Monografia Fernanda Senda
Monografia Fernanda Senda
Monografia Fernanda Senda
Metil Hg
BANCADA COM PIA
BANCADA
PARA PEQUENAS QGFL/E
LAVAGENS - FILTRO DE EXISTE
CARVÃO ATIVADO A ADEQ
MESA PARA
COMPUTADOR ESPECTROMETRIA
PORTAS COM VENEZ
COM RODÍZIOS
BANCADA
GRELHAS DE AR ALTA A
h=0,75m
INSTAL
CROM
C. GÀS
DMA-80
UNIÕES CAPELA
Bomba
spler
TOXICOLOGIA
ICP
QUÍMICA
SALA DE
Forno de
ÁREA TÉCNICA
Grafite
PORTAS COM PREPARO DE spler
C. LÍQUIDA
GRELHAS DE AR FG
AMOSTRAS
ICP MS
PORTAS COM
GRELHAS DE AR
GELADEIRAS
estab.
SALA DE VISOR
CROMATOGRAFIA PREPARO
CAPELA DE
FLUXO ARMÁRIOS
LAMINAR
MESA PARA
ELTT COMPUTADOR
2017
VISTA DA FACHADA
SUDOESTE
PROJ. BEIRAL
Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Fernanda Senda
São Paulo
2017
Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Fernanda Senda
São Paulo
2017
Agradecimentos
Agradeço ao meu companheiro e marido Fabiano, pelo amor, apoio e tantas outras coisas.
Aos meus pais, Paulo e Ana, minha irmã Paula e minha avó Joana pela formação, carinho e
presença.
Aos funcionários do Setor de Toxicologia da CETESB Gilson, Ivo, Daniela e Viana pelas
conversas esclarecedoras e pelos livros emprestados.
À revisora e amiga Maria Cristina pela ajuda com as palavras quando estas estavam
penosas.
Aos funcionários do CEGEA e dos Setores de Cursos da CETESB Gustavo, Sônia, Elizeu,
Bruno, Renato, Alexandre, Irene, Lina e Tânia que gentilmente atenderam a mim e a meus
colegas de curso com presteza e dedicação.
Aos professores do CEGEA, em especial a Profª Drª Maria Antonia, que apresentaram
conceitos fundamentais para que eu pudesse idealizar esta monografia.
Aos colegas do Setor de Engenharia da CETESB, em especial, Marco Melo, Joenice, Lina,
Pepe, Márcia e Kuni pela amizade diária e dedicação profissional que torna meu trabalho
melhor.
Aos amigos Michel, Vanessa, Camila Gui, Camila Souza, Carla, Luciana, Tatiana, Rafael,
Grazi, Thomas e Renan pela amizade integral.
Agradecimentos ..................................................................................................................... 2
Resumo ................................................................................................................................. 3
Lista de Figuras ..................................................................................................................... 5
Lista de Tabelas .................................................................................................................... 7
Lista de siglas e abreviaturas................................................................................................. 8
Glossário ............................................................................................................................... 9
1. Introdução................................................................................................................... 10
2. Materiais e métodos ................................................................................................... 14
3. O contexto ambiental .................................................................................................. 16
3.1. O processo de inserção da questão ambiental na agenda política mundial ....... 16
3.2. Os instrumentos legislativos reguladores brasileiros: das primeiras iniciativas à
situação atual .................................................................................................... 18
4. A gestão ambiental e o papel dos laboratórios ambientais ......................................... 22
4.1. Gestão ambiental .............................................................................................. 22
4.2. Ferramentas de gestão ambiental ..................................................................... 24
4.2.1. Os padrões de qualidade ambiental ......................................................... 25
4.2.2. O licenciamento ambiental ....................................................................... 25
4.3. Avaliação da qualidade ambiental: monitoramento ............................................ 26
4.4. Indicadores e índices ambientais ....................................................................... 27
4.5. Indicadores qualitativos do meio Ambiente: análise da qualidade das águas .... 30
4.6. Suporte técnico e legal dos laboratórios na gestão ambiental ........................... 32
5. O controle de qualidade nos laboratórios ambientais .................................................. 34
5.1. Controle da qualidade: âmbitos legais ............................................................... 34
5.1.1. Considerações sobre a Resolução SMA nº 100 de 2013 .......................... 36
5.2. Normas de gestão de qualidade para laboratórios ............................................. 37
5.2.1. NBR ISO/IEC 17025 ................................................................................. 37
6. Aspectos arquitetônicos nos laboratórios ambientais .................................................. 41
6.1. Contexto arquitetônico em edifícios de laboratório ............................................ 42
6.2. Condicionantes de interesse arquitetônico em edifícios de laboratório .............. 47
6.2.1. Entorno e microclima exterior ................................................................... 48
6.2.2. Envoltória – fachadas e coberturas .......................................................... 50
6.2.3. Espaço e circulação ................................................................................. 56
6.2.4. Materiais e acabamentos internos ............................................................ 58
6.2.5. Climatização e temperatura ...................................................................... 60
6.2.6. Iluminação ................................................................................................ 61
3
6.2.7. Ergonomia ................................................................................................ 64
6.2.8. Qualidade do ar: ventilação e exaustão .................................................... 65
6.2.9. Acústica .................................................................................................... 67
6.2.10. Segurança e prevenção de incêndio ...................................................... 68
6.2.11. Utilidades de laboratório ......................................................................... 68
6.2.12. Tratamento e descarte de resíduos ........................................................ 69
6.2.13. Sistemas de comunicação...................................................................... 69
6.3. Interpretação da NBR ISO/IEC 17025 sob o ponto de vista arquitetônico.......... 69
7. Estudo de Caso: análise arquitetônica em um Laboratório de Toxicologia.................. 75
7.1. Programa de pesquisa....................................................................................... 75
7.2. Visita de campo para referências arquitetônicas................................................ 77
7.3. Local de implantação do laboratório .................................................................. 77
7.4. Necessidades arquitetônicas e análise crítica.................................................... 83
7.5. Considerações orçamentárias ........................................................................... 85
7.6. Programa de necessidades do laboratório......................................................... 86
7.7. Estudo de massas ............................................................................................. 88
7.8. Projeto arquitetônico .......................................................................................... 90
8. Conclusões ................................................................................................................. 95
9. Referências ................................................................................................................ 97
4
Lista de Figuras
Figura 1. Gestão ambiental – representação esquemática (Fonte: autora, 2016) ............... 23
Figura 5. Orientação das fachadas de um edifício - Norte, Leste, Oeste e Sul. Fonte: autora,
2017 .................................................................................................................................... 51
Figura 8. Trocas de calor através de superfícies opacas. Fonte: FROTA et al, 2003,
adaptado.............................................................................................................................. 53
Figura 11. Radiação difusa. Fonte Luciano Dutra (LAMBERTS et al, 2014) ........................ 54
Figura 12. Efeito da localização das aberturas numa edificação térrea. Fonte: Baruch
Givoni, 1976, in BITTENCOURT et al, 2010 ........................................................................ 55
Figura 13: Modelo de interação energética concebido por BAIRD. Fonte: LOMARDO, 2011)
............................................................................................................................................ 56
Figura 14. Parâmetros para projeto de iluminação. Fonte: adaptado de Arqto. Nelson Solano
in (GONÇALVES et al, 2011) ............................................................................................... 61
Figura 16. integração entre luz natural e artificial. Fonte Luciano Dutra (LAMBERTS et al,
2014) ................................................................................................................................... 64
Figura 18. Desenho esquemático de capela biológica classe 1. Fonte: WHO, 2004. .......... 66
5
Figura 20. Implantação do Prédio 05 e localização do Laboratório de Toxicologia. Fonte:
Setor de Engenharia, CETESB ............................................................................................ 78
Figura 22. Corte esquemático do laboratório. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB ......... 80
Figura 23. Sala de preparo de amostras para testes. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
............................................................................................................................................ 80
Figura 24. Laboratório de Toxicologia 01. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB ............... 81
Figura 27. fachada noroeste e jardim no entorno imediato. Fonte: autora, 2017. ................ 82
Figura 28. Carta solar Latitude 24° Sul (São Paulo), máscaras e incidência solar da fachada
noroeste. Fonte: Frota et al, 2003, adaptado. ...................................................................... 83
Figura 29. Matriz de interações dos espaços. Fonte: adaptado, DIBERADINIS (2001) ....... 84
Figura 32. Esquema de controle mecânico da qualidade do ar. Fonte: Setor de Engenharia,
CETESB. ............................................................................................................................. 89
Figura 34. Sala de Preparo - capelas químicas, fluxo laminar e solventes. Fonte: Setor de
Engenharia, CETESB .......................................................................................................... 90
Figura 36. Projeto preliminar dos sistemas de insuflamento e exaustão. Fonte: Setor de
Engenharia, CETESB .......................................................................................................... 92
6
Lista de Tabelas
Tabela 1. Requisitos para garantia de qualidade na formação de Índices e Indicadores
Ambientais. .......................................................................................................................................... 29
Tabela 3. Resumo esquemático dos conteúdos normativos da NBR ISO/IEC 17025 ........... 38
Tabela 9. Valores referenciais da norma NBR ISO/CIE 8995 de 2013. Destacado os valores
referentes às atividades laboratoriais. ............................................................................................ 63
7
Lista de siglas e abreviaturas
8
Glossário
9
1. Introdução
Os laboratórios ambientais são ferramentas indispensáveis dentro dos processos de
gestão do meio ambiente. Por meio deles, são obtidos dados representativos para o
conhecimento da realidade, fundamentais para o embasamento de tomadas de decisão. A
discussão de premissas para se atingir a excelência na validação desses dados já está
avançada e, hoje, para garantir sua confiabilidade recomenda-se a implementação, por
laboratórios de ensaios e calibração, de uma série de requisitos compilados em textos
normativos vigentes, como a norma NIT-dicla-035 que versa sobre os Princípios das Boas
Práticas de Laboratório – BPL1 e a ABNT NBR ISO/IEC 170252 que normaliza os requisitos
gerais para competência de laboratórios de ensaios e calibração.
Ambas as normas especificam condições a partir de exigências referentes a
processos administrativos, técnicos, de recursos humanos, materiais, de infraestrutura, entre
outros.
No que diz respeito às instalações físicas dos laboratórios ambientais, mais
especificamente em relação à arquitetura e às condições do ambiente, há uma contribuição
numerosa de parâmetros a serem considerados para assegurar a integridade das amostras,
o desempenho esperado das análises, a qualidade dos dados e o bem-estar das pessoas
usuárias daquele espaço.
No que corresponde à normalização da configuração dos espaços, os princípios da
BPL e a ABNT NBR ISO/IEC 17025 apresentam diretrizes bastante sucintas para se atingir
uma performance mínima de instalações arquitetônicas. As premissas contemplam diversas
disciplinas descritas de forma generalista, o que permite liberdade na concepção do projeto
que pode transitar por diversificadas soluções, uma vez que são inúmeras variáveis as quais
o projetista deve considerar frente a profusão de limitações a serem estudadas e conciliadas
a fim de obter uma solução satisfatória. Segundo DIBERADINIS (2001):
1
Norma Técnica NIT-DICLA-035 de setembro de 2011: Princípios das Boas Práticas de Laboratório BPL
2
Norma Técnica NBR ISO/IEC 17025 de 30 de setembro de 2005: Requisitos gerais para a competência
de laboratórios de ensaio e calibração.
3
Em tradução livre: “O desenho, construção e operação de edifícios de laboratórios e laboratórios
individuais podem ser tarefa complexa e difícil com o objetivo de conciliar eficiência de espaço, custo e
flexibilidade, proporcionando aos usuários a capacidade de realizar seu trabalho de forma segura e
eficiente”.
10
saúde e higiene do trabalhador são diretamente afetadas pelas definições construtivas
adotadas. O desafio aqui é conciliar o ideal técnico com a realidade restritiva por custos,
condicionantes espaciais, disponibilidade tecnológica entre outros.
Desse modo, é de expressiva relevância um aprofundamento nas investigações
acerca do que é realmente pertinente nesta harmonização arquitetônica entre o alvo perfeito
e o aprimoramento ótimo do protótipo realizável.
Nesse cenário, o ponto de partida desta monografia é discutir o papel dos
laboratórios ambientais na gestão do meio ambiente, percorrendo um raciocínio a fim de
demonstrar a evolução das discussões sobre a conservação e proteção ambiental, e
entender a formação das atuais práticas de gestão ambiental e suas principais ferramentas.
Para uma análise circunstanciada, propõe-se então a contextualização dos dados
desenvolvidos pelos laboratórios ambientais e a formação de indicadores no âmbito político,
sua utilização por atores das instituições públicas e a necessidade da garantia de
confiabilidade e validação dos números disponibilizados.
A segunda contribuição deste trabalho é o caminho a ser percorrido para a garantia
da credibilidade dos dados, balizado pelos preceitos recomendados pelas normas de
qualidade laboratorial. E aqui é interessante notar as imensas possibilidades para se
explorar com mais detalhes as exigências globais atribuídas às questões relativas à
arquitetura dos laboratórios.
Assim, este trabalho segue a investigação das condicionantes arquitetônicas
exigidas nas normas reguladoras e propõe uma estrutura mais detalhada de análise e
avaliação da relação do espaço com a qualidade dos dados fornecidos, sob duas
perspectivas coexistentes:
1. do ponto de vista da qualidade analítica dos ensaios;
2. do ponto de vista do conforto e saúde dos funcionários envolvidos no processo.
Em decorrência da grande abrangência de premissas possíveis de discussão, o
recorte do tema determinado por esta monografia considera, então, o conjunto de
necessidades atribuídas ao funcionamento de um laboratório de toxicologia com ensaios em
matrizes biológicas provenientes de meios aquáticos, notadamente um estudo de caso do
Laboratório de Toxicologia conduzido pela CETESB4, o qual realiza análises da
concentração de metais totais e organometais em peixes, macrófitas e invertebrados, com
coleta de amostras em nove pontos da Bacia Hidrográfica Alto Tietê - UGRHI 6 (Unidade de
Gerenciamento de Recursos Hídricos 6).
4
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, em sua atual denominação firmada pela Lei
Estadual nº 13.542 de 2009, é o órgão delegado do Governo do Estado de São Paulo na área de controle
da poluição, o órgão executor do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção,
Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos recursos Naturais (SEAQUA) e o
órgão gestor da qualidade do Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SIRGHR)
(CETESB, 2012a).
11
Os critérios de escolha por esse ensaio particular e a justificativa do recorte temático
desta monografia estão alinhados, em primeiro lugar, à fundamentação mais específica do
conteúdo, num universo tão amplo quanto o dos laboratórios ambientais presentes em
inúmeras análises de água, solo, ar, em que a delimitação focada no tema dos recursos
hídricos permite explorar mais detalhadamente um assunto substancial tão considerável. A
importância da água à vida e às atividades humanas associadas à questão da crise no
abastecimento de água em São Paulo agravada nos anos 2014 / 2015, em especial, em sua
Região Metropolitana, demonstra uma clara relevância da gestão ambiental envolvendo a
qualidade e a disponibilidade hídrica da região.
Em segundo lugar, a escolha em aprofundar o tema em um estudo de caso de
laboratório de ensaios toxicológicos, mostra-se pertinente já que tal laboratório propõe
aperfeiçoar a base de dados do monitoramento de uso e disponibilidade dos recursos
hídricos da Bacia Alto Tietê, que atende uma população urbana na Região Metropolitana de
São Paulo (RMSP) de mais de 20,6 milhões5 de pessoas. Os indicadores biológicos são
previstos pela Resolução CONAMA nº 357 de 20056 para a avaliação da qualidade dos
ambientes aquáticos para efeitos de enquadramento legal dos corpos hídricos para uso das
águas quando apropriado (BRASIL, 2005).
Ao inserir dados provenientes de ensaios de detecção de metais pesados em
matrizes biológicas, como peixes, algas e outros organismos na rede de monitoramento,
tem-se o objetivo de detalhar o cenário de contaminação expresso pelas tradicionais
análises em água e sedimento e revelar com mais detalhes a extensão efetiva desses
contaminantes (CETESB, 2012b).
Portanto, em consonância com a atualidade do assunto e sua importância
estratégica na gestão ambiental, esta monografia optou por abordar os aspectos
arquitetônicos laboratoriais a partir de um estudo de caso relacionado à infraestrutura
distinta de um grupo de análises relativas a uma metodologia de ensaios toxicológicos em
matrizes biológicas em meio aquático proveniente da UGRHI 6 Alto Tietê.
Assim, ao percorrer esse roteiro, esta monografia pretende criar uma base de
informações capaz de gerar insumos para a produção de soluções arquitetônicas diversas e
fonte de incentivo para outros arquitetos e engenheiros na missão de produzir laboratórios
ambientais com a qualidade arquitetônica desejada. Sem pretensões de comparar o produto
deste trabalho a obra do arquiteto e professor Herman Hertzberger, ele é fonte de
inspiração:
5
Dado do Relatório anual de qualidade das águas superficiais no estado de São Paulo, CETESB, 2015
6
Legislação Federal - Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, alterada pelas resoluções
CONAMA nº 410/2009 e nº 430/2011, “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências”.
12
É impossível dar receitas de como projetar, como todo o mundo sabe. (...) O
objetivo de minhas ‘lições’ sempre foi estimular os estudantes, despertar
neles uma mentalidade arquitetônica que pudesse capacitá-los a fazer seu
próprio trabalho. (HERTZBERGER, 1999)
13
2. Materiais e métodos
Este trabalho está fundamentado em duas discussões a respeito dos laboratórios
ambientais. A primeira, debatida nos capítulos 3 e 4, trata de uma revisão bibliográfica sobre
o papel dos laboratórios na gestão do meio ambiente. A segunda se dedica ao olhar mais
técnico dos laboratórios, acerca de seu funcionamento, em especial, no que diz respeito às
acomodações dos laboratórios e como a arquitetura pode promover o bom desempenho dos
ensaios dirigidos à análise da qualidade ambiental.
Nesta segunda etapa, o capítulo 5 observa as regulações de legislação e
normalização dos laboratórios ambientais, enquanto o capítulo 6 concentra-se numa revisão
bibliográfica das questões arquitetônicas no funcionamento laboratorial.
A complementação e a síntese da segunda etapa ocorrem por meio de um estudo de
caso (capítulo 7), em que são analisadas as questões inerentes à arquitetura e sua
aplicação no projeto do espaço. O objeto desse estudo é o laboratório de Toxicologia da
CETESB, dedicado a ampliar e a aperfeiçoar o monitoramento dos recursos hídricos da
Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (UGRHI6), por meio de uma avaliação na contaminação
desses ambientes aquáticos por metais pesados em matrizes biológicas.
O estudo de caso reúne e sistematiza as informações contidas no método de
investigação e produção do projeto do Laboratório de Toxicologia elaborado em 2014 e
reformado em 2016. Para efeitos, o estudo de caso foi dividido nas seguintes fases:
- contextualização do programa de pesquisa a ser realizado no laboratório, baseado
na análise do projeto de pesquisa e entrevistas com os responsáveis, Químº Dr.
Gilson Alves Quinaglia, Tecgº Ivo Freitas de Oliveira e Farmª Msc Daniela Dayrell
Franca;
- visita de campo para referências arquitetônicas de laboratórios equivalentes;
- vistoria do local de implantação do laboratório e levantamento de condicionantes
espaciais e infraestruturas existentes;
- levantamento das necessidades arquitetônicas e identificação dos pontos críticos,
com base nas variáveis de maior influência da incerteza de medição;
- considerações orçamentárias;
- estruturação do programa de necessidades do laboratório;
- concepção do estudo de massas;
- elaboração do projeto arquitetônico.
O objetivo desta investigação é realizar uma análise qualitativa das etapas de
concepção do projeto arquitetônico desenvolvido consonante com a revisão bibliográfica
abordada nos capítulos anteriores. O propósito é correlacionar os fatores de influência
ocasionados pelas instalações arquitetônicas sobre os ensaios do programa de pesquisa,
14
sem abordar, no entanto, questões numéricas quantitativas ou nos cálculos de incerteza de
medição.
15
3. O contexto ambiental
16
alguns pintores se particularizaram por reproduzir imagens de paisagens naturais, numa
clara mensagem de fuga da cidade e uma idealização da própria natureza intocada pelos
humanos, outros artistas utilizaram subterfúgio semelhante para negar a cidade ao retratar a
autenticidade banal do cotidiano dos habitantes urbanos com uso de recursos expressivos
provocativos de críticas à cidade. Literatura, escultura e demais artes ocidentais do período
passavam por correntes criativas de influência e inspiração semelhantes à pintura
(BENEVOLO, 1994).
Em meio a essas inquietações e reflexões, houve o surgimento do movimento
ambientalista (ONU) com o aparecimento na Grã-Bretanha da década de 1860 dos
primeiros grupos organizados com propósito de proteger a natureza (VEIGA, 2006).
Um século depois dos primeiros grupos ambientalistas surgidos na Grã-Bretanha, o
tema ambiental ganhou mais visibilidade com a publicação, em 1962, do livro A Primavera
Silenciosa, da cientista Rachel Carson. Esse foi um marco na literatura do ambientalismo,
responsável por impulsionar de forma decisiva a discussão ambiental no mundo (ONU,
online) e suficiente para provocar a origem de um novo vetor político conduzido por
premissas do meio ambiente (VEIGA, 2006)
No fim dos anos 1960, a visão ambiental já era um fenômeno global e sob este
contexto, em 1972, a ONU organizou a imponente Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. O debate dessa reunião foi convertido em um
Manifesto Ambiental cujo efeito foi de estabelecer a entrada oficial da proteção ao meio
ambiente na agenda política mundial, oficializado no final desse mesmo ano com a criação
do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) (ONU, online).
Na década seguinte, a médica e mestre em saúde pública Gro Harlem Brundtland foi
nomeada para presidir a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da
ONU e coordenar os trabalhos desse grupo conduzidos com objetivo de aprofundar a
questão ambiental (ONU, online).
Os estudos orientados pela médica norueguesa discorreram sobre o novo conceito
de desenvolvimento sustentável, expressão empregada pela primeira vez em 1979 no
Simpósio das Nações Unidas sobre as Inter-relações entre Recursos, Ambiente e
Desenvolvimento. No documento “Nosso Futuro Comum” apresentado pela Comissão na
Assembléia Geral da ONU de 1987, conhecido como Relatório Brundtland, alçou a
sustentabilidade não apenas como um discurso público, mas também como um conceito
político (ONU, online; VEIGA, 2006).
O relatório Brundtland, dessa forma, assumiu a vanguarda do tema ambiental ao
definir o novíssimo conceito de desenvolvimento sustentável:
17
O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações
7
futuras de suprir suas próprias necessidades. (Citado em ONU, online)
Assim como em boa parte dos países do mundo, o jovem fenômeno ambiental foi
incorporado na agenda política brasileira apenas em sua história recente. A implementação
de ações originadas pelas instituições públicas do Brasil na forma de leis com objetivo de
proteção dos recursos naturais do país percorreu paralelamente aos caminhos da história
internacional (FREIRIA, 2009).
Do período colonial ao Império, o Brasil não apresentava preocupações diretas
relacionadas com quaisquer tipos de proteção da natureza em seu território. Os bens
ambientais eram vistos como fontes de matérias-primas e não existiam indícios de ocorrer
qualquer tipo de restrição ou escassez desses materiais. Nesse sentido, a dimensão
ambiental nas políticas públicas foi nula nesse período. O Estado em quase quatro séculos
tinha como objetivo garantir a ocupação e utilização do território brasileiro e escolheu uma
base econômica agrária para tal. Não houve esforços para intervenções em benefício da
7
Relatório Brudndtland, “Nosso Futuro Comum”.
18
proteção ambiental, uma vez que a percepção daquela época demonstrava o meio ambiente
como fonte inesgotável de recursos (FREIRIA, 2009).
Em meados do século XX, a Era Vargas trazia planos para ampliar a importância da
produção industrial na economia brasileira, até então baseada na agricultura. Nesse
momento da história, não por coincidência, o governo passou a incorporar mecanismos
legislativos para estabelecer critérios de exploração e para regulamentar o uso das riquezas
naturais do país, uma vez que essas formavam o banco de matérias-primas produtivas e
parte essencial para os planos de crescimento da economia brasileira.
Em 1934, surgiram dois grandes marcos legislativos ambientais: o Código Florestal8
e o Código das Águas9. Enquanto o primeiro disciplinava a exploração econômica dos
recursos madeireiros, o segundo impunha limites para o uso da água para fins industriais e
de geração de energia. Igualmente importante no contexto de industrialização, em 1940, foi
promulgado o Código de Minas10, num mecanismo de proteção das matérias-primas de
origem mineral, incluindo a proibição de participação da extração e beneficiamento de
metais por outros países (FREIRIA, 2009).
Nos anos 1960, despontaram um novo conjunto de legislações e políticas públicas
orientadas a enfrentar as dificuldades inerentes ao contexto de intensificação do processo
de industrialização, com um expressivo êxodo rural responsável por impulsionar um rápido e
desordenado crescimento das cidades e a formação de uma massa operária urbana.
Uma dessas normas legais foi a Política Nacional de Saneamento11, instituída em
1967, para ordenar os serviços de água e esgoto, que até aquele momento eram questões
sob responsabilidade de políticas relacionadas a saúde pública, passando então a
compreender as dinâmicas relativas aos aspectos ambientais com mais clareza e suas
demandas incorporadas em gestões de políticas públicas com objetivos próprios (FREIRIA,
2009).
Não por acaso, no Estado de São Paulo, foi instituído em 1968 o Fomento Estadual
de Saneamento Básico (FESB), dedicado à execução de programas de abastecimento de
água e sistemas de esgoto. No mesmo ano, o governo estadual criou o Centro Tecnológico
de Saneamento Básico (CETESB), com intuito inicial de oferecer ao FESB suporte em
pesquisas, ensaios e treinamentos, e mais tarde, já nos anos 1970, a CETESB assumiu
atribuições de órgão de controle da poluição e licenciamento corretivo em atividades
potencialmente emissoras de poluentes nas águas, ar e solo do Estado de São Paulo
8
Legislação Federal - Código Florestal: Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934.
9
Legislação Federal - Código das Águas: Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934.
10
Legislação Federal - Código de Minas: Decreto-lei nº 1985, de 29 de janeiro de 1940.
11
Legislação Federal - Política Nacional de Saneamento: Lei nº 5.318, de 26 de setembro de 1967.
19
(CETESB, 2005). Em 1976, o Estado de São Paulo promulgou a lei nº 99712 regulamentada
pelo decreto nº 8.468 acerca do controle da poluição do meio ambiente, restringindo as
quantidades máximas de poluentes a serem lançados no meio ambiente (SANTOS, 2009).
Nos anos de 1970 e 1980, as discussões relativas à qualidade de vida da população
incorporaram questões de conservação e preservação dos recursos naturais e a inserção do
homem ao meio ambiente (FIDALGO, 2003). Foi o início do surgimento de leis ambientais
com concepções mais sistêmicas e interdisciplinares do meio ambiente e sua relação com
os seres humanos, o território e os recursos naturais (FREIRIA, 2009). A Política Nacional
do Meio Ambiente13 é bastante representativa desse contexto, pois esta constituiu a primeira
norma legislativa com uma proposta de planejamento evidentemente ambiental no Brasil
(FERREIRA DOS SANTOS, 2004).
A promulgação da Constituição Federal brasileira em 1988 determinou outro marco
importante para a gestão ambiental brasileira, uma vez que a carta magna reservou um
capítulo específico para discorrer sobre a política ambiental do país, o que trouxe previsões
legais com repercussão bastante abrangente. A partir das considerações de seu texto,
Poder Público e a coletividade têm a obrigação legal de preservar o ambiente, atribuindo
responsabilidade recíproca a Município, Estado, Distrito Federal e União na competência de
“proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”14
No contexto do fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, a nova Constituição em
conjunto com o evento internacional Rio 92 ocorrido em solo brasileiro, tornou o conceito de
desenvolvimento sustentável uma referência a ser incorporada nas políticas ambientais
nacionais.
A Política Nacional de Recursos Hídricos15 de 1997 estabeleceu objetivos explícitos
de garantia do uso sustentável dos recursos hídricos por meio de uma gestão participativa.
No mesmo ano, no campo do licenciamento ambiental, a Resolução CONAMA nº 23716
revisou o ordenamento das licenças ambientais, estabeleceu procedimentos, ratificou a
Constituição Federal e a Política Nacional do Meio Ambiente ao estabelecer a
descentralização da gestão e incorporar instrumentos de gestão ambiental, com propósito
de alcançar o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua (FREIRIA, 2009).
No Estado de São Paulo, em 1997 foi estabelecida a Política Estadual do Meio
Ambiente17, que além de diretrizes e ferramentas relativas à gestão ambiental do Estado,
12
Legislação Estadual (SP) – Dispões sobre o controle da poluição do meio ambiente: Lei nº 997, de 31 de
maio de 1976, regulamentada pelo decreto nº 8.468, de 8 de setembro de 1976, que estabelece padrões
de qualidade ambiental do Estado.
13
Legislação Federal - Política Nacional do Meio Ambiente: Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
14
Artigo 23, inciso VI da Constituição Federal.
15
Legislação Federal - Política Nacional de Recursos Hídricos: Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
16
Legislação Federal - Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997.
17
Legislação Estadual (SP) - Política Estadual do Meio Ambiente: Lei nº 9.509, de 20 de março de 1997.
20
constituiu o Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção. Controle
e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais (SEAQUA)18.
18
SEAQUA - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e
Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais, estabelecido pela Lei
Estadual nº 9.509 de 1997, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e estruturado
a partir de seu órgão central, a Secretaria do Meio Ambiente (SMA) (ALESP, 1997).
21
4. A gestão ambiental e o papel dos laboratórios ambientais
4.1. Gestão ambiental
Diante da contextualização das questões ambientais e instrumentos legislativos
brasileiros, mostra-se oportuno discutir a gestão ambiental, uma vez que é por meio do
processo de gestão que as questões ambientais são abordadas no dia a dia e têm-se
definidas as prioridades e o uso adequado de recursos disponíveis.
Freiria (2009) aponta que são diversas as definições acerca da gestão ambiental.
Neste trabalho será considerada a definição metodológica de Ferreira dos Santos (2004),
entendida como a integração entre o planejamento, o gerenciamento e a política ambiental
(FERREIRA DOS SANTOS, 2004), numa relação sinérgica no desempenho desses três
conceitos.
O planejamento ambiental pode ser definido como uma estratégia para integração,
adequação, proteção e ordenamento das relações entre os sistemas ecológicos e as ações
humanas, buscando harmonizar o aproveitamento dos recursos naturais como fonte de
matérias-primas pautando-se pelos limites inerentes ao meio e a sua sustentabilidade. É no
planejamento ambiental que são definidas as metas e os objetivos a serem conquistados, a
luz de uma política ambiental predefinida, sendo materializado por meio de planos,
programas e projetos (FREIRIA, 2009; FERREIRA DOS SANTOS, 2004).
Já o gerenciamento ambiental tem seu papel atuante em um âmbito executivo do
planejamento, ao aplicar, administrar, controlar e monitorar as proposições delineadas pelo
planejamento (FERREIRA DOS SANTOS, 2004).
Nesse sentido, a política ambiental estabelece as diretrizes, princípios e valores a fim
de promover o desenvolvimento sustentável. No Brasil, a política ambiental nacional está
formalizada por meio das normas legislativas infraconstitucionais nas esferas da União,
Estados e Municípios, em que sua principal representante e norteadora é a Lei nº 6.938, a
Política Nacional do Meio Ambiente (FREIRIA, 2009).
22
Políticas Públicas
Diretrizes
Princípios
Valores
Planejamento Gerenciamento
Diagnóstico Aplicação prática
Estratégias
Metas
23
4.2. Ferramentas de gestão ambiental
24
4.2.1. Os padrões de qualidade ambiental
25
O conceito que estrutura o licenciamento na gestão ambiental é o de conciliar o
desenvolvimento econômico à qualidade ambiental e à saúde pública, a partir da
determinação e exigência de requisitos preventivos e de controle aos empreendimentos em
busca de um desenvolvimento sustentável (CETESB, 2005). Ou seja, o licenciamento é um
recurso de controle preventivo à poluição que utiliza o estabelecimento de exigências
técnicas prévias à instalação de empreendimentos potencialmente poluidores (SANTOS,
2009).
Em resumo, a partir do licenciamento, são estabelecidas as quantidades máximas de
lançamentos de poluentes permitidos pelos empreendimentos para se manter os padrões de
qualidade ambiental legalmente definidos.
Nos anos 1970, o licenciamento já era um procedimento requerido para o
funcionamento de indústrias nos Estados onde a atividade econômica industrial era mais
desenvolvida, mais precisamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (IPEA,
2010).
Em São Paulo, o órgão estadual designado a emitir as licenças aos
empreendimentos industriais nesse período foi a CETESB, criada como uma sociedade
anônima em 1973, inicialmente com o nome de Companhia Estadual de Tecnologia e
Saneamento Básico e de Controle da Poluição das Águas. Já em 1976, a Companhia
recebeu atribuição de órgão de controle da poluição e licenciamento corretivo a partir do
início da vigência da Lei nº 997/197619 (CETESB, 2005).
Com um início descentralizado nos Estados do Sudeste, gradativamente expandido a
outras localidades do país, o licenciamento ambiental tinha o objetivo primordial de controlar
a poluição industrial (IPEA, 2010). Hoje, esse instrumento abrange um leque bastante
extenso de modelos de empreendimentos cuja implantação possa resultar em degradação
ambiental potencial ou efetiva (BRASIL, 2009) e está detalhado na Resolução CONAMA nº
237 de 1997.
19
Legislação Estadual (SP) - Lei nº 997, de 31 de maio de 1976, dispõe sobre o controle da poluição do
meio ambiente.
26
monitoramento ambiental, então, é um instrumento que atua como um mecanismo de
observação constante do meio ambiente, em especial, das componentes ambientais água,
ar e solo (BRASIL, 2009).
Dessa forma, interpreta-se o monitoramento ambiental como um procedimento de
observações sistemáticas no tempo e no espaço por meio de medição contínua e avaliação
de fatores e parâmetros representativos e preestabelecidos para indicar a qualidade de um
ambiente natural ou urbano no que corresponde à poluição ou quaisquer outros impactos
ambientais (BRASIL, 2009; NARVAES, 2012).
A partir do monitoramento ambiental, é possível avaliar as condições de um
determinado ecossistema dentro dos padrões de qualidade ambiental e viabiliza-se
retroalimentar a gestão ambiental com informações pertinentes que indiquem caminhos
substanciais para tomadas de decisão.
Dessa forma, é profundamente significativa e relevante a formação cuidadosa do
banco de dados preceptor dos indicadores ambientais. Todo o conceito preconizado pela
gestão ambiental depende do bom encaminhamento da escolha dos parâmetros a serem
estudados a partir dos indicadores mais adequados e sua importância dentro do contexto e
do cruzamento das informações entre si (FERREIRA DOS SANTOS, 2004).
Nesse sentido, assim como em toda a gestão ambiental, no monitoramento são
utilizados dados de diversas naturezas a fim de serem comparados, transformados ou
combinados em diagnóstico ambiental (FERREIRA DOS SANTOS, 2004).
27
interpretação
Características do Interpretação em
pH pH=6,2 Caráter ácido
meio função do meio
Em regiões calcárias,
Provavelmente
espera-se encontrar
ocorrem impactos
pH básico
Em regiões com
Mata Atlântica Provavelmente não
espera-se encontrar ocorrem impactos
pH ácido
28
Tabela 1. Requisitos para garantia de qualidade na formação de Índices e Indicadores Ambientais.
Requisitos
Diz respeito ao grau de responsabilidade dos envolvidos na fonte dos
Fonte da informação
dados
Forma de coleta e
elaboração do dado
Esses requisitos se referem às metodologias de coleta, sua documentação
Elaboração do dado
e atualização.
Atualização da informação
em intervalos regulares
Clareza e objetividade dos Tem relação com a repetibilidade dos métodos de obtenção dos dados e a
procedimentos precisão da informações geradas, de forma a permitir análises
Validade científica comparativas válidas.
Os valores de referência são importantes para a possibilidade de
Valores de referência comparações e embasar a relevância de um indicador dentro de um
contexto
Os indicadores devem evitar a redundância, ou seja, apresentar diversos
Concisão
dados para apresentar a mesma informação
Adequar o intervalo de tempo ao contexto para que o indicador seja
Conformidade temporal
aceitável
Capacidade de retratar os fenômenos da área de estudo ou de atender as
Representatividade
metas e objetivos definidos
Capacidade do indicador permitir a distinção entre as condições aceitáveis
Tradução
e inaceitáveis, do ponto de vista científico, técnico ou legal
Conveniência entre a escala da informação e a escala adotada para o
Conveniência da escala
estudo, em especial para a abrangência do monitoramento
Preventiva Uma informação deve apresentar um mínimo de resposta a mudanças no
meio para ser confiável, de forma a criar uma tendência de rede de
causalidade.
Quanto mais uma informação é sensível às mudanças, mais seu número
mostra-se confiável, uma vez que mesmo pequenas alterações no
Sensibilidade
Séries ambiente podem ser sinalizadas por indicadores de forma imediata.
às mudanças
temporais Quando um indicador tem natureza preventiva, quanto mais sensível o
indicador em resposta a alteração do meio, mais rápido de sinalizar a
degradação. No caso das séries temporais (monitoramento), os indicadores
devem ter a capacidade de expressar as mudanças em uma escala de
tempo compatível.
Conectividade Diz respeito a interação de um indicador com outros do meio e as
respostas integradas às suas mudanças
Integrabilidade Capacidade de sintetizar informação de outros indicadores
29
Dentre os tipos de indicadores e índices agrupados por seus propósitos de aplicação,
para o meio ambiente são amplamente utilizados aqueles destinados a expressar as
condições de qualidade ou estado do meio (FERREIRA DOS SANTOS, 2004).
20
Legislação Federal - Política Nacional de Recursos Hídricos: Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997
21
Legislação Federal - Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005, alterada pelas resoluções
CONAMA 410/2009 e 430/2011
30
concentração permitidas. O limite máximo permissível das variáveis para
cada classe de água é denominado de padrão de qualidade (CETESB,
2015).
31
Tabela 2. Índices de Qualidade, sua finalidade, composição, redes de monitoramento e
pontos da rede.
22
Legislação Federal - Resolução CONAMA nº 396, de 3 de abril de 2008
32
capacidade de traçar um cenário representativo para o conhecimento das componentes do
ambiente. Sendo assim, a função dos Laboratórios Ambientais na gestão do meio ambiente
é de oferecer suporte técnico e legal para sua implementação, desde a sua concepção até
sua aplicação prática.
A fiscalização dos empreendimentos licenciados não seria possível sem o apoio dos
laboratórios ambientais, capazes de gerar dados assinalando o enquadramento de tais
empreendimentos como ajustados ou não aos padrões de qualidade ambiental. Os
laboratórios, assim, têm a tarefa de oferecer dados objetivos, representativos, comparáveis
e de fácil interpretação, capazes de oferecer uma base sólida para retroalimentar a gestão
ambiental e para a tomada de decisões assertivas. Resultados não confiáveis poderiam
ocasionar em tomadas de decisão duvidosas, ineficazes ou excessivamente conservadoras.
Santos (2009) destaca que “uma das principais funções de um laboratório analítico é
produzir informações com qualidade conhecida, tecnicamente válida e legalmente
defensável”. Toda a cadeia de procedimentos deve compreender uma série de medidas
necessárias para assegurar a qualidade das análises e garantir dados confiáveis, incluindo o
planejamento, o processo de amostragem, a realização dos ensaios em si e a utilização dos
resultados.
É possível perceber esta relação na gestão dos recursos hídricos no cumprimento da
Resolução CONAMA nº 357 de 2005, em que os indicadores de qualidade da água para o
enquadramento dos corpos hídricos na norma são provenientes da comparação entre os
limites estabelecidos pela Resolução e os resultados analíticos dos laboratórios de controle
ambiental, seja por monitoramentos prolongados, seja por estudos específicos ou
avaliações individualizadas (SANTOS, 2009).
Nesse sentido, é um requisito básico que os dados laboratoriais utilizados para o
enquadramento dos recursos hídricos sejam originados a partir de metodologias confiáveis,
padronizadas e consagradas. Dessa forma, as questões relacionadas à confiabilidade dos
dados laboratoriais estão intimamente ligadas ao desenvolvimento de um controle da
qualidade analítica desses laboratórios ambientais (SANTOS, 2009).
No caminho percorrido até este ponto por este trabalho, foi possível demonstrar o
papel fundamental dos laboratórios ambientais para o cumprimento e aplicação prática da
gestão ambiental.
33
5. O controle de qualidade nos laboratórios ambientais
23
Citando COSTA, JR, Projeto: Controle da Qualidade Analítica. São Paulo: CETESB, sd.
34
No recorte desta monografia, as normas legislativas consideradas mais significativas
são, no âmbito federal as Resoluções CONAMA nº 357 de 2005 e nº 396 de 2008, bem
como no campo estadual, o Decreto 8.468 de 1976 e a Resolução SMA nº 100 de 201324,
esta última especificamente concebida para regulamentar determinadas condições para
validar os resultados analíticos diante do Poder Público.
Abrindo caminho para a implementação de controle de qualidade em laboratórios, a
Resolução CONAMA nº 357 de 2005 previu a adoção de procedimentos de controle de
qualidade analítica laboratorial, uma vez que o Poder Público estabelece parâmetros de
qualidade da água, estipulando que os laboratórios estejam adaptados para cumprir a
quantificação das concentrações de substâncias nas matrizes analisadas (BRASIL, 2005).
Na mesma direção, a Resolução CONAMA nº 396 de 2008 estabelece
procedimentos mínimos para assegurar a qualidade da caracterização dos dados, entrando
no mérito da padronização dos processos de coleta, análise, limites de quantificação
praticáveis e laudos de resultados (BRASIL, 2008).
No Estado de São Paulo, ainda em vigência, o Decreto nº 8.468 de 197625 que
regulamenta a Lei nº 997 do mesmo ano, apresenta preocupação com a qualidade das
metodologias de análise laboratorial, onde no “Título II – da Poluição das Águas”, o Artigo 16
já estabelecia uma referências metodológicas de análise:
Artigo 16 — Os métodos de análises devem ser os internacionalmente
aceitos e especificados no ‘Standard Methods’, última edição, salvo os
constantes de normas específicas já aprovadas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) (ALESP, 1976a).
24
Legislação Estadual (SP) – Resolução SMA nº 100 de 17 de outubro de 2013.
25
O Decreto Estadual nº 8.468 de 8 de setembro de 1976, que além de regulamentar a Lei nº 997 de 1976,
também estabelece os padrões de qualidade ambiental de São Paulo
26
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, é uma autarquia
federal subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
27
Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025 – Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e
calibração, última versão válida a partir de 31 de outubro de 2005.
35
diretrizes dessa norma e que espontaneamente participam do processo para serem
avaliados e em caso de conformidade, serem acreditados.
A integração da norma NBR ISO/IEC 17025 como base de requisitos para sustentar
a Resolução SMA nº 100 se traduz em uma exigência legal de qualificação objetiva dos
ensaios e corresponde a uma referência regulatória importante nesse tema, uma vez que
um processo de acreditação “representa o reconhecimento formal da competência de um
Organismo de Avaliação da Conformidade para o desenvolvimento de tarefas específicas,
segundo requisitos pré-estabelecidos” (SANTOS, 2009).
28
Legislação Estadual (SP) – Resolução SMA nº 37 de 30 de agosto de 2006.
29
Em 2012, a SMA nº 37 de 2005 foi revogada pela Resolução SMA nº 90 de 13 de novembro de 2012 que
“Regulamenta as exigências para os resultados analíticos, incluindo-se a amostragem, objetos de
apreciação pelos órgãos integrantes do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental,
Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais -
SEAQUA, e que subsidiam o exercício de suas atribuições legais do controle, monitoramento e a
fiscalização das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental”. Em outubro de 2013, foi revogada pela Resolução SMA nº 100
deste ano.
36
reforça a acreditação de ensaios, incluindo a etapa de amostragem, pelos preceitos da
norma NBR ISO/IEC 17025 (SMA, 2013):
37
aqueles oportunamente desenvolvidos pelo próprio laboratório (SANTOS,
2009).
38
Tabela 4. Resumo esquemático do Capítulo 4 - Requisitos de direção da NBR ISO/IEC 17025
39
uma interpretação errônea dos resultados. Em síntese, os requisitos técnicos abrangem
todos os possíveis fatores técnicos de influência direta ou indireta em maior ou menor grau
nas análises e calibrações, desde aspectos relativos a mão de obra, condições do ambiente
de trabalho, infraestrutura e precisão de equipamentos e instrumentos até mesmo nas
definições e critérios para definição dos métodos de análise e calibração empregados.
Os itens que constituem o Capítulo 5 estão esquematizados na tabela a seguir:
40
6. Aspectos arquitetônicos nos laboratórios ambientais
If architecture deals with reality then it is also the result of a dialectic process
between the given conditions and its derived ideal vision. The term
contextualism is called to mind, which means nothing else but architecture
that is derived from its local context. […] The creative objective of
architecture is to visualise the task, to integrate itself into the context, to
accentuate and enhance the qualities of the site. Over and over again
30
architecture is the recognition of the genius loci it arises from
Uma abordagem transdisciplinar envolve a combinação de conceitos até mesmo
considerados antagônicos (BRAUN et al, 2005). Racionalidade espacial, conveniência
técnica, conforto ambiental, adequação ao entorno e relação com o ambiente externo,
segurança, identidade cultural, sustentabilidade, estética, saúde dos usuários, administração
de custos, tudo deve fazer parte da matriz arquitetônica de qualquer edifício, inclusive de
laboratórios.
O projeto, construção e operação de edifícios de laboratório pode ser uma tarefa
complexa e difícil. À medida que novas tecnologias surgem e novas descobertas são feitas,
os laboratórios devem evoluir para manter um passo à frente da ciência. (DIBERADINIS,
2001)
30
Frase do arquiteto alemão Oswald Mathias Unger, citado em Braun et al (2005), em livre tradução: "Se a
arquitetura lida com a realidade, ela também é o resultado de um processo dialético entre as condições
dadas e sua visão ideal derivada. O termo contextualismo é chamado à mente, o que significa nada mais
que a arquitetura que é derivada de seu contexto local. [...] O objetivo criativo da arquitetura é visualizar a
tarefa, integrar-se no contexto, acentuar e realçar as qualidades do local. Mais uma vez, a arquitetura é o
reconhecimento do ‘genius loci’ [o caráter sócio-cultural e arquitetônico intrínseco do local] que desponta”
41
Neste capítulo, então, serão abordadas as questões e necessidades arquitetônicas
pertinentes a um edifício, observando três conceitos: as condicionantes técnicas de ensaio e
qualidade analítica, as questões de sustentabilidade do edifício e as questões pertinentes
aos indivíduos envolvidos no processo, no que diz respeito a conforto, saúde e segurança.
Esse estudo estará concentrado nos pressupostos arquitetônicos na fase de
planejamento e projeto. Embora o edifício seja na prática seu funcionamento, é na fase
projetual em que se tem a chance de absorver as necessidades e incorporá-las ao partido
arquitetônico empregado. É na fase de projeto em que se estabelecem os critérios
construtivos para o atendimento do uso do espaço. Uma proposta de projeto arbitrária pode
levar a edifícios de laboratórios com funcionamento extremamente ineficientes. E nesse
sentido, serão trabalhados conceitos de projeto cuja reflexão é necessária para o sucesso
de seu funcionamento. A intenção não é de criar receitas ou modelos de layout replicáveis,
mas sim demonstrar as premissas sob as quais um projeto deve apoiar-se para produzir
uma solução arquitetônica de qualidade adequada às expectativas.
42
Conceitos de
Sustentabilidade
Demandas técnicas
[NBR ISO/IEC 17025, manuais
e metodologias válidas]
43
conseguimos descrever se tratar de um ruído, do excesso – ou falta – de
calor, da ausência ou excesso de luz que nos incomoda (BARROSO-
KRAUSE, 2011).
Do ponto de vista fisiológico, a experiência de conforto no ser humano também
alterna diariamente por momentos de fadiga, chamada de catabolismo, e por uma etapa de
repouso, o anabolismo (FROTA et al, 2003). A mesma autora (2003) descreve os três tipos
de fadiga fisiológica humana:
a) física, muscular, resultante do trabalho de força;
b) termo-hidrométrica, relativa ao calor ou ao frio;
c) nervosa, particularmente visual e sonora. (FROTA et al, 2003)
B) Condições de segurança
31
Trabalho aqui está empregado no sentido de realização de quaisquer tipos de atividades que demandem
energia para execução.
44
As questões arquitetônicas, nesse sentido, apresentam fatores de influência direta
aos assuntos relacionados a segurança do laboratório (HIRATA, R, 2012). Instalações
ofertadas para manuseio de amostras e componentes químicos, locais de armazenamento,
condições operacionais de equipamentos, entre outros, devem contemplar requisitos de
segurança na elaboração de um projeto de laboratório.
A seguir, uma tabela compilada dos conceitos de M. Hirata(2012), R. Hirata (2012),
Mamizuka (2012) e WHO (2004) com os tipos de risco em laboratórios:
45
C) Sustentabilidade
46
técnicas seletivas ou conservativas de energia natural em encontro ao propósito de
potencializar a melhor relação entre usuário, as condições climáticas e a racionalização de
energia (BARBIRATO et al, 2011).
A envoltória racionalizada pode aproveitar o que o clima apresenta de agradável e
amenizar seus aspectos negativos, podendo ocasionar a redução da potência instalada de
sistemas artificiais consumidores de energia para condicionamento de ar e iluminação, por
exemplo (FROTA et al, 2003).
Lomardo (2011) diferencia, no universo dos edifícios, a energia total inserida em seu
sistema em três tipos:
- A energia consumida quando da construção do prédio, embutida na
produção e transporte dos materiais de construção, bem como na sua
manipulação no canteiro de obras, designada por alguns autores ‘conteúdo
energético predial’;
- A energia consumida pelas atividades desenvolvidas no prédio, pelo uso
dos equipamentos necessários e indispensáveis às atividades exercidas
pelos usuários;
- A energia consumida, destinada a prover aos usuários as condições de
conforto necessárias à habitabilidade. A noção de conforto ambiental deriva
do metabolismo humano e de seus requerimentos (LOMARDO, 2011).
A arquitetura bioclimática está, então, estreitamente unida às questões de conforto
ambiental. Nesse sentido, o edifício e seu partido arquitetônico determinam uma relação
entre o ser humano e o meio ambiente, estabelecendo o controle de variáveis do meio
externo, pressupondo condições de conforto e habilidade aos usuários daquele espaço
(GONÇALVES et al, 2011).
47
subjetivas e estéticas relacionadas ao tema também são pertinentes, no entanto, não serão
exploradas no decorrer deste trabalho.
Todo edifício deve ser considerado tendo em vista o contexto em que está inserido e
como sua construção afeta um determinado perímetro de influência. O microclima, as
tipologias arquitetônicas do entorno, os padrões de uso do solo da vizinhança, a circulação
de pessoas e veículos, a topografia, infraestruturas disponíveis, a identidade cultural, entre
outros influenciam e são influenciados, em maior ou menor grau, pelos edifícios que
compõem aquela paisagem.
Mas quais são as consequências dos três níveis de influência climática em relação a
um edifício? A depender do partido arquitetônico adotado, o resultado é a produção de
estímulos ambientais e físicos variáveis, com influências na iluminação natural, no que
concerne a quantidade de luz, forma de distribuição e a correlação de luminância e
contraste; na temperatura do ar e umidade relativa interna; na distribuição e percepção de
ruído, entre outros. (GONÇALVES et al, 2011).
Eleger um partido arquitetônico adequado ao clima local implica em incluir
espontaneamente questões de sustentabilidade e conforto ambiental ao edifício, inclusive
com consequências positivas em demandas puramente técnicas. Por exemplo, em uma
atividade laboratorial com níveis mandatórios de faixas de temperatura restritivas, um
48
edifício preparado, por exemplo, para amenizar variações de calor excessivo, é uma opção
mais segura de se manter uma faixa homogênea de temperatura, se comparado a um
edifício de baixo desempenho térmico, ainda que ambos se utilizem de climatização
mecânica para tal. A estabilidade interna da temperatura, nesse caso, é uma aliada para o
melhor funcionamento e economia de energia dos equipamentos de condicionamento de ar
artificiais.
Condições microclimáticas urbanas são alteradas por diversos fatores locais e em
determinadas condições é comum a geração de ilhas de calor35. Por exemplo, na malha
urbana densa, os materiais de pavimentação usuais, como asfalto e concreto , com
característica de alta absorção da radiação solar são responsáveis por aumentar as
temperaturas locais. A disposição perpendicular das edificações em relação à direção do
vento e gabaritos de altura uniforme dos prédios podem prejudicar a circulação de ar local
caso as ruas não sejam suficientemente largas para a passagem da ventilação. A cor e o
material das superfícies externas das edificações também são fatores que influenciam a
dissipação ou não de calor urbano (BARBIRATO et al, 2011).
Por outro lado, determinadas condições urbanas conseguem amenizar localmente os
efeitos das ilhas de calor. Corpos de água, além de representar incremento de umidade,
podem funcionar como moderadores de temperatura, por apresentarem característica de
grande capacidade de armazenamento de calor, podendo gerar brisas locais próprias devido
ao aquecimento diferenciado entre a terra e a água. Vegetações urbanas também são
fontes de influência do microclima, uma vez que reduzem a temperatura do ar e do solo por
intermédio de sombreamento e transpiração (BARBIRATO et al, 2011).
Ainda sobre a presença de vegetação, além de reduzir a temperatura e elevar a
umidade local por mecanismos de evapotranspiração, árvores urbanas desempenham um
importante papel no controle de ruídos, na filtragem e dispersão da poluição atmosférica, na
redução da velocidade dos ventos, na prevenção de processos erosivos e favorece a
biodiversidade urbana, sem contar as qualificações paisagísticas, estéticas, sociais e
psicológicas proporcionadas pelas áreas verdes na cidade (BARBIRATO et al, 2011).
35
Ilha de calor: fenômeno climático observado nos grandes centros urbanos, em que o material
impermeável da cidade concentra o calor das radiações solares e cria locais com concentração de
temperaturas bem mais altas que as áreas vizinhas, além de alta concentração de poluição decorrente da
baixa dispersão (NARVAES, 2012).
49
Figura 4. Resfriamento evaporativo e sombreamento pela presença de vegetação. Fonte:
Luciano Dutra in LAMBERTS et al, 2014.
36
Aberturas zenitais são aberturas para ventilação e iluminação localizadas na cobertura dos edifícios. São
exemplos de aberturas zenitais sheds, lanternins, claraboias, cúpulas e átrios.
50
O Fachada Oeste
Cobertura
S Fachada Leste N
L
Figura 5. Orientação das fachadas de um edifício - Norte, Leste, Oeste e Sul. Fonte: autora,
2017
37
O solstício é o dia do ano em que a trajetória aparente do Sol corresponde ao percurso extremo solar.
Existem dois solstícios: o de verão, que corresponde ao percurso máximo solar e em que ocorre o dia
51
presença de obstruções que causem sombreamento no edifício, cada fachada recebe
insolação em determinados períodos do dia, com angulação de incidência dos raios solares
variável ao longo do ano, conforme a próxima figura:
VERÃO
INVERNO
Ângulos da
incidência solar
diferenciados ao
longo do ano, no
mesmo horário
Sombreamento
no verão
Sombreamento
no inverno
mais longo do ano, e o de inverno quando a altura solar atinge o mínimo e resulta no dia mais curto do
ano. Já o equinócio é o momento do ano em que o percurso solar caracteriza-se por oferecer, em toda a
Terra, a mesma duração do dia e da noite. (BARROSO-KRAUSE, 2011).
52
Radiação solar
incidente
Radiação solar
Radiação solar absorvida e
absorvida e dissipada para o
dissipada para o interior
exterior
Radiação solar
refletida Interior
Exterior
Figura 8. Trocas de calor através de superfícies opacas. Fonte: FROTA et al, 2003, adaptado
Radiação solar
incidente
Parcela da radiação
dissipada para o
interior
Parcela da radiação
dissipada para o
exterior
Parcela da radiação
que penetra por
Radiação solar transparência
refletida Interior
Exterior
53
Brise-
soleil
Radiação solar
incidente
Sombra
Reduz a quantidade
de radiação
dissipada para o
interior
Parcela da radiação
dissipada para o
exterior Reduz a quantidade
de radiação que
Reduz a radiação penetra por
solar refletida Interior transparência
Exterior
Figura 11. Radiação difusa. Fonte Luciano Dutra (LAMBERTS et al, 2014)
54
do ar interno, remover carga térmica da edificação proveniente por radiação solar e
promover o resfriamento fisiológico dos usuários (BITTENCOURT et al, 2010).
A ventilação natural é o deslocamento do ar através do edifício, por meio das
aberturas na envoltória, sendo parte das aberturas utilizadas como entrada de ar e a outra
como saída, em que o desempenho se dá pela diferença de pressão do ar interno e externo,
da resistência ao fluxo proporcionada pela forma das aberturas, obstruções internas e
externas bem como outras possíveis implicações (FROTA et al, 2003).
Figura 12. Efeito da localização das aberturas numa edificação térrea. Fonte: Baruch Givoni,
1976, in BITTENCOURT et al, 2010
55
Figura 13: Modelo de interação energética concebido por BAIRD. Fonte: LOMARDO, 2011)
56
Tabela 7. Classificação dos espaços em edifícios de laboratório
57
com laboratórios, do outro lado do corredor, ou em uma ala separada?
Quais são as implicações de saúde, segurança e eficiência de cada local?
5 - Certos laboratórios ou os serviços mecânicos que lhes são prestados
devem ser isolados de outras funções ou serviços de construção por razões
de saúde e segurança ou como parte necessária de seus procedimentos e
operação do equipamento? (DIBERADINIS, 2001)
58
Tabela 8. Materiais e acabamentos.
Materiais e acabamentos
59
6.2.5. Climatização e temperatura
38
Termorregulação: mecanismo natural de controle interno do organismo dos animais homeotérmicos para
regular os ganhos ou perdas de energia em forma de calor. Nos seres humanos, a termorregulação em
reação ao frio ocorre por meio da vasoconstrição, arrepio e tiritar e em reação ao calor por meio da
vasodilatação e exsudação. A experiência do conforto térmico nos organismos humanos é atingida
quando o corpo perde calor produzido por seu metabolismo ao ambiente sem acionar nenhum
mecanismo de termorregulação (FROTA et al, 2003).
60
indivíduo. Dessa forma, é necessário conformar essas necessidades seja por meio de
soluções arquitetônicas quando possível ou adaptações do método a um controle do tempo
de permanência viável ao conforto humano, roupas especiais etc.
Vale lembrar, que em qualquer das situações, deve-se considerar questões acerca
da sustentabilidade, em que o desempenho da envoltória é fundamental para a
racionalização do consumo energético pelos equipamentos de climatização mecânica do
local.
6.2.6. Iluminação
FUNÇÃO
Figura 14. Parâmetros para projeto de iluminação. Fonte: adaptado de Arqto. Nelson
Solano in (GONÇALVES et al, 2011)
61
Encontrada dentro dos parâmetros de luz racionais, com funções laborais e
produtivas, a iluminação de um laboratório deve apresentar suficiência para cada tipo de
atividade, considerando as necessidades técnicas para os ensaios e calibrações, bem como
observar questões de conforto visual aos usuários (R. HIRATA, 2012).
Determinados tipos de amostras são fotossensíveis, o que requer a existência de
salas escuras, com entrada de luz controlada, dimerização e tipos especiais de lâmpadas
com espectros de luz que não danifiquem os materiais de amostragem. Nesse caso, a
restrição técnica não permite que condições de conforto ambiental para o usuário sigam os
parâmetros de níveis mínimos de iluminação estabelecidos por normas técnicas ou para o
conforto visual do usuário.
Em casos em que não há demandas técnicas específicas de iluminação, deve-se
observar o conceito de conforto visual do usuário. A depender da atividade desenvolvida, o
plano de trabalho deve receber uma certa quantidade de luz, distribuída de uma
determinada forma e com limitação de contrastes excessivos. A quantidade de luz varia de
acordo com a demanda da acuidade necessária para o desenvolvimento de atividades, e, do
ponto de vista fisiológico, com o menor esforço de adaptação possível, que é o que
determina a condição de conforto do usuário (GONÇALVES et al, 2011).
Na iluminação, os principais pontos para caracterizar objetivamente a luz são a
iluminância, a luminância, o ofuscamento e a reprodução de cor proporcionada. A
iluminância39 é a luz incidente em uma determinada superfície ou objeto e é medida pela
unidade Lux (lx). Como os raios luminosos não são visíveis, a grandeza de iluminância não
é perceptível pelo sentido da visão. Já a luminância está relacionada a percepção humana e
está atrelada as características de reflexão dos materiais e da forma da superfície. Ou seja,
uma vez que as superfícies possuem diferentes capacidades de reflexão da lux, uma certa
iluminância (quantidade de luz incidente) pode gerar diferentes luminâncias (percepções
visuais) (GONÇALVES et al, 2011).
39
A iluminância também pode ser chamada de iluminamento ou iluminação.
62
O ofuscamento é a sensação visual produzida por áreas de variação muito grande de
iluminância, podendo ocorrer por contraste, quando a proporção entre as luminâncias sejam
superior a 10:1 ou por saturação, que ocorre na exposição à luminância excedente a 25000
lx (LAMBERTS et al, 2014).
A reprodução de cor está associada a capacidade da luz incidente reproduzir cores,
onde a referência é a luz natural, em que sua reprodução é considerada como 100%. As
lâmpadas comerciais reproduzem objetos ou superfícies com diferentes tonalidades e essa
variação está relacionada à capacidade de reprodução de cada lâmpada (GONÇALVES et
al, 2011).
Para atividades em metrologia e laboratórios, a NBR ISO/CIE 899540 estabelece a
iluminância na área de tarefa em 500 lux, limitação de ofuscamento de 19 e qualidade da
cor de 80. Em atividades em que o trabalho visual é crítico, a norma prevê o aumento de
iluminância em um nível na escala normalizada. A norma ainda estabelece parâmetros de
uniformidade na distribuição de luz na área de tarefa, cujo valor não poderá ser inferior a
0,70 (ABNT, 2013).
Tabela 9. Valores referenciais da norma NBR ISO/CIE 8995 de 2013. Destacado os valores
referentes às atividades laboratoriais.
20 - 30 - 50 - 75 - 100 - 150 - 200 - 300 - 500 - 750 - 1000 - 1500 - 2000 - 3000 - 5000 lux
40
ABNT NBR ISO/CIE 8995 de 2013: Iluminação de ambientes de trabalho
63
distanciamento da janela e é possível uniformizar a distribuição da luz pelo projeto de
luminotécnica, como demonstra a Figura 16.
Figura 16. integração entre luz natural e artificial. Fonte Luciano Dutra (LAMBERTS et al,
2014)
6.2.7. Ergonomia
A questão do conforto ergonômico em ambientes de trabalho tem relação com a
saúde e a segurança dos usuários. Uma vez que a fadiga física e muscular ocasionada pela
repetição de determinados movimentos ou uma postura replicada diariamente pode gerar
doenças como as DORTs (Doenças Orteomusculares Relacionadas ao Trabalho).
Mobiliários, distribuição de acessos, locais de armazenamento, materiais e acabamentos de
superfícies devem ser pensadas de forma a contemplar diversos conceitos ergonômicos no
ambiente de trabalho.
As bases da fundamentação da prática ergonômica são norteadas por três
pressupostos: a interdisciplinaridade, a análise de situações reais e o envolvimento dos
sujeitos. A abordagem interdisciplinar reúne a relação entre saúde, conforto e trabalho,
incorporando questões acerca do posto de trabalho em si, sistemas de comunicação e a
forma de organização do trabalho, cujas informações dependem de uma observação
sistemática de situações reais de trabalho e de como os usuários se envolvem no processo
de análise, recomendações e concepção das soluções (ABRAHÃO et al, 2009).
Analisar as situações reais de trabalho significa interpretar a atividade laboral, que
compreende o que de fato é executado pelo usuário e a forma como ele consegue
desenvolver suas tarefas. Pensar a organização dos espaços de trabalho tem relação com a
natureza da atividade, fluxos de deslocamento, acessibilidade aos objetos, da posição em
que é realizado (sentado ou em pé), com a linearidade de objetos e a impressão subjetiva
de ordem e desordem (ABRAHÃO et al, 2009).
64
A formulação da organização interna do edifício de laboratório começa com uma
decisão sobre as dimensões do módulo de laboratório. Essa tarefa redireciona o foco de
planejamento da grande escala da facilidade total até a pequena escala de um único módulo
de laboratório. Diberadinis (2001) entende que o módulo deve ser construído a partir das
atividades previstas e interações entre duas pessoas, e a partir disso, são definidas
determinadas dimensões modulares, como uma unidade básica de espaço para a execução
de tarefas de dois usuários. (DIBERADINIS, 2001)
Nas salas de ensaios e calibrações, a especificação para dimensões ideais de um
corredor padrão devem derivar dos fatores ergonômicos relacionados ao alcance através e
acima das superfícies de trabalho, movendo e virando, e nessas situações considerar um
módulo parametrado por dois indivíduos. Um corredor flanqueado por superfícies de
trabalho deve ser planejado considerando que uma pessoa possa circular por detrás de
outro que esteja trabalhando em uma das áreas de bancada. Ao mesmo tempo em que
ampliar demasiado a passagem pode representar entraves na logística das atividades ou
mesmo o espaço sobressalente se tornar local de armazenamento de outros tipos de
equipamentos que prejudiquem as atividades (DIBERADINIS, 2001).
BANCADA BANCADA
CORREDOR
No caso de edifícios existentes, convertidos para uso em laboratório, pode não ser
possível utilizar um planejamento modular no projeto das áreas técnicas laboratoriais. Mas
ainda que não haja uma padronização, as questões ergonômicas devem ser incorporadas
para o correto planejamento das atividades (DIBERADINIS, 2001).
Figura 18. Desenho esquemático de capela biológica classe 1. Fonte: WHO, 2004.
66
Os dutos de exaustão devem ser adequados e devidamente vedados para que o ar
carregado de substâncias possivelmente explosivas, tóxicas, corrosivas ou contaminadas
por organismos patogênicos possam ser exauridos corretamente (R. HIRATA, 2012).
6.2.9. Acústica
É considerado ruído todo o som assimilado como desagradável. Essa percepção é
subjetiva e varia de pessoa para pessoa (SIMÕES, 2011). A exposição excessiva a ruídos
pode levar a fadiga nervosa e em casos extremos o desenvolvimento de doenças (FROTA
et al, 2003).
Nas edificações, o desempenho acústico apresenta dois tipos distintos e
independentes de ocorrência. O primeiro é chamado de absorção sonora, que determina a
qualidade acústica interna dos edifícios para as fontes de som e de recepção presentes num
mesmo ambiente. O segundo, a transmissão sonora, é um fenômeno em que fonte de som
e de recepção encontram-se em ambientes distintos e o som se transmite por meio dos
materiais que configuram o ambiente (paredes, esquadrias, etc) (SIMÕES, 2011).
67
fontes de ruído, pela forma do espaço e pela escolha adequada de materiais (R. HIRATA,
2012).
68
- fornecimento adequado de gases líquidos e especiais, a depender da demanda do
laboratório, com previsão de instalações de cilindros em área externa protegida e dotada de
ventilação natural.
Resíduos são todos os materiais que devem ser descartados. Num laboratório, deve-
se planejar a questão do descarte de resíduos e de tratamento de efluentes (R. HIRATA,
2012).
Segundo Santos (2009), os resíduos químicos abrangem uma ampla faixa de
materiais, descritos na norma NBR 1000441, com a relação dos compostos nos anexos A e B
do documento (SANTOS, 2009). Resíduos biológicos também apresentam demandas
próprias de gestão, com necessidades específicas a depender da classe de contaminação
do material.
Dessa forma, o projeto arquitetônico das instalações laboratoriais deve incorporar
estruturas para auxiliar a gestão de resíduos, com a minimização de produção e
reaproveitamento, como por exemplo, destilação de determinados solventes que se mostra
bastante útil para que esse material retorne no ciclo de ensaios.
As substâncias a serem descartadas devem ter áreas de armazenamento previstas,
considerando as compatibilidades químicas dos compostos. Esses locais de
armazenamento devem necessariamente ser separados do ambiente de trabalho, por
motivos de segurança e saúde dos usuários. Locais para a guarda de solventes devem
apresentar pluques e lâmpadas antiexplosão e portas corta-fogo (R. HIRATA, 2012).
41
ABNT NBR 1004 de 2004: Classificação de resíduos sólidos
69
específica da NBR ISO/IEC 17025 sobre as questões arquitetônicas, em especial em seu
conteúdo do item 5.3 – Acomodações e condições ambientais.
O texto da NBR ISO/IEC 17025 é direcionado à qualidade dos ensaios e calibrações
e suas diretrizes não fazem referências acerca das questões de sustentabilidade no edifício
e saúde, conforto e segurança dos usuários.
Dessa forma, os itens de interesse do texto da norma serão transcritos e comentados
a seguir, sob o olhar dos temas arquitetônicos discutidos anteriormente:
5.1.1 Diversos fatores determinam a correção e a confiabilidade dos ensaios
e/ou calibrações realizados pelo laboratório. Esses fatores incluem
contribuições de:
- fatores humanos;
- acomodações e condições ambientais;
- métodos de ensaio e calibração e validação de métodos;
- equipamentos;
- rastreabilidade da medição;
- amostragem;
- manuseio de itens de ensaio e calibração. (ABNT, 2005b).
O item 5.1.2 apresenta diretrizes para ponderar a influência de cada fator dentro do
sistema de gestão técnico da norma. Essa estimativa é feita a partir do cálculo de incerteza
de medição43. Cada tipo de ensaio ou calibração apresenta variações dos fatores
componentes do cálculo da incerteza de medição. A arquitetura entra como uma dessas
variáveis de influência em “acomodações e condições ambientais”.
42
Aqui a palavra “fatores” se refere aos sete termos elencados no item 5.1.1.
43
Incerteza de medição: “parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um
mensurando, com base nas informações utilizadas” (INMETRO, 2012). A incerteza de medição descreve
uma faixa de valores determinada por cálculos estatísticos necessários em consequência de variações
dos fatores que envolvem o ensaio ou calibração (INMETRO, 2012). Considerando a incerteza de
medição, por exemplo, o peso de um quilograma de um determinado composto é expresso por (1,0 ±0,1)
kg, ou seja, um quilograma com variação de 0,1 quilograma para mais ou para menos. Dessa forma, há
uma certeza de que o peso se encontra dentro desta da faixa de valores 0,9 e 1,1 kg. Em metrologia, a
incerteza de medição é um elemento assertivo para a certeza de um valor.
70
Nos sistemas de qualidade, o Diagrama de Ishikawa44 é um meio gráfico para
identificar as fontes possíveis de incerteza. A seguir, um exemplo desse diagrama com
destaque ao fator de interesse desta monografia:
Fator de interesse
Figura 19. Diagrama de Ishikawa. Fonte: adaptado do website
http://www.esalq.usp.br/qualidade/ishikawa/pag1.htm
44
Diagrama de Ishikawa: “também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Espinha de Peixe
permite estruturar hierarquicamente as causas de determinado problema ou oportunidade de melhoria”
(http://www.esalq.usp.br/qualidade/ishikawa/pag1.htm). “Trata de uma ferramenta gráfica utilizada para
explorar e representar opiniões a respeito de fontes de variações em qualidade de processo” (SANTOS,
2009).
71
medição. Devem ser tomados cuidados especiais quando são realizados
amostragens, ensaios e/ou calibrações em locais diferentes das instalações
permanentes do laboratório. Os requisitos técnicos para as acomodações e
condições ambientais que possam afetar os resultados dos ensaios e
calibrações devem estar documentados (ABNT, 2005b).
Neste item 5.3.1, a norma NBR ISO/IEC 17025 determina às instalações laboratoriais
um caráter de suporte às atividades executadas no laboratório e suas áreas de apoio, uma
vez que elas devem ser projetadas e construídas com o objetivo de auxiliar a correta
realização dos ensaios e calibrações. A natureza do ensaio determinará o programa de
necessidades e os requisitos técnicos para laboratório.
O item elenca alguns dos elementos integrantes das acomodações e condições
ambientais e os insere no sistema de gestão de qualidade a partir da documentação dos
requisitos pertinentes à qualidade dos ensaios e calibrações.
72
interior e o exterior da edificação e assim garantir o máximo de eficiência energética
possível, além do fator de conforto térmico relacionado aos indivíduos responsáveis pela
análise. Em eventuais demandas de temperatura fora da faixa de conforto humano, a
arquitetura não é a área de conhecimento que dará a solução do problema.
5.3.3 Deve haver uma separação efetiva entre áreas vizinhas nas quais
existam atividades incompatíveis. Devem ser tomadas medidas para
prevenir contaminação cruzada” (ABNT, 2005b).
5.3.4 O acesso e uso de áreas que afetem a qualidade dos ensaios e/ou
calibrações devem ser controlados. O laboratório deve determinar o nível do
controle, baseado em suas circunstâncias particulares (ABNT, 2005b).
O item 5.3.4 se refere à proteção aos laboratórios, onde o sistema de gestão deve
determinar hierarquias de acesso para seus espaços. Uma vez escalonadas as permissões,
o projeto deve prever as barreiras de controle adequadas, sem prejudicar outras
funcionalidades como rotas de fuga e ergonomia, por exemplo.
5.3.5 Devem ser tomadas medidas que assegurem uma boa limpeza e
arrumação no laboratório. Onde necessário, devem ser preparados
procedimentos especiais (ABNT, 2005b).
45
Frase de Louis Sullivan, um dos arquitetos precursores da arquitetura modernista mundial.
73
entre outros. Materiais especiais ou perigosos devem receber soluções adequadas às suas
condições.
Ainda que não esteja diretamente ligado ao tema de “acomodações e condições
ambientais”, o item 5.8.4, inserido dentro do fragmento 5.8 referente a “Manuseio de itens de
ensaio e calibração” complementa o item 5.3.5:
74
7. Estudo de Caso: análise arquitetônica em um Laboratório de Toxicologia
Este estudo de caso faz uma análise das condicionantes arquitetônicas e projeto do
Laboratório de Toxicologia da CETESB, localizado na cidade de São Paulo e implantado
para realizar ensaios toxicológicos de metais pesados em organismos aquáticos como forma
de determinar os níveis de qualidade dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Alto
Tietê (UGRHI6).
Para a implementação do programa de pesquisa, era necessário realizar a
adequação do laboratório, com ampliação de área em construção existente e instalação de
novas infraestruturas.
46
Na área química, qualquer elemento, composto ou íon de interesse é chamado de espécie. Um mesmo
elemento pode se apresentar em diferentes formas (espécies) e cada uma delas impõe características e
níveis de toxicidade próprios. Pela especiação é possível determinar a forma química em que o elemento
de interesse se encontra e assim estabelecer sua toxicidade (HARRIS, 2013).
47
Compostos organometálicos são substâncias orgânicas com pelo menos um átomo de metal ligado a um
átomo de carbono. Em geral, a forma orgânica dos metais é mais tóxica aos seres vivos uma vez que são
mais solúveis em meios orgânicos e podem se acumular nos tecidos celulares.
48
O método transcrito é uma síntese do projeto de pesquisa apresentado por CETESB (2012b), das
entrevistas com os profissionais responsáveis e das etapas de sequência analítica definidas por Krug
(2008).
75
parte das amostras água, sedimento, peixes e outros seres aquáticos destes
locais;
b) Pré-preparo da amostra bruta: neste processo, a amostra laboratorial recebe um
tratamento para homogeneização adequada para a medição do analito. Esta
etapa é realizada em área de apoio preexistente;
c) Preparo de amostra para testes: esta etapa é um segundo processo de
tratamento de amostra, para diluição e/ou concentração da amostra, a ser
realizada no laboratório de Toxicologia deste estudo de caso;
d) Medição: é a obtenção da quantificação do analito nas alíquotas de amostras
submetidas a leitura digital aos equipamentos transdutores deste projeto. São
quatro equipamentos descritos a seguir:
- Espectrômetro de Emissão Atômica de Massa (ICP-MS49): este equipamento
analisa e quantifica elementos na forma química (átomos e moléculas). O
ICP-MS é capaz de identificar quase todos os metais contidos na tabela
periódica e apresenta capacidade de resposta de quantificação extremamente
sensível e limites de quantificação em baixíssimas concentrações. Neste
programa de pesquisa, para quantificações de compostos específicos, o ICP-
MS será utilizado em conjunto com um cromatógrafo líquido, que possui a
função de separar os compostos organometálicos antes da quantificação pelo
espectrômetro;
- Espectrômetro de absorção atômica com forno de grafite: apresenta as
mesmas funcionalidades do ICP-MS, no entanto, os elementos identificáveis
são mais restritos. Em contrapartida, o forno de grafite requisita apenas um
pré-preparo mínimo de amostra, em um volume muito reduzido;
- Analisador Direto de Mercúrio: este equipamento analisa amostras sólidas,
líquidas e gasosas para identificar e quantificar mercúrio total, ou seja, este
equipamento não realiza a especiação do elemento mercúrio nas amostras.
Este analisador requer pouco pré-preparo nas amostras e seu tempo de
medição é de 5 minutos, o que permite produtividade nas análises.
- Analisador Automático de Metil-mercúrio: equipamento para análise de
amostras para identificação e quantificação de metil-mercúrio, uma espécie
mais tóxica aos seres vivos deste elemento químico. Este equipamento
apresenta um limite de quantificação bastante baixo e seu tempo de medição
é de 6 a 7 minutos, o que define alto rendimento.
49
Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry.
76
Para a implantação deste programa de pesquisa, o Laboratório de Toxicologia
existente não apresentava condições de comportar toda a estrutura básica descrita. Desta
forma, era necessário reformar o laboratório existente, com ampliação da área útil, uma vez
que, além de adequar o local para este programa de pesquisa, o laboratório deveria
contemplar melhorias para as acomodações existentes para análises em um novo programa
de pesquisa com objetivo para atender a convenção de Estocolmo sobre Poluentes
Orgânicos Persistentes50 (POPs) a qual o Brasil é signatário desde 2004. Para este futuro
programa, a previsão é de compartilhamento das instalações relacionadas ao preparo de
amostras para testes e instalações para a utilização de três novos cromatógrafos.
Desta forma, o projeto arquitetônico do laboratório relacionado a este estudo de
caso, irá considerar as necessidades derivadas dos procedimentos vinculados às etapas de
preparo de amostras para testes e medição do programa de pesquisa, bem como e as
previsões de infraestrutura para a análise de POPs.
50
“A Convenção de Estocolmo é um tratado internacional que visa a proteção da saúde humana e do meio
ambiente, contra os efeitos das substâncias químicas conhecidas como Poluentes Orgânicos
Persistentes (POPs). Essas substâncias, que apresentam ampla distribuição geográfica, permanecem
nos ecossistemas por longos períodos, além de se acumularem no tecido adiposo dos seres vivos,
podendo causar sérios riscos à saúde humana, animal e ao meio ambiente”. Fonte:
http://pops.cetesb.sp.gov.br/
77
LABORATÓRIO
O laboratório existente a ser reformado estava dividido em três salas, sendo uma
destinada ao preparo de amostras para testes e outras duas para equipamentos analíticos.
No espaço reservado a ampliação do laboratório, funcionava as instalações provisórias do
Laboratório de Química Orgânica, que permaneceu por cerca de 2 anos no local enquanto o
laboratório definitivo permanecia em reforma. O pé-direito de ambas as salas é de 3,00m.
78
CHUVEIRO DE
EMERGÊNCIA
LABORATÓRIO DE
CIRCULAÇÃO DO QUÍMICA ORGÂNICA (A
EDIFÍCIO SER ADEQUADO)
LABORATÓRIO
SALA DE PREPARO DE
TOXICOLOGIA 01
(ABRIGO DE GASES)
AMOSTRAS PARA
A ÁREA TÉCNICA
ÁREA DE AMPLIAÇÃO
TESTES
EXTERNA
LABORATÓRIO
TOXICOLOGIA 02
Figura 21. Laboratório de Toxicologia - estrutura existente e área de ampliação. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
79
Figura 22. Corte esquemático do laboratório. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
Figura 23. Sala de preparo de amostras para testes. Fonte: Setor de Engenharia,
CETESB
80
Figura 24. Laboratório de Toxicologia 01. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
81
noroeste consta de caixilhos de vidro em toda a extensão do laboratório. O entorno
imediato apresenta jardim com plantas rasteiras e árvores de grande porte que
proporcionam resfriamento por evapotranspiração e sombreamento da fachada na
maior parte do ano. A fachada também apresenta sombreamento do Prédio 06 (térreo
mais dois pavimentos) próximo ao local.
Prédio
06
Fachada
Jardim
Figura 27. fachada noroeste e jardim no entorno imediato. Fonte: autora, 2017.
82
Luz difusa e
sombreamento da
copa das árvores
Incidência solar
direta
Solstício de inverno
Sombreamento do
Prédio 06
Solstício de verão
Figura 28. Carta solar Latitude 24° Sul (São Paulo), máscaras e incidência solar da
fachada noroeste. Fonte: Frota et al, 2003, adaptado.
83
maior controle de qualidade laboratorial. Isto é, tecnicamente a questão do acesso ao
laboratório seria resolvida como ingresso ao espaço ocorrendo pelo Escritório ou pela
Sala de Preparo. O Escritório tinha como premissa estar em local de fácil acesso de
todos os outros espaços, no entanto, não havia imposição de que fosse adjacente as
demais áreas, podendo inclusive, apresentar um acesso independente das demais
salas e direto pela circulação do edifício. A Sala de Preparo, no entanto, apresenta
vantagens em ter um acesso direto para a circulação do edifício, devido a necessidade
de integração com outros laboratórios do mesmo prédio onde ocorrem as etapas
anteriores de pré-preparação de amostras.
O resultado das definições entre as interações dos espaços pode ser vista na
matriz representada na Figura 29.
Figura 29. Matriz de interações dos espaços. Fonte: adaptado, DIBERADINIS (2001)
84
separada para a dissipação de calor do chiller acoplado ao aparelho. Estabeleceu-se,
então, a faixa de temperatura ambiente entre 18 a 20°C para manter os equipamentos
resfriados durante o desempenho dos mesmos.
Em relação à organização e ergonomia, o levantamento das atividades
demonstrou que os funcionários atuam em quase todo o tempo em pé. Desta forma,
todas as bancadas deveriam ser dotadas de armários e gavetas sob o tampo, dando
preferência a gavetas pelo caráter dos materiais a serem organizados. Outro ponto de
destaque levantado foi a previsão para espaços reservados para a manutenção de
equipamentos.
Em resumo, os pontos críticos do projeto e norteadores das definições
arquitetônicas são norteados pelos controles da limpeza, da qualidade do ar e
temperatura, seguidos da funcionalidade e ergonomia do espaço.
85
Conceitos de
Sustentabilidade
Espaço
Variáveis
Segurança dos humanas de
usuários e da Segurança e conforto e
comunidade prevenção de Materiais e Iluminação
saúde do
incêndio acabamentos
usuário
Ergonomia
Tratamento e
Sistemas de
descarte de resíduos
Acústica comunicação
Qualidade do ar
Climatização e Utilidades de
temperatura laboratório
Demandas técnicas
[NBR ISO/IEC 17025, manuais e
metodologias válidas]
Figura 30. Distribuição das condicionantes de interesse arquitetônico no projeto do
estudo de caso. Fonte: da autora, 2017.
86
Sala de Sala para Aproveitamento máximo para bancadas;
Preparo manuseio dePia para pequenas lavagens com água corrente sem tratamento específico e filtro de
de amostras, carvão ativado;
amostras pesagem de
Previsão para duas geladeiras analíticas com instalações elétricas ligadas ao gerador
substâncias
controle Capela de fluxo laminar existente a manter, com uso em cadeira baixa (sem armário
na parte inferior)
Substituição de capela de solventes com linhas de vácuo, ar comprimido, nitrogênio e
exaustão no armário inferior para armazenamento de materiais inflamáveis.
Capela química resistente a materiais corrosivos com linhas de vácuo, ar comprimido,
nitrogênio e armário inferior simples.
Controle da qualidade do ar: pressão negativa
Bancadas para equipamentos: balança, centrífuga, vórtex, shaker, homongeneizador,
ultrassom, dessecador:
- Linha de nitrogênio;
- Instalações elétricas: previsão de tomadas 110 / 220V
- Armários para armazenamento dos equipamentos, que estarão sobre a bancada
apenas durante o uso
Espectro Sala para Bancada para ICP-MS com previsão de cromatógrafo e sampler para amostras.
metria ensaios Considerar:
referentes ao - Altura de bancada padrão 90cm;
programa de - Espaço para manutenção dos equipamentos em bancadas fixas ou prever rodízios
pesquisa de nos mobiliários;
contaminação - Prever mesa para computador acoplado;
dos recursos - Prever área técnica próxima ao equipamento para separação física de bomba e
hídricos da chiller para evitar acúmulo de calor
Bacia Alto - Instalações elétricas: prever rede elétrica ligada a gerador, no break e estabilizador
Tietê - Linhas de gases especiais: oxigênio, hélio e hidrogênio
- O equipamento demanda uma exaustão dedicada (exclusiva do equipamento) para
remoção de calor e vapores.
Bancada para Forno de Grafite:
- Altura de bancada especial de 75cm;
- Espaço para manutenção do equipamento;
- Prever mesa para computador acoplado;
- Prever local para instalação de chiller;
- Instalações elétricas: prever rede elétrica ligada a gerador, no break e estabilizador
- Exaustão dedicada para remoção de calor
Analisador Direto de Mercúrio DMA-80:
- Altura de bancada padrão 90cm;
- Não é necessário espaço de manutenção do equipamento;
- Equipamento não demanda computador;
- Instalações elétricas: prever rede elétrica ligada a gerador e estabilizador
Analisador de Metil Mercúrio:
- Altura de bancada padrão 90cm;
- Não é necessário espaço de manutenção do equipamento;
- Equipamento não demanda computador;
- Instalações elétricas: prever rede elétrica ligada a gerador e estabilizador
- Linha de nitrogênio.
Cromatogr Sala para Previsão para a instalação de 3 cromatógrafos
afia ensaios - Altura de bancada padrão 90cm;
referentes ao - Espaço para manutenção dos equipamentos em bancadas fixas ou prever rodízios
programa de nos mobiliários;
pesquisa de - Prever mesa para computador acoplado para cada equipamento;
POPs - Instalações elétricas: prever rede elétrica ligada a gerador, no break e estabilizador
- Linhas de gases especiais: hélio e metano
Bancada de apoio
- Instalações elétricas: prever tomadas 110 / 220v
87
7.7. Estudo de massas
No estudo massas, a distribuição dos espaços foi concebida a partir da
demanda de controle da qualidade do ar, da funcionalidade e segurança, adequando
questões de conforto ambiental e buscando limitar as intervenções na infraestrutura
existente. Mobiliários e divisórias leves tiveram o reaproveitamento desconsiderado,
no entanto, peças reaproveitáveis foram disponibilizadas para outros espaços da
Companhia.
Optou-se por manter a Sala de Preparo no mesmo local de funcionamento do
antigo laboratório, uma vez que sua posição central seria estratégica para o acesso
adjacente aos laboratórios de Espectrometria e Cromatografia. Além disso, seria
possível utilizar os mesmo furos existentes na laje para os sistemas de exaustão de
duas das capelas e parte das prumadas de vácuo e gás comprimido.
O acesso do laboratório foi definido por uma entrada única para os quatro
espaços, ocorrendo o ingresso pela Sala de Preparo de Amostras, o local com
menores restrições de qualidade do ar. O acesso pela Sala de Preparo ainda
beneficiava requisitos de segurança por estar a um fácil alcance da saída e chuveiro
de emergência mais próximos.
Havia ainda a necessidade de isolar o quadro de luz e força geral do edifício
das instalações laboratoriais. Desta forma, a organização dos espaços partiu das
premissas representadas na Figura 31.
O controle da qualidade do ar foi definido em conjunto com os engenheiros
responsáveis de forma a garantir que não houvesse turbulência ou entrada de ar
séptico por frestas. Desta forma, o sistema de circulação do ar teria insuflamento pelos
laboratórios e exaustão pelas capelas da Sala de Preparo, como demonstra a Figura
32.
Foi estabelecido que o escritório de processamento de dados não teria um
acesso independente, isto é, o escritório é parte integrante do conjunto de laboratórios.
Assim, em uma futura ampliação de ensaios laboratoriais, a área de escritórios seria
facilmente revertida para um novo uso como laboratório por estar inserida no local
para compartilhamento da sala de Preparo de Amostras e do sistema de controle de
qualidade do ar.
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LOCALIZAÇÃO
DA SALA DE
PREPARO
ACESSOS ACESSOS
INTERNOS INTERNOS
ADJACENTES ADJACENTES
JARDIM
LOCALIZAÇÃO
DA SALA DE
PREPARO
PRESSÃO DO
AR NEGATIVA
PRESSÃO DO AR (EXAUSTÃO) PRESSÃO DO AR
POSITIVA POSITIVA
(INSUFLAMENTO) (INSUFLAMENTO)
JARDIM
Figura 32. Esquema de controle mecânico da qualidade do ar. Fonte: Setor de Engenharia,
CETESB.
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7.8. Projeto arquitetônico
O projeto arquitetônico seguiu rigorosamente o programa de necessidades e a
matriz de interações dos espaços definidos.
O acesso ao Laboratório se dá pela Sala de Preparo de Amostras, adjacente
às salas de Espectrometria e Cromatografia, além do Escritório de processamento de
dados técnicos. As bancadas apresentam as utilidades e instalações elétricas para o
uso de todo o tipo de equipamento como balanças, dessecadores, microscópios,
vórtex, etc. A manipulação de solventes, ácidos e materiais biológicos se dá
respectivamente nas capelas de solvente, química e de fluxo laminar.
Nas Salas de Espectrometria e Cromatografia, as bancadas foram
dimensionadas para os equipamentos e computadores. O ICP-MS apresenta bancada
com rodízios para manutenção e uma sala técnica de suporte para a instalação dos
equipamentos que liberam calor. Todos os materiais são estanques e de fácil limpeza,
conforme descrito no programa de necessidades.
Figura 34. Sala de Preparo - capelas químicas, fluxo laminar e solventes. Fonte: Setor
de Engenharia, CETESB
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Figura 35. Projeto arquitetônico – Layout do Laboratório. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
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PRESSÃO DO AR
POSITIVA
(INSUFLAMENTO)
PRESSÃO DO
AR NEGATIVA
(EXAUSTÃO)
PRESSÃO DO AR
POSITIVA
(INSUFLAMENTO)
EXAUSTÃO
DEDICADA
EXAUSTÃO
DEDICADA
PRESSÃO DO AR
POSITIVA
(INSUFLAMENTO)
Figura 36. Projeto preliminar dos sistemas de insuflamento e exaustão. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
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Figura 37. Corte AA. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB
93
Figura 40. Sala de Espectrometria. Fonte: Setor de Engenharia, CETESB.
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8. Conclusões
Durante a revisão bibliográfica, foi possível demonstrar o papel crucial dos
laboratórios ambientais na gestão do meio ambiente, uma vez que, por meio de
ensaios analíticos, são obtidas informações essenciais referentes à qualidade do meio
ambiente para tomadas de decisão e para enquadramento legal de padrões.
Preliminarmente, a monografia insere o segmento dos laboratórios de controle
ambiental dentro da complexa rede de gestão do meio ambiente e esclarece ao leitor a
importância da informação gerada nesses laboratórios e o cuidado necessário para
garantir sua confiabilidade.
A segunda parte do debate demonstra como a legislação e as normas vigentes
de controle de qualidade laboratorial são fundamentais para manter padrões de
desempenho necessários para assegurar esse controle, e dentro deles, como as
soluções arquitetônicas dos laboratórios atuam nessas questões.
A monografia demonstra ao leitor como a concepção arquitetônica para um
projeto de pesquisa de um laboratório ambiental constitui um poderoso fator de
mediação entre condições técnicas, humanas e de sustentabilidade na rotina das
atividades analíticas laboratoriais e sua influência dentro da confiabilidade da
informação proveniente dos ensaios laboratoriais.
Os desdobramentos possíveis com base na arquitetura em meio a um projeto
de laboratório são inúmeros e não é possível copiar receitas ou replicar modelos sem
uma análise criteriosa. É necessário entender o programa de pesquisa, a dinâmica das
atividades, empregar conceitos técnicos e de qualidade, seguir normas e legislação
pertinentes, considerar a cultura corporativa das pessoas envolvidas, analisar as
premissas locais e a infraestrutura disponível, contextualizar a aspiração ideal ao
orçamento real, e, por fim, estabelecer as condicionantes de interesse arquitetônico
com base em critérios que envolvem esse horizonte vasto de informações.
O estudo de caso buscou uma solução arquitetônica que convergisse todas
essas questões em um espaço representativo de todas elas. Claramente, a
abordagem poderia tomar outros rumos. E a ideia é justamente demonstrar ao leitor a
diversidade possível de soluções para um mesmo projeto quando se segue outros
métodos ou se faz uma análise sob pontos de vista distintos.
Nesta monografia, profissionais da área de arquitetura e seus clientes (usuários
de laboratórios) podem encontrar insumos para a criação de um espaço apropriado
para a realização dos ensaios. Arquitetos e engenheiros têm aqui uma fonte de
referências para conduzir o processo de projeto e especificação de laboratório. Os
usuários obtêm uma visão das discussões fundamentais para fomentar o responsável
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pela concepção do espaço. Leigos interessados podem assimilar os principais fatores
de influência na dinâmica de um laboratório
Dessa forma, a principal aplicação desta monografia se concentra em envolver
os profissionais comprometidos na concepção arquitetônica dos espaços de
laboratório com a perspectiva do todo sem perder a visão das particularidades.
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9. Referências
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ambientes de trabalho. Parte 1: interior. Rio de Janeiro: 2013.
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Estado de São Paulo, 1 de junho de 1976b.
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