11 - O Diencéfalo
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11 - O Diencéfalo
A sala de operações
Visão geral
O terceiro ventrículo
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Capítulo 11 – O Diencéfalo
O hipotálamo
grande bola à parte presa no hipotálamo por um tubo. O que você vê entre as
duas "pequenas bolas" do hipotálamo não é a hipófise, é o túber cinéreo.
"Mas para que serve o túber cinéreo?", pensa você. Ele serve como ponto de
fixação para o infundíbulo (o "tubo"). Ao infundíbulo, finalmente, se prende a
hipófise. No interior do túber cinéreo e do infundíbulo há núcleos de neurônios
específicos responsáveis por detectar sinais químicos do corpo e liberar
substâncias que o hipotálamo usa para regular a adeno-hipófise. Isso será
discutido a seguir, nas funções do hipotálamo.
A "bola de trás" se chama corpo mamilar. É uma estrutura par: há uma
de cada lado. Quando se olha o hipotálamo no corte medial do diencéfalo, o
corpo mamilar parece ser semelhante à "bola da frente" – mas a da frente é na
verdade uma estrutura central ímpar, vista a seguir. O corpo mamilar é um
componente do sistema límbico que se conecta com o hipocampo e com os
núcleos anteriores do tálamo. Sua importância será entendida no capítulo do
sistema límbico.
A "bola da frente" é o já visto quiasma óptico (que na verdade é uma
espécie de X), estudado no capítulo dos nervos cranianos. É onde ocorre o
cruzamento das fibras do nervo óptico vindas da porção nasal de cada retina.
Lembre-se que não há corpos de neurônios nesta estrutura – ela serve
essencialmente como ponto de passagem e cruzamento para o nervo óptico.
A palavra-chave do hipotálamo, tanto para suas conexões quanto para
suas funções, é homeostasia, isto é, o equilíbrio do meio interno. Entendemos
assim que o hipotálamo é uma estrutura-chave central (tanto no sentido de
posição quanto de funcionamento) do SNC, conectando-se com diversas outras
regiões. Ele se conecta com estruturas superiores do telencéfalo, como o
sistema límbico e a área pré-frontal. Liga-se também às vísceras: recebe
aferência direta das informações viscerais pelo núcleo do trato solitário (cujas
informações, por sua vez, são trazidas pelos nervos cranianos VII, IX e X), e
produz uma eferência levada diretamente às vísceras pelos sistemas simpático
e parassimpático (o hipotálamo conecta-se tanto com os núcleos
parassimpáticos do tronco encefálico quanto com os núcleos simpáticos da
coluna lateral da medula) ou indiretamente pela formação reticular. Uma
conexão bem conhecida do hipotálamo é aquela feita no eixo hipotálamo-
hipofisário: além dos hormônios liberados pela neuro-hipófise (ADH e
ocitocina), que são produzidos em núcleos do próprio hipotálamo – a neuro-
hipófise contém apenas prolongamentos de neurônios cujos corpos estão no
interior do diencéfalo –, a liberação hormonal da adeno-hipófise é também
estritamente regulada pelo hipotálamo, que pode facilitar ou inibir a liberação
dos hormônios produzindo fatores de liberação ou fatores de inibição. Possui
ainda conexões sensoriais, recebendo aferência principalmente das áreas
eretogênicas – como os mamilos e os órgãos genitais, razão pela qual o
hipotálamo regula os estados de ereção –, do córtex olfatório e da retina. As
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Capítulo 11 – O Diencéfalo
fibras da retina, além de seguir pelas duas vias já estudadas (fibras retino-
geniculadas para a visão em si, e retino-tectais para os reflexos da visão),
seguem também este terceiro caminho: são as chamadas fibras retino-
hipotalâmicas. Elas vão até o núcleo supraquiasmático do hipotálamo para
permitir a regulação dos ritmos circadianos, como será explicado.
O hipotálamo possui diversas funções, mas todas têm em comum o
objetivo de manter a homeostasia. Com esse fim, o hipotálamo "recruta"
também o córtex cerebral para ajudá-lo, gerando os chamados
comportamentos motivados. Com o auxílio do feixe prosencefálico medial
(componente central do sistema mesolímbico, responsável pelos estados
motivacionais de prazer), o hipotálamo cria as sensações necessárias para que
o corpo busque, conscientemente, o que é necessário para manter suas
funções inconscientes. O hipotálamo, portanto, cumpre as seguintes funções:
regulação hídrica do corpo (tanto por regular a ingestação de líquidos – pelo
comportamento motivado da sede – quanto por regular sua eliminação – pela
liberação de ADH), regulação da ingestão alimentar, regulação do
impulso sexual, regulação dos estados de sono e vigília e regulação da
busca por temperatura adequada. A "busca por temperatura adequada",
como botar um agasalho ou ligar um ventilador, é a parte consciente de uma
função fundamental do hipotálamo que tem também outros componentes: é a
função de manter a termorregulação.
O hipotálamo tem controle sobre a temperatura do corpo por vários
motivos. O primeiro deles já foi citado: tendo acesso ao córtex cerebral, o
hipotálamo pode gerar comportamentos motivados para que se busque uma
temperatura mais adequada, como pode também estimular o córtex motor para
que este produza os tremores da musculatura esquelética vistos em uma
pessoa com muito frio. Outras duas funções do hipotálamo, consequentes de
suas conexões, são também usadas em conjunto para a termorregulação: o
controle sobre o sistema nervoso autônomo e o controle sobre o
sistema endócrino, este último pela relação do eixo hipotálamo-hipofisário.
No caso de aumento indesejado da temperatura do corpo, o hipotálamo
anterior (uma boa técnica mnemônica para se lembrar disso é a relação das
letras aumento da temperatura -> reação do hipotálamo anterior) reage
produzindo mecanismos de perda de calor graças ao seu controle direto sobre o
SNA: a vasodilatação periférica, que serve para fazer o sangue ir para a
periferia do corpo, de onde o calor é eliminado para o meio externo com maior
facilidade (fator responsável pelo visual ruborizado característico de uma
pessoa com muito calor – trata-se do sangue na periferia do corpo tentando
eliminar calor); a sudorese, que gera perda de calor pela evaporação da água
na superfície da pele; e o aumento na frequência respiratória – a respiração
ofegante elimina também quantidade aumentada de vapor de água, criando um
mecanismo de perda de calor semelhante à sudorese. Se a temperatura cai, o
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Capítulo 11 – O Diencéfalo
O tálamo
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Capítulo 11 – O Diencéfalo
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Capítulo 11 – O Diencéfalo
O epitálamo
O subtálamo
Referências
1. Bear MF, Connors BW, Paradiso MA. Neurociências: Desvendando o Sistema
Nervoso. 3rd ed. Porto Alegre: Artmed; 2008.
2. Haines DE. Neurociência Fundamental. 3rd ed. São Paulo: Elsevier; 2006.
3. Kandel ER, Schwartz JH, Jessel TM. Princípios da Neurociência. 4th ed.
Barueri: Manole; 2003.
4. Lent R. Cem Bilhões de Neurônios. 1st ed. São Paulo: Atheneu; 2005.
5. Machado ABM. Neuroanatomia Funcional. 2nd ed. São Paulo: Atheneu; 2006.
6. Rubin M, Safdieh JE. Netter Neuroanatomia Essencial. 1st ed. Rio de Janeiro:
Elsevier; 2008.