com a obra ficcional, pois, não apenas Lindbergh não
apareceu na convenção, como seu nome não foi nem mesmo aventado, ou
seja, a guarda dos portões funcionou.

Por fim é tratado o ano de 1968 como um ponto critico para a


democracia norte-americana, pois, o presidente Lyndon Johnson promovera
uma intensificação da guerra no Vietnã que estava saindo de controle, em abril
do mesmo ano um assassino atirou em Martin Luther King Jr e em junho,
horas depois de sua vitória nas primárias presidenciais da Califórnia, a
campanha de Robert Kennedy foi abruptamente interrompida pela arma de um

segundo assassino. Com o caos acontecendo na política o partido Democrata


criou a Comissão McGovern-Fraser, encarregando-a de repensar o sistema de
indicação para que a população não se voltasse para a antipolítica das ruas,
com isso o que emergiu foi um sistema de primárias presidenciais vinculantes.
A partir de 1972, a vasta maioria dos delegados das convenções democratas e
republicanos seriam eleitos em primárias e assembleias no âmbito estadual, ou
seja, dando a população mais influência na política, assim pela primeira vez os
guardiões dos portões da democracia podiam ser contornados e derrotados.

Capítulo 3- A grande abdicação Republicana


Em 15 de julho 2015, Donald Trump comunicou que iria concorrer à
presidência, Trump era um candidato que achava que tudo que ele possuía
poderia ajudar ele a ganhar ou ficaria mais reconhecido e também ele defendia
algumas opiniões extremistas, uma delas era se realmente Barack Obama
nasceu nos Estados Unidos.

O sistema das primárias abriria as indicações para a presidência e só


um outsider se expôs publicamente para concorrer contra George Mcgovern e
Barack Obama que foi (Dwight Eisenhower). Alguns outsiders já tentaram a
indicação a presidência mais sempre fracassaram, Trump teria que concorrer
contra outros dezesseis ou candidatos mais experientes que ele como o
governado da florida Jeb bush, teve dois outros outsider a empresária Carly
fiorina e o neurocirurgião bem Carson. Quando Trump alavancou nas
pesquisas nem todo mundo levou sua candidatura a sério, para Nate Silver a
chance de Trump ganhar era de 20%.
O mundo estava mudando, por duas razões principais um deles foi o
aumento brutal da disponibilidade do dinheiro de fora. O processo de indicação
foi completamente aberto, as chances de um outsider extremista ser nomeado
para concorrer era grande e de acordo com pesquisas Trump não tinha chance
de ganhar, então ele fez algo que nenhum outsider fez ganhos as primarias na
Carolina do Sul depois que ele ganhou que foi conquista seus primeiros
apoiadores os deputados Duncan Hunter e Cheis Collins, Trump usou as
mídias para acolher os benefícios que ela propôs, mas alguns veteranos do
partido ainda acham que Trump não serve para ser presidente, criaram grupo
para modificar as regras e com isso Trump ganhou a primária justamente com
quase 14 milhões de votos é tiverem que encara a realidade.
Segundo a alguns republicanos que não são contra Donald Trump
por achar que ele não tinha uma visão extremista, mais com suas “meras
palavras” nunca se sabe como um pulico sem histórico vai se comportar no
cargo. Donald Trump de positivo para todos os testes de parâmetro para
autocrata. É o compromisso com as regras do jogo, Trump caiu no parâmetro
ele não aceitaria os resultados da eleição de 2016, porque poderia haver
fraudes eleitorais ninguém nunca viu essa democracia desde 1860, muitos
acreditavam que a eleição poderia ser roubada de Trump. Na segunda
categoria política descrevem seus rivais como criminosos e no terceiro critério
temos a tolerância a violência, à violência sectária e com grade frequência de
um elemento prejudicial, Trump está de apoio contra Hillary Clinton, ele quer
cria a abolição do porte de arma.
Tem uma coisa que diferencia autocratas de líderes democráticos é
como eles usam sua posição para punir alguém, Donald Trump foi o único a
cumprir todos os critérios. Se Trump ameaçasse os princípios básicos ele
deveria ser pardo, qualquer coisa que ele fizesse poderia colocar a democracia
em riscos isso e pior que perder a eleição, alguns republicanos apoiaram
Hillary Clinton, só que políticos de grande alcance apoiaram Trump, contudo
um número grande teria mudado de opinião com os partidos se unindo, mas
tudo aconteceu diferente, republicanos apoiaram um candidato republicano e
os democratas apoiaram um candidato democrata e isso gerou a vitória de
Donald Trump.

Capítulo 4- Subvertendo a Democracia


Nesse capítulo, os autores relatam que Alberto Fujimori, um reitor de
universidade de ascendência japonesa, do Peru, não planejava ser um ditador, ele
nem sequer planejou ser Presidente. Porém, mesmo não sendo muito conhecido,
Fujimori nutria esperanças de concorrer a uma cadeira no Senado em 1990. Tendo
conhecimento que nenhum partido o indicaria, ele mesmo tomou a iniciativa de criar o
seu próprio partido e se autonomeou como candidato. Apesar de não ter dinheiro, ele
se lançou na corrida eleitoral a fim de atrair publicidade para a sua campanha ao
Senado. Pelo fato da existência de uma aguda crise em 1990, pois a economia
peruana tinha entrado em colapso devido à inflação que assolava o País, e o grupo
guerrilheiro maoista Sendero Luminoso, cuja violenta insurreição tinha dizimado a vida
de milhares e pessoas desde o seu surgimento em 1980, estava se aproximando de
Lima, a capital peruana, os peruanos se mostraram desgostosos com os partidos
políticos já estabelecidos e voltaram os seus olhos para o João-ninguém político
Fujimori, que tinha como slogan de campanha uma frase que chamava a atenção de
todos, que era" Um Presidente que gosta de você." Dessa forma, repentinamente,
Fujimori alcançou um grande crescimento nas pesquisas eleitorais e choca o mundo
político peruano ao terminar em segundo lugar é se qualificar para o segundo turno
contra o candidato Mário Vargas Llosa, que era o romancista mais destacado do País.
Mario, era tão admirado pelos peruanos que até chegou a ganhar um prêmio Nobel de
literatura, é após se candidatar a uma vaga na presidência do Peru, ele contava com o
apoio praticamente de todos os políticos, mídia e líderes empresariais, mas os
peruanos comuns enxergavam Mario Vargas Llosa como um candidato íntimo das
elites sociais, e que se mostrava sem muito interesse em solucionar as preocupações
das classes inferiores. Dessa forma, Fujimori sensibilizou muitas pessoas com o seu
discurso a única opção real de mudança para um País que estava sendo ameaçado
pela crise econômica e a inflação, Fujimori ganha as eleições. Em seu discurso de
posse, Fujimori promete tirar o País Peruano da situação caótica em que se
encontrava e conduzi-lo a um destino melhor. Ele se mostrava convencido de que o
País precisava passar por drásticas reformas econômicas e de que havia a
necessidade de intensificar a luta contra o terrorismo. Porém, Fujimori tinha apenas
uma vaga ideia de como iria realizar essas mudanças e nada mais. Fujimori teve que
encarar um começo de mandato turbulento, é muitos obstáculos tiveram que ser
enfrentados, pois Fujimori tinha poucos amigos entre os caciques tradicionais da
política peruana, e os partidos de oposição controlavam o Congresso, como também a
Mídia tradicional que apoiava Mário Vargas Llosa, não confiavam nele. Dessa forma,
durante os seus primeiros meses no cargo presidencial, nenhuma de suas leis foram
aprovadas pelo Congresso, e os tribunais não pareciam estar à altura da tarefa de
responder à crescente ameaça terrorista. Fujimori não apenas carecia de experiências
nas complexidades da política legislativa, como também demostrava não ter paciência
para elas, pois ele mesmo queria governar o País sozinho.

Assim sendo, em vez de tentar negociar com os líderes do Congresso,


Fujimori começa a atacá-los, chamando-os de "charlatões improdutivos",
atacou também juízes não cooperativos, os chamando de "lacaios" e "patifes",
é começou a evitar o Congresso, optando por decretos executivos, e em seus
discursos ele afirmava que o Peru não era um País democrático, e sim, um
País que, na verdade sempre foi governado por minorias poderosas,
oligopólios, panelinhas, relatando assim, que a corrupção era generalizada no
País. Alarmados, o establishment do Peru reagiu negativamente às atitudes de
Fujimori, principalmente quando Fujimori contornou os tribunais para libertar
milhares de prisioneiros que haviam sido condenados por pequenos crimes a
fim de abrir espaço para terroristas nas cadeias, a Associação Nacional de
Juízes o acusou de "autoritarismo antidemocrático inaceitável". Após tudo isto,
os tribunais declaravam vários decretos de Fujimori como inconstitucionais, os
seus críticos o denunciavam como "autoritário", e a Mídia começou a descrevê-
lo como um imperador japonês, manchando assim a sua imagem.

O conflito de Fujimori e o Congresso se intensificou a um grau tão


elevado, que Fujimori acusou o Congresso de ser controlado por traficantes de
drogas, e o Senado respondeu à acusação aprovando uma moção para
revogar a presidência devido à incapacidade moral que Fujimori se mostrava,
porém, a moção não havia sido aprovada por poucos votos na câmera dos
deputados. O conflito se agravou a ponto de um mandatário do governo se
mostrar preocupado com duas hipóteses: "ou o Congresso mata o presidente,
ou o presidente mata o Congresso."

Em 05 de abril de 1992, dois anos após a sua eleição, o presidente


matou o Congresso. Fujimori apareceu na televisão e anunciou que a partir
daquele momento ele estava dissolvendo o Congresso e a Constituição, dessa
maneira, o presidente azarão, havia se tornado literalmente um tirano.

Sendo assim, os autores nos relatam que a morte de uma democracia


não somente acontece através de um Golpe Militar protagonizado pelas forças
armadas, que com o seu grande poder bélico, transformam uma democracia
em uma tirania do dia para a noite, mas que na Era Moderna, as democracias
não morrem do dia para a noite, mas morrem lentamente, muitas vezes por
meio de processos legais e legítimos. Os líderes autoritários não chegam mais
ao poder por meio de um conflito armado, mas por meio de eleições. A
conclusão é que a própria democracia leva ao seu fim, quando os seus
mecanismos de defesa não são efetivos o suficiente para impedir a chegada de
demagogos ao poder.

Capítulo 5- As grades de proteção da democracia

Durante muito tempo, os norte-americanos mantiveram uma grande fé


na Constituição do país sendo a peça central da crença de que os Estados
Unido era uma nação escolhida, um farol de esperança e possibilidade para o
mundo. Uma pesquisa de 1999 revelou que 85% dos norte-americanos
acreditavam que a Constituição era a razão principal de "o país ter sido bem-
sucedido durante o século passado". A concentração de poder do presidente
Abraham Lincoln durante a Guerra Civil foi revertida pela Suprema Corte
depois que a guerra acabou. As gravações ilegais do presidente Nixon,
denunciadas após o arrombamento e a invasão do edifício Wetergate em 1972,
desencadearam uma investigação congressional que gerou grande alarde.
Com isso podemos ver o efeito do nosso sistema constitucional de freios e
contrapesos que foi projetado para impedir líderes de concentrar e abusar do
poder, nossas instituições políticas serviram como bastiões decisivos contra
tendências autoritárias.

Contudo, são as salvaguardas constitucionais em si suficientes para


garantir a democracia? Nós acreditamos que a resposta seja não. Mesmo
constituições bem-projetadas por vez falham nessa tarefa. Com isso podemos
citar como exemplo a Constituição de Weimar da Alemanha de 1919, que entra
em colapso com a usurpação de poder por Adolfo Hitler em 1933. Ou podemos
pensar na experiência pós-colonial na América Latina. Muitas das repúblicas
recém-independentes se basearam diretamente nos Estados Unidos, adotando
o presidencialismo, os legislativos bicamerais, as supremas cortes ao estilo
norte-americano e, em alguns casos, colégios eleitorais e sistemas federais.
Algumas escreveram constituições que eram quase réplicas da constituição
dos Estados Unidos. No entanto, todas as repúblicas embrionárias da região
mergulharam em guerras civis e ditaduras. Se regras constitucionais
bastassem, figuras como Perón, Marcos e Getúlio Vargas - todos os quais
assumiram o cargo sob constituições ao estilo norte-americano, que continham,
no papel, um arranjo ordenado de freios e contrapesos teriam sido presidentes
de um ou dois mandatos, em vez de autocratas notórios.

Regras constitucionais também estão sujeitas a interpretações


conflitantes. O que exatamente envolve "aconselhamento e consentimento"
quando se trata do papel do Senado dos Estados Unidos na nomeação de
magistrados da Suprema Corte? Que tipo de limite a expressão "crimes e
delitos" estabelece para o impeachment? Os nortes-americanos têm debatido
essa e outras questões constitucionais há séculos. Se poderes constitucionais
estão abertos a múltiplas leituras, eles podem ser usados de maneiras que
seus criadores não anteciparam. Por fim, as palavras escritas de uma
constituição podem ser seguidas literalmente de modos que enfraqueçam o
espírito de lei. Em função das lacunas e ambiguidade inerentes a todos os
sistemas legais, não podemos nos fiar apenas em constituições para
salvaguardar a democracia contra autoritários potenciais.

Se a Constituição escrita na Filadélfia em 1787 não foi o que garantiu a


democracia americana por tanto tempo, então o que foi? Muitos fatores são
importantes, inclusive a nossa imensa riqueza nacional, uma ampla classe
média e uma sociedade civil vibrante. Nós acreditamos que grande parte da
resposta está também no desenvolvimento de normas democrática fortes.
Todas as democracias bem-sucedidas confiam em regras informais que,
embora não se encontrem na constituição nem em quaisquer leis, são
amplamente conhecidas e respeitadas. Normas são mais do que disposições
pessoais, elas não se baseiam simplesmente no bom caráter de líderes
políticos, sendo antes, códigos de conduta compartilhados que se tornam
senso comum dentro de uma comunidade ou sociedade particular aceitos,
respeitados e impostos por seus membros. Como não são escritas muitas
vezes elas são difíceis de vez, sobretudo se estão funcionando bem, os
políticos que não respeitam as normas pagam o preço.

Regras não escritas estão em toda parte na política norte-americana,


desde operação do Senado e do Colégio Eleitoral até o formato das coletivas
de imprensa presidências. Porém, duas normas se destacam como
fundamentais para o funcionamento de uma democracia: tolerância mútua e
reserva institucional. Entretanto, a tolerância mútua não é inerente a todas as
democracias. O oposto de reserva é explorar prerrogativas institucionais de
maneira incontida, o que o estudioso de direito Mark Tushnet chama de "jogo
duro constitucional": jogar segundo as regras, mas levando-as aos seus limites,
e "jogando para valer". A erosão de tolerância mútua pode motivar os políticos
a desdobrar seus poderes institucionais tão amplamente quanto o possível sem
serem punidos. Quando os partidos se veem como inimigos mortais, os
interesses em jogo aumentam de maneira dramática. Quando o custo de
perder é suficientemente alto, políticos serão tentados a abandonar a reserva
constitucional. O resultado é a política sem grades de proteção, o que o teórico
político Eric Nelson descreve como um "ciclo de escalada constitucional de
temeridade. A política sem grade de proteção matou a democracia chilena,
tanto o governo quanto a oposição viram as eleições legislativas de meio de
mandato como uma oportunidade de ganhar briga de uma vez por todas.

Capítulo 6- As regras não escritas da política norte-


americana

No capítulo 6 do livro "Como as democracias morrem" de Steven


Levitsky e Daniel Ziblott. Os autores baseiam-se nos desastres políticos do
passado para tentar compreender e melhorar a política atual Americana.
Em 1937 durante a Grande Depressão e próximo às eleições, o
presidente dos Estados Unidos: Franklin Delano Roosevelt, utiliza das brechas
na Constituição na época, e burla protocolos a fim de equiparar seu número de
apoiadores aos seus rivais e também levar o plano New Deal em ação,
acrescenta à Suprema Corte juízes do seu partido, quase tornando-a hiper
politizada. Apesar de sua tentativa de vantagem, seu plano falha abruptamente.
Visto pela Corte como um planos inconstitucional em vários aspectos.
Roosevelt foi parado pela imprensa, republicanos e em peso pelos próprios
parceiros democratas e que se levado à diante mudaria toda norma
constitucional. De acordo com Levitsky, a República Americana não possui
normas democráticas fortes. Sendo vista como um exemplo de uma política
sem grade de proteção.
A partir daí criou-se um clima de hostilidade e desconfiança, criando o
então conhecido: Jogo duro Constitucional. O autor apresenta o jogo duro
constitucional como uma busca obstinada por vitória, em que o candidato ou os
partidos utilizam das instituições como arma política. Segundo Levitsky, usam a
lei "ponta a ponta" procurando brechas desmoralizando seu oponente para que
perca, utilizando qualquer meio necessário para isso. Essa competitividade
prolongou-se até os tempos atuais, quando a nova geração de políticos
compreende que por vvezes se ganha e por vezes se perde.
Contudo, o autor regressa para 1850, levando a história da abolição à
escravidão, uma causa associada ao Partido Republicano. Que para os
brancos democratas era visto como uma ameaça existencial dando início a
uma violenta discussão, que levou o país a Guerra Civil, deixando mais de 600
mil mortos e sua norma abalada. Na eleição seguinte, de 1864, boa parte de
americanos não votaram e poucos candidatos ainda assumiam as cadeiras do
Senado. O que levou à uma rivalidade política ainda mais acirrada entre
Republicanos e Democratas. Fazendo que Lincoln, presidente dos EUA,
retirasse a ordem de liberdade dos escravos. Gerando um apaziguamento
entre os rivalizara. A aceitação desses partidos como rivais legítimos serviu
como um forte impasse para a política norte-americana nas décadas seguintes.
As questões raciais precisaram ser apagadas para manter a paz e colocadas
economia e direitos ao voto em debate na Câmara. Fazendo que democratas
sulistas negassem os árduos direitos conquistados pelos afro-americanos,
negando também o voto de mulheres, por serem vistos como uma ameaça
fundamental pelos democratas, segundo Levitsky, fazendo com que, tempos
depois, os direitos civis e a exclusão racial virasse pauta no sul. Levando à
importantes reformas, como: Décima Sexta Emenda que legaliza o imposto de
renda federal, a Décima Sétima Emenda que estabeleceu a eleição direta para
senadores, e a Décima Nona Emenda que concedeu às mulheres o direito de
voto. Mas, período depois, no século XIX, estudiosos questionaram as normas
americanas, chegando a conclusão de que o sistema político norte americano
funciona com "costumes" ao invés de normas escritas.
Só então no século XX que às normas são estabelecidas e para que
funcionem os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) necessitam
estar em alinhamento para que se tenha êxito. O sistema americano exige que
funcionários e mandatários públicos usem de maneira cautelosa suas
prerrogativas. Presidentes, congressistas da Suprema Corte ou políticos norte-
americanos, desfrutam de uma série de poderes que sem cautela
enfraqueceria o sistema. Possuindo seis poderes. Três poderes disponíveis
somente para o presidente: ordens executivas, indulto presidencial e
modificação da composição da corte. E por isso exigem maior cautela e
passam por empecilhos. E três para o Congresso: a obstrução de trabalho
legislativo, o poder de aconselhar e consentir, e o impeachment. Segundo o
autor, sem esses cuidados, se tornaria bem mais difícil manter a ordem,
assumindo compromisso moral com a Constituição, para não enfraquecer o
sistema.
Utilizando de base a pesquisa cientifica do político Donald Mattew, o
autor observa como funciona as normas institucionais e chega à conclusão de
que durante a maior parte da história dos Estados Unidos, suas normas são
tituladas informais,por fim, compreende que as normas políticas
estadunidenses foram formadas a base de guerras e exclusão, e só por meio
da Reconstrução (processo de reintegração dos Afro-americanos, escritura das
normas e da Constituição) transformando-se numa potência mundial.

Capítulo 7-

Capítulo 8- Trump contra as grades de proteção

O mandato do presidente Donald Trump começou de uma forma


conturbada, ele proferiu ataques retóricos contundentes contra seus
adversários. Chamou a mídia de “inimiga do povo americano’’, questionou a
legitimidade de juízes e ameaçou cortar o financiamento de cidades de grande
importância. Os ataques desencadearam respostas negativas no espectro
político. Os jornalistas ficaram na linha de frente denunciando, mas também
provocando o comportamento do presidente. Pesquisas verificaram que os
mais importantes espaços de mídia se mostravam intolerantes na cobertura
dos cem primeiros dias de administração Trump. Os funcionários da
administração Trump passaram a se sentir cercados. Não havia uma semana
em que a cobertura de imprensa não fosse negativa. Em apenas poucos
meses de sua presidência Donald Trump já enfrentava rumores de
impeachment. Ele declarou que estava sendo perseguido por forças
poderosas, dizendo que “|nenhum político na história, e digo isso com muita
segurança, foi mais maltratado e nem mais injustiçado do que eu”. Donald
Trump exibiu claros instintos autoritários durante o seu primeiro ano de
mandato. Trump demonstrou uma hostilidade contra os árbitros: policiais,
serviços de inteligência, agências éticas e tribunais. Depois de sua posse, ele
buscou garantir que os chefes das agências de inteligência dos Estados
Unidos, incluindo FBI, CIA e a Agência de Segurança Nacional (NSA), tivessem
com ele lealdade pessoal. Visando ter um escudo contra as investigações
sobre os vínculos da sua campanha com a Rússia. Em suas primeiras
semanas se reuniu com o diretor do FBI James Comey na Casa Branca, e
solicitou garantias de lealdade. Ele pressionou Comey a encerrar as
investigações sobre seu recém-admitido conselheiro de segurança nacional,
Michael Flynn, insistiu que o diretor de Inteligência Nacional, Daniel Coats, e o
diretor da CIA, Mike Pompeo, interferissem na investigação de Comey e pediu
a Coats e ao chefe do NSA, Michael Rogers, que desse falsas declarações,
negando a existência de concluo com a Rússia, onde ambos recusaram. Trump
tentou punir agências que atuavam com independência. Demitiu Comey depois
que ficou claro que o mesmo não poderia ser pressionado a proteger sua
administração e estava ampliando as investigações sobre a Rússia. Sua atitude
de demitir Comey marcou pois somente uma vez em 82 anos de história do FBI
um presidente havia despedido um diretor do órgão antes do término de seu
mandato de 10 anos. Esta não foi a única investida do presidente contra
pessoas que se recusaram a agir em sua defesa. Baseado nas investigações
crescentes de lavagem de dinheiro em Manhattan, na qual ameaçavam
alcançar o círculo íntimo de Trump, o mesmo tentou estabelecer uma relação
pessoal com o procurador federal Preet Bharara, respeitada figura
anticorrupção, ele foi então afastado quando decidiu continuar a investigação.
Depois que o procurador-geral Jeff Sessions se retirou da investigação Russa e
seu vice Rod Rosenstein nomeou o respeitado diretor do FBI Robert Mueller
conselheiro especial para supervisionar a investigação, Trump humilhou
Sessions publicamente, a fim de precipitar sua renúncia. Os advogados da
Casa Branca tentaram descobrir alguma sujeira sobre Mueller, buscando
conflitos que pudessem desacreditá-lo ou resultar na sua demissão. Os
esforços do presidente para descarrilar investigações independentes evocaram
o tipo de assalto contra árbitros que comumente se ver em países menos
democráticos. Como por exemplo a destituição da promotora geral
venezuelana Luisa Ortega. Trump também atacou magistrados que tomaram
decisões contra ele. Após o juiz James Robart, do Nono Circuito da Corte de
Apelação, suspendeu o veto migratório decretado pela Presidência, Trump
aludiu “a opinião deste pretenso Juiz, que no fundo tira do nosso país a
aplicação da lei”. Dois meses depois, quando o mesmo tribunal bloqueou
temporariamente a retenção de fundos federais de cidades-santuário, a Casa
Branca denunciou o julgamento como um ataque ao estado de direito por um
“juiz não eleito” ameaçando também dispensar o Nono Circuito. O presidente
fez críticas indiretas ao judiciário em agosto de 2017, ao perdoar o controverso
ex-xerife Joe Arpaio, do Arizona, condenado por violar uma ordem da corte
federal que o impedia de praticar abordagens por perfil racial. Arpaio era um
aliado político e considerado um herói para muitos apoiadores anti-imigrantes
de Trump. O poder do constitucional de indulto do chefe do Executivo é
ilimitado, mas historicamente, os presidentes o têm exercido de acordo com os
deveres, buscando aconselhar-se junto ao Departamento de Justiça sem
conceder perdões por autoproteção ou ganho político. Trump violou normas,
não consultou o Departamento de Justiça, mas, politicamente perdoou a si
mesmo e a se círculo íntimo. Atitudes deste tipo constituem ataques sem
precedentes contra a independência do judiciário. “Se um presidente puder
imunizar seus agentes desse jeito, os tribunais perderão efetivamente toda a
sua autoridade para proteger direitos constitucionais contra a invasão do poder
Executivo” frase dita pelo estudioso de direito constitucional Martin Redish. O
comportamento de Trump em relação a tribunais, órgãos de polícia e de
inteligência foi autoritário. Ele falou em usar o Departamento de Justiça e o FBI
para perseguir democratas, inclusive Hillary Clinton. Em resposta a algumas de
suas tentativas de substituir figuras importantes, suas manobras foram vetadas
por senadores republicanos. Sua administração intensificou esforços para tirar
de campo jogadores políticos importantes. Atacou a mídia e fez acusações
contra o New York Times e a CNN afirmando que ambos estariam propagando
“Fake News” e conspirando contra ele. Sua retórica era com frequência
ameaçadora. Como manobra contra a mídia ele prometeu “ampliar o escopo
das leis de calúnia e difamação”. Ele deixou de lado a questão, mas continuou
com as suas ameaças. Houve um setor em que a administração de Trump foi
além das ameaças e tentou usar a máquina do governo para punir seus
críticos. Durante sua primeira semana no cargo, Trump assinou uma ordem
executiva autorizando agências federais a reterem fundos das cidades-
santuário que se recusassem a cooperar com as sanções estritas contra
imigrantes sem documentos. Contudo Trump foi impedido pelos tribunais.
Talvez a iniciativa mais antidemocrática já empreendida pela administração
Trump tenha sido a criação da Comissão Presidencial de Aconselhamento
sobre Integridade Eleitoral, presidida pelo vice-presidente Mike Pence, mas
dirigida pelo vice-presidente da comissão, Kris Kobach. A lei dos Direitos Civis
e a Lei do Direito de Voto incitaram uma forte mudança partidária:  o Partido
Democrata tornou-se o principal representante das minorias e da primeira e
segunda geração de imigrantes eleitores enquanto os eleitores do GOP
permaneceram esmagadoramente brancos. Tal mudança teve impacto na
eleição de Barack Obama de 2008, na qual a taxa de comparecimento das
minorias foi incomumente alta. Percebendo uma ameaça alguns líderes
republicanos trouxeram propostas para dificultar o voto para a minoria dos
cidadãos de baixa renda. Como a minoria dos eleitores pobres é
esmagadoramente democrata, medidas que desanimassem o comparecimento
entre esses eleitores provavelmente interveriam o mando de campo em favor
dos republicanos. Isso seria alcançado por meio de leis estritas. Determinada
pressão por lei de identificação do eleitor se baseava numa informação falsa:
de que fraudes eleitorais eram disseminadas nos Estados Unidos. Porém
estudos apontaram que tais índices de fraude eleitoral no país eram baixos.
Não obstante os republicanos começaram a pressionar para que o falso
problema fosse solucionado. Geórgia e Indiana foram os primeiros estados em
2005 a adotarem leis de identificação de eleitores. Estima-se que 300 mil
eleitores da Geórgia não possuam as formas de identidades exigidas e que
afro-americanos tenham cinco vezes mais probabilidade de não as possuírem
do que brancos. Leis de identificação de eleitores proliferaram. Projetos de lei
foram apresentados em 37 estados, embora apenas 10 fossem vigentes para a
eleição de 2016. Essas leis foram aprovadas exclusivamente em estados onde
os republicanos controlavam ambas as casas legislativas. Esforços para
desencorajar o ato de votar são antidemocráticos em essência e têm uma
história particularmente deplorável nos Estados Unidos. Embora os esforços
atuais de restrição eleitoral não estejam nem sequer perto daqueles de longo
alcance, eles são significativos. Haja vista as rigorosas leis de identificação de
eleitores afetarem de maneira desproporcional a minoria de eleitores de baixa
renda, que são esmagadoramente democratas, elas inclinam as eleições em
favor do GOP. De muitas maneiras, o presidente Trump seguiu o roteiro
eleitoral autoritário durante o seu primeiro ano. Ele fez esforços para capturar
os árbitros, tirar da partida jogadores importantes que pudessem detê-lo e
inverter o mando de campo. Entretanto, ele falou mais do que agiu, e suas
ameaças mais notórias não se concretizaram. Iniciativas antidemocráticas
perturbadoras, inclusive aparelhar o FBI, enchendo-o de lealistas e bloqueando
a investigação de Mueller, foram descarriladas pela oposição de republicanos e
por sua própria incompetência. Durante o primeiro ano de Trump no cargo, os
republicanos responderam aos abusos presidenciais com uma mistura de
lealdade e restrição. De início, a lealdade predominou. Porém após a demissão
de Comey em 2017, alguns senadores do GOP se inclinaram para a restrição,
deixando claro que não apoiariam um lealista de Trump para sucedê-lo. Outro
fator que afeta o destino da nossa democracia é a opinião pública. Se não
puderem apelar aos militares nem organizar violência em larga escala,
autoritários em potencial terão que descobrir outros meios de persuadir aliados
e segui-los e de fazer críticos recuarem ou desistirem. O apoio público é uma
ferramenta útil no que diz respeito a isso. Quanto mais alta a taxa de
aprovação de Trump, mais perigoso ele fica. Sua popularidade vai depender do
estado da economia, assim como de acontecimentos circunstanciais. Eventos
que ponham em evidência a incompetência do governo, podem minimizar o
apoio público. Outras circunstâncias, porém, como ameaças à segurança,
podem incrementá-lo. Um fator final capaz de configurar a capacidade de
Trump de prejudicar nossa democracia: crise. Crises graves de segurança,
guerras ou ataques terroristas de larga escala são modificadores do jogo
político. Quase invariavelmente, eles aumentam o apoio ao governo. Os
cidadãos se tornam mais inclinados a tolerar, o mesmo endossar, medidas
autoritárias quando temem por sua própria segurança. Portanto crises de
segurança são momentos de perigo para a democracia. Líderes com carta
branca para “fazerem o que quiserem” podem infligir grande danos às
instituições democráticas. No mandato de Trump sua constante violação das
normas expandiu a zona de comportamentos presidenciais aceitáveis, dando a
táticas antes consideradas aberrantes e inadmissíveis, como mentir, trapacear
e intimidar, um lugar proeminente na caixa de ferramentas dos políticos. O
presidente também violou normas democráticas essenciais quando denunciou
abertamente a legitimidade das eleições. Falsas acusações de fraude podem
minar a confiança pública em eleições e quando cidadãos não confiam no
processo eleitoral, muitas vezes perdem a fé na própria democracia. Trump
também abandonou regras básicas de civilidade política. Ele quebrou normas
de reconciliação pós-eleitorais, pois continuou a atacar Hillary Clinton. E
também violou a regra não escrita de que presidentes em exercício não devem
atacar seus predecessores. Talvez a mais notória violação de normas de
Trump tenha sido mentir. A ideia de que presidentes devem dizer a verdade em
público é consensual na política norte-americana. Quando cidadãos não
acreditam em seus líderes leitos, as fundações da democracia se enfraquecem.
O valor das eleições é diminuído quando cidadãos não tem fé nos líderes que
elegem. Apesar de muitos comportamentos e condutas não terem surgidos no
governo Trump a sua insistência tornou atos antes condenáveis em condutas
“aceitas” desencadeando uma série de atos antidemocráticos e posicionamento
autoritário, colocando em risco a democracia

Capitulo 9- Salvando a democracia

Visto todo conteúdo explanado ao decorrer deste documento, vimos que


a democracia americana não estaria devidamente intacta como muitos acham.
Nesse ponto de vista conseguimos identificar algumas questões no mundo que
desestabilizam a democracia em vários países. Não obstante, existem outros
países com a democracia em ascensão, crescendo a cada ano que se passa.
As pessoas estão entendendo cada vez mais que a democracia é importante,
não só para um povo, mas para o mundo todo. E discursos antidemocráticos
observamos até em período eleitoral nos Estados Unidos (potência mundial
que não deveríamos presenciar tal fato, até pelo o que já foi conquistado por
esta nação). Ao passar dos anos desde o fim da guerra fria, passamos pelo
processo de democratização de várias nações. E de 1996 até 2015 tivemos o
quarto de século mais democrático da história. Porém, com a chegada de
Donald Trump na Casa Branca, podemos sentir ameaças à democracia. Isso
se dá pelas inúmeras ofensas que encorajam os autocratas. Ofensas essas
como: ataques à imprensa, ameaça pôr concorrente de eleição na cadeia e
declaração de não aceitar o resultado da eleição, todas essas feitas pelo então
presidente dos Estados Unidos.

Portanto, em uma visão otimista de futuro, Trump não seria reeleito por
enfraquecimento político e público. Assim seria tomado de lição os seus erros,
que seriam ensinados em escolas através de estudos, onde a democracia foi
salva. Por outro lado, em outro cenário. Donald Trump poderia se popularizar
fazendo política de extrema-direita para poder beneficiar minorias no senado e
ter ascensão com o público republicano e continuar enfraquecendo a
democracia. E em outro cenário, existe a possibilidade de polarização eleitoral
dos partidos políticos trazendo guerras institucionais. Trump, poderia não
vencer essa guerra, porém o sentimento autocrático continuaria forte nas ações
e pensamentos trazendo divisão à nação.

É importante a observação de medidas tomadas na Carolina do Norte no


tocante a políticas rigorosas eleitorais, para que, nitidamente pessoas afro-
americanas e jovens não pudessem votar, medidas essas como: aprovação de
leis rigorosas de identificação de eleitores, reduzir as oportunidades de votos
para os mais jovens, acabar com o pré-registro de adolescentes de dezesseis e
dezessete anos, eliminar a possibilidade de registro no dia da votação e reduzir
drasticamente a quantidade de locais de votação em vários condados
importantes. E assim os republicanos conseguiram maioria na câmara, com
essas medidas visando seus interesses republicanos, que é um tanto
antidemocrático.
Após isso, se instaura um tipo de guerra no legislativo polarizado, que
cada um, tenta colocar em evidência seu pensamento, os representantes do
partido democrata conseguiram reverter essa situação de leis rigorosas contra
a votação. Contudo, entendemos que assim como o congressista David Prince,
um democrata de Chapel Hill, disse que a crise legislativa tinha lhe ensinado
que "a democracia americana pode ser mais frágil do que imaginamos".Isso
nos faz imaginar que, em quantas vezes as democracias pelo mundo foram
colocadas em "xeque" por idealismos e pensamentos desse tipo. É de extrema
importância que a informação e a cultura democrática cheguem em pessoas do
mundo todo. Pois se em uma nação como os Estados Unidos, acontece esse
tipo de situação, imaginemos em lugares menores e nações menores que
necessitam de educação e cultura para se libertar de autocratas que fazem o
sofrimento de seu país.
Os democratas com o intuito de lutar pelas posições e voz na câmara
representante, foi cogitado uma forma de lutar como os republicanos. Porém,
logo essa ideia foi afastada dos mesmos. Sabendo que se a oposição
(Democratas) oferecessem resistência e jogassem sujo, daria legitimidade para
o governo republicano reprimir, e com isso também afastaria possíveis forças
aliadas moderadas. Pois ao observarem a colocação do partido democrata,
talvez de forma nenhuma iria ao encontro do governo. Até porque o
pensamento democrata é fazer seu oponente político um oponente e não um
rival mortal como pensam os autocratas que até em suas instituições pensam
dessa forma com a concorrência.
Em relação a isso, aconteceu na Venezuela de Hugo Chávez, quando
seu governo populista vinha crescendo e a oposição, apavorada, entendeu que
ele iria instaurar um governo socialista assim como Cuba. Rapidamente
tentaram de todas as formas tirá-lo do poder. Porém, as suas medidas como:
golpe de estado, greve geral e o boicote nas eleições legislativas deram ao
governo legitimidade para promover sanções contra esses opositores,
mandando prender muitos deles.
Diferentemente da Venezuela, os opositores do governo da Colômbia
presidida por Álvaro Uribe utilizaram de meios democráticos institucionais para
não aprovar a sua medida de mudar a constituição para obter mais um
mandato. Dessa forma a oposição se aliou na casa legislativa e o obrigou a se
afastar após o seu segundo mandato.
Assim deve ser a luta política. Usando o meio institucional ao seu favor,
pois meios autocratas e não benefícios, soa como hostil e é bem mais fácil
perder força em seu curso, meio ou final, e muitas vezes até no início.
Se os democratas lograssem êxito em afastar Donald Trump do poder
com forças iguais aos dos republicanos. Certamente iriam de encontro aos
seus ideais e fariam com que o povo concordasse que houve um golpe de
esquerda para removê-lo do poder. Esse tipo de situação é complicado, pois
deixaria um sentimento de hostilidade para os próximos governantes que
possam assumir, e fazer com que ele haja de todas as formas para se
resguardar no poder, colocando a democracia americana em perigo, podendo
ser mais perigoso, o próximo presidente, do que Trump.
Isso nos leva a entender que a oposição deve adotar uma postura
democrática. Usando da câmara representativa, institucional, tribunais, etc.
Pois desta maneira irá exaltar a forma democrática de fazer oposição e
certamente terá aprovação do povo. Isso se assemelha aos protestos públicos,
que é um direito básico. Onde o cientista político Omar Wason descobriu que
os protestos não violentos liderados pelos negros fortaleceram a agenda
nacional de direitos civis em Washington e ampliaram o apoio público a esta
agenda. Em contraste, protestos violentos levaram a um declínio do apoio
branco e podem ter feito pender a eleição de 1968 de Humphrey para Nixon. É
de grande valentia e importância que os partidos democratas façam coalizão
com instituições que não são comuns serem de coalizão, pois teriam benefícios
amplos, até porque podemos discordar de algo e concordar em outro, em meio
a uma conversa ter um acordo e buscar esse apoio. Com certeza essa política
anti-Trump seria importante e faria o mundo observar melhor essa questão de
fazer oposição democraticamente.
Ao ser comparado a democracia dos Estados Unidos com outra de
qualquer lugar do mundo, podemos identificar essas questões citadas, como
uma guerra institucional entre políticos. Mesmo a constituição americana sendo
mais antiga e mais robusta do que qualquer outra, ainda, sim, sofre ameaças.
Sabendo disso, é importante salientar que um único presidente não pode matar
uma democracia, nem mesmo fazer reerguer uma democracia. Isso é uma luta
do povo, e o povo, sim, tem força e não pode deixar perder algo conquistado
por tanta luta em outrora. É preciso fazer política sem diferenças fazendo com
que o povo recupere o pouco de democracia perdida trazendo igualdade racial,
étnica sem precedentes. E é importante entender que ao se opor em algo, essa
oposição terá que ser feita de forma legítima, e assim diminuir a hostilidade
entre as pessoas, que possam existir de acordo com suas limitações e
diferenças. Assim nunca deixaremos que a democracia deixe de existir, pois
para cada regime autoritário que possam existir, teremos dois democratas que
distribuam seus benefícios pelo mundo.

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