Crescimento e Desenvolvimento Humano Aprendizagem Motora 7
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NA INFÂNCIA
Introdução
É nas aulas de educação física, em especial, que presenciamos déficits
nas áreas da motricidade humana que podem influenciar na atividade
de formação escolar. Desse modo, é função da educação física avaliar e,
principalmente, intervir nessas áreas com atividades que aprimorem as
habilidades psicomotoras das crianças.
Neste capítulo você vai estudar as áreas da motricidade humana e
compreender a diferença entre cada uma delas. Serão descritas dife-
rentes formas de estimular o desenvolvimento motor, que podem ser
trabalhadas com crianças de idades e alterações motoras variadas e, por
fim, serão apresentadas algumas sugestões de atividades motoras que
podem ser utilizadas na prática escolar, principalmente nas aulas de
educação física curricular, mas também em projetos desenvolvidos no
contraturno escolar que visam a sanar os déficits motores de crianças
com algum transtorno do desenvolvimento.
2 Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores
As áreas psicomotoras
O desenvolvimento motor é um processo sequencial, contínuo, de mudanças
progressivas no comportamento motor do indivíduo. Esse processo se inicia
na concepção e persiste durante todo o ciclo vital, sendo influenciado pela
interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições
do ambiente (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Durante o período pré-escolar ocorrem mudanças acentuadas. Nessa fase,
o comportamento da criança se caracteriza por constante atividade explora-
tória e seu desenvolvimento motor tem um importante avanço, seguindo as
conhecidas leis céfalo-caudal e próximo-distal. Na fase escolar ocorre um
aperfeiçoamento do desempenho motor; a maior parte das habilidades moto-
ras mais importantes já está desenvolvida em sua forma básica por volta dos
6 ou 7 anos de idade, e entre os 6 e os 12 anos a criança apresenta um aumento
na velocidade, uma coordenação cada vez melhor e maiores habilidades em
tarefas físicas específicas (BEE; BOYD, 2003; GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Na infância, a aquisição de habilidades motoras está vinculada ao desen-
volvimento da percepção do corpo e do tempo e espaço, e essas habilidades
são fundamentais tanto para a aprendizagem dos movimentos quanto para as
atividades de formação escolar. Por isso, ao conquistar um bom controle motor,
a criança estará construindo as noções básicas para o seu desenvolvimento
intelectual. Ao proporcionarem o maior número possível de experiências
motoras e psicossociais aos seus alunos, os professores ajudam a evitar que as
crianças apresentem comprometimentos em tarefas escolares (ROSA NETO
et al., 2010).
De acordo com Rosa Neto (2015), o desenvolvimento motor pode ser
compreendido pelos elementos psicomotores que você verá a seguir.
Motricidade fina
Segundo Rosa Neto (2015), a coordenação visuomanual representa a atividade
mais frequente e mais comum no homem. Ela inclui a fase de transporte da
mão, seguida da fase de agarre e manipulação, resultando em um conjunto
com três componentes: objeto/olho/mão. Para Rodrigues (2000), a habilidade
manual constitui um aspecto particular da coordenação global, importante
na praxia e no grafismo. Seu desenvolvimento está relacionado ao trabalho
de coordenação geral, à coordenação discriminativa e ao comando motor dos
olhos, lábios, língua, mãos e dedos. A motricidade fina é uma atividade que
Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores 3
Motricidade global
A motricidade global envolve os grandes músculos para realizar movimentos
amplos utilizando o corpo inteiro. Essa capacidade divide-se em: coordenação
dinâmica, equilíbrio, freio inibitório e relaxamento. A coordenação dinâmica
geral representa os movimentos dinâmicos globais — correr, saltar, trepar,
andar, etc. —, importantes para o desenvolvimento do equilíbrio dinâmico e
corporal (RODRIGUES, 2000).
Para Rosa Neto (2015), a capacidade da criança de se expressar com ges-
tos, atitudes, deslocamentos e ritmos nos permitem, às vezes, conhecê-la e
compreendê-la melhor. A criança brinca imitando cenas da vida diária: fala
movimentando-se, canta dançando; expressa, simultaneamente, afetividade e
exercita sua capacidade intelectual. Déficits na motricidade grossa refletem-
-se em baixa proficiência em tarefas motoras mais complexas, que exigem
a combinação de movimentos fundamentais na busca por habilidades mais
elaboradas (CATENASSI et al., 2007).
Equilíbrio
Segundo Gallahue e Ozmun (2013), o equilíbrio é a habilidade de um indiví-
duo manter a postura de seu corpo inalterada, mesmo quando é colocado em
várias posições. A criança que não apresenta um bom controle do equilíbrio
terá dificuldade na locomoção e manutenção de posturas, o que interfere nas
atividades diárias. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico:
Esquema corporal
A criança tem as primeiras noções quando percebe, manipula e joga com
seu próprio corpo por meio dos sentimentos de dor, choro, alegria, pelas
sensações visuais, etc. A construção desse esquema corporal é fundamental
para o desenvolvimento da criança. O esquema corporal é definido como
a organização das sensações do próprio corpo em relação ao meio exterior.
A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio que, como núcleo da
personalidade, organiza-se em um contexto de relações mútuas do organismo
e do meio.
Segundo Le Boulch (1983), trata-se de um conhecimento imediato que
temos de nosso corpo em posição estática ou em movimento. Freitas (2008)
acredita que a representação que a criança tem do seu próprio corpo é um
elemento indispensável na formação de sua personalidade. Estudar o corpo,
o esquema corporal e a imagem corporal é de suma importância àqueles que
se dedicam ao estudo da cognição humana, do ensino e da aprendizagem.
O esquema corporal possibilita ainda a consciência sobre nós mesmos, inclusive
em relação às partes corporais umas com as outras; na relação do corpo com
o meio ambiente, os sentimentos subjetivos do sujeito acerca do próprio corpo
permitirão a corporeidade (MELLO, 2009).
Organização espacial
É a capacidade de orientar-se diante de um espaço físico e de perceber a relação
de proximidade de coisas entre si. Refere-se às relações de perto, longe, em
cima, embaixo, dentro, fora etc. (ALVES, 2004).
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013), a percepção espacial é um
componente básico do desenvolvimento motor-perceptivo e pode ser divi-
dida em duas subcategorias: conhecimento de quanto espaço o corpo ocupa
e habilidade de projetar o corpo efetivamente no espaço externo. Trata-se
da capacidade de integrar dados sensitivos e perceptivos do ambiente e de
estabelecer relações físicas entre os objetos no espaço e o próprio corpo.
Diz respeito à capacidade de integrar dados sensitivos e perceptivos do ambiente
e de estabelecer relações físicas entre os objetos no espaço e o próprio corpo.
Pesquisas sobre desenvolvimento motor de escolares têm evidenciado maiores
comprometimentos na organização espacial entre os 6 a 10 anos (ROSA NETO
et al., 2010). Acredita-se que esse baixo escore possa ser decorrente de uma
deficiência na educação brasileira.
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Organização temporal
Le Boulch (1983) destaca que, quando a criança tem consciência de seu corpo
orientado, seu espaço temporal se torna maior e sua geometria lhe permite
estender ao espaço os eixos do corpo que servem de eixos de coordenadas
para ter acesso ao espaço euclidiano. Percebemos o transcurso do tempo a
partir das mudanças que se produzem durante um período estabelecido e da
sua sucessão, que transforma progressivamente o futuro em presente e, depois,
em passado; o tempo é, antes de tudo, memória (ROSA NETO, 2015).
A orientação espaço-temporal tem relação com a capacidade do ser hu-
mano de perceber o meio ambiente e a forma como se relaciona nele com seu
corpo, com os objetos ou com as pessoas por meio de suas ações motoras
(GALLARDO, 2000). As noções de tempo e espaço são as principais bases
do desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança. Para que a organi-
zação espaço/tempo se desenvolva, é necessário, antes de tudo, que as noções
de esquema corporal e imagem do corpo estejam integradas (FERREIRA;
THOMPSON, 2002).
Lateralidade
Durante a infância, naturalmente se define uma dominância lateral, que ocorre
por volta dos 6 ou 7 anos de idade, o que não significa que não possa ser perce-
bida antes dessa idade. Entretanto, se esse processo não ocorrer até os 9 anos
de idade, provavelmente a criança apresentará um distúrbio de lateralidade
(HOLLE; VELASCO apud COSTA, 2005). Conforme Rosa Neto (2002),
a lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do
corpo: mão, olho, ouvido, perna. No entanto, geralmente consideramos o
domínio motor lateral das mãos.
6 Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores
Os mesmos autores acreditam que a avaliação motora deve ser rotina nas
escolas, de modo a possibilitar um melhor diagnostico da criança, com um
conhecimento mais aprofundado de suas possibilidades e limitações reais.
A avaliação motora
O acompanhamento do desenvolvimento motor na infância é fundamental,
pois ele influenciará toda a vida do indivíduo. Se mesmo as crianças que
estão dentro dos padrões normais de desenvolvimento devem ser avaliadas e
observadas, nas crianças que apresentam algum atraso motor, essa necessidade
é ainda maior.
Conforme Gallahue e Ozmun, (2013), a avaliação tem um objetivo muito
importante na área do desenvolvimento: ela torna possível, ao monitorar
alterações desenvolvimentais, identificar retardos no desenvolvimento e obter
esclarecimento sobre estratégias instrutivas e intervencionistas. Por meio dela
é possível traçar o perfil motor do indivíduo, propiciando uma programação
física adequada para a realidade de cada um. Um instrumento de avaliação
bem projetado deve ter confiabilidade, validade e objetividade muito fortes.
Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores 7
Se o objetivo é que a criança tenha um ganho motor, fuja dos movimentos automáticos
e daqueles estafetas nos quais as crianças acabam por realizar o movimento de qualquer
jeito para cumprir uma tarefa pré-determinada e ganhar do coleguinha.
Quando você almeja estimular o desenvolvimento motor de crianças, escolha o
movimento práxico, pois ele exige maior organização cerebral, gerando aprendizagem
duradoura. De todas as formas de praxia, o movimento intencional aparece como
o mais significativo da vida humana, com a possibilidade de efetuar movimentos
voluntários, intencionais de modo coordenado. Todo movimento práxico consta de
cinco elementos: receptor, neurônio aferente (sensorial), processamento central (córtex
cerebral), neurônio eferente (motor), efetor (músculo).
Motricidade fina
Mágica
Soprogol
Motricidade global
No circo
Ziguezagueando
Atravessando o rio
Equilíbrio
Amarelinha
Corda bamba
Esquema corporal
Estátua viva
Automassagem
Organização espacial
Túnel da amizade
Nossa casa
Joguinhos
Organização temporal
Brinquedo cantado
Pula-corda
Lateralidade
Pênalti
Binóculo